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Alice Iris MED TXV Inflamação Aguda a. Definir processo inflamatório A inflamação é uma resposta dos tecidos vascularizados às infecções e aos danos teciduais que recruta células e moléculas do sistema de defesa do hospedeiro da circulação para os locais onde são necessários, a fim de eliminar os agentes agressores. É induzida por mediadores químicos que são produzidos por células hospedeiras em resposta aos estímulos nocivos. A sua função é livrar o hospedeiro tanto da causa inicial da lesão celular como das consequências dessa lesão. O processo inflamatório libera leucócitos e proteínas que são direcionados contra os agentes estranhos, como microrganismos e tecidos lesados ou necróticos, e ativam as células e moléculas recrutadas que, em seguida, exercem suas funções com a finalidade de eliminar as substâncias prejudiciais ou indesejadas. Em algumas situações, a reação inflamatória torna-se a causa da doença, e os danos produzidos constituem a sua característica predominante. Há doenças em que a inflamação é mal direcionada (doenças autoimunes) ou ocorre contra substâncias ambientais normalmente inofensivas que provocam uma resposta imune (alergias). Imagem: Sequência de eventos em uma reação inflamatória. Os macrófagos e outras células dos tecidos reconhecem os microrganismos e as células danificadas e liberam mediadores, que desencadeiam as reações vasculares e celulares da inflamação. O recrutamento de proteínas plasmáticas a partir do sangue não é mostrado. As etapas da resposta inflamatória podem ser lembradas na forma de cinco Rs: 1) Reconhecimento do agente prejudicial 2) Recrutamento de leucócitos INFLAMAÇÃO Acredita-se que a inflamação contribua para várias doenças, que primariamente seriam metabólicas, degenerativas ou doenças genéticas, como diabetes tipo 2, doença de Alzheimer e câncer. Assim, os fármacos anti-inflamatórios também podem apresentar uma função mais ampla do que aquelas para as quais atualmente são indicados. Alice Iris MED TXV 3) Remoção do agente 4) Regulação da resposta (controle) 5) Resolução (reparo) A reação se resolve porque os mediadores são decompostos e dissipados, e os leucócitos apresentam meia-vida curta nos tecidos. Além disso, são ativados mecanismos anti- inflamatórios, que servem para controlar a resposta e impedir que ela cause danos excessivos ao hospedeiro. b. Compreender os sinais clássicos da inflamação Muitas vezes chamados de sinais cardinais, as manifestações externas da inflamação são: calor, rubor, dor, edema e perda de função. c. Diferenciar processo inflamatório aguda e crônico Aguda: resposta inicial rápida às infecções e aos danos teciduais. Em geral, se desenvolve dentro de minutos ou horas e é de curta duração. As suas características principais são a exsudação de líquido e proteínas plasmáticas (edema) e emigração de leucócitos, em especial neutrófilos (leucócitos polimorfonucleares). A inflamação aguda apresenta três componentes principais: (1) dilatação de vasos pequenos, o que desencadeia aumento no fluxo sanguíneo; (2) aumento da permeabilidade da micro vasculatura, permitindo que proteínas plasmáticas e leucócitos deixem a circulação; (3) emigração dos leucócitos da microcirculação, que se acumulam no foco da lesão e são ativados a fim de eliminar o agente agressor. Exsudato: líquido extravascular que contém alta concentração de proteína e detritos celulares; sua presença indica que há aumento na permeabilidade de pequenos vasos sanguíneos. Formado durante a inflamação porque a permeabilidade vascular aumenta Transudato: líquido com baixo teor de proteínas, com pouco ou nenhum material celular. Formado quando há um extravasamento de fluido para o exterior por causa de maior pressão hidrostática ou diminuição da pressão osmótica. Edema: pode ser um exsudato ou um transudato. Pus: exsudato purulento, rico em leucócitos, detritos de células mortas, microrganismos. Quando a inflamação aguda atinge o objetivo de eliminar os agentes agressores, a reação diminui e a lesão residual é reparada. No entanto, se a resposta inicial não conseguir eliminar o estímulo desencadeador, a reação progride para um tipo de inflamação mais prolongada denominada inflamação crônica. Crônica: reação de maior duração e está associada à maior destruição tecidual, presença de linfócitos e macrófagos, bem como proliferação de vasos e fibrose. As reações inflamatórias são a base das doenças crônicas comuns, tais como artrite reumatoide, aterosclerose e fibrose pulmonar, assim como às reações de hipersensibilidade. Alice Iris MED TXV d. Compreender os mecanismos Moleculares e Celulares da Inflamação i. Conhecer os principais estímulos (sinais de dano) para a inflamação aguda e mecanismos de indução – Infecções, necrose, corpos estranhos e reações imunes Infecções: bacterianas, virais, fúngicas, parasitárias; estão entre as causas mais comuns e clinicamente importantes da inflamação. O padrão morfológico da resposta pode ser útil na identificação da sua etiologia. Necrose tecidual: provoca inflamação independentemente da causa da morte celular, que pode ser por isquemia, trauma e lesão física e química. Várias moléculas liberadas a partir das células necróticas são conhecidas por desencadear inflamação. Corpos estranhos: podem induzir a inflamação ou porque causam lesões traumáticas nos tecidos ou por carregarem microrganismos. Até mesmo algumas substâncias endógenas estimulam inflamações potencialmente prejudiciais se grandes quantidades forem depositadas nos tecidos; tais substâncias incluem os cristais de urato (na gota) e os cristais de colesterol (na aterosclerose). Reações imunes: (também chamadas hipersensibilidade) são reações nas quais o sistema imune, normalmente protetor, danifica os próprios tecidos do indivíduo. Como os estímulos para as repostas inflamatórias nas doenças autoimunes e alérgicas não podem ser eliminados, essas reações tendem a ser persistentes e difíceis de curar, estão Alice Iris MED TXV frequentemente associadas à inflamação crônica e são causas importantes de morbidade e mortalidade. ii. Compreender os mecanismos associados às reações vasculares que ocorrem durante a inflamação aguda 1. Mudanças no fluxo e no Calibre Vascular Alterações no fluxo e no calibre vascular se iniciam logo após a lesão e consistem em: - Vasodilatação: induzida por mediadores, em especial histamina, no músculo liso dos vasos. Leva ao aumento do fluxo sanguíneo > calor e vermelhidão. - Permeabilidade: aumenta e leva ao extravasamento de exsudato nos tecidos - Lentidão no fluxo sanguíneo: ocorre devido à perda de líquido e o aumento do diâmetro do vaso. As hemácias ficam concentradas e se movem lentamente, levando à congestão vascular > vermelhidão - Migração para o tecido intersticial: as células se acumulam ao longo do endotélio, começam a se aderir nele e migram para o interstício por meio da parede vascular. 2. Aumento da Permeabilidade Vascular O aumento da permeabilidade vascular é desencadeado por vários fatores: - Retração das células endoteliais: deixa lacunas por onde o líquido extravasa. Desencadeada por histamina, bradicinina, leucotrienos e outros mediadores químicos. É de curta duração e aumenta principalmente nas vênulas pós-capilares. - Lesão endotelial: Na maioria dos casos, o extravasamento inicia-se imediatamente após a lesão e é mantido por várias horas até que os vasos danificados sejam trombosados ou reparados. Dano direto (queimaduras), neutrófilos aderidos ao endotélio durante a inflamação e ação de microrganismos e toxinas microbianas amplificam a reação. - Transcitose: aumento do transporte de líquidos e proteínas, através da célula endotelial. Contribuição não esclarecida para a permeabilidade vascular na inflamação aguda em seres humanos.Pode envolver canais intracelulares que se abrem em resposta a certos fatores, como o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que promovem extravasamento vascular. O aumento da permeabilidade vascular permite que as proteínas plasmáticas e os leucócitos, os mediadores da defesa do hospedeiro, entrem em locais de infecção ou danos nos tecidos. O extravasamento de líquidos dos vasos sanguíneos (exsudação) resulta em edema. Todos contribuem em graus variados na resposta à maioria dos estímulos: - Queimadura: extravasamento resulta da retração causada por mediadores inflamatórios e lesão endotelial direta dependente de leucócitos. Alice Iris MED TXV 3. Resposta dos vasos linfáticos O sistema linfático e os linfonodos filtram e controlam os fluidos extravasculares. Na inflamação, o fluxo linfático torna-se aumentado para ajudar a drenar o líquido do edema que se acumula devido ao aumento da permeabilidade vascular. Os vasos linfáticos, assim como os vasos sanguíneos, proliferam durante reações inflamatórias para lidar com o aumento da carga. Linfadenite reativa, ou inflamatória: constelação de alterações patológicas (linfonodos inflamados devido ao aumento da celularidade). Estrias vermelhas perto de uma ferida na pele é um sinal revelador de infecção na ferida, pois elas acompanham o trajeto dos vasos linfáticos e indicam a presença de linfangite. iii. Compreender os mecanismos associados às reações dos leucócitos à inflamação, tais como moléculas envolvidas e dinâmica do processo: 1. Recrutamento 2. Reconhecimento 3. Liberação de mediadores inflamatórios O recrutamento de leucócitos é um processo de múltiplas etapas, que consiste em: 1. Aderência e rolamento no endotélio (mediado por selectinas) 2. Aderência firme ao endotélio (mediado por integrinas) 3. Migração por entre as lacunas interendoteliais Os leucócitos que são recrutados para locais de inflamação desempenham a função-chave de eliminar os agentes ofensivos. Os neutrófilos são produzidos na medula óssea e rapidamente recrutados para locais de inflamação; os macrófagos respondem de forma mais lenta. Esses leucócitos ingerem e destroem bactérias e outros microrganismos, bem como tecido necrótico e substâncias estranhas. Os macrófagos também produzem fatores de crescimento que ajudam no reparo. O produto dos leucócitos pode produzir “danos colaterais” aos tecidos normais do hospedeiro. A jornada dos leucócitos do lúmen do vaso para o tecido é um processo que ocorre em múltiplas etapas, sendo mediado e controlado por moléculas de adesão e citocinas. Alice Iris MED TXV Moléculas envolvidas: As duas principais famílias de moléculas envolvidas na adesão e migração dos leucócitos são as selectinas e as integrinas. Essas moléculas são expressas em leucócitos e células endoteliais, assim como nos seus ligantes. - Selectinas: medeiam as interações iniciais fracas entre os leucócitos e o endotélio. As selectinas são receptores expressos nos leucócitos e no endotélio que contêm um domínio extracelular que se liga aos açúcares. As selectinas endoteliais são tipicamente expressas em níveis baixos, ou estão completamente ausentes no endotélio não ativado, mas são suprarreguladas após estimulação por citocinas e outros mediadores. - Integrinas: media a adesão firme dos leucócitos. As integrinas são glicoproteínas transmembranares compostas por duas cadeias que intermedeiam a adesão dos leucócitos ao endotélio, bem como de várias células à matriz extracelular. As quimiocinas são citocinas quimiotáticas que são secretadas por muitas células nos locais de inflamação, se ligam a proteoglicanos de células endoteliais e são encontradas em alta concentração no endotélio. Quando os leucócitos em rolamento encontram as quimiocinas, as células são ativadas e suas integrinas sofrem alterações conformacionais e agrupam-se, convertendo-se assim para uma forma de alta afinidade. Ao mesmo tempo, outras citocinas, principalmente TNF e IL-1, ativam as células endoteliais para aumentar a expressão de ligantes de integrinas. Ligantes de integrinas expressos no endotélio e a maior afinidade das integrinas nos leucócitos resulta na firme ligação dos leucócitos ao endotélio no local da inflamação, mediada por integrina. Alice Iris MED TXV Problemas na adesão dos leucócitos associadas a essas moléculas podem levar a deficiências genéticas, resultando em infecções bacterianas recorrentes. Migração e Quimiotaxia O movimento adicional dos leucócitos é orientado por quimiocinas produzidas nos tecidos extravasculares, que estimulam a movimentação dos leucócitos em direção a um gradiente químico. Quimiotaxia o processo de migração dos leucócitos em direção ao local da lesão, após o extravasamento da circulação. Neutrófilos são mais numerosos em inflamações agudas, enquanto macrófagos são predominantes nas reações inflamatórias prolongadas. Há algumas situações, porém, que isso pode ser diferente: (Pseudomonas, infecções virais, reações de hipersensibilidade, reações alérgicas). Os agentes que bloqueiam o TNF, uma das principais citocinas de recrutamento de leucócitos, estão entre as terapias mais bem-sucedidas já desenvolvidas para doenças inflamatórias crônicas. Fagocitose e eliminação de agentes lesivos A fagocitose e a morte intracelular são as principais respostas funcionais para a destruição dos microrganismos. Etapas da fagocitose: 1. Reconhecimento e fixação da partícula a ser ingerida pelo leucócito 2. Engolfamento, formação de vacúolo fagocítico 3. Morte ou degradação do material ingerido Alice Iris MED TXV Destruição intracelular: É realizada por espécies reativas de oxigênio (ROS – intermediários reativos de oxigênio), espécies reativas de nitrogênio e enzimas lisossômicas. ROS: produzidas pela rápida composição e ativação da oxidase NADPH que oxida a NADPH e reduz o oxigênio a um superóxido. Nos neutrófilos essa reação oxidativa é desencadeada pelos sinais de ativação e acompanha a fagocitose. - São produzidas dentro do lisossomo e do fagolisossomo, onde podem agir nas partículas ingeridas sem danificar a célula hospedeira. Soros, fluidos teciduais e células do hospedeiro possuem mecanismos antioxidantes que protegem contra esses radicais derivados do oxigênio potencialmente perigosos. A influência dos radicais livres derivados do oxigênio em qualquer reação inflamatória depende do balanço entre a produção e a inativação desses metabólicos Óxido nítrico: reage com o superóxido para gerar o radical livre altamente reativo – peroxinitrito- que atacam e danificam os lipídios, proteínas e ácidos nucleicos dos microrganismos e células hospedeiras. Armadilhas extracelulares de neutrófilos – NET São redes fibrilares extracelulares que concentram substâncias antimicrobianas nos locais de infecção e impedem a disseminação dos microrganismos prendendo-os nas fibrilas. São produzidas por neutrófilos em resposta aos agentes infecciosos e mediadores inflamatórios. São formadas por uma trama viscosa de cromatina nuclear que liga e concentra proteínas granulares, tal como peptídeos e enzimas antimicrobianas. No processo de formação das NETs, os núcleos dos neutrófilos são destruídos, o que desencadeia a morte das células, por vezes chamada NETose, representando uma forma distinta de morte celular que afeta os neutrófilos. As NETs também foram detectadas no sangue durante a sepse. A cromatina nuclear nas NET pode ser uma fonte de antígenos nucleares nas doenças autoimunes sistêmicas, particularmente no lúpus, nas quais os indivíduos reagem contra o seu próprio DNA e nucleoproteínas. Lesão Tecidual Mediada por Leucócitos - Parte da reação normal de defesa contra microrganismos infecciosos, quando tecidos circunjacentes ao local da infecção sofrem danos colaterais.Em algumas infecções difíceis de erradicar, como a tuberculose e certas doenças virais como a hepatite, a resposta prolongada do hospedeiro contribui mais para a patologia do que o próprio microrganismo. - Os danos são causados pelos leucócitos através da liberação de moléculas lesivas. Outras funções dos leucócitos: produzir citocinas, fatores de crescimento que estimulam a proliferação de células endoteliais e fibroblastos bem como a síntese de colágeno, e enzimas que remodelam o tecido conjuntivo. Alice Iris MED TXV iv. Regulação do processo inflamatório Os mediadores anti-inflamatórios terminam a reação inflamatória aguda quando ela não é mais necessária. Mecanismos ativos de término da reação incluem a troca do tipo de metabólito do ácido araquidônico produzido, de leucotrienos proinflamatórios para lipoxinas anti- inflamatórias, e a liberação de citocinas anti-inflamatórias, fator transformados de crescimento Beta e IL-10 a partir de macrófagos e outras células. e. Compreender os mecanismos de indução, liberação e ação dos principais mediadores da inflamação. Os mediadores da inflamação são as substâncias que iniciam e regulam as reações inflamatórias. Também são produzidos por proteínas plasmáticas que reagem aos microrganismos ou produtos de células necróticas. Alguns desses mediadores promovem o efluxo de plasma e o recrutamento de leucócitos circulantes para o local onde o agente agressor está localizado. Os mediadores ativam leucócitos recrutados, aumentando sua capacidade de destruir e remover o agente agressor. A maioria dos medicamentos anti-inflamatórios tem como alvo mediadores específicos. Os mediadores mais importantes da inflamação agudam são as aminas vasoativas, os produtos lipídicos (prostaglandinas e leucotrienos), as citocinas (quimiocinas) e os produtos da ativação do complemento. i. Aminas vasoativas (histamina e serotonina) São os primeiros mediadores a serem liberados durante a inflamação. As fontes mais ricas de histamina são os mastócitos, que normalmente estão no tecido conjuntivo adjacente aos vasos sanguíneos. Liberada por degranulação em resposta a vários tipos de estímulos, incluindo: Alice Iris MED TXV - Lesão física - Ligação de anticorpos aos mastócitos - Produtos do complemente chamados anafilatoxinas (C3a e C5a) A histamina provoca a dilatação das arteríolas e aumenta a permeabilidade das vênulas. Considerada o principal mediador da fase transitória imediata de aumento da permeabilidade vascular. Seus receptores, chamados H1, são os que mediam as respostas. Os fármacos anti-histamínicos que são comumente utilizados para tratar algumas reações inflamatórias, como alergias, são antagonistas do receptor H1 e se ligam e bloqueiam o receptor. A histamina também causa contração de alguns músculos lisos, mas os leucotrienos, descritos posteriormente, são muito mais potentes e relevantes como causa de espasmos dos músculos brônquicos, por exemplo, na asma. A principal função da setotonina é a de neurotransmissor no trato gastrointestinal. É é um vasoconstritor, mas a importância desta ação na inflamação ainda não está certa. ii. Produtos do ácido araquidônico (eicosanoides) Os mediadores lipídicos prostaglandinas e leucotrienos são produzidos a partir do ácido araquidônico presente em fosfolipídios da membrana e estimulam reações vasculares e celulares na inflamação aguda. O ácido araquidônico depois de liberado da membrana por fosfolipase celulares é convertido em eicosanoides, sintetizados por cicloxigenases (prostaglandinas) e lipoxigenases (leucotrienos e lipoxinas). Os eicosanoides se ligam aos receptores da proteínas G e podem mediar praticamente todas as etapas da inflamação. Alice Iris MED TXV Prostaglandinas: geradas pelas COX-1 e COX-2 COX-1: expressa na maioria dos tecidos, onde pode desempenhar uma função homeostática (equilíbrio de líquidos e eletrólitos nos rins, citoproteção no TGI). Produzida em resposta a estímulos inflamatórios. COX-2: induzida por estímulos inflamatórios, gera PGs que estão envolvidas nas reações inflamatórias, mas apresenta baixa concentração ou ausente na maioria dos tecidos normais. As plaquetas contêm tromboxano, principal eicosanoide das plaquetas e potente agente agregante e vasoconstritor (promove trombose) O endotélio possui prostaciclina (PGI2), a qual é um potente vasodilatador e inibidor da agregação plaquetária. A PGE2 torna a pele hipersensível a estímulos dolorosos e causa febre durante infecções. Leucotrienos: Produzidos por mastócitos e leucócitos por meio da lipoxigenases; envolvidos nas reações vasculares e dos músculos lisos e no recrutamento de leucócitos. Os AINEs não afetam a lipoxigenases e muitos novos inibidores desta via enzimática foram desenvolvidos. Os agentes farmacológicos que inibem a produção de leucotrienos são úteis no tratamento da asma. Lipoxinas: suprimem a inflamação ao inibir o recrutamento de leucócitos. Inibem a quimiotaxia dos neutrófilos e a sua adesão ao endotélio. Os corticosteroides são agentes anti-inflamatórios de amplo espectro que reduzem a transcrição de genes que codificam a COX-2, a fosfolipase A2, citocinas pró- inflamatórias (p. ex., IL-1 e TNF) e iNOS iii. Espécies reativas e oxigênio e nitrogênio iv. Citocinas (com ênfase em TNF-alfa, IL-1, IL-17 e IL-6) Células que produzem a citocina IL-17 são as mais importantes na inflamação aguda. A IL-17 induz a secreção de quimiocinas que recrutam outros leucócitos. Na ausência de uma resposta TH17 efetiva, os indivíduos são suscetíveis a infecções fúngicas e bacterianas, e ao desenvolvimento de abscesso cutâneos denominados de “abscessos frios”, sem as características clássicas da inflamação aguda. Alice Iris MED TXV Os antagonistas dos receptores de IL-6 são utilizados no tratamento da artrite reumatoide e os antagonistas da IL-17 são muito eficazes na psoríase e outras doenças inflamatórias. O interferon tipo I, cuja função normal é inibir a replicação viral, contribui para algumas das manifestações sistêmicas da inflamação. TNF e IL-1: desempenham papeis críticos no recrutamento de leucócitos, na promoção da adesão ao endotélio e migração dos vasos. A produção de TNF é induzida por sinais através de TLRs e outros sensores microbianos, e a síntese de IL-1 é estimulada pelos mesmos sinais, mas a geração da forma biologicamente ativa é dependente do inflamassomo. Algumas funções destas citocinas: - Ativação endotelial - Ativação de leucócitos e outras células: aumenta a resposta dos neutrófilos a outros estímulos e estimula a atividade microbicida dos macrófagos. IL-1 ativa fibroblastos para sintetizar colágeno e estimula a proliferação de células sinoviais e outras mesenquimais. - Induzem respostas sistêmicas de fase agida (febre, por ex.) - TNF contribui para a caquexia ao promover o catabolismo lipídico e proteico e pela supressão do apetite. Perda de peso, atrofia muscular e anorexia (caquexia) v. Quimiocinas e seus receptores (com ênfase em IL-8 e MIP-1) Quimiocinas atuam principalmente como quimiotáticos para tipos específicos de leucócitos. Elas são classificadas de acordo com o arranjo dos resíduos de cisteína (C) nas proteínas. Medeiam suas atividades por meio de ligação aos receptores acoplados à Alice Iris MED TXV proteínas G transmembrana sete. Estão envolvidas na ligação e entrada do vírus HIV nas células, ao ter correceptores de uma glicoproteínas do envelope viral do HIV. Elas possuem duas principais funções: - A maioria das quimiocinas estimula a adesão do leucócito ao endotélio atuando nos leucócitos para aumentar a afinidade das integrinas e servem como agentes quimiotáticos, guiando os leucócitos para locais de infecção ou lesão tecidual. - Organizam vários tipos celulares em diferentes regiões anatômicas dos tecidos, como os linfócitosT e B em áreas distintas do baço e linfonodos IL-8: quimiocinas típica do grupo C-X-C, secretada por macrófagos ativados, células endoteliais e outros tipos celulares. Causa ativação e quimiotaxia de neutrófilos, com atividade limitada em monócitos e eosinófilos. MIP-1: são a proteínas inflamatória de macrófagos, pertence ao grupo C-C e atuam principalmente como agentes quimiotáticos para monócitos, eosinófilos, basófilos e linfócitos. Quimiocinas CX3C: promove forte adesão nos monócitos e das células T. vi. Proteínas do complemento Agem principalmente na defesa do hospedeiro contra microrganismos e reações inflamatórias patológicas. Existem mais de 20, numeradas de C1 a C9, e estão envolvidas nos processos de imunidade inata e adaptativa na defesa contra patógenos microbianos. Proteínas do complemento: a ativação do sistema complemento por microrganismos ou anticorpos leva à geração de diversos produtos de degradação, que são responsáveis pela quimiotaxia de leucócitos, opsonização e fagocitose de microrganismos e outras partículas e morte celular. As proteínas do complemento estão presentes sob formas inativas no plasma e muitas delas são ativadas e se tornam enzimas proteolíticas que degradam proteínas do complemento. A principal etapa na ativação do complemento é a proteólise do terceiro componente, C3. C3 é ainda fragmentado em C3a e C3b. C3 pode ser clivado de três formas: - Pela via clássica: desencadeada pela fixação de C1 ao anticorpo (IgM ou IgG) que se combinou ao antígeno. - Via alternativa: desencadeada por moléculas de superfície microbiana, polissacarídeos complexos e outras subst. na ausência do anticorpo. - Via da lectina: lectina ligante de manose plasmática se liga a carboidratos em microrganismos e ativa a C1 indiretamente. Funções do sistema complemento: - C5a, C4a e C3a estimulam a liberação de histamina a partir de mastócitos e aumento a permeabilidade vascular e causam vasodilatação. São chamados de anafilatoxinas por exercerem efeito parecido ao dos mediadores de mastócitos na anafilaxia. Alice Iris MED TXV C5a é quimiotático para neutrófilos, eosinófilos, basófilos e monócitos, além de ativar a via da lipoxigenases em neutrófilos e monócitos, causando a liberação de mais mediadores inflamatórios. - C3b promove fagocitose por neutrófilos e macrófagos - Promove morte osmótica (lise) das células dos microrganismos com parede celular delgada. Em pacientes com deficiências do complemento, esses microrganismos podem causar infeções disseminadas graves. A ativação do complemento por anticorpos ou complexos antígeno-anticorpo depositados nas células e tecidos hospedeiros é um importante mecanismo de lesão celular e tecidual Proteínas de fase aguda: sintetizadas principalmente no fígado e suas concentrações podem variar de acordo com a resposta aos estímulos inflamatórios. As três proteínas mais conhecidas são a proteínas C reativa (PCR), o fibrinogênio e a proteínas amiloide A sérica (AAS). O fibrinogênio se liga aos eritrócitos e induz a formação de pilhas (rolos) que sedimentam mais rapidamente sob força da gravidade do que os eritrócitos individualmente. Esta é a base para a medida da taxa de sedimentação eritrocitária como um teste simples para a resposta inflamatória sistêmica causada por qualquer estímulo. Níveis séricos elevados de PCR servem como marcador para risco aumentado de infarto do miocárdio em pacientes com doença arterial coronariana. As concentrações plasmáticas de hepcidina cronicamente elevadas reduzem a disponibilidade de ferro e são responsáveis pela anemia associada à inflamação crônica. Outras manifestações da resposta da fase aguda incluem aumento da frequência cardíaca e pressão arterial; diminuição da transpiração, principalmente por causa do redirecionamento do fluxo sanguíneo para o leito vascular cutâneo profundo, para minimizar a perda de calor através da pele; tremores (calafrios), arrepios (busca pelo Alice Iris MED TXV calor), anorexia, sonolência e mal-estar, provavelmente por causa da ação das citocinas nas células cerebrais Choque séptico: ocorre devido aos altos níveis sanguíneos de citocinas, levando a coagulação intravascular disseminada, choque hipotensivo e distúrbios metabólicos, incluindo resistência à insulina e hiperglicemia. Coletivamente, essas reações são chamadas síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SIRS) Inflamação Crônica a. COMPREENDER as causas da inflamação crônica, tais como: A inflamação crônica é uma resposta de duração prolongada (semanas ou meses), na qual inflamação, lesão tecidual e tentativas de reparo coexistem em diferentes combinações. Ao contrário da inflamação aguda, que é caracterizada pelas alterações vasculares, edema e infiltrado predominantemente neutrofílico, a inflamação crônica caracteriza-se por um conjunto de alterações. - Infiltração de células mononucleares, incluindo macrófagos, linfócitos e plasmócitos. - Destruição tecidual, francamente induzida pelos produtos das células inflamatórias. - Reparo, envolvendo proliferação de novos vasos (angiogênese) e fibrose. i. Infecções persistentes Surge por microrganismos que são difíceis de erradicar, tais como micobactérias e certos vírus, fungos e parasitas. Em alguns casos, a inflamação aguda não resolvida evolui para a inflamação crônica, como quando uma infecção bacteriana aguda pulmonar avança para um abscesso pulmonar crônico. ii. Doenças inflamatórias imunomediadas. Doenças causadas por ativação excessiva e inadequada do sistema imune. Os autoantígenos evocam uma reação imune autoperpetuante que resulta em inflamação crônica e danos teciduais. Nas doenças alérgicas, a inflamação crônica é o resultado de respostas imunes excessivas contra substâncias ambientais comuns. iii. Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos, exógenos ou endógenos Materiais inalados por períodos prolongados resultam em doenças pulmonares inflamatórias, como a silicose. A aterosclerose, processo inflamatório que afeta a parede arterial, deposita e produz colesterol endógeno em excesso. b. CONHECER as principais doenças inflamatórias crônicas 1. Colesterol alto 2. DPOC (Doenças Pulmonar Obstrutiva Crônica): Também chamada de enfisema ou bronquite crônica, a doença pulmonar obstrutiva crônica, é uma doença que causa Alice Iris MED TXV dificuldades respiratórias pois provoca inflamação nos brônquios. Também pode provocar tosse e catarro. 3. Hipertensão: contrai os vasos sanguíneos forçando o coração a trabalhar mais. 4. Asma 5. Diabetes c. COMPREENDER o papel dos mediadores celulares (macrófagos, células gigantes, linfócitos, granulócitos, fibroblastos e outros) e moleculares (citocinas e quimiocinas) na inflamação crônica. Macrófagos: células predominantes na inflamação crônica, secretam citocinas e fatores de crescimento que atuam sobre várias células, destruindo invasores e tecidos estranhos e ativando outras células, principalmente linfócitos T. Encontrados no fígado, baço e linfonodos, SNC e pulmões. Monócitos, de meia-vida de 1 dia, dão origem a macrófagos, de vida útil de vários meses ou anos. Macrófagos ativados pela via clássica são importantes na defesa contra microrganismos e em muitas reações inflamatórias. Já os macrófagos ativados pela via alternativa não são muito microbicidas e agem mais no reparo tecidual, promovendo angiogênese e síntese de colágeno. Macrófagos, apesar do alto poder na defesa do corpo, também deixam considerável destruição tecidual, característica da inflamação crônica. Linfócitos: quando ativados a inflamação costuma ser persistente e grave. Podem ser as células predominantes na inflamação crônica em doenças autoimunes e de hipersensibilidade. Os linfócitos TCD4+ influenciam a natureza da reação e secretam citocinas. Granulócitos: são os eosinófilos basófilos e neutrófilos.São responsáveis por combater e eliminar infecções. Pacientes submetidos a transplante de medula óssea, em tratamento quimioterápico ou com imunodeficiência grave podem ter queda acentuada do número ou disfunção de granulócitos. - Eosinófilos: Os eosinófilos possuem grânulos que contêm proteínas básicas principais, uma proteína altamente catiônica que é tóxica para parasitas, mas também provoca danos às células epiteliais do hospedeiro. Por isso, os eosinófilos são benéficos no Alice Iris MED TXV controle das infecções parasitárias, mas também contribuem para os danos teciduais nas reações imunes, como nas alergias. A produção excessiva de eosinófilos está associada à LOA - Neutrófilos: principal atividade realizada por essas células é a fagocitose, pela presença de pseudópodes, após a ação de enzimas digestivas presentes em seus grânulos, principalmente a elastase, a colagenase e a lisozima. Quando essas células estão segmentadas, significa que houve um desvio à direita em sua maturação, tornando essas células maduras e ainda mais potentes em sua atividade. Dessa forma, o excesso dessas células no sangue (neutrofilia com desvio à direita) sugerem infecções bacterianas ou fúngicas, na qual o sistema imune acaba trabalhando mais para gerar uma resposta mais fugaz. Os neutrófilos em bastonete referem-se ao neutrófilo imaturo em formato de bastão, derivado de um desvio à esquerda (na produção. O excesso dessas células no sangue (neutrofilia com desvio à esquerda), sugerem problema na produção de neutrófilos pela medula óssea, isto é, a medula óssea não está conseguindo enviar para o sangue uma quantidade suficiente de neutrófilos maduros, liberando os imaturos. Geralmente ocorre em processos infecciosos mais graves, no qual o organismo não obteve tempo de maturar suas células. Basófilos, mastócitos: Essas células possuem histamina em seus grânulos e são muito similares aos mastócitos em sua atuação, contudo existem diferenças que não podem ser confundidas. O basófilo sai da medula óssea no seu estado maduro e os mastócitos circulam na sua forma imatura, apenas amadurecendo no tecido de atuação. A hipersensibilidade é uma resposta imune devido a atuação dos basófilos em nosso corpo. Essa reação é resultado da ligação do IgE com a superfície do basófilo, o qual vai secretar os mediadores bioativos (histamina) para reparar a atividade antígena. Fibroblastos: principais células envolvidas na cicatrização e sua principal função é manter a integridade do tecido conjuntivo por meio da síntese de componentes da matriz extracelular. Além de produzirem colágeno, os fibroblastos produzem elastina, fibronectina, glicosaminoglicanas e proteases, responsáveis pelo desbridamento e remodelamento fisiológicos da célula d. CARACTERIZAR a inflamação crônica granulomatosa A inflamação granulomatosa é uma forma de inflamação crônica caracterizada por coleções de macrófagos ativados, muitas vezes com linfócitos T, e às vezes associadas à necrose central. Os macrófagos ativados desenvolvem um citoplasma abundante e passam a se assemelhar a células epiteliais, sendo chamados células epitelioides. Alguns podem se fundir, formando células gigantes multinucleadas. Em resumo, a inflamação granulomatosa é um padrão morfológico específico de inflamação crônica induzida pela ativação de células T e macrófagos em resposta a um agente resistente à erradicação. Os granulomas são uma tentativa da célula de conter um agente agressor difícil de erradicar. E nessa tentativa, linfócitos T ativados ativam também mais macrófagos, o que pode causar lesões nos tecidos normais. User Destacar User Destacar Alice Iris MED TXV Em resumo, o granuloma consiste em um padrão de resposta inflamatória crônica, sendo uma reação de hipersensibilidade tardia e mediada principalmente por células T, em reação à infecção por microrganismos, por exemplo. e. DETERMINAR os componentes moleculares e celulares da inflamação granulomatosa O granuloma é composto por macrófagos, células gigantes, células epitelioides e é cercado por linfócitos T, podendo ter eosinófilos, dependendo do agente etiológico. f. DIFERENCIAR os tipos de granulomas Existem DOIS tipos de granulomas, que apresentam diferente patogenia: Granulomas imunes: causados por vários agentes capazes de induzir resposta imune mediada por células T persistentes. É causado por microrganismos que suscitam uma resposta imunológica e que geralmente é difícil de ser eliminado. Granulomas de corpo estranho: ocorre por substâncias inertes (fio de sutura, fibras) portanto, não há resposta mediada por células T. Há células epitelioides e células gigantes ao redor da substância inerte, de modo a “contê-la”. Os granulomas são encontrados em determinadas condições patológicas específicas; o reconhecimento do padrão granulomatoso é importante por causa do número limitado de condições (algumas que ameaçam a vida) que o causam. g. CONHECER as principais doenças inflamatórias granulomatosas e reação tecidual associada Os granulomas mais antigos podem apresentar uma borda de fibroblastos e tecido conjuntivo. Pode ser encontradas células gigantes multinucleadas, chamadas de Langhans. Granulomas associados a certos organismos infecciosos contêm uma zona central de necrose, cuja aparência é granular e de aspecto caseoso, denominada de necrose caseosa. Os granulomas associados à doença de Crohn, à sarcoidose e às reações de corpo estranho tendem a não apresentar centros necróticos e são considerados não caseosos. A cicatrização dos granulomas é acompanhada por fibrose, que pode ser extensa. A tuberculose é o protótipo da doença granulomatosa de etiologia infecciosa e deve ser sempre excluída como uma possível causa quando os granulomas são identificados. É sempre necessário identificar o agente etiológico específico por meio de colorações especiais para os microrganismos e por estudos sorológicos. Alice Iris MED TXV
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