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VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA EM PEDIATRIA A ventilação pulmonar mecânica (VPM) surgiu devido a necessidade na reversão da insuficiência respiratória, no intuito de diminuir a mortalidade e dias de internação. Com o mesmo objetivo, a VPM com pressão positiva foi adaptada em crianças e recém-nascidos, o que provocou insucesso, por causa das diferenças fisiológicas. Em 1970 iniciou-se a ventilação específica para pediatria e neonatologia, utilizando de fluxo contínuo com ciclos mandatórios (ventilação mandatória intermitente – VMI). Definição A ventilação mecânica, também chamada de suporte ventilatório, trata-se de um método que auxilia no tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada. É realizada através da aplicação de pressão positiva nas vias aéreas por próteses. Tem como objetivo a manutenção das trocas gasosas. Introdução · O uso da ventilação pulmonar mecânica na UTI neonatal contribuiu para aumentar a sobrevida dos RN. · Maior incidência de seqüelas pulmonares e neurológicas em pacientes prematuros. · Doença pulmonar crônica · Hemorragia peri-inraventricular VENTILAÇÃO MECÂNICA EM PEDIATRIA A Ventilação Mecânica é o suporte oferecido por meio de um aparelho que é conectado ao paciente através de tubo endotraqueal ou traqueostomia para aqueles que não conseguem respirar espontaneamente por vias normais devido a fatores como doenças, anestesias e anomalias congênitas. A ventilação mecânica neonatal é um processo invasivo de apoio à vida, que visa otimizar as trocas gasosas e o estado clínico do paciente com o mínimo de pressão, FiO2 e ventilação Obs: É de fundamental importância abordarmos algumas características fisiológicas que influenciam e explicam a vulnerabilidade e susceptibilidade maior do recém-nascido a qualquer disfunção respiratória e a própria conduta terapêutica. Características que tornam o trabalho respiratório: 1. Trabalho respiratório: os neonatos e lactentes apresentam aumento do trabalho respiratório devido a deficiência da mecânica pulmonar e também ao diafragma, que deveria apresentar grande eficácia e forca de contração, porém apresenta-se retificado. 2. Retração elástica: em neonatos, devido menor raio alveolar são necessários maiores pressões para abri-lo, todavia a deficiência do surfactante faz com que haja uma tendência ao colabamento alveolar, caracterizando uma retração elástica aumentada. 3. A complacência representa a capacidade elástica dos pulmões e da caixa torácica,sendo definida como a variação do volume pulmonar gerada por uma variação de pressão. A resistência é dada pela dificuldade na passagem do ar pelas vias aéreas (isto é, a variação de pressão necessária para produzir certo fluxo). 4. Resistência das vias aéreas: as crianças e neonatos possuem elevada resistência devido ao maior comprimento em relação ao diâmetro reduzido das vias aéreas, sendo mais uma causa de desconforto respiratório. 5. Constante de tempo: refere-se a medida do tempo necessário para a insuflação ou desinsuflação dos pulmões. Sendo assim, se os valores da constante de tempo estiverem fora do normal, durante a fase inspiratória da ventilação mecânica, os pulmões receberam um volume corrente insuficiente, e na fase expiratória a eliminação incompleta desse volume acarreta aprisionamento de ar e aumento da capacidade residual funcional (CRF). A VPM invasiva no recém-nascido tem o intuito de aumentar as capacidades pulmonares (incremento da CRF), adequar as trocas gasosas (reduzir as alterações da relação ventilação/perfusão), diminuir o trabalho respiratório (evitar a fadiga musculatória) e recrutar alvéolos atelectasiados. Base da Ventilação Mecânica em Pediatria e Neonatologia Indicações da VPM • PaO2 < 50 mmHg (hipoxemia) com FiO2 > ou = 0,6; • PaCO2 > 50-60 mmHg (hipercapnia); • pH < 7,25 (acidose respiratória); • Apnéias freqüentes ou prolongadas; • Doenças neuromusculares, hipertensão intracraniana, cirurgias, anestesia geral; • Iniciação de terapia exógena em RNs com Síndrome do Desconforto Respiratório. FASES DO CICLO VENTILATÓRIO Fase inspiratória: é a fase do ciclo em que o ventilador realiza a insuflação pulmonar, conforme as propriedades elásticas e resistivas do sistema respiratório. Válvula inspiratória aberta. Mudança de fase (ciclagem): Transição entre a fase inspiratória e a fase expiratória. Fase expiratória: Momento seguinte ao fechamento da válvula inspiratória e abertura da válvula expiratória, permitindo que a pressão do sistema respiratório equilibre-se com a pressão expiratória final determinada no ventilador. Mudança da fase expiratória para a fase inspiratória (disparo): Fase em que termina a expiração e ocorre o disparo (abertura da v álvula inspiratória) do ventilador, iniciando nova fase inspiratória. INDICAÇÕES · A falência respiratória · Anestesia · Doenças graves do parênquima pulmonar. · Doenças das vias aéreas. · Alterações da complacência pulmonar · Redução da capacidade de sustentar o trabalho respiratório. · Alterações do controle da respiração · Necessidade de controle da ventilação. MODOS VENTILATÓRIOS a) Modo controlado Neste modo a ventilação é fornecida pelo aparelho que é insensível aos esforços do paciente, uma vez que estão anestesiados e com a musculatura paralisada. Este modo de ventilação é indicado para RN com apnéia, choque, em algumas situações que apresentam grave comprometimento pulmonar e nas doenças que se beneficiam da hiperventilação. b) Modo assistido/controlado O aparelho cicla com liberação de volume ou de pressão estabelecidos quando percebe uma pressão abaixo da linha de base do circuito (sensibilidade), gerado pela ventilação espontânea do paciente. Quando esta é insuficiente ou gera uma pressão menor do que a preestabelecida na sensibilidade, o aparelho entra de forma controlada a uma freqüência pré-determinada. c) Modo assistido Todos os movimentos ventilatórios são desencadeados pelo paciente e toda ventilação é liberada pelo aparelho a uma pressão ou a um volume pré-determinados. A ventilação assistida é normalmente ofertada pela pressão de suporte. d) Ventilação mandatória intermitente (IMV) A VMI consiste numa ventilação de modo controlado associado à respiração espontânea, que oferece um fluxo contínuo de gases que satisfaça a necessidade inspiratória, sendo a respiração liberada independente do padrão ventilatório do paciente. e) Ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV) Não é recomendado para crianças menores de três anos, porque a pressão negativa que o paciente deve gerar para obter o fluxo de gás, além de aumentar o trabalho respiratório quando comparado com o sistema de fluxo contínuo, afeta adversamente a tolerância ao sistema, principalmente em recém-nascidos e lactentes pequenos. f) Ventilação com pressão de suporte É uma forma de ventilação assistida, pode ser utilizada durante o desmame e é liberada quando uma variação de pressão abaixo da linha de base é detectada (geralmente 25%), ou seja, se o paciente inspirou e não conseguiu atingir o volume corrente preestabelecido, a pressão de suporte será liberada para adequar o volume corrente estabelecido. g) Pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) consiste numa modalidade de assistência respiratória com pressão positiva de forma espontânea, que é alimentado de modo contínuo por uma mistura de ar comprimido e oxigênio, ambos umidificados e aquecidos sendo transmitido para as vias aéreas a uma pressão de 3-8 cmH2O, prevenindo atelectasias, reduzindo o trabalho respiratório e melhorando as trocas gasosas, através do aumento da capacidade residual funcional e do volume residual. h) Ventilação com liberação de pressão das vias aéreas (VLPVA) É uma variação do CPAP que permite aumentar a ventilação alveolar através da abertura de uma válvula a uma freqüência preestabelecida, onde a pressão inspiratória (PIP) é ajustada abaixo da pressão expiratória (PEEP). i) Ventilação de alta freqüência. É uma modalidade antiga amplamente aceita na terapiaintensiva neonatal e pediátrica que se caracteriza pela freqüência ventilatória superior a 150 pulsos/min, volume corrente de 1 a 3 ml/Kg e circuito do ventilador não complacente.11 Tem o objetivo de minimizar problemas nas patologias respiratórias. COMPLICAÇÕES Podem surgir algumas complicações decorrentes da VMI, se forem usados parâmetros fora da normalidade, como as seguintes:13,14 a) Barotrauma – esta relacionado com o pico de pressão inspiratória (PIP), sendo rara quando é menor que 25cmH2O. b) Volutrauma – a distensão pulmonar ocasionada por altas pressões nas vias aéreas pode gerar edema pulmonar, alterações na permeabilidade, aumento na filtração e lesão alveolar difusa. c) Alterações em Órgãos e Sistemas – SNC: diminuição da perfusão cerebral; Sistema renal: diminuição do débito urinário, do clearance da creatinina e aumento dos níveis de hormônio antidiurético; Depressão doSistema cardiovascular. d) Toxidade pelo O2 – diminuição da atividade muco-ciliar, irritação da traquéia e inibição da depuração do muco. e) Infecção Hospitalar – o tubo endotraqueal permite o acesso de patógenos à traquéia e as vias respiratórias inferiores, com maior risco de pneumonia.
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