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MODERNISMO BRASILEIRO Primeira Fase

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MODERNISMO BRASILEIRO – Primeira Fase
Belle Époque
Nas ruas do Rio de Janeiro fervilhava agitação que clamava pela modernização e pelo
progresso, o qual já tinha eclodido no além mar. Mas, apesar da sociedade estar tão ávida por
adentrar na modernidade trazida pelo século XX, o Brasil ainda era um país com fortes contrastes na
medida em que as zonas interioranas mostravam paisagens com traços de subdesenvolvimento. A
Belle Époque terminou com a eclosão da Primeira Guerra mundial em 1917, no Brasil ela se
desenrolou de forma contrastante.
Antecedentes da Semana
Beirando a segunda década do século XX, São Paulo tinha-se transformado em uma cidade
cosmopolita e com ares de metrópole. Notavam-se transformações como uma crescente
industrialização, lucros advindos das exportações de café e a imigração fazia de São Paulo um polo
de emergente modernidade com costumes, etnias e idiomas vários: a cidade era um reflexo da
diversidade cultural que é sempre foi o Brasil.
Consequentemente a arte não podia ficar fora desse contexto. A elite paulistana, apesar de
seu conservadorismo, começava a se interessar pelas vanguardas europeias, então surgiu a
necessidade de se assumir de forma madura nosso caráter de país sul-americano, em
desenvolvimento, fruto de nossa miscigenação cultural.
Acontece que em 1917, a pintora Anitta Malfatti expôs seus quadros de inspiração
expressionista, depois de ter estudado e convivido com grandes mestres contemporâneos na
Europa e EUA. A exposição foi um escândalo! Em consequência, várias críticas negativas
emergiram daquele evento. O mais famoso e que causou impacto decisivo foi a crítica de Monteiro
Lobato. O escritor paulista escreveu um artigo chamado “Paranoia ou Mistificação” que destruía
as pinturas da Anitta.
Note-se, Lobato nutria certa admiração pela artista, todavia tinha verdadeira aversão às
tendências ligadas às vanguardas europeias. Entretanto foi a partir desse artigo, que alguns artistas
solidários com a pintora e com intenção de sacudir as artes nacionais, tiveram a ideia de fazer a
Semana de Arte Moderna. Que eram eles? Naquele mesmo ano de 1917, conheceram-se dois dos
nomes mais expressivos dessa primeira fase do modernismo, Mario de Andrade e Oswald de
Andrade, apesar do nome nada tinham de parentesco. Outros são o pintor Di Cavalcanti, os
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escritores Manuel Bandeira e Graça Aranha, cuja obra é pré-modernista mas participou da Semana
de Arte Moderna.
Ainda falando de Mário de Andrade há que se lembrar do escândalo causado por ele quando
assinalou alguns artigos, “Mestres do passado”, que ridicularizavam os poetas parnasianos, a
preferência do público à época. Outro foi o Pauliceia desvairada (onde havia o “Prefácio
interessantíssimo”), com ideias completamente contrárias àquelas expostas por Monteiro Lobato e
que resumiam as opiniões do artista. 
O prefácio de Mário de Andrade aponta alguns princípios fundamentais da poesia do
Modernismo. Primeiro, o texto não pode ficar aprisionado a regras, depois as emoções é que devem
guiar o poeta. Alguns desses aspectos comungavam com a criação dos artistas do Romantismo do
século XIX, isto é, a busca da espontaneidade, a valorização da inspiração e da emoção, além do
desenvolvimento de uma expressão original, entretanto o Modernismo vai buscar uma visão crítica
da realidade nacional, voltando-se para os problemas do Brasil. Outras propostas estavam em
romper com a gramática tradicional em prol da expressividade. 
Claro que o Oswald de Andrade não ficou fora desses manifestos publicando “Pau Brasil” e
“Antropofagia” em que revolve as questões que contrapõem o selvagem versus o civilizado, são
poesias visando a articulação da cultura nativa com a cultura intelectual. 
O propósito era apresentar para o grande público as ideias do Modernismo através de um
ciclo conjunto de conferências, récitas, concertos e exposições. Para isso era preciso encontrar um
patrocinador que se mostrou na figura do empresário Paulo Prado, encontrado por Di Cavalcanti. Na
verdade, foram os barões do café quem verdadeiramente acabaram financiando o evento. 
A Semana
Como poder aglutinador de Oswald e a inteligência de Mário de Andrade, nos dias 13, 15 e 17
de Fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, realizou-se a Semana de Arte Moderna. E
foi assim que os artistas brasileiros deram “uma baita sacudidela nas artes nacionais” citando as
palavras de Mário de Andrade.
Então cada dia tinha uma programação principal em torno da qual se organizavam todos os 
artistas
No primeiro dia houve a conferência do Graça Aranha na qual ele dissertou sobre arte
moderna, e uma exposição de artes plásticas no saguão do teatro. De cara o público já mostrou
estranhamento, que pagara bem caro e achava que aquilo não estava valendo a pena, a tensão
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aumentou quando o músico Ernani Braga apresentou uma melodia que satirizava Chopin, um ícone
da música erudita. Depois a pianista Guiomar Novaes, de renome internacional, quase desistiu da
apresentação por não concordar com procedimentos que considerava desrespeitosos. Na noite
desse mesmo dia o poeta Guilherme de Almeida declamou alguns de seus poemas. Houve as
danças africanas com a música de Villa-Lobos que encerraram a noite, não sem barulho e
indignação do público.
No segundo dia houve mais escândalo. Apesar da apresentação com aplausos à pianista
Guiomar Novaes, a quarta-feira foi especialmente dedicada à literatura. Ronald de Carvalho, amigo
do grande poeta português Fernando Pessoa, leu o poema “Os sapos” Manuel Bandeira, que não
participou presencialmente do evento mas enviou do Rio de Janeiro o texto. O poema ridicularizava
os poetas parnasianos, comparando-os a sapos, pronto, foi o estopim para que o público se
levantasse e deixasse o teatro com vaias e assovios, vamos lembrar que o público tinha simpatia
pela poesia parnasiana.
Então já deu para perceber que estava ocorrendo um clima de conflito entre público e artistas.
O terceiro dia ficou marcado pela apresentação do músico e maestro Villa-Lobos que estava com
uma crise de gota – o que que é isso? É excesso de ácido úrico no sangue! E portanto não pôde
usar os sapatos, se apresentou de fraque e chinelo. O público – bem reduzido – já achou que fosse
algum protesto modernista, o termo modernista começava a ser empregado com sentido pejorativo
para designar gente de mal gosto e doida. E essa foi a última noite.
Segundo o escritor Menotti del Picchia a Semana “não formulou um código: formou uma
consciência, um movimento libertador a integrar nosso pensamento e nossa arte na nossa paisagem
e no nosso espírito dentro da autêntica brasilidade”. Note-se aí que entra em cena nossa busca pela
identidade nacional que volta ao centro do projeto literário de uma geração de artistas.
Uma boa palavra para definir essa primeira fase do Modernismo Brasileiro é o termo
ICONOCLASTA, quer dizer destruidor de ídolos. A gente pode enquadrar didaticamente essa fase
entre os anos de 1922, que foi ao ano da Semana até 1930, quando Carlos Drumond de Andrade
publica seu livro de chamado Alguma Poesia, o que também não deixou de causar escândalo com
seu poema “Tinha uma pedra no meio do caminho”.
Então podemos definir essa primeira fase do modernismo como uma geração mais agressiva,
com propósito de romper com o passado acadêmico e abrir novos caminhos para a arte nacional.
Claro que as condições de produção literária dessa fase vão estar intimamente ligadas com as
vanguardas europeias. Outro é que ressurge uma propostanacionalista mas de cunho crítico,
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diferente da proposta dos românticos do século XIX. Por isso é que se entendem paródias como as
tantas feitas da “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias, “Minha terra tem palmeira como canta o
Sabiá”.
A liberdade de expressão deu identidade aos nossos modernistas, que abriram mão de um
lirismo contido e “bem comportado”. Eclode a linguagem do português brasileiro, tentando aproximar
a fala ao modo de como se escreve.
AUTORES
Mário de Andrade
Ele foi um dos que lideraram a primeira fase modernista, foi um apaixonado por São Paulo,
cidade em que morou praticamente toda a sua vida. Mário projetava nos versos sobre a sua cidade
e seu país a essência de sua alma lírica. No poema “Inspiração” encontra-se uma declaração de
amor à cidade da garoa e neblinas.
Era um estudioso da cultura brasileira, conhecia música, folclore e literatura, conhecimento
que adquiriu viajando por todo o território nacional. Pensou até em escrever uma gramática da
língua brasileira incorporando regionalismos e neologismos sintáticos. 
No romance podemos citar Amar, Verbo Intransitivo, onde o escritor deixa claro seu desejo
fazer experimentos, seja eliminando a marcação de capítulos, seja criando um narrador em terceira
pessoa que quase atua como uma personagem da obra. O romance apresenta vários quadros que
refletem a vida de uma família burguesa que vivia em São Paulo na década de 1920. Felisberto
Sousa Costa, o patriarca da família, contrata Fräulein Elza, professora alemã, como tutora dos filhos
e governanta da casa. Mas, na verdade, ela é uma “professora de amor”, cuja verdadeira função é
iniciar sexualmente os filhos dos novos-ricos. Trata-se de um olhar crítico e irônico para a elite
paulistana.
A obra-prima de Mário é Macunaíma, o Herói sem nenhum caráter, publicado em 1928. Não
se trata propriamente de um romance porque é uma miscelânea de lendas e narrativas interligadas
pela personagem principal. É classificado como uma rapsódia.
Com Macunaíma, renova-se a imagem do herói brasileiro. Fosse o índio ou o burguês bem
comportado, o herói que aparece nos romances românticos tinha muito de irreal e quase nada de
nacional. Macunaíma é uma personagem que se transforma a cada instante, ele mente mas não
esconde isso, passa a perna nos outros, assume as feições das diferentes raças que deram origem
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ao povo brasileiro (índio, negro e europeu). A narrativa inicia-se na Amazônia, quando a pedra
Muiraquitã é roubada por Venceslau Pietro Pietra, então Macunaíma vem para São Paulo recuperar
a Pedra. Na cidade da garoa ocorrem os outros episódios, até que o protagonista consegue
recuperar a pedra sagrada e volta para a Amazônia, para depois subir para o céu transformando-se
na constelação da Ursa Maior.
Oswald de Andrade
Oswald de Andrade escreveu poesia, romance, teatro, crítica e, em todos os gêneros,
deixou registrada a sua vocação para transgredir, para quebrar a expectativas e criar polêmica.
Nascido em São Paulo, de família paulistana rica, fez várias viagens à Europa, onde pôde entrar
em contato com as vanguardas da época.
Manuel Bandeira
Realizou os primeiros estudos em Recife, sua cidade natal. Aos 10 anos de idade, mudou-se
para o Rio de Janeiro com a família. Matriculou-se na Escola Politécnica de São Paulo, com a
intenção de tornar-se arquiteto, todavia em 1904, quando ele era ainda muito jovem, manifestaram-
se os sintomas da tuberculose, foi assim que sua vida tomou outro rumo, não se casou, não teve
filhos. Buscou estâncias climáticas que pudessem trazer-lhe a cura. Em 1913, chegou a tratar-se
na Suíça, mas a Primeira Guerra Mundial obrigou-o a retornar ao Brasil.
Entre 1916 e 1920, sofreu perdas familiares bastante sentidas: a mãe, a irmã que lhe servia
de enfermeira e, por fim, o pai. Tudo isso foi tema para as suas poesias. Desde então, Bandeira,
sempre sob a ameaça da doença, viveu entre a solidão familiar (perderia o único irmão que lhe
restava em 1922) e a função de professor, a que passou a se dedicar. Aproximou-se dos jovens da
Semana de Arte Moderna e se tornou o maior poeta modernista brasileiro da primeira fase. Ainda
que convivesse de perto com a morte desde a juventude, atingiu os 82 anos. Portanto podemos
falar que ele teve uma longa carreira poética, assim pôde abordar diversos assuntos, que
marcaram sua poética como: o cotidiano, a morte, a infância, o amor e a utopia. No poema
“Evocação do Recife” ele aborda a infância. No poema “pneumotórax” a ironia e o sarcasmo com a
própria desgraça. Como se vê, são temas de forte marca romântica, mas que sofrem um
tratamento renovado nas mãos do poeta modernista.
Dentre suas obras poéticas estão Cinza das Horas e Estrela da vida Inteira.
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BIBLIOGRAFIA
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