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EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE APRESENTAÇÃO Claudiana Marcela Siste Charal ●Mestre em Promoção da Saúde no Envelhecimento Ativo (Unicesumar) ● Licenciatura Plena em Educação Física (CESUMAR) ● Especialista em Neuroaprendizagem (Unicesumar) ● Especialista em Tecnologias Aplicadas no Ensino A Distância (UniFCV) ● Especialista em Docência no Ensino Superior: Tecnologias Educacionais e Inovação (Unicesumar) ● Tutora Pedagógica (UniFCV) ● Professora orientadora de trabalho de conclusão de curso da Pós-Graduação (UniFCV) ● Professora conteudista na área da Educação (UniFCV/UniFATECIE) ● Experiência no Ensino Superior (presencial e a distância) desde 2019 até os dias atuais. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7940297809849482 Ticiana Roberta Siste Charal ● Psicóloga formada pela Universidade Estadual de Maringá em 2005; ● Psicanalista em formação; ● Membro Associada da Associação de Psicanálise de Maringá Ato Analitico; ● Idealizadora do Projeto Fazendo a Diferença, que atende crianças e adolescentes vítimas de violência sexual desde 2016. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/2906082261526771 Charles Bronne da Silva de Araujo e Souza ● Licenciatura em Educação Física (Universidade Estadual de Maringá -UEM) ● Especialista Em Metodologia do Ensino da Educação Física (Faculdade Eficaz) ● Tutor Pedagógico (UniFCV) ● Professor de Educação Física do Município de Paiçandu-PR CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/1597962657524439 APRESENTAÇÃO DA APOSTILA Olá, prezado(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) à disciplina Educação Física e Saúde!!! Esta apostila foi organizada de modo especial para você, pois acreditamos ser de extrema importância para a sua jornada acadêmica, que no nosso entendimento tem buscado com excelência compreender os desafios que envolvem o setor da saúde. A mesma é composta por uma introdução seguida de quatro unidades criteriosamente analisadas, selecionadas para dar sustentação à presente discussão e conclusão, a fim de ampliar seus horizontes e somar novos conhecimentos à sua prática profissional. Estruturalmente, este material traz, na primeira unidade, intitulada Introdução Aos Estudos: Foco Na Saúde, apresentará discussões sobre os seguintes temas: aspectos históricos da saúde e saúde pública no Brasil; conceito de saúde e de qualidade de vida; as condições e estilo de vida; além de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde. Na sequência, na unidade II, denominada de A Educação Física e a Saúde, abordará os seguintes conteúdos: aspectos históricos da Educação Física e promoção de saúde; políticas Públicas e a saúde: foco na Educação Física; sistema público e privado de saúde: Educação Física e seu papel. Mais adiante, na unidade III, cujo título é Atividade Física em Foco, tem ênfase nos seguintes conteúdos: relação entre atividade física e saúde individual e coletiva; pesquisa em saúde coletiva; atividade física e doenças crônicas: definições, riscos, benefícios e recomendações. Por fim, na unidade IV, denominada de Atuação Profissional, nossa reflexão será sobre: gestão em saúde; o profissional de Educação Física na prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde e os projetos e programas de Educação Física na Saúde. Dessa maneira caro(a) graduando(a), acreditamos que os conteúdos aqui apresentados irão corroborar para sua formação acadêmica, contudo, para uma prática pedagógica de excelência, faz-se necessária constante atualização profissional, ou seja, a busca incessante por novos saberes. Então, venha, embarque conosco nessa trilha de conhecimentos!!! UNIDADE I INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS: FOCO NA SAÚDE Professora Mestre Claudiana Marcela Siste Charal Professora Ticiana Roberta Siste Charal Professor Especialista Charles B. da Silva de Araujo e Souza Plano de Estudo: ● Aspectos históricos da saúde e saúde pública no Brasil; ● Conceito de saúde; ● Conceito de qualidade de vida; ● Condições de vida e estilo de vida; ● Prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde. Objetivos da Aprendizagem: ● Conhecer os aspectos históricos da saúde e da saúde pública no Brasil; ● Entender o conceito de saúde; ● Estudar sobre o conceito de qualidade de vida; ● Entender o que é condições de vida e estilo de vida; ● Estudar sobre a prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde como uma área de atuação do profissional de Educação Física. INTRODUÇÃO Olá aluno(a)!! Seja bem-vindo(a) a primeira unidade da apostila “Educação e Saúde”!! Nesta unidade iremos fazer um resgate histórico da saúde no Brasil, assim como foi a implantação da saúde pública no nosso país. Iremos conhecer o conceito de saúde propriamente dito, o que vem a ser qualidade de vida, conceito de vida e também, estilo de vida. Para finalizar essa unidade, iremos entender de que maneira a prevenção, a promoção, a proteção e a reabilitação da saúde pode ser uma opção para a atuação do profissional de Educação Física. Vamos juntos iniciar mais uma apostila, adquirir mais conhecimento e entender um pouco mais sobre a “Educação Física e a Saúde”?! 1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA SAÚDE E SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Caro aluno, vamos navegar pela história da saúde no Brasil e entender de que maneira aconteceu o processo de implantação da saúde pública, até que, atualmente, ela seja um direito garantido a todos os cidadãos brasileiros. A história das políticas de saúde no Brasil está inserida em um contexto que trata da própria história do Brasil como Estado-Nação. De acordo com Baptista (2007), os primeiros movimentos em saúde pública observados por aqui foram implantados pelos governantes no período colonial com a chegada da família real no Brasil em 1808, cujo o interesse estava em torno de manter uma mão-de-obra saudável e garantir os negócios promovidos pela realeza. Nessa época, o povo brasileiro constituía-se de portugueses, outros imigrantes europeus e, principalmente, índios e negros escravos. Muitas doenças acometiam a população local e o conhecimento acerca da forma de transmissão, controle ou tratamento dessas doenças também era visto de maneira diferente por cada um desses grupos, de acordo com a tradição de cada cultura e costume. Recorriam ao que era mais viável física e financeiramente. Existia o barbeiro ou prático, um conhecedor de algumas técnicas utilizadas pelos médicos europeus, tais como as sangrias, que atendia a população com condições de pagá-lo. Os curandeiros e pajés, pertencentes às culturas negra e indígena, mais acessíveis à maioria da população que se utilizavam das plantas, ervas, rezas e feitiços para tratar os doentes. Havia também os jesuítas que tinham algum conhecimento da prática médica europeia e utilizavam a disciplina e o isolamento para tratar os doentes. Ainda segundo a mesma autora, a vinda da família real para o Brasil possibilitou também a chegada de mais médicos ao Brasil e o aumento da preocupação com as condições de vida nas cidades, possibilitando o início de um projeto de institucionalização do setor saúde no Brasil e a regulamentação da prática médica profissional. Foi assim que, no mesmo ano da chegada da família ao Brasil (1808), foi inaugurada a primeira faculdade de medicina, a Escola médico-cirúrgica, localizada em Salvador, na Bahia, com o objetivo da institucionalização de programas de ensino e a normalização da prática médica em conformidade aos moldes europeus. Assim como acontecia em outros países europeus, no Brasil, o interesse pela saúde e pela regulamentação da prática profissionalestavam estritamente relacionados ao interesse político e econômico do Estado, de garantir sua sustentabilidade e a produção da riqueza (COSTA, 1985). Portanto, as primeiras ações de saúde pública que passaram a ser implementadas no Brasil, assim como no mundo todo, estavam voltadas à saúde da cidade e do produto, a assistência ao trabalhador era uma consequência dessa política. A prioridade era a proteção e saneamento das cidades, principalmente as portuárias, responsáveis pela comercialização e circulação dos produtos exportados; o controle e observação das doenças e doentes, inclusive e principalmente dos ambientes; construção do conhecimento científico acerca das doenças e adoção de práticas mais eficazes no controle das mesmas. A proclamação da República em 1889 inicia um novo ciclo na política de Estado com o fortalecimento e a consolidação econômica da burguesia cafeeira. Segundo Lima, Fonseca e Hochman (2005), as políticas de saúde ganham ainda mais espaço nesse contexto, assumindo um papel importante na construção da autoridade estatal sobre o território, pois a lavoura do café e toda a base para armazenamento e exportação do produto, dependentes do trabalho assalariado, necessitava cada vez mais de mão-de- obra, e as epidemias que se alastravam entre os trabalhadores, devido às péssimas condições de saneamento, prejudicava o crescimento da economia. A partir de 1902, com a entrada de Rodrigues Alves na presidência da República, ocorreu um conjunto de mudanças significativas na condução das políticas de saúde pública. A reforma na saúde foi implementada a partir de 1903, sob a coordenação de Oswaldo Cruz, que assumiu a diretoria geral de saúde pública. Entre outras medidas de combate e prevenção a doenças, Osvaldo cruz implementa a campanha de vacinação obrigatória, com o intuito de erradicar doenças no Brasil, mas que provocou protestos e revoltas, entre elas, a mais popular que aconteceu no rio de Janeiro, conhecida como Revolta da Vacina (COSTA, 1985; COC, 1995). Apesar de inúmeras críticas aos seus métodos, com as ações de Oswaldo Cruz conseguiu-se avançar bastante no controle e combate de algumas doenças, possibilitando também o conhecimento acerca das mesmas. Mas o fato de as ações de saúde pública estarem voltadas especialmente para ações coletivas e preventivas deixava ainda desamparada grande parcela da população que não possuía recursos próprios para custear uma assistência à saúde. O direito à saúde integral não era uma preocupação dos governantes e não havia interesse na definição de uma política ampla de proteção social. O tempo passou e, de acordo com Mendes (1993), a partir da década de 1950, mudanças ocorreram no sistema de proteção à saúde. O processo de acelerada industrialização do Brasil determinou um deslocamento do polo dinâmico da economia. Até então, o Brasil tinha sua economia assentada na agricultura, mas, a partir dessa década, com o processo de industrialização, os grandes centros urbanos passaram a ser o pólo dinâmico da economia, o que gerou uma massa operária que precisava ser amparada pelo sistema de saúde. O modelo de saúde que passa a se definir baseado no hospital e na assistência cada vez mais especializada. Ainda nos anos de 1950, ganhou espaço a ideologia desenvolvimentista que apontou a relação pobreza-doença-subdesenvolvimento, indicando a necessidade de políticas que resultassem em melhora do nível de saúde da população como condição para se obter desenvolvimento. Foram acontecimentos importantes deste período e que marcaram a trajetória da política de saúde: a criação do Ministério da Saúde em 1953, atribuindo um papel político específico para a saúde no contexto do Estado brasileiro. O que existia nesse momento era política de saúde pública universal e com ênfase na prevenção das doenças transmissíveis, e uma política de saúde previdenciária restrita aos contribuintes da previdência e seus dependentes, com ênfase na assistência curativa. O direito à saúde integral ainda não era um direito do cidadão brasileiro. Na década de 1970 houveram mudanças significativas nas políticas de acesso à saúde e ampliou-se a discussão sobre o direito à saúde no Brasil. A saúde passou a assumir um sentido mais abrangente, sendo resultado das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso a serviços de saúde, entre outros fatores. Portanto, o direito à saúde significava a garantia, pelo Estado, de condições dignas de vida e de acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação, em todos os níveis, de todos os habitantes do território nacional. Portanto, como discorre Baptista (2003), a proposta de reforma para a saúde era também uma proposta de reforma do Estado, Estado este que se havia constituído sob uma base fundada no patrimonialismo, política de clientela, centralização decisória e exclusão social. No ano de 1986, já sob o governo da Nova República, o Ministério da Saúde convocou técnicos, gestores de saúde e usuários para uma discussão aberta sobre a reforma do sistema de saúde, realizando, assim, a VIII Conferência Nacional de Saúde (VIII CNS). Esta conferência foi um marco histórico da política de saúde brasileira, pois, pela primeira vez, contava-se com a participação da comunidade e dos técnicos na discussão de uma política setorial (FARIA, 1997). As propostas da VIII CNS não foram concretizadas de imediato, mas foram utilizadas como estratégias para a construção do Sistema Único de Saúde (SUS). Na Assembleia Nacional Constituinte de 1987/88, o relatório da VIII CNS foi tomado como base para a discussão da reforma do setor saúde, e o SUS foi finalmente aprovado. Portanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira. Após a sua legalização, em 1988, buscou-se definir em novas leis, assim como em portarias do Ministério da Saúde, regras para garantir o financiamento do setor e a regulação do setor privado e demais pontos da política. O SUS foi peça-chave no processo de luta e construção do modelo protetor brasileiro. Com a sua instituição, o Estado assumiu a saúde como um direito de todos e um dever do Estado, assegurado mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e uma política setorial de saúde capaz de garantir o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde da população (BRASIL, 1988). De acordo com o exposto por Baptista (2007), o SUS possui quatro princípios que foram instituídos: ● Princípio 1: Universalização do acesso às ações e serviços de saúde, que consiste na garantia de que todos os cidadãos, sem privilégios ou barreiras, devem ter acesso aos serviços de saúde públicos e privados conveniados, em todos os níveis do sistema; ● Princípio 2: Integralidade da atenção, que diz respeito à garantia de acesso à um conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema, devendo o sistema de saúde proporcionar ao indivíduo ou a coletividade, as condições de atendimento, de acordo com as suas necessidades. ● Princípio 3: Descentralização, com direção única do sistema, tem o propósito de promover uma maior democratização do processo decisório na saúde, já que até então se estabeleciam práticas centralizadoras de poder no âmbito federal de governo. É vista como um enfrentamento das desigualdades regionais e sociais e prevê a transferência do poder decisório do governo federal, para os governos regionais (União, estados e municípios). ● Princípio 4: Participação popular, trata da garantia constitucional de que a população, por meio desuas entidades representativas, poderá participar do processo de formulação das políticas e do controle de sua execução. Esse princípio expressa bastante bem o momento político de redemocratização vivido pelo país e a capacidade de articulação do movimento social no contexto da saúde. SAIBA MAIS Princípios e Conquistas do SUS Após a implantação do SUS e visando implementar estratégias de promoção em saúde, o Ministério da Saúde compôs o Pacto em Defesa da Vida, um documento que estabeleceu ênfase no fortalecimento e na qualificação es-tratégica da Saúde da Família a qual deveria visar a promoção, informação e educação em saúde com destaque na promoção de atividade física, na promoção de hábi-tos saudáveis de alimentação e vida, controle do tabagismo, controle do uso abusivo de bebida alcoólica e cuidados especiais voltados ao processo de envelhecimento (BRASIL, 2006). A área de pesquisas das práticas corporais com vistas à promoção da saúde pública é recente e está tendo aplicação prática com o programa Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) com o objetivo de ampliar as ações da atenção básica, apoiando a estratégia de Saúde da Família na rede de serviços, este projeto visa a inserção de profissionais de diferentes áreas para promover a saúde da população apoiando os Programas de Saúde da Família (PSF). Para atender a esta nova forma de visão, o Sistema Único de Saúde (SUS) organizou um conjunto de ações de saúde denominado Política Nacional de Atenção Básica que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por trabalhos em equipe, e uma de suas áreas estratégicas de atuação é a promoção da saúde (BRASIL, 2007). Portanto, este formato de reorganizar a atenção básica elimina o modelo assistencialista e atende a nova demanda na área de promoção e prevenção da saúde, visando a origem do problema, evitando que ele evolua, fazendo com que os gastos com a saúde sejam menores e a qualidade de vida para a população melhore. Desta forma, o atendimento no nível de atenção primária fica mais perto da família e isso aumenta a qualidade de vida dos brasileiros (BRASIL, 2009 e CORTEZ e TOCANTINS, 2006). Como estratégia de promoção da saúde e melhora na qualidade de vida da população, em 17 de fevereiro de 2020, segundo o Conselho Regional de Educação Física da 1ª Região (RJ/ES) (2020), os profissionais de Educação Física foram reconhecidos pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sob o código 2241-40, como “Profissional de Educação Física na Saúde”, passando a ter mais reconhecimento dentro do SUS, onde a descrição primária de suas atribuições foi ampliada para: “Estruturam e realizam ações de promoção da saúde mediante práticas corporais, atividades físicas e de lazer na prevenção primária, secundária e terciária no SUS e no setor privado”.(CREF, 2020, s/p). Ainda segundo a mesma publicação, entre as competências descritas na letra G do Código 2241-40, temos: “realizar ações de promoção da saúde mediante práticas corporais, atividades físicas e lazer, que englobam realizar atendimento individual; realizar atendimento em grupos; realizar consultas compartilhadas; participar de eventos, campanhas, ações e programas de educação em saúde; promover atividades de educação permanente; promover ações em práticas integrativas e complementares (pics); desenvolver ações de saúde nas escolas e centros culturais; promover atividades de lazer e recreação; realizar visitas domiciliares; trabalhar em rede de serviços; matriciar equipes; desenvolver ações de atividade física e práticas corporais inclusivas na saúde; estruturar ações de atividade física e práticas corporais na prevenção primária, secundária e terciária no SUS; estruturar ações de atividade física e práticas” (CREF, 2020) . Portanto, caro aluno, é possível perceber que a história da saúde no Brasil nos mostra que hoje, a atuação do profissional de educação física está inserido nas políticas públicas em saúde, como instrumento indispensável de estratégias em prevenção e promoção da saúde. Fonte: Ministério da Saúde - Sistema Único de Saúde (SUS). SUS: Princípios e Conquistas. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_principios.pdf. Acesso em: 02 maio 2021. #SAIBA MAIS# 2 CONCEITO DE SAÚDE Querido aluno, a definição do conceito de saúde não é tão simples quanto parece e neste tópico iremos abordar essa questão. Em 1948, a Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS, 2016) definiu que “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doença ou enfermidade”. Essa ideia de saúde remete à um ideal de saúde, um estado de “saúde ótima”, porém, possivelmente inatingível já que, a mudança é algo natural e predominante na vida e não, a estabilidade. A própria compreensão de saúde tem também alto grau de subjetividade e determinação histórica, na medida em que indivíduos e sociedades consideram ter mais ou menos saúde dependendo do momento, do referencial e dos valores que atribuem a uma situação. Partindo dessa definição de saúde proposta pela OMS, podemos então pensar a saúde sob três aspectos distintos: a saúde como ausência de doença; a saúde como bem-estar e, por fim, a saúde como um valor social. A visão da saúde entendida como ausência de doença é largamente difundida no senso comum, mas não está restrita a esta dimensão do conhecimento. Pelo contrário, essa ideia não só é afirmada pela medicina, como tem orientado a grande maioria das pesquisas e da produção tecnológica em saúde, especialmente aqueles referentes aos avanços na área de diagnóstico. Até meados do século XVIII, a doença era vista como uma entidade que subsistia no ambiente como qualquer outro elemento da natureza. Esse caráter ontológico da doença está presente na transformação da medicina em ‘medicina das espécies’. Por influência de outros campos disciplinares, como a botânica, as doenças foram agrupadas em um sistema classificatório baseado nos sintomas. O hospital, anteriormente concebido como lugar de exclusão dos doentes e miseráveis do meio social e de exercício de caridade, transforma-se gradativamente, em local de cura. À medida que as doenças passam a ser acompanhadas estatisticamente, o hospital também se transforma em espaço de produção de conhecimento e de ensino para os médicos-aprendizes. Com a mudança na estrutura perceptiva que sustentava o pensamento médico científico emergente, os fenômenos passam a ser explicados pela nova racionalidade a partir do estudo, baseado na observação e na experiência, das mudanças morfológicas, orgânicas e estruturais. Por conseguinte, a saúde passa a ser entendida como seu oposto: a ausência de patologia. própria fisiologia. Essa profunda transformação na forma de conceber a doença irá assentar as bases do sistema teórico do modelo biomédico, cuja força explicativa é responsável pela sua presença até os dias de hoje. Com base em uma epistemologia naturalista, Boorse (apud ALMEIDA FILHO e JUCÁ, 2002, p. 881) elabora um conceito negativo da saúde, percebendo-a também como ausência de doença: “A saúde de um organismo consiste no desempenho da função natural de cada parte”. O autor exclui as dimensões econômica, social, cultural e psicológica da base teórica da saúde-doença, rejeitando também a experiência clínica como referência viável, reafirmando que somente a biologia e a patologia podem fornecer dados objetivos para sua definição (ALMEIDA FILHO e JUCÁ, 2002). Na discussão da atualidade, diversos autores têm criticado a definição negativa de saúde. Para Almeida Filho e Andrade (2003, p. 101), “em uma perspectiva rigorosamente clínica (...) a saúde não é o oposto lógico da doençae, por isso, não poderá de modo algum ser definido como ‘ausência de doença’. (...) os estados individuais de saúde não são excludentes vis à vis a ocorrência de doença”. Abordagens que combatem a ideia boorseana de saúde, propõem que a definição de saúde como ausência de doença foi ampliada pela perspectiva da ‘saúde com possibilidade de adoecimento’ (CANGUILHEM, 2006; COELHO e ALMEIDA FILHO, 2003). De acordo com Canguilhem (2006), a saúde implica poder adoecer e sair do estado patológico. Em outras palavras, a saúde é entendida por referência à possibilidade de enfrentar situações novas, pela “margem de tolerância ou de segurança que cada um possui para enfrentar e superar as infidelidades do meio” (CANGUILHEM, 2006, p. 148), ou ainda “um guia regulador das possibilidades de reação” (CANGUILHEM, 2006, p. 149). A ameaça da doença é, portanto, um dos elementos constitutivos da saúde. (COELHO e ALMEIDA FILHO, 2003). Portanto, Canguilhem (2006, p. 53-55) critica o reducionismo da concepção biomédica mecanicista: “é compreensível que a medicina necessite de uma patologia objetiva, mas uma pesquisa que faz desaparecer seu objeto não é objetiva. (...) A clínica coloca o médico em contato com indivíduos completos e concretos, e não com seus órgãos ou funções”. Retomando o conceito de saúde no que diz respeito ao bem-estar, Caponi (1997) faz uma advertência relevante pois, a concepção de bem-estar é algo utópico e subjetivo, o que poderia incorrer no erro de servir para justificar práticas arbitrárias de controle e exclusão de tudo aquilo que for considerado indesejável ou perigoso. A simples tentativa de definir estado de bem-estar mental e social poderá supor uma existência sem angústias ou conflitos, sabidamente inerentes à própria história de cada ser humano e de cada sociedade. A autora se contrapõe ao conceito enunciado pela OMS: O que chamamos de bem-estar se identifica com tudo aquilo que em uma sociedade e em um momento histórico preciso é valorizado como ‘normal’ (...) Para Canguilhem, as infidelidades do meio, os fracassos, os erros e o mal-estar formam parte constitutiva de nossa história e desde o momento em que nosso mundo é um mundo de acidentes possíveis, a saúde não poderá ser pensada como carência de erros e sim como a capacidade de enfrentá-los” (CAPONI, 1997, p. 300 - 301). Ao descontextualizar os fenômenos de saúde e doença do desenvolvimento histórico e cultural da sociedade, também isenta-se o poder público e culpabiliza-se o sujeito. Entre outras conseqüências, essa concepção tem sustentado a tese do focalismo em saúde que, diante de um cenário de recursos limitados, preconiza a definição de prioridades para a oferta de serviços de saúde, em detrimento da oferta universal, defendida como direito inalienável do cidadão e dever do Estado. Diversos autores (CAMPOS, 2003; CARVALHO, 2005; LEFEVRE, F. e LEFEVRE, A., 2004) alertam para os riscos da penalização dos indivíduos mediante o estabelecimento de critérios discutíveis de homogeneização de comportamentos. Esse dispositivo configuraria uma agudização do autoritarismo sanitário, diminuindo a margem de autonomia das pessoas, dos grupos humanos e das coletividades. A responsabilização das pessoas por estilos de vida ‘não-saudáveis’ tenderia a desviar a discussão de fatores sociais, ambientais, econômicos e sobre as condições de trabalho que influenciam fortemente no processo saúde-doença. No que diz respeito a saúde como um valor social, é possível retomar a reforma Sanitária de 1988 que representou uma conquista social sem precedentes ao transformar-se em texto constitucional que diz: Em sentido amplo, a saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. Sendo assim, é principalmente resultado das formas de organização social, de produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida” (BRASIL, 1986, p. 04). A força de seus postulados procura resgatar a importância das dimensões econômica, social e política na produção da saúde e da doença nas coletividades. Pensar a saúde como acesso à educação, trabalho, transporte, lazer, alimentação, implica a superação do modelo biomédico e a adoção de outros princípios norteadores capazes de auxiliar na necessária reorganização do modelo de atenção à saúde, ainda voltado às ações curativas e assistenciais. O conceito e as práticas de promoção da saúde têm representado uma possibilidade concreta de ruptura desse paradigma ao proporem uma nova forma de conceber e intervir no campo da saúde. O fato de o conceito de saúde ser impreciso, dinâmico e abrangente não impede que seja possível tomá-lo como eixo para a reorientação das práticas de saúde. Pelo contrário: sua importância é fundamental para a superação de um modelo de atenção biologista, medicalizante e prescritivo. Neste sentido, há uma tendência de buscar novas práticas que atendam às demandas atuais da sociedade, quais sejam, a prevenção, a busca por uma melhor qualidade de vida e a promoção da saúde. O novo paradigma de saúde, marcado por sua promoção, abre um campo para atuação do Profissional de Educação Física nos serviços de saúde pública, pois este se preocupa com o controle da saúde e condições de vida da população e uma das principais intervenções que ele pratica são ações educativas e preventivas (CABRAL, SOUSA e RAYDAN, 2007). Portanto, se tomarmos a saúde como um sistema complexo e pensarmos que a situação da saúde pública nos convoca a superar a simples atenção das necessidades aparentes, procurando a eliminação de problemas que se encontram tanto na esfera dos determinantes sociais da saúde, quanto no âmbito da resolutividade das práticas médicas, então estaremos, de fato, nos posicionando em defesa de uma ética que valorize a vida humana, buscando colaborar efetivamente para a construção de ambientes e de uma sociedade mais justa e saudável. 3 CONCEITO DE QUALIDADE DE VIDA Querido aluno, o termo qualidade de vida é comumente usados no cotidiano pelo senso comum de forma a resumir melhorias ou um alto padrão de bem-estar na vida das pessoas, sejam elas de ordem econômica, social ou emocional. Todavia, a área de conhecimento em qualidade de vida encontra-se numa fase de construção de identidade. Ora identificam-na em relação à saúde, ora à moradia, ao lazer, aos hábitos de atividade física e alimentação, mas o fato é que essa forma de saber afirma que todos esses fatores levam a uma percepção positiva de bem-estar. A compreensão sobre qualidade de vida lida com inúmeros campos do conhecimento humano, biológico, social, político, econômico, médico, entre outros, numa constante inter-relação. Por ser uma área de pesquisa recente, encontra-se em processo de afirmação de fronteiras e conceitos; por isso, definições sobre o termo são comuns, mas nem sempre concordantes. Outro problema de ordem semântica em relação à qualidade de vida é que suas definições podem tanto ser amplas, tentando abarcar os inúmeros fatores que exercem influência, como restritas, delimitando alguma área específica. O que geralmente se entende como qualidade de vida atualmente, promove nas pessoas, uma corrida para alcançar algo que o senso comum sabe que é bom, mas não tem claros seus limites conceituais e sua abrangência semântica. É como se tratasse de um ideal da contemporaneidade, que se expressa na política, na economia, na vida pessoal. Busca-se qualidade de vida em tudo (BARBOSA, 1998). No entanto, em abordagens sobre qualidade de vida, é necessário ter atenção à multiplicidade de questões que envolvem esse universo, desde parâmetros sociais até de saúde ou econômicos. Esses indicadores podem ser analisados(e assim o são) por diferentes áreas de conhecimento, com referenciais e procedimentos diferentes, sendo vinculadas definições e concepções variadas. A qualidade de vida sempre esteve entre os homens; remete-se ao interesse pela vida. Logo, é possível estabelecer que qualidade de vida não é algo a ser alcançado, um objeto de desejo da sociedade contemporânea que deve ser incorporado à vida a partir de esforço e dedicação individual. Pelo contrário, é uma percepção que sempre esteve e sempre estará presente na vida do ser humano. O fato é que, a partir desse tipo de análise, todos os sujeitos têm qualidade de vida, não sendo esse um elemento a ser alcançado através de ações embutidas no padrão de boa vida da sociedade contemporânea; porém, o interessante para a vida de cada um é buscar uma boa qualidade frente às suas possibilidades individuais de ação. De acordo com Minayo et al. (2000, p.10), qualidade de vida: ...é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultural. Nota-se que essa abordagem esbarra numa compreensão social do termo, que considera questões subjetivas como bem-estar, satisfação nas relações sociais e ambientais, e a relatividade cultural. Ou seja, esse entendimento depende da carga de conhecimento do sujeito, do ambiente em que ele vive, de seu grupo de convívio, da sua sociedade e das próprias expectativas em relação a conforto e bem-estar. Gonçalves e Vilarta (2004) abordam qualidade de vida pela maneira como as pessoas vivem, sentem e compreendem seu cotidiano, envolvendo, portanto, saúde, educação, transporte, moradia, trabalho e participação nas decisões que lhes dizem respeito. Essa abordagem indica, num primeiro momento, para as expectativas de um sujeito ou de determinada sociedade em relação ao conforto e ao bem-estar. Isso depende das condições históricas, ambientais e socioculturais de determinado grupo, ou seja, o entendimento e a percepção sobre qualidade de vida, nessa perspectiva, são relativos e variáveis. Gonçalves (2004, p. 13) define qualidade de vida como “a percepção subjetiva do processo de produção, circulação e consumo de bens e riquezas. A forma pela qual cada um de nós vive seu dia-a-dia”. Para Nahas et al. (2001, p. 5), qualidade de vida é a “condição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais, modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano”. Por fim, qualidade de vida, para a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1995, p. 1403), é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Não é possível existir um conceito único e definitivo sobre qualidade de vida, mas se pode estabelecer elementos para pensar nessa noção enquanto fruto de indicadores ou esferas objetivas (sociais) e subjetivas (individuais), a partir da percepção que os sujeitos constroem em seu meio. (BARBOSA, 1998). “Os indicadores de qualidade de vida têm sido usados para avaliação da eficácia, da eficiência e do impacto de determinados tratamentos na comparação entre procedimentos para o controle de doenças” (SEIDL e ZANNON, 2004, p. 581). Embora tais perspectivas levem em consideração as relações entre saúde e qualidade de vida, elas explicitam a intenção desses indicadores de elucidar os perfis das populações em relação às condições e aos parâmetros em que estão ocorrendo suas vidas. Os dados gerados levam a caracterização e comparação dos grupos, e podem ser usados para fins diversos, como a promoção de saúde ou objetivos políticos e mercadológicos. Independentemente da concepção adotada, do instrumento indicador utilizado ou do conceito adotado sobre qualidade de vida, existe uma íntima relação entre este campo de conhecimento, a área da saúde e a prática de atividade física. Embora haja certa prevalência, principalmente nos instrumentos indicadores, de uma abordagem de saúde mais próxima da área médica (GARCIA, 2002), a abrangência desse elemento se apresenta de forma bem ampla, relacionada a aspectos físicos, emocionais, de relacionamentos, ligada ao bem-estar. A relação entre saúde e qualidade de vida depende da cultura da sociedade em que está inserido o sujeito, além de ações pessoais (esfera subjetiva) e programas públicos ligados à melhoria da condição de vida da população (esfera objetiva). O estado de saúde é um indicador das possibilidades de ação do sujeito em seu grupo, se apresentando como um facilitador para a percepção de um bem-estar positivo ou negativo. É influenciado pelo ambiente, pelo estilo de vida, pela biologia humana e pela organização do sistema de atenção à saúde em que o sujeito está inserido. A noção de saúde se coloca como uma resultante social da construção coletiva dos padrões de conforto e tolerância que determinada sociedade estabelece (MINAYO et al., 2000). As necessidades de saúde, como uma das vertentes da qualidade de vida, não podem ser separadas dos movimentos sociais urbanos e nem da dimensão da cidadania (BARBOSA, 1998). Como acima exposto, a qualidade de vida está intimamente ligada aos aspectos socioeconômicos de determinada população, que configuram a condição de vida dos sujeitos dela integrantes. Existe uma relação direta entre essas variáveis e as condições de saúde, expressa e comprovada por instrumentos e indicadores objetivos (GONÇALVES e VILARTA, 2004). Tais condições são determinadas pelas possibilidades de acesso aos cuidados à saúde que são disponibilizados à população. Deslandes (2004) cita duas abordagens político-organizacionais referentes à organização desses serviços: prevenção em saúde e promoção da saúde. A primeira diz respeito ao incentivo da associação direta e predominante entre os hábitos do sujeito e sua condição de saúde. Essa linha de intervenção se apoia numa concepção de responsabilização do sujeito pelo seu estado de saúde (responsabilização da vítima), pois se aplica em um modelo médico hegemônico, centrado no atendimento de doentes e na divulgação de hábitos positivos à manutenção de bons níveis de saúde. A segunda, surge primeiramente na Conferência de Ottawa, em 19861, pela iniciativa da responsabilização múltipla, que uniria esforços voltados à promoção da saúde advindos do Estado (por meio de políticas públicas saudáveis), da comunidade, de indivíduos, do sistema de saúde e de parcerias intersetoriais (BUSS, 2000). A partir desse período, são valorizados na promoção da saúde (DESLANDES, 2004, p. 02): “políticas públicas saudáveis, fortalecimento dos recursos de saúde comunitários, ambientes favoráveis à saúde, desenvolvimento de habilidades pessoais, redefinição dos serviços de saúde.” Esse modelo lida com a ideia de totalidade, definindo saúde como uma questão social ampliada, além de incorporar a ação individual. Na ideia de promoção da saúde, um estilo de vida tido como positivo é importante, assim como a prática de atividades físicas e esportivas. Porém, isso é uma parte do processo de integração entre vários fatores, e não a única solução. Essas abordagens representam a organização da atenção à saúde da população, estabelecendo processos e possibilidades de acesso a esses cuidados. São responsabilidades do Estado, assim comoa preocupação de proporcionar possibilidades de acesso a bens de consumo tidos como indispensáveis na sociedade contemporânea: educação, transporte, moradia, alimentação, saneamento básico, e, claro, cuidado à saúde clínica. Em relação aos hábitos individuais e estilos de vida dos sujeitos, a esfera subjetiva de cuidados à saúde diz respeito ao impacto dos costumes cotidianos do indivíduo perante sua vida. Entre os comportamentos considerados saudáveis na sociedade, pode- se observar aspectos voltados à alimentação, aos relacionamentos sociais e às práticas sistemáticas de atividades físicas. A adoção de um estilo de vida tido como saudável depende do acesso à informação, às oportunidades para prática de atividade física e aos hábitos positivos, ao apoio socioeconômico e à atitude para mudança de comportamento (NAHAS et. al., 2001). 1 1ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, 1986, Ottawa, Canadá. A atividade física é colocada na sociedade contemporânea como uma ponte segura para melhores situações de saúde. Ao levar em consideração a multiplicidade de formas de atividade física e suas consequências para o bem-estar do sujeito, para a manutenção ou melhoria dos quadros de saúde, é necessário que essa prática esteja adequada às condições e expectativas individuais, assim como ao local, aos processos e ao ambiente em que ocorre. Para concluir querido aluno, a proposta de atividade física como uma forma de melhoria do bem-estar e da qualidade de vida exige atenção do profissional de educação física, tanto em relação ao seu impacto sobre a saúde clínica, quanto social e emocional, pois a autonomia pessoal é fruto de boa condição de saúde, relacionamentos pessoais e capacidade da realização prática de expectativas individuais. REFLITA “Eu acredito que a causa final do homem, seu objetivo supremo é a felicidade. Atingir a felicidade e uma boa vida depende de uma conduta moral moderada, sem excesso, na justa medida dos “pitagóricos”. Habituar-se a uma boa conduta é ter bons costumes e uma vida intelectual sossegada”. Fonte: ARISTÓTELES (384 - 322 a.C.) #REFLITA # 4 CONDIÇÕES DE VIDA E ESTILO DE VIDA Caro aluno, temos visto até aqui que a saúde está relacionada ao modo como vivemos e ao meio no qual vivemos. Vamos avançar neste estudo entendendo um pouco mais sobre os conceitos utilizados comumente para descrever a qualidade ou o tipo de vida que a população de determinada região ou país possui. Em diversos estudos realizados, as condições de vida de uma população é medida ou baseada a partir da análise das desigualdades em saúde, ou seja, a categoria "condições de vida", proposto por Castellanos (1997) , destaca que o indivíduo, a família, a comunidade e o grupo populacional, em cada momento de sua existência, tem necessidades e riscos que lhes são próprios, seja por sua idade, pelo sexo e por outras características individuais, seja por sua localização geográfica e ecológica, por sua cultura e nível educativo, ou seja por sua inserção econômico-social, que resulta em um perfil de problemas de saúde/doença peculiares, os quais favorecem e dificultam, em maior ou menor grau, sua realização como indivíduo e como ser social. O autor considera ainda que o perfil de condições de vida expressa quatro dimensões da reprodução social, qual seja, biológica, ecológica, econômica e da consciência e comportamento que cada grupo da população terá de necessidades (riscos). O perfil epidemiológico de uma dada população, enquanto componente da situação de saúde, segundo Paim (1997) é determinado, de um lado, pela estrutura de produção, ou seja, por meio do processo de trabalho e das condições de trabalho e de outro, pela estrutura de consumo (modo de vida) que, juntamente com a renda obtida no mercado de trabalho, proporciona e possibilita as condições e o estilo de vida de cada indivíduo. As condições de vida acabam por expressar as condições materiais de existência dos grupos humanos de uma determinada população ou sociedade. Assim, a reprodução social de uma dada classe social ou fração desta, passa pela infraestrutura econômica (inserção no mercado de trabalho através da renda e condições de trabalho) mas passa também por todo um conjunto de relações sociais que incluem a intervenção do Estado, como no caso da formulação de políticas públicas, como também pelas ideologias que permeiam o estabelecimento dos níveis de consciência da população sobre os problemas sociais e sobre a organização popular na produção de certas condições de vida. Isto significa que o estudo das condições de vida (ou desigualdades sociais) de determinados grupos deve levar em conta não só a distribuição de renda e o poder aquisitivo na esfera do consumo individual, mas também certas ações do Estado, como a formulação das políticas sociais, que buscam garantir o atendimento de necessidades básicas como a saúde, saneamento, educação, nutrição, segurança e lazer. Portanto, o perfil epidemiológico da população de um país ou o seu quadro sanitário está associado, em última análise, ao seu grau de desenvolvimento sócio-econômico e por conseguinte ao desenvolvimento das políticas sociais, especialmente as de saúde. Entendendo o conceito de condições de vida, podemos neste momento, querido aluno, articulá-lo com a definição de estilo de vida. Precisamos refletir, o que a reflexão sobre as condições de vida pode nos fazer pensar sobre o estilo de vida de um indivíduo?! Para tal reflexão, se faz necessário entender também o conceito de estilo de vida e o faremos a seguir. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2004, p. 37) o Estilo de Vida: é o conjunto de hábitos e costumes que são influenciados, modificados, encorajados ou inibidos pelo prolongado processo de socialização. Esses hábitos e costumes incluem o uso de substâncias tais como o álcool, fumo, chá ou café, hábitos dietéticos e de exercício. Eles têm importantes implicações para a saúde e são frequentemente objeto de investigações epidemiológicas. Outros estudiosos também seguem a mesma linha e postulam que estilo de vida é o conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida dos sujeitos (NAHAS et. al., 2001). Acrescentando a contribuição de Bourdieu (1983b) a essa afirmação, pode-se compreender que se trata das ações individuais que refletem os hábitos e a carga cultural do sujeito e que interferem diretamente em sua vida. Essas ações são permeadas pela possibilidade de escolha do indivíduo e de adoção ou não de práticas no seu cotidiano. Porém, considerando a ocorrência de diferentes formas de consumo simbólico (como é feito o consumo e com qual finalidade para a pessoa ou grupo) ou consumo material (consumo de bens) entre as diferentes estruturas sociais, as oportunidades de escolha não se apresentam da mesma forma para todos. Elas dependem das chances de ação em sua vida, geradas pelas condições econômicas, de subsistência, saneamento, entre outras. Alguém que tenha um orçamento e condições de subsistência melhores do que outra pessoa terá maiores possibilidades de escolhas em relação às práticas adotadas em seu estilo de vida. Essas possibilidades são criadas de acordo com a condição e o modo de vida do indivíduo (VILARTA e GONÇALVES, 2004), que permitirão que ele possa fazer escolhas que direcionem seu estilo de vida. A adoção de um estilo de vida tido como saudável é tomada, na sociedade contemporânea, como um fator determinante perante a situação de saúde e de vida dos sujeitos. Porém, muitas vezes isso não ocorre, não por falta de vontade do sujeito, mas pela ausência de condições socioeconômicas favoráveis. Hábitos como uma nutrição adequada, horas de descanso, visitas periódicas e profiláticas ao médico, e prática frequente de atividade física, nem sempresão possíveis para todos os indivíduos, devido a modos e condições de vida que não possibilitam tais ações. Conclui-se então que, o uso do termo estilo de vida é muito comum e se faz de grande importância quando são focadas questões relativas à qualidade de vida, pois essa grande área diz respeito ao padrão de vida que a própria sociedade define e se mobiliza para conquistar, e ao conjunto de políticas públicas que induzem e norteiam o desenvolvimento humano como um todo (MINAYO et al., 2000). 5 PREVENÇÃO, PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E REABILITAÇÃO DA SAÚDE Iniciamos mais um tópico desta primeira unidade e vamos avançando na aquisição do conhecimento referente a saúde e suas implicações na vida do indivíduo e da sociedade. Aqui iremos entender, querido aluno, como acontece o processo de prevenção, promoção, proteção e a reabilitação da saúde. O termo risco refere-se ao grau de probabilidade da ocorrência de um determinado evento (PEREIRA, 1995). Do ponto de vista da saúde/doença, o termo é utilizado para definir a probabilidade de que indivíduos saudáveis, mais expostos a determinados fatores, adquiram certa doença. Os fatores que se associam ao aumento do risco de se contrair uma doença são chamados fatores de risco. Contrariamente, há fatores que conferem ao organismo a capacidade de se proteger contra a aquisição de determinada doença, sendo chamados fatores de proteção (INCA, 2021). Os fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, serem herdados ou representarem hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente social e cultural (INCA, 2021). Pequenas mudanças nos fatores de risco em indivíduos que estão sob risco moderado podem ter um enorme impacto em termos de morte e incapacidade. Por meio da prevenção de doenças em grandes populações, pequenas reduções na pressão arterial e no nível de colesterol sanguíneo, por exemplo, poderiam alcançar a redução de custos na saúde. Caso esses fatores de risco fossem eliminados por meio de mudanças no estilo de vida, pelo menos 80% de todas as doenças do coração, dos derrames e dos diabetes do tipo 2 poderiam ser evitados. Além disso, mais de 40% dos cânceres poderiam ser prevenidos (OMS, 2005). Conhecer a frequência e a distribuição de fatores de risco e proteção na população brasileira é fundamental para o planejamento e a avaliação de políticas públicas de saúde. Dessa forma, o Ministério da Saúde implantou a pesquisa Vigitel (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas) em 2006, realizada em 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, para fins de monitoramento dos principais fatores de risco e proteção para o desenvolvimento de Doenças Crônicas Não- Transmissíveis. Os resultados desta pesquisa mostraram, de modo geral, que os fatores de risco e a saúde estão diretamente relacionados à alimentação e à atividade física, ou seja, uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas são métodos de proteção à saúde e de prevenção de doenças. A promoção de práticas alimentares saudáveis está inserida no contexto da adoção de estilos de vida saudáveis, sendo importante para a promoção da saúde. A atividade física e o exercício previnem efetivamente a ocorrência de eventos cardíacos, reduzem a incidência de acidente vascular cerebral, hipertensão, diabetes mellitus do tipo 2, cânceres de cólon e mama, fraturas osteoporóticas, doença vesicular, obesidade, depressão e ansiedade, além de retardarem a mortalidade (ACSM, 2007). Considerando a alta prevalência do sedentarismo aliada ao significativo risco referente às doenças crônico-degenerativas, o aumento da atividade física de uma população influencia na qualidade da saúde da coletividade, minimizando custos com tratamentos, inclusive hospitalares, o que reflete seus consideráveis benefícios sociais (CARVALHO et al., 1996). A recomendação de prática de atividade física deve considerar os interesses individuais, as necessidades de saúde e estado clínico do indivíduo ou da população- alvo. Os benefícios de saúde advindos da prática regular de atividade física serão diretamente influenciados pela quantidade e intensidade com que é praticada. Tendo em vista as questões levantadas sobre a prevenção, promoção e proteção à saúde, é preciso também pensar a respeito sobre a reabilitação da saúde. A reabilitação é “uma proposta de atuação multiprofissional voltada para a recuperação e o bem-estar biopsicossocial do indivíduo” (COFFITO, 1987, p. 7609). De acordo com o Relatório Mundial sobre Deficiência (2011), reabilitação é “Conjunto de medidas que ajudam pessoas com deficiência ou prestes a adquirir deficiências a terem e manterem uma funcionalidade ideal na interação com o seu ambiente” (OMS, 2011, p. 100). A reabilitação deve ser compreendida de forma ampliada, considerando diferentes fatores. Primeiro deve-se levar em conta que nem toda anomalia é necessariamente patológica, admitindo que estratégias de adaptação podem promover o estabelecimento de uma nova ordem (norma) funcional para o indivíduo, minimizando seu sofrimento (CANGUILHEM, 2006). Segundo, as necessidades de reabilitação extrapolam o campo de conhecimento biomédico (BRASIL, 2010) e terceiro, o melhor prognóstico é alcançado quando a intervenção se inicia logo após a lesão ou instalação da doença que provocou a deficiência (ainda em ambiente hospitalar) e em muitos casos após a alta ambulatorial será necessária a manutenção de cuidados específicos no ambiente em que se vive. E para promover tudo isso é necessário um sistema que integre as ações de diferentes profissionais nos distintos níveis de atenção. Atuando na área de reabilitação, o profissional de Educação Física, por ser especialista na área da saúde em avaliar, programar e orientar programas de exercícios físicos para todas as populações deverá estar presente desde a primeira fase de reabilitação, onde seu olhar técnico e objetivo somado aos conhecimentos de profissionais de outras áreas elevarão as potencialidades do programa. Poderá também ensinar ao indivíduo os benefícios que a atividade física regular e a mudança no seu estilo de vida poderão proporcionar a ele. Entende-se que a importância do papel do profissional de Educação Física no processo de reabilitação está no fato de que este profissional será o responsável por elaborar programas de exercício físico supervisionado de maneira estruturada, respeitando a individualidade do beneficiário para que o mesmo consiga melhorar seu condicionamento físico, aptidão física, habilidades motoras, que conquiste sua autonomia/independência e adoção de um estilo de vida saudável e melhore por consequência sua qualidade de vida. Contudo, a reabilitação deve, portanto, incluir uma visão integral e holística do ser humano. Os serviços devem focar nas necessidades da pessoa com o objetivo de promover a acessibilidade, autonomia, independência, inclusão social e dessa forma melhorar a qualidade de vida. CONSIDERAÇÕES FINAIS Caros alunos, chegamos ao final da primeira unidade da apostila “Educação e Saúde” e adquirimos muito conhecimento até aqui. Aprendemos sobre a história da saúde no Brasil e também como foi o processo de implantação de políticas públicas em saúde. Conhecemos o complexo conceito de saúde, bem como o conceito de qualidade de vida, sendo que a compreensão deste conceito, nos revela também o entendimento de condições de vida e estilo de vida, ou seja, são conceitos que estão interligados e a compreensão da dinâmica de um depende da articulação com o outro. Por fim, estudamos sobre a prevenção, promoção, proteção da saúde e areabilitação da mesma como uma possível área de atuação para o profissional de Educação Física. Acima de tudo, compreendemos que o ser humano é um sujeito que precisa ser entendido e analisado em todas as suas esferas e que a relação saúde/doença acontece no âmbito biopsicossocial do indivíduo. LIVRO • Título: Saúde, Promoção da Saúde e Educação Física • Autor: Paulo de Tarso Veras Farinatti. • Editora: UERJ. • Ano: 2006. • Sinopse: Este livro apresenta reflexões sobre as relações entre educação física e saúde. Na primeira parte são revisados aspectos conceituais relacionados à saúde e à promoção da saúde, em uma perspectiva evolutiva. Na segunda, os conceitos são aplicados à educação física escolar e à problemática do envelhecimento. Assim, esse estudo debate a educação física e saúde aliando à discussão teórica experiências práticas consolidadas - escapando da esfera do provável ou do possível e focalizando o real. FILME/VÍDEO • Título: Nise - O Coração da Loucura • Ano: 2016. • Sinopse: Nos anos 1950, uma psiquiatra contrária aos tratamentos convencionais de esquizofrenia da época é isolada pelos outros médicos. Ela então assume o setor de terapia ocupacional, onde inicia uma nova forma de lidar com os pacientes, pelo amor e a arte. 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In: GONÇALVES, Aguinaldo e VILARTA, Roberto (orgs.). Qualidade de Vida e atividade física: explorando teorias e práticas. Barueri: Manole, 2004. WORLD HEALTH ORGANIZATION. A glossary of terms for community health care and services for older persons. WHO Centre for Health Development, Ageing and Health Technical Report. v. 5, 2004. WORLD HEALTH ORGANIZATION. THE WORLD BANK. Relatório mundial sobre deficiência. 2011. Disponível em: http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/usr/share/documents/RELATORIO_MUNDIA L_COMPLETO.pdf. Acesso em: 22 abr. 2021. UNIDADE II A EDUCAÇÃO FÍSICA E A SAÚDE Professora Mestre Claudiana Marcela Siste Charal Professora Ticiana Roberta Siste Charal Professor Especialista Charles B. da Silva de Araujo e Souza Plano de Estudo: ● Aspectos históricos da Educação Física e promoção de saúde; ● Políticas Públicas e a saúde: foco na Educação Física; ● Sistema público e privado de saúde: Educação Física e seu papel. Objetivos de Aprendizagem: ● Conhecer os aspectos históricos da educação Física e a promoção de saúde; ● Estudar sobre as políticas públicas e a saúde, com o foco da Educação Física; ● Entender qual o papel da Educação Física no sistema público e privado de saúde. INTRODUÇÃO Bem-vindo queridos alunos!! Estamos iniciando a segunda unidade da apostila “Educação e saúde” e aqui iremos nos aprofundar um pouco mais no conhecimento da saúde relacionada à área da educação Física. Para tal, iremos fazer um resgate histórico da Educação Física e sua relação com a promoção da saúde, na sequência estudaremos as políticas públicas e a saúde com o foco da Educação física e, por fim, abordaremos o papel da Educação Física no Sistema de Saúde Público e Privado. Estamos apenas no início desta descoberta e quero você comigo em cada tópico para que possamos, juntos, conhecer ainda mais esse vasto campo de atuação para o Profissional de Educação Física. 1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E PROMOÇÃO DE SAÚDE Caro aluno, a compreensão sobre os aspectos históricos da Educação Física na contemporaneidade permite situá-la numa posição de destaque na sociedade devido às grandes movimentações acontecidas em sua formação. Torna-se uma profissão, uma disciplina e uma prática difundida, onde os seus objetivos necessitam de novas discussões em virtude de sua dinamicidade ao longo dos anos. O acesso à Educação Física passa a ser proporcionado em escala cada vez mais democrática para a população, levando-se em consideração as relações coletivas e sociais. Algumas vezes essa inserção era independente de classe social, idade, condição física, cor, religião, opção sexual ou alguma deficiência física, motora ou mental (BAGNARA; LARA; CALONEGO, 2010). Os diferentes momentos da história da Educação Física no Brasil resgatam as diferentes influências sofridas ao longo de seu percurso. As instituições militares e os médicos foram influenciadores da Educação Física desde o Brasil Império (CASTELLANI FILHO, 2013). O início do desenvolvimento cultural da Educação Física no Brasil, apesar de não ter ocorrido de forma contundente, ocorreu no período do Brasil Império, pois foi nessa época que surgiram os primeiros tratados sobre a Educação Física. Em 1823, Joaquim Antônio Serpa, elaborou o “Tratado de Educação Física e Moral dos Meninos”. Esse tratado postulava que a educação englobava a saúde do corpo e a cultura do espírito, e considerava que os exercícios físicos deveriam ser divididos em duas categorias, a primeira, os que exercitavam o corpo; e a segunda, os que exercitavam a memória. Além disso, esse tratado entendia a educação moral como coadjuvante da Educação Física e vice-versa (GUTIERREZ, 1972). O Início da Educação Física escolar no Brasil, inicialmente denominada Ginástica, ocorreu oficialmente com a reforma Couto Ferraz, em 1851. No entanto, foi somente em 1882, que Rui Barbosa ao lançar o parecer sobre a “Reforma do Ensino Primário, Secundário e Superior”, denota a importância da Ginástica na formação do brasileiro (RAMOS, 1982). Nesse parecer, Rui Barbosa relata a situação da Educação Física em países mais adiantados politicamente e defende a Ginástica como elemento indispensável para a formação integral da juventude (RAMOS, 1982). De acordo com estudos do professor Ghiraldelli (2004), a Educação Física brasileira, passou por cinco fases: a higienista, militarização, pedagogização, competitivista e a popular, que foram marcantes ao longo da sua formação e na busca da caracterização dos pressupostos teóricos que lhe servem de fundamento, mantém-se historicamente ao longo dos anos em busca de adequações e características específicas do pensar a prática da Educação Física. A Educação Física Higienista foi a fase que aconteceu até o ano de 1930, e se preocupava em colocar a Educação Física como agente potencializador de saneamento público, dava ênfase à questão da saúde, e tinha a Educação Física como importante papel de formação de homens sadios e fortes, na busca de uma sociedade livre de doenças infecciosas e dos vícios que deterioravam a saúde e o caráter dos homens. Esta fase aconteceu também na época da criação das leis abolicionistas, onde, os negros, recém libertos, se deslocaram para as cidades em busca de trabalho, e encontravam as péssimas condições de trabalho, moradia e a falta de saneamento básico que eram propícias ao surgimento de doenças. Nestemomento, a escola passa a ter um papel de fundamental importância para disseminar hábitos de higiene, e a Educação Física como a disciplina que melhor abordaria essas questões em um contexto amplo de abordagens. A fase da Educação Física Militarista (1930-1945), foi o período compreendido entre a Revolução de 1930 e o fim da 2ª Guerra Mundial. Neste período também existiu uma preocupação com a saúde numa perspectiva diferente da atual, mas o objetivo principal desta fase era a obtenção de uma juventude forte e saudável que fosse capaz de suportar o combate, a luta e a guerra. Na década de 1930, surgiram através dos estímulos da Educação Física, a concretização de uma identidade moral e cívica, além do envolvimento com os princípios de Segurança Nacional, referente a necessidade do adestramento físico, num primeiro momento necessário à defesa da pátria, que se afiguravam no sentido de desestruturação da ordem político-econômica constituída, como também à iminência de configuração de um conflito bélico a nível mundial, e, em outro instante, visando assegurar ao processo de industrialização implantado no país, mão de obra fisicamente adestrada e capacitada, cabendo a ela cuidar da recuperação e manutenção da força de trabalho (CASTELLANI FILHO, 2013). Nesta mesma época foi criado o Ministério da Educação e Cultura (MEC). Nas escolas foi adotado o método francês de ginástica, que havia sido adotado também pelo exército brasileiro na década de 1920. Segundo Ghiraldelli (2004), na Educação Física Pedagogista (1945 – 1964), a Educação Física tornou-se o “centro vivo” da escola pública e advogou a “educação do movimento” utilizando a ginástica, a dança e o esporte como meio de educação do aluno. Foi uma concepção do período pós-guerra, que convocou toda a sociedade a compreender a Educação Física simultaneamente como uma prática capaz de promover a saúde e de disciplinar a juventude inserida no currículo escolar. A Educação Física Desportiva Generalizada foi o método que se estabeleceu nesse período, destacando o valor educativo do jogo. Após 1964 e diante do processo de esportivização da Educação Física, já iniciado na fase pedagogista, a ideologia do “desenvolvimento com segurança” e a divulgação pelos meios de comunicação, ocorre a expansão do esporte em todo país, surge a fase chamada de Educação Física Competitivista. Durante o período da ditadura militar, a Educação Física estava a serviço da hierarquização e da elitização social, voltada para o culto do atleta herói, aquele que, a despeito de todas as dificuldades, chegou ao pódio. Esta fase se preocupava em selecionar as turmas para treinamento, buscando a especialização dos alunos em uma modalidade ou esporte específico com principal objetivo de conseguir medalhas olímpicas para o país, reduzindo desta forma a Educação Física, aos esportes de alto nível. SAIBA MAIS Você sabia? O esporte surgiu na Grécia antiga e os jogos olímpicos ou, como comumente são chamados, as Olimpíadas, tiveram a sua origem por volta da segunda metade do século VIII a.C., na antiga civilização grega. Esses jogos estavam associados a cultos religiosos dedicados ao deus Zeus. Leia mais em: https://www.historiadomundo.com.br/grega/esportesexolimpicos.htm Fonte: FERNANDES, C. Modalidades esportivas das Olimpíadas da Grécia Antiga. Disponível em: https://www.historiadomundo.com.br/grega/esportesexolimpicos.htm. Acesso em: 01 de maio de 2021. #SAIBA MAIS# Dentre uma das importantes medidas que impactaram a Educação Física neste período, estava a obrigatoriedade da Educação Física/Esportes no ensino superior, por meio do decreto lei no 705/69 (BRASIL, 1969). Segundo Castellani Filho (1998), esse decreto lei tinha como propósito político favorecer o regime militar, desmantelando as mobilizações e o movimento estudantil que era contrário ao regime militar, uma vez que as universidades representavam um dos principais polos de resistência a esse regime. No Pós-Guerra, estudiosos começaram a entender que a Educação Física não pretendia ser disciplinadora de homens e muito menos estava voltada ao incentivo da busca de medalhas, e principalmente não transformaria o Brasil em uma potência olímpica. Criou-se, então, uma grande crise de identidade, configurando a necessidade de mudança nos rumos da Educação Física brasileira. Esta fase foi chamada de Educação Física Popular. A Educação Física pautada na tendência popular é dominada pelos anseios operários de ascensão na sociedade. Conceitos como inclusão, participação, cooperação, afetividade, lazer e qualidade de vida passam a fazer parte dos debates dessa disciplina (FERREIRA, 2013). Novas explicações para a Educação Física, além do fenômeno biológico emergiram, fortalecendo dessa forma uma comunidade científica voltada aos estudos da Educação Física que contemplaria aspectos biopsicossociais. Durante a década de 1980, a resistência à concepção biológica da Educação Física foi criticada em relação ao predomínio dos conteúdos esportivos (DARIDO e RANGEL, 2005). A preocupação com a formalização da prática da Educação Física e da formação dos profissionais da área se intensificam e o cenário se altera com a homologação da resolução n. 3/1987, pelo Conselho Federal de Educação, que institucionaliza cursos de bacharelado em educação física no Brasil, instaurando outro tipo de fragmentação no processo de formação, ainda que restrito a poucas universidades. Com a promulgação da lei n. 9696/1998, que cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Educação Física, e a homologação da resolução n. 7/2004, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que instituiu as Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação em educação física, os debates se tornaram mais intensos em torno da divisão da formação profissional e do campo de atuação de licenciados e bacharéis (Fraga et al., 2010). Atualmente, coexistem na Educação física, diversas concepções, modelos, tendências ou abordagens, que tentam romper com o modelo mecanicista, esportista e tradicional que outrora foi embutido aos esportes. Entre essas diferentes concepções pedagógicas pode-se citar: a psicomotricidade; desenvolvimentista; saúde renovada; críticas; e mais recentemente os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1997) A concepção pedagógica psicomotricidade foi divulgada inicialmente em programas de escolas “especiais”, voltada para o atendimento de alunos com deficiência motora e intelectual (DARIDO e RANGEL, 2005). É o primeiro movimento mais articulado que surgiu a partir da década de 1970, em oposição aos modelos pedagógicos anteriores. A concepção psicomotricidade tem como objetivo o desenvolvimento psicomotor, extrapolando os limites biológicos e de rendimento corporal, incluindo e valorizando o conhecimento de ordem psicológica. Para isso, a criança deve ser constantemente estimulada a desenvolver sua lateralidade, consciência corporal e a coordenação motora (DARIDO e RANGEL, 2005). No entanto, sua abordagem pedagógica tende a valorizar o fazer pelo fazer, não evidenciando o porquê de se fazer e como o fazer. Já o modelo desenvolvimentista por sua vez, busca propiciar ao aluno condições para que seu comportamento motor seja desenvolvido, oferecendo-lhe experiências de movimentos adequados às diferentes faixas etárias (DARIDO e RANGEL, 2005). Neste modelo pedagógico, cabe aos professores observarem sistematicamente o comportamento motor dos alunos, no sentido de verificar em que fase de desenvolvimento motor eles se encontram, localizando os erros e oferecendo informações relevantes para que os erros sejam superados. A perspectiva pedagógica saúde renovada, diferentemente das citadas anteriores, tem por finalidade convicta e às vezes única, de ressaltar os aspectos conceituais acerca da importância
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