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Educação Física e Saúde

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Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE 
APRESENTAÇÃO 
Claudiana Marcela Siste Charal 
 
●Mestre em Promoção da Saúde no Envelhecimento Ativo (Unicesumar) 
● Licenciatura Plena em Educação Física (CESUMAR) 
● Especialista em Neuroaprendizagem (Unicesumar) 
● Especialista em Tecnologias Aplicadas no Ensino A Distância (UniFCV) 
● Especialista em Docência no Ensino Superior: Tecnologias Educacionais e 
Inovação (Unicesumar) 
● Tutora Pedagógica (UniFCV) 
● Professora orientadora de trabalho de conclusão de curso da Pós-Graduação 
(UniFCV) 
● Professora conteudista na área da Educação (UniFCV/UniFATECIE) 
● Experiência no Ensino Superior (presencial e a distância) desde 2019 até os dias 
atuais. 
 
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7940297809849482 
 
Ticiana Roberta Siste Charal 
 
● Psicóloga formada pela Universidade Estadual de Maringá em 2005; 
● Psicanalista em formação; 
● Membro Associada da Associação de Psicanálise de Maringá Ato Analitico; 
● Idealizadora do Projeto Fazendo a Diferença, que atende crianças e 
adolescentes vítimas de violência sexual desde 2016. 
 
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/2906082261526771 
 
Charles Bronne da Silva de Araujo e Souza 
 
● Licenciatura em Educação Física (Universidade Estadual de Maringá -UEM) 
● Especialista Em Metodologia do Ensino da Educação Física (Faculdade Eficaz) 
● Tutor Pedagógico (UniFCV) 
● Professor de Educação Física do Município de Paiçandu-PR 
 
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/1597962657524439 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
Olá, prezado(a) acadêmico(a)! 
 
Seja bem-vindo(a) à disciplina Educação Física e Saúde!!! 
 
Esta apostila foi organizada de modo especial para você, pois acreditamos ser de 
extrema importância para a sua jornada acadêmica, que no nosso entendimento tem 
buscado com excelência compreender os desafios que envolvem o setor da saúde. 
A mesma é composta por uma introdução seguida de quatro unidades 
criteriosamente analisadas, selecionadas para dar sustentação à presente discussão e 
conclusão, a fim de ampliar seus horizontes e somar novos conhecimentos à sua prática 
profissional. 
Estruturalmente, este material traz, na primeira unidade, intitulada Introdução Aos 
Estudos: Foco Na Saúde, apresentará discussões sobre os seguintes temas: aspectos 
históricos da saúde e saúde pública no Brasil; conceito de saúde e de qualidade de vida; 
as condições e estilo de vida; além de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da 
saúde. 
Na sequência, na unidade II, denominada de A Educação Física e a Saúde, 
abordará os seguintes conteúdos: aspectos históricos da Educação Física e promoção 
de saúde; políticas Públicas e a saúde: foco na Educação Física; sistema público e 
privado de saúde: Educação Física e seu papel. 
Mais adiante, na unidade III, cujo título é Atividade Física em Foco, tem ênfase nos 
seguintes conteúdos: relação entre atividade física e saúde individual e coletiva; pesquisa 
em saúde coletiva; atividade física e doenças crônicas: definições, riscos, benefícios e 
recomendações. 
Por fim, na unidade IV, denominada de Atuação Profissional, nossa reflexão será 
sobre: gestão em saúde; o profissional de Educação Física na prevenção, promoção, 
proteção e reabilitação da saúde e os projetos e programas de Educação Física na 
Saúde. 
Dessa maneira caro(a) graduando(a), acreditamos que os conteúdos aqui 
apresentados irão corroborar para sua formação acadêmica, contudo, para uma prática 
pedagógica de excelência, faz-se necessária constante atualização profissional, ou seja, 
a busca incessante por novos saberes. 
 
Então, venha, embarque conosco nessa trilha de conhecimentos!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE I 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS: FOCO NA SAÚDE 
Professora Mestre Claudiana Marcela Siste Charal 
Professora Ticiana Roberta Siste Charal 
Professor Especialista Charles B. da Silva de Araujo e Souza 
 
 
 
Plano de Estudo: 
● Aspectos históricos da saúde e saúde pública no Brasil; 
● Conceito de saúde; 
● Conceito de qualidade de vida; 
● Condições de vida e estilo de vida; 
● Prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde. 
 
 
Objetivos da Aprendizagem: 
● Conhecer os aspectos históricos da saúde e da saúde pública no Brasil; 
● Entender o conceito de saúde; 
● Estudar sobre o conceito de qualidade de vida; 
● Entender o que é condições de vida e estilo de vida; 
● Estudar sobre a prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde como 
uma área de atuação do profissional de Educação Física. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 Olá aluno(a)!! Seja bem-vindo(a) a primeira unidade da apostila “Educação e 
Saúde”!! Nesta unidade iremos fazer um resgate histórico da saúde no Brasil, assim como 
foi a implantação da saúde pública no nosso país. 
 Iremos conhecer o conceito de saúde propriamente dito, o que vem a ser qualidade 
de vida, conceito de vida e também, estilo de vida. 
 Para finalizar essa unidade, iremos entender de que maneira a prevenção, a 
promoção, a proteção e a reabilitação da saúde pode ser uma opção para a atuação do 
profissional de Educação Física. 
 Vamos juntos iniciar mais uma apostila, adquirir mais conhecimento e entender 
um pouco mais sobre a “Educação Física e a Saúde”?! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA SAÚDE E SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL 
 
 
 Caro aluno, vamos navegar pela história da saúde no Brasil e entender de que 
maneira aconteceu o processo de implantação da saúde pública, até que, atualmente, ela 
seja um direito garantido a todos os cidadãos brasileiros. 
 A história das políticas de saúde no Brasil está inserida em um contexto que trata 
da própria história do Brasil como Estado-Nação. De acordo com Baptista (2007), os 
primeiros movimentos em saúde pública observados por aqui foram implantados pelos 
governantes no período colonial com a chegada da família real no Brasil em 1808, cujo o 
interesse estava em torno de manter uma mão-de-obra saudável e garantir os negócios 
promovidos pela realeza. 
 Nessa época, o povo brasileiro constituía-se de portugueses, outros imigrantes 
europeus e, principalmente, índios e negros escravos. Muitas doenças acometiam a 
população local e o conhecimento acerca da forma de transmissão, controle ou 
tratamento dessas doenças também era visto de maneira diferente por cada um desses 
grupos, de acordo com a tradição de cada cultura e costume. Recorriam ao que era mais 
viável física e financeiramente. 
 Existia o barbeiro ou prático, um conhecedor de algumas técnicas utilizadas pelos 
médicos europeus, tais como as sangrias, que atendia a população com condições de 
pagá-lo. Os curandeiros e pajés, pertencentes às culturas negra e indígena, mais 
acessíveis à maioria da população que se utilizavam das plantas, ervas, rezas e feitiços 
para tratar os doentes. Havia também os jesuítas que tinham algum conhecimento da 
prática médica europeia e utilizavam a disciplina e o isolamento para tratar os doentes. 
 
 Ainda segundo a mesma autora, a vinda da família real para o Brasil possibilitou 
também a chegada de mais médicos ao Brasil e o aumento da preocupação com as 
condições de vida nas cidades, possibilitando o início de um projeto de institucionalização 
do setor saúde no Brasil e a regulamentação da prática médica profissional. Foi assim 
que, no mesmo ano da chegada da família ao Brasil (1808), foi inaugurada a primeira 
faculdade de medicina, a Escola médico-cirúrgica, localizada em Salvador, na Bahia, com 
o objetivo da institucionalização de programas de ensino e a normalização da prática 
médica em conformidade aos moldes europeus. 
 Assim como acontecia em outros países europeus, no Brasil, o interesse pela 
saúde e pela regulamentação da prática profissionalestavam estritamente relacionados 
ao interesse político e econômico do Estado, de garantir sua sustentabilidade e a 
produção da riqueza (COSTA, 1985). Portanto, as primeiras ações de saúde pública que 
passaram a ser implementadas no Brasil, assim como no mundo todo, estavam voltadas 
à saúde da cidade e do produto, a assistência ao trabalhador era uma consequência 
dessa política. A prioridade era a proteção e saneamento das cidades, principalmente as 
portuárias, responsáveis pela comercialização e circulação dos produtos exportados; o 
controle e observação das doenças e doentes, inclusive e principalmente dos ambientes; 
construção do conhecimento científico acerca das doenças e adoção de práticas mais 
eficazes no controle das mesmas. 
 A proclamação da República em 1889 inicia um novo ciclo na política de Estado 
com o fortalecimento e a consolidação econômica da burguesia cafeeira. Segundo Lima, 
Fonseca e Hochman (2005), as políticas de saúde ganham ainda mais espaço nesse 
contexto, assumindo um papel importante na construção da autoridade estatal sobre o 
território, pois a lavoura do café e toda a base para armazenamento e exportação do 
produto, dependentes do trabalho assalariado, necessitava cada vez mais de mão-de-
obra, e as epidemias que se alastravam entre os trabalhadores, devido às péssimas 
condições de saneamento, prejudicava o crescimento da economia. 
 A partir de 1902, com a entrada de Rodrigues Alves na presidência da República, 
ocorreu um conjunto de mudanças significativas na condução das políticas de saúde 
pública. A reforma na saúde foi implementada a partir de 1903, sob a coordenação de 
Oswaldo Cruz, que assumiu a diretoria geral de saúde pública. Entre outras medidas de 
 
combate e prevenção a doenças, Osvaldo cruz implementa a campanha de vacinação 
obrigatória, com o intuito de erradicar doenças no Brasil, mas que provocou protestos e 
revoltas, entre elas, a mais popular que aconteceu no rio de Janeiro, conhecida como 
Revolta da Vacina (COSTA, 1985; COC, 1995). 
 Apesar de inúmeras críticas aos seus métodos, com as ações de Oswaldo Cruz 
conseguiu-se avançar bastante no controle e combate de algumas doenças, 
possibilitando também o conhecimento acerca das mesmas. Mas o fato de as ações de 
saúde pública estarem voltadas especialmente para ações coletivas e preventivas 
deixava ainda desamparada grande parcela da população que não possuía recursos 
próprios para custear uma assistência à saúde. O direito à saúde integral não era uma 
preocupação dos governantes e não havia interesse na definição de uma política ampla 
de proteção social. 
 O tempo passou e, de acordo com Mendes (1993), a partir da década de 1950, 
mudanças ocorreram no sistema de proteção à saúde. O processo de acelerada 
industrialização do Brasil determinou um deslocamento do polo dinâmico da economia. 
Até então, o Brasil tinha sua economia assentada na agricultura, mas, a partir dessa 
década, com o processo de industrialização, os grandes centros urbanos passaram a ser 
o pólo dinâmico da economia, o que gerou uma massa operária que precisava ser 
amparada pelo sistema de saúde. O modelo de saúde que passa a se definir baseado no 
hospital e na assistência cada vez mais especializada. 
 Ainda nos anos de 1950, ganhou espaço a ideologia desenvolvimentista que 
apontou a relação pobreza-doença-subdesenvolvimento, indicando a necessidade de 
políticas que resultassem em melhora do nível de saúde da população como condição 
para se obter desenvolvimento. 
 Foram acontecimentos importantes deste período e que marcaram a trajetória da 
política de saúde: a criação do Ministério da Saúde em 1953, atribuindo um papel político 
específico para a saúde no contexto do Estado brasileiro. O que existia nesse momento 
era política de saúde pública universal e com ênfase na prevenção das doenças 
transmissíveis, e uma política de saúde previdenciária restrita aos contribuintes da 
previdência e seus dependentes, com ênfase na assistência curativa. O direito à saúde 
integral ainda não era um direito do cidadão brasileiro. 
 
 Na década de 1970 houveram mudanças significativas nas políticas de acesso à 
saúde e ampliou-se a discussão sobre o direito à saúde no Brasil. A saúde passou a 
assumir um sentido mais abrangente, sendo resultado das condições de alimentação, 
habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, 
liberdade, acesso a serviços de saúde, entre outros fatores. Portanto, o direito à saúde 
significava a garantia, pelo Estado, de condições dignas de vida e de acesso universal e 
igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação, em todos os 
níveis, de todos os habitantes do território nacional. 
 Portanto, como discorre Baptista (2003), a proposta de reforma para a saúde era 
também uma proposta de reforma do Estado, Estado este que se havia constituído sob 
uma base fundada no patrimonialismo, política de clientela, centralização decisória e 
exclusão social. 
 No ano de 1986, já sob o governo da Nova República, o Ministério da Saúde 
convocou técnicos, gestores de saúde e usuários para uma discussão aberta sobre a 
reforma do sistema de saúde, realizando, assim, a VIII Conferência Nacional de Saúde 
(VIII CNS). Esta conferência foi um marco histórico da política de saúde brasileira, pois, 
pela primeira vez, contava-se com a participação da comunidade e dos técnicos na 
discussão de uma política setorial (FARIA, 1997). As propostas da VIII CNS não foram 
concretizadas de imediato, mas foram utilizadas como estratégias para a construção do 
Sistema Único de Saúde (SUS). 
 Na Assembleia Nacional Constituinte de 1987/88, o relatório da VIII CNS foi 
tomado como base para a discussão da reforma do setor saúde, e o SUS foi finalmente 
aprovado. Portanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado em 1988 pela 
Constituição Federal Brasileira. Após a sua legalização, em 1988, buscou-se definir em 
novas leis, assim como em portarias do Ministério da Saúde, regras para garantir o 
financiamento do setor e a regulação do setor privado e demais pontos da política. 
 O SUS foi peça-chave no processo de luta e construção do modelo protetor 
brasileiro. Com a sua instituição, o Estado assumiu a saúde como um direito de todos e 
um dever do Estado, assegurado mediante políticas sociais e econômicas que visem a 
redução do risco de doença e de outros agravos e uma política setorial de saúde capaz 
 
de garantir o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção 
e recuperação da saúde da população (BRASIL, 1988). 
 De acordo com o exposto por Baptista (2007), o SUS possui quatro princípios que 
foram instituídos: 
● Princípio 1: Universalização do acesso às ações e serviços de saúde, que 
consiste na garantia de que todos os cidadãos, sem privilégios ou barreiras, devem 
ter acesso aos serviços de saúde públicos e privados conveniados, em todos os 
níveis do sistema; 
● Princípio 2: Integralidade da atenção, que diz respeito à garantia de acesso à um 
conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, 
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de 
complexidade do sistema, devendo o sistema de saúde proporcionar ao indivíduo 
ou a coletividade, as condições de atendimento, de acordo com as suas 
necessidades. 
● Princípio 3: Descentralização, com direção única do sistema, tem o propósito 
de promover uma maior democratização do processo decisório na saúde, já que 
até então se estabeleciam práticas centralizadoras de poder no âmbito federal de 
governo. É vista como um enfrentamento das desigualdades regionais e sociais e 
prevê a transferência do poder decisório do governo federal, para os governos 
regionais (União, estados e municípios). 
● Princípio 4: Participação popular, trata da garantia constitucional de que a 
população, por meio desuas entidades representativas, poderá participar do 
processo de formulação das políticas e do controle de sua execução. Esse 
princípio expressa bastante bem o momento político de redemocratização vivido 
pelo país e a capacidade de articulação do movimento social no contexto da saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Princípios e Conquistas do SUS 
 
 Após a implantação do SUS e visando implementar estratégias de promoção em 
saúde, o Ministério da Saúde compôs o Pacto em Defesa da Vida, um documento que 
estabeleceu ênfase no fortalecimento e na qualificação es-tratégica da Saúde da Família 
a qual deveria visar a promoção, informação e educação em saúde com destaque na 
promoção de atividade física, na promoção de hábi-tos saudáveis de alimentação e vida, 
controle do tabagismo, controle do uso abusivo de bebida alcoólica e cuidados especiais 
voltados ao processo de envelhecimento (BRASIL, 2006). 
A área de pesquisas das práticas corporais com vistas à promoção da saúde 
pública é recente e está tendo aplicação prática com o programa Núcleos de Apoio à 
Saúde da Família (NASF) com o objetivo de ampliar as ações da atenção básica, 
apoiando a estratégia de Saúde da Família na rede de serviços, este projeto visa a 
inserção de profissionais de diferentes áreas para promover a saúde da população 
apoiando os Programas de Saúde da Família (PSF). 
Para atender a esta nova forma de visão, o Sistema Único de Saúde (SUS) 
organizou um conjunto de ações de saúde denominado Política Nacional de Atenção 
Básica que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o 
diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por 
trabalhos em equipe, e uma de suas áreas estratégicas de atuação é a promoção da 
saúde (BRASIL, 2007). 
Portanto, este formato de reorganizar a atenção básica elimina o modelo 
assistencialista e atende a nova demanda na área de promoção e prevenção da saúde, 
visando a origem do problema, evitando que ele evolua, fazendo com que os gastos com 
a saúde sejam menores e a qualidade de vida para a população melhore. Desta forma, o 
atendimento no nível de atenção primária fica mais perto da família e isso aumenta a 
qualidade de vida dos brasileiros (BRASIL, 2009 e CORTEZ e TOCANTINS, 2006). 
Como estratégia de promoção da saúde e melhora na qualidade de vida da 
população, em 17 de fevereiro de 2020, segundo o Conselho Regional de Educação 
 
Física da 1ª Região (RJ/ES) (2020), os profissionais de Educação Física foram 
reconhecidos pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sob o código 2241-40, 
como “Profissional de Educação Física na Saúde”, passando a ter mais reconhecimento 
dentro do SUS, onde a descrição primária de suas atribuições foi ampliada para: 
“Estruturam e realizam ações de promoção da saúde mediante práticas corporais, 
atividades físicas e de lazer na prevenção primária, secundária e terciária no SUS e no 
setor privado”.(CREF, 2020, s/p). 
Ainda segundo a mesma publicação, entre as competências descritas na letra G 
do Código 2241-40, temos: “realizar ações de promoção da saúde mediante práticas 
corporais, atividades físicas e lazer, que englobam realizar atendimento individual; 
realizar atendimento em grupos; realizar consultas compartilhadas; participar de eventos, 
campanhas, ações e programas de educação em saúde; promover atividades de 
educação permanente; promover ações em práticas integrativas e complementares 
(pics); desenvolver ações de saúde nas escolas e centros culturais; promover atividades 
de lazer e recreação; realizar visitas domiciliares; trabalhar em rede de serviços; matriciar 
equipes; desenvolver ações de atividade física e práticas corporais inclusivas na saúde; 
estruturar ações de atividade física e práticas corporais na prevenção primária, 
secundária e terciária no SUS; estruturar ações de atividade física e práticas” (CREF, 
2020) . 
Portanto, caro aluno, é possível perceber que a história da saúde no Brasil nos 
mostra que hoje, a atuação do profissional de educação física está inserido nas políticas 
públicas em saúde, como instrumento indispensável de estratégias em prevenção e 
promoção da saúde. 
 
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema Único de Saúde (SUS). SUS: Princípios e Conquistas. Disponível 
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_principios.pdf. Acesso em: 02 maio 2021. 
 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
 
 
2 CONCEITO DE SAÚDE 
 
 
 Querido aluno, a definição do conceito de saúde não é tão simples quanto parece 
e neste tópico iremos abordar essa questão. 
 Em 1948, a Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS, 2016) definiu que 
“Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera 
ausência de doença ou enfermidade”. Essa ideia de saúde remete à um ideal de saúde, 
um estado de “saúde ótima”, porém, possivelmente inatingível já que, a mudança é algo 
natural e predominante na vida e não, a estabilidade. 
 A própria compreensão de saúde tem também alto grau de subjetividade e 
determinação histórica, na medida em que indivíduos e sociedades consideram ter mais 
ou menos saúde dependendo do momento, do referencial e dos valores que atribuem a 
uma situação. 
 Partindo dessa definição de saúde proposta pela OMS, podemos então pensar a 
saúde sob três aspectos distintos: a saúde como ausência de doença; a saúde como 
bem-estar e, por fim, a saúde como um valor social. 
 A visão da saúde entendida como ausência de doença é largamente difundida no 
senso comum, mas não está restrita a esta dimensão do conhecimento. Pelo contrário, 
 
essa ideia não só é afirmada pela medicina, como tem orientado a grande maioria das 
pesquisas e da produção tecnológica em saúde, especialmente aqueles referentes aos 
avanços na área de diagnóstico. 
 Até meados do século XVIII, a doença era vista como uma entidade que subsistia 
no ambiente como qualquer outro elemento da natureza. Esse caráter ontológico da 
doença está presente na transformação da medicina em ‘medicina das espécies’. Por 
influência de outros campos disciplinares, como a botânica, as doenças foram agrupadas 
em um sistema classificatório baseado nos sintomas. 
 O hospital, anteriormente concebido como lugar de exclusão dos doentes e 
miseráveis do meio social e de exercício de caridade, transforma-se gradativamente, em 
local de cura. À medida que as doenças passam a ser acompanhadas estatisticamente, 
o hospital também se transforma em espaço de produção de conhecimento e de ensino 
para os médicos-aprendizes. 
 Com a mudança na estrutura perceptiva que sustentava o pensamento médico 
científico emergente, os fenômenos passam a ser explicados pela nova racionalidade a 
partir do estudo, baseado na observação e na experiência, das mudanças morfológicas, 
orgânicas e estruturais. Por conseguinte, a saúde passa a ser entendida como seu 
oposto: a ausência de patologia. própria fisiologia. Essa profunda transformação na forma 
de conceber a doença irá assentar as bases do sistema teórico do modelo biomédico, 
cuja força explicativa é responsável pela sua presença até os dias de hoje. 
 Com base em uma epistemologia naturalista, Boorse (apud ALMEIDA FILHO e 
JUCÁ, 2002, p. 881) elabora um conceito negativo da saúde, percebendo-a também 
como ausência de doença: “A saúde de um organismo consiste no desempenho da 
função natural de cada parte”. O autor exclui as dimensões econômica, social, cultural e 
psicológica da base teórica da saúde-doença, rejeitando também a experiência clínica 
como referência viável, reafirmando que somente a biologia e a patologia podem fornecer 
dados objetivos para sua definição (ALMEIDA FILHO e JUCÁ, 2002). 
 Na discussão da atualidade, diversos autores têm criticado a definição negativa de 
saúde. Para Almeida Filho e Andrade (2003, p. 101), “em uma perspectiva rigorosamente 
clínica (...) a saúde não é o oposto lógico da doençae, por isso, não poderá de modo 
 
algum ser definido como ‘ausência de doença’. (...) os estados individuais de saúde não 
são excludentes vis à vis a ocorrência de doença”. 
 Abordagens que combatem a ideia boorseana de saúde, propõem que a definição 
de saúde como ausência de doença foi ampliada pela perspectiva da ‘saúde com 
possibilidade de adoecimento’ (CANGUILHEM, 2006; COELHO e ALMEIDA FILHO, 
2003). 
 De acordo com Canguilhem (2006), a saúde implica poder adoecer e sair do 
estado patológico. Em outras palavras, a saúde é entendida por referência à possibilidade 
de enfrentar situações novas, pela “margem de tolerância ou de segurança que cada um 
possui para enfrentar e superar as infidelidades do meio” (CANGUILHEM, 2006, p. 148), 
ou ainda “um guia regulador das possibilidades de reação” (CANGUILHEM, 2006, p. 149). 
A ameaça da doença é, portanto, um dos elementos constitutivos da saúde. (COELHO e 
ALMEIDA FILHO, 2003). 
 Portanto, Canguilhem (2006, p. 53-55) critica o reducionismo da concepção 
biomédica mecanicista: “é compreensível que a medicina necessite de uma patologia 
objetiva, mas uma pesquisa que faz desaparecer seu objeto não é objetiva. (...) A clínica 
coloca o médico em contato com indivíduos completos e concretos, e não com seus 
órgãos ou funções”. 
 Retomando o conceito de saúde no que diz respeito ao bem-estar, Caponi (1997) 
faz uma advertência relevante pois, a concepção de bem-estar é algo utópico e subjetivo, 
o que poderia incorrer no erro de servir para justificar práticas arbitrárias de controle e 
exclusão de tudo aquilo que for considerado indesejável ou perigoso. A simples tentativa 
de definir estado de bem-estar mental e social poderá supor uma existência sem 
angústias ou conflitos, sabidamente inerentes à própria história de cada ser humano e de 
cada sociedade. 
 A autora se contrapõe ao conceito enunciado pela OMS: 
 
O que chamamos de bem-estar se identifica com tudo aquilo que em uma 
sociedade e em um momento histórico preciso é valorizado como ‘normal’ (...) 
Para Canguilhem, as infidelidades do meio, os fracassos, os erros e o mal-estar 
formam parte constitutiva de nossa história e desde o momento em que nosso 
mundo é um mundo de acidentes possíveis, a saúde não poderá ser pensada 
como carência de erros e sim como a capacidade de enfrentá-los” (CAPONI, 
1997, p. 300 - 301). 
 
 
 Ao descontextualizar os fenômenos de saúde e doença do desenvolvimento 
histórico e cultural da sociedade, também isenta-se o poder público e culpabiliza-se o 
sujeito. Entre outras conseqüências, essa concepção tem sustentado a tese do focalismo 
em saúde que, diante de um cenário de recursos limitados, preconiza a definição de 
prioridades para a oferta de serviços de saúde, em detrimento da oferta universal, 
defendida como direito inalienável do cidadão e dever do Estado. 
 Diversos autores (CAMPOS, 2003; CARVALHO, 2005; LEFEVRE, F. e LEFEVRE, 
A., 2004) alertam para os riscos da penalização dos indivíduos mediante o 
estabelecimento de critérios discutíveis de homogeneização de comportamentos. Esse 
dispositivo configuraria uma agudização do autoritarismo sanitário, diminuindo a margem 
de autonomia das pessoas, dos grupos humanos e das coletividades. 
 A responsabilização das pessoas por estilos de vida ‘não-saudáveis’ tenderia a 
desviar a discussão de fatores sociais, ambientais, econômicos e sobre as condições de 
trabalho que influenciam fortemente no processo saúde-doença. 
 No que diz respeito a saúde como um valor social, é possível retomar a reforma 
Sanitária de 1988 que representou uma conquista social sem precedentes ao 
transformar-se em texto constitucional que diz: 
 
Em sentido amplo, a saúde é a resultante das condições de alimentação, 
habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, 
liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. Sendo assim, 
é principalmente resultado das formas de organização social, de produção, as 
quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida” (BRASIL, 1986, p. 
04). 
 
 A força de seus postulados procura resgatar a importância das dimensões 
econômica, social e política na produção da saúde e da doença nas coletividades. 
 Pensar a saúde como acesso à educação, trabalho, transporte, lazer, alimentação, 
implica a superação do modelo biomédico e a adoção de outros princípios norteadores 
capazes de auxiliar na necessária reorganização do modelo de atenção à saúde, ainda 
voltado às ações curativas e assistenciais. 
 O conceito e as práticas de promoção da saúde têm representado uma 
possibilidade concreta de ruptura desse paradigma ao proporem uma nova forma de 
 
conceber e intervir no campo da saúde. O fato de o conceito de saúde ser impreciso, 
dinâmico e abrangente não impede que seja possível tomá-lo como eixo para a 
reorientação das práticas de saúde. Pelo contrário: sua importância é fundamental para 
a superação de um modelo de atenção biologista, medicalizante e prescritivo. 
 Neste sentido, há uma tendência de buscar novas práticas que atendam às 
demandas atuais da sociedade, quais sejam, a prevenção, a busca por uma melhor 
qualidade de vida e a promoção da saúde. O novo paradigma de saúde, marcado por sua 
promoção, abre um campo para atuação do Profissional de Educação Física nos serviços 
de saúde pública, pois este se preocupa com o controle da saúde e condições de vida da 
população e uma das principais intervenções que ele pratica são ações educativas e 
preventivas (CABRAL, SOUSA e RAYDAN, 2007). 
 Portanto, se tomarmos a saúde como um sistema complexo e pensarmos que a 
situação da saúde pública nos convoca a superar a simples atenção das necessidades 
aparentes, procurando a eliminação de problemas que se encontram tanto na esfera dos 
determinantes sociais da saúde, quanto no âmbito da resolutividade das práticas 
médicas, então estaremos, de fato, nos posicionando em defesa de uma ética que 
valorize a vida humana, buscando colaborar efetivamente para a construção de 
ambientes e de uma sociedade mais justa e saudável. 
 
 
3 CONCEITO DE QUALIDADE DE VIDA 
 
 
 Querido aluno, o termo qualidade de vida é comumente usados no cotidiano pelo 
senso comum de forma a resumir melhorias ou um alto padrão de bem-estar na vida 
das pessoas, sejam elas de ordem econômica, social ou emocional. Todavia, a área de 
conhecimento em qualidade de vida encontra-se numa fase de construção de 
identidade. Ora identificam-na em relação à saúde, ora à moradia, ao lazer, aos hábitos 
de atividade física e alimentação, mas o fato é que essa forma de saber afirma que 
todos esses fatores levam a uma percepção positiva de bem-estar. 
 A compreensão sobre qualidade de vida lida com inúmeros campos do 
conhecimento humano, biológico, social, político, econômico, médico, entre outros, 
numa constante inter-relação. Por ser uma área de pesquisa recente, encontra-se em 
processo de afirmação de fronteiras e conceitos; por isso, definições sobre o termo são 
comuns, mas nem sempre concordantes. Outro problema de ordem semântica em 
relação à qualidade de vida é que suas definições podem tanto ser amplas, tentando 
 
abarcar os inúmeros fatores que exercem influência, como restritas, delimitando alguma 
área específica. 
 O que geralmente se entende como qualidade de vida atualmente, promove nas 
pessoas, uma corrida para alcançar algo que o senso comum sabe que é bom, mas não 
tem claros seus limites conceituais e sua abrangência semântica. É como se tratasse 
de um ideal da contemporaneidade, que se expressa na política, na economia, na vida 
pessoal. Busca-se qualidade de vida em tudo (BARBOSA, 1998). 
 No entanto, em abordagens sobre qualidade de vida, é necessário ter atenção à 
multiplicidade de questões que envolvem esse universo, desde parâmetros sociais até 
de saúde ou econômicos. Esses indicadores podem ser analisados(e assim o são) por 
diferentes áreas de conhecimento, com referenciais e procedimentos diferentes, sendo 
vinculadas definições e concepções variadas. 
 A qualidade de vida sempre esteve entre os homens; remete-se ao interesse pela 
vida. Logo, é possível estabelecer que qualidade de vida não é algo a ser alcançado, 
um objeto de desejo da sociedade contemporânea que deve ser incorporado à vida a 
partir de esforço e dedicação individual. Pelo contrário, é uma percepção que sempre 
esteve e sempre estará presente na vida do ser humano. O fato é que, a partir desse 
tipo de análise, todos os sujeitos têm qualidade de vida, não sendo esse um elemento 
a ser alcançado através de ações embutidas no padrão de boa vida da sociedade 
contemporânea; porém, o interessante para a vida de cada um é buscar uma boa 
qualidade frente às suas possibilidades individuais de ação. 
 De acordo com Minayo et al. (2000, p.10), qualidade de vida: 
 
...é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de 
satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria 
estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de 
todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de 
conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem 
conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a ele se 
reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto, 
uma construção social com a marca da relatividade cultural. 
 
 
 Nota-se que essa abordagem esbarra numa compreensão social do termo, 
que considera questões subjetivas como bem-estar, satisfação nas relações sociais e 
 
ambientais, e a relatividade cultural. Ou seja, esse entendimento depende da carga de 
conhecimento do sujeito, do ambiente em que ele vive, de seu grupo de convívio, da sua 
sociedade e das próprias expectativas em relação a conforto e bem-estar. 
 Gonçalves e Vilarta (2004) abordam qualidade de vida pela maneira como as 
pessoas vivem, sentem e compreendem seu cotidiano, envolvendo, portanto, saúde, 
educação, transporte, moradia, trabalho e participação nas decisões que lhes dizem 
respeito. Essa abordagem indica, num primeiro momento, para as expectativas de um 
sujeito ou de determinada sociedade em relação ao conforto e ao bem-estar. Isso 
depende das condições históricas, ambientais e socioculturais de determinado grupo, ou 
seja, o entendimento e a percepção sobre qualidade de vida, nessa perspectiva, são 
relativos e variáveis. 
 Gonçalves (2004, p. 13) define qualidade de vida como “a percepção subjetiva do 
processo de produção, circulação e consumo de bens e riquezas. A forma pela qual cada 
um de nós vive seu dia-a-dia”. 
 Para Nahas et al. (2001, p. 5), qualidade de vida é a “condição humana resultante 
de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais, modificáveis ou não, que 
caracterizam as condições em que vive o ser humano”. 
 Por fim, qualidade de vida, para a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1995, p. 
1403), é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e 
sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, 
padrões e preocupações”. 
 Não é possível existir um conceito único e definitivo sobre qualidade de vida, mas 
se pode estabelecer elementos para pensar nessa noção enquanto fruto de indicadores 
ou esferas objetivas (sociais) e subjetivas (individuais), a partir da percepção que os 
sujeitos constroem em seu meio. (BARBOSA, 1998). 
 “Os indicadores de qualidade de vida têm sido usados para avaliação da eficácia, 
da eficiência e do impacto de determinados tratamentos na comparação entre 
procedimentos para o controle de doenças” (SEIDL e ZANNON, 2004, p. 581). Embora 
tais perspectivas levem em consideração as relações entre saúde e qualidade de vida, 
elas explicitam a intenção desses indicadores de elucidar os perfis das populações em 
relação às condições e aos parâmetros em que estão ocorrendo suas vidas. Os dados 
 
gerados levam a caracterização e comparação dos grupos, e podem ser usados para fins 
diversos, como a promoção de saúde ou objetivos políticos e mercadológicos. 
 Independentemente da concepção adotada, do instrumento indicador utilizado ou 
do conceito adotado sobre qualidade de vida, existe uma íntima relação entre este campo 
de conhecimento, a área da saúde e a prática de atividade física. Embora haja certa 
prevalência, principalmente nos instrumentos indicadores, de uma abordagem de saúde 
mais próxima da área médica (GARCIA, 2002), a abrangência desse elemento se 
apresenta de forma bem ampla, relacionada a aspectos físicos, emocionais, de 
relacionamentos, ligada ao bem-estar. 
 A relação entre saúde e qualidade de vida depende da cultura da sociedade em 
que está inserido o sujeito, além de ações pessoais (esfera subjetiva) e programas 
públicos ligados à melhoria da condição de vida da população (esfera objetiva). O estado 
de saúde é um indicador das possibilidades de ação do sujeito em seu grupo, se 
apresentando como um facilitador para a percepção de um bem-estar positivo ou 
negativo. É influenciado pelo ambiente, pelo estilo de vida, pela biologia humana e pela 
organização do sistema de atenção à saúde em que o sujeito está inserido. 
 A noção de saúde se coloca como uma resultante social da construção coletiva 
dos padrões de conforto e tolerância que determinada sociedade estabelece (MINAYO 
et al., 2000). As necessidades de saúde, como uma das vertentes da qualidade de vida, 
não podem ser separadas dos movimentos sociais urbanos e nem da dimensão da 
cidadania (BARBOSA, 1998). 
 Como acima exposto, a qualidade de vida está intimamente ligada aos aspectos 
socioeconômicos de determinada população, que configuram a condição de vida dos 
sujeitos dela integrantes. Existe uma relação direta entre essas variáveis e as condições 
de saúde, expressa e comprovada por instrumentos e indicadores objetivos 
(GONÇALVES e VILARTA, 2004). 
 Tais condições são determinadas pelas possibilidades de acesso aos cuidados à 
saúde que são disponibilizados à população. Deslandes (2004) cita duas abordagens 
político-organizacionais referentes à organização desses serviços: prevenção em saúde 
e promoção da saúde. A primeira diz respeito ao incentivo da associação direta e 
predominante entre os hábitos do sujeito e sua condição de saúde. Essa linha de 
 
intervenção se apoia numa concepção de responsabilização do sujeito pelo seu estado 
de saúde (responsabilização da vítima), pois se aplica em um modelo médico 
hegemônico, centrado no atendimento de doentes e na divulgação de hábitos positivos à 
manutenção de bons níveis de saúde. A segunda, surge primeiramente na Conferência 
de Ottawa, em 19861, pela iniciativa da responsabilização múltipla, que uniria esforços 
voltados à promoção da saúde advindos do Estado (por meio de políticas públicas 
saudáveis), da comunidade, de indivíduos, do sistema de saúde e de parcerias 
intersetoriais (BUSS, 2000). A partir desse período, são valorizados na promoção da 
saúde (DESLANDES, 2004, p. 02): “políticas públicas saudáveis, fortalecimento dos 
recursos de saúde comunitários, ambientes favoráveis à saúde, desenvolvimento de 
habilidades pessoais, redefinição dos serviços de saúde.” 
 Esse modelo lida com a ideia de totalidade, definindo saúde como uma questão 
social ampliada, além de incorporar a ação individual. Na ideia de promoção da saúde, 
um estilo de vida tido como positivo é importante, assim como a prática de atividades 
físicas e esportivas. Porém, isso é uma parte do processo de integração entre vários 
fatores, e não a única solução. 
 Essas abordagens representam a organização da atenção à saúde da população, 
estabelecendo processos e possibilidades de acesso a esses cuidados. São 
responsabilidades do Estado, assim comoa preocupação de proporcionar possibilidades 
de acesso a bens de consumo tidos como indispensáveis na sociedade contemporânea: 
educação, transporte, moradia, alimentação, saneamento básico, e, claro, cuidado à 
saúde clínica. 
 Em relação aos hábitos individuais e estilos de vida dos sujeitos, a esfera subjetiva 
de cuidados à saúde diz respeito ao impacto dos costumes cotidianos do indivíduo 
perante sua vida. Entre os comportamentos considerados saudáveis na sociedade, pode-
se observar aspectos voltados à alimentação, aos relacionamentos sociais e às práticas 
sistemáticas de atividades físicas. A adoção de um estilo de vida tido como saudável 
depende do acesso à informação, às oportunidades para prática de atividade física e aos 
hábitos positivos, ao apoio socioeconômico e à atitude para mudança de comportamento 
(NAHAS et. al., 2001). 
 
1 1ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, 1986, Ottawa, Canadá. 
 
 A atividade física é colocada na sociedade contemporânea como uma ponte 
segura para melhores situações de saúde. Ao levar em consideração a multiplicidade de 
formas de atividade física e suas consequências para o bem-estar do sujeito, para a 
manutenção ou melhoria dos quadros de saúde, é necessário que essa prática esteja 
adequada às condições e expectativas individuais, assim como ao local, aos processos 
e ao ambiente em que ocorre. 
 Para concluir querido aluno, a proposta de atividade física como uma forma de 
melhoria do bem-estar e da qualidade de vida exige atenção do profissional de educação 
física, tanto em relação ao seu impacto sobre a saúde clínica, quanto social e emocional, 
pois a autonomia pessoal é fruto de boa condição de saúde, relacionamentos pessoais e 
capacidade da realização prática de expectativas individuais. 
 
 
REFLITA 
 
“Eu acredito que a causa final do homem, seu objetivo supremo é a felicidade. 
Atingir a felicidade e uma boa vida depende de uma conduta moral moderada, sem 
excesso, na justa medida dos “pitagóricos”. Habituar-se a uma boa conduta é ter bons 
costumes e uma vida intelectual sossegada”. 
 
Fonte: ARISTÓTELES (384 - 322 a.C.) 
 
#REFLITA # 
 
 
 
4 CONDIÇÕES DE VIDA E ESTILO DE VIDA 
 
 
 Caro aluno, temos visto até aqui que a saúde está relacionada ao modo como 
vivemos e ao meio no qual vivemos. Vamos avançar neste estudo entendendo um pouco 
mais sobre os conceitos utilizados comumente para descrever a qualidade ou o tipo de 
vida que a população de determinada região ou país possui. 
 Em diversos estudos realizados, as condições de vida de uma população é medida 
ou baseada a partir da análise das desigualdades em saúde, ou seja, a categoria 
"condições de vida", proposto por Castellanos (1997) , destaca que o indivíduo, a família, 
a comunidade e o grupo populacional, em cada momento de sua existência, tem 
necessidades e riscos que lhes são próprios, seja por sua idade, pelo sexo e por outras 
características individuais, seja por sua localização geográfica e ecológica, por sua cultura 
e nível educativo, ou seja por sua inserção econômico-social, que resulta em um perfil de 
 
problemas de saúde/doença peculiares, os quais favorecem e dificultam, em maior ou 
menor grau, sua realização como indivíduo e como ser social. 
 O autor considera ainda que o perfil de condições de vida expressa quatro 
dimensões da reprodução social, qual seja, biológica, ecológica, econômica e da 
consciência e comportamento que cada grupo da população terá de necessidades 
(riscos). 
 O perfil epidemiológico de uma dada população, enquanto componente da 
situação de saúde, segundo Paim (1997) é determinado, de um lado, pela estrutura de 
produção, ou seja, por meio do processo de trabalho e das condições de trabalho e de 
outro, pela estrutura de consumo (modo de vida) que, juntamente com a renda obtida no 
mercado de trabalho, proporciona e possibilita as condições e o estilo de vida de cada 
indivíduo. As condições de vida acabam por expressar as condições materiais de 
existência dos grupos humanos de uma determinada população ou sociedade. 
Assim, a reprodução social de uma dada classe social ou fração desta, passa pela 
infraestrutura econômica (inserção no mercado de trabalho através da renda e condições 
de trabalho) mas passa também por todo um conjunto de relações sociais que incluem a 
intervenção do Estado, como no caso da formulação de políticas públicas, como também 
pelas ideologias que permeiam o estabelecimento dos níveis de consciência da 
população sobre os problemas sociais e sobre a organização popular na produção de 
certas condições de vida. 
 Isto significa que o estudo das condições de vida (ou desigualdades sociais) de 
determinados grupos deve levar em conta não só a distribuição de renda e o poder 
aquisitivo na esfera do consumo individual, mas também certas ações do Estado, como 
a formulação das políticas sociais, que buscam garantir o atendimento de necessidades 
básicas como a saúde, saneamento, educação, nutrição, segurança e lazer. Portanto, o 
perfil epidemiológico da população de um país ou o seu quadro sanitário está associado, 
em última análise, ao seu grau de desenvolvimento sócio-econômico e por conseguinte 
ao desenvolvimento das políticas sociais, especialmente as de saúde. 
 Entendendo o conceito de condições de vida, podemos neste momento, querido 
aluno, articulá-lo com a definição de estilo de vida. Precisamos refletir, o que a reflexão 
sobre as condições de vida pode nos fazer pensar sobre o estilo de vida de um indivíduo?! 
 
Para tal reflexão, se faz necessário entender também o conceito de estilo de vida e o 
faremos a seguir. 
 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2004, p. 37) o Estilo de Vida: 
é o conjunto de hábitos e costumes que são influenciados, modificados, 
encorajados ou inibidos pelo prolongado processo de socialização. Esses hábitos 
e costumes incluem o uso de substâncias tais como o álcool, fumo, chá ou café, 
hábitos dietéticos e de exercício. Eles têm importantes implicações para a saúde 
e são frequentemente objeto de investigações epidemiológicas. 
 
 Outros estudiosos também seguem a mesma linha e postulam que estilo de vida é 
o conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na 
vida dos sujeitos (NAHAS et. al., 2001). Acrescentando a contribuição de Bourdieu 
(1983b) a essa afirmação, pode-se compreender que se trata das ações individuais que 
refletem os hábitos e a carga cultural do sujeito e que interferem diretamente em sua vida. 
Essas ações são permeadas pela possibilidade de escolha do indivíduo e de adoção ou 
não de práticas no seu cotidiano. 
 Porém, considerando a ocorrência de diferentes formas de consumo simbólico 
(como é feito o consumo e com qual finalidade para a pessoa ou grupo) ou consumo 
material (consumo de bens) entre as diferentes estruturas sociais, as oportunidades de 
escolha não se apresentam da mesma forma para todos. Elas dependem das chances 
de ação em sua vida, geradas pelas condições econômicas, de subsistência, 
saneamento, entre outras. Alguém que tenha um orçamento e condições de subsistência 
melhores do que outra pessoa terá maiores possibilidades de escolhas em relação às 
práticas adotadas em seu estilo de vida. Essas possibilidades são criadas de acordo com 
a condição e o modo de vida do indivíduo (VILARTA e GONÇALVES, 2004), que 
permitirão que ele possa fazer escolhas que direcionem seu estilo de vida. 
 A adoção de um estilo de vida tido como saudável é tomada, na sociedade 
contemporânea, como um fator determinante perante a situação de saúde e de vida dos 
sujeitos. Porém, muitas vezes isso não ocorre, não por falta de vontade do sujeito, mas 
pela ausência de condições socioeconômicas favoráveis. Hábitos como uma nutrição 
adequada, horas de descanso, visitas periódicas e profiláticas ao médico, e prática 
frequente de atividade física, nem sempresão possíveis para todos os indivíduos, devido 
a modos e condições de vida que não possibilitam tais ações. 
 
 Conclui-se então que, o uso do termo estilo de vida é muito comum e se faz de 
grande importância quando são focadas questões relativas à qualidade de vida, pois 
essa grande área diz respeito ao padrão de vida que a própria sociedade define e se 
mobiliza para conquistar, e ao conjunto de políticas públicas que induzem e norteiam o 
desenvolvimento humano como um todo (MINAYO et al., 2000). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 PREVENÇÃO, PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E REABILITAÇÃO DA SAÚDE 
 
 
 Iniciamos mais um tópico desta primeira unidade e vamos avançando na aquisição 
do conhecimento referente a saúde e suas implicações na vida do indivíduo e da 
sociedade. Aqui iremos entender, querido aluno, como acontece o processo de 
prevenção, promoção, proteção e a reabilitação da saúde. 
 O termo risco refere-se ao grau de probabilidade da ocorrência de um determinado 
evento (PEREIRA, 1995). Do ponto de vista da saúde/doença, o termo é utilizado para 
definir a probabilidade de que indivíduos saudáveis, mais expostos a determinados 
fatores, adquiram certa doença. Os fatores que se associam ao aumento do risco de se 
contrair uma doença são chamados fatores de risco. Contrariamente, há fatores que 
conferem ao organismo a capacidade de se proteger contra a aquisição de determinada 
doença, sendo chamados fatores de proteção (INCA, 2021). 
 Os fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, serem herdados 
ou representarem hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente social e 
cultural (INCA, 2021). 
 Pequenas mudanças nos fatores de risco em indivíduos que estão sob risco 
moderado podem ter um enorme impacto em termos de morte e incapacidade. Por meio 
 
da prevenção de doenças em grandes populações, pequenas reduções na pressão 
arterial e no nível de colesterol sanguíneo, por exemplo, poderiam alcançar a redução de 
custos na saúde. Caso esses fatores de risco fossem eliminados por meio de mudanças 
no estilo de vida, pelo menos 80% de todas as doenças do coração, dos derrames e dos 
diabetes do tipo 2 poderiam ser evitados. Além disso, mais de 40% dos cânceres 
poderiam ser prevenidos (OMS, 2005). 
 Conhecer a frequência e a distribuição de fatores de risco e proteção na população 
brasileira é fundamental para o planejamento e a avaliação de políticas públicas de 
saúde. Dessa forma, o Ministério da Saúde implantou a pesquisa Vigitel (Sistema de 
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas) em 2006, realizada 
em 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, para fins de monitoramento dos principais 
fatores de risco e proteção para o desenvolvimento de Doenças Crônicas Não-
Transmissíveis. 
 Os resultados desta pesquisa mostraram, de modo geral, que os fatores de risco 
e a saúde estão diretamente relacionados à alimentação e à atividade física, ou seja, uma 
alimentação saudável e a prática de atividades físicas são métodos de proteção à saúde 
e de prevenção de doenças. 
 A promoção de práticas alimentares saudáveis está inserida no contexto da 
adoção de estilos de vida saudáveis, sendo importante para a promoção da saúde. A 
atividade física e o exercício previnem efetivamente a ocorrência de eventos cardíacos, 
reduzem a incidência de acidente vascular cerebral, hipertensão, diabetes mellitus do tipo 
2, cânceres de cólon e mama, fraturas osteoporóticas, doença vesicular, obesidade, 
depressão e ansiedade, além de retardarem a mortalidade (ACSM, 2007). 
 Considerando a alta prevalência do sedentarismo aliada ao significativo risco 
referente às doenças crônico-degenerativas, o aumento da atividade física de uma 
população influencia na qualidade da saúde da coletividade, minimizando custos com 
tratamentos, inclusive hospitalares, o que reflete seus consideráveis benefícios sociais 
(CARVALHO et al., 1996). 
 A recomendação de prática de atividade física deve considerar os interesses 
individuais, as necessidades de saúde e estado clínico do indivíduo ou da população-
 
alvo. Os benefícios de saúde advindos da prática regular de atividade física serão 
diretamente influenciados pela quantidade e intensidade com que é praticada. 
 Tendo em vista as questões levantadas sobre a prevenção, promoção e proteção 
à saúde, é preciso também pensar a respeito sobre a reabilitação da saúde. A reabilitação 
é “uma proposta de atuação multiprofissional voltada para a recuperação e o bem-estar 
biopsicossocial do indivíduo” (COFFITO, 1987, p. 7609). 
 De acordo com o Relatório Mundial sobre Deficiência (2011), reabilitação é 
“Conjunto de medidas que ajudam pessoas com deficiência ou prestes a adquirir 
deficiências a terem e manterem uma funcionalidade ideal na interação com o seu 
ambiente” (OMS, 2011, p. 100). 
 A reabilitação deve ser compreendida de forma ampliada, considerando diferentes 
fatores. Primeiro deve-se levar em conta que nem toda anomalia é necessariamente 
patológica, admitindo que estratégias de adaptação podem promover o estabelecimento 
de uma nova ordem (norma) funcional para o indivíduo, minimizando seu sofrimento 
(CANGUILHEM, 2006). Segundo, as necessidades de reabilitação extrapolam o campo 
de conhecimento biomédico (BRASIL, 2010) e terceiro, o melhor prognóstico é alcançado 
quando a intervenção se inicia logo após a lesão ou instalação da doença que provocou 
a deficiência (ainda em ambiente hospitalar) e em muitos casos após a alta ambulatorial 
será necessária a manutenção de cuidados específicos no ambiente em que se vive. E 
para promover tudo isso é necessário um sistema que integre as ações de diferentes 
profissionais nos distintos níveis de atenção. 
 Atuando na área de reabilitação, o profissional de Educação Física, por ser 
especialista na área da saúde em avaliar, programar e orientar programas de exercícios 
físicos para todas as populações deverá estar presente desde a primeira fase de 
reabilitação, onde seu olhar técnico e objetivo somado aos conhecimentos de 
profissionais de outras áreas elevarão as potencialidades do programa. Poderá também 
ensinar ao indivíduo os benefícios que a atividade física regular e a mudança no seu 
estilo de vida poderão proporcionar a ele. 
 Entende-se que a importância do papel do profissional de Educação Física no 
processo de reabilitação está no fato de que este profissional será o responsável por 
elaborar programas de exercício físico supervisionado de maneira estruturada, 
 
respeitando a individualidade do beneficiário para que o mesmo consiga melhorar seu 
condicionamento físico, aptidão física, habilidades motoras, que conquiste sua 
autonomia/independência e adoção de um estilo de vida saudável e melhore por 
consequência sua qualidade de vida. 
 Contudo, a reabilitação deve, portanto, incluir uma visão integral e holística do ser 
humano. Os serviços devem focar nas necessidades da pessoa com o objetivo de 
promover a acessibilidade, autonomia, independência, inclusão social e dessa forma 
melhorar a qualidade de vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Caros alunos, chegamos ao final da primeira unidade da apostila “Educação e 
Saúde” e adquirimos muito conhecimento até aqui. 
 Aprendemos sobre a história da saúde no Brasil e também como foi o processo de 
implantação de políticas públicas em saúde. Conhecemos o complexo conceito de saúde, 
bem como o conceito de qualidade de vida, sendo que a compreensão deste conceito, 
nos revela também o entendimento de condições de vida e estilo de vida, ou seja, são 
conceitos que estão interligados e a compreensão da dinâmica de um depende da 
articulação com o outro. 
 Por fim, estudamos sobre a prevenção, promoção, proteção da saúde e areabilitação da mesma como uma possível área de atuação para o profissional de 
Educação Física. Acima de tudo, compreendemos que o ser humano é um sujeito que 
precisa ser entendido e analisado em todas as suas esferas e que a relação 
saúde/doença acontece no âmbito biopsicossocial do indivíduo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
• Título: Saúde, Promoção da Saúde e Educação Física 
• Autor: Paulo de Tarso Veras Farinatti. 
• Editora: UERJ. 
• Ano: 2006. 
• Sinopse: Este livro apresenta reflexões sobre as relações entre educação física e 
saúde. Na primeira parte são revisados aspectos conceituais relacionados à saúde e à 
promoção da saúde, em uma perspectiva evolutiva. Na segunda, os conceitos são 
aplicados à educação física escolar e à problemática do envelhecimento. Assim, esse 
estudo debate a educação física e saúde aliando à discussão teórica experiências 
práticas consolidadas - escapando da esfera do provável ou do possível e focalizando o 
real. 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
• Título: Nise - O Coração da Loucura 
• Ano: 2016. 
• Sinopse: Nos anos 1950, uma psiquiatra contrária aos tratamentos convencionais de 
esquizofrenia da época é isolada pelos outros médicos. Ela então assume o setor de 
terapia ocupacional, onde inicia uma nova forma de lidar com os pacientes, pelo amor e 
a arte. 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Diretrizes do ACSM para o teste de 
esforço e sua prescrição. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 
 
ALMEIDA FILHO, N. de.; ANDRADE, R. F. S. Holopatogênese: esboço de uma teoria 
geral de saúde-doença como base para a promoção da saúde. In: CZERESNIA, D. & 
FREITAS, C. M. de. (Orgs.) Promoção da Saúde: conceitos, reflexões e tendências. 
Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2003. 
 
ALMEIDA FILHO, N. de.; JUCÁ, V. Saúde como ausência de doença: crítica à teoria 
funcionalista de Christopher Boorse. Ciência e Saúde Coletiva, 7(4): 2002. 
 
BAPTISTA, T. W. F. Políticas de Saúde no Pós-Constituinte: um estudo da política 
implementada a partir da produção normativa dos poderes executivo e legislativo no 
Brasil. Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Instituto de Medicina Social, Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro, 2003. 
 
BAPTISTA, T. W. F. História das Políticas de Saúde no Brasil: a trajetória do direito à 
saúde. In: MATTA, Gustavo Corrêa; PONTES, Ana Lucia de Moura (Org.). Políticas de 
saúde: organização e operacionalização do sistema único de saúde. Rio de Janeiro: 
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L_COMPLETO.pdf. Acesso em: 22 abr. 2021. 
 
 
UNIDADE II 
A EDUCAÇÃO FÍSICA E A SAÚDE 
Professora Mestre Claudiana Marcela Siste Charal 
Professora Ticiana Roberta Siste Charal 
Professor Especialista Charles B. da Silva de Araujo e Souza 
 
 
Plano de Estudo: 
● Aspectos históricos da Educação Física e promoção de saúde; 
● Políticas Públicas e a saúde: foco na Educação Física; 
● Sistema público e privado de saúde: Educação Física e seu papel. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Conhecer os aspectos históricos da educação Física e a promoção de saúde; 
● Estudar sobre as políticas públicas e a saúde, com o foco da Educação Física; 
● Entender qual o papel da Educação Física no sistema público e privado de 
saúde. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Bem-vindo queridos alunos!! Estamos iniciando a segunda unidade da apostila 
“Educação e saúde” e aqui iremos nos aprofundar um pouco mais no conhecimento da 
saúde relacionada à área da educação Física. 
 Para tal, iremos fazer um resgate histórico da Educação Física e sua relação com 
a promoção da saúde, na sequência estudaremos as políticas públicas e a saúde com o 
foco da Educação física e, por fim, abordaremos o papel da Educação Física no Sistema 
de Saúde Público e Privado. 
 Estamos apenas no início desta descoberta e quero você comigo em cada tópico 
para que possamos, juntos, conhecer ainda mais esse vasto campo de atuação para o 
Profissional de Educação Física. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E PROMOÇÃO DE SAÚDE 
 
 
 Caro aluno, a compreensão sobre os aspectos históricos da Educação Física na 
contemporaneidade permite situá-la numa posição de destaque na sociedade devido às 
grandes movimentações acontecidas em sua formação. Torna-se uma profissão, uma 
disciplina e uma prática difundida, onde os seus objetivos necessitam de novas 
discussões em virtude de sua dinamicidade ao longo dos anos. 
 O acesso à Educação Física passa a ser proporcionado em escala cada vez mais 
democrática para a população, levando-se em consideração as relações coletivas e 
sociais. Algumas vezes essa inserção era independente de classe social, idade, condição 
física, cor, religião, opção sexual ou alguma deficiência física, motora ou mental 
(BAGNARA; LARA; CALONEGO, 2010). 
 
 Os diferentes momentos da história da Educação Física no Brasil resgatam as 
diferentes influências sofridas ao longo de seu percurso. As instituições militares e os 
médicos foram influenciadores da Educação Física desde o Brasil Império (CASTELLANI 
FILHO, 2013). 
 O início do desenvolvimento cultural da Educação Física no Brasil, apesar de não 
ter ocorrido de forma contundente, ocorreu no período do Brasil Império, pois foi nessa 
época que surgiram os primeiros tratados sobre a Educação Física. 
 Em 1823, Joaquim Antônio Serpa, elaborou o “Tratado de Educação Física e 
Moral dos Meninos”. Esse tratado postulava que a educação englobava a saúde do corpo 
e a cultura do espírito, e considerava que os exercícios físicos deveriam ser divididos em 
duas categorias, a primeira, os que exercitavam o corpo; e a segunda, os que exercitavam 
a memória. Além disso, esse tratado entendia a educação moral como coadjuvante da 
Educação Física e vice-versa (GUTIERREZ, 1972). 
 O Início da Educação Física escolar no Brasil, inicialmente denominada Ginástica, 
ocorreu oficialmente com a reforma Couto Ferraz, em 1851. No entanto, foi somente em 
1882, que Rui Barbosa ao lançar o parecer sobre a “Reforma do Ensino Primário, 
Secundário e Superior”, denota a importância da Ginástica na formação do brasileiro 
(RAMOS, 1982). Nesse parecer, Rui Barbosa relata a situação da Educação Física em 
países mais adiantados politicamente e defende a Ginástica como elemento 
indispensável para a formação integral da juventude (RAMOS, 1982). 
 De acordo com estudos do professor Ghiraldelli (2004), a Educação Física 
brasileira, passou por cinco fases: a higienista, militarização, pedagogização, 
competitivista e a popular, que foram marcantes ao longo da sua formação e na busca da 
caracterização dos pressupostos teóricos que lhe servem de fundamento, mantém-se 
historicamente ao longo dos anos em busca de adequações e características específicas 
do pensar a prática da Educação Física. 
 A Educação Física Higienista foi a fase que aconteceu até o ano de 1930, e se 
preocupava em colocar a Educação Física como agente potencializador de saneamento 
público, dava ênfase à questão da saúde, e tinha a Educação Física como importante 
papel de formação de homens sadios e fortes, na busca de uma sociedade livre de 
doenças infecciosas e dos vícios que deterioravam a saúde e o caráter dos homens. 
 
 Esta fase aconteceu também na época da criação das leis abolicionistas, onde, os 
negros, recém libertos, se deslocaram para as cidades em busca de trabalho, e 
encontravam as péssimas condições de trabalho, moradia e a falta de saneamento básico 
que eram propícias ao surgimento de doenças. Nestemomento, a escola passa a ter um 
papel de fundamental importância para disseminar hábitos de higiene, e a Educação 
Física como a disciplina que melhor abordaria essas questões em um contexto amplo de 
abordagens. 
 A fase da Educação Física Militarista (1930-1945), foi o período compreendido 
entre a Revolução de 1930 e o fim da 2ª Guerra Mundial. Neste período também existiu 
uma preocupação com a saúde numa perspectiva diferente da atual, mas o objetivo 
principal desta fase era a obtenção de uma juventude forte e saudável que fosse capaz 
de suportar o combate, a luta e a guerra. 
 Na década de 1930, surgiram através dos estímulos da Educação Física, a 
concretização de uma identidade moral e cívica, além do envolvimento com os princípios 
de Segurança Nacional, referente a necessidade do adestramento físico, num primeiro 
momento necessário à defesa da pátria, que se afiguravam no sentido de desestruturação 
da ordem político-econômica constituída, como também à iminência de configuração de 
um conflito bélico a nível mundial, e, em outro instante, visando assegurar ao processo 
de industrialização implantado no país, mão de obra fisicamente adestrada e capacitada, 
cabendo a ela cuidar da recuperação e manutenção da força de trabalho (CASTELLANI 
FILHO, 2013). Nesta mesma época foi criado o Ministério da Educação e Cultura (MEC). 
Nas escolas foi adotado o método francês de ginástica, que havia sido adotado também 
pelo exército brasileiro na década de 1920. 
 Segundo Ghiraldelli (2004), na Educação Física Pedagogista (1945 – 1964), a 
Educação Física tornou-se o “centro vivo” da escola pública e advogou a “educação do 
movimento” utilizando a ginástica, a dança e o esporte como meio de educação do aluno. 
Foi uma concepção do período pós-guerra, que convocou toda a sociedade a 
compreender a Educação Física simultaneamente como uma prática capaz de promover 
a saúde e de disciplinar a juventude inserida no currículo escolar. A Educação Física 
Desportiva Generalizada foi o método que se estabeleceu nesse período, destacando o 
valor educativo do jogo. 
 
 Após 1964 e diante do processo de esportivização da Educação Física, já iniciado 
na fase pedagogista, a ideologia do “desenvolvimento com segurança” e a divulgação 
pelos meios de comunicação, ocorre a expansão do esporte em todo país, surge a fase 
chamada de Educação Física Competitivista. Durante o período da ditadura militar, a 
Educação Física estava a serviço da hierarquização e da elitização social, voltada para o 
culto do atleta herói, aquele que, a despeito de todas as dificuldades, chegou ao pódio. 
Esta fase se preocupava em selecionar as turmas para treinamento, buscando a 
especialização dos alunos em uma modalidade ou esporte específico com principal 
objetivo de conseguir medalhas olímpicas para o país, reduzindo desta forma a Educação 
Física, aos esportes de alto nível. 
 
SAIBA MAIS 
 
Você sabia? 
 O esporte surgiu na Grécia antiga e os jogos olímpicos ou, como comumente são 
chamados, as Olimpíadas, tiveram a sua origem por volta da segunda metade do século 
VIII a.C., na antiga civilização grega. Esses jogos estavam associados a cultos religiosos 
dedicados ao deus Zeus. 
 
Leia mais em: https://www.historiadomundo.com.br/grega/esportesexolimpicos.htm 
 
Fonte: FERNANDES, C. Modalidades esportivas das Olimpíadas da Grécia Antiga. Disponível em: 
https://www.historiadomundo.com.br/grega/esportesexolimpicos.htm. Acesso em: 01 de maio de 2021. 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 Dentre uma das importantes medidas que impactaram a Educação Física neste 
período, estava a obrigatoriedade da Educação Física/Esportes no ensino superior, por 
meio do decreto lei no 705/69 (BRASIL, 1969). Segundo Castellani Filho (1998), esse 
decreto lei tinha como propósito político favorecer o regime militar, desmantelando as 
mobilizações e o movimento estudantil que era contrário ao regime militar, uma vez que 
as universidades representavam um dos principais polos de resistência a esse regime. 
 
 No Pós-Guerra, estudiosos começaram a entender que a Educação Física não 
pretendia ser disciplinadora de homens e muito menos estava voltada ao incentivo da 
busca de medalhas, e principalmente não transformaria o Brasil em uma potência 
olímpica. Criou-se, então, uma grande crise de identidade, configurando a necessidade 
de mudança nos rumos da Educação Física brasileira. Esta fase foi chamada de 
Educação Física Popular. 
 A Educação Física pautada na tendência popular é dominada pelos anseios 
operários de ascensão na sociedade. Conceitos como inclusão, participação, 
cooperação, afetividade, lazer e qualidade de vida passam a fazer parte dos debates 
dessa disciplina (FERREIRA, 2013). 
 Novas explicações para a Educação Física, além do fenômeno biológico 
emergiram, fortalecendo dessa forma uma comunidade científica voltada aos estudos da 
Educação Física que contemplaria aspectos biopsicossociais. 
 Durante a década de 1980, a resistência à concepção biológica da Educação 
Física foi criticada em relação ao predomínio dos conteúdos esportivos (DARIDO e 
RANGEL, 2005). 
 A preocupação com a formalização da prática da Educação Física e da formação 
dos profissionais da área se intensificam e o cenário se altera com a homologação da 
resolução n. 3/1987, pelo Conselho Federal de Educação, que institucionaliza cursos de 
bacharelado em educação física no Brasil, instaurando outro tipo de fragmentação no 
processo de formação, ainda que restrito a poucas universidades. Com a promulgação 
da lei n. 9696/1998, que cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Educação 
Física, e a homologação da resolução n. 7/2004, pelo Conselho Nacional de Educação 
(CNE), que instituiu as Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação em educação 
física, os debates se tornaram mais intensos em torno da divisão da formação profissional 
e do campo de atuação de licenciados e bacharéis (Fraga et al., 2010). 
 Atualmente, coexistem na Educação física, diversas concepções, modelos, 
tendências ou abordagens, que tentam romper com o modelo mecanicista, esportista e 
tradicional que outrora foi embutido aos esportes. Entre essas diferentes concepções 
pedagógicas pode-se citar: a psicomotricidade; desenvolvimentista; saúde renovada; 
 
críticas; e mais recentemente os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 
1997) 
 A concepção pedagógica psicomotricidade foi divulgada inicialmente em 
programas de escolas “especiais”, voltada para o atendimento de alunos com deficiência 
motora e intelectual (DARIDO e RANGEL, 2005). É o primeiro movimento mais articulado 
que surgiu a partir da década de 1970, em oposição aos modelos pedagógicos anteriores. 
A concepção psicomotricidade tem como objetivo o desenvolvimento psicomotor, 
extrapolando os limites biológicos e de rendimento corporal, incluindo e valorizando o 
conhecimento de ordem psicológica. Para isso, a criança deve ser constantemente 
estimulada a desenvolver sua lateralidade, consciência corporal e a coordenação motora 
(DARIDO e RANGEL, 2005). No entanto, sua abordagem pedagógica tende a valorizar o 
fazer pelo fazer, não evidenciando o porquê de se fazer e como o fazer. 
 Já o modelo desenvolvimentista por sua vez, busca propiciar ao aluno condições 
para que seu comportamento motor seja desenvolvido, oferecendo-lhe experiências de 
movimentos adequados às diferentes faixas etárias (DARIDO e RANGEL, 2005). Neste 
modelo pedagógico, cabe aos professores observarem sistematicamente o 
comportamento motor dos alunos, no sentido de verificar em que fase de desenvolvimento 
motor eles se encontram, localizando os erros e oferecendo informações relevantes para 
que os erros sejam superados. 
 A perspectiva pedagógica saúde renovada, diferentemente das citadas anteriores, 
tem por finalidade convicta e às vezes única, de ressaltar os aspectos conceituais acerca 
da importância

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