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RESUMO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES (DIREITO CIVIL II) FIGURAS HÍBRIDAS ENTRE DIREITOS REAIS E OBRIGACIONAIS

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FIGURAS HÍBRIDAS ENTRE DIREITOS 
 REAIS E OBRIGACIONAIS 
 Obrigação propter rem (sobre a coisa): Essa 
 obrigação recai sobre uma pessoa por causa de 
 um determinado direito real. Diferente das 
 obrigações reais, essa modalidade de obrigação 
 não é oponível contra todos (não é erga omnes), 
 mas apenas a um sujeito único. 
 Tendo como exemplo a propriedade como a 
 coisa que vincula o possuidor, diremos que é um 
 direito real de eficácia erga omnes que todos 
 devem respeitar a propriedade. No entanto, em 
 face do vizinho do muro limítrofe, se estabelece 
 uma obrigação propter rem (sobre o muro), que 
 os dois têm de conservar e por isso arcar com as 
 despesas, não apenas respeitando. 
 Essa obrigação nasce justamente da posse que 
 um sujeito tem de determinada coisa, ou por ser 
 titular de uso e gozo dela. O devedor depende 
 da relação de posse existente entre o sujeito 
 determinado e a coisa. A obrigação decorre não 
 necessariamente da vontade, mas da relação de 
 um sujeito com uma coisa. 
 Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção 
 de sua parte, a concorrer para as despesas de 
 conservação ou divisão da coisa, e a suportar os 
 ônus a que estiver sujeita. 
 A obrigação vincula sempre o atual proprietário 
 da coisa (obrigação acompanha a coisa), e no 
 caso daquele que adquire um apartamento com 
 dívidas do condomínio, ele fica por elas 
 responsável. Há direito de regresso contra o 
 antigo proprietário, mas para o condomínio, ele 
 é quem responde. 
 O nascimento, transmissão e extinção da 
 obrigação propter rem seguem o direito real, 
 com uma vinculação de acessoriedade. 
 Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um 
 prédio tem o direito de fazer cessar as 
 interferências prejudiciais à segurança, ao 
 sossego e à saúde dos que o habitam, 
 provocadas pela utilização de propriedade 
 vizinha. 
 Por isso se diz que a “obrigação acompanha a 
 coisa”, seja quem for o autor. Elas se 
 caracterizam pela origem e pela 
 transmissibilidade automática. 
 Ônus reais: Ônus é um peso que recai sobre uma 
 coisa, restringindo o direito do titular de um 
 direito real. É uma via de mão dupla: o titular 
somente pode exercer um direito caso suporte 
seu ônus, então está diretamente ligado com o 
direito e seu resultado. Algumas distinções entre 
ônus reais e obrigações propter rem: 
a) a responsabilidade pelo ônus real é limitada 
ao bem onerado, não respondendo o 
proprietário além dos limites do respectivo valor, 
pois é a coisa que se encontra gravada; na 
obrigação propter rem responde o devedor com 
todos os seus bens, ilimitadamente, pois é este 
que se encontra vinculado; 
b) os ônus reais desaparecem, perecendo o 
objeto, enquanto os efeitos da obrigação 
propter rem podem permanecer, mesmo havendo 
perecimento da coisa; 
c) os ônus reais implicam sempre uma prestação 
positiva, enquanto a obrigação propter rem 
pode surgir com uma prestação negativa; 
d) nos ônus reais, a ação cabível é de natureza 
real; nas obrigações propter rem, é de índole 
pessoal.² 
O ônus, diferente do dever nas obrigações 
propter rem (que também se chamam 
obrigações reais), não tem coercibilidade. Assim, 
a parte onerosa pode ignorar o cumprimento do 
ônus, apenas sofrerá consequências, mas não 
pode ser obrigada a cumprir. Normalmente, 
tratam-se de prestações periódicas. 
Art. 1.405. Se o usufruto recair num patrimônio, 
ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos 
juros da dívida que onerar o patrimônio ou a 
parte dele. 
Art. 1.409. Também fica sub-rogada no ônus do 
usufruto, em lugar do prédio, a indenização 
paga, se ele for desapropriado, ou a importância 
do dano, ressarcido pelo terceiro responsável no 
caso de danificação ou perda. 
Obrigações com eficácia real: Obrigações com 
eficácia real são obrigações que, sem perder seu 
caráter de direito a uma prestação, 
transmitem-se e são oponíveis a terceiro que 
adquira direito sobre determinado bem. 
Art. 576. Se a coisa for alienada durante a 
locação, o adquirente não ficará obrigado a 
respeitar o contrato, se nele não for consignada 
a cláusula da sua vigência no caso de alienação, 
e não constar de registro. 
Se houver cláusula de vigência (abarcando a 
hipótese de alienação contra terceiros) no 
contrato, o adquirente fica obrigado a respeitar 
o contrato e, assim, permanece o locador no 
local alienado. Portanto, aqui, tem o locador uma 
obrigação com eficácia real, em razão do 
contrato, com eficácia para terceiros.

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