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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL Universidade Federal de Jataí UNIDADE ACADÊMICA ESPECIAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA MÓDULO DETERMINANTES BIOLÓGICOS DOS PROCESSOS SAÚDE DOENÇA I APOSTILA DE MICROBIOLOGIA MÉDICA I Profa. Dra Mariana Bodini Angeloni Jataí, 2020/2 SUGESTÕES DE BIBLIOGRAFIA PARA ESTUDO BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS PARA O ESTUDO DA MICROBIOLOGIA MÉDICA I 1. Aulas práticas de Bacteriologia Humana. [e-book] / organizadora, Mônica Santiago Barbosa. – Dados eletrônicos. - Goiânia: Gráfica UFG, 2020. 16 p. : il. Disponível em: https://producao.ciar.ufg.br/ebooks/iptsp/bacteriologia_humana/artigo_1.html 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. 248 p.: il. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes- terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde: volume único [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. – 3ª. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 740 p.: il. ISBN 978-85-334-2706-8. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/junho/25/guia-vigilancia-saude-volume-unico-3ed.pdf 4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 364 p.: il. ISBN 978-85-334-2696-2. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_recomendacoes_controle_tuberculose_brasil_2_ed.pdf. 5. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Brasília: Anvisa, 2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+4+- +Medidas+de+Preven%C3%A7%C3%A3o+de+Infec%C3%A7%C3%A3o+Relacionada+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+% C3%A0+Sa%C3%BAde/a3f23dfb 6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Leptospirose: diagnostico e manejo clinico / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 44: il. ISBN 978-85-334- 2159-2. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/leptospirose-diagnostico-manejo-clinico2.pdf. 7. FERNANDES, T. et al. Resistência de Neisseria gonorrhoeae a antimicrobianos na prática clínica: como está o Brasil? Femina/FEBRASGO, v. 46, n. 02, p. 76-89, 2018. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/34Z-ZVolZ46Z-Zn2-Z2018.pdf. 8. FILHO, H. M. T. Gastroenterites Infecciosas. JBM. vol. 101, n. 2, 2013. 9. LEITE, A. A. et al. Análise do líquido cefalorraquidiano. revisão de literatura. Atas de Ciências da Saúde, v. 4, n. 3, p. 1–24, 2016. 10. SILVA, R.C.; JÚNIOR, G.G.S. Gonorreia e sua resistência a antibióticos: uma revisão de literatura. BJSCR, v. 29, n. 1, p. 124 – 132, 2020. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20191208_112839.pdf. 2 https://producao.ciar.ufg.br/ebooks/iptsp/bacteriologia_humana/artigo_1.html https://producao.ciar.ufg.br/ebooks/iptsp/bacteriologia_humana/artigo_1.html http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/junho/25/guia-vigilancia-saude-volume-unico-3ed.pdf https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/junho/25/guia-vigilancia-saude-volume-unico-3ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_recomendacoes_controle_tuberculose_brasil_2_ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_recomendacoes_controle_tuberculose_brasil_2_ed.pdf http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+4+-+Medidas+de+Preven%C3%A7%C3%A3o+de+Infec%C3%A7%C3%A3o+Relacionada+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+%C3%A0+Sa%C3%BAde/a3f23dfb http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+4+-+Medidas+de+Preven%C3%A7%C3%A3o+de+Infec%C3%A7%C3%A3o+Relacionada+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+%C3%A0+Sa%C3%BAde/a3f23dfb http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+4+-+Medidas+de+Preven%C3%A7%C3%A3o+de+Infec%C3%A7%C3%A3o+Relacionada+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+%C3%A0+Sa%C3%BAde/a3f23dfb http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+4+-+Medidas+de+Preven%C3%A7%C3%A3o+de+Infec%C3%A7%C3%A3o+Relacionada+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+%C3%A0+Sa%C3%BAde/a3f23dfb http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+4+-+Medidas+de+Preven%C3%A7%C3%A3o+de+Infec%C3%A7%C3%A3o+Relacionada+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+%C3%A0+Sa%C3%BAde/a3f23dfb http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+4+-+Medidas+de+Preven%C3%A7%C3%A3o+de+Infec%C3%A7%C3%A3o+Relacionada+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+%C3%A0+Sa%C3%BAde/a3f23dfb http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/leptospirose-diagnostico-manejo-clinico2.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/leptospirose-diagnostico-manejo-clinico2.pdf https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/34Z-ZVolZ46Z-Zn2-Z2018.pdf https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/34Z-ZVolZ46Z-Zn2-Z2018.pdf https://www.mastereditora.com.br/periodico/20191208_112839.pdf https://www.mastereditora.com.br/periodico/20191208_112839.pdf LEIA O CASO CLÍNICO ABAIXO E RESPONDA: CASO CLÍNICO: INTRODUÇÃO A INFECÇÕES BACTERIANAS 1. É possível associar a evolução do quadro da paciente com uma infecção bacteriana? Explique. 2. Retire do caso TODAS as alterações que indicam possível quadro de infecção bacteriana. 3. Confirmada a infecção causada por uma bactéria discuta sobre a origem desse microrganismo. MECANISMOS MICROBIANOS DE PATOGENICIDADE TORTORA et al., Microbiologia, 2012 3 ❖ Após a realização da coloração analise a lâmina no microscópio e identifique a forma e a coloração das bactérias analisadas. Classifique-as de acordo com esses parâmetros. ❖ Explique as diferenças entre as paredes das bactérias Gram + e Gram – tanto na estrutura quanto na resposta do hospedeiro quando há um quadro infeccioso. ❖ Discuta sobre a importância dessa classificação na área médica. AULA PRÁTICA: FORMAS BACTERIANAS E COLORAÇÃO DE GRAM 1. Após a paramentação de segurança, abra a placa onde foram cultivadas as bactérias (Staphylococcus aureus e Escherichia coli); 2. Acenda o bico de Bunsen para esterilização da alça; 3. Retire, com o auxílio da alça, um pequeno fragmento de uma colônia de bactéria presente na placa; 4. Coloque o fragmento sobre a lâmina de vidro 5. Fixe o material utilizando a chama do bico de Bunsen; 6. Após a fixação proceda como descrito abaixo: Fonte: TORTORA et al., Microbiologia, 2016 4 EXERCÍCIOS: ANTIBIÓTICOS 1. Expliquequais são as principais classes de antimicrobianos. Como é feita essa divisão? 2. Qual a diferença entre antibioticoterapia profilática e terapêutica? 3. Diferencie antibióticos de efeito bacteriostático e bactericida. 4. O que são antibióticos β-lactâmicos? Quais classes pertencem a esse grupo? 5. Relacione a utilização dos β-lactâmicos com mecanismos de resistência adquiridos pelas bactérias. Explique a importância da utilização dos inibidores de β-lactamases e as combinações utilizadas para tratamento. 6. Discuta sobre a descoberta da penicilina e sua importância na área médica. 7. Quais os tipos de penicilina? Explique as diferenças entre elas. 8. Explique o que são os carbapenêmicos e discuta sobre a presença de carbapenemases em algumas bactérias. 9. Explique como é realizado a escolha pela sequência de antibióticos que será utilizada em um paciente. 10. Discuta a indicação e efeitos colaterais da vancomicina. 11. Discuta quem são, a indicação e os efeitos colaterais dos aminoglicosídeos. 12. Discuta sobre a indicação e efeitos colaterais da polimixina. 13. A imagem abaixo (Murray et al. Microbiologia Médica, 2016) representa as principais formas de resistência bacteriana aos antibióticos. Discuta cada um deles. 5 CASO CLÍNICO: ENTEROBACTÉRIAS (Gastroenterites Bacterianas) P. A. G., 33 anos, sexo masculino, natural e residente em Jataí-GO. Paciente é atendido no Hospital das Clínicas com queixa de diarreia, dor abdominal e febre alta. Relata que a diarreia se iniciou há 5 dias, tendo característica aquosa, e evoluiu há 3 dias com presença de muco e sangue e fezes em menor quantidade. Ao exame físico, apresenta-se desidratado (+/4+), hipocorado (+/4+), acianótico, anicétrico, febril (38,5ºC) e com abdome doloroso difusamente à palpação. Quanto aos hábitos nocivos de vida, relata residir em moradia sem saneamento básico, é portador de obesidade grau I, possui alimentação rica em gorduras e se alimenta constantemente em lanchonetes e restaurantes e é tabagista. 1. Diante da sintomatologia do paciente, aponte os prováveis agentes etiológicos bacterianos. 2. A partir dos agentes etiológicos levantados, aponte fatores clínicos e epidemiológicos favoráveis e desfavoráveis às infecções por estes patógenos. 3. Cite quais exames laboratoriais deveriam ser solicitados para confirmar o diagnóstico e auxiliar no manejo e quais achados seriam encontrados nestes exames. 4. Discuta a patogênese das infecções levantadas na questão 1, apontado características dos agentes infecciosos e da resposta do hospedeiro 6 AULA PRÁTICA: UFC, ANTIBIOGRAMA E RESISTÊNCIA MICROBIANA AOS ANTIBIÓTICOS A IMAGEM AO LADO É DE UM ANTIBIOGRAMA. Interprete a imagem descrevendo como é realizado um antibiograma, o que é MIC (concentração inibitória mínima e como esses dados são utilizados quando há necessidade de prescrição de um antibiótico adequado frente a uma infecção bacteriana. UNIDADES FORMADORAS DE COLÔNIAS - UFC Explique o conceito de UFC (Unidades Formadoras de Colônia) e a importância da interpretação da UFC na área médica. O painel ao lado representa o resultado de um antibiograma realizado com amostras de uma paciente com pielonefrite (após sucessivos quadros de infecção bacteriana de trato urinário). Os resultados demonstram a resistência (R) e a sensibilidade (S) da bactéria frente a diferentes antimicrobianos. Essa resistência ou sensibilidade se deve a presença (ou ausência) de enzimas nas bactérias. Baseado no resultado ao lado indique os antimicrobianos que você escolheria para prescrever para essa paciente. ** Resultado inconclusivo. 7 8 CASO CLÍNICO: BACILOS GRAM NEGATIVOS – UFC E RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA D.E.M, 60 anos, deu entrada em um Hospital Universitário dia 11 de janeiro de 2013 encaminhado via SAMU proveniente de serviço de saúde de outra cidade, com diagnóstico de Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEI), com diminuição da força em hemicorpo D e disfasia, Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Broncopneumonia (BCP). Após quatro dias na instituição, evoluiu com piora do quadro, rebaixamento do nível de consciência sendo necessária intubação orotraqueal (TOT) e ventilação mecânica. Foi iniciada antibioticoterapia com Piperacilina/Tazobactam. Entre os dias 28/01 e 01/02 foram solicitados cultura de swab retal, urina e aspirado do trato respiratório inferior, e foi isolado Acinetobacter baumannii carbapenem resistente (CR) 104 UFC/ml (secreção traqueal), no swab e urocultura (colonização). Iniciado tratamento com meropenem empírico (29/01) e, após resultados, Colistina (02/02) para ampliar o tratamento. No dia 02/02 houve a necessidade de troca da sondagem vesical de demora devido presença de leveduras (++) na urina e foi prescrito Fluconazol. Não houve melhora do quadro. Paciente permaneceu febril, então solicitada nova urocultura, que foi positiva para Candida spp. resistente ao Fluconazol e Voriconazol e foi iniciado tratamento com Micafungica. No dia 15/02 foi suspenso meropenem e mantidos Colistina e Micafungica por mais três dias somente. Foi associada Amicacina no dia 19/02 devido a persistência de Acinetobacter baumannii CR 107 UFC/ml em secreção traqueal e urocultura e permanência do estado febril. No dia 20/02 foi identificado alterações nos marcadores de função renal do paciente e então a Colistina foi substituída pelo Ciprofloxacino e a Amicacina foi mantida. Dois dias depois foi acrescentado um carbapenem (meropenem) no tratamento que permaneceu até dia 27/02. Posteriormente, foram suspensos o Ciprofloxacino e a Amicacina, mantido o carbapenem e reintroduzida a Colistina. Foi realizada nova cultura de material do trato respiratório inferior, na qual foram isolados Pseudomonas aeruginosa 105UFC/mL. No dia 09/03 isolado Pseudomonas aeruginosa CR e resistente a colistina em secreção traqueal e na urocultura, sendo interrompido o uso Colistina, substituída por Teicoplanina e Bactrim. Paciente manteve-se febril. No dia 23/03 houve retorno da utilização da Colistina, sendo está utilizada até o dia 03/04. No dia 04/04 houve notificação Pseudomonas aeruginosa CR e resistente a colistina isolada no sangue, iniciando antibioticoterapia com Tigeciclina. Após tentativa de tratamento o paciente veio ao óbito no dia 14/04 devido a choque séptico refratário e falência múltipla de órgãos. 1. Discuta a importância da determinação da quantidade de Unidades Formadoras de colônia quando há isolamento de microrganismos em amostra biológica de um paciente. 2. Qual a importância da realização de exames que determinem possíveis resistências aos antimicrobianos em microrganismos isolados de pacientes? 3. Explique como foram identificadas as resistências dos microrganismos aos medicamentos citados no caso acima. 4. Relacione a presença de bactérias resistentes a diferentes classes de medicamentos com a evolução clínica do paciente do caso acima. CASO CLÍNICO - BACILOS GRAM NEGATIVOS NÃO ENTÉRICOS: Helicobacter pylori EXERCÍCIOS: BACILOS GRAM NEGATIVOS NÃO ENTÉRICOS - Haemophilus influenzae Executivo de 37 anos volta à clínica para acompanhamento de dor recorrente na região superior do abdômen. Apresentou-se há três semanas queixando-se de aumento na frequência e na intensidade da dor epigástrica, com sensação de queimação, a qual vem sentindo ocasionalmente a mais de dois anos. Agora sofre com a dor de 3 a 4 vezes por semana, em geral quando está com o estômago vazio, e é frequentemente acordado por ela a noite. A dor quase sempre é aliviada com a ingestão de alimentos ou antiácidos, mas volta em duas ou três horas. Ele admite que as tensões no trabalho aumentaram recentemente e que, por causa de longosperíodos de trabalho, está ingerindo mais cafeína e se alimentando mais de fast foods. Sua história médica é normal. O exame realizado para sangue oculto nas fezes foi negativo. Você aconselhou mudança na dieta e prescreveu um inibidor de bomba de prótons. Os sintomas regrediram inicialmente. Após um tempo o paciente retorna com os mesmos sintomas mesmo após seguir as orientações anteriores. 1. Em casos como esse é importante realizar uma investigação de possível infecção bacteriana? Justifique. 2. Pensando no contexto infeccioso bacteriano, qual a próxima conduta sua na investigação dos sinais clínicos do paciente? 3. Sugira um achado microbiológico nesse caso e a relação desse achado com os sintomas do paciente. Descreva a fisiopatologia da infecção em questão 4.Discuta a importância do tratamento antimicrobiano nesses casos. Mulher de 63 anos tem subitamente calafrios com tremores, febre e tosse produtiva. Estava bem de saúde até uma semana atrás, quando teve congestão nasal e leve dor no corpo difusa. Sentia-se bem até a noite anterior, quando ficou cansado, febril e teve tosse com dor pleurítica do lado direito. Nega tabagismo. Os sinais vitais estão normais, exceto pela temperatura de 38,8ᵒC. A saturação de oxigênio em ar ambiente é de 100%. Ela está confortável, exceto quando tosse. Ao exame físico há som pulmonar claro com ruídos na base do pulmão direito. É realizada a coleta de secreção respiratória e enviada para cultura. Inicia-se antibioticoterapia empírica. O resultado da cultura foi positivo para H. influenzae. 1. Discuta sobre as formas de contaminação da paciente por essa bactéria. 2. Além do quadro respiratório, essa bactéria pode estar associada a outros quadros infecciosos. Discuta sobre esses outros quadros. 3. Se essa paciente estivesse hospitalizada o quadro acima seria mais preocupante? Explique. 4. Há vacina disponível para essa bactéria. Dê mais detalhes sobre essa vacina e utilize o calendário vacinal do SUS para detalhar sobre quando deve-se realizar essa vacinação. 9 ANALISE OS RESULTADOS DE EXAMES ABAIXO: MARQUE TODOS OS DADOS QUE SE RELACIONEM AO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE INFECÇÃO BACTERIANA. AULA PRÁTICA: EAS E UROCULTURA Escherichia coli 10 0 CASO CLÍNICO: BACILOS GRAM NEGATIVOS Paciente M.A.V., sexo feminino, 70 anos com doença de Alzheimer é levada até o pronto atendimento com um quadro de gastroenterite, segundo o familiar que a acompanha há 4 dias, caracterizado por fezes aquosas não sanguinolentas com mais de 6 episódios por dia. A paciente está confusa e agressiva com os funcionários, o que, segundo a família não é seu estado mental normal. Sua temperatura é de 38ᵒC, o pulso é de 130 bpm, a pressão arterial é de 76/32 mmHg, a frequência respiratória é de 24bpm, com saturação de oxigênio de 95% em ar ambiente. Ao examiná-la você verifica que ela está letárgica, mas agita-se quando incomodada. As veias do pescoço estão planas. Estado geral regular, acianótica e anictérica. Sem alterações à ausculta cardíaca ou pulmonar. O exame de abdômen está normal, e as extremidades estão quentes e róseas. Apresenta um quadro de desidratação grave, com tempo de enchimento capilar maior que 3 segundos, e o opta-se por interna-la. Um cateter venoso periférico e um cateter urinário são inseridos. É efetuada a reposição de fluidos, com melhora gradual do quadro clínico. Foi solicitado um hemograma e um exame de urina, acompanhado de urocultura. Inicia-se um tratamento com antibiótico de amplo espectro. Mesmo após a terapia com antibiótico, após 4 dias a paciente apresenta piora no quadro, com febre de 39ᵒC, calafrios e reclama de dor na região lombar e piúria (presença de pus na urina). Inicia-se tratamento com Piperacilina/tazobactam. Resultados dos Exames Laboratoriais: ERITROGRAMA Hemácias 4,20 milhões/mm3 (VR: 4,3 a 5,0) Hemoglobina 13,4 g/dL (VR: 12,0 a 15,5) LEUCOGRAMA - Contagem de leucócitos de 14.000/mm3 (VR: 3.500 – 10.500 /mm3) - 85% de neutrófilos PLAQUETAS: 215.000/mm3 (VR: 135.000 a 450.000) CREATININA: 2,5 mg/dL (VR: 0,50 – 0,90 mg/dL) UROANÁLISE (EAS e Urocultura): 30 piócitos (leucócitos) por campo (VR: 5,0 p/c) > 100.000 UFC - Unidades Formadoras de Colônias (E. coli) 1. Quais as possíveis causas do quadro inicial da paciente que a levou até o hospital? 2. É possível relacionar o quadro inicial da paciente com o agravamento posterior do caso? Explique as possíveis origens (nessa paciente) do agente causador da piora do quadro clínico da paciente após os 4 dias de internação. 3. Após 4 dias de internação e tratamento com antibiótico, e de melhora no quadro inicial, a paciente volta a apresentar alterações clínicas. Explique porque, mesmo após a realização do tratamento, a paciente apresentou piora clínica. 4. Levando-se em conta o microrganismo que foi identificado na paciente pelos exames laboratoriais, ela poderia apresentar um quadro clínico mais grave e fatal do que o que ela já apresenta? Explique. 5. Qual (is) conduta (s) o médico poderia tomar para garantir um bom prognóstico nesse caso? 10 11 RELATO DE CASO E EXERCÍCIOS: BACILOS GRAM POSITIVOS – Listeria monocytogenes EXERCÍCIOS: BACILOS GRAM POSITIVOS – Clostridium tetani Chamberlain, Medical Microbiology, 2018 A imagem ao lado representa o mecanismo de ação da toxina tetânica. Sobre o tétano responda: 1. Discuta as principais características da bactéria causadora do tétano e formas de contaminação por essa bactéria. 2. Explique a fisiopatologia da doença 3. Quais são as principais alterações clínicas em um paciente com tétano. 4. Explique como é realizado o diagnóstico e qual o tratamento do tétano. 5. Discuta sobre a vacina anti-tetânica e utilize o calendário vacinal do SUS para detalhar sobre quando deve-se realizar essa vacinação. Paciente feminino, 31 anos, na 22ª semana de sua segunda gestação. Apresentava cefaleia, dispneia, dor retro- orbitária e mialgia iniciadas há cerca de 20 dias da avaliação médica inicial. Negava uso de medicação diária, de doenças crônicas, etilismo e tabagismo. Sem queixas ginecológicas. À internação apresentava-se prostrada, desidratada e com mucosas hipocoradas e anictéricas. A pressão arterial sistêmica era de 100 x 60 mmHg, com frequência cardíaca e de pulso de 100 bpmin e temperatura axilar de 39,1ºC. O exame do aparelho respiratório mostrou sons respiratórios diminuídos bilateralmente e sem ruídos adventícios. O abdome era globoso, com ruídos hidroaéreos presentes, indolor e com útero palpável no nível da cicatriz umbilical e feto em boas condições. Os exames complementares revelaram: hemácias: 3,06x106/mm3; hemoglobina: 9,2g%; hematócrito: 26,4%; global de leucócitos: 12.400/mm3 com 9% de bastonetes, 84% de segmentados, 4% de linfócitos e 3% de monócitos; plaquetas: 242.000/mm3; velocidade de hemossedimentação: 95 mm e exame de urina rotina sem alterações. O estudo radiológico de tórax e seios da face estava normal. Foram colhidas amostras para hemocultura e urocultura. Durante a internação, a paciente evoluiu com quadro súbito de taquidispneia e dor abdominal em cólica, com interrupção dos movimentos fetais. Ultrassom obstétrico com gestação eutópica, com 23 a 24 semanas. Exames mostraram ausência de trombose venosa profunda e baixa probabilidade para tromboembolismo pulmonar, respectivamente. O ecodopplercardiograma transesofágico não detectou alterações cardíacas. No quinto dia de internação, a febre cessou, mas a paciente apresentou sangramento vaginal intenso e dor em cólica de forte intensidade. À avaliação a equipe obstétrica constatou que a paciente estava em trabalho de parto pré-termo com contrações uterinas efetivas e colo dilatado (9 cm). O neonato morreu após o nascimento. A hemocultura evidenciou crescimento de Listeriamonocytogenes. Iniciou-se ampicilina endovenosa na dose de um grama, quatro vezes ao dia, durante 10 dias. A paciente manteve melhora clínica, recebendo alta hospitalar em uso de ampicilina oral durante 11 dias. 1. Explique as formas de contaminação pela L. monocytogenes. 2. Explique a fisiopatologia da listeriose não invasiva e invasiva. Identifique a forma da infecção no relato de caso descrito acima. 3. No relato acima indica-se o tratamento da listeriose. Discuta quando há indicação para instituir tratamento para a infecção com essa bactéria. 4. Explique a importância da instrução às gestantes quanto a hábitos alimentares e de higiene. 12 RELATO DE CASO E EXERCÍCIOS: BACILOS GRAM POSITIVOS – Clostridium botulinum E. L. M. O., 39 anos, masculino, iniciou quadro de vômitos, diarreia e turvação visual. Dois dias depois, foi admitido no Hospital com aparecimento abrupto de ptose bipalpebral, disartria, xerostomia, disfagia, desconforto respiratório, miastenia e dor cervical que irradiava para o tórax. Ao exame, apresentava pupilas midriáticas, fotorreativas, nível de consciência, tônus e força muscular preservados, sem outras alterações. Na véspera do início dos sintomas, havia feito viagem, durante a qual havia ingerido palmito, salsicha e muçarela, servidos pela empresa transportadora. Os sintomas iniciaram-se, aproximadamente, 12 horas após a ingestão desses alimentos. O paciente negava uso de drogas, etilismo, tabagismo, contato com inseticidas ou comorbidades. Relatava que seu companheiro de viagem não apresentara nenhum sintoma. Negava doenças familiares. A avaliação laboratorial inicial revelou: Hemograma e Leucograma sem alterações. Plaquetas: 171.000. Uréia: 19 mg/dL; creatinina: 1,0 mg/dL; Na: 145 meq/L; K: 3,9 meq/L; Cl: 111 meq/L; Ca: 8,5 meq/L; Mg: 2,1 meq/L; PCR: 12. Foi realizada tomografia computadorizada (TC) de crânio e punção liquórica: líquido límpido, glicose 73mg/dL, proteína 30mg/dL, hemácias 31/mm, leucócitos 02/mm: polimorfonucleares zero e linfócitos 100%. Culturas para bactérias e fungos negativas. Constando-se que o material que estava dentro dos parâmetros da normalidade. Aventada a hipótese de intoxicação alimentar, o paciente foi encaminhado ao serviço de toxicologia. Ele queixava de piora progressiva dos sintomas. Mediante a impossibilidade de se afastar um quadro de miastenia gravis foi realizada prova terapêutica com 1mg de neostigmine, sem melhora dos sintomas. Simultaneamente, foi feito contato com a vigilância epidemiológica, para notificação de provável caso de botulismo e solicitação do soro antibotulínico. Durante o exame neurológico, o paciente apresentou vômitos, apnéia e parada cardiorrespiratória. As manobras de ressuscitação foram imediatamente iniciadas com reversão rápida do quadro. O paciente foi intubado e colocado em ventilaçâo mecânica (VM). Logo após, foi transferido para a UTI, onde recebeu a antitoxina botulínica polivalente. O paciente permaneceu em VM por três semanas e, durante esse período, evoluiu com melhora progressiva das alterações neuromusculares. Apresentou como complicação pneumonia nosocomial com boa resposta à antibioticoterapia. Recebeu alta hospitalar após dois meses da sua admissão, sem déficits. O resultado final dos exames só foi divulgado no 15º dia de internação: toxina botulínica tipo A e toxina termolábil haviam sido encontradas em amostras do soro e fezes, respectivamente. Os testes foram realizados por bioensaio em camundongos, técnica preconizada pelo CDC de Atlanta (EUA) e pelo Ministério da Saúde do Brasil para diagnóstico de botulismo. 1. Após a leitura do caso clínico retire TODAS as alterações (clínicas e laboratoriais) que estão associados a quadro de Botulismo. 2. O que, relatado pelo paciente, foi importante para a condução diagnóstica do caso? Explique. 3. Discuta sobre o tratamento do botulismo. DIAGNÓSTICO DE BOTULISMO (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019) IMPORTANTE 13 CASO CLÍNICO: BACILOS GRAM POSITIVOS – Clostridium difficile A.M.V., residente de Jataí/GO, sexo feminino, de 44 anos e sem antecedentes pessoais relevantes, foi submetida a histerectomia total abdominal uterina. De acordo com o protocolo, foi utilizada como profilaxia antibiótica a cefoxitina 1g endovenosa até três administrações. No segundo dia do pós-operatório, por sintomatologia sugestiva de cistite aguda e tendo em conta a manipulação uretral recente, foi instituída antibioticoterapia empírica com cefuroxima 500mg, que foi realizada durante oito dias. No décimo dia de pós-operatório iniciou um quadro clínico com febre associada a mal estar geral, que culminou com o aparecimento de diarreia aquosa. Foram realizados alguns exames que apresentaram os seguintes resultados: Hemograma: Leucócitos 14.000/mm3 (VR: 5.000 – 10.000/mm3), com 84% de neutrófilos. Plaquetas 150.000/mm3 (VR: 150.000 – 600.000/mm3); PCR: 359 mg/L (Valor de referência: 8 mg/L) Para exclusão de complicações cirúrgicas, foi requisitada uma tomografia computorizada abdomino-pélvica que revelou espessamento da parede do reto e sigmoide. A partir dessas alterações o médico solicitou uma colonoscopia. Na sequência deste resultado foi realizada colonoscopia que mostrou eritemas múltiplos da mucosa retal e lesões consistente com colite pseudomembanosa. Perante a suspeita clínica e imaginológica de diarreia associada ao C. difficile, foi solicitada a coprocultura, cujo resultado inicial foi inconclusivo. A bacterioscopia realizada em amostras de fezes indicava a presença maciça de bacilos gram positivos. A partir desses resultados foi iniciada terapêutica empírica com Vancomicina durante 7 dias associada com medicamentos repositores de microbiota, com resolução clínica completa em quatro dias. Manteve-se assintomática e com recuperação ponderal durante duas semanas. 1. Baseado no caso indique alterações clínicas e laboratoriais que demonstram que a paciente apresentou um quadro de infecção bacteriana. 2. Estabeleça uma relação entre a cirurgia que a paciente foi submetida e a ocorrência da infecção pela bactéria C. difficile. 3. Explique a importância da bactéria que contaminou a paciente em ambientes hospitalares. 4. Quais os fatores de risco para a infecção por C. difficile? 5. Apesar do resultado da coprocultura ter sido inconclusivo há dados no caso que podem levar a suspeita da infecção por C. difficile, quais são esses dados sugestivos? 6. A partir da figura abaixo explique a imunopatogênese da colite pseudomembranosa. PATOGÊNESE DA COLITE PSEUDOMEMBRANOSA Ferreira, Colite pseudomembranosa associada aos antibacterianos, 2013 14 CASO CLÍNICO: COCOS GRAM NEGATIVOS – Neisseria meningitidis Uma criança de 7 anos, previamente hígida foi internada em uma instituição de saúde localizada no município de Jataí/GO com história de febre alta, crises convulsivas e vomito. Na avaliação médica a criança apresentava-se com febre alta, dificuldade para encostar o queixo no peito e presença de manchas púrpuras por todo o corpo. Rapidamente o pediatra têm a suspeita clínica de meningite e realiza punção lombar para análise do LCR (líquido cefalorraquidiano) e solicita a coleta de hemocultura, hemograma e gasometria. Após a coleta dos exames é administrado uma dose elevada de Rocefin (Ceftriaxona) para a criança como tratamento de escolha. O paciente evolui com dificuldade respiratória e acidose metabólica (saturação de O2 de 89%) e pH sanguíneo de 6,96. O pediatra realiza a intubação da criança (ventilação mecânica) como manejo para tentar corrigir a saturação de oxigênio e é administrado bicarbonato de sódio 8,4% intravenoso para correção do pH sanguíneo. Mesmo com todo o suporte terapêutico oferecido a criança, a mesma veio ao óbito após 24 horas de internação. Ao receber o líquor para análise laboratorial o Microbiologista percebe que o material encontrava-se turvo e xantocrômico (aspectoamarelado), ao exame microscópico foi possível observar a presença de numerosas células com aspecto sugestivo de neutrófilos poliformonucleares. Parte do material foi separada para centrifugação para realização de coloração de Gram, pesquisa de fungos (técnica de Naquim) e pesquisa de parasitas. RESULTADO DE ANÁLISE DO LÍQUOR LIQUOGRAMA EXAME FÍSICO RESULTADOS VALORES DE REFERÊNCIA Aspecto Turvo Límpido Cor Xantocrômico Incolor EXAME BIOQUÍMICO RESULTADOS VALORES DE REFERÊNCIA Glicose 2,0 20 – 40 mg/dL Relação glicose LCR/sangue < 0.3 2/3 da glicemia Proteínas 596,0 15 – 45 mg/dL EXAME DE CITOMETRIA RESULTADOS VALORES DE REFERÊNCIA Leucócitos 11.100 < 5 mm3 Polimorfonucleares 88 0% Eritrócitos Ausentes Ausentes PESQUISA DE AGENTES INFECCIOSOS RESULTADOS VALORES DE REFERÊNCIA Bacterioscopia Direta (Método GRAM) presença de numerosos leucócitos polimorfonucleares e presença de diplococos Gram-negativos Ausente Pesquisa de BAAR (Método Ziehl- Neelsen) Ausente Ausente Pesquisa de Fungos (Tinta Nanquim) Ausente Ausente Pesquisa de Parasitos (exame direto) Ausente Ausente 15 1. A suspeita inicial do pediatra é de meningite. Baseado nas alterações clínicas e nos exames laboratoriais da criança determine se a suspeita inicial do médico estava correta. 2. Qual bactéria provavelmente está associada ao caso em questão? Justifique baseado nos resultados dos exames microbiológicos. 3. A criança apresentava petéquias pelo corpo e alterações circulatórias sistêmicas. Explique como essas alterações circulatórias ocorrem. 4. Discuta sobre o desfecho do caso e a bactéria que causou o processo infeccioso da criança. 16 CASO CLÍNICO: COCOS GRAM NEGATIVOS – Neisseria gonorrhoeae L.A.M., 25 anos, feminino, casada, trabalha em um supermercado e residente em Jataí. Queixa principal: Dor e sangramento durante as relações sexuais História da doença atual: Refere ainda corrimento amarelado fluido em grande quantidade acompanhado de prurido genital intenso há 2 dias. Percebeu também ínguas na virilha há 4 dias, não dolorosas. Relata não ter tido febre. No interrogatório sintomatológico geral a paciente nega sintomas e relata disúria inicial; nega urgência miccional, polaciúria ou outros sintomas urinários. Ciclos menstruais regulares.Interrogatório com informações pessoais: Uma gestação sem intercorrências; Imunizações: não sabe informar, acha que só vacinou na infância; Método contraceptivo atual: DIU de cobre há 5 meses. Nega uso de preservativo com o marido e relata não ter relação sexual com outra pessoa. Hábitos de vida: Refere etilismo social, nega tabagismo. EXAME FÍSICO: Corada, hidratada, anictérica e acianótica, afebril. Consciente e orientada. ACV: sem sopros, FC= 85, PA= 100/60 mmHg, AR: Ausculta normal. Abdômen: indolor, plano, sem visceromegalias ou massas palpáveis. Membros e pele: presença de vários linfonodos com cerca de 1,5 cm de diâmetros em região inguinal bilateral, móveis, indolores à palpação. Vulva e períneo: Normal para idade e sexo; pequenos lábios simétricos; hiperemia vestibular. Exame especular: Vagina com paredes hiperemiadas e presença de máculas avermelhadas em colo. Conteúdo vaginal com aspecto mucoide, fluido abundante, bolhoso e com odor forte. Imagem do exame especular Com base na anamnese e exame físico e ginecológico, o médico solicitou alguns exames. Prescreveu um creme vaginal e orientou retorno em 7 dias com exames. Paciente retorna em 10 dias dizendo que não houve melhora do prurido e corrimento Exames laboratoriais: Hemograma: sem alterações; Leucócitos totais = 5.600/mm3 (sem desvio). Plaquetas= 235.000/mm3 Proteína C reativa= 12 mg/L. EAS: bacteriúria, nitrito positivo e restante sem alterações Urocultura negativa HIV e VDRL: não reagentes. Bacterioscópico à fresco de secreção vaginal: Esfregaço vaginal corado por coloração de Gram: Microbiota bacteriana alterada (intermediária) Bacterioscópico à fresco de secreção vaginal: Esfregaço vaginal corado por coloração de Gram: Presença de diplococos Gram Negativos 1. Qual o diagnóstico do caso acima? 2. Retire do caso TODAS as informações que justifiquem o diagnóstico apontado na questão 1. 3. Como deve ser realizado o tratamento nesse caso? 4. Como proceder em relação à paciente? COCOS GRAM POSITIVOS: INFECÇÃO BACTERIANA SISTÊMICA Veronesi, Tratado de Infectologia, 2015 (adaptoado) 17 COCOS GRAM POSITIVOS: EXERCÍCIOS 1. Descreva os grupos e espécies de importância médica dentro do grupo dos cocos Gram positivos. 2. Quais os principais quadros infecciosos resultantes da infecção por Staphylococcus sp? 3. Quais são os fatores de risco para desenvolvimento de infecções por Staphylococcus sp? Explique. 4. Diferencie doenças causadas por toxinas de infecções bacterianas supurativas. 5. Como é realizado o diagnóstico de infecções por Staphylococcus sp? 6. Explique como é realizada a diferenciação laboratorial das espécies Staphylococcus aureus e S. epidermidis. 7. Quais espécies de importância médica fazem parte do gênero Streptococcus? 8. Explique como os Estreptococos podem ser classificados. 9. Relacione as espécies patogênicas humanas de Estreptococos com os principais quadros clínicos causados por elas. 10. Explique a importância de realizar rastreio de S. agalactiae em gestantes. 11. Explique os fatores que favorecem o aparecimento de infecções causadas por Enterococcus sp. 12. Como é realizado o diagnóstico quando há suspeita de infecção por Streptococcus sp? 13. Como é realizado o diagnóstico quando há suspeita de infecção por Enterococcus sp? 14. Discuta sobre a gravidade de infecções sistêmicas causadas por cocos Gram positivos. CASO CLÍNICO: COCOS GRAM POSITIVOS Paciente do sexo feminino, 2 anos de idade, com história de febre de 39°C há 4 dias, dor abdominal. Apresentou-se com a mãe na Unidade de Pronto Atendimento e, de acordo com a mãe, há 15 dias a criança havia sido diagnosticada com infecção respiratória e que a mesma recebeu antibioticoterapia, por acesso venoso, durante 7 dias que permaneceu internada no hospital. A partir dessas informações a equipe médica decide manter a criança em observação e, no momento da sua admissão, amostras de sangue venosa e arterial foram colhidos para exames e realização de hemocultura. A paciente apresenta piora no quadro clínico após, aproximadamente 24 horas desde sua chegada ao Pronto Atendimento, sendo que nas últimas 4 horas começou a apresentar púrpuras distribuídas por todo o corpo. Novas amostras de sangue foram colhidas para análise laboratorial. O surgimento das púrpuras veio acompanhada de agravamento do caso. Ao exame físico encontrava-se em mal estado geral (MEG), desidratada (+/+4), pálida, pulsos periféricos não palpáveis, tempo de enchimento capilar de 6 segundos, taquipneica e taquicárdica, acianótica. Frequência cardíaca de 180 bpm. Pressão arterial (PA) de 80 x 60 mmHg. Peso 12 kg. Neurologicamente torporosa. Abdômen normal ao exame. Antecedentes familiares: nada digno de nota. Antecedentes pessoais: vacinação em dia. No pronto-atendimento foi imediatamente infundida com rápido volume sobre pressão (50 mL/kg de soro fisiológico). O resultado prévio da hemocultura revelou crescimento de cocos gram positivos arranjados na forma de cachos coagulase positiva e a antibioticoterapia empírica começou a ser realizada imediatamente. Enquanto aguardava os resultados dos demais exames, houve piora do quadro apresentando agora extremidades arroxeadas e frias e PA inaudível. Após nova expansão sob pressão com soro fisiológico e protocolo de medicamentos específicos para esse quadro, a paciente foi internada na UTI pediátrica. Os exames realizados após a piora do quadro da criança foram liberados e apresentam-se na tabela 1. A criança persistiu com hipotensão arterialnecessitando o uso de adrenalina, noradrenalina e hidrocortisona. Evoluiu para insuficiência renal oligúrica e, apesar da terapêutica agressiva instituída, a paciente evoluiu com parada cardiorrespiratória 20 horas após a entrada no pronto atendimento, sem resposta às manobras habituais de reanimação. RESULTADO DOS EXAMES LABORATORIAIS: HEMOGRAMA RESULTADOS VALORES DE REFERÊNCIA Leucócitos totais 21.000 6.000 a 11.000/mm3 Neutrófilos 90% 40 a 70% Plaquetas 12.000 140.000 a 450.000/mm3 Hemoglobina 8,0 10,3 a 15,2 g/dL EXAMES PARA DETERMINAR CAPACIDADE DE COAGULAÇÃO Dosagem de Fibrinogênio 100 300 a 600 mg/Dl 18 EXAMES DE IMAGEM: - O raio X de tórax mostra múltiplos nódulos periféricos mal definidos nos pulmões. Ecocardiograma: vegetação de aproximadamente 20 mm em átrio direito. 1. Qual a principal hipótese diagnóstica da paciente? Retire do caso TODAS as alterações que justifique sua hipótese diagnóstica. 2. Determine o agente etiológico envolvido no caso e discuta as possíveis origens desse agente na paciente. 3. Explique de que forma o agente etiológico em questão leva à evolução do quadro da paciente, como descrito no caso acima. 4. Explique a patogênese do aparecimento das púrpuras na paciente relacionando- as com o agente etiológico e os achados laboratoriais contidos no caso acima. 5. Além das citadas, que outras condutas médicas seriam importantes serem realizadas no caso dessa paciente. CASO CLÍNICO: COCOS GRAM POSITIVOS - SEPSE Paciente do sexo feminino, I.V.M.C, 20 anos, natural de Goiânia/GO foi admitida na enfermaria com história de febre há 20 dias apresentando dispneia, tosse intensa associada à rinorréia (corrimento nasal) de coloração purulenta. Ao exame físico apresentava temperatura de 38,0°C, e foi diagnosticada com pneumonia. Foi iniciado antibioticoterapia com meropenem, tendo em vista as diversas internações prévias e permaneceu internada no hospital. No 5º dia de internação, a paciente mantinha-se hipersecretiva, com episódios de cianose central e queda de saturação de oxigênio, apresentando as seguintes alterações clinicas: sua temperatura é de 35ᵒC, a pressão arterial é de 85/40 mmHg, a frequência cardíaca é de 90 bpm e a saturação de oxigênio é de 94% ao ar ambiente, evoluindo com insuficiência respiratória aguda e síndrome do desconforto respiratório agudo, sendo realizada intubação orotraqueal, e mantida sob ventilação mecânica. Foi então transferida para Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Durante internação na UTI e depois da administração de 2 litros de soro fisiológico, em 30 minutos a pressão arterial passou a 95/58 mmHg, além disso, necessitou de drogas vasoativas e recebeu múltipla antibioticoterapia, incluindo vancomicina. Evoluiu ainda com insuficiência renal aguda, sendo realizado diálise peritoneal por 10 dias, pausada por conta de infecção de líquido peritoneal por bactéria multirresistente; submetida, então, a hemodiálise por 10 dias. A Paciente permaneceu com cateter de hemodiálise por aproximadamente 40 dias, devido impossibilidade de obter outros acessos por trombose venosa. Foi realizado a dosagem de lactato com o seguinte resultado: Lactato: 5,0 mmol/L (Valor de referência: 0,4 – 2,0 mmol/L). Os resultados microbiológicos apresentaram hemocultura e cultura de ponta de cateter de hemodiálise positivas para Staphylococcus aureus resistente à vancomicina. Iniciou-se então o tratamento com o antibiótico linezolida. Mesmo com todo o suporte terapêutico oferecido a paciente, a mesma veio ao óbito. 1. Qual(is) o(s) provável(eis) diagnóstico(s) da paciente? 2. Quais evidências presentes no quadro clínico e nos exames laboratoriais podem ser apontadas como indicativas desse provável diagnóstico? 3. Quais outros exames laboratoriais deveriam ser solicitados para o fechamento do diagnóstico provável dessa paciente. 4. Relacione a piora do quadro clínico da paciente com a utilização dos antimicrobianos que foram escolhidos para o tratamento da mesma. 5. Discuta sobre a importância da realização das culturas e de antibiograma de forma precoce levando-se em conta o caso acima. 6. Discuta quais bactérias classificadas como cocos gram positivos podem estar associadas a doença de base da paciente (pneumonia). 19 AULA PRÁTICA: MICOBACTÉRIAS – Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium leprae BACILOS ÁLCOOL ÁCIDO RESISTENTES - BAAR BACILOSCOPIA – TÉCNICA DE COLORAÇÃO DE ZIEHL NEELSEN o Diferencie os seguintes termos: BAAR, Baciloscopia e Coloração de Ziehl Neelsen o Explique a importância da realização da técnica acima para o diagnóstico das infecções causadas por M. tuberculosis e M. leprae. o Explique o termo “paciente bacilífero” usado nos casos de tuberculose. o Explique como ocorre o crescimento e como é feito o cultivo dessas duas micobactérias de importância médica. o Discuta sobre as formas de contaminação por M. tuberculosis e M. leprae. o Explique o tipo de material e como ele deve ser coletado para realização da baciloscopia em pacientes com suspeita de tuberculose. EXERCÍCIO: Mycobacterium tuberculosis - TUBERCULOSE Pai et al., Tuberculosis, 2016 A imagem ao lado refere-se a tuberculose pulmonar durante a infecção aguda e a latente. 1) Analise a imagem e explique todo a evolução da doença abordando: infecção pela bactéria, infecção pulmonar aguda, mecanismo de formação do granuloma, lesão pulmonar associada ao granuloma, possibilidade de evolução da doença para a fase latente e possíveis formas de reativação da infecção latente. 2) Diferencie a capacidade de transmissão de um indivíduo na fase aguda e na fase de latência da infecção 20 CASO CLÍNICO: Mycobacterium tuberculosis - TUBERCULOSE TUBERCULOSE: Da infecção ativa até a tuberculose pulmonar Pai et al., Tuberculosis, 2016 Homem de 32 anos HIV – positivo, cuja última contagem de CD4 é desconhecida, vai ao Serviço de Emergência com febre de 39ᵒC. Ele relata que teve diagnóstico de infecção por HIV há cerca de três anos, quando foi ao médico com candidíase oral. Recebeu terapia antirretroviral altamente ativa (HAART) e ficou nesse regime de tratamento até cerca de 10 meses atrás, quando suspendeu o tratamento por conta própria. Ele tem estado mais abatido recentemente e nas últimas 3 a 4 semanas tem tido febre, cansaço e perda de apetite. De acordo com o paciente, ele perdeu 3 Kg no último mês. Ele ainda relata que há, aproximadamente, 3 semanas atrás apresentou tosse não produtiva e falta de ar ao fazer pequenos esforços e que, na última semana está com tosse produtiva. Durante o exame físico, a pressão arterial é de 134/82 mmHg, o pulso está 110 bpm e a frequência respiratória é de 28 mpm. A saturação de oxigênio em ar ambiente é de 89% e cai para 80% quando ele anda cerca de 30 metros, com a respiração levemente dificultada. A glândula tireoide está normal e não há linfadenopatia cervical ou supraclavicular. O pulmão apresenta sibilos expiratórios fracos e não observam-se lesões na mucosa oral. O ritmo cardíaco é regular e não apresenta sopros. O exame abdominal é normal, o toque retal não mostra massas. Exames laboratoriais: Análise de secreção pulmonar: BAAR positivo. Exame de imagem: A radiografia de tórax é mostrada na figura abaixo, demonstrando lesão cavitária no lobo inferior esquerdo e nódulos inflamatórios difusos. 1. Qual o provável diagnóstico do paciente? JUSTIFIQUE sua resposta utilizando as alterações clínicas e laboratoriais presentes no caso. 2. Explique como são formadas as lesões pulmonares apresentadas pelo paciente. RELACIONE com o diagnóstico feito na questão 1. 3. RELACIONE o quadro clínico do paciente com o fato dele ser HIV+. ABORDE o fato de o paciente ter interrompido o tratamento para o HIV. 4. Explique como é realizado o tratamento da tuberculose. 21 EXERCÍCIO:Mycobacterium leprae - HANSENÍASE APÓS A LEITURA DO MATERIAL SOBRE HANSENÍASE COMPLETE A TABELA ABAIXO E RESPONDA AS QUESTÕES: PACIENTE COM HASENÍASE NA FORMA TUBERCULOIDE PACIENTE COM HANSENÍASE NA FORMA LEPROMATOSA/VIRCHOWIANA Exame clínico: descrição das lesões de pele. (Quantidade de lesões e aspectos) Exames laboratoriais complementares - Baciloscopia: - Baciloscopia: - Histopatológico: - Histopatológico: Teste de hipersensibilidade do tipo tardia* (Mitsuda): Tamanho do halo: Teste de hipersensibilidade do tipo tardia* (Mitsuda): Tamanho do halo: PERFIL DE RESPOSTA IMUNOLÓGICA (aborde a formação, ou não, de granulomas) 1. Explique a fisiopatologia da hanseníase. Aborde o acometimento de sistema nervoso periférico. 2. Discuta sobre a forma indeterminada da hanseníase 3. Discuta sobre a perda de sensibilidade em pacientes com hanseníase. 4. Explique como deve ser realizado o tratamento da hanseníase e quais drogas devem ser utilizadas 5. Considerando os diagnósticos diferenciais para Hanseníase: a) Indique que doença parasitária seria diagnóstico diferencial para as lesões de pele apresentadas pelos pacientes acima descritos? b) Faça uma relação entre as formas da hanseníase e a doença parasitária citada na resposta da questão 5a. Aborde aspectos imunológicos e fisiopatológicos. RELATO DE CASO e EXERCÍCIOS: Mycobacterium leprae - HANSENÍASE F.C.G, masculino, 19 anos, morador de Cacoal-RO, refere que há três meses apresentou lesões do tipo nódulos na pele, não pruriginosas, não descamativa, sem presença de sangramentos ou exsudatos, em antebraços, mãos e pés. Relata já ter realizado consultas anteriores e sido diagnosticado como lesões por micose ou alergia, sendo prescrito tratamento com antifúngico tópico e sistêmico. Devido a não melhora dos sintomas, procurou outra unidade de saúde. Ao exame físico, apresentava lesões elementares, do tipo pápulas com bordas irregulares, circunscritas, eritematosas, hipercrômicas, de cor marrom-acastanhadas e tamanhos variáveis de 0,5 cm a 1 cm. Após a avaliação médica, foi solicitado raspado dérmico, resultando em Índice baciloscópico 5 +, sendo, então, diagnosticado com Hanseníase. Iniciou o tratamento com uso de PQT. Após 4 meses, o paciente apresenta reação hansênica do tipo 1, em uso de prednisona 20mg/dia. Está aguardando a avaliação do perito do INSS, pois não apresenta capacidade laboral no momento por queixas de muita fraqueza e dores. 1. Identifique a forma da hanseníase do paciente do relato de caso. Retire do caso elementos que comprovem sua resposta. 2. Explique o fato de após 4 meses de tratamento o paciente apresentar reação hansênica tipo 1. 3. Explique o fato de mesmo após o tratamento o paciente sentir fraqueza e dores. 22 CASO CLÍNICO: Treponema pallidum - SÍFILIS Paciente V.G.S., sexo masculino, 28 anos, comerciante, compareceu à Unidade Básica de Saúde da cidade de Jataí- GO, queixando-se de lesões em pele e mucosas. Na anamnese o paciente relata não ter hábitos nocivos e realizar exercícios físicos regulares. Na história da doença atual, o paciente relata que as lesões em pele surgiram há 5 dias em região de tronco, palmas das mãos e pés, além de quadros de febre, cansaço e dor no corpo. Ao ser questionado pelo médico, ele relata que em torno de 2 meses antes surgiu uma lesão única em língua, de bordos elevados, endurecidos e ulcerada, mas não procurou nenhum profissional da saúde porque a lesão era indolor e desapareceu em poucos dias. Ao exame físico, observa-se a presença de máculas com aspecto arredondado e regular, de coloração rósea em mãos, pés e rosto e, em tronco, as lesões são do tipo maculopapulares, de coloração esbranquiçada. Foram solicitados vários exames hematológicos e sorológicos, cujos resultados encontram-se abaixo: VDRL = reagente; título 1/128 (Metodologia-Floculação) Sorologia para HIV: reagente (Metodologia-Imunocromatografia) Sorologia para HBV e HCV: não reagentes (Metodologia-Imunocromatografia). 1) Qual a principal hipótese diagnóstica do caso? 2) Retire do caso todos as informações (clínicas e laboratoriais) que confirmem a hipótese diagnóstica. 3) Explique as formas de evolução da doença do caso acima. 4) Explique quais são os diagnósticos que podem ser realizados para a infecção do caso (divida os diagnósticos em direto/sorológico e treponêmico e não treponêmico). História Natural da Sífilis não tratada Campinton, The modern epidemic syphilis, 2020 23 CASO CLÍNICO: BACTÉRIAS ESPIRALADAS Paciente D.M.B., sexo masculino, 27 anos, solteiro, natural de Bragança-PA. Apresenta-se na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Rio Verde/GO, com queixa de febre de início súbito há 3 dias. Ele relata que há 2 dias, cursou com mialgia em membro inferior direito e não procurou o serviço de saúde por achar que era cansaço do trabalho (ocupação: profissional conservador de limpeza e vias públicas). Refere contato constante com água de chuva e ratos no local de trabalho, mesmo fazendo uso de botas. Há 3 dias vem apresentando cefaleia, náuseas e dor abdominal, além da febre (39ᵒC, aferida em casa). Ao exame físico apresentava-se em bom estado geral, com fácies de dor, abatido, ictérico, Pressão arterial: 90 × 55 mmHg; Frequência cardíaca: 110 bpm; Temperatura axilar: 39,5ᵒ C; Saturação O2: 96% em ar ambiente. Abdômen apresentava-se plano, levemente tenso com ruídos hidroaéreos normais. Doloroso difusamente à palpação superficial e profunda, hepatomegalia. Uma amostra de sangue é coletada e analisada a fresco e submetida a cultura. A análise da amostra em microscópio sugere microrganismos com características espiraladas mas o resultado dessa análise é inconclusivo. RESULTADOS DOS EXAMES SOLICITADOS: HEMOGRAMA: Eritrograma: hemácias: 3,57 teras/L (VR: 4 - 5 teras/L); hemoglobina: 8 g/dL (VR: 12 a 18 g/dL); hematócrito: 48% (VR: 36 - 45%); Leucograma: 12.000/mm3 (VR: 5.000 – 10.000/mm3), neutrófilos segmentados 30% (40-70%), bastonetes 10% (até 5%). Plaquetograma: 105.000/mm3 (VR: 150.000 a 450.000/mm3) BIOQUÍMICOS: Bilirrubina total: 2,1 mg/dL (VR: até 1,2 mg/dL); Bilirrubina direta: 0,4 mg/dL (até 0,3 mg/dL) Ureia sérica: 54 mg/dL (VR: 16 a 40 mg/dL); Creatinina: 1,4 mg/dL (VR: 0,5 a 1,2 mg/dL) TGO/AST: 55 U/L (VR: até 40 U/L) TGP/ALT: 51 U/L (VR: até 40 U/L) IMAGEM: Radiografia de Tórax sem alterações 1. Baseando-se em todos os parâmetros do caso, indique uma hipótese diagnóstica justificando-a. Retire do texto TODAS as informações (clínicas, epidemiológicas e laboratoriais) que direcionam para essa hipótese diagnóstica. 2. Quais diagnósticos diferenciais devem ser realizados no caso desse paciente? 3. Descreva como ocorre a evolução para gravidade em casos como esse. 24 EXERCÍCIOS: IRAS (INFECÇÕES RELACIONADAS A ASSITÊNCIA A SAÚDE) 1. Explique a diferença de infecções de comunidade e as IRAS 2. Analise a figura acima e, baseado nela, discuta as infecções relacionadas à assistência à saúde. 3. Relacione as IRAS com resistência antimicrobiana 4. Quais são as principais bactérias envolvidas nesses casos? 5. Discuta sobre o impacto de IRAS associadas a Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumanii. 6. Discuta a importância dos cuidados com P. aeruginosa em Unidades de Atendimento a Queimaduras. 7. Explique porque essas infecções em ambientes hospitalares e em UTI são potencialmente mais graves. 8. Discuta formas de diminuição da ocorrência dessas infecções associadas ao atendimento a saúde. 9. Explique porque cada ambiente de atendimento à saúde tem uma equipe destinada ao acompanhamento das IRAS. 10. Analise a imagem abaixo e relacione com as IRAS. Veronesi, 2015 25 RELATO DE CASO: INFECÇÃO SISTÊMICA EM PACIENTE EM UTIM.B.P.O., 44 anos, feminino, branca, casada, dois filhos. Procurou o pronto-socorro com queixa de dor abdominal difusa em cólica, evoluindo com distensão abdominal, náuseas e vômitos há 4 dias da admissão hospitalar. Referia picos subfebris de até 37,5 graus nas últimas 24 horas. Tem antecedentes de patologias abdominais como: enterectomia parcial há 11 anos devido à neoplasia maligna de intestino grosso, histerectomia total com ooforectomia e apendicectomia há sete anos. Foi avaliada imediatamente pela equipe de cirurgia geral que solicitou radiografia de abdômen e exames gerais. O hemograma revelou: Hb 11,3 g/ dL; 9.730 leucócitos com 77,3% de segmentados, sem desvio à esquerda; 208.000 plaquetas; proteína C reativa 4,56 (VR < 1,0); ureia 8mg/dl e creatinina 0,47mg/dl. Recebeu dipirona com escopolamina para quadro álgico e dimenidrato para náuseas e vômitos. A radiografia de abdômen não revelou nenhum sinal de obstrução intestinal. Evoluiu no pronto-socorro após 12 horas com piora importante da distensão abdominal, surgimento de ruídos metálicos à ausculta abdominal, vômitos com característica fecaloide e febre de 38 graus. Foi realizada outra radiografia de abdômen, complementada com tomografia computadorizada do abdômen e ambas revelaram espessamento de alças intestinais e “empilhamento em moedas”, revelando possível obstrução intestinal. Os exames revelaram Hb 9,7g/dL; 24.260 leucócitos com desvio importante à esquerda (2% mielócitos / 3% metamielócitos / 8% bastões / 80,1% segmentados); 152.000 plaquetas e PCR 23,05. A opção foi a laparotomia exploradora, sendo diagnosticado abdômen agudo obstrutivo no ato cirúrgico. Foi iniciada terapia antimicrobiana com ceftriaxona e metronidazol por sete dias com boa evolução. Após 48 horas de suspensão de antimicrobianos, a paciente evoluiu novamente com febre de até 38,5 graus e nova distensão abdominal. Foi ampliado o esquema de antimicrobiano com piperacilina + tazobactam, coletadas novas hemoculturas e realizada nova tomografia de abdômen que revelou nova obstrução intestinal. Feita nova reabordagem cirúrgica abdominal, com nova ressecção de alça de intestino delgado com sofrimento vascular, necrose e perfuração intestinal com visualização de peritonite fecaloide. Foi ampliado o esquema de antimicrobiano com vancomicina, meropenem e fluconazol (antifúngico). Após dois dias de uso, apresentou instabilidade hemodinâmica grave, necessitando de drogas vasoativas e intubação orotraqueal. Nesse momento, no 11º pós-operatório, o laboratório sinalizou o crescimento de bacilo gram-negativo, posteriormente identificado como Klebsiella pneumoniae produtora de ESBL em duas hemoculturas periféricas e cocos gram-positivos em uma amostra de hemocultura coletada do cateter central, posteriormente identificado como Enterococcus faecalis resistente à ampicilina. Pela instabilidade hemodinâmica, foi trocado fluconazol por anidulafungina (antifúngico). A paciente evoluiu com desmame de drogas vasoativas e resolução dos picos febris, porém após seis dias de uso do esquema amplo de antimicrobianos (vancomicina, meropenem e anidulafungina), retornou com novos picos febris e aumento da necessidade de vasopressores. Novas hemoculturas foram coletadas e houve crescimento de Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenêmicos, sendo ampliado o esquema de antimicrobianos com polimixina B e amicacina (antifúngico), e mantidos vancomicina, meropenem e anidulafungina. Apresentou melhora lenta, com resolução da febre e da instabilidade hemodinâmica após quatro dias do novo esquema de antimicrobianos. Após 25 dias de uso de vancomicina, meropenem e anidulafungina e de 19 dias de polimixina B e amicacina, a paciente teve seu esquema suspenso e manteve-se estável. No 39º pós-operatório, a paciente evoluiu com icterícia, parada de eliminação de gases e fezes e febre. Nova tomografia evidenciou coleções intra-abdominais, sendo realizada nova lavagem da cavidade abdominal e reiniciado amplo esquema com linezolida, meropenem, polimixina B e anidulafungina. As hemoculturas revelaram crescimento novamente de Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenêmicos e Enterococcus faecium resistente à vancomicina. Durante esse período a paciente apresentou melhora clínica, porém necessitou de sessões de hemodiálise e de nutrição parenteral. Após 12 dias do novo esquema de antimicrobianos (linezolida, meropenem, polimixina B e anidulafungina), evoluiu com novos picos febris e foram coletadas novas hemoculturas. O laboratório sinalizou o crescimento de leveduras em quatro frascos de hemoculturas (duas periféricas e dois de cateteres vasculares centrais) com tempo de positividade de 57, 60, 64 e 71 horas. Nesse momento, foram trocados todos os cateteres intravasculares, incluindo o de hemodiálise e efetuada a troca de anidulafungina para anfotericina B lipossomal (antifúngico) (3mg/kg/dia). O ecocardiograma não evidenciou vegetações valvares nesse momento e as hemoculturas de controle foram colhidas a cada 48 horas após troca da medicação antifúngica. Houve identificação de Candida glabrata em todas as hemoculturas, com negativação das hemoculturas de controle após quatro dias de início de terapia com anfotericina B lipossomal. O teste de sensibilidade às drogas antifúngicas revelou resistência a caspofungina, micafungina e fluconazol, mantendo a sensibilidade à anfotericina B (abaixo). A paciente evoluiu com melhora clínica, desmame completo de drogas vasoativas após nove dias de terapia antifúngica eficaz. Completou esquema por 19 dias com linezolida, meropenem, polimixina B e 21 dias com anfoterina B lipossomal. Ao longo dos dias evoluiu com reabilitação respiratória, recuperação lenta da função renal, porém sem necessitar de novas sessões de hemodiálise e retirada de drenos abdominais. Após 4 meses de internação hospitalar a paciente recebeu alta. Dr Daniel Wagner de Castro L. Santos – Infectologista Unifesp 26
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