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Aula 2 - Diagnóstico situacional na assistência de enfermagem

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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA 
 Disciplina: Práticas Clínicas I – Atenção Básica e Secundária à Saúde. 
 Professora: Beatriz Cardoso 
 
Diagnóstico situacional na prática assistencial 
 
 Para planejar e direcionar as ações de saúde é necessário conhecer a realidade, a 
dinâmica e os riscos que a população/comunidade está inserida e também a forma como 
estão organizados os serviços e as rotinas da prática assistencial. 
O diagnóstico situacional é uma ferramenta que auxilia conhecer os problemas e 
as necessidades sociais como: necessidade de saúde, educação, saneamento, segurança, 
transporte, habitação, bem como permite conhecer como é a organização dos serviços de 
saúde. Portanto o diagnóstico situacional é de fundamental importância para o 
levantamento de problemas, que por sua vez fundamenta o planejamento estratégico 
situacional que permite desenvolver ações de saúde mais focais efetivas em relação aos 
problemas encontrados. 
A organização inadequada das diversas interfaces que envolvem a assistência de 
enfermagem contribui para um ambiente desfavorável tanto para os usuários quanto para 
os profissionais, contribuindo assim para maior stress e comprometimento da qualidade 
do serviço ofertado. É necessário conhecer a realidade de trabalho e a comunidade à qual 
o trabalho é destinado, a fim de poder implementar estratégias e programas capazes de 
corrigir essa desorganização e contribuir para melhoria das condições de trabalho e de 
atendimento. 
O Diagnóstico Situacional de Enfermagem e de Saúde (DSES) é definido como 
um método de identificação e análise de uma realidade e de suas necessidades, que visa 
à elaboração de propostas de organização/reorganização e compreende a fase inicial do 
processo de planejamento. A caracterização da população atendida por determinado 
serviço é uma forma disponível para elaboração de DSES. Por meio desta, os dados são 
analisados, são estabelecidas prioridades e pode-se realizar o planejamento estratégico. 
Tal procedimento é imprescindível para a realização do cuidado mais qualificado, 
uma vez que o perfil do paciente internado possibilita ações de saúde mais adequadas à 
realidade da população que ali se encontra. 
Estudos prévios desenvolvidos em unidades funcionais de terapia intensiva sobre 
o perfil dos pacientes ali internados demonstraram que a caracterização dessa população 
permitiu o planejamento e a criação de instrumentos de avaliação e o desenvolvimento de 
metodologia para a assistência de enfermagem, além de auxiliar nas diretrizes de 
admissões e altas da unidade, contribuindo, assim, para o uso dos leitos de forma racional 
e evitando a exposição dos pacientes a riscos desnecessários. Portanto, é importante 
observar o tempo em que o paciente permanece internado, pois a qualidade da assistência 
à saúde pode ser prejudicada por longos períodos de permanência hospitalar. A internação 
prolongada está relacionada à infecção hospitalar, desnutrição, desenvolvimento de 
úlcera por pressão e vários outros fatores que prejudicam a saúde dos pacientes. 
Vale ressaltar que a caracterização da população usuária de determinado serviço 
de saúde é relevante, na medida em que define prioridades de intervenção e, 
consequentemente, possibilita a organização da assistência a esses pacientes. Contudo, na 
literatura nacional, poucos são os estudos recentes que descrevem as características dos 
pacientes internados em serviços específicos, como os de Clínica Médica. 
Trata-se de clínica médica a especialidade médica que avalia, diagnostica e propõe 
tratamento para as doenças dos vários aparelhos e sistemas do corpo que não necessitam 
de tratamento cirúrgico. Nessas unidades de internação, o paciente é submetido a exames 
clínico, físico, laboratorial e especiais, com a finalidade de definir diagnóstico e, a seguir, 
tratamento específico. 
Segundo pesquisas recentes, existe associação entre o maior tempo de internação 
e o aumento da idade, baixa escolaridade e percepção de piora da dor. 
Nesse contexto, observa-se a importância da caracterização da clientela atendida 
pelo serviço, uma vez que esta compreende uma das etapas do diagnóstico situacional. 
Ao estabelecer o perfil da unidade e da população assistida, torna-se possível definir 
prioridades e otimizar o gerenciamento do tempo, aumentando, assim, a eficiência e a 
eficácia das ações e, por conseguinte, melhorando a qualidade da assistência. 
 
Devem ser observadas e analisadas as particularidades no diagnóstico situacional 
e, a partir daí, realiza-se um planejamento de ações, definem-se prioridades, sempre se 
baseando na realidade do serviço, no qual, muitas vezes, trabalha-se com populações de 
perfil socioeconômicos e sanitários distintos. 
O diagnóstico situacional no ambiente hospitalar torna-se de fundamental 
importância para detectar as principais necessidades, características e demandas de uma 
unidade, através de obtenção de dados, possíveis de serem analisados, para realizar 
planejamentos no intuito de obter uma melhor qualidade de assistência ao principal fator 
de subsistência hospitalar, a saúde dos pacientes. Neste contexto, inserem-se os 
indicadores de qualidade. 
O indicador de qualidade representa uma medida quantitativa de uma determinada 
característica associada à qualidade julgada pelo cliente. Os indicadores têm como 
finalidade analisar as condições do processo e do produto/serviço e compará-las com os 
padrões estabelecidos, contribuindo para a verificação de desvios e consequente busca de 
melhorias, mantendo e aprimorando o nível de qualidade. Na área da saúde, assim como 
em outros setores, existe um crescente interesse pela qualidade nos serviços prestados, 
principalmente pelos usuários, gestores e profissionais de saúde. Nota-se maior educação, 
informação e participação dos usuários, exigindo mais qualidade na saúde. Com os 
gestores, há a preocupação de utilizar otimamente os recursos, e que realizando 
corretamente as atividades, entre outros benefícios, diminuirão os custos. Já os 
profissionais de saúde, preocupam-se pela qualidade devido ao compromisso ético 
intrínseco a esta área, no qual envolve cuidar do bem mais valioso das pessoas, a saber, a 
sua saúde. Receber uma assistência à saúde de qualidade é um direito do indivíduo e os 
serviços de saúde devem oferecer uma atenção que seja efetiva, eficiente e segura, com a 
satisfação do paciente em todo o processo. 
Direcionando ao processo de trabalho da equipe de enfermagem, a melhoria 
contínua da qualidade assistencial é considerada um processo dinâmico e exaustivo de 
identificação constante de fatores intervenientes. Ao profissional enfermeiro, e 
requisitado a este, está a implementação de ações e a elaboração de ferramentas; a 
exemplo, os indicadores de desempenho, que possibilitam avaliar de maneira sistemática 
os níveis de qualidade dos cuidados prestados. Os indicadores constituem um importante 
instrumento gerencial, sem os quais é impossível a avaliação objetiva da qualidade da 
assistência prestada ao usuário. A busca pela qualidade do cuidado deve fazer parte da 
atividade diária do enfermeiro e de sua equipe, o que justifica a importância do 
conhecimento sobre o diagnóstico situacional em saúde inserido na área gerencial. 
 
Indicadores de qualidade assistencial 
 Os indicadores de qualidade podem ser um meio de mensurar e avaliar as ações 
de enfermagem. Considerados instrumentos de gestão que orientam o caminho para a 
excelência do cuidado, eles se constituem na maneira pela qual os profissionais de saúde 
verificam uma atividade, monitoram aspectos relacionados a determinada realidade e 
avaliam o que acontece com os pacientes, apontando a eficiência e eficácia de processos 
e os resultados organizacionais. 
No cenário internacional, a utilização dos indicadores para medir o desempenho e 
a performance hospitalar tornou-se prática padrão nos últimos anos.Um estudo realizado 
na Holanda, por exemplo, verificou associação estatística entre o processo de prevenção 
de lesão por pressão e a ocorrência de lesão de pele, evidenciando que sua prevalência 
está relacionada à qualidade do atendimento; portanto, o monitoramento desse indicador 
de processo poderá fornecer informações para mudanças futuras. 
No âmbito nacional, estudos sobre a avaliação da assistência indicam que os 
enfermeiros valorizam a utilização dos indicadores de qualidade para avaliar o 
desempenho do trabalho da enfermagem e que estes devem ser instrumentos gerenciais 
para os profissionais da saúde, visando a melhoria da assistência prestada. Apontam ainda 
que a avaliação do cuidado por meio de indicadores é importante para o gerenciamento 
de boas práticas em enfermagem, fornecendo subsídios para a tomada de decisão 
relacionada a qualidade e segurança nos serviços. Assim, o enfermeiro contribui com o 
resultado do cuidado a partir das melhores ações adotadas no atendimento em saúde, 
orientado pela prática baseada em evidências. 
No cenário clínico, esse profissional de referência para a equipe tem a 
responsabilidade de reduzir riscos e danos, incorporar boas práticas em saúde e fazer uso 
de indicadores de qualidade por meio de um sistema de registro, a fim de favorecer a 
efetividade, o gerenciamento da assistência e a mudança de cultura organizacional, 
alinhado com as políticas do Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda, em se tratando do 
coordenador da equipe de enfermagem, este deve estimular seus integrantes ao 
planejamento das ações assistenciais, com vistas a protagonizar excelência na gestão da 
qualidade do cuidado prestado. 
Estreitando o foco desta discussão para o ambiente hospitalar, a Política Nacional 
de Atenção Hospitalar (PNHOSP), instituída em 2013, estabelece as diretrizes para a 
organização do componente hospitalar na rede de atenção à saúde (RAS) no âmbito do 
SUS, servindo de subsídio às melhores práticas de saúde nas instituições. A gestão 
hospitalar precisa estar articulada com estratégias para o monitoramento e a avaliação dos 
compromissos e das metas pactuados na contratualização governamental; além disso, é 
necessário avaliar a qualidade das ações e dos serviços de forma sistemática e em 
conjunto com as instâncias gestoras do SUS, subsidiando o processo de planejamento e a 
gestão do cuidado nos resultados da avaliação dos indicadores. Com isso, os hospitais 
podem utilizar indicadores para auxiliar no fortalecimento da PNHOSP, primando por 
um cuidado centrado em boas práticas. 
Os indicadores são utilizados para medição do desempenho de funções, sistemas 
ou processos, ou seja, um valor estatístico que indica o alcance de metas ao longo do 
tempo. Os indicadores são construídos em sua maioria mediante uma expressão 
matemática, em que o numerador representa o total de eventos predefinidos e o 
denominador, a população de risco selecionada, observando-se a confiabilidade, a 
validade, a sensibilidade, e especificidade e o valor preditivo dos dados. 
Um indicador pode ser uma taxa ou coeficiente, um índice, um número absoluto 
ou um fato. Taxa/coeficiente é o número de vezes que um fato ocorreu dividido pelo 
número de vezes que ele poderia ter ocorrido, multiplicado por uma base e definido no 
tempo e no espaço. Por exemplo, para mortalidade geral a base é 1.000, para indicadores 
específicos de mortalidade é 100.000, bem como para outras situações pode ser 100, como 
para infecção hospitalar e letalidade. Índice é a relação entre dois números ou a razão 
entre determinados valores, tendo como exemplo o índice de giro ou de rotatividade dos 
leitos. Números absolutos podem ser indicadores, à medida que se comparam valores 
iguais, maiores ou menores a ele, resultantes de atividades, ações ou estudos de processos, 
resultados, estrutura ou meio ambiente. Fatos, por sua vez, demonstram a ocorrência de 
um resultado benéfico ou não, como por exemplo um sangramento inesperado, uma 
reação alérgica, uma não conformidade ou outro resultado qualquer adverso ou não. Na 
gestão pela qualidade total, indicadores também são chamados de itens de controle. 
Além de serem utilizados nos programas de qualidade, são importantes na 
condução de outros processos como os de Acreditação Hospitalar, Seis Sigma e nas 
Certificações pela ISO 9000. 
Os indicadores podem constituir instrumento de força e poder para mudar 
processos internos de trabalho, quando a coleta e os resultados são tratados 
adequadamente. Contudo, a seleção de indicadores para o processo avaliativo deve levar 
em consideração aspectos como as políticas assistenciais, educacionais e gerenciais em 
saúde; a missão e a estrutura organizacional; os programas e as propostas de trabalho das 
instituições de saúde; os recursos humanos, materiais, financeiros e físicos disponíveis e 
as expectativas da clientela atendida. Os indicadores de qualidade da equipe de 
enfermagem permitem a compreensão de fenômenos complexos, tornando-os 
quantificáveis, de maneira que possam ser analisados em conjunto com outros indicadores 
para a compreensão do processo de trabalho e se os objetivos almejados estão sendo 
alcançados. 
 
Tipos de indicadores 
 Os indicadores medem aspectos qualitativos e/ ou quantitativos relativos ao meio 
ambiente, à estrutura, aos processos e aos resultados. Os de meio ambiente ou meio 
externo, são aqueles relacionados às condições de saúde de uma determinada população, 
a fatores demográficos, geográficos, educacionais, socioculturais, econômicos, políticos, 
legais e tecnológicos e existência ou não de instituições de saúde. Estrutura é definida 
como a parte física de uma instituição, os seus funcionários, instrumentais, equipamentos, 
móveis, aspectos relativos à organização, entre outros. Processos são as atividades de 
cuidados realizadas para um paciente, frequentemente ligadas a um RAS. Resultado, 
assim como atividades ligadas à infraestrutura para prover meios para atividades-fins 
como ambulatório/emergência, serviços complementares de diagnóstico e terapêutica e 
internação clínico cirúrgica para atingirem suas metas. São técnicas operacionais. 
Resultados são demonstrações dos efeitos consequentes da combinação de fatores do 
meio ambiente, estrutura e processos acontecidos ao paciente depois que algo é feito (ou 
não) a ele, ou efeitos de operações técnicas e administrativas entre as áreas e subáreas de 
uma instituição. 
 
Atributos necessários para os indicadores 
• Validade – o grau no qual o indicador cumpre o propósito de identificação de 
situações nas quais as qualidades dos cuidados devem ser melhoradas. 
• Sensibilidade – o grau no qual o indicador é capaz de identificar todos casos de 
cuidados nos quais existem problemas na atual qualidade dos cuidados. 
• Especificidade – o grau no qual o indicador é capaz de identificar somente 
aqueles casos nos quais existem problemas na qualidade atual dos cuidados. 
• Simplicidade – quanto mais simples de buscar, calcular e analisar, maiores são 
as chances e oportunidades de utilização. 
• Objetividade – todo indicador deve ter um objetivo claro, aumentando a 
fidedignidade do que se busca. 
• Baixo custo – indicadores cujo valor financeiro é alto inviabilizam sua utilização 
rotineira, sendo deixados de lado. 
 
Elaboração dos indicadores 
A elaboração de indicadores obedece a uma sequência lógica de acordo com os 
nove itens seguintes: 
• Nome do indicador (ou item de controle) 
• Fórmula (maneira de expressão, dependendo do tipo) 
• Tipo (taxa, coeficiente, índice, percentual, número absoluto, fato) 
• Fonte de informação (local de onde será extraída a informação) 
• Método (retrospectivo, prospectivo, transversal) 
• Amostra 
• Responsável (pela elaboração) 
• Frequência (número de vezes que será medido em determinado período) 
• Objetivo/meta (motivo, valor, tempo, prazo do itemque se quer medir) É 
importante conhecer o(s) cliente(s) a quem o mesmo se destina, interno ou externo, quais 
as necessidades (qualidade intrínseca, custo, atendimento, moral, segurança, outras), para 
a elaboração de indicadores com os atributos. 
Na enfermagem, as boas práticas de cuidado podem impactar no controle dos 
agravos e na qualificação do cuidado prestado, devendo estar apoiadas em evidências 
científicas e nos pressupostos que orientam a atenção à saúde e o SUS. Isso implica 
estimular a atitude crítica do enfermeiro perante seu processo de trabalho na RAS, tendo 
como base a prática baseada em evidência, entendida como a aplicação consciente e 
explícita da melhor evidência atual na tomada de decisão inerente ao cuidado individual 
do paciente.

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