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Diabetes Gestacional Diabetes Mellitus: Distúrbio do metabolismo dos carboidratos; Hiperglicemia, resultante de defeitos na secreção e / ou na ação da insulina; Cursa com complicações vasculares crônicas (complexo glicado subendotelial que altera o colágeno -> diminui lúmen vascular e favorece microangiopatia); ❖ Retinopatia; ❖ Nefropatia; ❖ Neuropatia; ❖ Doença cardiovascular. Importante diferenciar: ❖ Diabetes pré-gestacional: Tipo 1 ou tipo 2; OBS: Maior risco de malformações fetais (período da organogênese). ❖ Diabetes mellitus gestacional: tem início na gestação e não persiste após o término desta. Diabetes na gestação: ❖ É responsável por índices elevados de morbimortalidade perinatal, especialmente macrossomia fetal e malformações fetais; ❖ Tem início na gestação e não persiste após o término desta; ❖ Mais da metade das mulheres com diabetes gestacional acaba por desenvolver diabetes clínico nos 20 anos subsequentes, e há acúmulo de evidências de complicações em longo prazo que incluem obesidade e diabetes em sua prole; ❖ A DMG começa por volta da 24a semana de gestação. Modificações no Metabolismo Materno: Modificações no metabolismo materno são necessárias para alcançar as demandas determinadas pelo rápido crescimento e desenvolvimento do feto; ❖ Hipoglicemia de jejum (“parasitismo verdadeiro”); ❖ Catabolismo lipídico -> corpos cetônicos e resistência insulínica. OBS: Essas modificações são induzidas pelos hormônios placentários. Gestação é um estado fisiologicamente diabetogênico; ❖ Resistência insulínica + aumento compensatório da função das células beta e hiperinsulinismo. Aumento da resistência insulínica – final do 2º trimestre -> ação contra insulínica da placenta sobre o metabolismo materno com o objetivo de garantir maior fornecimento de glicose para o feto; ❖ hPL – hormônio lactogênio placentário; ❖ hPGH – hormônio placentário de crescimento humano e adiposo. OBS: Cerca de 80% do gasto energético fetal é feito pelo metabolismo da glicose (passagem de glicose por transporte facilitado pela placenta). Progressiva resistência à insulina. ❖ Em A: liberação normal de insulina no 1º, 2º ,3º trimestre atendendo as necessidades de insulina na gravidez normal mesmo na vigência de um aumento da resistência insulínica consequente da ação dos hormônios placentários; ❖ Necessidade cada vez maior de secreção de insulina na gestação; ❖ A paciente com DMG não consegue atender a necessidade maior de insulina normal na gestação (consequente da demanda fetal + resistência insulínica causada pelos hormônios placentários) por uma deficiência na produção de insulina pelas células beta. OBS: Portanto, na mulher com DMG há um mau funcionamento das células beta pancreáticas que não conseguem secretar insulina suficiente para vencer o aumento da demanda e da resistência insulínica gestacional. Rastreio e Diagnóstico: Deve ser iniciado pela anamnese para a identificação dos fatores de risco; Dosagem de glicemia de jejum no início da gravidez (1º consulta pré-natal); ❖ Paciente normal: glicemia de jejum < 92 mg/dl; ❖ Paciente com DMG: glicemia de jejum 92 - 125 mg/dl; ❖ Paciente com diabetes pré-gestacional: ❖ Glicemia de jejum: > 126 mg/dl; ❖ Hba1c > 6,5%; ❖ Glicemia ao acaso > 200 mg/dl (confirmada com um dos outros dois exames). Paciente com jejum < 92 mg/dl na 1º consulta de pré-natal deve ser submetida ao TOTG de 75g de 2h entre 24 e 28 semanas de gestação; ❖ Pelo menos um valor alterado no TOTG já dá o diagnóstico de DMG; ❖ Valores alterados quando: 0’: > 92 mg/dl e / ou 1h: > 180 mg/dl e / ou 2h: > 153 mg/dl. Fluxograma do rastreio / diagnóstico; Fatores de risco: ❖ Sobrepeso materno e /ou ganho excessivo de peso; ❖ Diabetes mellitus gestacional em gravidez prévia; ❖ Macrossomia fetal e / ou feto grande para a idade gestacional; ❖ Antecedente de óbito perinatal; ❖ Idade materna > ou igual 25 anos; ❖ Antecedente familiar de 1o grau de DM; ❖ Intolerância a glicose anterior à gravidez; ❖ Aumento do volume de líquido amniótico (polidrâmnio); ❖ Malformação fetal; ❖ Hipertensão arterial; ❖ Polifagia, polidipsia e / ou poliúria; ❖ Glicosúria ++ ou superior; ❖ Uso de corticosteróide. Complicações: Maternas: ❖ Hipertensão; ❖ Pré-eclâmpsia; ❖ Parto cesáreo e suas morbidades. Complicações fetais: ❖ DMG -> hiperglicemia materna -> hiperglicemia / hiperinsulinemia fetal -> complicações fetais; ❖ Macrossomia (adiposidade) -> feto > 4000 g; ❖ Risco aumentado de distocia e lesões no parto. ❖ Complicações neonatais: ❖ Hipoglicemia; ❖ Hiperbilirrubinemia neonatal; ❖ Necessidade de ser levado para UTI. ❖ Complicações tardias: ❖ Obesidade infantil; ❖ Doença cardiovascular (DCV). ❖ Polidramnia (hiperglicemia fetal -> polaciúria); ❖ Pode causar ruptura prematura das membranas ovulares, causando um parto prematuro. ❖ Esses fetos, por terem uma condição persistente de glicose aumentada, são fetos de baixa reserva de oxigênio, e não tem muita capacidade de resistir a condições de hipoxemia. -> quando nascem prematuros, a hipóxia é muito mais severa e pode causar quadros severos de hipoglicemia. Morte fetal: ❖ A taxa de mortalidade perinatal no diabetes é aproximadamente o dobro da vigente na população não diabética; ❖ Mais frequentemente nas últimas semanas: pacientes com controle glicêmico deficiente, polidrâmnio e macrossomia fetal (aumento do consumo de oxigênio fetal de cerca de 30%); ❖ Fim do 2º trimestre: diabéticas com doença vascular levam a morte fetal por insuficiência placentária. ❖ Essa placenta insuficiente não permite o desenvolvimento e nem a manutenção das necessidades fetais (causa crescimento intrauterino restrito - CIR). Tratamento: Mudança de estilo de vida; ❖ Dieta balanceada, baixa em carboidrato; ❖ Exercícios. OBS: Suficiente para controlar a DMG em 80 - 90% das mulheres. Insulinização: ❖ Insulina -> necessária em 10 a 20% das diabéticas; ❖ Devem ser utilizados os análogos da insulina de ação rápida (aspart e lispro) e de ação prolongada (determinar e glargina); ❖ Nível glicêmico devem permanecer em níveis normais, sendo eles: ❖ Glicemia pré-prandial / jejum < 95 mg/dl; ❖ Glicemia pós-prandial de 1 hora < 140 mg/dl; ❖ Glicemia pós-prandial de 2 horas < ❖ 120 mg/dl; ❖ Durante a noite, a glicemia não deve baixar de 60 mg/dl. ❖ Controle glicêmico: ❖ Limite inferior: 70 mg/dl. ❖ Limite superior: varia de acordo com o horário do dia, mas o máximo é 120 mg/dl. ❖ Não deve ser utilizado hipoglicemiante oral; ❖ As mulheres que estiverem em uso dos mesmos devem interrompê-los ao engravidar e iniciar insulina. ❖ O tratamento do DMG é capaz de reduzir a incidência de hipertensão em 40% e da distócia. Acompanhamento fetal na diabetes pré-gestacional: Rastreamento de malformações: ❖ US morfológica do 2o trimestre (20 a 23 semanas); ❖ Identificar possíveis defeitos do tubo neural, agenesia sacral, defeitos renais. ❖ Ecocardiografia fetal (18 a 20 semanas). ❖ Malformação cardíaca é a principal malformação relacionada à diabetes gestacional. Rastreamento do crescimento fetal: ❖ Monitoramento do crescimento fetal; ❖ Fetos macrossômicos > 4000g = distocia de ombros no parto com risco de lesão do plexo braquial e indicação de parto cesáreo. ❖ USG seriada a cada 4 semanas a partir de 28 semanas gestacionais. ❖ Permite avaliar: câncer (circunferência abdominal) e vLA (volume do líquido amniótico); ❖ Rastreio de macrossomia fetal e polidrâmnio. Rastreamento da vitalidade fetal: ❖ Doppler umbilical (a partir de 26 semanas) -> CIR (circulação); ❖ Cardiotocografia (CTG) e Perfil biofísico fetal (PBF) - a partir de 38 semanas -> monitoramento fetal em fetos macrossômicos. Vias de parto: ❖ Indicação obstétrica – se paciente compensada; ❖ Se possível, após a 39° semana para evitar complicações respiratórias (retardo no amadurecimento pulmonar fetal);❖ Até 39 semanas (se em uso de insulina); ❖ Não ultrapassar esse tempo gestacional. ❖ Cesárea deve ser considerada se o peso fetal estimado pela ultrassonografia for > 4,500 g; ❖ Durante o parto, a glicemia deve ser controlada por infusão intravenosa de insulina regular ajustada para manter a glicemia < 110 mg/dl, evitando-se a hipoglicemia neonatal; ❖ Nas pacientes submetidas à cesariana, a insulina de ação rápida deve ser utilizada para tratar valores de glicose > 140 a 150 mg/dl, até que seja estabelecido o padrão alimentar regular.
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