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D i b e D I S T Ú R B I O S R E S P I R A T Ó R I O S D O R E C É M-N A S C I D O Introdução Doenças respiratórias são as principais responsáveis pela morbidade neonatal e motivo de maior número de internações nesse período. Abordagem Etiologias- extrapulmonares também podem ocasionar insuficiência respiratória neonatal ex: cardiopatias congênitas; causas de origem central, metabólicas e hematológicas. Anamnese- indicará: Prematuridade – síndrome de desconforto respiratório; Febre materna, corioamnionite, perda de filho anterior com sofrimento respiratório – colonização por streptococcus do grupo B, deficiência de proteína B do complexo surfactante; Parto cesáreo em bebês prematuros limítrofes – taquipneia transitória do RN; Uso de anti-inflamatório não esteroide – hipertensão pulmonar; Sofrimento fetal agudo – síndrome de aspiração meconial (SAM). Exame físico- indicará: Esforço respiratório: taquipneia, retração costal, esternal e diafragmática, batimentos de asa de nariz, gemência; Cianose; crises de apneia; Avaliação clínica do desconforto respiratório: – boletim de Silverman-Andersen: notas acima de 4 expressam dificuldade respiratória de moderada a grave; – sinais cardíacos: valorizar bradicardia ou taquicardia associada ou não a hipotensão; – sinais gerais: hipoatividade, palidez, sudorese, fadiga, convulsão, irritabilidade, coma, pele impregnada de mecônio, abdome escavado, estridor, hipoglicemia, anemia, acidose. Laboratório- solicitar: -Gasometria; glicemia; hemograma e proteína C reativa (PCR); contagem de plaquetas; exames específicos de acordo com cada caso. Avaliação radiológica- Definição Também chamada de Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR), é uma doença causada pela deficiência qualitativa/quantitativa de surfactante pulmonar e representa uma das principais causas de desconforto respiratório no RN pré-termo. Acomete 60-80% do RN com <28s 15-30% entre 32 e 36s. Fisiopatologia e FR Relaciona-se com a deficiência de surfactante (substância formada por lipídios e proteínas, produzida e secretada pelo pneumócito tipo II, cuja função é diminuir a tensão superficial da interface ar/líquido no alvéolo evitando o seu colapso ao final da expiração) que só atinge maturidade após a 35 semana. Doença da Membrana Hialina (DMH) D i b e Com surfactante inativo há atelectasia pulmonar difusa, congestão e edema. A maior parte do pulmão é perfundida e não ventilada, gerando alteração da relação ventilação/perfusão (V/Q), com hipoxemia. O glicocorticoide estimula os fibroblastos pulmonares a produzir uma substância denominada Fator Fibroblasto do Pneumócito (FFP) que faz com que o pneumócito tipo II aumente seu ritmo e taxa de produção de surfactante. FR Prematuridade – principal fator; Asfixia; Mãe diabética; Sexo masculino e etnia branca; Partos múltiplos e parto cesáreo; Gestações múltiplas. QC Surgem logo após nascimento e pioram ao longo do primeiro dia de vida com pico em 48h e melhora após 72h. Inicialmente surge taquipneia e sinais de desconforto respiratório na doença que evolui com colabamento alveolar progressivo. Em casos com má evolução há crises de apneia e intensa deterioração. Diagnóstico Imagem infiltrado reticulogranular fino, chamado de "vidro moído" ou "esmerilhado”, esse padrão se desenvolve após algumas horas. Em casos graves há piora evolutiva com deterioração clínica. Alterações laboratoriais A gasometria arterial mostra hipoxemia inicial, que progressivamente será associada ao aumento da pCO2 , com acidose respiratória e/ou mista, conforme a gravidade do caso. Tratamento Cuidados gerais- estabilizar, controle térmico 36,5-37,5; hidratação venosa e suporte nutricional. Suporte respiratório-Utilização do CPAP nasal Continuous Positive Airway Pressure de forma precoce desde sala de parto para prevenir colapso alveolar e necessidade de ventilação mecânica invasiva. Isso também gera como benefício aumento da capacidade residual funcional diminuindo o shunt intrapulmonar e melhorando a oxigenação arterial. Reduz a resistência inspiratória por aumento do diâmetro. O objetivo é manter uma PaO2 entre 50-70 mmHg, podendo ser necessário o incremento gradual da FiO2 ofertada. Critérios para ventilação: (1) pH < 7,2; (2) PaCO2 60 mmHg; (3) SatO2 < 90% com FiO2 0,4-0,7 e CPAP nasal 5-10 cmH2O; (4) apneia persistente ou grave. Surfactante pulmonar exógeno As indicações exatas para seu uso não são consensuais, mas, em linhas gerais, deve ser considerado nos casos em que o RN com DMH não responde ao uso de CPAP. A cada seis horas deve ser feita a avaliação da necessidade de doses adicionais, podendo-se totalizar até duas ou quatro doses. Dose inicial de 100 a 200mg/Kg e dose adicional de 100mg/kg deve ser feita se, após 6h, ele continuar em VM e com FiO2 acima de 0,3. Método de administração 1. Manter o RN em decúbito dorsal. 2. Aumentar pressão em 1 a 2 cmH2 no respirador, 5 minutos antes da aplicação, ou utilizar ventilador manual com 1 a 2 cmH2 acima da pressão utilizada previamente. 3. Desconectar do TOT. 4. Aplicar no terço médio da traqueia, em bolo (em 10 a 20”) em 1 a 2 alíquotas com intervalo de 30 a 60” entre elas. 5. Ventilar com frequência de 60 ipm e pressão suficiente para empurrar para dentro das vias aéreas. 6. Tentar não aspirar o TOT nas 2 horas seguintes, a menos que tenha sinais de obstrução das vias aéreas. Prevenção Atualmente, recomenda-se que o CPAP seja a medida adotada ainda na sala de parto para todos os RNs pré-termo de maior risco. O CPAP iniciado precocemente mostrou-se tão eficaz quanto o uso do surfactante precoce. Definição Condição de inflamação do parênquima pulmonar por algum agente infeccioso (bactéria, vírus ou fungos) ou por um processo de origem química. Pode representar o início de uma infecção sistêmica, podendo associar-se à sepse e à meningite. Pulmões como sítio comum de sepse neonatal. Fisiopatologia e FR Precoces (iniciadas até 48 horas de vida): podem ser adquiridas antes do nascimento (congênitas) ou durante o nascimento. Tardias (iniciadas após 48 horas de vida). Os quadros adquiridos antes do nascimento podem se estabelecer pela transmissão transplacentária de um agente infecioso ou pela aspiração intraútero do líquido amniótico infectado (quando há corioamnionite). Nas formas adquiridas durante o parto, a contaminação do RN se dá pelos micro- organismos que colonizam o canal de parto. Dentre os fatores de risco encontrados, podemos ter a rotura prolongada das membranas amnióticas (tempo superior a 18 horas). Estreptococo do grupo B é o patógeno mais importante na pneumonia precoce. Nas tardias mais o Staphylococcus. FR: Corioamnionite clínica; rotura de membranas amnióticas > 18 horas; Trabalho de parto prematuro sem causa aparente; Colonização materna por estreptococo do grupo B. QC e Diagnóstico Além das manifestações respiratórias, sinais clínicos de sepse, tais como: intolerância alimentar, letargia, hipotonia, hipo ou hipertermia e distensão abdominal. Imagem- radiológico com áreas de opacificação uni ou bilateral padrão reticulogranular difuso com broncogramas aéreos, muito semelhante ao encontrado no quadro de DMH. Laboratorial- diversas alterações Tratamento MS- Ampicilina (em dose elevada para cobertura de S. agalactiae) + gentamicina (ação sinérgica com a ampicilina contra S. agalactiae, é efetiva contra Gram-negativos entéricos). Definição Quadro caracterizado, essencialmente, por uma hipoxemia grave e refratária, secundária à diminuição do fluxo sanguíneo pulmonar e shunt da direita para Taquipneia transitória do Recém-nascido (TTRN) Pneumonia Neonatal Hipertensão pulmonar persistente neonatal (HAPP) D i b e a esquerda por meio do forame oval e/ou canal arterial. Há persistência da circulaçãofetal. Fisiopatologia e FR Ocorre manutenção de resistência vascular pulmonar aumentada após o nascimento, com resistência sistêmica normal ou diminuída. Como consequência, há o estabelecimento de shunt extrapulmonar através do forame oval e do canal arterial, ainda presentes no início da vida. Como a resistência pulmonar será maior do que a sistêmica, o shunt será estabelecido da direita para a esquerda, levando sangue não oxigenado para a circulação sistêmica. Alterações de grupo funcional, no qual o aumento da resistência é decorrência de uma vasoconstrição pulmonar; e de grupo orgânico, no qual ocorrem alterações estruturais no leito vascular pulmonar. asfixia perinatal, SAM, DMH, policitemia e uso de anti-inflamatórios não esteroidais durante a gestação. Além disso, o quadro pode ser idiopático. QC e Diagnóstico Quadro de desconforto respiratório nas 1as horas de vida com taquipneia, retrações intercostais e subcostais, gemidos, batimentos de asas de nariz e cianose. Queda de saturação ao manuseio. Ao exame físico, pode-se auscultar hiperfonese de B2, além de um sopro de regurgitação tricúspide. Imagem- ecocardiograma estima pressão pulmonar e exclui cardiopatias. Laboratorial- gradiente de PaO2 entre o leito pré-ductal (artéria radial direita) e o pós-ductal (extremidades inferiores). Tratamento Direcionado para a doença de base e para melhora da oxigenação. Se faz oferta de oxigênio e a correção da acidose, hipotensão e hipercapnia. Definição Condição benigna e relativamente comum na prática, sendo identificada em até 1 a 2% de todos os nascimentos. Resulta de uma dificuldade de reabsorção do líquido pulmonar após o nascimento. Fisiopatologia e FR Antes do nascimento, a maior parte do líquido pulmonar (70%) é reabsorvida. Uma parte do líquido pulmonar é eliminada através das vias aéreas superiores pela compressão torácica durante a passagem pelo canal do parto (5-10%) e todo o restante é reabsorvido ainda nas primeiras horas de vida pelos vasos linfáticos e pelos capilares pulmonares. A TTRN se estabelece quando há um retardo na absorção deste líquido. FR Cesariana eletiva sem trabalho de parto; Asfixia perinatal; Diabetes e asma brônquica materna; Policitemia. QC e Diagnóstico Desconforto respiratório nas primeiras horas de vida evolui para taquipneia, mais raros gemidos e retrações. Imagem- apresenta: Diminuição da transparência pulmonar; Estrias radiopacas em direção ao hilo (trama vascular pulmonar proeminente); Cissuras espessadas (derrame cisural); Hiperaeração, com diafragma achatado; Eventualmente, discreta cardiomegalia e/ou derrame pleural. Estas alterações são simétricas com leve predominância do pulmão direito. Laboratorial- gasometria alterada, com discreta queda do oxigênio e pouca repercussão sobre o pH. Tratamento Quando necessário, ofertar oxigênio (FiO2 < 40%) por cateter nasal ou CPAP. Se a frequência respiratória for maior que 60 irpm, recomenda-se alimentação através de sonda orogástrica, pois a taquipneia pode levar à incoordenação da respiração e deglutição, favorecendo a broncoaspiração de leite. Não está indicado o uso de antibióticos ou diuréticos (furosemida) para resolução deste quadro. Definição É um distúrbio respiratório decorrente da aspiração de líquido amniótico meconial, levando a alterações inflamatórias e obstrutivas. Fisiopatologia e FR O mecônio é um material estéril, espesso, verde-escuro e sem odor, que resulta do acúmulo de debris do intestino fetal durante o terceiro trimestre. É composto por água, células intestinais descamadas, muco, lanugem, bile, líquido amniótico e vérnix caseoso. O sofrimento fetal agudo ou crônico e a infecção intraútero associam-se a uma diminuição do fluxo placentário e consequente hipoxemia, determinando um aumento do peristaltismo intestinal, seguido de relaxamento esfincteriano e liberação de mecônio. Há aprisionamento do ar por mecanismo valvular, atelectasias e áreas de shunt intrapulmonar, com consequente hipoxemia. Pode haver deslocamento e inativação do surfactante com instabilidade e colapso alveolar. Aumenta-se o shunt direita-esquerda extrapulmonar através do forame oval e ducto arterial, diminuindo consequentemente o fluxo pelo leito pulmonar e levando a um grave distúrbio de ventilação-perfusão. Ar aprisionado> hiperinsuflação> enfisema intersticial> pneumotórax. FR RN IG>40s QC e Diagnóstico A termo ou pós-termo, com impregnação meconial em cordão umbilical, pele seca, enrugada e sem vérnix. A expiração prolongada evidencia comprometimento de pequenas vias aéreas. A hiperdistensão do tórax pode ser proeminente. Imagem- infiltrado grosseiro e difuso, alternando com áreas de hipotransparência e hiperinsuflação Tratamento Prevenir com boa assistência de parto. Importante a manutenção da temperatura na zona termoneutra e correção de anemia, alterações da glicemia e suporte hídrico. Suporte ventilatório alguns RNs podem ter boa resposta ao uso do capacete, desde que necessitem de menores FiO2. Em alguns casos o uso de CPAP pode ser benéfico, mas pode agravar a retenção de ar em outros. A ventilação mecânica estará indicada nos casos de insuficiência respiratória mais grave, podendo ser necessário o uso de pressões inspiratórias altas, dada a grande diminuição de complacência pulmonar encontrada nestas crianças. ATB- crianças com SAM que evoluem com distúrbios respiratórios e radiografias muito alteradas devem receber antimicrobianos. Surfactante- usado o exógeno uma vez que o endógeno e inativado pelo mecônio. Tratamento da hipertensão pulmonar persistente neonatal: pode ser complicação dos quadros de SAM e deve ser conduzida apropriadamente. Síndrome de Aspiração Meconial (SAM) D i b e
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