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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO” 
Faculdade de Engenharia 
Campus de Bauru 
 
Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE RUÍDO EM ÔNIBUS 
URBANOS E SEUS EFEITOS SOBRE O MOTORISTA 
 
 
 
 
 
LUIZA REIS SIMIONATO 
Engenheira Civil 
 
 
 
 
 
 
 
Bauru/SP 
Junho de 2018 
 2 
 
 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO” 
Faculdade de Engenharia 
Campus de Bauru 
 
Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
 
AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE RUÍDO EM ÔNIBUS 
URBANOS E SEUS EFEITOS SOBRE O MOTORISTA 
 
 
LUIZA REIS SIMIONATO 
Engenheira Civil 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Especialização em Engenharia de Segurança 
do Trabalho da Universidade Estadual 
Paulista para obtenção do título de 
Engenheira de Segurança do Trabalho. 
 
Orientador: Prof. Dr. João Cândido Fernandes 
 
 
Bauru/SP 
Junho de 2018 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Simionato, Luiza Reis. 
 Avaliação dos níveis de ruído em ônibus urbanos e 
seus efeitos sobre o motorista / Luiza Reis Simionato, 
2018 
 77 f. 
 
 Orientador: João Cândido Fernandes 
 
 Monografia (Especialização)–Universidade Estadual 
Paulista. Faculdade de Engenharia, Bauru, 2018 
 
 1. Ruído em ônibus. 2. Perda de audição. 3. Segurança 
do trabalho. I. Universidade Estadual Paulista. 
Faculdade de Engenharia. II. Avaliação dos níveis de 
ruído em ônibus urbanos e seus efeitos sobre o 
motorista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Dedico a todos que me apoiaram e 
incentivaram, em especial aos meus pais 
Luiz Carlos e Simone, aos meus irmãos 
Abrom, Astor e André pelo amor 
incondicional, e ao meu namorado Fábio 
pelo companheirismo. 
 5 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus por ter me presenteado com esta oportunidade, sempre me iluminando e 
dando força e coragem para caminhar com fé e perseverança. 
 
 Ao meu orientador, Prof. Dr. João Cândido Fernandes, pela presença essencial e 
determinante na elaboração desse trabalho, sempre levantando discussões e 
incentivando o melhoramento contínuo do mesmo. 
 
Aos membros do Setor de Trânsito da Prefeitura Municipal de Agudos e aos 
motoristas dos ônibus urbanos municipais pelas informações fornecidas e pela ajuda 
na obtenção dos dados da pesquisa. 
 
A todos os professores do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança 
do Trabalho pelos conhecimentos transmitidos. 
 
A todos os colegas de turma e amigos, em especial às minhas amigas, Beatriz 
Raimundo Zíglio, Isabela Luna Sé, Giovanna Ghirardello, Lívia Mattos de Souza 
Quitério e Melissa Miyeko Menezes Kishimoto, pelo apoio constante ao longo do 
curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 “Confie a Javé o que você faz, e seus 
projetos se realizarão.” 
 
Provérbios 16:3 
 
 7 
 
 
SIMIONATO, Luiza Reis. Avaliação dos níveis de ruído em ônibus urbanos e 
seus efeitos sobre o motorista. 77 f. Monografia (Especialização em Engenharia 
de Segurança do Trabalho). Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2018. 
 
RESUMO 
 
A necessidade de mobilidade urbana decorrente do crescimento das cidades gerou 
um aumento na utilização do serviço de transporte coletivo. No referido modal, o 
ônibus é o mais utilizado no Brasil e a falta de atenção e investimentos nesta área 
causa insatisfação tanto para os usuários quanto para quem neste trabalha. Dentro 
desse contexto, o objetivo deste estudo foi analisar os níveis de ruído a que estão 
expostos os motoristas de ônibus urbanos do município de Agudos/SP. Para 
verificar os níveis de ruído foram realizadas medições com dosímetro acústico em 10 
motoristas de ônibus e para avaliar o nível de desconforto sentido por estes foram 
aplicados questionários. Os resultados revelaram que os níveis de ruído equivalente 
estavam de acordo com as normas NHO 01 e NR 15, isto é, inferiores a 85 dB(A), 
não apresentando risco potencial de surdez ocupacional aos trabalhadores. Porém, 
em 60% dos veículos analisados, os níveis de ruído estavam acima de 65 dB(A), 
podendo causar perda de concentração e do rendimento, além de tornar o ambiente 
de trabalho desconfortável. Com relação à dose diária de ruído, todas resultaram 
inferiores a 100%, estando, inclusive, abaixo do limite de ação. A análise dos 
questionários mostrou que os efeitos da exposição ao ruído na saúde ocupacional 
causam estresse ao trabalhador, onde o ruído mais incômodo advém da 
comunicação dos passageiros. Portanto, são de extrema importância a manutenção 
dos veículos e a constante avaliação, através de exames de rotina para prevenção 
de doenças direta ou indiretamente causadas pela exposição ao ruído. 
 
 
Palavras-chave: ruído em ônibus, perda de audição, segurança do trabalho. 
 
 
 
 
 8 
 
 
SIMIONATO, Luiza Reis. Assessment of noise levels in urban buses and their 
effects on the driver. 77 f. Monograph (Specialization in Engineering Work 
Security). State University Paulista, Bauru, 2018. 
 
ABSTRACT 
 
The need for urban mobility due to the development of cities generated an increase 
in the utilization of collective transportation service. At this modal, the bus is the most 
used in Brazil and the lack of attention and investments in this area causes 
dissatisfaction as much for users as for those who work at it. Within this context, the 
objective of this study was to analyze the noise levels to which are exposed the 
urban bus drivers of the Agudos/SP city. To verify the noise levels, were made 
measurements with acoustic dosimeter on 10 bus drivers and to assess the level of 
discomfort felt by these were applied questionnaires. The results showed that the 
equivalent noise levels were in accordance with the NHO 01 and NR 15 norms, that 
is, below 85 dB (A), not exhibiting a potential risk of occupational deafness to the 
workers. However, in 60% of the analyzed vehicles, the noise levels were above 65 
dB (A), which can cause loss of concentration and yield, as well as making the work 
environment uncomfortable. About the daily dose of noise, all resulted below 100%, 
being even below of the action limit. The analysis of the questionnaires showed that 
the effects of exposure to noise in occupational health cause stress to the worker, 
where the most uncomfortable noise comes from the communication of the 
passengers. Therefore, are extremely important the maintenance of the vehicles and 
the constant assessment, through routine tests for the prevention of diseases directly 
or indirectly caused by exposure to noise. 
 
 
Keywords: noise in buses, audition loss, work security. 
 
 
 
 
 
 9 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Anatomia do ouvido humano. ................................................................... 21 
Figura 2 - Ônibus urbano de transporte coletivo estudado. ...................................... 40 
Figura 3 - Dosímetro acústico IDAC-100. .................................................................43 
Figura 4 - Calibrador acústico ICAL-100................................................................... 43 
Figura 5 - CD de instalação do software SoftDac. .................................................... 43 
Figura 6 - Telas do software SoftDac. ...................................................................... 44 
Figura 7 - Telas do software SoftDac. ...................................................................... 44 
Figura 8 - Ficha de avaliação dos níveis de ruído em ônibus urbano. ...................... 45 
Figura 9 - Fixação do dosímetro no motorista. ......................................................... 47 
Figura 10 - Resultado das medições executadas com os parâmetros da NHO 01. . 49 
Figura 11 - Resultado das medições executadas com os parâmetros da NR 15. .... 50 
Figura 12 - Idade dos motoristas. ............................................................................. 55 
Figura 13 - Tempo de atuação como motorista. ....................................................... 55 
Figura 14 - Efeitos sobre a saúde provocados pelo ruído. ....................................... 56 
Figura 15 - Ruído mais incômodo. ............................................................................ 57 
Figura 16 - Pressão alta e dificuldade para dormir. .................................................. 57 
Figura 17 - Ônibus 1: Nível de Pressão Sonora (dB). .............................................. 65 
Figura 18 - Ônibus 1: Leq (dB). ................................................................................ 66 
Figura 19 - Ônibus 1: Lavg (dB). .............................................................................. 66 
Figura 20 - Ônibus 2: Nível de Pressão Sonora (dB). .............................................. 67 
Figura 21 - Ônibus 2: Leq (dB). ................................................................................ 67 
Figura 22 - Ônibus 2: Lavg (dB). .............................................................................. 68 
Figura 23 - Ônibus 3: Nível de Pressão Sonora (dB). .............................................. 68 
Figura 24 - Ônibus 3: Leq (dB). ................................................................................ 69 
Figura 25 - Ônibus 3: Lavg (dB). .............................................................................. 69 
Figura 26 - Ônibus 4: Nível de Pressão Sonora (dB). .............................................. 70 
Figura 27 - Ônibus 4: Leq (dB). ................................................................................ 70 
Figura 28 - Ônibus 4: Lavg (dB). .............................................................................. 71 
Figura 29 - Ônibus 5: Nível de Pressão Sonora (dB). .............................................. 71 
Figura 30 - Ônibus 5: Leq (dB). ................................................................................ 72 
Figura 31 - Ônibus 6: Nível de Pressão Sonora (dB). .............................................. 72 
 10 
 
 
Figura 32 - Ônibus 6: Leq (dB). ................................................................................ 73 
Figura 33 - Ônibus 7: Nível de Pressão Sonora (dB). .............................................. 73 
Figura 34 - Ônibus 7: Leq (dB). ................................................................................ 74 
Figura 35 - Ônibus 8: Nível de Pressão Sonora (dB). .............................................. 74 
Figura 36 - Ônibus 8: Leq (dB). ................................................................................ 75 
Figura 37 - Ônibus 9: Nível de Pressão Sonora (dB). .............................................. 75 
Figura 38 - Ônibus 9: Leq (dB). ................................................................................ 76 
Figura 39 - Ônibus 10: Nível de Pressão Sonora (dB).............................................. 76 
Figura 40 - Ônibus 10: Leq (dB). .............................................................................. 77 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Considerações técnicas e a situação recomendada em função da dose 
diária ou do NEN. ...................................................................................................... 28 
Quadro 2 - Tempo máximo diário de exposição permissível em função do nível de 
ruído. ......................................................................................................................... 29 
Quadro 3 - Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente. ..................... 31 
Quadro 4 - Níveis de ruído para conforto acústico dos ambientes. .......................... 32 
Quadro 5 - Níveis limites de ruído segundo a OMS. ................................................ 33 
Quadro 6 - Valores de orientação para o ruído da comunidade em ambientes 
específicos. ............................................................................................................... 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Resultado das medições executadas com os parâmetros da NHO 01. ... 48 
Tabela 2 - Resultado das medições executadas com os parâmetros da NR 15. ...... 50 
Tabela 3 - Níveis limites de ruído segundo a OMS correlacionados com as medições 
realizadas. ................................................................................................................. 51 
Tabela 4 - Medições de ônibus diferentes em trajetos iguais segundo NHO 01. ...... 52 
Tabela 5 - Medições de ônibus diferentes em trajetos iguais segundo NR 15.......... 52 
Tabela 6 - Medições de ônibus iguais em trajetos diferentes segundo NHO 01. ...... 53 
Tabela 7 - Medições de ônibus iguais em trajetos diferentes segundo NR 15. ......... 53 
Tabela 8 - Medições de ônibus iguais em trajetos iguais segundo NHO 01. ............ 54 
Tabela 9 - Medições de ônibus iguais em trajetos iguais segundo NR 15. ............... 54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas 
dB: Decibel 
EPI: Equipamento de Proteção Individual 
Hz: Hertz 
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
LAeq: Nível Sonoro Equivalente 
Lavg: Nível Médio Equivalente 
LE: Limite de Exposição 
Leq: Nível Contínuo Equivalente 
MTE: Ministério do Trabalho e Emprego 
NBR: Norma Brasileira 
NE: Nível de Exposição 
NEN: Nível de Exposição Normalizado 
Neq: Nível Equivalente 
NHO: Norma de Higiene Ocupacional 
NPS: Níveis de Pressão Sonora 
NR: Norma Regulamentadora 
OMS: Organização Mundial da Saúde 
PAINPSE: Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados 
PAIR: Perda Auditiva Induzida por Ruído 
SI: Sistema Internacional de Unidades 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 16 
1.1. APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA ................................................................... 16 
1.2. OBJETIVOS ................................................................................................... 18 
1.2.1. Geral .............................................................................................. 18 
1.2.2. Específicos .................................................................................... 18 
1.3. CONTRIBUIÇÃO ESPERADA .............................................................................19 
1.4. CONDIÇÕES DE CONTORNO ........................................................................... 19 
 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 20 
2.1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO SOM .............................................................. 20 
2.1.1. Frequência ..................................................................................... 20 
2.1.2. Intensidade .................................................................................... 20 
2.1.3. Duração ......................................................................................... 21 
2.2. DEFINIÇÃO DE RUÍDO..................................................................................... 21 
2.3. APARELHO AUDITIVO E SISTEMA DE AUDIÇÃO ................................................... 21 
2.4. PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO (PAIR)................................................. 23 
2.5. EFEITOS DO RUÍDO SOBRE O CORPO HUMANO ................................................. 23 
2.6. RUÍDO CONTÍNUO, INTERMITENTE OU DE IMPACTO ........................................... 24 
2.7. LEGISLAÇÃO PARA AVALIAÇÃO DO RUÍDO......................................................... 25 
2.7.1. NHO 01: Avaliação da exposição ocupacional ao ruído ................ 25 
2.7.2. NR 15: Atividades e operações insalubres .................................... 30 
2.7.3. NBR 10.152 (1987): Níveis de ruído para conforto acústico .......... 32 
2.7.4. NR 17: Ergonomia ......................................................................... 33 
2.7.5. Organização Mundial da Saúde ..................................................... 33 
2.8. DEFINIÇÃO DE NÍVEIS DE RUÍDO E DOSE DE RUÍDO ............................................ 34 
2.9. ANÁLISE DO RUÍDO EM ÔNIBUS URBANOS ........................................................ 35 
 
3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 40 
3.1. MATERIAIS ................................................................................................... 41 
3.2. MÉTODOS .................................................................................................... 45 
 
 15 
 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................... 48 
4.1. AVALIAÇÃO OBJETIVA .................................................................................... 48 
4.1.1. Comparação entre ônibus diferentes em trajetos diferentes.......... 48 
4.1.2. Comparação entre ônibus diferentes em trajetos iguais ................ 52 
4.1.3. Comparação entre ônibus iguais em trajetos diferentes ................ 52 
4.1.4. Comparação entre ônibus iguais em trajetos iguais ...................... 53 
4.2. AVALIAÇÃO SUBJETIVA .................................................................................. 54 
4.2.1. Idade .............................................................................................. 54 
4.2.2. Tempo de atuação como motorista ............................................... 55 
4.2.3. Efeitos sobre a saúde provocados pelo ruído ................................ 56 
4.2.4. Ruído mais incômodo .................................................................... 56 
4.2.5. Pressão alta e dificuldade para dormir .......................................... 57 
 
5. CONCLUSÕES ................................................................................................ 58 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 60 
 
APÊNDICE ................................................................................................................ 65 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
1.1. APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA 
 
Os sistemas de transportes são compostos pelos veículos, vias, terminais 
e plano de operação. O transporte de uma forma geral é um meio para que outras 
atividades produtivas possam efetivar-se cabendo, portanto, ao poder público o 
dever de bem provê-lo para atender o direito dos cidadãos de consumar os seus 
deslocamentos. 
Os principais atributos relacionados ao transporte público e ponderados 
pelo usuário são: a confiabilidade, o tempo de deslocamento, a acessibilidade, o 
conforto, a conveniência, a segurança e o custo (tarifas). 
A necessidade de locomoção entre distâncias maiores, em menor tempo 
e a um custo relativamente acessível provocou um aumento na demanda pelo 
serviço de transporte público coletivo. 
Em muitos países o transporte coletivo não tem recebido atenção e 
investimentos necessários para o adequado funcionamento. A falta de conforto, de 
segurança e de fiscalização, a má conservação dos veículos e das vias, o barulho, a 
lotação, entre outros, tem causado insatisfação tanto para os usuários quanto para 
aqueles que trabalham com o transporte. 
O constante crescimento da frota de veículos é um dos principais fatores 
contribuintes para a emissão do ruído nas áreas urbanas. Os autores Álvares e 
Souza (1992) levantaram dados sobre o ruído de uma forma geral na cidade de Belo 
Horizonte e concluíram que o trânsito é o maior contribuinte para a poluição sonora 
na cidade. 
O som é um fenômeno físico caracterizado por perturbações sonoras que 
se propagam no meio ambiente, sendo capaz de ser detectado pelo ouvido humano. 
O ruído, no entanto, é definido como um som indesejável que pode causar danos à 
saúde como: perda de audição, aumento da pressão arterial, incômodos, por 
exemplo, perturbação do sono, estresse, tensão, queda do desempenho, irritação, 
entre outros danos (BISTAFA, 2011). 
Exposição a níveis sonoros elevados pode conduzir à diminuição 
permanente da capacidade auditiva por traumatismo a nível do ouvido interno. O 
 17 
 
 
risco de Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) aumenta com o nível sonoro e 
com o tempo de exposição, mas depende também das características do som. 
Fatores relacionados à condição de trabalho tais como o ruído, 
influenciam diretamente no desempenho das funções do trabalhador. Os motoristas 
de ônibus estão expostos a ruídos que se originam não somente pelo motor, mas 
também a outros ruídos oriundos do trânsito como campainhas, buzinas e abertura 
de portas. A pavimentação inadequada e a comunicação dos passageiros também 
geram ruído aos condutores. 
O ruído é ainda produzido pela irradiação direta de várias fontes, como 
sistema de exaustão, sistema de admissão, sistema de refrigeração, bandagem dos 
pneus, transporte de cargas soltas, frenagens violentas, partidas bruscas e entrada 
ou saída em curvas com alta velocidade (ALVES FILHO, 1997). 
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), através da Portaria n.º 
340/2000, enquadra a atividade de condutores de veículos de transporte coletivo de 
passageiros como um posto de trabalho idêntico ao industrial, com aplicação de toda 
a legislação trabalhista, inclusive o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) 
(BRASIL, 2000). No entanto, o uso de EPI acaba gerando confronto com os órgãos 
de fiscalização de trânsito. 
O Brasil possui normas e legislações que impõe controles nas emissões 
de ruído como a Portaria n.º 3.214/1978 do MTE, que estabelece no Anexo I da 
Norma Regulamentadora 15 (NR 15: Atividades e operações insalubres) os limites 
de tolerância para ruído contínuo ou intermitente. Há também a Norma de Higiene 
Ocupacional 01 (NHO 01) da Fundacentro que tem por objetivo estabelecer critérios 
e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional ao ruído, que implique 
risco potencial de surdezocupacional. (BRASIL, 1978; FUNDACENTRO, 2001). 
Em relação ao conforto acústico pode-se citar a Norma Brasileira 
10.152/1987 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que estabelece 
os níveis de ruído para conforto acústico, a Norma Regulamentadora 17 (NR 17: 
Ergonomia) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) que recomenda níveis 
máximos de ruído para ambientes de convivência humana (ABNT NBR 10.152, 
1987; BRASIL, 1978). 
 18 
 
 
Este estudo foi conduzido no município de Agudos, localizado na região 
centro-oeste do estado de São Paulo, que abriga uma população estimada de 
36.880 habitantes (IBGE, 2017). 
Em agosto de 2017 a Prefeitura Municipal de Agudos adquiriu uma frota 
de 20 ônibus seminovos, todos do ano/modelo 2006, com motor traseiro e movidos a 
diesel. 
Na ocasião, o sistema de transporte coletivo no município empregava 19 
motoristas que trabalhavam numa jornada de 8 horas por dia. A frota de ônibus 
transportava diariamente centenas de pessoas e seu diferencial era ser inteiramente 
gratuita. 
Dentro desse contexto, surgiu a necessidade de verificar os níveis de 
ruído a que estavam expostos os motoristas de tais ônibus, visando subsidiar os 
gestores do transporte público coletivo do município na tomada de decisão quanto à 
saúde e segurança de seus funcionários. 
Para avaliar a exposição ao ruído foi utilizado um dosímetro acústico da 
marca Incon, modelo IDAC-100, configurado de acordo com as especificações das 
normas NHO 01 e NR 15. Os dados foram armazenados e posteriormente 
descarregados e analisados no programa computacional específico, SoftDAC. 
 
1.2. OBJETIVOS 
 
1.2.1. Geral 
 
Avaliar os níveis de ruído a que estão expostos os motoristas de ônibus 
urbanos do município de Agudos. 
 
1.2.2. Específicos 
 
• Medir, por meio de um dosímetro acústico, o nível contínuo 
equivalente (Leq) no interior dos ônibus e a dose de ruído que o 
motorista recebe durante a jornada de trabalho. 
• Comparar o Leq e a dose diária com os limites de exposição 
ocupacional fixados nas normas vigentes tais como: NHO 01 e NR 
15. 
 19 
 
 
• Comparar o Leq com níveis de conforto recomendados pela NBR 
10.152/1987, NR 17 e OMS. 
• Avaliar subjetivamente o nível de desconforto causado pelo ruído 
aos motoristas. 
 
1.3. CONTRIBUIÇÃO ESPERADA 
 
Este estudo permitirá conhecer os níveis de ruído no interior dos ônibus 
urbanos de transporte coletivo do município de Agudos e a dose de ruído a que 
estão expostos seus condutores. Também possibilitará levantar os eventuais efeitos 
do ruído sobre a saúde destes. 
Dessa forma, poderá nortear os órgãos responsáveis pelo transporte 
público coletivo na tomada de decisão quanto à saúde ocupacional e segurança do 
trabalhador, implicando assim em uma redução nos custos relacionados à 
insalubridade e afastamento para tratamento de saúde de seus funcionários. 
 
1.4. CONDIÇÕES DE CONTORNO 
 
O presente trabalho se restringiu à investigação do nível contínuo 
equivalente e da dose de ruído presente apenas nos ônibus da Prefeitura Municipal 
de Agudos. No estudo foram incluídos os ônibus urbanos de transporte regular de 
passageiros, escolares e de deslocamento para o trabalho, excluindo outros veículos 
similares, como interurbanos. 
Para realização das medições, o dosímetro foi fixado próximo ao ombro 
direito do motorista, há aproximadamente 10 cm de seu ouvido. Tais medições 
foram realizadas durante a jornada de trabalho do motorista por um período 
aproximado de 60 minutos, suficiente para se completar um ciclo de corrida e 
posteriormente extrapoladas para a jornada de trabalho de 8 horas. 
O instrumento foi acionado a partir do início da viagem e interrompido em 
seu final, perfazendo um ciclo completo de trajeto. 
 As medições foram efetuadas com a janela do ônibus aberta, a fim de se 
obter o nível contínuo equivalente e a dose de ruído real a que o motorista está 
exposto. 
 20 
 
 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
2.1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO SOM 
 
O som é originado por uma vibração mecânica que se propaga 
longitudinalmente no ar e atinge o ouvido. Quando essa vibração estimula o 
aparelho auditivo, ela é chamada de vibração sonora. Assim, o som é definido como 
qualquer vibração ou conjunto de vibrações ou ondas mecânicas que podem ser 
ouvidas (SALIBA, 2014). Iida (2005) define som como movimentos mecânicos 
bruscos no ambiente que produzem flutuações da pressão atmosférica, se 
propagam em forma de ondas e, ao atingir o ouvido, produzem a sensação sonora. 
Um som é caracterizado por três variáveis: frequência, intensidade e duração. 
 
2.1.1. Frequência 
 
A frequência do som é o número de oscilações por segundo do 
movimento vibratório, subjetivamente percebida como altura do som. A unidade de 
frequência (SI) é dada em ciclos por segundo ou Hertz (Hz). O ouvido humano é 
capaz de perceber sons na frequência de 20 a 20.000 Hz. Os sons de baixa 
frequência (abaixo de 1.000 Hz) são chamados de graves e aqueles de alta 
frequência (acima de 3.000 Hz) são chamados de agudos. Os sons com menos de 
20 Hz são chamados de infrassons e os sons com mais de 20.000 Hz são chamados 
de ultrassons. Esta faixa de frequência entre 20 e 20kHz é definida como faixa 
audível de frequência ou banda audível (IIDA, 2005). 
 
2.1.2. Intensidade 
 
A intensidade do som depende da energia das oscilações e é definida em 
termos de potência por unidade de área. A gama das intensidades de sons audíveis 
é muito grande. Assim, convencionou-se medi-las por uma unidade logarítmica 
chamada decibel (dB). O ouvido humano é capaz de perceber sons de 20 a 140 dB. 
Os sons normalmente encontrados no lar, tráfego, escritórios e fábricas estão na 
faixa de 50 dB a 100 dB. Sons acima de 120 dB causam desconforto e, quando 
atingem 140 dB, a sensação torna-se dolorosa (IIDA, 2005). 
 21 
 
 
2.1.3. Duração 
 
Os sons podem apresentar curta duração, isto é, menos de 0,1 segundo 
ou longa duração, acima de 1 segundo (IIDA, 2005). 
 
2.2. DEFINIÇÃO DE RUÍDO 
 
Enquanto o som é definido como a sensação produzida no sistema 
auditivo, o ruído ou barulho é definido como um som indesejável, em geral de 
conotação negativa, isto é, como um som sem harmonia (BISTAFA, 2011). 
Para Iida (2005) o ruído é um estímulo desagradável ou indesejável, que 
pode atrapalhar a percepção do sinal. 
 
2.3. APARELHO AUDITIVO E SISTEMA DE AUDIÇÃO 
 
Na Figura 1 é apresentada a anatomia do ouvido humano. 
 
Figura 1 - Anatomia do ouvido humano. 
 
Fonte: Gozzi (2018). 
 
No aparelho auditivo encontram-se três partes: 
• parte periférica (receptor externo): ouvido; 
• parte intermediária ou transmissora: nervo auditivo e 
• parte central (receptor interno): representada pela corticalidade 
cerebral. 
 22 
 
 
O ouvido, órgão periférico da audição, consta de três outras partes: 
ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno. 
De acordo com Iida (2005) o ouvido externo é constituído pela orelha e 
pelo conduto auditivo externo, o qual termina na membrana do tímpano. Nesta 
membrana são provocadas as ondas sonoras. A pressão exercida nas duas faces 
desta membrana é controlada pelo tubo de Eustáquio, um canal que liga o ouvido 
médio com a garganta. 
No ouvido médio, segundo Iida (2005), o som é transmitido através de 
três pequenos ossos denominados martelo, bigorna e estribo. Esses ossículos 
absorvem as vibrações do tímpano e as transmitem para outra membrana fina najanela oval, a qual separa o ouvido médio do ouvido interno. 
Logo que as vibrações chegam ao ouvido interno são convertidas em 
pressões hidráulicas dentro da cóclea. No interior da cóclea existem células 
sensíveis que captam as diferenças de pressão e as transformam em sinais 
elétricos, os quais são transmitidos para o cérebro através do nervo auditivo. No 
cérebro estes sinais sonoros são transformados em sensações sonoras (IIDA, 
2005). 
Segundo Freitas & Nakamura (2003) o som é o resultado da transmissão 
de energia nas partículas de ar que se encontram em vibração e se distanciam da 
fonte sonora. Quando o fluxo de energia sonora incide na membrana timpânica, faz 
com que essa vibre, saindo de sua posição de equilíbrio e ocorrendo a 
movimentação da cadeia ossicular localizada no ouvido médio, composto por três 
ossículos denominados martelo, bigorna e estribo. 
Essa vibração da cadeia ossicular é transmitida pela platina do estribo 
sobre a janela oval, que está em contato com líquidos da orelha interna, onde ocorre 
o deslocamento de ondas mecânicas, fazendo com que haja uma movimentação de 
todo o ducto coclear. No órgão de Corti, localizam-se as células ciliadas que, quando 
saem de sua posição de repouso, provocam uma mudança na carga elétrica 
endocelular e disparam um impulso nervoso, conduzido pelas fibras do nervo 
coclear por meio do sistema auditivo periférico e central, para que, posteriormente, o 
estímulo sonoro possa ser analisado, interpretado e respondido (FREITAS & 
NAKAMURA, 2003). 
 
 23 
 
 
2.4. PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO (PAIR) 
 
PAIR é a perda provocada pela exposição por tempo prolongado ao ruído. 
Configura-se como uma perda auditiva do tipo neurossensorial, geralmente bilateral, 
irreversível e progressiva com o tempo de exposição ao ruído (BRASIL, 2006). 
A PAIR pode também ser designada por perda auditiva por exposição ao 
ruído no trabalho, perda auditiva ocupacional, surdez profissional, disacusia 
ocupacional, perda auditiva induzida por níveis elevados de pressão sonora, perda 
auditiva induzida por ruído ocupacional, perda auditiva neurossensorial por 
exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora de origem ocupacional. 
Quando o ruído é intenso e a exposição a ele é continuada, em média 85 
dB(A) durante 8 horas por dia, ocorrem alterações estruturais no ouvido interno, que 
determinam a ocorrência da PAIR. 
Além dos sintomas auditivos como dificuldade de compreensão de fala, 
zumbido e intolerância a sons intensos, o trabalhador portador de PAIR também 
apresenta queixas, como cefaleia, tontura, irritabilidade, problemas digestivos, entre 
outros (BRASIL, 2006). 
Existe consenso na literatura de que o tempo de exposição ao ruído está 
associado ao aparecimento da PAIR. No estudo realizado por Corrêa Filho (2002) 
que objetivou estimar as prevalências de PAIR em condutores de ônibus urbanos de 
Campinas/SP, foi observada tal prevalência em 32,7% dos condutores examinados. 
Fernandes, Marinho e Fernandes (2004), em seu estudo sobre os níveis 
de ruído e a perda auditiva em motoristas de ônibus na cidade de São Paulo/SP, 
perceberam que, em relação ao tempo de exposição ao ruído na empresa, havia 
predominância de traçados sugestivos de PAIR para os motoristas com tempo de 2 
a 5 anos de exposição ao ruído. 
 
2.5. EFEITOS DO RUÍDO SOBRE O CORPO HUMANO 
 
A energia acústica atua normalmente como estímulo sensorial sobre o 
sistema nervoso central e autônomo, entretanto quando os níveis sonoros excedem 
determinados limites, além de prejuízos ao sistema auditivo, também podem ser 
provocados outros efeitos patológicos (BRESSANE & SALVADOR, 2009). 
 24 
 
 
Segundo Souza (1992) o ruído (Leq) até 50 dB(A) pode perturbar, mas é 
adaptável. A partir de 55 dB(A) provoca estresse leve, levando a durável 
desconforto. O estresse degradativo do organismo começa a cerca de 65 dB(A) com 
desequilíbrio bioquímico, aumentando o risco de infarto, derrame cerebral, 
infecções, osteoporose etc. 
Estudos demonstraram que o excesso de ruído ambiental altera a 
condutividade elétrica no cérebro, além de provocar uma queda na atividade motora 
em geral, levando o indivíduo mais rapidamente à fadiga física e intelectual, 
diminuindo a capacidade de concentração e desempenho na realização de tarefas 
que exigem atenção e aumentando a probabilidade de erros e acidentes. 
Normalmente um indivíduo precisa gastar em média 20% de energia extra para 
realizar uma tarefa, quando exposto a poluição sonora (MEDEIROS, 1999). 
Antes de atingir o córtex cerebral e ser redirecionado às demais partes do 
sistema nervoso, o estímulo sonoro passa por inúmeras estações subcorticais, em 
particular das funções vegetativas. Conforme a intensidade sonora, podem ocorrer 
respostas tanto psicológicas (tensão, irritabilidade e baixa concentração), quanto 
químicas (secreção anormal de substâncias hormonais) e físico-somáticas 
decorrentes, consideradas por alguns autores tão expressivamente relevantes 
quanto a própria surdez, pois podem contribuir para ocorrência ou piora de doenças 
graves (COSTA & KITAMURA, 1995). 
Bistafa (2011) complementa que na maioria das vezes os ruídos geram 
diversos efeitos indesejáveis e em níveis suficientemente elevados, podem causar 
efeitos fisiológicos (perda de audição e aumento da pressão arterial), efeitos 
psicológicos (incômodos, perturbação do sono, estresse, tensão, queda do 
desempenho, interferências com a comunicação oral, que por sua vez provoca 
irritação) e efeitos mecânicos (danos e falhas estruturais no ouvido). 
 
2.6. RUÍDO CONTÍNUO, INTERMITENTE OU DE IMPACTO 
 
A legislação vigente não diferencia ruído contínuo de ruído intermitente 
para fins de avaliação quantitativa. Segundo Saliba (2014), a diferença do ponto de 
vista técnico entre os dois tipos de ruído é o período de exposição: o contínuo é por 
um período superior a 15 minutos e o intermitente menor do que 15 minutos e maior 
do que 0,2 segundos. 
 25 
 
 
Segundo a NHO 01 e a NR 15, ruído contínuo ou intermitente é todo e 
qualquer ruído que não está classificado como ruído de impacto ou impulsivo. E 
ruído de impacto ou impulsivo é o ruído que apresenta picos de energia acústica de 
duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo 
(FUNDACENTRO, 2001; BRASIL, 1978). 
 
2.7. LEGISLAÇÃO PARA AVALIAÇÃO DO RUÍDO 
 
O Brasil possui normas e legislações que impõe controles nas emissões 
de ruído como a NHO 01 da Fundacentro e o Anexo I da NR 15 da Portaria n.º 
3.214/1978 do MTE (FUNDACENTRO, 2001; BRASIL, 1978). 
Em relação ao conforto acústico pode-se citar a NBR 10.152/1987 da 
ABNT, a NR 17 da Portaria n.º 3.214/1978 do MTE e a Organização Mundial da 
Saúde (ABNT NBR 10.152, 1987; BRASIL, 1978). 
 
2.7.1. NHO 01: Avaliação da exposição ocupacional ao ruído 
 
 A Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO 01) da Fundacentro tem por 
objetivo estabelecer critérios e procedimentos para a avaliação da exposição 
ocupacional ao ruído, que implique risco potencial de surdez ocupacional 
(FUNDACENTRO, 2001). 
A referida norma aplica-se à exposição ocupacional a ruído contínuo ou 
intermitente e a ruído de impacto, em quaisquer situações de trabalho, contudo não 
está voltada para a caracterização das condições de conforto acústico. 
Tal norma ainda traz as seguintes definições: 
 
• Dose: parâmetro utilizado para a caracterização da exposição 
ocupacional ao ruído, expresso em porcentagem de energia 
sonora. 
• Dose diária: dose referente à jornada diária de trabalho. 
• Limite de Exposição (LE): parâmetro de exposição ocupacional 
que representacondições sob as quais acredita-se que a maioria 
dos trabalhadores possa estar exposta, repetidamente, sem sofrer 
 26 
 
 
efeitos adversos à sua capacidade de ouvir e entender uma 
conversação normal. 
• Nível de Ação: valor acima do qual devem ser iniciadas ações 
preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as 
exposições ao ruído causem prejuízos à audição do trabalhador e 
evitar que o limite de exposição seja ultrapassado. 
• Nível Equivalente (Neq): nível médio baseado na equivalência de 
energia, conhecido como LEQ. 
• Nível de Exposição (NE): nível médio representativo da exposição 
diária do trabalhador avaliado. 
• Nível de Exposição Normalizado (NEN): nível de exposição, 
convertido para uma jornada padrão de 8 horas diárias, para fins 
de comparação com o limite de exposição. 
 
2.7.1.1. Critérios de avaliação da exposição ocupacional ao ruído 
 
A avaliação da exposição ocupacional ao ruído contínuo ou intermitente 
deve ser feita por meio da determinação da dose diária de ruído ou do nível de 
exposição. 
 
a) Avaliação da exposição de um trabalhador ao ruído contínuo ou intermitente 
por meio da dose diária utilizando medidor integrador de uso pessoal 
 
Para a avaliação por meio de dose diária, o limite de exposição 
ocupacional diária no ruído contínuo ou intermitente corresponde à dose diária igual 
a 100%. O nível de ação para a exposição ocupacional ao ruído é de dose diária 
igual a 50%. Exposições a níveis inferiores a 80 dB(A) não são considerados no 
cálculo da dose. 
Portanto, sempre que a dose diária de exposição ao ruído determinada for 
superior a 100%, o limite de exposição estará excedido e exigirá a adoção imediata 
de medidas de controle. Se a dose diária estiver entre 50% e 100% a exposição 
deve ser considerada acima do nível de ação, devendo ser adotadas medidas 
preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições aos ruídos 
 27 
 
 
causem prejuízos à audição do trabalhador e evitar que o limite de exposição seja 
ultrapassado. 
A norma não permite, em nenhum momento da jornada de trabalho, 
exposição a níveis de ruído contínuo ou intermitente acima de 115 dB(A) para 
indivíduos que não estejam protegidos, independentemente dos valores obtidos para 
dose diária ou para o nível de exposição. 
 
b) Avaliação da exposição de um trabalhador ao ruído contínuo ou intermitente 
por meio do nível de exposição utilizando medidor integrador de uso 
pessoal 
 
Para a avaliação por meio de nível de exposição, o limite de exposição 
ocupacional diária ao ruído corresponde a NEN igual a 85 dB(A), e o limite de 
exposição valor teto para ruído contínuo ou intermitente é de 115 dB(A). Para este 
critério considera-se como nível de ação o NEN igual a 82 dB(A). 
Portanto, sempre que o NEN for superior a 85 dB(A), o limite de 
exposição estará excedido e exigirá a adoção imediata de medidas de controle. 
Se o NEN estiver entre 82 dB(A) e 85 dB(A) a exposição deve ser 
considerada acima do nível de ação, devendo ser adotadas medidas preventivas a 
fim de minimizar a probabilidade de que as exposições causem prejuízos à audição 
do trabalhador e evitar que o limite de exposição seja ultrapassado. 
 
2.7.1.2. Critério de julgamento e tomada de decisão 
 
O Quadro 1 apresenta considerações técnicas e a situação recomendada 
em função da dose diária ou do NEN encontrados na condição de exposição 
avaliada. 
 
 
 
 
 
 28 
 
 
Quadro 1 - Considerações técnicas e a situação recomendada em função da dose 
diária ou do NEN. 
Dose Diária 
(%) 
NEN 
dB(A) 
Consideração 
técnica Atuação recomendada 
0 a 50 até 82 aceitável no mínimo manutenção da condição existente 
50 a 80 82 a 84 acima do nível de ação 
adoção de medidas 
preventivas 
80 a 100 84 a 85 região de incerteza 
adoção de medidas 
preventivas e corretivas 
visando a redução da dose 
diária 
acima de 100 > 85 acima do limite de exposição 
adoção imediata de medidas 
corretivas 
Fonte: Fundacentro (2001). 
 
No Quadro 2 é apresentado o tempo máximo diário de exposição 
permissível em função do nível de ruído. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
 
 
Quadro 2 - Tempo máximo diário de exposição permissível em função do nível de 
ruído. 
Nível de ruído dB(A) Tempo máximo diário permissível (Tn) (minutos) 
80 1.523,90 
81 1.209,52 
82 960,00 
83 761,95 
84 604,76 
85 480,00 
86 380,97 
87 302,38 
88 240,00 
89 190,48 
90 151,19 
91 120,00 
92 95,24 
93 75,59 
94 60,00 
95 47,62 
96 37,79 
97 30,00 
98 23,81 
99 18,89 
100 15,00 
101 11,90 
102 9,44 
103 7,50 
104 5,95 
105 4,72 
106 3,75 
107 2,97 
108 2,36 
109 1,87 
110 1,48 
111 1,18 
112 0,93 
113 0,74 
114 0,59 
115 0,46 
Fonte: Fundacentro (2001). 
 
Os critérios estabelecidos na NHO 01 estão baseados em conceitos e 
parâmetros técnico-científicos modernos, seguindo tendências internacionais atuais, 
não havendo um compromisso de equivalência com o critério legal. Desta forma, os 
 30 
 
 
resultados obtidos e sua interpretação podem diferir daqueles obtidos na 
caracterização da insalubridade pela aplicação do disposto na NR 15, Anexo I, da 
Portaria 3.214/1978. 
 
2.7.2. NR 15: Atividades e operações insalubres 
 
De acordo com a NR 15, que dispõe sobre atividades e operações 
insalubres, "Limite de Tolerância" é a concentração ou intensidade máxima ou 
mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não 
causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral (BRASIL, 1978). 
A referida norma dispõe ainda que o exercício de trabalho em condições 
de insalubridade assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre 
o salário mínimo da região, equivalente a: 
• 40% para insalubridade de grau máximo; 
• 20% para insalubridade de grau médio; 
• 10% para insalubridade de grau mínimo. 
A eliminação ou neutralização da insalubridade causa a cessação do 
pagamento do adicional respectivo. Tal eliminação ou neutralização pode ocorrer 
com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites 
de tolerância ou com a utilização de EPI. 
O Anexo I da NR 15 estabelece os limites de tolerância para ruído 
contínuo ou intermitente e o Anexo II estabelece os limites de tolerância para ruído 
de impacto. O tipo de ruído abordado neste estudo se classifica como ruído contínuo 
ou intermitente. 
 
2.7.2.1. Anexo I - Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente 
 
O tempo de exposição aos níveis de ruído não deve exceder os limites de 
tolerância fixados no Quadro 3. 
 
 
 
 
 
 31 
 
 
Quadro 3 - Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente. 
Nível de ruído 
dB (A) 
Máxima exposição diária 
permissível 
85 8 horas 
86 7 horas 
87 6 horas 
88 5 horas 
89 4 horas e 30 minutos 
90 4 horas 
91 3 horas e 30 minutos 
92 3 horas 
93 2 horas e 40 minutos 
94 2 horas e 15 minutos 
95 2 horas 
96 1 hora e 45 minutos 
98 1 hora e 15 minutos 
100 1 hora 
102 45 minutos 
104 35 minutos 
105 30 minutos 
106 25 minutos 
108 20 minutos 
110 15 minutos 
112 10 minutos 
114 8 minutos 
115 7 minutos 
Fonte: Brasil (1978). 
 
As atividades ou operações que exponham o trabalhador a níveis de ruído 
continuo ou intermitente superiores aos limites de tolerância fixados no Quadro 3 
configuram insalubridade de grau médio. 
Na NR 15 é explicado quepara os valores encontrados de nível de ruído 
intermediário será considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao 
nível imediatamente mais elevado. 
A exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) não é permitida para 
indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. As atividades ou operações 
que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, 
superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecem risco grave e iminente. 
 
 32 
 
 
2.7.3. NBR 10.152/1987: Níveis de ruído para conforto acústico 
 
A NBR 10.152 (1987) fixa os níveis de ruído compatíveis com o conforto 
acústico em ambientes diversos, conforme apresentado no Quadro 4. 
 
Quadro 4 - Níveis de ruído para conforto acústico dos ambientes. 
Locais dB (A) 
Hospitais 
 Apartamentos, Enfermarias, Berçários, Centros cirúrgicos 35-45 
 Laboratórios, Área para uso do público 40-50 
 Serviços 45-55 
 
Escolas 
 Bibliotecas, Salas de música, Salas de desenho 35-45 
 Salas de aula, Laboratórios 40-50 
 Circulação 45-55 
 
Hotéis 
 Apartamentos 35-45 
 Restaurantes, Salas de estar 40-50 
 Portaria, Recepção, Circulação 45-55 
 
Residências 
 Dormitórios 35-45 
 Salas de estar 40-50 
 
Auditórios 
 Salas de concertos, Teatros 30-40 
 Salas de conferências, Cinemas, Salas de uso múltiplo 35-45 
 
Restaurantes 40-50 
 
Escritórios 
 Salas de reunião 30-40 
 Salas de gerência, Salas de projetos e de administração 35-45 
 Salas de computadores 45-65 
 Salas de mecanografia 50-60 
 
Igrejas e Tempos (Cultos meditativos) 40-50 
 
Locais para esporte 
 Pavilhões fechados para espetáculos e atividades esportivas 45-60 
Fonte: NBR 10.152 (1987). 
 33 
 
 
2.7.4. NR 17: Ergonomia 
 
A NR 17 estabelece que nos locais de trabalho onde são executadas 
atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas 
de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de 
projetos, dentre outros, recomenda-se níveis de ruído de acordo com o estabelecido 
na NBR 10.152 (1987) (BRASIL, 1978). 
A referida norma determina ainda que para as atividades que não 
apresentem equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na NBR 10.152 
(1987), o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB (A). 
 
2.7.5. Organização Mundial da Saúde 
 
Os níveis máximos de ruído recomendados pela Organização Mundial da 
Saúde para ambientes de convivência humana estão apresentados no Quadro 5. 
 
Quadro 5 - Níveis limites de ruído segundo a OMS. 
 Locais Nível de ruído Limite - dB(A) 
Risco de perda auditiva - a pessoa exposta pode contrair PAIR 
para exposições de 8 horas diárias. 75 
Perda da concentração e do rendimento em tarefas que exijam 
capacidade de cálculo. 60 
Estresse leve com excitação do sistema nervoso e produção de 
desconforto acústico. 55 
Interferência na comunicação - torna difícil a conversa entre 
duas pessoas, ou dificulta falar no telefone, ou ouvir rádio ou 
televisão. 
50 
Perturbação do sono - a pessoa não relaxa totalmente durante o 
sono, não atingindo os estágios mais profundos do sono e 
reduzindo o tempo. 
30 
Fonte: Berglund, Lindvall e Schwela (1999). 
 
Tratando-se de áreas de tráfego, a OMS recomenda um nível contínuo 
equivalente de até 70 dB(A) para uma exposição de 24 horas, conforme 
apresentando no Quadro 6. 
 
 
 34 
 
 
Quadro 6 - Valores de orientação para o ruído da comunidade em ambientes 
específicos. 
Ambiente específico 
Efeito 
crítico para 
a saúde 
LAeq 
[dB(A)] 
Tempo de 
exposição 
[horas] 
LAmax 
[dB] 
Área industrial, 
comercial e de tráfego, 
internas e externas 
Perda 
auditiva 70 24 110 
Fonte: Berglund, Lindvall e Schwela (1999). 
 
2.8. DEFINIÇÃO DE NÍVEIS DE RUÍDO E DOSE DE RUÍDO 
 
O nível contínuo equivalente - Leq (dB), bem como o nível médio 
equivalente - Lavg (dB) é um valor expresso em dB, que contém a mesma energia 
sonora que o som variando no tempo, ou seja, é o valor único que representa o 
mesmo dano auditivo produzido por um som variável ao longo de determinado 
período. 
O termo Leq tem o mesmo significado que o Lavg, porém o Leq é assim 
apresentado quando se utiliza o fator duplicativo de dose (q) igual a 3 dB, enquanto 
que o Lavg é apresentado quando o fator duplicativo de dose é 4, 5 ou 6 dB. Se for 
realizada, por exemplo, uma dosimetria de 1 hora, este fator duplicativo de dose 
considera nos cálculos que isso se estendeu para o período todo da jornada de 
trabalho. 
O nível equivalente normalizado - NEN (dB) é o nível médio de exposição, 
convertido para uma jornada padrão de 8 horas diárias, para fins de comparação 
com o limite de exposição. É um parâmetro definido pela Fundacentro, que é 
equivalente ao Leq, quando utilizado o fator duplicativo. 
A Portaria 2.314/1978 utiliza em sua NR 15 o termo nível de ruído 
contínuo ou intermitente, que é equivalente ao Lavg. 
A dose é um parâmetro utilizado para a caracterização da exposição 
ocupacional ao ruído, expresso em porcentagem de energia sonora. Já a dose 
projetada (%) significa uma dose projetada para uma jornada de 8 horas, 
considerando-se a dose acumulada medida. 
 
 
 35 
 
 
2.9. ANÁLISE DO RUÍDO EM ÔNIBUS URBANOS 
 
A perda auditiva induzida por ruído pode atingir o indivíduo que estiver 
exposto a Níveis de Pressão Sonora (NPS) elevados. Os motoristas de ônibus 
fazem parte desta população, uma vez que estes profissionais desempenham sua 
função expostos a diferentes fontes e tipos de ruído. No ambiente de trabalho, que 
se configura no interior do ônibus, o controle deste agente agressor é difícil e a 
indicação do uso de protetor auditivo não é uma rotina nas empresas devido à 
necessidade destes profissionais estarem atentos aos sinais de alerta (DIDONÉ, 
2004). 
Dentro deste contexto Didoné (2004) analisou as audiometrias dos 
motoristas com o intuito de identificar resultados sugestivos de PAIR e avaliou a 
exposição sonora em 25 ônibus fundamentada na legislação brasileira da NR 15. 
Didoné (2004) observou que a exposição aos NPS do motorista de ônibus 
ultrapassou o recomendado pela referida norma. Esta hipótese foi confirmada em 
parte, sendo que os ônibus com motor traseiro, com menos de 5 anos de uso não 
apresentaram níveis superiores aos estabelecidos em norma. A autora observou 
também que a dose de ruído era maior no lado esquerdo justificando a perda 
auditiva deste lado, o que remete à uma contribuição do ruído externo vindo pela 
janela do ônibus. 
Giuliani (2011) analisou o nível de ruído em ônibus urbano próximo ao 
motorista. Sua análise foi realizada através de parâmetros de nível sonoro 
equivalente (LAeq), obtidos através de medições realizadas pelo autor, na cidade de 
Porto Alegre/RS. Seus resultados mostraram que os motoristas de ônibus urbanos 
trabalham em ambientes com elevados níveis de ruído. 
Silva & Correia (2012), por meio de dosimetria, avaliaram os níveis de 
exposição sonora no interior de 15 ônibus de transporte urbano na cidade de 
Itajubá/MG, contemplando conforto e risco à saúde, segundo os critérios de 
incômodo e de perda auditiva estabelecidos pela OMS. O nível sonoro variou de 78 
a 84 dB(A), com média aritmética de 81 ± 0,9 dB(A). Os autores concluíram que os 
ônibus avaliados não ofereceram conforto adequado no que concerne aos 
parâmetros acústicos, havendo a necessidade de oferecer veículos mais bem 
projetados de modo a reduzir o nível de ruído emitido pelo veículo.36 
 
 
Em seu estudo Cunha (2014) analisou os níveis de ruído produzidos 
durante a jornada de trabalho de motoristas que conduziam ônibus equipados com 
motor dianteiro em uma empresa na região metropolitana de Curitiba/PR. Para 
verificar os níveis de ruído a que os motoristas estavam expostos, foram realizadas 
medições com dosímetro e avaliado, através de questionários, os impactos 
causados pelo ruído durante a jornada de trabalho. Todos os níveis de ruído 
equivalente medidos, total de 20, resultaram inferior a 85 dB(A), destes, apenas 7 
ficaram entre o nível de ação e o limite de tolerância. O questionário, aplicado a 49 
motoristas, mostrou que os efeitos da exposição do ruído na saúde ocupacional 
aumentam em motoristas com maior tempo de serviço. 
Freitas & Nakamura (2003) estudaram a incidência da perda auditiva 
induzida por ruído em motoristas de ônibus de motores dianteiros verificando o perfil 
audiológico dessa população em função do local da fonte sonora. O estudo 
constituiu-se de 104 motoristas, na faixa etária de 21 a 63 anos, de duas empresas 
de transporte coletivo urbano da cidade de Campinas/SP. Os dados de audiometria 
e da anamnese foram coletados de um banco de dados de exames audiométricos 
de uma clínica que realizava audiometrias ocupacionais. 
As autoras detectaram perda auditiva induzida por níveis de pressão 
sonora elevados (PAINPSE) nos audiogramas analisados, sendo 12% na orelha 
direita e 15% na orelha esquerda. A pequena diferença encontrada não pode estar 
relacionada com a localização do motor no ônibus, uma vez que o mesmo está 
localizado do lado direito do motorista. Esta diferença remete ao agravante do ruído 
externo vindo pela janela. 
 Guardiano, Chagas e Slomp Junior (2014) investigaram a prevalência da 
perda auditiva e as características audiométricas em motoristas de ônibus de 
passageiros. Foram selecionados os exames audiométricos realizados no período 
de 2010 e 2011, de 122 motoristas de ônibus de passageiros da região 
metropolitana de Curitiba/PR. Os resultados mostraram que 31,15% dos motoristas 
apresentaram problemas auditivos, sendo 24,59% sugestivos de PAINPSE. 
Em seu estudo, Machado (2003) avaliou a exposição ao ruído de forma 
subjetiva em questionamento aos usuários do sistema de transporte coletivo público 
da cidade de Curitiba/PR e através da medida do nível de pressão sonora. O 
questionário foi distribuído de modo a observar o que pensam e o grau de 
 37 
 
 
desconforto dos ocupantes com relação ao ruído. Seus resultados mostraram que os 
níveis de ruído no habitáculo dos ônibus estudados, ligeirinho e biarticulado, com 
motores central ou traseiro, atenderam as normas de ruído ocupacional, com valores 
médios de 76 dB(A), mas geraram um grau de insatisfação em 62% dos usuários do 
transporte coletivo. 
Martins et al. (2001) avaliaram a audição de motoristas e cobradores de 
ônibus de uma empresa de Bauru/SP. As medições foram realizadas com a 
utilização do dosímetro, com o objetivo de verificar o nível de ruído ao qual os 
trabalhadores ficavam expostos durante um dia normal de trabalho. Além disso, foi 
realizada uma audiometria tonal limiar. Os resultados mostraram que a ocorrência de 
PAINPSE foi maior no grupo de motoristas (39%), quando comparado ao grupo de 
cobradores (12%). Além disso, o nível de ruído constatado para a posição do 
motorista está acima do considerado não prejudicial à saúde do trabalhador. A 
principal queixa auditiva observada nos indivíduos com PAINPSE foi o zumbido. 
Pesquisas de Pedrosa (2016) desenvolvidas numa empresa de transporte 
público de passageiros portuguesa, onde foram monitorados quatro percursos 
distintos (A, B, C e D) e quatro tipos de ônibus (Mini Bus, de 2 Pisos, Articulado e 
Standard), mostraram que as características do percurso e o tipo de pavimento 
influenciam no nível de ruído. 
A autora observou que o LAeq mais elevado ocorreu no percurso B com o 
ônibus Mini Bus e o mais baixo no percurso C com o ônibus do tipo Articulado. Os 
percursos monitorados apresentavam características de pavimento bastante 
distintas, variando entre asfalto, empedrado e piso misto, verificando-se a presença 
de empedrado, em maior percentagem nos percursos A e B. 
Ao observar isoladamente o percurso D, os níveis sonoros médios de 
LAeq para os tipos de ônibus 2 Pisos, Articulado e Standard resultaram 
respetivamente, 71,4 dB(A), 71,2 dB(A) e 71,7 dB(A), indicando que os níveis de 
LAeq de ônibus variam para um mesmo percurso (PEDROSA, 2016). 
O estudo de Portela (2008) avaliou objetiva e subjetivamente a exposição 
ao ruído em motoristas de ônibus urbanos na cidade de Curitiba/PR. As avaliações 
subjetivas constaram de um questionário contendo questões referentes à sensação 
de incômodo ao ruído em uma amostra de 200 motoristas. A exposição ao ruído foi 
 38 
 
 
avaliada em 80 veículos de quatro modelos diferentes: convencionais, ligeirinhos, 
micro-ônibus e articulados. 
Os resultados para as medições objetivas revelaram que os veículos 
estavam de acordo com as normas NHO 01 e NR 15. Porém, alguns veículos 
apresentaram níveis de ruído muito próximos do limite das normas e acima de 65 
dB(A), o que poderia tornar o ambiente de trabalho desconfortável e, também, 
propiciar o início de distúrbios na saúde relacionados à exposição ao ruído 
(PORTELA, 2008). 
Os modelos de ônibus convencionais apresentaram maiores níveis de 
ruído, seguidos pelos micro-ônibus, articulados e, por último, os modelos ligeirinhos. 
Os veículos com motor dianteiro apresentaram maiores níveis de pressão sonora 
equivalente do que os modelos com motor traseiro. Além disso, o autor também 
observou que não houve correlação relevante entre o ano de fabricação dos 
veículos e o LAeq. 
O questionamento sobre hipertensão revelou que 15,5% da amostra 
relataram possuir pressão alta. Sobre a qualidade do sono, houve uma satisfação 
média de 88,8% na amostra de motoristas. Em geral, a análise do incômodo sentido 
pelos motoristas em relação ao ruído emitido pelo ônibus mostrou que existia uma 
frequência de incômodo de 36% na amostra (PORTELA, 2008). 
Siviero et al. (2005) investigaram a prevalência de perda auditiva e as 
características audiométricas em motoristas de ônibus da cidade de Maringá/PR. Foi 
estudado um grupo de 50 motoristas de ônibus, com tempo de exposição ao ruído 
superior a cinco anos, por meio de questionário, meatoscopia e exame audiométrico. 
Os autores detectaram traçados auditivos sugestivos de PAINSPE em 28% da 
amostra estudada, que apontam a necessidade da adoção de medidas preventivas à 
perda auditiva. 
Fernandes, Marinho e Fernandes (2004) avaliaram os níveis de ruído e a 
perda auditiva em motoristas de ônibus na cidade de São Paulo/SP, onde 
analisaram uma amostra de 6 ônibus com motor na posição dianteira. Os resultados 
mostraram que o nível de exposição semanal para uma das linhas foi de 85 dB(A), e 
para as demais linhas o valor foi superior a 85 dB(A) chegando a 93 dB(A). As 
audiometrias mostraram que 49,1% dos ouvidos direitos e 62,8% dos ouvidos 
esquerdos dos motoristas apresentaram audiogramas com configuração de PAIR. 
 39 
 
 
Ao avaliar os níveis de ruído em 10 veículos de transporte coletivo de 
Bauru, Fernandes et al. (2001) concluíram que a atividade de motorista e de 
cobrador de ônibus no caso em questão caracterizava-se como insalubre, tendo em 
vista os níveis de ruído e o tempo de exposição, com níveis médios de ruído de 90 
dB(A) para o motorista e 87 dB(A) para o cobrador. Para estes níveis de ruído, a NR 
15 permite uma exposição (sem proteção) de, respectivamente,4 horas e 6 horas 
diárias. Como a exposição diária destes trabalhadores é de mais de 8 horas, o 
trabalho de motorista e de cobrador de ônibus se caracteriza como uma atividade 
insalubre, indicando que existe risco destes funcionários contraírem PAIR. 
Do ponto de vista auditivo, dentre os fatores que tornam o trabalho dos 
motoristas de ônibus arriscado, pode-se citar: a localização do motor na posição 
dianteira, grande potência desse motor, o alto nível de ruído do ambiente urbano, o 
tempo de exposição ao ruído e a falta de manutenção dos veículos (FERNANDES et 
al., 2001). 
A caracterização das atividades dos motoristas e cobradores de ônibus 
como insalubres obriga as empresas ao pagamento do adicional de insalubridade 
aos empregados (BRASIL, 1978). No caso de ruído, a insalubridade é de grau 
médio, correspondendo a um adicional de 20% do salário mínimo vigente no país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 40 
 
 
3. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Este capítulo aborda os materiais e métodos utilizados no 
desenvolvimento desta pesquisa. O estudo foi composto por duas avaliações. A 
primeira consistiu em uma avaliação objetiva da exposição ocupacional ao ruído 
contínuo ou intermitente feita por meio da determinação do nível contínuo 
equivalente e da dose de ruído representativos da exposição diária do trabalhador. 
A segunda avaliação foi de caráter subjetivo, onde foi aplicado um 
questionário a fim de levantar o nível de desconforto sentido pelos condutores em 
relação ao ruído presente no interior dos veículos. 
A pesquisa foi realizada com uma amostra da frota de ônibus urbanos do 
município de Agudos. Na Figura 2 é apresentado o modelo de ônibus em estudo. 
 
Figura 2 - Ônibus urbano de transporte coletivo estudado. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
Todos os ônibus medidos apresentavam as mesmas características: 
• Ano de fabricação: 2006; 
• Posição do motor: traseira; 
• Combustível: diesel e 
• Estado de conservação: bom. 
 
 
 41 
 
 
3.1. MATERIAIS 
 
• Dosímetro acústico: marca Incon, modelo IDAC-100; 
• Calibrador acústico: marca Incon, modelo ICAL-100; 
• Notebook: marca Dell, modelo Vostro; 
• Software SoftDac; 
• Câmera fotográfica: marca Canon, modelo EOS 1100D; 
• Ficha de avaliação. 
 
Características técnicas gerais dos materiais 
 
Com base no Guia de Utilização (2017) disponível no site do fabricante, 
são apresentadas as informações técnicas do dosímetro utilizado e de seu 
calibrador. 
 
Dosímetro IDAC-100: 
• Normas: IEC 60651:1979, IEC 60804:1985, IEC 61252:1997 e IEC 
61260:1995; 
• Referências: NR 15 (Anexo 1) e Instrução Normativa da 
Fundacentro (NHO 01); 
• Ponderações em frequência: A, C e Z (linear); 
• Ponderações no tempo: fast e slow; 
• Parâmetros medidos: SPL, E, SEL, LAVG, LEQ, TWA, Dose, 
Dproj8h, DprojT, MAX e NEN; 
• Microfone: condensador 1/4", classe 1; 
• Faixa de medição: 60 a 140 dB; 
• Faixa de frequência: 25 Hz a 20 KHz; 
• Separação em bandas de oitava: 31,5 Hz, 63 Hz, 125 Hz, 250 Hz, 
500 Hz, 1 kHz, 2 kHz, 4 kHz, 8 kHz e 16 kHz; 
• Intervalo de Aquisição: configurável de 30 s a 600 s, com intervalos 
de 30 s; 
• Resolução SPL e SEL: 0,1 dB; 
• Resolução LAVG, LEQ, TWA e NEN: 0,1 dB; 
 42 
 
 
• Resolução do cálculo de dose e dose projetada: 0,01%; 
• Resolução da exposição sonora: 0,01 Pa2h; 
• Critério de referência: configurável 70 a 90 dB, com incremento de 
1 dB; 
• Threshold: configurável 70 a 90 dB, com incremento de 1 dB; 
• Nível máximo: configurável por software, default em 115 dB; 
• Taxa de dobra (incremento de duplicação de dose): configurável 3, 
4, 5 ou 6 dB; 
• Medição de 2 normas simultaneamente: NHO 01 e NR 15 ou NHO 
01 e Norma editável; 
• Display: 128 x 64 pixels OLED; 
• Memória: interna 2 MBytes; 
• Interface: USB (para carregamento da bateria e transferência de 
dados); 
• Nível de referência: 94 ou 114 dB em 1 kHz; 
• Alimentação: Bateria interna Lítio-Polímero (Li-Po) recarregável; 
• Autonomia: aproximadamente 25 h. 
 
Calibrador acústico ICAL-100: 
• Norma: IEC 60942:2003; 
• Nível de pressão sonora (SPL): 94 e 114 dB (selecionável); 
• Frequência: 1 kHz; 
• Alimentação: Bateria interna 9 V não recarregável; 
• Indicação de Low-Bat (bateria fraca); 
• Desligamento automático por bateria fraca; 
• Entrada para microfone: ½” com adaptador incluso para 1/4". 
 
Software SoftDac: 
Este software foi concebido para permitir a conexão do equipamento 
IDAC-100 a um computador, utilizando para tanto uma porta USB. O software busca 
constantemente as informações do processo, indicadas pelo IDAC-100, de maneira 
a reproduzir fielmente no computador as medidas de campo. Permite, também, 
visualizar e trabalhar com as informações de dosimetria geradas pelo IDAC-100. 
 43 
 
 
A Figura 3 refere-se ao dosímetro IDAC-100 utilizado nas medições e a 
Figura 4 refere-se ao calibrador ICAL-100. Na Figura 5 é apresentado uma imagem 
do CD de instalação do software SotfDac e nas Figuras 6 e 7 são apresentadas as 
telas do sistema. 
Figura 3 - Dosímetro acústico IDAC-100. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
Figura 4 - Calibrador acústico ICAL-100. 
 
Fonte: Catálogo de Especificação (2018). 
 
Figura 5 - CD de instalação do software SoftDac. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 44 
 
 
Figura 6 - Telas do software SoftDac. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
Figura 7 - Telas do software SoftDac. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 45 
 
 
Os resultados das avaliações, objetiva e subjetiva, foram registrados na 
ficha de avaliação, apresentada na Figura 8, elaborada especificamente para esta 
pesquisa. 
 
Figura 8 - Ficha de avaliação dos níveis de ruído em ônibus urbano. 
Ficha de avaliação dos níveis de ruído em ônibus urbano 
Nº ônibus (1-20): Trajeto: 
Data: _____/_____/_____ Hora: _____h_____ 
Dados sobre o ônibus 
Ano de fabricação: Posição do motor: 
Combustível: Conservação: ( )Bom( )Médio( )Ruim 
Nível sonoro equivalente (LAeq) - dB(A) 
Ônibus trafegando: 
Avaliação dos motoristas 
Nome (Iniciais): Idade (anos): 
Tempo de atuação 
como motorista: Carga horária diária: 
Efeitos sobre a saúde provocados pelo ruído: 
( ) Dificuldade de 
comunicação oral 
( ) Diminuição da 
audição ( ) Estresse 
( ) Zumbido nos 
ouvidos 
( ) Dificuldade de 
concentração ( ) Dor de cabeça ( ) Irritação ( ) Nenhum 
Ruído mais incômodo: 
( ) Abertura das portas ( ) Motor ( ) Tráfego nas vias urbanas ( ) Nenhum 
( ) Campainha ( ) Passageiros ( ) Conjunto 
Apresenta pressão alta? ( ) Sim ( ) Não 
Apresenta dificuldade para dormir? ( ) Sim ( ) Não 
Observações 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
3.2. MÉTODOS 
 
O município possui, atualmente, uma frota de 20 ônibus e o quadro de 
funcionários conta com 19 motoristas, sendo 18 homens e 1 mulher. As medições 
contemplaram uma amostra de 10 ônibus e os questionários foram respondidos por 
10 motoristas individualmente. 
 46 
 
 
Para a realização da medição do Leq e da dose de ruído foi utilizado um 
medidor integrado de uso pessoal, também denominado dosímetro de ruído ou 
acústico. 
Durante as medições o dosímetro estava dotado de microfone com 
espuma para atenuação do efeito do vento sobre o ruído. Anteriormente às 
medições, o dosímetro foi devidamentecalibrado. 
De acordo como os procedimentos de avaliação da Fundacentro (2001), o 
critério de referência que embasa os limites de exposição diária adotada para ruído 
contínuo ou intermitente corresponde a uma dose de 100% para exposição de 8 
horas ao nível de 85 dB(A). O incremento de duplicação de dose (q) é igual a 3 e o 
nível limiar de integração igual a 80 dB (A). Os medidores devem estar ajustados de 
forma a operar no circuito de ponderação “A”, circuito de resposta lenta (slow) e 
cobrir uma faixa de medição mínima de 80 a 115 dB(A). 
A NR 15 estabelece que os níveis de ruído contínuo ou intermitente sejam 
medidos em decibels (dB) com medidor operando no circuito de compensação "A" e 
circuito de resposta lenta (slow) (BRASIL, 1978). 
No medidor utilizado havia a possibilidade de escolher duas normas pré-
configuradas, NHO 01 (CR = 85 dB, TR = 80 dB e q = 3 dB) e NR 15 (CR = 85 dB, 
TR = 80 dB e q = 5 dB) ou ainda editar os próprios valores de critério de referência 
(CR), Threshold (TR) e fator de dobra (q). Dessa forma, optou-se pela utilização das 
normas NHO 01 e NR 15 previamente configuradas no medidor, de forma a atender 
os seguintes parâmetros: 
• circuito de ponderação - “A”; 
• circuito de resposta - lenta (slow); 
• critério de referência - 85 dB(A), que corresponde a dose de 100% 
para uma exposição de 8 horas; 
• nível limiar de integração - 80 dB(A); 
• faixa de medição mínima - 80 a 115 dB(A); 
• incremento de duplicação de dose (q) - 3 dB (NHO 01) / 5 dB (NR 
15); 
• indicação da ocorrência de níveis superiores a 115 dB(A). 
 
 47 
 
 
Como o dosímetro foi posicionado na resposta “lenta” (ruído contínuo) e 
utilizou-se o circuito de compensação “A”, os valores medidos, em dB(A), 
representam o nível de pressão sonora equalizado de acordo com a curva “A” do 
aparelho. 
Essa curva é usada nas medições de ruído onde existe uma preocupação 
com a audição humana. A curva de equalização “A” se aproxima bastante das 
curvas de audibilidade subjetiva do som, ou seja, é pouco sensível a baixas 
frequências, bastante sensível entre 2 e 5 kHz, perdendo a sensibilidade em altas 
frequências (FERNANDES, 1991). 
Por determinação da NR 15, as leituras foram feitas próximas à zona 
auditiva do trabalhador, conforme apresentado na Figura 9. 
 
Figura 9 - Fixação do dosímetro no motorista. 
 
Fonte: Arquivo Pessoal. 
 
A amostra foi medida durante por um período aproximado de 60 minutos 
e os dados coletados foram armazenados no dosímetro acústico. 
Depois de realizadas as medições nos ônibus, os dados foram 
descarregados no software SoftDac, para posterior análise. A avaliação objetiva 
resultou no valor do Leq emitido no interior do ônibus e da dose diária de ruído a que 
estão expostos os condutores. 
 
 
 
 48 
 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
4.1. AVALIAÇÃO OBJETIVA 
 
4.1.1. Comparação entre ônibus diferentes em trajetos diferentes 
 
A partir das medições realizadas, foi possível elaborar a Tabela 1 que se 
refere à medição realizada com base nos parâmetros de avalição estabelecidos na 
NHO 01. Nela são apresentados o tempo de duração da medição, o valor máximo 
de ruído captado, o Leq, a dose de ruído para o tempo de duração da medição e a 
dose projetada para a jornada de trabalho de 8 horas. 
 
Tabela 1 - Resultado das medições executadas com os parâmetros da NHO 01. 
NHO 01 
Nº 
Ônibus Trajeto 
Tempo de 
Exposição 
(h) 
Valor 
máximo 
dB(A) 
Leq 
dB(A) 
Dose 
(%) 
Dose 
Projetada 8h 
(%) 
1 C A 1:03:00 93,70 70,40 0,45 3,44 
2 C B 0:51:30 83,20 60,50 0,03 0,34 
3 C A 1:17:30 85,70 65,40 0,17 1,10 
4 E C 1:10:00 91,40 75,20 1,53 10,52 
5 C D 1:03:30 83,60 62,20 0,06 0,52 
6 C B 1:07:00 88,60 58,00 0,02 0,19 
7 C D 1:00:30 90,50 63,20 0,08 0,65 
8 E E 0:49:00 99,40 80,10 3,28 32,28 
9 E F 0:47:30 91,50 69,80 0,29 3,02 
10 C A 0:28:00 95,60 71,60 0,26 4,55 
Notas: a) C = Ônibus convencional. 
 b) E = Ônibus escolar. 
Fonte: Arquivo Pessoal. 
 
Ao comparar os resultados das medições observou-se que em nenhum 
dos ônibus analisados o ruído provocou efeitos insalubres sobre os motoristas, uma 
vez que nenhuma dose projetada para 8 horas resultou superior a 100%. Além 
disso, pode-se observar que todos os valores de dose projetada se apresentaram 
abaixo do nível de ação (50%). 
 Os ônibus que apresentaram valores mais prejudiciais foram o 8E com 
dose projetada de 32,28% e o 4E com 10,52%, ambos escolares. O ônibus 8E 
conduzia adolescentes, enquanto que o ônibus 4E conduzia crianças. Além dos 
 49 
 
 
ônibus 4E e 8E, o ônibus 9E também era escolar. Todos os demais eram ônibus 
urbanos de transporte regular de passageiros, aqui denominados de convencionais. 
Tomando como base os resultados expostos na Tabela 1, foi elaborado o 
gráfico apresentado na Figura 10. 
 
Figura 10 - Resultado das medições executadas com os parâmetros da NHO 01. 
 
 
Fonte: Arquivo Pessoal. 
 
Na Figura 10 a reta vermelha indica o limite de exposição, a reta amarela 
indica o nível de ação e a reta verde indica o nível de desconforto acústico. 
Ao observar a Figura 10 verificou-se que o Leq variou de 58,00 a 80,10 
dB(A), sendo a média aritmética dos valores igual a 67,64 dB(A). De acordo com a 
NHO 01, o Leq resultante está abaixo do limite de exposição (85 dB(A)) e, inclusive, 
abaixo do nível de ação (82 dB(A)). 
De acordo com a NR 17 que configura desconforto acústico o ruído acima 
de 65 dB(A), foi observado que em 60% dos ônibus os níveis de ruído não 
atenderam tal quesito. 
Confrontando os resultados da Tabela 1 com os níveis limites de ruído 
recomendados pela OMS para ambientes de convivência humana expostos na 
Tabela 3, notou-se que em 70% dos ônibus os motoristas estão sujeitos a perda da 
concentração e do rendimento em tarefas que exijam capacidade de cálculo. 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Leq dB(A) 70,40 60,50 65,40 75,20 62,20 58,00 63,20 80,10 69,80 71,60
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
Le
q 
(d
B
(A
))
Ônibus
Nível Contínuo Equivalente (Leq) - NHO 01
 Limite de exposição Nível de desconforto acústico Nível de ação 
 50 
 
 
Ainda de acordo com as especificações da OMS, quatro ônibus medidos, 
1C, 4E, 8E e 10C, apresentaram níveis de ruído superiores aos valores 
recomendados para área de tráfego. 
Também foram realizadas medições com uma amostra reduzida, usando 
os parâmetros de avaliação da NR 15 para fins de comparação dos resultados. A 
partir destes resultados foram elaborados a Tabela 2 e o gráfico apresentado na 
Figura 11. 
 
Tabela 2 - Resultado das medições executadas com os parâmetros da NR 15. 
NR 15 
Nº 
Ônibus Trajeto 
Tempo de 
Exposição 
(h) 
Valor 
máximo 
dB(A) 
Lavg 
dB(A) 
Dose 
(%) 
Dose 
Projetada 8h 
(%) 
1 C A 1:03:00 93,70 60,90 0,46 3,56 
2 C B 0:51:30 83,20 46,50 0,05 0,48 
3 C A 1:17:30 85,70 54,60 0,23 1,48 
4 E C 1:10:00 91,40 69,20 1,63 11,21 
Notas: a) C = Ônibus convencional. 
 b) E = Ônibus escolar. 
Fonte: Arquivo Pessoal. 
 
Figura 11 - Resultado das medições executadas com os parâmetros da NR 15. 
 
 
Fonte: Arquivo Pessoal. 
 
1 2 3 4
Lavg dB(A) 60,90 46,50 54,60 69,20
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
La
vg
 (d
B
(A
))
Ônibus
Nível Médio Equivalente (Lavg) - NR 15
 Limite de exposição Nível de desconforto acústico Nível de ação 
 51 
 
 
Os resultados mostraram que em nenhum dos ônibus analisados os 
níveis de ruído provocaram efeitos insalubres sobre

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