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Maria Eduarda Zen Biz | ATM 2025.1 7° fase Medicina | 2022.2 Radiologia UCXX Doenças desmielinizantes Amplo espectro de doenças adquiridas do SNC Alvo principal: dano na bainha de mielina, oligodendrócitos o Bainha de mielina - axônio - substância branca - propicia a rápida transmissão da sináptica Manifestações clínicas variadas RM - encéfalo e medula *Diagnóstico *Prognóstico Síndromes inflamatórias do SNC APRESENTAÇÃO Clinicamente isolada ou polissintomática PADRÃO Focal ou multifocal LOCALIZAÇÃO Cérebro, medula ou sistema nervoso periférico GRAVIDADE Assintomática a grave CURSO Monofásica, multifásica, surto-remissão, progressiva, etc Esclerose múltipla Doença inflamatória crônica desmielinizante que afeta o sistema nervoso central Encéfalo e medula Processo imunomediado no qual fatores ambientais atuam em indivíduo suscetível Fator ambiental, infecção por EVB, gene do antígeno leucocitário humano (HLA-A) Manifestações clínicas: Envolvimento tronco ou n. craniano - neurite óptica - neuralgia trigeminal - diplopia - vertigem Cérebro e medula - parestesias e distúrbios sensoriais - incontinência urinária - sinais do neurônio motor superior Outros - fadiga - depressão - fenômeno Uhthoff: piora com calor e exercícios - declínio cognitivo Curso clínico extremamente variável; em muitos casos leva a lesões incapacitantes severas e irreversíveis Epidemiologia Doença desmielinizante mais comum do SNC Doença neurológica crônica não traumática mais comum em jovens Início: 20 – 40 anos (90% em jovens, porém 10% em crianças) 2 mulheres : 1 homem Risco > 15 – 35x se história familiar + em parente de 1º grau Brancos >> Negros e Asiáticos Zonas Temperadas >> Trópicos o Ou seja: loira, de olhos claros, de 20—40 anos Formas clínicas: 85% inicia com síndrome clínica isolada, envolvendo nervo óptico, tronco ou medula Remitente Recidivante - sintomas evoluem, estabilizam e melhoram - 70-80% Secundária progressiva - disfunções persistem e pioram entre as recidivas (85% dos RR) Primária progressiva - progressão da doença sem intervalo - 10% Benigna - pouco sinais e sintomas com evolução lenta - 10-15% Localização: 90% - SUPRATENTORIAL e 10% - INFRATENTORIAL (maioria em crianças). No trigêmio, favorece o diagnóstico SUBSTÂNCIA BRANCA o PROFUNDA o PERIVENTRICULAR – geralmente menos proeminentes o PERIVENULAR – dedos de Dawson – aspecto digitiforme Critérios diagnósticos – McDonald 2017: Clínica de dano neurológico (surtos) - neurite - paresia - paralisia - parestesia LCR - banda oligoclonal RM - disseminação no espaço - disseminação no tempo o cortical / justacortical o periventricular o infratentorial o medula espinal RM: Lesões típicas Lesões justacorticais / corticais RM - lesões típicas ESCLEROSE MÚLTIPLA Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 7° fase Medicina Lesões periventriculares Lesões na interface caloso-septal Lesões periventriculares no lobo temporal Lesões ovaladas ou alongadas com hipersinal no FLAIR / T2 Seguem o trajeto de veias medulares Costumam ser múltiplas Pequenas - entre 5 - 10 mm Podem aparecer como placas tumefeitas - pseudotumorais Perda tecidual - substância branca - sinais de atrofia cerebral Aumento de sulcos e ventrículos RM - Coronal FLAIR e coronal T2 - lesões com hipersinal justacorticais (envolvem as fibras em U) As fibras em U subcorticais, também conhecidas como fibras curtas de associação, representam conexões entre giros adjacentes do cérebro, localizados dentro do córtex ou imediatamente profundos a ele nas partes mais externas da substância branca subcortical. RM - Axial Pós-contraste - lesões com realce justacorticais RM - Axial FLAIR - lesões com hipersinal justacorticais RM - Sagital FLAIR - lesões com hipersinal perpendicular à superfície ventricular - trajeto de veias - “Dedos de Dawson” Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 7° fase Medicina RM FLAIR axial e parassagital (A, B) demonstrando múltiplas placas desmielinizantes periventriculares estendendo-se radialmente para longe do corpo do ventrículo lateral. (B) - Achados característicos dos dedos de Dawson (seta) em um paciente com esclerose múltipla conhecida. RM axial FLAIR Lesões múltiplas adjacentes aos ventrículos. Os dedos de Dawson são típicos da EM. Eles representam áreas de desmielinização ao longo das pequenas veias cerebrais que correm perpendicularmente aos ventrículos. O realce estará presente por cerca de um mês após a ocorrência de uma lesão. RM - Sagital FLAIR - lesões com hipersinal na interface caloso- septal - podem aparecer em linha ou ponto ou triangular Lesões periventriculares no lobo temporal – inferior O realce é outro achado típico na EM. Estas são imagens de um paciente que foi re-examinado 3 meses após o primeiro surto clínico. Os achados típicos neste caso são: Múltiplas lesões com realce. Muitas dessas lesões "tocam o córtex" e devem estar localizadas nas fibras em U. Essas lesões com realce novas em relação ao exame inicial, uma vez que o realce de gadolínio só é visível por cerca de 1 mês. Portanto, esse achado é uma prova de disseminação no tempo. APARECIMENTO DE NOVAS LESÕES Na EM, as lesões do tronco cerebral são tipicamente periféricas e podem acometer a porção intraparenquimatosa dos nervos cranianos Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 7° fase Medicina Lesões na medula - Estão presentes em cerca de 85% dos pacientes. As lesões típicas da medula espinhal na EM são relativamente pequenas e localizadas perifericamente. São mais frequentemente encontradas na medula cervical e geralmente têm menos de 2 segmentos vertebrais de comprimento. Uma lesão da medula espinhal juntamente com uma lesão no cerebelo ou tronco cerebral é muito sugestiva de EM. As lesões da medula espinhal são incomuns na maioria das outras doenças do SNC, com exceção de ADEM, sarcoide e NMOSD. Ovoide. Excêntrica. Extensão inferior a altura de 2 corpos vertebrais. Menos de 2/3 da área transversa. Pouca nitidez entre substância branca e cinzenta Variação de apresentação Lesão tumefativa: É uma variante da Esclerose Múltipla. Grande lesão intraparenquimatosa com menos efeito de massa do que seria esperado pelo seu tamanho. Apresentam realce periférico, muitas vezes com um anel incompleto RM T2w e T1w pós-gadolínio - homem de 39 anos que apresentou hemianopsia de início subagudo. Ele foi encaminhado para biópsia para diferenciar entre um glioma ou desmielinização. Massa intraparenquimatosa no lobo temporal e occipital direito com borda hipointensa em T2, que realça parcialmente (sinal de anel aberto) nas imagens pós-contraste. Há edema circundante, mas relativamente pouco efeito de massa. O padrão de realce de anel aberto com anel T2 de baixo sinal e baixo CBF são todos indicativos de desmielinização. O primeiro ataque de EM (geralmente neurite óptica, mielite transversa ou alguma síndrome do tronco) é conhecido como uma síndrome clínica isolada. Metade dos pacientes com neurite óptica desenvolverão EM. Quadro clínico: dor ocular com piora à movimentação do olho perda / diminuição da acuidade visual maioria dos casos é unilateral RM - coronal T2 e Axial T2 - edema do nervo óptico em segmento curto intra-orbital (setas). Comparar com a imagem contralateral. Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 7° fase Medicina Diagnóstico diferencial Doença de pequenos vasos: Neuromielite óptica: Doença desmielinizante inflamatória autoimune contra canais de aquaporina-4 (canais astrocitários que regular teor hídrico) 2004 - foi descoberto o anticorpo - AQP4-IgG+ Frequente em mulheres jovens - 7:1 Predomina em afrodescendentes e indianas Quadro Clínico: perda visual aguda,(frequentemente bilateral) e mielite transversa aguda (paraplegia, níveis sensitivos e distúrbios esfincterianos). Tipicamente os déficits são permanentes, sem melhora com o passar do tempo Líquor pode conter neutrófilos, proteinorraquia elevada. Pior prognóstico que a EM clássica RM: lesões cerebrais são periventriculares (alta concentrações de canais de Aquaporina ao redor dos ventrículos). - periventricular - pequeaquedutal - dorso da ponte / medula - corpo caloso o A desmielinização da medula espinhal é extensa, estendendo por 4-7 segmentos vertebrais. - edema - envolvimento central (subst. cinz.) RM Sagital T2 - lesões hiperintensas envolvendo a medula cervicotorácica - lesão medular longitudinalmente extensa com edema (mais de três corpos vertebrais). O cordão central está envolvido. Lesões nos níveis dos ventrículos laterais, 3º e 4º ventrículos, diencéfalo, mesencéfalo e ponte. Neurite Óptica - RM axial T1 após uso do contraste. Realce extenso dos nervos ópticos com acometimento posterior até próximo ao quiasma.