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Fluidoterapia e transfusão sanguínea Objetivo da fluidoterapia · É considerado um tratamento de suporte, fazendo a correção da desidratação tendo como principais objetivos expandir a volemia, corrigir desiquilíbrios hídricos e eletrolíticos, suplementar calorias e nutrientes, auxiliar no tratamento da doença primária. · Manter o acesso venoso em intervenções cirúrgicas – para corrigir desidratação. · A diarreia causa muita perda de fluidos ocasionando uma desidratação e como correção é a fluidoterapia. · O peso corpóreo dos animais adultos é de 60% de água, comparado ao dos neonatos que são de 80% de água. · Manter a hidratação dos animais sem ingestão de água pois, um animal debilitado não consegue beber água. · Distribuição da água; LIC; 40% do peso corporal e LEC 20% do peso corporal. · De acordo com o tipo de desidratação (hipotônica, isotônica ou hipertônica) serão observados diferentes efeitos sob a concentração sérica de sódio. Antes da fluidoterapia é útil determinar a densidade urinária como avaliação preliminar da função renal. · Repor ou corrigir o volume do LEC · Alcalizar o LEC · Acidificar o LEC · Dilui o LEC · Manutenção; deves substituir a água de bebida, nutrientes e eletrólitos contidos nos alimentos. Perda de água · Tais perdas de água normalmente são acompanhadas de perda de eletrólitos, sendo considerada perda isotônica. Vômito, diarréia, hemorragia e poliúria resultam em aumento das perdas perceptíveis. Um animal normal perde em torno de 20 a 30 ml/Kg/dia de perdas perceptíveis e imperceptíveis. Desidratação · Acontece sempre por perda significativa de água corporal, é importante que ocorra avaliação prévia do paciente para que o clínico possa escolher adequadamente o tipo de fluidoterapia que será utilizada, assim como a via pela qual esta será administrada. · O tipo de desidratação é classificado em função da tonicidade do fluido corporal remanescente (ex. uma perda hipotônica resulta em desidratação hipertônica). Tipos de desidratação Quantidade de água que permanece no organismo. · Hipotônica – Pouca água – perda de sais · Isotônica – Perda iguais · Hipertônico – Aumento de sais Na desidratação hipotônica ocorre redução da osmolaridade do líquido extracelular (LEC). A maioria dos cães e gatos que ficam desidratados sofrem perdas isotônicas. Perdas urinárias e gastrointestinais resultam em perda de eletrólitos e água, incluindo sódio, potássio, cloreto e bicarbonato. O tipo de perda dependerá da doença primária que acomete o paciente. Os fluídos e eletrólitos perdidos originam-se inicialmente do compartimento extracelular. Porém não há mudança de osmolaridade nos compartimentos. Ambos os compartimentos, intra e extracelular, realizam trocas de água e eletrólitos a fim de manter a osmolaridade. Desidratação hipertônica é mais rara. Esta condição ocorre em pacientes com perda de fluido hipotônica, como nos casos de diabetes insipidus (deficiência de ADH), nos quais a urina é quase água pura. Hipotônica – · Perda de sal do que de água. Acontecem perdas de fluidos isotônicos com ingestão de água normal. · Água passa do LEC para o LIC - concentrado · Plasma hiposmolar e hiponatrêmico – diminuição de sódio. Isotônica – · Perda igual seja de sais ou de água. · Não tem movimento de LIC para LEC. · Plasma com as concentrações e osmolaridades de sódio são normais. · São exemplos; vômitos, diarreias e hemorragias Hipertônica – · Mais perda de água do que de sais. · Plasma hiperosmolar e hipernatrêmico. · Àgua do LIC para LEC – desidratação celular Exame físico; É importante que o clínico avaliar turgor cutâneo, umidade das membranas mucosas, posição do globo ocular na órbita, frequência cardíaca, característica do pulso periférico e tempo de preenchimento capilar, podendo assim classificar o estado físico do paciente e estimar a porcentagem de desidratação. Ao avaliar o turgor cutâneo, os animais obesos podem parecer adequadamente hidratados, apesar de desidratados, em razão do excesso de gordura subcutânea. Ao contrário, os animais emaciados e mais velhos podem parecer mais desidratados do que realmente são por causa de deficiência de gordura e elastina subcutânea. Olhos fundos - desidratação Achados laboratoriais Testes laboratoriais de rotina como hematócrito (Ht), volume globular (VG), concentração de proteína plasmática total (PPT) e densidade urinária (DU) podem auxiliar na avaliação do grau de desidratação. O valor do VG e o teor de PPT aumentam em todos os tipos de perda de fluidos, excluindo hemorragia. De acordo com o tipo de desidratação (hipotônica, isotônica ou hipertônica) serão observados diferentes efeitos sob a concentração sérica de sódio Grau de desidratação VG – Volume globular HT, PPT e VG – Aumentados Fluídos utilizados na veterinária Cristaloides; Mais líquidos, soluções que contém água, eletrólitos e/ou açúcares. Em manutenção com cristaloides serve para repor perda diárias de eletrólitos ≠ do plasma. Em reposição de eletrólitos similar aos do plasma. Coloides; Mais densos – aumento da osmolaridade do plasma. São substancias com alto peso molecular e é utilizado em casos de emergências como hipoproteinemia grave. Ringer de lactato – principal mais usado Escolha do fluido X Patologia Vômitos; · Hipocalemia; perda de K sendo na urina, suco gástrico ou pela alcalose metabólica. · Hipocloremia; perda de cloro do suco gástrico · Hiponatremia; perda de Na no suco gástrico Ringer para reposição de Na, Cl e K. NaCl 0.9% reposição de Na e Cl E quando se tem vômitos frequentes – Supl. KCl Diarreia; · Hipocalemia – diarreia profusa · Hiponatremia – mecanismo de sede e aumento da ingestão de água e perda de Na, na diarreia · Hipocloremia – perda de Cl na diarreia Vias de Adm em pequenos animais · Oral - pacientes sem vômitos – não deve ser usado em pacientes muito desidratados · Subcutânea – pratica e barata – desidratações leves · Endovenosa – Desidratação Grave – emergência · Intraperitoneal - Animais muito pequenos – cuidado pode causar peritonite. · Via enteral é indicada para hidratação de pacientes estáveis, supondo que não há perda de fluído. É um método barato, porém com absorção lenta. · Via intravenosa é a mais comum via de administração de fluídos. É uma das vias de acesso mais caras, porém mais efetivas e com efeito imediato. · Via subcutânea também é muito utilizada, entretanto não é indicada para pacientes com desidratação moderada a grave ou para aqueles que apresentam comprometimento circulatório. · A via intraperitoneal é raramente utilizada, mas propicia uma absorção relativamente rápida de soluções cristalóides. Dentre as preocupações com o uso desta via incluem-se doenças do abdome, lesões de órgãos intracavitários e risco de peritonite por contaminação. Esta via é indicada para neonatos, nos quais é difícil o acesso venoso, e para realização de autotransfusão. Cálculo fluidoterapia Volume da reposição = Peso X % desidratação - nas primeiras horas + Volume de manutenção = 5% do peso do paciente; - nas 24h + Perdas concomitantes = · Vômito; 30ml/kg · Diarreia; 40ml/kg · Vômito e diarreia; 60ml/kg Ex; Peso; 63kg · Desidratação; 9% · Vomito e diarreia – 60ml/kg REP/ reposição; P(peso) X D(desidratação) = REP; 63 X 0,09 ou 9% = 5,6L MPM = P X 5% MPM = 63 X 0,05 ou 5% = 3,15L PER = P X Vômito e Diarreia – 60ml PER = 63 X 60 = 37,80ml – converte em L– divide Soma todos os resultados – 12,6L Reposição se realiza só uma vez, e no restante se faz as perdas e PER. · Manutenção – constante · Reposição – depende da hidratação · Passar de L para ml – multiplicar por 1000 · Passar de ml para L – divide por 1000 Realizar fluidoterapia em excesso pode causar edema principalmente pulmonar. A velocidade de administração de líquidos via endovenosa, se for em uma desidratação grave, de cão para 90ml/kg e gato 55ml/kg e em desidratações moderadas ou leves 5-10ml/kg O equipo para adultos é 10-15 gotas por ml e para filhotes de 50-60 gotas por ml. Fluidoterapia em grandes animais Em casos de diarreias, cólicas, choque, pós exercícios extenuantes e desequilíbrio metabólico e doenças renais Avaliação de desidratação Mesmos parâmetros analisados em pequenos animais. O valor do VG e o teor de PPT aumentam em todos os tipos de perda de fluidos, excluindo hemorragia. De acordo com o tipo de desidratação (hipotônica, isotônica ou hipertônica) serão observados diferentes efeitos sob a concentração sérica de sódio. Avaliação em conjunto com hematócrito e PPT Escolha do fluido Seja eles coloides ou cristaloides; COLÓIDES; São substâncias de alto peso molecular que, ao serem administradas, aumentam a pressão coloidosmótica intravascular e, com isso, estimulam a passagem de fluido do LI para o LE. Um exemplo de coloides é o DEXTRAN 70 sintético. O uso de plasma tem sua principal indicação em potros ou bezerros que não ingeriram de forma adequada o colostro e por isso apresentam falha na transferência da imunidade passiva. CRISTALÓIDES; · Ringer com lactato · NaCl 0,9% · Glicose 5% · Bicarbonato de sódio · NaCl 7,5% São as soluções mais amplamente empregadas em Medicina Veterinária. De maneira geral, são utilizadas quando se objetiva a correção de alterações de volume, de eletrólitos, dos níveis de energia e do equilíbrio ácido básico. A solução de Ringer com Lactato é a que apresenta composição mais próxima à do plasma. A solução empregada na maioria dos pacientes como fonte inicial e emergencial de reposição hidroeletrolítica até que as análises laboratoriais possam melhor direcionar a fluidoterapia. A solução de Ringer deve ser utilizada em situações envolvendo déficits de fluido e eletrólitos acompanhados de alcalose metabólica Deve ser utilizada em situações envolvendo perdas de fluidos e eletrólitos acompanhadas de acidose metabólica moderada. O lactato presente na solução funciona como fonte de base pela sua transformação em bicarbonato após metabolização hepática. A solução de cloreto de sódio a 0,9% deve ser empregada em situações envolvendo estados de hipercalemia, hiponatremia, hipocloremia e alcalose metabólica. A solução de glicose a 5% deve ser empregada em situações caracterizadas por diminuição das reservas energéticas (hipoglicemia) e desequilíbrios primariamente hídricos e não eletrolíticos, ou seja, nos casos em que a desidratação é hipertônica. As soluções de bicarbonato de sódio têm como indicação a correção de estados de acidose metabólica severa caracterizados por pH inferior a 7,2 ou déficit de base superior a 10 mEql. Soluções de bicarbonato de sódio não devem ser misturadas a outras soluções contendo cálcio, uma vez que a formação de um precipitado insolúvel de carbonato de cálcio inviabiliza seu uso. A solução hipertônica de NaCI a 7,5% deve ser utilizada somente em situações emergenciais nas quais se requer uma rápida expansão de volume circulatório. Vias de administração Oral e intravenosa – muito utilizadas Peritoneal e retal – usadas em casos muito específicos Subcutânea – Não recomendado Retal – terneiros – pouco volume – muito específicos Subcutânea – em ovelhas pode usar Transfusão sanguínea A transfusão é definida como uma terapia intravenosa com sangue total ou com seus componentes, tendo como finalidade restabelecer o transporte de O2. A indicação mais frequente para a realização da transfusão sanguínea é para correção da anemia grave causada por hemorragia, hemólise, eritropoiese ineficaz, anemia hemolítica auto-imune e neoplasia. Restabelecer a deficiência de hemácias, na transferência de imunidade principalmente em neonatos por causa do colostro. Hipoproteinemia e hipovolemia. Coleta de sangue · O sangue total é coletado em bolsa de sangue contendo CPDA-1 (citrato-fosfato-dextrose-adenina) como anticoagulante, que são as mesmas bolsas disponíveis comercialmente para bancos de sangue humano. O volume ideal de sangue para cada bolsa é de 450mL em razão da proporção sangue: anticoagulante. · O sangue deve ser coletado assepticamente por meio de venipuntura jugular. · Alguns cuidados devem ser tomados durante o procedimento, como procurar fazer a coleta quando o animal estiver em jejum de 12 horas para evitar a formação de rouleaux que pode complicar o teste de compatibilidade e pode ainda causar ativação plaquetária. · Citrato de dextrose adenina – CPDA – 1 · Citrato ácido dextrose - ACD ACD e CPDA-1 = fatores nutricionais Citrato de sódio Heparina Transfusão direta! Sangue total e seus componentes · Sangue total fresco; – Grandes animais O sangue total é considerado fresco até 8 horas após a coleta e em temperatura ambiente (20 a 24oC), após este período ele passa a ser chamado de sangue total estocado, e deve ser mantido refrigerado (2 a 6oC), e permanece viável por 35 dias quando mantido em CPDA-1, - Sangue colhido até 4h · Sangue total estocado; - Sangue fresco colhido – CPDA e ACD - armazenado de 28 – 35 dias · Papa de hemácias; O concentrado de hemácias ou papas de hemácias (figura 07) é obtido na primeira centrifugação do sangue total, deve ser mantido refrigerado (2 a 6oC), e permanece viável por 20 dias quando mantido em CPDA-1. - Quando é centrifugado ou sedimentado do sangue fresco total · Plasma fresco congelado; O plasma fresco congelado (figura 10) é obtido pela centrifugação do sangue total (figura 12), e deve ser armazenado a menos 20oC em até 8 horas após a coleta para que possa preservar suas propriedades. - Colhido e armazenado a -18 C - Fatores de coagulação - Proteínas plasmáticas e imunoglobulinas · Plasma congelado; - 6h após a coleta - alguns fatores de coagulação - proteínas plasmáticas e imunoglobulinas · Plasma rico em plaquetas; - Centrifugação diferenciada do plasma fresco. Sangue total e papa de hemácias Perdas agudas de sangue. Papas de hemácias sem hipovolemia Cães com hematócrito abaixo de 10% utiliza-se o sangue total Cão com hematócrito abaixo 20% e gatos de 15% utiliza-se a papa de hemácias. E equinos com hemorragias e hematócrito abaixo de 20% utiliza-se o sangue total. Plasma; O plasma fresco congelado é obtido pela centrifugação do sangue total, e deve ser armazenado a menos 20oC em até 8 horas após a coleta para que possa preservar suas propriedades. Após um ano de armazenagem o plasma é denominado plasma congelado, pois diminuem as atividades de alguns fatores de coagulação, mas preserva albumina e imunoglobulinas. O crioprecipitado é obtido pelo descongelamento lento do plasma fresco congelado, em temperatura de 1 a 6oC com posterior centrifugação. * Hemorragias em pacientes com deficiência de fatores de coagulação * Hemofilia * Envenenamento por Warfarina - é um fármaco do grupo dos anticoagulantes, que é usado na prevenção das tromboses. É usada também em altas doses como veneno para roedores. * Riscos de hemorragias em cirurgias * Hipoproteinemia * Imunoglobulinas Cálculo transfusão sanguínea Para elevar o HT em 10% Papa de hemácias – 10ml/kg Sanguetotal – 20ml/kg Calculo preciso; · Cães entre 85-90ml/kg · Gatos entre 65-70ml/kg Ex; cão Peso paciente; 30kg HT atual; 10% HT desejado; 18% HT do doador; 50% VS (volume do sangue); *Cão – 90ml X peso do paciente = resultado 90ml X 30kg = 2700ml – sangue total MH (massa de hemácias); *Resultado X HT atual do paciente = resultado das hemácias que já tem 2700ml X 10% ou 0,01 = 2700ml – hemácias que já tem MHD (massa de hemácias desejada); *Resultado X HT desejado = resultado das hemácias desejadas 2700ml X 18% ou 0,18 = 486ml hemácias desejadas. VHN (volume de hemácias necessárias); 486 – 270 = 216ml de hemácias que precisa. 216ml ________________ 50% hematócrito do doador X _____________________ 100% X= 432ml de sangue total do doador
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