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CAMILLY EÇA DE BRITO 5° SEMESTRE Caso 7-Sepse por infecção de pele e partes moles (erisipela e celulite) : ID: ESB, masculino, 34 anos, Natural de Salvador – Bahia Queixa Principal: “ferimento em perna direita há 6 dias” HMA: Paciente compareceu a uma unidade hospitalar de referência, com queixa de lesão em perna direita há seis dias. Irmão refere que o paciente feriu a perna direita com um arame farpado, ferimento de pequena proporção (sic). Após quatro dias o local inflamou e passou a ter fortes dores associado à febre. Procurou uma UPA, sendo prescrito uma ampola de penicilina benzatina 1.200.000 UI via IM e diclofenaco sódico 50mg de 8/8 horas, via oral. Não houve melhora da febre, e do inchaço que tomou quase a perna toda e a febre chegou a 39ºC e, há 24 horas, passou a apresentar dificuldade de respirar, agitado e o corpo mole. Voltou a UPA e outro médico o encaminhou ao hospital. Interrogatório Sistemático: Nega outros sintomas além dos já referidos na HMA História Patológica Pregressa: Nega outras comorbidades. Nega alergia medicamentosa. Nega cirurgias prévias. Nega alergia. Nega transfusão. História Fisiológica: O paciente e o irmão não souberam informar. História Familiar: Genitora falecida por CA de mama e genitor falecido por IAM, irmão sadio, desconhece histórico dos demais familiares. História Social: O irmão refere que o paciente trabalha como mecânico e mora com seu companheiro, que está desempregado. Refere que ambos fazem uso de craque e outras drogas injetáveis que não sabe informar quais. Fumante de cigarros, quase um maço/dia. Segundo ele, o paciente, há alguns meses, vem emagrecendo, perdendo mais de 20 kg e, sentindo-se cansado, mas não apresentava outros problemas. História Alimentar: Alimenta-se mal, com horários irregulares para as suas refeições, ficando muitas horas às vezes sem se alimentar. Alimentação pobre em frutas, legumes e verduras, com predomínio de carboidratos e proteína esporadicamente. Exame Físico: Geral: Regular estado geral, com fáceis de sofrimento agudo, emagrecido, descorado 2+/IV, desidratado 2+/IV, anictérico, acianótico, normotenso, dispneico. Altura 1,75m; Peso 45Kg; IMC 14,70 PA: 110x70mmHg; FC 160bpm; FR 38ipm; Tax 38,8ºC Pele: Pálido, com turgor e elasticidade diminuídas, mucosas descoradas 2+/IV, presença de linfonodos em cadeias cervicais, submandibulares, axilares e região inguinal. Cabeça: forma normal, sem lesões aparentes. Olhos encovados, ouvidos, nariz e boca sem anormalidades, dentes em precário estado de conservação. Orofaringe sem hiperemia em úvula e palato, sem presença de petéquias, sem hipertrofia de amígdalas. Pescoço: nuca livre, traqueia na linha média, istmo da tireoide pouco palpável, lobos palpáveis, sem nódulos, consistência elástica. Ap. Respiratório: Tórax e pulmões: simétrico, sem esforço respiratório (tiragens ou uso de musculatura acessória) Expansibilidade preservada bilateralmente. FTV uniformemente palpável bilateralmente. Som claro atimpânico à percussão. Murmúrio vesicular bem distribuídos sem ruídos adventícios (MVBD s/ RA). Ap. Cardiovascular: Precórdio hiperdinâmico. Ictus de VE invisível, palpável em 5º EIC na LHCE medindo cerca de 2 polpas digitais, propulsivo. Ausência de atritos. RCR 2T com bulhas hiperfonéticas. Ausência de sopros ou extrassístoles. Ausência de turgência de jugular patológica (TJP) Pulsos arteriais periféricos simétricos, sincrônicos e com redução de amplitude. Abdômen: Plano, escavado, sem lesões de pele, cicatrizes, circulação colateral ou herniações. Peristalse normal presente nos quatro quadrantes e ausência de sopros em focos arteriais abdominais. Hepatimetria medindo cerca de 12cm (lobo direito). A Percussão do espaço de Traube apresenta som maciço. Fígado a 2 cm do RCD borda fina, baço palpável com ponta em região umbilical. Abdome indolor à palpação superficial e profunda. Ausência de massas. Membros: Edema discreto em membro inferior direito, apresentando lesão de grande extensão em perna direita, apresentando dor de forte intensidade, com bordas mal definidas, hiperemiada, calor local, sem sinais de insuficiência venosa ou arterial. Panturrilhas livres. Pulsos periféricos palpáveis simétricos. Sistema nervoso: Discurso confuso. Sem déficit motor aparente. Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Reflexos superficiais profundos presentes simétricos e sem anormalidades. Ausência de sinais de irritação meníngea. Glasgow 14. Conduta: Solicitado exames laboratoriais de triagem infecciosa, incluindo os sorológicos. Feita expansão volêmica. Iniciada antibioticoterapia venosa, colhidas culturas. Solicitada transferência através da Central Estadual de Regulação. MICROB IOMA DA PELE Há cerca de 10(elevado a 5) microrganismos por cm2 de superfície Principais: • Staphylococcus ssp • Propionibacterium ssp, P. acnes • Corynebacterium ssp. • Enterococcus ssp • E. coli, Proteus ssp, • Moraxella ssp. • Neisserie ssp., Haemophillus sp. • Leveduras Várias gram negativas podem infectar transitoriamente a pele, principalmente em pessoas que não têm boa higiene. O excesso de higiene também pode desregular essa microbiota. Além disso há fatores como idade, questões hormonais, doenças podem desregular a microbiota da pele humana. Tudo que rompe essa barreira protetora, pode gerar uma infecção. Ex: injeção, sutura, ferimentos... Pode haver desequilíbrio da microbiota residente e colonização por microorganismos transitórios Isso aumenta do risco de infecção e disseminação se há uma lesão de continuidade, pois começa no local, mas pode tornar-se sistêmico, desencadeando uma sepse e consequente óbito. CAMILLY EÇA DE BRITO 5° SEMESTRE FO I CORRETO O USO DA PENICIL INA BENZAT INA? D IANTE D ISSO, A BENZAT INA EXPLICARIA A EVOLUÇÃO DA DOENÇA? Streptococcus pyogenes→ Penicilina procaína: 600.000U ou penicilina cristalina ou amoxicilina Estudos mostram que o agente etiológico prevalente em análises de culturas de crianças internadas em UTIs pediátricas em diversas partes do mundo é o Staphylococcus aureus. O Staphylococcus aureus é uma bactéria que está associada a infecções diversas, como as de pele (impetigo, por exemplo), e também a lesões em diversos locais. Essa bactéria, embora seja encontrada em diversos ambientes, é comum em ambiente hospitalar. É importante destacar que existem cepas dessas bactérias que são resistentes a antibióticos. A proporção de cepas de S. aureus resistente à meticilina (MRSA), em UTIs no Brasil, pode chegar até 80%. A meticilina é um antibiótico lançado como alternativa à penicilina, devido ao fato de diversas cepas serem resistentes a esse medicamento. RELEMBRANDO HIV A . DEFIN IÇÃO HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Esse vírus é o causador da aids, que é a sigla em inglês da síndrome da imunodeficiência adquirida, uma doença que enfraquece o sistema imunológico humano. Essa diferenciação é importante, pois ter o HIV não é a mesma coisa que ter aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Independente de desenvolver ou não a aids, todos os pacientes soropositivos para o HIV podem transmitir o vírus a outras pessoas pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação, quando não tomam as devidas medidas de prevenção. Por isso, é sempre importante fazer o teste e se proteger em todas as situações. B . F IS IOPATOLOGIA E IMUNOSSUPRESSÃO O HIV é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae. Esses vírus compartilham algumas propriedades comuns: período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença, infecção das células do sangue e do sistema nervoso e supressão do sistema imune. As células mais atingidas são os linfócitosT CD4+. E é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. O HIV geralmente entra no hospedeiro pela mucosa anogenital. A proteína do envelope viral, a glicoproteína 120 (GP 120), liga-se à molécula CD4 nas células dendríticas. As células dendríticas intersticiais são encontradas no epitélio cervicovaginal, bem como no tecido tonsilar e adenoidal, que podem servir como células-alvo iniciais em infecções transmitidas por sexo genitaloral. A infecção por HIV recém-adquirida é mais comumente devido à transmissão de vírus com tropismo para macrófagos do que com tropismo para células T CD4 +. As células infectadas pelo HIV se fundem com as células T CD4 +, levando à disseminação do vírus. O HIV é detectável em linfonodos regionais dentro de dois dias da exposição da mucosa e no plasma dentro de outros três dias. Assim que o vírus entra no sangue, ocorre uma disseminação generalizada para órgãos como o cérebro, o baço e os gânglios linfáticos. QUADRO CLÍNICO A infecção aguda, também chamada de síndrome da infecção retroviral aguda ou infecção primária, ocorre em cerca de 50% a 90% dos pacientes. Seu diagnóstico é pouco realizado, em razão do baixo índice de suspeição, sendo, em sua maioria, retrospectivo. As manifestações clínicas podem variar desde quadro gripal até uma síndrome, que se assemelha à mononucleose. Na fase seguinte (infecção assintomática) o estado clínico básico é mínimo ou inexistente. Alguns pacientes podem apresentar uma linfoadenopatia generalizada persistente, “flutuante” e indolor. Na fase sintomática inicial (ou precoce) o portador de HIV pode apresentar sinais e sintomas inespecíficos de intensidade variável, como sudorese noturna, fadiga, emagrecimento e trombocitopenia, além de processos oportunistas de menor gravidade, principalmente na pele e nas mucosas, como candidíase oral e, nas mulheres, vaginal. O aparecimento de infecções oportunistas (tuberculose, neurotoxoplasmose, neurocriptococose) e algumas neoplasias (linfomas não Hodgkin e sarcoma de Kaposi) define a aids em sua forma mais avançada. C. DIAGNÓST ICO DE H IV Os testes para detecção da infecção pelo HIV podem ser divididos, basicamente, em quatro grupos: • testes de detecção de anticorpos; • testes de detecção de antígenos; • testes de amplificação do genoma do vírus; • técnicas de cultura viral. As técnicas rotineiramente utilizadas para o diagnóstico da infecção pelo HIV são as baseadas na detecção de anticorpos contra o vírus, os chamados testes anti-HIV. Essas técnicas apresentam excelentes resultados. Além de serem menos dispendiosas, são de escolha para toda e qualquer triagem inicial. Detectam a resposta do hospedeiro contra o vírus (os anticorpos) e não o próprio vírus. Testes de detecção de anticorpo: • ELISA (ensaio imunoenzimático): essa técnica vem sendo amplamente utilizada na triagem de anticorpos contra o vírus, pela sua facilidade de automação, custo relativamente baixo e elevada sensibilidade e especificidade. • Imunofluorescência indireta: é um teste utilizado na etapa de confirmação sorológica. • Western-blot: esse teste é considerado “padrão ouro” para confirmação do resultado reagente na etapa de triagem. Tem alta especificidade e sensibilidade, mas, https://www.biologianet.com/curiosidades-biologia/resistencia-bacteriana.htm CAMILLY EÇA DE BRITO 5° SEMESTRE comparado aos demais testes sorológicos, têm um elevado custo. • Testes rápidos: dispensam em geral a utilização de equipamentos para a sua realização, sendo de fácil execução e leitura visual. Sua aplicação é voltada para situações emergenciais que requerem o uso profilático com antirretrovirais, ou seja, em centros obstétricos, e no paciente-fonte após acidente ocupacional. Esse teste tem aplicação, ainda, em locais onde a avaliação de custo-benefício justifica seu uso e para triagem geral da população de risco. Os testes rápidos são executados em tempo inferior a 30 minutos. SEPSE E CHOQUE SÉPT ICO A . O QUE É SEPSE Disfunção orgânica, ameaçadora a vida, acusada por uma resposta desregulada do organismo à infecção. Obs: A diferença entre sepse e infecção é a resposta desregulada e aberrante do hospedeiro ao processo infeccioso e a presença da disfunção orgânica, mas essa disfunção orgânica pode estar oculta, de modo que sua presença deve ser investigada em qualquer paciente com quadro de infecção. Obs: Os processos infecciosos podem resultar em disfunções locais sem gerar uma resposta sistêmica desregulada. Sepse é definido pela presença de pelo menos dois dos quatro sinais da síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS): febre (> 38 °C) ou hipotermia (< 36 °C); taquicardia (> 90 beats/minuto); taquipneia (> 20 respirações/minuto), hipocapnia (pressão parcial de dióxido de carbono < 32 mmHg) ou a necessidade de assistência ventilatória mecânica; e leucocitose (> 12.000 células/mm3 ), leucopenia (< 4.000 células/mm3 ), ou um desvio para a esquerda (> 10% células em bastão — imaturas) no leucograma diferencial e infecção suspeitada ou provada. Bacteremia é definida como crescimento de bactérias em hemoculturas, mas para estabelecer o diagnóstico de sepse não é necessário provar por culturas positivas a infecção. Sepse grave é sepse em adição a disfunção de um ou mais órgãos ou sistemas (p. ex., hipoxemia, oligúria, acidose lática, trombocitopenia, diminuição da escala de coma de Glasgow). Atualmente, a sepse é a principal causa de morte nas UTIs e uma das principais causas da mortalidade hospitalar, superando o IAM, AVC e as neoplasias combinadamente. Mas ainda é extremamente subdiagnosticada, subnotificada e frequentemente não tratada até estágios avançados de disfunções orgânicas, com consequente diminuição das chances de sobrevida para um número significativo de pacientes, notadamente aqueles atendidos em PA. FATORES DE RISCO: Os principais fatores de risco para sepse são: internação em CTI; infecção nosocomial; bacteremia; idade avançada; imunodepressão; história de hospitalização prévia, principalmente se a causa da internação foi uma infecção; pneumonia. A sepse resulta de uma complexa interação entre o microrganismo infectante e a resposta imune, a partir de células fagocíticas, criando um estado fisiopatológico pró-inflamatório e pró-coagulante no hospedeiro.23,24 A sepse é, portanto, a resposta sistêmica à infecção manifestada pelo envolvimento de tecidos normais distantes do sítio primário de infecção.25 A resposta do hospedeiro inicia-se quando células imunes inatas, particularmente macrófagos, reconhecem e se ligam a componentes microbianos, desencadeando diversas reações e rotas metabólicas que resultam na produção e na liberação de citocinas pró-inflamatórias2, com consequente lesão celular. Estabelece-se a falência dos órgãos a partir da disfunção mitocondrial, havendo aumento do déficit de oxigênio pelos tecidos. EFEITO SISTÊMICO Quando a resposta imune torna-se generalizada, a lesão celular generaliza-se também.25 Além disso, lesões microcirculatórias e endoteliais frequentemente se desenvolvem durante a sepse, as quais reduzem a área de troca de oxigênio tecidual.25 Os eritrócitos perdem a capacidade de se deformarem na microcirculação sistemicamente,32-34 dificultando ainda mais a oxigenação das células e dos tecidos. A lesão citopática também pode ocorrer devido à inibição direta de complexos enzimáticos respiratórios, danificados por estresse oxidativo e degradação do DNA mitocondrial.35 Esse tipo de lesão desencadeia citotoxicidade. Um estudo realizado em 28 pacientes sépticos criticamentedoentes que foram submetidos à biópsia do músculo esquelético no prazo de 24 horas de internação na UTI36 observou que a concentração de ATP do músculo esquelético, um marcador da fosforilação oxidativa mitocondrial, foi significativamente menor nos 12 pacientes que morreram de sepse em relação aos 16 sobreviventes. Houve também associação entre a disfunção mitocondrial com a superprodução de óxido nítrico, depleção de antioxidantes e gravidade da evolução clínica. SOFA: Utiliza os parâmetros respiratório, de coagulação, hepático, cardiovascular, neurológico (ECG) e renal, e cada um desses vai de 0 a 4. Um score maior ou igual a 2 aponta para o diagnóstico de sepse em pacientes com quadro de infecção. Obs: É importante quantificar o SOFA porque se o paciente tiver 2 pontos nesse escore e ele tem um quadro de infecção a gente o considera em sepse. “Mas como quantificar o SOFA em 1h se ele me exige uma série de fatores e de dados, sendo alguns laboratoriais?” A gente utiliza qSOFA ou pulamos para outros escore que pontuamos rapidamente, que são os escores que utilizamos para rapidamente colocar um antibiótico na veia do paciente ou se você suspeita que o paciente está apresentando uma disfunção orgânica que ela vai caminhar para no mínimo 2 CAMILLY EÇA DE BRITO 5° SEMESTRE pontos no SOFA você pode considerar que esse paciente empiricamente tem sepse, colhe a cultura, segue o protocolo de sepse e coloca antibiótico na veia e solicita todos os exames e, posteriormente, você classifica esse paciente com o SOFA. Os 2 pontos podem ser conseguidos apenas usando uma variável ou a soma de algumas. Se o paciente já tem uma disfunção prévia conhecida, por exemplo, um paciente com uma doença renal crônica que tinha a creatinina em 2, você vai considerar o 2 agora como o 0. Você vai partir dali, ele não vai ganhar 2 pontos. Um escore SOFA maior ou igual a 2 em pacientes sem disfunções conhecidas ou o incremento de 2 pontos no SOFA em pacientes com disfunções prévias aponta para um risco de mortalidade de 10% para uma população geral com quadros suspeitos de infecção. B . CRI TÉRIOS DE CHOQUE SÉPTICO Choque séptico é definido como sepse grave em adição a hipotensão (pressão arterial sistólica 40 mmHg da basal) apesar de reposição hídrica adequada. Inicialmente, o choque séptico ativa a inflamação, conduzindo à coagulação intensificada, plaquetas ativadas, neutrófilos e células mononucleares aumentadas e fibrinólise diminuída. Depois de vários dias, uma resposta anti-inflamatória compensadora com imunossupressão pode contribuir para a morte. Diversas vias amplificam um ao outro: inflamação desencadeia a coagulação e coagulação desencadeia a inflamação, desse modo resultando em uma alça de retroalimentação positiva que é pró- inflamatória e pró-coagulante. A hipóxia tecidual no choque séptico também amplifica inflamação e coagulação. Muitos mediadores que são críticos para controle homeostático de infecção podem ser lesivos para o hospedeiro (p. ex., fator de necrose tumoral-α [TNF-α]), e assim as terapias que neutralizam por completo esses mediadores são, em grande parte, ineficazes. Estado de falência circulatória aguda caracterizada pela persistência de hipotensão arterial em paciente séptico, sendo hipotensão definida como pressão arterial sistólica < 90 mmHg, redução de > 40 mmHg da linha de base, ou pressão arterial média < 60 mmHg, a despeito de adequada reposição volêmica, com necessidade de vasopressores, na ausência de outras causas de hipotensão. C. CONDUÇÃO DE UM PACIENTE COM SEPSE CONDUTA: Na primeira hora do paciente, deve medir o lactato, colher culturas, iniciar antibioticoterapia, administrar cristaloides 30ml/kg e vasopressores para manter a PAM > 65mmHg LACTATO: É um marcador de hipoperfusão tecidual, podendo ser usado como marcador prognóstico na sepse, e pode ser um alvo terapêutico (o objetivo vai ser deixar o lactato < 2mmol/L ou gerar uma queda de pelo menos 20% em 2-6h) CULTURAS: Devem ser colhidas o mais rápido possível para não atrasar o início da antibioticoterapia. Deve ser feito cultura do foco suspeito + hemocultura. Fazer exames complementares para auxiliar na identificação do foco suspeito. Obs: Após conhecimento do resultado das culturas e antibiograma, o tratamento antimicrobiano deve ser reajustado. Neste momento, ele pode ser mantido, ampliado ou descalonado. O ideal é que se escolha a droga com menor espectro de ação possível, que de preferência tenha pouca toxicidade e baixo custo. ANTIBIOTICOTERAPIA: Deve ser feita de amplo espectro, rapidamente (1h), cobrindo os patógenos mais prováveis. Deve retirar o foco infeccioso e descalonar antibioticoterapia dependendo do resultado das culturas. → Geralmente a droga mais usada é a ceftriaxona (cefalosporina de 3ª geração). Pele e partes moles Erisipela ou celulite sem sinais de necrose de tecido: CEFEPIMA (2 g, IV 8/8H)+OXACILINA (2 g, IV, 4/4H) Infecção de partes moles com sinais de necrose: CEFEPIMA (2 g, IV 8/8H )+CLINDAMICINA (600 mg, IV, 6/6H) Obs: A decisão acerca de que drogas prescrever depende da análise de vários fatores, como por exemplo: (1) sítio infeccioso suspeito; (2) idade do paciente; (3) presença de comorbidades/imunodepressão; (4) fatores de risco para germes MDR; (5) história de uso recente de ATB; (6) gravidade clínica; (7) presença de dispositivos invasivos; (8) resultado do Gram; (9) dados locais sobre a prevalência de patógenos e perfil de resistência aos antimicrobianos. De um modo geral, recomenda-se que na maioria das situações o esquema forneça cobertura contra bactérias Gram-positivas e Gramnegativas. Cobertura antifúngica empírica não é oferecida de rotina para pacientes não neutropênicos. VOLUME: Deve administrar 30ml/kg de cristaloides balanceados (Ringer lactato) na primeira hora (não precisa fazer tudo na primeira hora, mas tem que iniciar e avaliar) → Já avalia também a necessidade de passar um cateter venoso central, pode ser que seja necessário somente o jelco grande, se vocês colocarem o jelco, o ideal é que passem por 2 acesso periféricos, sendo um de maior calibre, de maior vasão, jelco 16. Pega 2 acessos venosos e coloca a expansão volêmica com o ringer lactato ou soro fisiológico. E administra, assim que o laboratório colher as culturas, o esquema de antibiótico. CAMILLY EÇA DE BRITO 5° SEMESTRE VASOPRESSORES: Não precisa esperar toda a expansão volêmica para iniciar os vasopressores. Pode iniciar também na primeira hora, caso o paciente não responda à expansão volêmica inicial (fez 500 ml e avaliou, se continua hipotenso, pede o vasopressor) para manter a PAM > 65mmHg, e a droga de escolha é a noradrenalina. - Pacientes que não respondem à ressuscitação volêmica inicial devem receber vasopressores. A droga de escolha é a noradrenalina, podendo-se associar vasopressina nos casos refratários. Se não houver resposta à combinação de ressuscitação volêmica + vasopressores, deve-se ministrar – de forma individualizada – glicocorticoides (hidrocortisona), inotrópicos (dobutamina – p. ex.: se o ecocardiograma à beira do leito mostrar disfunção sistólica do VE) e/ou transfusões de sangue. De um modo geral, transfunde- se o paciente séptico somente quando Hb < 7 g/dl (< 10 g/dl nos cardio/pneumo/cerebropatas prévios). O objetivo é manter a Hb > 7 g/dl (~ 10 g/dl nos cardio/pneumo/ cerebropatas prévios). OBS: Fazer monitorização dos sinais vitais (SatO2 contínua e PANI 30/30 min); do nível de consciência; da diurese (instalar sonda vesical) e do lactato (além do inicial, repetir de 6/6h). → É fundamental você monitorar os sinais vitais, o nível de consciência, diurese e o lactato, é muito importante você fazer o lactato nomomento 0, na chegada, e após 6 horas, porque o lactato que é lavado em 6h, ou seja, que você consegue dar uma expansão volêmica boa, colocou antibiótico, O2 para aqueles pacientes que não estão com a saturação de 95% em diante, geralmente, ele cai, sendo um preditor de sobrevivência. Se ele não cai após 6 horas já feito tudo isso, demonstra que alguma coisa está errada, você precisa infundir mais líquido, aumentar o espectro do antibiótico e ficar ligado se o paciente está fazendo choque séptico mesmo estando na UTI. - O ideal da diurese é que se tenha 1 ml/kg/h, é o mínimo que se quer chegar. QUANDO INICIAR INOTRÓPICOS NO PACIENTE COM SEPSE OU CHOQUE SÉPTICO: Quando tiver sinais de hipoperfusão, apesar de volemia e PAM adequados ou em caso de disfunção miocárdica. QUANDO FAZER CORTICOIDE: Quando o paciente persiste com choque refratário, mesmo fazendo expansão de volume e vasopressor. A indicação é hidrocortisona, 50mg de 6/6h, totalizando 200mg/dia. QUANDO FAZER TRANSFUSÃO: Quando tiver hemoglobina abaixo de 7g/L. *RELEMBRAR LESÕES DE PELE CLASSIFICAÇÃO PRIMÁRIAS = sem porta de entrada aparente SECUNDÁRIAS = complicações de lesões de pele (feridas, lesões abrasivas ou traumas) AGUDAS = duram poucos dias CRÔNICAS = duram meses ou anos MONOMICROBIANAS = 1 agente etiológico POLIMICROBIANAS = variedade de agentes etiológicos Tipos de Infecção: Virais Bacterianas Fúngicas Causadas por protozoários Causadas por Helmintos Por Ectoparasitas Erisipela e celulite são duas infecções com características semelhantes que se desenvolvem quando bactérias conseguem ultrapassar a barreira da pele, invadindo e infectando os tecidos subcutâneos. FASCITE NECROSANTE É uma infecção bacteriana do tecido celular subcutâneo que se inicia na camada mais profunda da fascia superficial, mas que rapidamente se estende à epiderme, fascia profunda e músculo. Inicia-se por febre alta, prostração, sensação de doença, ar séptico, dor intensa, localizada, com poucos sinais inflamatórios na fase inicial, mas com evolução para uma tonalidade cutânea vermelho-arroxeada por trombose venosa e consequente necrose tecidular. O agente etiológico mais frequente é Streptococcus pyogenes, e na criança há habitualmente uma afecção cutânea subjacente como eczema, queimadura e principalmente, varicela. Na varicela, alguns estudo encontram uma correlação com a toma prévia de anti-inflamatórios não esteróides. Tem uma elevada morbilidade e mortalidade, exigindo terapêutica médica e cirúrgica com fasciectomia e remoção de todos os tecidos necrosados. GANGRENA GASOSA É uma infecção bacteriana do músculo causada por Clostridium perfringens em 90 a 95% dos casos. Tem geralmente uma origem endógena por contaminação de feridas dos músculos por anaeróbios do tracto intestinal, mas pode surgir na ausência de ferida, no decurso de bacteriémia. Clinicamente, o doente apresenta ar séptico, com dor intensa localizada ao músculo afectado, que inicialmente se apresenta edemaciado e pálido e posteriormente violáceo, podendo aparecer bolhas de conteúdo purpúrico. Por vezes há crepitação na região afectada. Assiste-se a uma evolução rápida para choque séptico. TRATAMENTO DE INFECÇÕES DE PARTES MOLES Desbridamento cirúrgico Antibióticos Amputação, se necessária O tratamento da infecção necrosante precoce de partes moles é principalmente cirúrgico, e não deve ser postergado por exames diagnósticos. A evidência de bolhas, equimoses, flutuação, crepitação e disseminação sistêmica de infecção requer a imediata exploração cirúrgica e debridamento. A incisão inicial deve se estender até que um dedo ou instrumento separe a pele do tecido subcutâneo a partir da fáscia profunda. O erro mais CAMILLY EÇA DE BRITO 5° SEMESTRE comum é a intervenção cirúrgica insuficiente; cirurgias repetidas a cada 1 ou 2 dias, com mais incisões e debridamento, se necessário, devem ser realizadas de forma rotineira. A terapia por pressão negativa para feridas (NPWT, também chamada fechamento a vácuo, ou VAC), que aplica sucção à ferida, tem sido usada como adjuvante ao tratamento entre os debridamentos. A amputação de uma extremidade pode ser necessária. Antibióticos IV são adjuvantes, geralmente incluindo dois ou mais fármacos. Um esquema empírico deve incluir fármacos eficazes contra organismos anaeróbios e aeróbios. As recomendações atuais da Infectious Diseases Society of America (IDSA) sugerem o uso de vancomicina, linezolida ou daptomicina combinada com piperacilina/tazobactam, um carbapenem, ceftriaxona mais metronidazol ou fluoroquinolona mais metronidazol. Deve-se reduzir a cobertura antibiótica de acordo com os resultados da hemocultura e da cultura de tecidos, assim que estes resultados estiverem disponíveis. ESPLENOMEGALIA A . POSS ÍVE IS ET IOLOG IAS (HIV CAUSA?) Síndrome Retroviral Aguda (SRA): Os principais achados clínicos de SRA incluem febre, cefaleia, astenia, adenopatia, faringite, exantema e mialgia. A SRA pode cursar com febre alta, sudorese e linfadenomegalia, comprometendo principalmente as cadeias cervicais anterior e posterior, submandibular, occipital e axilar. Podem ocorrer, ainda, esplenomegalia, letargia, astenia, anorexia e depressão. EXAMES COMPLEMENTARES PACOTE SEPSE 1: Solicitar no início do atendimento Faz parte do pacote os seguintes exames: Hemograma Glicemia Ureia-Creatinina Gasometria arterial Lactato TGO-TGP, Bilirrubinas, Na, K, TAP-TTPA Hemoculturas: antes do início do tratamento com antimicrobianos. Coletar duas(2) amostras de hemoculturas de sítios diferentes. *Solicitar urocultura e demais culturas se houver possibilidade de identificar um sítio de infecção envolvido. Fazer pedido em separado. PACOTE SEPSE 2: Solicitar após 6h do início do atendimento Faz parte do pacote os seguintes exames: Hemograma Lactato Gasometria arterial A. SOROLOG IAS: HEPAT I TE B , C E D ; H IV, HTLV, SÍF IL IS, Sim, para avaliar se o paciente é/está imunossupresso B . HEMOGRAMA Avaliar alterações hematológicas, e aumento do leucograma; C. HEMOCULTURA Avaliar presença de bactérias e alterações por conta da sepse D . CULTURA DA LESÃO Avaliar qual o agente etiológico presente E . USG DE ABDOME Avaliar esplenomegalia F. FUNÇÃO HEPÁT ICA Ver se teve alteração da função hepática, por conta do HIV G . FUNÇÃO RENAL A sepse altera tanto a volemia quanto a diurese do paciente, então é bom avaliar H . GL ICEMIA PARTE COMPLEMENTAR 1 . TÉTANO A. ORIENTAÇÃO AO PACIENTE (QUANTO VACINA ANTITETÂNICA) O ferimento produzido por uma lâmina enferrujada, por exemplo, pode significar apenas um contratempo se você estiver com a vacina tétano em dia. Do contrário, pode ser o início de preocupações bem maiores. O nome tétano vem do grego antigo e significa “contrair e relaxar”, uma referência às contraturas musculares generalizadas, provocadas quando os esporos da bactéria Clostridium tetani atingem o sistema nervoso. Em condições propícias, esses esporos multiplicam-se e passam a produzir exotoxinas que são disseminadas no organismo. A doença é extremamente grave e oferece alto risco de morte. Graças à vacinação, o tétano acidental é bastante raro no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), os últimos registros foram em lavradores e outros trabalhadores não vacinados, em zonas rurais com situação sanitária precária. As vacinas são a única medida de prevenção e estão indicadas a partir dos 2 meses de vida, com reforço a cada a cada dez anos, inclusive para adolescentes, adultos e idosos. Para prevenção do tétano neonatal é imprescindível que a gestante tenha recebido a última dose da vacinahá menos de cinco anos. As vacinas disponíveis são: DTPw-HB/Hib (tríplice bacteriana de células inteiras combinada às vacinas hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b) DTPw (tríplice bacteriana de células inteiras) DTPa-VIP/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas inativada poliomielite e Haemophlilus influenzae tipo b) DTPa-VIP-HB/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas inativada poliomielite, hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b) DTPa (tríplice bacteriana acelular) dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) dTpa-VIP (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto combinada à vacina inativada poliomielite) DT – dupla bacteriana infantil https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-pentavalente https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-triplice-bacteriana-de-celulas-inteiras-dtpw https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacinas-combinadas-a-dtpa https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacinas-combinadas-a-dtpa https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-triplice-bacteriana-acelular-infantil-dtpa https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-triplice-bacteriana-acelular-do-tipo-adulto-dtpa https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-tetra-bacteriana-acelular-do-tipo-adulto-dtpa-vip https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-dupla-bacteriana-infantil-dt CAMILLY EÇA DE BRITO 5° SEMESTRE dT – dupla bacteriana do tipo adulto B. TRATAMENTO PARA TÉTANO O tétano é uma doença grave e às vezes fatal, caso a pessoa não seja atendida prontamente num hospital. No tratamento, são utilizados antibióticos, relaxantes musculares, sedativos, imunoglobulina antitetânica e, na falta dela, soro antitetânico. https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-dupla-bacteriana-do-tipo-adulto-dt
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