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SUMÁRIO 1. Introdução ....................................................................................................................... 3 2. Aspectos anatômicos ................................................................................................. 4 3. Estrutura e função do cerebelo ............................................................................... 8 4. Aplicação clínica ..........................................................................................................10 5. Referências Bibliográficas .......................................................................................13 3ANATOMIA DO CEREBELO 1. INTRODUÇÃO O cerebelo consiste em uma estru- tura globosa com dois hemisférios que apresentam dobras paralelas transversais (folhas) separas por fis- suras. Ele ocupa cerca de ¼ do volu- me craniano, e contém 80% do total de neurônios do cérebro. Fica situado dorsalmente ao bulbo e à ponte, con- tribuindo para a formação do teto do IV ventrículo. Repousa sobre a fossa cerebelar do osso occipital e separa- -se do cérebro pela tenda do cerebe- lo, formado pela dura-máter. Comu- nica-se diretamente com a medula e tronco encefálico. Ponte Quarto ventrículo Cerebelo Figura 1: Secção sagital e mediana do Quarto Ventrícu- lo e Cerebelo. Possível visualizar a localização anatômi- ca do cerebelo e suas relações com o tronco encefálico. Fonte: Adaptado de Netter, 2008. Com essa quantidade de neurônios já podemos supor sua importância funcional, dentre elas: manutenção da postura, equilíbrio, coordenação de movimentos e aprendizagem de habilidades motoras. Todas funções motoras, porém estudos mostram o envolvimento em funções cognitivas. SAIBA MAIS: Inicialmente, con- siderava-se que o cerebelo tinha apenas funções motoras, porém como veremos existe participação também em funções cognitivas, executadas pelo cerebrocerebelo. Mostra-se que existem conexões com a área pré-frontal do córtex, evidenciando funções não motoras, relacionadas à memória, como re- solver quebra cabeça, jogo da me- mória, etc. Se ficou curioso para sa- ber mais sore isso, nós separamos esse artigo para aprofundar o tema: Cerrejón, M. Barrios; Olmos, J. Gu- pardia. Relação do cerebelo com as funções cognitivas: evidências neuroanatomicas, clínicas e de neuroimagem. Rev Neurol, 2001; 33: 582-591. Localização Fossa posterior, abaixo do tentório do cerebelo, dorsal ao bulbo e ponte Arquitetura Similar à do cérebro. Composto pelo córtex, substancia branca e estrutu- ras nucleares profundas. Função Coordenação de movimentos e ma- nutenção do equilíbrio. Significância clínica Pacientes irão cursar com prejuízos na coordenação, fala desarticulada e desequilíbrio da marcha (mais acen- tuado em lesões na linha mediana). Tabela 1: Visão geral do cerebelo. Fonte: Adaptado de Netter, 2008. 4ANATOMIA DO CEREBELO 2. ASPECTOS ANATÔMICOS 2.1 Visão externa O cerebelo é dividido em: vérmis e nos hemisférios cerebelares direito e esquer- do. A superfície do cerebelo apresenta sulcos na direção transversal, que deli- mitam lâminas finas, denominadas folhas do cerebelo. Os lobos são delimitados pelas fissuras do cerebelo. Incisura anterior do cerebelo Incisura posterior do cerebelo Fissura prima/ primária Fissura horizontal Fissura pós-semilunar Fissura horizontal Lobo Anterior Lobo Posterior Língula Flóculo Quarto ventrículo Nódulo Úvula Pirâmide Pedúnculo cerebelar superior Pedúnculo cerebelar médio Pedúnculo cerebelar inferior Lobo Anterior Lobo Posterior Lobo flóculo-nodular Fissura póstero-lateral Fissura retrotonsilar Tonsila do cerebelo Fissura horizontal Figura 2: Cerebelo. Fonte: Adaptado de Netter, 2008. O cerebelo possui 17 lóbulos e oito fissuras (Figura 2). Os mais importantes são os lóbulos: nódulo, flóculo e tonsila; e dentre as fissuras: posterolaterias e prima. O cerebelo possui uma organização somatotópica, onde o corpo está repre- sentado três vezes, separado pelas fissuras, e assim recebendo nomes: lobo anterior, posterior e flóculo-nodular (figura 3). Esta divisão também pode ser longitudinal: hemisférios laterais, paraverme, verme e lóbulo flóculo-nodular, re- presentado também na Figura 3. 5ANATOMIA DO CEREBELO Figura 3:Vista superior de um cerebelo “desenrolado”. Fonte: Adaptado de OpenStax College, 2013. 2.2 Visão interna Internamente, o cerebelo é consti- tuído pelo corpo medular (no centro, formado por substância branca) e re- vestidas externamente pelo córtex cerebelar (substância cinza). No interior do corpo medular exis- tem quatro pares de núcleos de subs- tância cinzenta, que são os núcleos centrais do cerebelo (Figura 1): den- teado, interpósito (subdividido em Nódulo Flóculo Lobo flóculo-nodular Hemisfério Vérmis Fissura prima Fissura póstero-lateral emboliforme e globoso) e o fastigial. Deles saem todas as fibras eferentes do cerebelo. No córtex cerebelar distinguem-se as seguintes camadas: • molecular: a camada molecular é formada por fibras de direção paralela e contém dois tipos de neurônios, as células estreladas e as células em cesto. • média (células de Purkinje): A camada média é formada por uma fileira de células de Purkinje. • granular: a camada granular é constituído, principalmente, por numerosas células granulares (cé- lulas pequenas com pouco cito- plasma) que possuem muitos den- tritos e um axônio que atravessa a camada média e se bifurca na camada molecular, constituindo as fibras paralelas, que se dispõe no eixo da folha cerebelar. Essas fi- bras paralelas irão estabelecer si- napse com as células de Purkinje, assim cada célula granular tem co- municação com um grande núme- ro de células de Purkinje. CONCEITO: A célula de Purkinje é o elemento dominante do pro- cesso de informação cerebelar. Recebeu este nome em homena- gem ao fisiologista tcheco Johannes Purkinje que as descreveu em 1837. As células de Purkinje são neurônios multipolares (pi- riformes e grandes), dotadas de dendritos que se ramificam na camada molecular, e de um axônio que sai em direção oposta. Em conjunto formam o único sistema eferente cerebelar, funcionando como moduladoras das informações aferentes que chegam ao córtex cerebelar. Fonte: Atlas do Corpo Humano, 2012. 6ANATOMIA DO CEREBELO Figura 4: Diagrama esquemático de duas folhas do cerebelo mostrando o arranjo das células e das fibras no córtex cerebelar. Fonte: Meneses, 2011. 2.3 Comunicações O cerebelo irá se comunicar com o resto do sistema nervoso pelos pe- dúnculos, no total, ele possui três: pe- dúnculo cerebelar superior, médio e inferior (Figura 3). Camada molecular Camada das células de Purkinje Camada granular Substância branca Fibra musgosa Fibra musgosa Co rte tra nsv ers al CP Fibra trepadeira Axônio da célula de Purkinje Célula de Golgi Célula em cesto CP CP Fibras paralelasCélula estrelada Dendritos da célula de Purkinje Células granulares Glomérulo Figura 5: Pedúnculos do cerebelo. Fonte: Adaptado de Netter, 2008. Tabela 2: Pedúnculos do cerebelo. Fonte:Adaptado de Netter, 2008. PEDÚNCULO CEREBELAR SIGNIFICANCIA FUNCIONAL Superior Transporta primariamente impul- sos de saída do cerebelo Médio Transporta EXCLUSIVAMENTE impulsos que entram no cerebelo Inferior Transporta primariamente impul- sos que entram no cerebelo Pedúnculo cerebelar Pedúnculo cerebelar médio Pedúnculo cerebelar superior 7ANATOMIA DO CEREBELO ARTERIA ORIGEM IRRIGAÇÃO A. Cerebelar superior a. Basilar Metade superior A. Cerebelar anterior inferior a. Basilar Antero-inferior a. Cerebelar posterior inferior a. Vertebrais Póstero-inferior 2.4 Vascularização Existem três grandes artérias que estão relacionadas com a vascularização do cerebelo: duas artérias cerebrais, que se unem na base da ponte dando origem à artéria basilar. Dois pares de artérias surgem da artéria basilar: artéria cere- belar superior e artéria cerebelar anterior e inferior e o terceiropar, a. cerebelar posterior inferior, que surgem através das artérias cerebrais; no qual irão irrigar locais diferentes do cerebelo: Figura 6: Vascularização do Cerebelo. Fonte: Adaptado deNetter, 2008. SE LIGA: A importância prática da vascularização do cerebelo é devido ao acidente vas- cular cerebral, principalmente o isquêmico, como pontuado por Felipe Oliveira em Ana- tomia do Cerebelo #aprenda. É necessário procurar a artéria que foi acometida correla- cionando com o acometimento clínico apresentado. Artéria cerebelar superior Artéria cerebelar inferior anterior Artéria cerebelar inferior posterior 8ANATOMIA DO CEREBELO 3. ESTRUTURA E FUNÇÃO DO CEREBELO 3.1 Divisão funcional Funcionalmente, baseado nas conexões do córtex com os núcleos centrais, po- demos dividir o cerebelo em três partes, para melhor estuda-las: vestibulocere- belo, espinocerebelo, cerebrocerebelo. Figura 4: Divisão funcional do cerebelo. Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/326172/ 9ANATOMIA DO CEREBELO 3.2 Aspectos funcionais As principais funções do cerebelo são: manutenção do equilíbrio e pos- tura, controle do tônus muscu- lar, controle dos movimentos voluntários, aprendizagem motora e funções cogniti- vas específicas. membros, de modo a manter o equilíbrio e postura. • Controle do tônus muscular: Mantido, principalmente, pelos núcleos denteado e interposto. A perda do tônus é um dos sintomas de descerebelização. SE LIGA: Citado na aula Anatomia do Cerebelo #aprenda por Felipe Oliveira a divisão filogenética do cerebelo (arqui, paleo e neocerebelo); esta divisão baseada nas conexões do córtex com os núcleos centrais, veio para substituí-la; uma vez que se tinha muita dificuldade de conceituar o paleocerebelo. O uso dos termos da divisão filogenética é desaconselhado pela Comissão de Terminologia da Sociedade Brasileira de Anatomia. DIVISÃO CONEXÕES AFERENTES CONEXÕES EFERENTES Vestibulocerebelo Chegam pelo fascículo vestibuloce- rebelar, tendo origem nos núcleos vestibulares e se distribuem ao lobo floculonodular. Trazem informações da parte vestibular do ouvido interno sobre a posição da cabeça. Importan- te para equilíbrio e postura Projetam-se para o núcleos vestibulares me- dial e lateral. Pelo lateral vai para os vestibu- losespinhais que controla musculatura para manutenção do equilíbrio e marcha. As me- diais irão controlar movimentos da cabeça e oculares. Espinocerebelo Penetrando pelos pedúnculos supe- rior e inferior e fazem conexões pelos tratos espinocerebelar anterior e pos- terior. O posterior irá receber sinais de propriocepção e pelo anterior irá receber sinais motores que chegam à medula pelo trato corticoespinhal. Fazem sinapse com o núcleo interposito, que vão para o núcleo rubro e tálamo. O rubro influencia neurônios motores e o tálamo vão para áreas motoras do córtex cerebral. Os dois vão exercer influência sobre os neurônios motores da medula situados do mesmo lado, controlando músculos distais responsáveis por movimentos delicados. Cerebrocerebelo Penetram pelo pedúnculo cerebelar médio, pelas fibras pontinas, levando informações oriundas de áreas moto- ras e não motoras do córtex cerebral. Fazem sinapse no núcleo denteado, levando pro tálamo (do lado oposto) e depois para as áreas motoras do córtex cerebral, onde se origina o trato corticoespinhal. Age sobre a musculatura distal, responsável por movi- mento delicado. • Manutenção do equilíbrio e postura: O vestibulo- cerebelo promove contra- ção adequada dos múscu- los axiais e proximais dos • Controle dos mov imentos voluntários: O cerebelo controla o planejamen- to (pelo cerebrocere- belo) de movimentos 10ANATOMIA DO CEREBELO e faz correção do movimento já em execução (pelo espinocerebelo). • Aprendizagem motora: Há evi- dencias de que fibras olivocerebe- lares, que chegam ao córtex como fibras trepadeiras e fazem sinap- se diretamente com os células de Purkinje, possam modular sua exci- tabilidade nesta conexão, e assim, modificar as respostas por tempo prolongado aos estímulos, criando um padrão de atividade apropriado. 4. APLICAÇÃO CLÍNICA Quando o cerebelo é lesado, os princi- pais sintomas observados são: ataxia (incoordenação de movimentos), per- da de equilíbrio, hipotonia (diminuição do tônus da musculatura esquelética). Se o envolvimento é global, é possível ver todos esses sintomas.e do cere- brocerebelo. SAIBA MAIS: É possível ver esses sintomas em casos de embriaguez aguda. Isto acontece, pois o álcool tem efeito tóxico sobre as células de Purkinje. As síndromes cerebelares podem ser divididas em três, de acordo com a divisão funcional: síndromes do vestíbulo, do espino e do cere- brocerebelo. SAIBA MAIS: É A manobra de Holmes (do rebote) é um dado se- miológico bastante útil na consta- tação de alteração cerebelar dos membros superiores. Realiza-se a flexão do antebraço contra resis- tência oposta pelo examinador que bruscamente a relaxa. O paciente terá incapacidade de abortar um movimento quando se retira a opo- sição ao mesmo. SINDROME SINTOMAS Vestibulocerebelo Marcha atáxica (base alargada e movimentos irregulares) + perda de controle dos movimentos oculares durante a rota- ção de cabeça (nistagmo). Espinocerebelo Erros na execução moto- ra (ataxia de membros). A área afetada deixa de processar informações proprioceptivas dos feixes espinocerebelares + Nis- tagmo + alteração na fala (disartria) Cerebrocerebelo Ligados ao movimento: atraso no inicio do movi- mento + decomposição do movimento multiarti- cular + disdiadococinesia +rechaço + tremor + dismetria 11ANATOMIA DO CEREBELO As etiologias podem ser bem variadas e se comportar de maneira diferentes. Vamos relembrar as principais: ETIOLOGIA HISTÓRIA EXEMPLOS Vascular Inicio súbito, agudo. Mantem quadro ou me- lhora discreta. AVCi ou AVCh. Processo expansivo Crônico, piora progressiva. Comum em crianças. Neo- plasias, neuroin- fecções (neuro- toxoplasmose, criptococose, tuberculose). Degenerativo Crônico, piora progressiva lenta Ataxias cerebe- lares hereditá- rias. Intoxicação Agudo/Cronico Relação causal Fenitoína, car- bamazepina. Fonte: Meneses.2011. 12ANATOMIA DO CEREBELO MAPA MENTAL - ANATOMIA DO CEREBELO CEREBELO Artéria cerebelar superior Vascularização Artéria cerebelar superior Artéria cerebelar superior Artéria cerebelar anterior inferior Artéria cerebelar superior Artéria cerebelar posterior inferior Divisão funcional Artéria cerebelar superiorVestibulocerebelo Equilíbrio e marcha Movimentos da cabeça e oculares Espinocerebelo Controle do tônus muscular Correção do movimento em execução Controle de músculos distais responsáveis por movimentos delicados Planejamento do movimento Vérmis Fissura prima Hemisférios direito e esquerdo Tonsila Fissura póstero-lateral Nódulo Flóculo Corpo medular Núcleo denteado Núcleo interpósito Camada molecular Camada média Camada granular Células granulares Células de Purkinje Visão externa Células em cesto Células estreladas Emboliforme Globoso Visão interna Fastigal Córtex cerebelar 13ANATOMIA DO CEREBELO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Machado, ABM. Neuroanatomia funcional. 3 ed. SP. Atheneu. 2013. Lent, Roberto. Cem bilhões de neurônios?. Conceitos fundamentais de neurociências; 2 ed. Atheneu. 2010. Netter. Rubin, Michael. Neuroanatomia Essencial. Elsevier. 1 ed. 2008. Meneses, Murilo S. Neuroanatomia Aplicada. 3ª ed. Guanabara Koogan. 2011 Greenberg, David A. et al. Neurologia Clinica. 8 ed. 2014 Kandel, Eric. R; et al. Principles of Neural Science. Fifth Edition. 2013. 14ANATOMIA DO CEREBELO 1. Introdução 2. Epidemiologia 3. Agente etiológico e Transmissão 4. Fisiopatologia
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