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Ambiental - CP Iuris

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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
DIREITO AMBIENTAL 
 
1. Meio ambiente e direito ambiental ................................................................................................. 2 
2. Disposições constitucionais sobre o meio ambiente ......................................................................... 2 
3. Princípios ambientais .................................................................................................................... 14 
4. Política Nacional do Meio Ambiente e o Sistema Nacional do Meio Ambiente ................................ 18 
5. Poder de polícia, licenciamento e estudos ambientais ................................................................... 25 
6. Espaços Territoriais Especialmente Protegidos............................................................................... 32 
7. Política Nacional de Recursos Hídricos ........................................................................................... 60 
7. Patrimônio cultural brasileiro ........................................................................................................ 75 
8. Responsabilidade Civil por Danos Ambientais ................................................................................ 84 
9. Infrações Administrativas Ambientais ........................................................................................... 88 
10. Crimes Ambientais ...................................................................................................................... 92 
 
 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Aula 01. Meio ambiente e direito ambiental. Disposições constitucionais. Princípios ambientais. 
1. Meio ambiente e direito ambiental 
I. Definição e espécies de meio ambiente 
a) Definição de meio ambiente 
Há uma parcela da doutrina que diz que a palavra “meio ambiente” seria desnecessário. 
No entanto, há uma definição legal prevista no art. 3º, I, da Lei da Política Nacional do Meio 
Ambiente. Segundo a disposição legal, meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e 
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas 
formas. 
b) Espécies de meio ambiente 
Basicamente, há 4 espécies de meio ambiente: 
 Meio ambiente cultural: há um conjunto de coisas tangíveis e de criações intangíveis do 
homem sobre os elementos naturais. Ex.: uma casa tombada faz parte do meio ambiente 
cultural, tanto é que integra o patrimônio cultural de uma determinada cidade. As formas de 
expressão de um grupo formador da sociedade brasileira também é integrante do ambiente 
cultural. 
 Meio ambiente artificial: é produto das mãos humanas. São bens que são fruto da criação 
humana. Não integra o ambiente cultural, pois não integra o patrimônio cultural. 
 Meio ambiente laboral ou do trabalho: é o ambiente em que o humano trabalha. Na verdade, 
doutrina restringe o meio ambiente laboral sustentando que ocorre quando as empresas 
cumprem as condições a que está submetido o trabalhador. 
 Meio ambiente natural: é formado pelos elementos da natureza, bióticos ou abióticos, 
inclusive a atmosfera, fauna, flora, etc. 
O art. 2º, I, da Lei 6.938 considera o meio ambiente como um patrimônio público, devendo ser 
defendido pelo poder público e protegido pela sociedade. 
2. Disposições constitucionais sobre o meio ambiente 
Existe uma tendência mundial de tutelar-se constitucionalmente o meio ambiente. É o que a 
doutrina chama de constituições verdes. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
I. Competência materiais 
A competência em caráter ambiental tem caráter comum. A todas as entidades políticas 
competem proteger o meio ambiente. 
Segundo o art. 23 da CF, é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios: 
 Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os 
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; 
 Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor 
histórico, artístico ou cultural; 
 Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; 
 Preservar as florestas, a fauna e a flora; 
Basicamente, proteger o meio ambiente é de competência comum. 
Essas entidades precisam atuar de forma coordenada, cooperando uns com os outros, para não 
haver desperdício de forças e recursos. 
A LC 140/11 fixa normas para cooperação entre a União, Estados, DF e municípios em relação às 
atuações administrativas de competência comum. 
a) Objetivos fundamentais 
A União, dos Estados, do Distrito Federal e os Municípios devem observar os seguintes objetivos 
fundamentais, insculpidos no art. 3º da LC 140: 
 Proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo 
gestão descentralizada, democrática e eficiente; 
 Garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente, 
observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das 
desigualdades sociais e regionais; 
 Harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os 
entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação 
administrativa eficiente; 
 Garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as peculiaridades 
regionais e locais. 
Veja, a lei visa promover o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental, resultando no 
desenvolvimento sustentável. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
b) Instrumentos de cooperação 
Para proteção do meio ambiente as entidades políticas poderão se valer como instrumentos de 
cooperação: 
 Consórcios públicos 
 Convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e 
entidades do Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição Federal; 
 Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito 
Federal; 
 Fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos; 
 Delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos 
nesta Lei Complementar; 
 Delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro, respeitados os 
requisitos previstos nesta Lei Complementar. 
 Consórcios públicos são contratos administrativos que serão celebrados entre entidades políticas 
com a finalidade de realizarem interesses comuns. É constituída uma associação pública ou uma pessoa 
jurídica de direito privado que vai gerir esse consórcio público. 
Os convênios são ajustes ou contratos, firmados entre pessoas jurídicas de direito público ou entre 
pessoas jurídica de direito público e particulares. Os particulares e a administração pública terão interesses 
convergentes. No entanto, os convênios não criam pessoas jurídicas autônomas, diferentemente dos 
consórcios públicos. 
Acordos de cooperação poderão se dar através de fundos, públicos ou privados. Ex.: Fundo 
Nacional do Meio Ambiente que visa auferir fundos para obter recursos para projetos de ações 
sustentáveis. 
Segundo a Lei, os convênios e os acordos de cooperação poderão ser firmados com prazo 
indeterminado. 
O art. 5º da LC 140 estabelece que o ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a 
execução de ações administrativas, desde queo ente destinatário da delegação: 
 Tenha órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas delegadas; e 
 Contenha conselho de meio ambiente. 
Em outras palavras, poderá a União delegar ações administrativas aos municípios, desde que estes 
municípios tenham órgão ambiental competente para executar tais ações e tenha conselho de meio 
ambiente. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
c) Objetivos fundamentais 
A LC 140 prevê as chamadas comissões: 
 Comissão Tripartite Nacional: será formada, paritariamente, por representantes dos Poderes 
Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O objetivo dessa 
comissão tripartite nacional é de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada 
entre os entes federativos. 
 Comissões Tripartites Estaduais: será formada, paritariamente, por representantes dos 
Poderes Executivos da União, dos Estados e dos Municípios, com o objetivo de fomentar a 
gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes federativos. 
 Comissão Bipartite Distrital: será formada, paritariamente, por representantes dos Poderes 
Executivos da União e do Distrito Federal, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental 
compartilhada e descentralizada entre esses entes federativos. 
As Comissões Tripartites e a Comissão Bipartite do Distrito Federal terão sua organização e 
funcionamento regidos pelos respectivos regimentos internos. 
É interessante saber a composição dessas comissões. 
A Comissão Tripartite Nacional será composta por: 
 3 representantes do Ministério do Meio Ambiente 
 3 representantes da Associação Brasileira de Entidades do Meio Ambiente 
 3 representantes do Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente 
A Comissões Tripartites Estaduais serão compostas por: 
 2 representantes do Ministério do Meio Ambiente 
 2 representantes do Órgão Estadual do Meio Ambiente 
 2 representantes dos Órgãos Municipais do Meio Ambiente 
A Comissão Bipartite Distrital serão compostas por: 
 2 representantes do Ministério do Meio Ambiente 
 2 representantes do Órgão Distrital do Meio Ambiente 
Veja, a composição é sempre paritária. 
II. Competências legislativas 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Essas competências legislativas são de caráter concorrente. 
Todas as entidades políticas poderão legislar sobre meio ambiente, mas estas competências serão 
concorrentes. 
Segundo o art. 24 da CF, compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
 Florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos 
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; 
 Proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; 
 Responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor 
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
Em relação à competência do município, esta irá decorrer do art. 30 da CF, que estabelece que 
caberá ao município legislar sobre assuntos de interesse local. Neste caso, se o assunto ambiental for de 
interesse local, poderá o município legislar, suplementando a legislação federal ou estadual naquilo que 
couber. 
Observa-se que competência para legislar em matéria de direito ambiental é concorrente! 
No caso da legislação sobre águas, energias, jazidas, minas e outros recursos minerais, bem como 
no caso de atividades nucleares, a competência para legislar sobre o assunto é privativa da União. 
III. Ordem econômica ambiental 
Um dos princípios da ordem econômica, conforme o art. 170 da CF, é a defesa do meio ambiente. 
Ou seja, a ordem econômica deverá ser pautar também na proteção do meio ambiente. 
Na decisão de políticas públicas, é preciso levar em conta a necessidade de proteção do meio 
ambiente, inclusive através do tratamento diferenciado, conforme o impacto ambiental dos produtos, 
serviços, processos de elaboração do produto ou do serviço. 
É o que a doutrina denomina de ordem econômica ambiental. 
IV. Meio ambiente cultural 
Destaque-se o art. 216 da CF. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Segundo o art. 216, constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e bens 
de natureza imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, que façam referência à identidade, à 
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: 
 Formas de expressão; 
 Modos de criar, fazer e viver; 
 Criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
 Obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações 
artístico-culturais; 
 Conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, 
paleontológico, ecológico e científico. 
Este dispositivo cai em sua literalidade. 
O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural 
brasileiro, por meio de: 
 Inventários 
 Registros 
 Vigilância 
 Tombamento 
 Desapropriação 
 Outras formas de acautelamento e preservação. 
Observe que o grau de restrição é progressivo. 
A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais. 
Segundo o §5º, ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências 
históricas dos antigos quilombos. 
O §6º diz que é facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à 
cultura até 0,5% de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, 
vedada a aplicação desses recursos no pagamento de despesas com pessoal e encargos sociais, serviço da 
dívida ou qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações 
apoiados. 
V. Meio ambiente natural 
Meio ambiente natural está previsto no art. 225 da CF. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O legislador constituinte considerou o meio ambiente equilibrado como um direito fundamental. 
Este direito ao meio ambiente equilibrado é um direito fundamental de 3ª geração. 
O art. 225 institui um direito difuso ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. A partir daí, 
cria-se um dever do poder público e um dever para a coletividade de defender um ambiente 
ecologicamente equilibrado, preservando para as gerações presentes, mas também para as gerações 
futuras. É o que se denomina de equidade intergeracional. 
Segundo o art. 225 da CF, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e o dever de preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
O constituinte, por meio do art. 225, §1º, instituiu deveres específicos ao poder público, como: 
 Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das 
espécies e ecossistemas; 
 Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as 
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; 
 Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, 
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua 
proteção; 
 Exigir,na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de 
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se 
dará publicidade; 
 Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que 
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; 
 Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para 
a preservação do meio ambiente; 
 Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua 
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 
Já os §§ 2º e 3º do art. 225 trazem deveres específicos ao poder público, mas também para a 
coletividade. 
Nesse sentido, o §2º afirma que aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o 
meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na 
forma da lei. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O §3º dispõe que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados. 
O §4º reconhece como patrimônio nacional os seguintes biomas: 
 Floresta Amazônica brasileira 
 Mata Atlântica 
 Serra do Mar 
 Pantanal Mato-Grossense 
 Zona Costeira 
Neste caso, a sua utilização será feita na forma da lei, dentro de condições que assegurem a 
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
O §5º diz que são indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações 
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. 
Via de regra, as terras devolutas, apesar de não serem passíveis de serem usucapidas, podem ser 
alienadas, já que não possuem afetação. No entanto, as terras devolutas que sofreram ações 
discriminatórias terão uma afetação específicas, pois serão necessárias à proteção de ecossistemas 
naturais. 
O §6º diz que as usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei 
federal. Sem essa lei federal, estas usinas não poderão ser instaladas. 
VI. Meio ambiente artificial 
Meio ambiente artificial é aquele constituído por obras do homem, fruto da ação humana. Tem um 
caráter residual, pois será meio ambiente artificial, desde que não componha o patrimônio cultural. 
O Estatuto da Cidade aqui ganha relevância, pois o instrumento básico para que se tenha um 
adequado meio ambiente artificial é o plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para 
cidades com mais de 20 mil habitantes. Este Plano Diretor garante uma cidade sustentável. 
Segundo o art. 182, §2º, a propriedade urbana atende a sua função social quando atende às 
exigências expressas no plano diretor. Só assim ela poderia cumprir a sua função social. 
Caso o proprietário da área não cumpre o plano diretor, o município poderá exigir que o 
proprietário dê a adequada utilização do solo, por meio de lei específica. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Se o proprietário, ainda assim, não promover o adequado aproveitamento do solo, é possível que o 
município adote as seguintes medidas, sucessivamente, conforme §4º do art. 182 da CF: 
 Parcelamento ou edificação compulsórios; 
 IPTU progressivo no tempo; 
 Desapropriação 
No caso da desapropriação, será esta uma sanção, pois ocorrerá por meio do pagamento mediante 
títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de 
até 10 anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros 
legais. 
Com relação às desapropriações de imóveis urbanos, estas serão feitas com prévia e justa 
indenização em dinheiro. 
a) Plano Diretor 
Regulamentando os arts. 182 e 183 da CF, o Estatuto da Cidade (Lei 10.257) foi aprovado, 
estabelecendo normas de ordem pública e interesse social sobre o uso da propriedade urbana em prol do 
bem coletivo, ou seja, para o cumprimento da função social da propriedade urbana. 
 O art. 41 do Estatuto da Cidade cria novas hipóteses de obrigatoriedade do Plano Diretor, além 
daquela prevista para os casos com mais de 20 mil habitantes. 
Portanto, será obrigatório o Plano Direto para as cidades: 
 Com mais de 20 mil habitantes; 
 Integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas; 
 Onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no § 4o do art. 
182 da Constituição Federal (parcelamento ou edificação compulsórios, desapropriação sanção 
e IPTU progressivo no tempo); 
 Integrantes de áreas de especial interesse turístico; 
 Inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto 
ambiental de âmbito regional ou nacional; 
 Incluídas no cadastro nacional de Municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de 
deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou 
hidrológicos correlatos. 
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No caso da realização de empreendimentos ou atividades enquadrados com significativo impacto 
ambiental de âmbito regional ou nacional, os recursos técnicos e financeiros para a elaboração do plano 
diretor estarão inseridos entre as medidas de compensação adotadas. 
No caso de cidades com mais de 500 mil habitantes, deverá ser elaborado um plano de transporte 
urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido. 
O §3º diz que as cidades que deverão ter Plano Diretor devem elaborar plano de rotas acessíveis, 
compatível com o plano diretor no qual está inserido, que disponha sobre os passeios públicos a serem 
implantados ou reformados pelo poder público, com vistas a garantir acessibilidade da pessoa com 
deficiência ou com mobilidade reduzida a todas as rotas e vias existentes, inclusive as que concentrem os 
focos geradores de maior circulação de pedestres, como os órgãos públicos e os locais de prestação de 
serviços públicos e privados de saúde, educação, assistência social, esporte, cultura, correios e telégrafos, 
bancos, entre outros, sempre que possível de maneira integrada com os sistemas de transporte coletivo de 
passageiros. 
A Lei Municipal que aprova o Plano Diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada 10 anos. 
b) Instrumentos para executar a política urbana 
Para execução da Política Urbana, o art. 4º do Estatuto da Cidade traz diversos instrumentos para 
executar a política urbana firmada, os quais se destacam: 
 Plano diretor; 
 Parcelamento, uso e ocupação do solo; 
 Zoneamento ambiental; 
 Plano plurianual; 
 Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU; 
 Contribuição de melhoria; 
 Desapropriação; 
 Servidão administrativa; 
 Limitações administrativas; 
 Tombamento de imóveis ou de imóveis urbano; 
 Instituição de unidades de conservação; 
 Referendo popular e plebiscito; 
 Estudo prévio de impacto ambiental (EIA) 
 Estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV). 
Além disso, são também instrumentos de execução da política urbana previstos no Estatuto da 
Cidade: 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Direito de superfície: é a faculdade que o proprietário tem de conceder a outra pessoa o 
direito de utilização do solo, subsolo ou espaçoaéreo correspondente àquela propriedade. Este 
direito será registrado por meio de escritura pública e acaba sendo um direito real. 
 Direito de preempção (preferência legal ou prelação): é a concessão de preferência ao poder 
público municipal, podendo este adquirir o imóvel urbano, objeto de alienação onerosa entre 
particulares, se houver previsão legal. 
 Outorga onerosa do direito de construir: o Plano Diretor poderá fixar áreas nas quais o direito 
de construir poderá ser exercido acima do coeficiente de aproveitamento básico. Ex.: em tese o 
sujeito poderá construir até o 5º andar. Mas se ele quiser construir até o 7º, deverá pagar uma 
contrapartida a ser paga pelo beneficiário. 
 Operações urbanas consorciadas: há um conjunto de intervenções coordenadas pelo poder 
público municipal, em que há participação de proprietários, moradores, usuários permanentes 
ou de investidores privados, tendo como objetivos alcançar transformações em áreas 
urbanísticas estruturais. 
 Transferência do direito de construir: há uma autorização dada por lei específica para que o 
proprietário de um imóvel urbano possa exercer em outro local, ou alienar mediante escritura 
pública, o seu direito de construir. O sujeito passa a poder construir numa outra área, diversa 
daquela que ele não poderia originariamente. Poderá esse sujeito alienar esse direito de 
construir a outrem. 
c) Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança 
No Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança analisa-se os efeitos positivos e os efeitos negativos do 
empreendimento ou atividade, especialmente quanto à qualidade de vida da população residente na área e 
suas proximidades. 
O Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança analisa também as seguintes questões: 
 Adensamento populacional; 
 Equipamentos urbanos e comunitários; 
 Uso e ocupação do solo; 
 Valorização imobiliária; 
 Geração de tráfego e demanda por transporte público; 
 Ventilação e iluminação; 
 Paisagem urbana e patrimônio natural e cultural. 
Será a lei municipal que definirá os empreendimentos e atividades privados ou públicos em área 
urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para obter as 
licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O art. 38 ainda lembra que a elaboração do Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança não substitui a 
elaboração e a aprovação de Estudo Prévio De Impacto Ambiental (EIA), requeridas nos termos da 
legislação ambiental. 
d) IPTU progressivo no tempo 
Segundo o art. 7º do Estatuto da Cidade, em caso de descumprimento do parcelamento, edificação 
ou utilização compulsórios, o Município procederá à aplicação do IPTU progressivo no tempo, mediante a 
majoração da alíquota pelo prazo de 5 anos consecutivos. 
O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na lei específica e não excederá a 2 vezes 
o valor referente ao ano anterior, respeitada a alíquota máxima de 15%. 
Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em 5 anos, o Município 
manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se cumpra a referida obrigação, garantida a 
prerrogativa de desapropriação sanção. 
É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação progressiva no tempo. 
Se após estes 5 anos, o proprietário não tiver cumprido o parcelamento ou a edificação 
compulsórios, ou não tenha utilizado adequadamente a propriedade, o município poderá desapropriar o 
imóvel. 
e) Usucapião coletiva 
O Estatuto da Cidade criou a chamada usucapião coletiva. 
Segundo o art. 10, as áreas urbanas com mais de 250m², ocupadas por população de baixa renda 
para sua moradia, por 5 anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os 
terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os 
possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. 
Ocorrerá aqui um condomínio especial e indivisível. 
O possuidor poderá, para o fim de contar o prazo exigido para a usucapião, acrescentar sua posse à 
de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas. 
A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual 
servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis. 
Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente 
da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, 
estabelecendo frações ideais diferenciadas. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação 
favorável tomada por, no mínimo, 2/3 dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à 
constituição do condomínio. 
As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de 
votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes. 
VII. Meio ambiente do trabalho 
O meio ambiente do trabalho tem previsão expressa na CF. 
O art. 200, VIII, da CF, quando trata do Sistema Único de Saúde, estabelece que ao sistema único de 
saúde compete colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 
O meio ambiente do trabalho é composto por todos os bens materiais ou imateriais que permitam 
que a pessoa exerça uma atividade laboral de forma digna e segura. 
3. Princípios ambientais 
Como se sabe, princípios são normas e normas que fundamentam o sistema jurídico, tendo maior 
abstração e abertura do que as regras. Inclusive, poderão ser aplicadas diretamente. 
I. Princípio da prevenção 
O princípio da prevenção preceitua que já existe base científica para prever o impacto negativo 
decorrente da atividade. Por essa razão, para exercer essa atividade, é necessário que o empreendedor 
observe condicionantes para obter o licenciamento ambiental. 
Isso servirá para impedir que haja dano ambiental ou ainda para mitigar os danos ambientais. A 
ideia é de que, sempre que possível, deverá se buscar a prevenção, pois normalmente o bem ambiental 
não permite que se retornem ao status a quo. 
Uma indenização alta não se devolve a floresta destruída. 
II. Princípio da precaução 
Diferentemente do princípio da prevenção, em que se sabe os riscos que o empreendimento trará, 
o princípio da precaução, segundo a Declaração do Rio (ECO 92), situado no princípio 15, preceitua que, 
quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não 
poderá servir de razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para precaver a 
degradação ambiental. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
A Declaração do Rio não tem natureza de tratado internacional para o Brasil, sendo um 
compromisso ético de caráter mundial. 
O princípio da precaução estabelece que, se não se sabe o dano ambiental que será causado pela 
atividade, deve ser impostas condicionantes a fim de evitar que o dano ocorra. 
A incerteza científica milita em favor do meio ambiente. É o que se denomina de in dubio pro 
natura. 
É com base no princípio da precaução que a doutrina preceitua a inversão do ônus da prova nas 
ações ambientais. Dessa forma, não é o Estado que deve provar que o empreendimento é causador 
potencial de dano ambiental, cabendo ao empreendedor ou poluidor provar que sua atividade nãoé 
perigosa, não é poluidora ou que não desrespeita as normas ambientais. 
O princípio da precaução foi previsto na Convenção Mundial sobre Mudança do Clima e na 
Convenção da Biodiversidade. 
Na Lei 11.105 há a previsão do princípio da precaução. 
III. Princípio do desenvolvimento sustentável 
O Relatório Bruntland (Nosso Futuro Comum), elaborado pela Comissão Mundial para o Meio 
Ambiente e Desenvolvimento, traz o conceito de desenvolvimento sustentável. 
O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. Ou seja, cria-se uma 
ligação bem forte entre o desenvolvimento sustentável e a chamada equidade intergeracional. 
A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a compatibilização do desenvolvimento 
econômico com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico (art. 4º da Lei 
PNMA). 
IV. Princípio do poluidor-pagador ou da responsabilidade 
O poluidor deve responder pelos custos sociais da poluição ou da degradação que causa através de 
suas atividades. 
O que se busca aqui é a internalização dos prejuízos ambientais. Se o indivíduo internaliza o lucro, 
deverá internalizar os prejuízos que o sujeito causa. O que se evita a privatização dos lucros e socialização 
dos prejuízos. 
O princípio do poluidor-pagador tem uma natureza sancionatória também. A poluição, mesmo que 
amparada em licença, não desonera o poluidor de arcar com os danos ambientais que causar. 
 16 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
V. Princípio do protetor-recebedor 
O protetor, diferentemente do poluidor, deverá receber benefícios. É uma outra face da mesma 
moeda do princípio do poluidor-pagador. 
Criam-se benefícios àqueles que protegem o meio ambiente. 
A ideia é fomentar ou premiar iniciativas de proteção ambiental. 
Ex.: há uma compensação financeira ao proprietário rural que mantém, além da reserva florestal 
legal, uma outra área de proteção de reserva, acima do mínimo fixado pelo Código Florestal. 
Outros exemplos são créditos subsidiados, redução dos juros cobrados, redução das bases de 
cálculo das alíquotas tributárias, isenções tributárias, etc. 
Neste caso, o sujeito está protegendo o meio ambiente e estará recebendo benefícios por conta 
dessa tua atividade. 
O princípio do protetor-recebedor está previsto na Lei 12.305/2010, que instituiu a Política 
Nacional dos Resíduos Sólidos. 
VI. Princípio do usuário-pagador 
Não há caráter de sanção. 
As pessoas que utilizam os recursos naturais devem pagar pela sua utilização, ainda que não haja 
sua comercialização. 
Isso porque a pessoa está usando um bem de uso comum do povo. 
O meio ambiente equilibrado é um direito difuso. Se o indivíduo está utilizando um bem do meio 
ambiente, ainda que não seja comercialmente, e que seja pelo uso racional, deverá o indivíduo pagar por 
esta exploração. 
Há apenas uma indenização pela sua utilização. 
VII. Princípio da solidariedade intergeracional ou equidade intergeracional 
Há aqui uma relação de finalidade com o princípio do desenvolvimento sustentável. 
O princípio visa assegurar que as gerações futuras tenham à sua disposição os recursos ambientais. 
 17 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
As presentes gerações devem observar a preservação do meio ambiente, adotando políticas 
ambientais que permitam às presentes e futuras gerações a utilização do meio ambiente, não podendo 
utilizar recursos ambientais de forma a privar os descendentes desses recursos. 
Por essa razão, o princípio do desenvolvimento sustentável busca a realização do princípio da 
equidade geracional. 
VIII. Princípio da participação comunitária 
Este princípio visa estimular a participação social nos processos decisórios ligados ao meio 
ambiente. 
As pessoas têm direito a participar ativamente das atividades ambientais, pois, possivelmente, 
serão vítimas de danos ambientais, caso ocorram. 
Ex.: no EIA-RIMA, é possível que sejam realizadas audiências públicas. 
IX. Princípio da função socioambiental da propriedade 
Um dos requisitos da propriedade para cumprir sua função social é o respeito à legislação 
ambiental, como o Código Florestal, quando se tratar de imóvel rural, ou o Plano Diretor, quando se tratar 
de imóvel urbano. 
Tanto é assim que o art. 1.228, §1º, do CC, diz que o direito de propriedade deve ser exercido em 
consonância com as finalidades econômicas, sociais e de modo que sejam preservados a fauna, flora, 
belezas naturais, equilíbrio ecológico, patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e 
das águas. 
X. Princípio da informação 
Este princípio mantém íntima relação com o princípio da participação comunitária. 
O acesso às informações ambientais é imprescindível para o bom funcionamento das instituições e 
para formação do convencimento da população, a fim de participar ativamente das decisões políticas 
ambientais. 
Este princípio está previsto na Lei 12.305, que instituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos. 
XI. Princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada 
O princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada, tem uma feição internacional, fruto do 
chamado Protocolo de Kyoto. 
 18 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Todas as nações são responsáveis pelo controle da poluição, pela busca da sustentabilidade. Mas 
os países que são os maiores poluidores deverão adotar medidas mais drásticas para fins de preservação 
ambiental, pois são os responsáveis pelos maiores danos à biosfera (art. 4º, item I, do Protocolo). 
Aula 02. A política nacional e o sistema nacional do meio ambiente. Poder de polícia, licenciamento e 
estudos ambientais. 
4. Política Nacional do Meio Ambiente e o Sistema Nacional do Meio Ambiente 
I. Princípios e objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente 
a) Objetivo geral da PNMA 
A PNMA foi instituída pela Lei 6.938/81 
O objetivo da PNMA é a preservação, melhoria e a recuperação da qualidade ambiental. 
Esta qualidade ambiental deverá ser propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao 
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida 
humana. 
b) Princípios da PNMA 
São princípios da PNMA: 
 Ação governamental deve ser dar para fins de manutenção do equilíbrio ecológico, 
considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado 
e protegido, tendo em vista o uso coletivo; 
 Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; 
 Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; 
 Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; 
 Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; 
 Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção 
dos recursos ambientais; 
 Acompanhamento do estado da qualidade ambiental; 
 Recuperação de áreas degradadas; 
 Proteção de áreas ameaçadas de degradação; 
 Educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, 
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. 
 19 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Perceba-se que deve ser buscado a evolução das tecnologias e a educação ambiental a todos os 
níveis de ensino. 
c) Objetivos da PNMA 
O art.4º traz os objetivos da PNMA. 
 Compatibilizar o desenvolvimento econômico social com a preservação da qualidade 
ambiental (princípio do desenvolvimento sustentável) 
 Definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio 
ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, do Territórios e 
dos Municípios; 
 Estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e 
manejo de recursos ambientais; 
 Desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de 
recursos ambientais; 
 Difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações 
ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da 
qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; 
 Preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e 
disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício 
à vida; 
 Imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos 
causados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins 
econômicos (princípio do poluidor-pagador e princípio do usuário-pagador). 
Quanto a esse último objetivo, extrai-se que a preferência é a recuperação dos danos causados. 
Caso não seja possível, haverá a indenização. Mas isso não impede que haja a aplicação dos dois. É claro 
que estamos falando de indenização em caráter substitutivo. 
II. Instrumentos de execução da Política Nacional do Meio Ambiente 
Para consecução da execução da PNMA, alguns instrumentos foram previstos pela Lei 6.938/81, 
dentre eles o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental. Como se vê, além de ser um dos 
objetivos, é um instrumento. 
Segundo o art. 9º, são Instrumentos da PNMA: 
 Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
 Zoneamento ambiental; 
 20 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Avaliação de impactos ambientais: é gênero e o estudo de impacto ambiental é espécie; 
 Licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; 
 Incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, 
voltados para a melhoria da qualidade ambiental; 
 Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual 
e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e 
reservas extrativistas; 
 Sistema nacional de informações sobre o meio ambiente (SINIMA); 
 Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental; 
 Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à 
preservação ou correção da degradação ambiental. 
 Instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo 
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; 
 Garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder 
Público a produzi-las, quando inexistentes; 
 Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos 
recursos ambientais. 
 Instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e 
outros. 
a) Zoneamento ambiental 
O zoneamento ambiental é uma forma de intervenção estatal em um território, dividindo-se em 
zonas, de acordo com o interesse de preservação ambiental. 
O que se busca no zoneamento ambiental é a possibilidade do uso sustentável do recurso 
ambiental e a conservação daquela área. Há desenvolvimento econômico somado à manutenção da 
qualidade ambiental. 
O zoneamento ambiental também é chamado de zoneamento ecológico econômico (ZEE). É um 
instrumento da PNMA e é um instrumento de exploração de determinado território. 
Do zoneamento ambiental serão estabelecidos padrões de proteção ambiental, variando-se de 
cada zona em que é feita a divisão do território a fim de verificar a qualidade ambiental. 
O zoneamento deve ser aprovado por lei, devendo dividir da seguinte forma: 
 Zona de uso estritamente industrial: aqui haverá atividade industrial. 
 21 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Zona de uso predominantemente industrial: aqui haverá atividade industrial e outras 
atividades que não sejam industriais, mas que não haja prejuízos para a população com relação 
ao meio ambiente. 
 Zona de uso diversificado: aqui poderá haver indústrias, comércios, moradia, dentre outras 
atividades. 
 Zona de reserva ambiental: em razão de características daquela zona, podendo ser 
características culturais, paisagísticas, proteção de mananciais, etc., ficarão vedadas a 
localização de estabelecimentos industriais. 
b) Instrumentos econômicos 
Esses instrumentos econômicos são meramente exemplificativos, podendo haver outros como a 
instituição de tributos que favoreçam a proteção ambientais, prazo prolongado para pagar créditos, 
concessão de créditos com juros baixos, a fim de justificar a política nacional do meio ambiente, etc. 
i. Concessão florestal 
Outra forma de se efetivar a PNMA é através de instrumentos econômicos, podendo ocorrer por 
meio de concessão florestal. 
A ideia é basicamente a mesma da concessão administrativa. 
O contrato de concessão florestal é um contrato de concessão oneroso, celebrado por uma 
entidade política com uma pessoa jurídica. Essa pessoa jurídica poderá ser consorciada ou não. No caso, o 
contrato de concessão é precedido de licitação na modalidade concorrência. Neste caso, o concessionário 
terá direito de explorar de forma sustentável os recursos ambientais, durante prazo determinado. 
Em regra, o prazo mínimo da concessão será equivalente a um ciclo de corte de árvore. O prazo 
máximo será de 40 anos. 
Se a concessão for de serviços ambientais, ou seja, não será a extração da floresta, por exemplo, e 
sim o turismo florestal, o lapso temporal será de 5 a 20 anos. 
ii. Servidão ambiental 
Outro instrumento econômico de efetivação da PNMA é a servidão ambiental. 
A servidão ambiental é uma espécie de servidão administrativa, sendo um direito real sobre coisa 
alheia. 
 22 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Essa servidão ambiental deverá ser registrada em Cartório de Registro de Imóveis. O proprietário 
ou possuidor de um imóvel renuncia, de forma temporária ou permanente, total ou parcialmente, ao uso, 
exploração, supressão de recursos naturais da sua propriedade. 
A servidão ambiental é instituída por um contrato, firmado perante um órgão do SISNAMA, 
devendo ser averbado no Cartório de Registro de Imóveis, 
O prazo mínimo da servidão ambiental é de 15 anos. 
É vedada a instituição de servidão ambiental nas áreas de preservação permanente e nas áreas 
de reserva legal. Isto é óbvio, pois nestas áreas já existem a obrigação de proteção nestes espaços. 
O regime de proteção da área deverá ser, pelo menos, o mesmo regime de proteção da reserva 
legal. Ou seja, a servidão ambiental deve implicar, no mínimo, proibição de supressão vegetal, salvo sob a 
forma de manejo sustentável. 
iii. Seguro ambiental 
O seguro ambiental acaba facilitando a reparação de eventuais danos ao meio ambiente que 
venham a ocorrer em eventual empreendimento. 
A Lei da Política Nacional dos Resíduos Sólidos trouxe importante previsão sobre o seguro 
ambiental. 
O art. 40 da Lei diz que, no licenciamento ambientalde empreendimentos ou atividades que 
operem com resíduos perigosos, o órgão licenciador do SISNAMA pode exigir a contratação de seguro de 
responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente ou à saúde pública. 
Veja, permite-se que o órgão do SISNAMA exija do empreendedor que trabalhará com resíduos 
perigosos a instituição de seguro ambiental. 
III. Composição e competências do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) 
A competência para implementação da política nacional do meio ambiente foi atribuída aos órgãos 
e entidades que compõem o SISNAMA. 
O SISNAMA é assim composto: 
 Órgão superior: é o Conselho de Governo. 
 Órgão consultivo e deliberativo: é o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). 
 Órgão central: é o Ministério do Meio Ambiente da Presidência da República. 
 23 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Órgãos executores: é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICM-Bio; 
 Órgãos Seccionais: são os órgãos ou entidades estaduais; 
 Órgãos Locais: são os órgãos ou entidades municipais; 
a) Conselho de Governo 
O Conselho de Governo tem a função de assessorar o Presidente da República na formulação da 
política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais. 
O Conselho de Governo é composto pelos Ministros de Estado e pelo titular do gabinete pessoal do 
Presidente da República. 
b) CONAMA 
O CONAMA é órgão consultivo e deliberativo. Por conta disso, o CONAMA tem poder normativo. 
A finalidade do CONAMA é de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de 
políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua 
competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e 
essencial à sadia qualidade de vida. 
O presidente do CONAMA é o Ministro do Meio Ambiente. 
Segundo o art. 8º, compete ao CONAMA: 
 Estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de 
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e 
supervisionado pelo IBAMA; 
 Determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis 
consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, 
estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para 
apreciação dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou 
atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas 
patrimônio nacional. 
 Homologar acordos visando à transformação de penalidades pecuniárias na obrigação de 
executar medidas de interesse para a proteção ambiental; 
 Determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais 
concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de 
participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por 
veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios 
competentes; 
 Estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do 
meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os 
hídricos. 
O CONAMA tem por função essencial regular os padrões de qualidade a serem adotados, padrões 
exigidos para veículos automotores, determinar estudos, etc. 
O art. 4º do Decreto 99.274 diz que o CONAMA é composto por: 
 Plenário 
 Câmara Especial Recursal 
 Comitê de Integração de Políticas Ambientais 
 Câmaras Técnicas 
 Grupos de Trabalho 
 Grupos Assessores 
A participação dos membros do CONAMA é considerado serviço de natureza relevante, não sendo 
esta participação remunerada. 
O Plenário do CONAMA reunir-se-á, ordinariamente, a cada 3 meses, no Distrito Federal. 
Extraordinariamente, será reunido por convocação de seu Presidente, por iniciativa própria ou a 
requerimento de pelo menos 2/3 de seus membros. 
c) Ministério do Meio Ambiente 
O Ministério do Meio Ambiente planeja, coordena, supervisiona e controla, como órgão federal, a 
política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente. 
d) IBAMA e ICM-Bio 
O órgão executor do meio ambiente é feito pelo IBAMA e pelo ICM-Bio. A finalidade desses órgãos 
é de executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de 
acordo com as respectivas competências. 
O IBAMA é uma autarquia federal em regime especial. Ele tem poder de polícia ambiental, 
executando na esfera federal e atua supletivamente nas esferas estaduais e municipais. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O ICM-Bio também é órgão executor e também é autarquia federal. A função do ICM-Bio é a 
conservação ambiental através da gestão de unidades de conservação. 
De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a criar uma Fundação de 
apoio técnico científico às atividades do IBAMA. 
e) Órgãos Seccionais 
São os órgãos estaduais são os responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle 
e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental. 
Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas 
supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem 
estabelecidos pelo CONAMA. 
f) Órgãos locais 
São os responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições. 
Aqui, destacam-se as secretarias municipais do meio ambiente. 
Os municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar 
as normas na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição. 
5. Poder de polícia, licenciamento e estudos ambientais 
I. Poder de polícia ambiental 
A competência administrativa (material) é uma competência comum, exercida por todas as 
entidades públicas. A LC 140 vai regular essas competências. 
O poder de polícia administrativo, como regra, tem caráter discricionário. Todavia, no âmbito 
ambiental, doutrina afirma que o poder de polícia tem natureza vinculada. Isso porque o poder público 
tem o dever de preservar o meio ambiente. Esse poder de polícia ambiental seria vinculado. 
A competência para o licenciamento ambiental não se confunde com o exercício do poder de 
polícia. Apesar de ser uma forma de exercício do poder de polícia, um é o ente que concede o 
licenciamento ambiental, mas isto não impede que outro ente político realize a fiscalização do 
empreendimento. 
Pode ser que o licenciamento ambiental tenha sido concedido pelo órgão estadual, mas nada 
impede que o IBAMA fiscalize as atividades do empreendimento, já que a proteção ambiental e o exercício 
de poder de polícia tem o caráter comum. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Algumas novidades foram trazidas pela LC 140, com destaque para o art. 17. Segundo o dispositivo, 
compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização de um empreendimento ou atividade, 
lavrar auto de infração ambiental e instaurar processoadministrativo para a apuração de infrações à 
legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada. 
O que a LC faz é autorizar que a prioridade seja do órgão licenciador para a sua atuação. 
O §3º afirma que o disposto no caput do art. 17 não impede o exercício pelos entes federativos da 
atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou 
potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, 
prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento 
ou autorização. 
II. Licenciamento ambiental 
O licenciamento ambiental é um dos instrumentos da PNMA. 
É também uma das formas de manifestação do poder de polícia ambiental. 
O art. 10 da Lei 6.938/81 diz que a construção, instalação, ampliação e funcionamento de 
estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores 
ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento 
ambiental. 
O licenciamento deverá ser prévio, não podendo ser póstumo. 
O licenciamento, quando aprovado, culmina numa licença. 
A natureza jurídica do licenciamento, segundo o art. 2º, I, da LC 140, é de procedimento 
administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, 
efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. 
Ou seja, licenciamento ambiental tem natureza de procedimento administrativo. Como visto, esse 
procedimento irá culminar no ato de licença administrativo. 
a) Competência 
A LC 140/11 regula as competências ambientais comuns. 
Dois são os principais critérios para definir a competência material para promover o 
licenciamento: 
 Critério da dimensão do dano ambiental 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Critério da dominialidade do bem público afetável 
Além desses critérios, é utilizados como critério residual, para definição da competência material 
para o licenciamento ambiental, o critério da atuação supletiva. 
Ou seja, quando o órgão ambiental do ente federado de menor extensão territorial não puder 
licenciar, não tiver estrutura ou condições para licenciar, o órgão de maior abrangência territorial vai 
promover o licenciamento. 
O art. 2º da LC 140 diferencia atuação supletiva da atuação subsidiária: 
 Atuação supletiva: há um órgão que se substitui ao ente federativo originariamente detentor 
das atribuições, pois não tem condição de exercer sua competência. 
 Atuação subsidiária: aqui, o objetivo é auxiliar o outro ente da Federação no desempenho das 
atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo 
originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar. 
O critério da extensão do impacto ambiental é uma forma de definir a competência. A competência 
será do município quando o impacto não ultrapassar as fronteiras do município. 
Da mesma forma, a competência será do Estado, quando o dano não ultrapassar as fronteiras 
estaduais. 
Se o impacto for regional ou nacional, situação na qual competirá ao IBAMA. 
Impacto ambiental, segundo a Resolução do CONAMA, é qualquer alteração das propriedades 
físicas, químicas, biológicas do meio ambientes que sejam causadas por qualquer forma de matéria ou 
energia resultante da atividade humana, desde que afete a saúde, segurança ou bem estar da população, 
ou atividades sociais ou econômicas, ou a biota, ou as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, 
ou ainda a qualidade dos recursos ambientais. 
Via de regra, qualquer dessas alterações do meio ambiente, causadas por uma ação humana, 
poderão ser consideradas impacto ambiental. 
O art. 13 da LC 140 diz que apenas será admitido licenciamento ambiental promovido por um 
único ente federativo, podendo os demais entes se manifestar de maneira informativa. 
b) Licenças ambientais 
No procedimento administrativo do licenciamento ambiental, caso o empreendimento tenha sido 
aprovado, será expedida uma licença ambiental, que é um ato administrativo. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Neste ato administrativo, o órgão competente irá estabelecer as condições, restrições, medidas de 
controle ambiental que devem ser obedecidas pelo empreendedor. 
Diferentemente do Direito Administrativo, a licença ambiental é ato discricionário e o ato é 
precário. 
Isso porque a Resolução 237 do CONAMA, no art. 19, diz que o órgão ambiental poderá modificar 
os condicionantes e as medidas de controle e adequação da licença ambiental, suspender ou cancelar uma 
licença ambiental expedida, quando ocorrer: 
 Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais. 
 Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença 
 Superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. 
As licenças ambientais, que são atos administrativos, poderão ser de 3 espécies: 
 Licença prévia: é a licença que aprova o projeto, atestando a sua viabilidade ambiental. 
Estabelece os requisitos básicos para o avanço à próxima fase. O prazo de validade é de até 5 
anos. 
 Licença de instalação: aqui, está autorizada a instalação do empreendimento. O prazo de 
validade é de até 6 anos. 
 Licença de operação: permite o início das atividades. O prazo de validade é varia entre 4 e 10 
anos (lembrar que 4+10/2=7). 
Atente-se que a licença de operação pode ser renovada. Essa sua renovação deve ser requerida 
com antecedência mínima de 120 dias do seu vencimento. 
Caso o órgão licenciante não tenha se manifestado dentro desse prazo de 120 dias, ficará 
automaticamente renovada a licença de operação até que o órgão se manifeste. 
Não podemos confundir a renovação da licença com a concessão da licença. Isso porque o decurso 
dos prazos de licenciamento sem a emissão da licença ambiental, não implica emissão tácita, não 
autorizando qualquer ato para a prática da licença. 
O desenvolvimento de atividades poluidoras vai se sujeitar ao licenciamento ambiental. A licença 
de operação é exigível para aquela atividade. Se há o exercício de atividade sem que haja licença de 
operação, haverá a prática de crime ambiental, conforme art. 60 da Lei de Crimes Ambientais. 
Se a atividade não traz o impacto ambiental considerável, ao invés de exigir as 3 licenças, poderá 
adota o licenciamento unifásico. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O art. 14 da Resolução 237 do CONAMA diz que o prazo máximo para o ente ambiental analise a 
licença prévia, licença de instalação e licença de operação é de até 6 meses. Esse prazo será majorado 
para 12 meses, se for exigido audiência pública ou estudo de impacto ambiental. 
Ex.: o Poder Executivo, através do órgão competente, entendeu que o projeto não tem viabilidade 
ambiental, vedando determinado empreendimento pelo poluidor. Caso o indivíduo busque o Poder 
Judiciário, prevalece o entendimento de que o Poder Judiciário não poderá autorizar o licenciamento, por 
conta do princípio da separação dos poderes. 
Somente poderá o Poder Judiciário analisar se houve observância à legalidade, não podendo 
substituir a administração pública para autorizar procedimento não autorizado por ela. 
c) Estudos ambientais (avaliação de impactos ambientais) 
Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio 
ambientesque sejam causadas por qualquer forma de matéria ou energia resultante da atividade humana, 
desde que afete a saúde, segurança ou bem estar da população, ou atividades sociais ou econômicas, ou a 
biota, ou as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, ou ainda a qualidade dos recursos 
ambientais. 
A avaliação de impactos ambientais é gênero, sendo que o estudo de impacto ambiental e o 
consequente relatório de impacto ambiental é espécie. 
O Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA) é a modalidade mais famosa e complexa. Isso porque 
é uma incumbência do poder público exigir, para as obras potencialmente causadoras de significativa 
degradação do meio ambiente, o estudo prévio de impacto ambiental, ao qual se dará publicidade. 
É o mais complexo, pois o estudo só se justifica quando a atividade tem o condão de causar 
significativo impacto ambiental. 
Não é qualquer impacto que justifica o estudo. Não sendo significativo o impacto, serão feitos 
outros estudos, diferente do Estudo Prévio de Impacto Ambiental. 
A natureza jurídica do Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA) é um estudo ambiental, 
instrumento da PNMA, que materializa os princípios da precaução e da prevenção. 
i. Presunção de significativa degradação ambiental 
Existem alguns casos em que a legislação presume a significativa degradação ambiental, exigindo 
o Estudo Prévio de Impacto Ambiental, conforme a lista exemplificativa do art. 2º da Resolução 1 do 
CONAMA: 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; 
 Ferrovias; 
 Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; 
 Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66; 
 Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; 
 Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; 
 Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins 
hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para 
navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e 
embocaduras, transposição de bacias, diques; 
 Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); 
 Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração; 
 Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; 
 Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 
10MW; 
 Complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, 
destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); 
 Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI; 
 Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, 
quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista 
ambiental; 
 Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de relevante interesse 
ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; 
 Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas por dia. 
ii. Conteúdo mínimo do EIA 
O conteúdo mínimo do Estudo de Impacto Ambiental são: 
 Fazer diagnóstico da área de influência daquele projeto 
 Avaliar os impactos ambientais e quais as alternativas àqueles impactos 
 Definir quais são as medidas mitigadoras dos impactos negativos do empreendimento 
 Elaboração de um programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e 
negativos 
O empreendedor fica obrigado a incluir no EIA, e no respectivo relatório (RIMA), um capítulo 
específico sobre alternativas de tecnologia mais limpa, já que a obtenção dessas tecnologias é um dos 
objetivos e um dos instrumentos da PNMA. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
iii. Diretrizes do EIA 
São diretrizes que devem ser observadas para o Estudo de Impacto Ambiental: 
 Deverá contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, inclusive 
confrontando essas alternativas com a alternativa de não execução do projeto, a fim de 
verificar se vale a pena fazê-lo. 
 Avaliar, sistematicamente, os impactos ambientais que são gerados pela execução do projeto, 
tanto na fase de implantação quanto na fase de execução da atividade. 
 Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, 
denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia 
hidrográfica na qual se localiza; 
 Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de 
influência do projeto, e sua compatibilidade. 
iv. Elaboração do EIA 
O Estudo de Impacto Ambiental será realizado por equipe multidisciplinar habilitada, não 
dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto e que será responsável tecnicamente pelos 
resultados apresentados. 
Essa equipe será custeada pelo empreendedor, além de custear todas as despesas do projeto e 
custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental. 
O órgão ambiental não está sujeito às decisões da equipe multidisciplinar, podendo decidir de 
forma diversa, desde que justificadamente. 
v. Relatório de impacto ambiental (RIMA) 
Após a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental, será elaborado o Relatório de Impacto 
Ambiental (RIMA). 
No relatório, há as conclusões do estudo de impacto ambiental, devendo apresentar uma 
linguagem objetiva, adequada à compreensão da população, a fim de que a população tenha acesso à 
informação. 
Além disso, o RIMA deve ser de acessibilidade pública, ressalvado o sigilo industrial. 
O RIMA deverá ter obrigatoriamente: 
 Objetivos e justificativas do projeto, descrevendo o projeto, as alternativas tecnológicas, 
locacionais e resultados que foram encontrados com o estudo 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Descrição dos possíveis impactos ambientais que serão gerados pelo empreendimento 
 Qualidade da área ambiental no futuro, comparando com a possibilidade de não execução do 
projeto. 
 Descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras que serão adotadas em relação aos 
possíveis impactos negativos. 
 Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos 
 Recomendação quanto à alternativa mais favorável 
É possível que a Constituição Estadual que o Relatório de Impacto Ambiental seja submetido à 
aprovação da Assembleia Legislativa? 
NÃO. O STF já decidiu essa matéria, reputando que configuraria violação à separação dos 
poderes. 
vi. Audiência pública 
Se o órgão licenciador entender necessário, poderá realizar uma audiência pública, concretizando o 
princípio da participação comunitária. Essa audiência pública é uma faculdade do órgão licenciador. 
Por outro lado, a audiência pública torna-se obrigatória no caso de estudo de impacto ambiental, 
quando há: 
 Solicitação de sua realização por entidade civil, 
 Solicitação de sua realização por entidade civil pelo Ministério Público 
 Solicitação de sua realização por entidade civil por no mínimo 50 cidadãos. 
Aquilo que for colhido na audiência pública não vinculam o órgão licenciador, mas devem ser 
consideradas por ele. 
Aula 03. Espaços Territoriais Especialmente Protegidos. 
6. Espaços Territoriais Especialmente Protegidos 
I. Introdução 
O art. 225, §1º, III, diz que o Poder Públicotem a incumbência de definir, em todas as unidades da 
Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração 
e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Percebe-se que a instituição de um espaço territorial especialmente protegido poderá se dar por 
meio de lei ou por meio de ato infralegal (ex.: decreto). No entanto, a alteração ou supressão do espaço 
territorial só poderá ocorrer por meio de lei. 
a) Espaços ambientais especialmente protegidos 
O Novo Código Florestal criará os seguintes espaços ambientais especialmente protegidos: 
 Áreas de preservação permanente 
 Apicuns e salgados 
 Reserva legal 
 Unidades de conservação 
 Áreas verdes urbanas 
 Áreas de uso restrito 
O Novo Código Florestal estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, nas áreas de 
preservação permanente e na reserva legal. 
A exploração florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e a prevenção de 
incêndios florestais, e a previsão de instrumentos financeiros para o alcance dos objetivos do Código 
Florestal estarão previstos na Lei 12.651/12. 
A exploração de vegetação nativa orienta a busca por um desenvolvimento sustentável, exigindo a 
proibição de exploração de determinada área, como é o caso da área de preservação permanente. 
b) Princípios que informam o Novo Código Florestal 
São princípios que informam o Novo Código Florestal: 
 Compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas florestas e demais formas de 
vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da 
integridade do sistema climático, para o bem estar das gerações presentes e futuras; 
 Reafirmação da importância da função estratégica da atividade agropecuária e do papel das 
florestas e demais formas de vegetação nativa na sustentabilidade, no crescimento 
econômico, na melhoria da qualidade de vida da população brasileira e na presença do País 
nos mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia; 
 Ação governamental de proteção e uso sustentável de florestas, consagrando o compromisso 
do País com a compatibilização e harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação 
da água, do solo e da vegetação; 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Responsabilidade comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, em colaboração 
com a sociedade civil, na criação de políticas para a preservação e restauração da vegetação 
nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais; 
 Fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação para o uso sustentável do 
solo e da água, a recuperação e a preservação das florestas e demais formas de vegetação 
nativa; 
 Incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e 
para promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis 
Percebe-se que, com base no incentivo financeiro para preservação do meio ambiente, fica 
consagrado o princípio do protetor-recebedor. Ex.: reserva legal acima do mínimo exigido em lei. 
O art. 2º do Código Florestal diz que as florestas existentes no território nacional e as demais 
formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse 
comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a 
legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. 
Veja, o ambiente ecologicamente equilibrado é bem difuso. 
c) Regimes jurídicos 
O Código Florestal adotará 2 regimes jurídicos: 
 Regime de tolerância de condutas lesivas ao meio ambiente que ocorrerão até 22/07/2008. 
 Regime de condutas lesivas após 22/07/2008. 
Esta data se deu em razão de que, no dia 23/07/2008, foi publicado o Decreto 6.514 que dispõe 
sobre as infrações e sanções administrativas em relação ao meio ambiente. 
d) Obrigações de natureza real 
As obrigações previstas no Código Florestal têm natureza real, sendo obrigações propter rem, 
sendo transmitida ao sucessor da propriedade, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio 
ou posse do imóvel rural. 
e) Cadastro Ambiental Rural 
Uma inovação do Código Florestal é a previsão do CAR – Cadastro Ambiental Rural. 
Trata-se de um registro público eletrônico, de âmbito nacional, que se mostra obrigatório para 
todos os imóveis rurais. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
A finalidade desse cadastro é para integrar as informações ambientais das propriedades rurais 
brasileiras. Com esses dados é possível fazer o controle e fazer um planejamento ambiental e econômico, 
além do combate ao desmatamento. 
O CAR, segundo o Código Florestal, deve ser feito preferencialmente por órgão ambiental 
municipal ou estadual, já que estes órgãos locais ou regionais têm maior possibilidade de controle e 
conhecimento das áreas da região. 
O art. 78-A do Código Florestal diz que, após 31 de dezembro de 2017, as instituições financeiras 
só concederão crédito agrícola, em qualquer de suas modalidades, para proprietários de imóveis rurais 
que estejam inscritos no CAR. 
Ou seja, é uma forma de obrigar e coagir, legalmente, o sujeito a promover o registro de sua 
propriedade rural. 
f) Programas de Regularização Ambiental 
Foi previsto no Código Florestal ainda a instituição, pelas entidades públicas, com exceção dos 
municípios, dos chamados Programas de Regularização Ambiental – PRA. 
Os imóveis rurais, no que concerne às situações consolidadas até 22 de julho de 2008, nas áreas de 
reserva legal e nas áreas de preservação permanente, cuja assinatura de um termo de compromisso terá 
repercussão na área administrativa, criminal e civil poderá ser celebrado. 
Em outras palavras, no período entre a publicação do Código Florestal e a implantação do PRA em 
cada Estado e no Distrito Federal, bem como após a adesão do interessado ao PRA e enquanto estiver 
sendo cumprido o termo de compromisso, o proprietário ou possuidor não poderá ser autuado por 
infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão irregular de vegetação em Áreas 
de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito. 
Este programa é feito através de um termo de compromisso. 
Esse termo repercutirá na esfera administrativa, na esfera penal e na esfera civil. 
A regularização ambiental será promovida pela realização de atividades que busque a manutenção 
e a recuperação de área de preservação permanente e de reserva legal, por meio de um termo de adesão e 
compromisso, que é celebrado pelo proprietário ou possuidor do imóvel rural. 
II. Área de preservação permanente 
a) Definição legal 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Segundo o art. 3º, II, área de Preservação Permanente (APP) é área protegida, coberta ou não por 
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade 
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-
estar das populações humanas. 
Basicamente, APP é área de proteção ambiental, pois visa garantir bens essenciais ambientais. 
b) Rol exemplificativo de áreas de proteção permanente 
O Código Florestal, em seu art. 4º, traz um rol exemplificativo

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