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Farmacologia Aplicada 
à Farmácia
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª M.ª Queli Defaveri Varela Cabanellos
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Farmacologia do Sistema Nervoso Central
Farmacologia do Sistema 
Nervoso Central
 
• Apresentar a fisiologia e a bioquímica dos principais neurotransmissores que modulam 
diversas funções vitais do sistema nervoso central;
• Apresentar as principais classes farmacológicas dos fármacos que atuam no sistema 
nervoso central.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Neurotransmissão Gabaérgica e Glutamatérgica;
• Classes e Agentes Farmacológicos que 
Afetam a Neurotransmissão Gabaérgica;
• Fisiologia da Neurotransmissão Glutamatérgica;
• Fisiopatologia e Farmacologia da Neurotransmissão Glutamatérgica;
• Classes e Agentes Farmacológicos Precursores da Dopamina;
• Classes e Agentes Farmacológicos Agentes Antipsicóticos Típicos e Atípicos;
• Classes e Agentes Farmacológicos;
• Fisiopatologia das Convulsões.
UNIDADE Farmacologia do Sistema Nervoso Central
Neurotransmissão Gabaérgica 
e Glutamatérgica
Fisiologia da Neurotransmissão Gabaérgica; Metabolismo do 
GABA; Receptores da GABA, Receptores Ionotrópicos de GABA: 
GABAA e GABAC; Receptores Metabotrópicos de GABA - GABAB
A forma como o nosso cérebro desempenha funções acerca do raciocínio, memória, 
sentimentos, reações, criatividade, cognição ainda instiga estudiosos do mundo todo. 
Compreender o funcionamento desse complexo sistema é um desafio intrigante, prin-
cipalmente quando estamos diante de patologias cujos tratamentos ainda permanecem 
incertos e obscuros. Assim, o papel da farmacologia nesses casos vai muito além da 
terapia medicamentosa. Restabelecer o funcionamento das atividades desses sistemas 
no paciente garante a ele um retorno ao convívio social, desempenho de atividades pro-
dutivas e uma significativa melhora na qualidade de vida. Quando estudamos as sinapses 
nervosas, a produção, o armazenamento e a liberação dos neurotransmissores, bem 
como a sua concentração, inativação e recaptação, entendemos que esses são processos 
bioquímicos que se relacionam à Farmacologia, à Fisiologia e à Patologia. Os aminoáci-
dos desempenham um importante papel no nosso organismo. Além da síntese proteica, 
o metabolismo de aminoácidos está intrinsecamente relacionado a muitos neurotrans-
missores. O glutamato é fonte de grupos aminos para a maior parte dos aminoácidos. 
A partir da descarboxilação do glutamato, tem-se o ácido ϒ-aminobutírico (GABA). Essas 
reações são apresentadas na Figura a seguir.
Figura 1 – Biossíntese de alguns neurotransmissores a partir de aminoácidos
Fonte: NELSON; DAVID L, 2019, p. 888
8
9
Alguns aminoácidos estão presentes no SNC em concentrações relativamente altas. 
Tanto o GABA quanto o glutamato podem alterar a descarga de neurônios. Após inú-
meros estudos por meio do uso inclusive de antagonistas seletivos de aminoácidos, 
constatou-se que os aminoácidos GABA, Glicina e glutamato são transmissores do SNC.
O glutamato e o aspartato são encontrados em concentrações muito altas no cérebro 
e exercem efeitos potentes excitatórios nos neurônios de praticamente todas as regiões 
do SNC. Atualmente, admite-se que o glutamato e, possivelmente, o aspartato sejam os 
principais transmissores excitatórios rápidos em todo o SNC.
Os receptores do glutamato classificam-se funcionalmente como canais iônicos con-
trolados por ligantes receptores ionotrópicos, ou GPCR, metabotrópicos. Os canais iô-
nicos controlados por ligantes podem ainda ser classificados em receptores do N-metil-
-D-aspartato (NMDA) e receptores não NMDA. A ativação dos receptores NDMA é 
fundamental para a indução de um tipo de potencialização a longo prazo, que ocorre no 
hipocampo. Em geral, os receptores NDMA são bloqueados por Mg+2 nos potenciais de 
membrana de repouso. Assim, a ativação do receptor também depende da despolariza-
ção simultânea da membrana pós-sináptica.
Altas concentrações de glutamato levam à morte das células neuroniais por meca-
nismos que ainda estão sendo esclarecidos. Os receptores do glutamato tornaram-se 
alvos importantes de inúmeras estratégias terapêuticas, tendo sua possível participação 
apontada por pesquisadores em doenças neurodegenerativas crônicas e esquizofrenia.
Verifique esse artigo da Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria sobre “Mecanismo de 
Ação do Glutamato no Sistema Nervoso Central e a Relação com Doenças Neurodegenerati-
vas” pelo link. Disponível em: https://bit.ly/3BZMh2r
Estudos indicam que o GABA, outro aminoácido que atua como neurotransmissor, 
age em ações inibitórias dos interneurônios cerebrais e pode mediar a inibição pré-
-sinaptica na medula espinal. O GABA é formado a partir do glutamato pela ação da 
descarboxilase do ácido glutâmico. Sua ação é finalizada principalmente por captura, 
pode ocorrer também reação de desaminação que é catalisada pela enzima GABA-
-transaminase. O GABA também atua na inibição no córtex cerebral e entre o núcleo 
caudado e a substância negra. O GABA é o principal transmissor inibidor no cérebro. 
Na medula espinhal e no tronco cerebral, a glicina também exerce um papel impor-
tante. O fato de antagonistas como a bicuculina induzirem convulsões e, além disso, a 
tiagabina, que inibe seu transporte, e a vigabatrina, que inibe seu metabolismo, serem 
utilizadas no controle da epilepsia ilustra a importância do papel inibitório contínuo do 
GABA no cérebro. Ainda estão em estudo os possíveis efeitos terapêuticos úteis com 
substâncias que reproduzem a ação do GABA, inibem sua receptação ativa ou alteram 
a quantidade de material metabolizado.
9
UNIDADE Farmacologia do Sistema Nervoso Central
Receptores do GABA
Os receptores do GABA foram divididos em A, B e C, ou seja, três tipos de recepto-
res principais.
As proteínas das subunidades do receptor GABAA são abundantes, este também é o 
sítio de ação de inúmeros fármacos neuroativos, como benzodiazepínicos, barbitúricos, 
etanol, esteroides anestésicos, anestésicos voláteis. O receptor GABAA deve ser pen-
tamérico ou tetramérico em sua estrutura com subunidades reunidas em volta de um 
poro central, típico de outros receptores inotrópicos. A estrutura principal apresenta 
três subunidades diferentes: α, β e ϒ, com provável proporção: 2α, 2β 1ϒ. Com o perfil 
esperado de um receptor GABA A, todas as três subunidades são necessárias à interação 
com os benzodiazepínicos.
Tabela 1 – Composição, Distribuição e Principais Funções dos Receptores GABAA
Composição 
da Subunidade Localização Função Comentários
α1β2γ2 Neurônios GABA disseminados Sedação, atividade anticonvulsivante
Adulto, sensível a BZ, reduzido em 
tolerância ao fármaco?
α2β3γ2 Cérebro anterior, medula espinal Ansiedade, relaxante muscular Elevação do axônio em algumas células, sensível a BZ
α2β1γ1 Glia Embrionário e adulto sensível a BZ
α3β3γ2 Córtex Atividade anticonvulsivante
α4β2γ2 Tálamo Insensível a agonista BZ
α4β2/3γ2 Giro dentado Elevado na abstinência de fármaco?
α4β2δ Tálamo Inibição tônica Extrassináptico, insensível a BZ em adultos
α4β2/3δ Giro dentado Extrassináptico, insensível a BZ
α5β3γ2 Hipocampo CA1 Inibição tônica
α6β2/3γ2 Gânglios sensoriais Insensível a agonista BZ
α6β2/3δ Células do grânulo cerebelar Inibição tônica Extrassináptico, insensível a BZ, adulto
γ3, θ, ε Poucas informações
BZ, benzodiazepínicos.
Fonte: Adaptada de BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, p. 378
O receptor GABAB ou metabotrópico interage com a Gi e inibe a adenililciclase, ativa 
os canais de potássio e reduz a condutância do íon cálcio. Como inibem a liberação do 
GABA, os neurônios pré-sinapticos GABAB atuam como autorreceptores, podem ainda 
desempenhar a mesma função nos neurônios que liberam outros transmissores. Os recep-
tores funcionais são heterodímeros formados por subunidades de GABABR1 e GABABR2.
Para saber mais, verifique a função da proteína G: Verifique esse artigo de revisão. 
Disponível em: https://bit.ly/3DYJw3z
10
11
Figura 2– Estrutura dimérica do receptor GABAB
Fonte: RANG et al. 2016, p. 1086
O GABAC tem um uma distribuição menos ampla do que os demais subtipos. Os recep-
tores GABAC são encontrados na retina, medula espinal, colículo superior e na hipófise.
A compreensão sobre a estrutura do GABA é um elemento chave no desenvolvi-
mento de fármacos mais seletivos e com menos efeitos colaterais. O GABA é um neu-
rotransmissor inibidor, indivíduos com baixa produção de GABA têm sido associados 
com crises epiléticas. Há evidências cada vez maiores de que substâncias com ações em 
diferentes subtipos de receptores diferem nas propriedades farmacológicas.
Classes e Agentes Farmacológicos que 
Afetam a Neurotransmissão Gabaérgica
Inibidores do Metabolismo do GABA, Agonistas e Antagonistas 
dos Receptores GABAA; Moduladores dos Receptores GABAA
O GABA ocorre no tecido cerebral, porém não em outros tecidos de mamíferos, ex-
ceto em quantidades muito pequenas. O seu metabolismo ocorre a partir do Glutamato 
pela ação da enzima descarboxilase do ácido glutâmico, enzima essa presente apenas 
nos neurônios com a capacidade de produzir GABA. Os neurônios GABAérgicos e 
os astrócitos capturam o GABA após a sua liberação por transportadores específicos. 
Guvacina, ácido nipecótico e tiagabina inibem o transporte de GABA. O GABA pode 
sofrer a ação da GABA-transaminase, essa enzima está localizada principalmente nos 
astrócitos e é inibida pela vigabatrina (fármaco utilizado no controle de epilepsia)
Pesquise e escreva um esquema que represente o metabolismo do GABA com as respectivas 
enzimas e produtos.
11
UNIDADE Farmacologia do Sistema Nervoso Central
Os benzodiazepínicos, os barbitúricos, o zolpidem, a zaleplona, a eszopiclona, dentre 
outros fármacos, ligam-se a componentes moleculares do receptor de GABAA, presente 
nas membranas neuronais do SNC. 
Os fármacos que atuam nos receptores GABAA podem agir em diferentes locais, 
como o canal iônico; o ponto de ligação do GABA; e ainda vários pontos moduladores.
Figura 3 – Principais locais de ação dos fármacos nos receptores NMDA e GABAA
Fonte: RANG et al. 2016, p. 1073
Um poderoso agonista do GABAA é o muscimol, um derivado de um cogumelo aluci-
nógeno que apresenta uma estrutura química semelhante ao GABA. O gaboxadol é um 
agonista parcial que foi desenvolvido como fármaco hipnótico, porém já foi retirado do 
mercado. Já a bicuculina é um antagonista específico, de origem natural que bloqueia o 
12
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potencial sináptico inibitório rápido na maioria das sinapses do SNC e trata-se de um com-
posto convulsivante. A gabazina é um composto sintético, análogo ao GABA. Essas subs-
tâncias não possuem aplicação terapêutica, sendo consideradas recursos experimentais.
Agonista 
O grupo dos benzodiazepínicos, que apresenta efeitos sedativos, ansiolíticos e an-
ticonvulsivantes potencializa seletivamente os efeitos do GABA em alguns receptores 
GABAA, dependendo da composição da subunidade do receptor. 
Se ligam com alta afinidade ao receptor benzodiazepínico no receptor GABAA de 
modo que a ligação ao GABA é facilitada e seu efeito agonista é estimulado.
Os benzodiazepínicos constituem um grupo de fármacos fantástico! Sua síntese e introdu-
ção no mercado revolucionou a terapia da ansiedade. No entanto, seu uso descontrolado 
tem levado a sérios comprometimentos na saúde. Verifique essa reportagem e conheça um 
pouco mais sobre essas substâncias. Disponível em: https://bit.ly/3yTDMEd
Já os agonistas inversos reduzem a ligação do GABA e são geradores de ansiedade e 
pró-convulsivantes, não tendo aplicação terapêutica.
Também possuem ação de forma a reforçar a ação do GABA outros depressores 
do SNC barbitúricos, agentes anestésicos e neuroesteroides. Neuroesteroides são com-
postos que se relacionam com os hormônios esteroides, porém atuam para reforçar a 
ativação de receptores GABA. Estão nesse grupo os metabólitos da progesterona e dos 
andrógenos formados no SNC. Os sintéticos incluem a alfaxalona, que foi desenvolvida 
como um agente anestésico.
Um produto fitoterápico, a picrotoxina, é um convulsivante que bloqueia o receptor 
GABAA do canal de cloro, bloqueando o efeito inibitório pós-sináptico do GABA, tam-
bém bloqueia os receptores de glicina e não possui ação terapêutica.
Como o GABA não atravessa a barreira hematoencefálica, análogos mais lipofílicos 
foram procurados, como o baclofeno. Ao contrário do GABA, as suas ações não são 
bloqueadas pela bicuculina. Esse comportamento levou ao reconhecimento do receptor 
GABAB, o receptor onde o baclofeno atua como agonista seletivo. A indicação terapêu-
tica do baclofeno consiste no tratamento de espasticidade e alterações motoras relacio-
nadas, bem como no tratamento da dependência de drogas.
Os receptores GABAB são receptores heterodiméricos acoplados à proteína G. Cau-
sam inibição pré e pós-sináptica inibindo a abertura do canal de cálcio e aumentando 
a condutância do K+. Os antagonistas competitivos do GABAB incluem inúmeros com-
postos experimentais. Experimentos mostraram que eles possuem apenas efeitos leves 
na função do SNC (Antagonistas GABAA possuem fortes efeitos convulsivantes). Essas 
avaliações não resultaram em nenhum produto de ação farmacológica.
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UNIDADE Farmacologia do Sistema Nervoso Central
Fisiologia da Neurotransmissão 
Glutamatérgica
Metabolismo do Glutamato, Receptores do Glutamato, 
Receptores Ionotrópicos de Glutamato, Receptores 
Metabotrópicos do Glutamato
O glutamato está distribuído de forma ampla e uniforme no SNC, tendo no SNC uma 
concentração mais elevada do que em outros sítios. Apresenta uma importante função 
no metabolismo. As enzimas transaminases catalisam a interconversão de glutamato em 
α-oxoglutarato. 
O metabolismo do glutamato no SNC deriva principalmente da glicose por intermedi-
ários do Ciclo de Krebs ou da glutamina, que é sintetizada pelas células gliais e captada 
pelos neurônios.
Este é um momento para rever o Ciclo de Krebs! E a importante integração metabólica!
A ligação entre as vias para a síntese de aminoácidos excitatórios e inibitórios (GABA 
e glicina) dificulta a aplicação de manipulações experimentais na síntese do transmissor, 
pois alterações poderão afetar tanto mediadores excitatórios como inibitórios.
O glutamato é armazenado em vesículas sinápticas e liberado por exocitose depen-
dente de Ca+2, a captação e o acúmulo em vesículas sinápticas são realizados por prote-
ínas transportadoras específicas.
O glutamato liberado é encaminhado para os terminais nervosos e para os astrócitos 
vizinhos por transportadores dependentes de Na+/ H+/ K+ e transportado para as ve-
sículas sinápticas por um transportador diferente conduzido pelo gradiente de prótons 
através da membrana. O transporte de glutamato pode atuar em reverso e consistir em 
fonte de liberação de glutamato. Situação observada em isquemia cerebral, por exemplo.
O glutamato captado pelos astrócitos é convertido em glutamina e reciclado a par-
tir de transportadores de volta aos neurônios, que convertem a glutamina de volta em 
glutamato. A glutamina escapa dos astrócitos por intermédio de um transportador e os 
neurônios a captam e sintetizam o glutamato.
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Figura 4 – Metabolismo dos aminoácidos transmissores no cérebro
Fonte: RANG et al. 2016, p. 1066
Figura 5 – Transporte de glutamato (Glu) e glutamina (Gln) pelos neurônios e pelos astrócitos
Fonte: RANG et al. 2016, p. 1067
São conhecidos poucos fármacos e nenhum com uso clínico que interfira especifica-
mente no metabolismo do glutamato.
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UNIDADE Farmacologia do Sistema Nervoso Central
Receptores de glutamato 
O glutamato e os aminoácidos relacionados ativam tanto os receptores ionotrópicos 
quanto os metabotrópicos.
Para lembrar: qual a diferença entre receptor ionotrópico e metabotrópico?
Receptores de glutamato ionotrópicos
Consistem em três tipos os receptores ionotrópicos do glutamato, determinados em 
função dos seus agonistas específicos: NMDA, AMPA e cainato.
Esses canaisdependentes de ligantes podem ser homoméricos ou heteroméricos, 
compostos de quatro unidades, cada uma com uma estrutura de alça com poro. Existem 
ainda cerca de dezesseis subunidades de receptores diferentes.
Os receptores NMDA são montados com sete tipos de subunidades (GluN1, GluN2A, 
GluN2B, GluN2C, GluN2D, GluN3A, GluN3B). As subunidades que compreendem o 
receptor AMPA (GluA1-4) e cainato (GluK1-5). Os receptores que possuem diferentes 
subunidades possuem características fisiológicas e farmacológicas distintas. 
Os receptores AMPA e os receptores cainato, estes em algumas regiões, servem para 
mediar a transmissão excitatória rápida no SNC. Já os receptores NMDA, que coexis-
tem frequentemente com os receptores AMPA, contribuem com um componente lento 
no potencial sináptico excitatório, a sua magnitude varia conforme a via. Os receptores 
de cainato e NMDA também são expressos nas terminações nervosas, onde podem 
estimular ou reduzir a liberação do neurotransmissor. 
Os receptores AMPA ocorrem tanto nos astrócitos quanto nos neurônios e essas 
células desempenham importante papel na comunicação do cérebro.
Os receptores de glutamato são mais abundantes no córtex, nos núcleos da base e 
vias sensitivas. Receptores NMDA e AMPA estão geralmente co-localizados, já os recep-
tores de cainato possuem localização muito mais restrita.
Receptores NMDA
São altamente permeáveis ao Ca+2 e outros cátions (ativação é particularmente efe-
tiva na promoção da entrada de Ca+2. Bloqueados por Mg+2 dependendo da voltagem. 
Existem em concentrações fisiológicas de Mg+2, quando a célula está polarizada, mas 
desaparecem se a célula for despolarizada.
A ativação dos receptores exige glicina e glutamato; os antagonistas competitivos no 
ponto da glicina inibem indiretamente a ação do glutamato. A D-serina ativa o receptor 
NMDA via ponto da glicina, sendo liberada pelos astrócitos.
A abertura do canal pode ser mediada por algumas poliaminas endógenas (espermina, 
espermidina). Essa ação é bloqueada por ifenprodil e eliprodil (fármacos experimentais).
Quetamina e fenciclidina, bem como alguns outros anestésicos psicotomiméticos, 
são agentes bloqueadores seletivos dos canais dos receptores NMDA.
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Receptores Metabotrópicos do Gutamato
São oito os receptores metabotrópicos do glutamato mGlu1-8. Encontram-se am-
plamente distribuídos ao longo do SNC, nos neurônios onde regulam a excitabilidade 
celular e a transmissão sináptica e na glia. O grupo neuronal 1 é claramente excitatório e 
localizado pós-sinapticamente, ao elevar o Ca+2 intracelular, eles modificam as respostas 
pelos receptores ionotrópicos de glutamato. Já os receptores do grupo 2 e 3 são pre-
dominantemente pré-sinapticos e sua ativação tende a reduzir a transmissão sináptica 
e a excitabilidade neuronal. Podem atuar como autorreceptores envolvidos na redução 
da liberação de glutamato ou hetererreceptores, quando presentes nos terminais que 
contém GABA, por exemplo.
Para saber mais e complementar seus conhecimentos pesquise sobre a plasticidade sinápti-
ca e potencialização de longo prazo, você vai gostar!
Fisiopatologia e Farmacologia da 
Neurotransmissão Glutamatérgica
Doença de Alzheimer
A Doença de Alzheimer é uma demência que não apresenta causa antecedente, sua 
incidência aumenta conforme o aumento da idade, cerca de 5% com 65 anos para 90% 
com idade de 95 anos ou mais. Estudos tem revelado mecanismos genéticos e molecula-
res que aumentam as esperanças de tratamentos mais eficazes. A Doença de Alzheimer 
está associada ao encolhimento do cérebro e perda neuronal localizada principalmente 
no hipocampo e parte basal do prosencéfalo. As intervenções terapêuticas na Doença 
de Alzheimer são apenas paliativas e oferecem modestos benefícios de curta duração. 
A demência do tipo Alzheimer apresenta aspectos distintos: acúmulo de placas senis 
(acúmulo β-amiloide), formação de numerosos entrelaçados neurofibrilares e perda de 
neurônios corticais, particularmente colinérgicos na parte basal do presencéfalo. As 
placas amiloides consistem em agregados de fragmentos Aβ do precursor da proteína 
amiloide (PPA), uma proteína normal da membrana neuronal produzida pela ação das 
βe ϒ-secretases. A doença de Alzheimer familial (rara) resulta de mutações no gene PPA 
ou nos genes do pré-senilina. Mutações na ApoE4 aumentam o risco do desenvolvimen-
to da doença. 
Vamos falar de genética: se você tivesse antecedentes em sua família com essa patologia, 
seria interessante realizar a pesquisa desses marcadores? 
17
UNIDADE Farmacologia do Sistema Nervoso Central
Os agregados neurofibrilares compreendem agregados intracelulares de uma forma 
altamente fosforilada de uma proteína neuronal normal (Tau). Assim, a Tau hiperfosfori-
lada e a Aβ atuam para causar a neurodegeneração.
Acredita-se que a perda de neurônios colinérgicos seja a resposta para as deficiências 
de aprendizado e memória apresentadas.
Os atuais tratamentos objetivam melhorar a transmissão colinérgica no SNC ou evi-
tar as ações da superestimulação dos receptores NMDA glutamato em certas áreas do 
cérebro. Neste tópico, abordaremos o antagonismo dos receptores NMDA.
A estimulação de receptores de glutamato no SNC tem apresentado um relevante papel 
para a formação de certas memórias, entretanto a superestimulação dos receptores de 
glutamato, especialmente os NMDA, parece ser um dos mecanismos de processos neu-
rodegenerativos ou apoptóticos. Quando ligado ao receptor NMDA, o glutamato provoca 
a abertura de canal iônico associado, o que permite a entrada de Na+ e Ca+2. O excesso 
de Ca+2 intracelular ativa inúmeros processos que podem resultar em lesão nos neurônios 
e apoptose. Assim, os antagonistas dos receptores NMDA-glutamato são frequentemente 
neuroprotetores, evitando a perda de neurônios após lesões como as isquêmicas. 
A memantina é um fármaco aprovado para o tratamento da doença de Alzheimer. 
É um antagonista oralmente ativo dos receptores de NMDA. Inicialmente, foi apresen-
tado como um fármaco antiviral e representado como um inibidor da excitotoxicidade, 
atua bloqueando fisicamente o canal iônico associado ao receptor NMDA. No entanto, 
quando usadas as dosagens terapêuticas, somente uma fração desses receptores são efe-
tivamente bloqueados, essa ação permite limitar o influxo de Ca+2 nos neurônios, como 
consequência, não são atingidos os níveis intracelulares tóxicos e permite-se a entrada 
de Ca+2 suficiente para preservar os processos vitais que dependem do influxo de Ca+2 
(diferente do que ocorre com a feciclidina, que ocupa e bloqueia praticamente todos 
estes canais). Apresenta uma meia-vida plasmática longa. O fármaco é geralmente bem 
tolerado, com poucos efeitos adversos e doses dependentes. Os efeitos adversos espe-
rados podem acabar se confundindo com os efeitos da própria doença como confusão, 
agitação e intranquilidade, além de dores de cabeça, tontura e sonolência, constipação, 
falta de ar e hipertensão.
Vamos conhecer mais sobre esse fármaco? Pesquise a sua bula, e as apresentações 
farmacêuticas.
Na prática, tem-se observado que a memantina diminui a velocidade da perda de 
memória em pacientes com perdas cognitivas moderadas a graves, mas não existem 
evidências de que ela seja capaz de impedir ou retardar a neurodegeneração em pacien-
tes com a doença de Alzheimer ou que seu tratamento seja mais eficaz do que com os 
inibidores de Acetilcolinesterase.
Como podemos inibir a neurodegeneração? Quais são os apontamentos das atuais pesquisas?
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19
Classes e Agentes Farmacológicos 
Precursores da Dopamina
Agonistas dos Receptores de Dopamina: Inibidores do 
Metabolismo da Dopamina, Farmacologia não-dopaminérgica 
A dopamina está envolvida em inúmeras alterações comuns da função cerebral como 
a Doença de Parkinson, a esquizofrenia, distúrbio do déficit de atenção, dependência de 
fármacos e alterações endócrinas.
A distribuição da dopamina é mais restrita que a da norepinefrina. A sua síntese 
segue a mesma rotaque a da norepinefrina, a conversão de tirosina para DOPA (passo 
limitador da velocidade da reação), seguida de descarboxilação para formar dopamina. 
Os neurônios dopaminérgicos não possuem dopamina β-hidroxilase e assim não conver-
tem dopamina em norepinefrina.
Figura 6 – Síntese de dopamina a partir do levodopa na ausência e na presença de carbidopa, 
um inibidor da dopamina-descarboxilase nos tecidos periféricos
Fonte: WHALEN et. al. 2016, p. 111
Precursor de Dopamina
Levodopa: é um precursor metabólico da dopamina. Restabelece a neurotransmis-
são dopaminérgica no corpo estriado aumentando a síntese de dopamina nos neurônios 
ainda ativos da substância nigra. A levodopa faz parte do tratamento de primeira linha 
para a doença de Parkinson e é combinada com um inibidor da dopa-descarboxilase, 
ou carbidopa ou benserazida, que reduz a dose necessária em até dez vezes e diminui o 
aparecimento de efeitos secundários periféricos. É bem absorvida no intestino delgado, 
depende de transporte ativo, embora grande parte acabe sendo inativada pela MAO 
(monoamina oxidase) do intestino. A meia-vida plasmática é curta, cerca de 2 horas. 
Foram desenvolvidos compostos orais e subcutâneos de liberação lenta. 
19
UNIDADE Farmacologia do Sistema Nervoso Central
Nos pacientes com a doença inicial, o número de neurônios dopaminérgicos residu-
ais, cerca de 20%, é adequado para a conversão de levodopa em dopamina. No entanto, 
com a progressão da doença, o número de neurônios diminui e a captação e conversão 
de levodopa em dopamina passa a ser insuficiente, resultando em flutuações no controle 
motor. O alívio do tratamento é sintomático e corresponde somente ao tempo em que o 
fármaco se encontra no organismo.
Mecanismo de ação da levodopa: como a doença de Parkinson resulta da falta de 
dopamina em regiões específicas do cérebro e a própria dopamina não atravessa a 
barreira hematoencefálica, seu precursor, a levodopa, é transportado ativamente para 
o SNC e transformado em dopamina no cérebro. Como ocorre grande descarboxilação 
da levodopa na periferia à dopamina, tem-se os efeitos colaterais que incluem náusea, 
êmese, arritmias cardíacas e hipotensão.
O efeito da levodopa, precursor de dopamina, é potencializado pela coadministração 
com carbidopa. A carbidopa é um inibidor da enzima dopa-descarboxilase que não atra-
vessa a barreira hematoencefálica. Ela diminui a conversão da levodopa em dopamina 
no TGI (trato gastrointestinal) e tecidos periféricos. Dessa forma, mais levodopa fica 
disponível para atravessar a barreira hematoencefálica e poder ser convertida em dopa-
mina. Essa associação diminui a dose de levodopa administrada em quatro a cinco vezes 
e diminui os efeitos colaterais da dopamina periférica.
A levodopa reduz a rigidez, tremores e outros sintomas da doença de Parkinson. A 
associação da levodopa com carbidopa reduz substancialmente a gravidade da doença 
nos primeiros anos, no entanto os pacientes tendem a diminuir a resposta entre o ter-
ceiro e o quinto ano de tratamento.
A ingestão de refeições, em particular as ricas em proteínas, interfere no transporte 
da levodopa ao SNC. Aminoácidos como a leucina, isoleucina, por exemplo, competem 
com a levodopa para a absorção intestinal e transporte da barreira hematoencefálica. 
Assim, o fármaco deve ser consumido em jejum, geralmente 45 minutos antes das refei-
ções. A sua retirada deve ser gradual.
A urina e a saliva do paciente podem vir a apresentar uma coloração marrom devido 
à produção de melanina produzida pela oxidação da catecolamina. Podem ser observa-
das alucinações, depressão, alteração de humor e ansiedade.
Interações importantes: A vitamina B6 (piridoxina) aumenta sua hidrólise periférica 
e diminui a sua eficácia, administração concomitante com inibidores da MAO, como a 
fenelzina, podem causar uma crise hipertensiva pelo aumento de catecolaminas. Nos 
pacientes com glaucoma, podem causar aumento da pressão intraocular, enquanto nos 
pacientes cardíacos podem levar à arritmias.
Inibidores da Monoamina oxidase
Já foram encontrados dois tipos de monoamina oxidases no sistema nervoso. A monoa-
mina oxidase A, que metaboliza norepinefrina, serotonina e dopamina, e a monoamina 
oxidase B, que metaboliza seletivamente a dopamina.
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Selegilina e rasagilina
A selegilina é um inibidor seletivo irreversível da monoamina oxidase B. Em baixas 
dosagens, inibe a MAO tipo B (que metaboliza a dopamina), mas não a MAO tipo A (que 
metaboliza norepinefrina e serotonina), quando utilizadas as dosagens recomendadas, 
assim a inibição do metabolismo da dopamina aumenta a sua concentração no cérebro. 
Ela tem baixo potencial de causar crises hipertensivas, no entanto, em doses elevadas, 
ela perde a seletividade. A selegilina é biotransformada em metanfetamina e anfetami-
na, seus efeitos estimulantes podem resultar em insônia, conforme o horário de admi-
nistração. A rasagilina é um inibidor seletivo e irreversível da MAO tipo B cerebral e tem 
cinco vezes a potência da selegilina, além disso, não é biotransformada em substâncias 
anfetaminas. Devem ser verificadas as possíveis interações medicamentosas. 
É fundamental que o farmacêutico conheça melhor as interações medicamentosas e 
as interações fármaco-alimento envolvendo IMAOS, pesquise mais sobre este tema 
e descubra qual a razão do receio na prescrição de IMAOS.
A administração combinada de levodopa e um inibidor de ambas as formas de MAO 
deve ser evitada pois pode levar à crise hipertensiva, em virtude do acúmulo periférico 
de norepinefrina.
Inibidores da catecol-O-metiltransferase
Quando ocorre a inibição da dopa descarboxilase, ocorre uma ativação compensató-
ria de outras vias do metabolismo da levodopa, em especial a catecol-O-metiltransferase 
(COMT). A metilação de levodopa pela catecol-O-metiltransferase (COMT) resulta em 
3-O-metildopa, geralmente é uma via de menor transformação, no entanto, quando 
ocorre a inibição da dopa-descarboxilase, por exemplo pelo uso da carbidopa, ocor-
re uma produção significativa de 3-O-metildopa, que compete com a levodopa pelo 
transporte ativo no SNC. A inibição da COMT pela entacapona ou tolcapona reduz a 
concentração plasmática de 3-O-metildopa, aumentando a concentração cerebral de 
dopamina. Entacapona e tolcapona inibem a COMT de modo seletivo e reversível. A 
tolcapona penetra a barreira hematoencefálica e inibe a COMT no SNC.
Está disponível uma preparação farmacêutica com levodopa, carbidopa e entacapo-
na, as vantagens do seu uso ainda estão sendo avaliadas.
Figura 7 – Efeito do entacapona na concentração de dopa no SNC
Fonte: WHALEN et al. 2016, p. 113
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UNIDADE Farmacologia do Sistema Nervoso Central
Agonistas dos Receptores Dopaminérgicos
Esses fármacos atuam diretamente sobre os receptores de dopamina, não possuem 
metabólitos tóxicos e não competem com outras substâncias para o transporte ativo no 
sangue através da barreira hematoencefálica. Diversos agonistas da dopamina podem 
ser utilizados no tratamento do Parkinson. Os exemplos mais antigos derivam da ergo-
lina (bromocriptina e pergolida) e raramente são utilizados no tratamento do Parkinson. 
Os mais atuais possuem menos efeitos adversos (pramipexol e ropinirol). A apomorfina 
também é um potente agonista da dopamina.
Nos tratamentos, em geral, a resposta a um agonista da dopamina em pacientes que 
nunca receberam levodopa costuma ser em geral decepcionante.
• Bromocriptina: é um D-2 agonista já foi muito utilizado no tratamento da doença 
de Parkinson, no entanto foi superado por agonistas mais recentes da dopamina, 
devido a seus efeitos adversos;
• Pergolida: estimula os receptores D1 e D2. Já foi muito utilizado no tratamento da 
Doença de Parkinson, mas, nos EUA, não está mais disponível devido à associação 
ao desenvolvimento de doença cardíaca valvar;
• Pramipexol: possui afinidade preferencial pelos receptores D3, é efetivo no trata-
mento de doença de Parkinson leve e avançada, possibilita redução das dosesde 
levodopa. Foi sugerido um possível efeito protetor pela eliminação de peróxido de 
hidrogênio e aumento da atividade neurotrófica em culturas celulares. Está disponí-
vel no mercado em preparações de liberação prolongada, sendo uma boa alternativa 
para evitar flutuações nos níveis sanguíneos do fármaco ao longo do dia.
Ropinirol
Agonista do receptor D2, relativamente puro, efetivo como monoterapia em pacien-
tes com doença leve e em conjunto com a levodopa. É metabolizado pela CYP1A2, 
deve-se atentar para interações metabólicas. Está disponível em formas de liberação 
prolongada, garantida apenas uma administração ao dia.
Rotigotina
É um agonista da dopamina administrado diariamente por meio de um adesivo trans-
dérmico para tratamento do Parkinson no seu estágio inicial. Essa forma proporciona 
uma estimulação dopaminérgica mais contínua do que a medicação oral no início do 
tratamento. No entanto, podem ocorrer reações locais graves. Seu uso foi interrompido 
nos EUA pela formação de cristais nos adesivos, mas permanece na Europa.
De forma geral, os efeitos colaterais dos agonistas de dopamina incluem: efeitos gas-
trintestinais (anorexia, náusea, vômito, constipação, sangramento de úlcera péptica), efei-
tos cardiovasculares (hipotensão postural, arritmias, edema periférico), discinesias, trans-
tornos mentais, bem como alguns relacionados 
aos derivados da ergolina (esporão do centeio), 
cefaleia, congestão nasal, infiltrados pulmonares, 
fibrose pleural e retroperitonial, eritromelalgia.
Pesquise o que é eritromelalgia.
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São contraindicados para pacientes com história de doença psicótica, infarto do mio-
cárdio recente ou com ulceração péptica ativa.
Apomorfina
É um potente agonista da dopamina e mostra-se efetiva no resgate de períodos de 
acinesia em pacientes em tratamento com terapia dopaminérgica otimizada. Seu uso 
torna-se restrito devido às complicações e potenciais interações.
Amantadina
Sua descoberta deu-se ao acaso. Trata-se de um agente antiviral com ação antipa-
rkinsoniana. Seu modo de ação ainda carece de compreensão, no entanto, a amanta-
dina influencia a síntese, a liberação ou a receptação de dopamina. Verificou-se que ela 
antagoniza os efeitos da adenosina nos receptores de adenosina A2A, passíveis de inibir 
a função dos receptores D2, assim como foi constatada também a liberação de cateco-
laminas a partir de suas reservas periféricas.
Trata-se de uma substância menos potente do que a levodopa, com benefícios de 
curta duração. Pode influenciar favoravelmente a bradicinesia, a rigidez e o tremor 
do parkinsonismo. 
A amantadina exerce vários efeitos indesejáveis no Sistema nervoso central, todos 
os quais podem ser revertidos com a interrupção do fármaco. Deve ser utilizada com 
cautela em pacientes com história de convulsões ou insuficiência cardíaca.
Para saber mais, consulte a bula desse medicamento!
Classes e Agentes Farmacológicos Agentes 
Antipsicóticos Típicos e Atípicos
Os agentes antipsicóticos possuem a capacidade de reduzir os sintomas psicóticos 
e uma ampla gama de condições, inclusive esquizofrenia, transtorno bipolar, depres-
são psicótica, psicoses senis, psicoses orgânicas e psicoses induzidas por substâncias. 
Também possuem outras ações, como melhora do humor, diminuição de ansiedade e 
transtornos do sono. 
Ficou curioso? Quer conhecer melhor a esquizofrenia? Verifique esse artigo. 
Disponível em: https://bit.ly/2VtDVRa
Os fármacos associados às propriedades antipsicóticas podem ser classificados de 
várias formas. Os antipsicóticos atípicos são hoje os mais utilizados.
23
UNIDADE Farmacologia do Sistema Nervoso Central
Antipsicóticos Típicos e Atípicos
Antipsicóticos típicos são inibidores competitivos em vários receptores, mas seus 
efeitos antipsicóticos refletem o bloqueio competitivo dos receptores de dopamina. Já 
os antipsicóticos atípicos apresentam menos efeitos adversos extrapiramidais e parecem 
dever sua ação ao bloqueio dos receptores de dopamina e serotonina, e talvez outros. 
O tratamento atual geralmente consiste no emprego de fármacos atípicos para minimi-
zar o risco de distúrbios debilitantes do movimento devido ao bloqueio dos receptores 
D2 de dopamina. Os antipsicóticos não curam a doença, diminuem a intensidade de 
alucinações e ilusões.
Quadro 1 – Resumo dos fármacos antipsicóticos
Antipsicóticos de 
primeira geração
(baixa potência)
• Clorpromazina;
• Proclorperazina;
• Tioridazina.
Antipsicóticos de 
primeira geração
(alta potência)
• Flufenazina;
• Haloperidol;
• Pimozida;
• Tiotixeno.
Antipsicóticos de 
segunda geração
• Aripiprazol;
• Asenapina;
• Clozapina;
• lloperidona; 
• Lurasidona;
• Olanzapina;
• Quetiapina; 
• Paliperidona; 
• Risperidona;
• Ziprasidona.
Fonte: Adaptado de CLARK et al. 2013, p. 161
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Figura 8 – Ações bloqueadoras da dopamina dos fármacos neurolépticos
Fonte: CLARK et al. 2013, p. 162
Mecanismo de Ação
Todos os antipsicóticos típicos e a maioria dos atípicos bloqueiam receptores de do-
pamina no cérebro e na periferia. Cinco receptores de dopamina foram identificados: 
D1 e D5 ativam adenililciclase em geral, excitam os neurônios, enquanto D2, D3 e D4 
inibem a abertura de canais de K+, causando hiperpolarização neuronal. Os antipsicó-
ticos ligam-se a esses receptores em graus variados, no entanto, a eficácia clínica de 
antipsicóticos típicos baseia-se no bloqueio de receptores D2 no sistema mesolímbico 
do cérebro. As ações dos fármacos antipsicóticos são antagonizadas por fármacos nos 
quais a concentração de dopamina na sinapse mimetiza a ação da dopamina nos locais 
de ligação pós-sinápticos.
A maioria dos antipsicóticos atípicos parece exercer parte de sua ação singular pela 
inibição de receptores 5-HT, em particular 5-HT2A.
A maioria dos antipsicóticos tem afinidades pelos receptores dopaminérgicos D2 
proporcionais à potência clínica. A clozapina se diferencia dos antipsicóticos típicos por 
apresentar afinidade semelhante pelos receptores dopaminérgicos D1 e D2.
As ações antipsicóticas parecem dever-se ao bloqueio de receptores de dopamina 
e/ou serotonina, no entanto, vários fármacos bloqueiam inúmeros outros receptores 
de histamina, colinérgicos, adrenérgicos, embora não se tenha conhecimento sobre as 
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UNIDADE Farmacologia do Sistema Nervoso Central
ações antipsicóticas resultantes desses bloqueios, já a maioria dos efeitos adversos são 
resultados da ação do bloqueio desses outros receptores.
Os efeitos extrapiramidais, distonia, sintomas tipo Parkinson, acatisia, discinesia tar-
dia ocorrem com tratamento crônico. O bloqueio dos receptores de dopamina da via 
nigroestriatal provavelmente causa esses movimentos indesejados. Os antipsicóticos atí-
picos apresentam esses efeitos com menor frequência.
Efeito antiemético deve-se ao bloqueio dos receptores D2 –dopaminérgicos da zona 
quimiorreceptora disparadora bulbar. Aripiprazol e tioridazina não apresentam esse efeito.
Alguns antipsicóticos podem apresentar efeitos anticolinérgicos, como visão borrada, 
confusão, xerostomia (a clozapina aumenta a salivação), retenção urinária e constipação. 
Outros efeitos incluem ainda hipotensão ortostática poiquilotermia, sedação, aumento 
da liberação de prolactina. É importante observar também reações alérgicas, reações 
tóxicas (agranulocitose com a clozapina), complicações oculares (clorpromazina e tiori-
dazina), toxicidade cardíaca.
Os antipsicóticos são utilizados no tratamento da esquizofrenia, prevenção de náusea 
e êmese graves, tranquilizantes, tratamento do soluço intratável (clorpromazina), tiques 
fônicos e motores da doença de Tourette, irritabilidade do autismo (risperidona).
Verifique os inúmeros filmes que abordam o tema da esquizofrenia, uma boa dica é “Uma 
mente brilhante”. Disponível em: https://youtu.be/q8vUMD1f0ss
Síndrome Neuroléptica Maligna
Consiste num transtorno potencialmente fatal em pacientes extremamente sensíveis 
aos efeitos extrapiramidais dos antipsicóticos. Apresenta como sintomasiniciais rigi-
dez muscular, febre, leucocitose, instabilidade autônoma, alteração da pressão arterial e 
frequência do pulso. Níveis de creatinocinase muscular geralmente elevados indicam a 
lesão muscular. Acredita-se que a causa da síndrome seja um bloqueio excessivamente 
rápido dos receptores pós-sinápticos de dopamina, que tem como consequência uma 
forma grave de síndrome extrapiramidal. Relaxantes musculares como o diazepam po-
dem ser úteis. Indica-se a troca por um fármaco atípico após a recuperação.
As pesquisas atuais estão voltadas ao desenvolvimento de compostos antipsicóticos 
atípicos mais seletivos quanto ao sistema mesolímbico (redução dos efeitos sobre o sis-
tema extrapiramidal) ou com efeito sobre receptores dos neurotransmissores centrais. 
A toxicidade extrapiramidal parece estar associada a uma alta potência D2.
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Classes e Agentes Farmacológicos
Inibidores do Armazenamento da Serotonina; Inibidores 
da Degradação da Serotonina Inibidores da Recaptação; 
Antidepressivos Tricíclicos (ATC); Inibidores Seletivos da 
Recaptação de Serotonina (ISRS); Inibidores da Recaptação de 
Serotonina –Noradrenalina (IRSN); Antidepressivos Atípicos; 
Agonistas dos Receptores de Serotonina; Antagonistas dos 
Receptores de Serotonina; Estabilizadores do Humor – Lítio 
A depressão é um distúrbio psiquiátrico que afeta inúmeras pessoas no mundo todo. 
Ainda se encontra cercada de incertezas e preconceitos, o tratamento da depressão 
pode compreender inúmeras estratégias além da terapia medicamentosa. O insucesso 
do tratamento pode muitas vezes levar ao suicídio. Assim, pacientes em tratamento de-
vem ter uma atenção especial, visto que o tratamento farmacológico pode levar algumas 
semanas para atingir a resposta máxima. 
Antidepressivos Tricíclicos (ATC)
Os antidepressivos tricíclicos foram inicialmente propostos com função anti-hista-
mínica, sedativa, analgésica e fármacos antiparkinsonianos. Devido ao potencial para 
provocar efeitos colaterais graves, seu uso acabou ficando mais restrito ao tratamento 
da depressão maior. Também são empregados em alguns tratamentos de insônia e 
condições dolorosas. Seu mecanismo de ação deve-se ao antagonismo da serotonina 
e transportadores de serotonina e norepinefrina. Em concentrações terapêuticas, eles 
não bloqueiam os transportadores de dopamina. Como bloqueiam a principal via de 
remoção de neurotransmissor, eles causam um aumento na concentração de monoa-
minas, resultando no efeito antidepressivo. São exemplos aminas terciárias imipramina 
(protótipo), clomipramina, amitriptilina, doxepina, timipramina e as aminas secundárias: 
nortriptilina e desipramina. 
• Aplicação terapêutica: depressão moderada a grave, distúrbio do pânico, enurese 
noturna (imipramina), enxaqueca e síndrome de dor crônica (amitriptilina).
Também bloqueiam os receptores serotoninérgicos, histamínico, muscarínica e 
α-adrenérgico. Desconhece-se se essas ações teriam algum papel no efeito tera-
pêutico, no entanto, sabe-se que provavelmente esses bloqueios são responsáveis 
por muitas ações indesejadas;
• Os efeitos adversos mais comuns: xerostomia, constipação, retenção urinária, 
visão borrada, taquicardia, arritmias, náuseas, sonolência ;
• Precauções: cuidado com pacientes suicidas, possuem índice terapêutico estreito. 
Uso com cautela em pacientes maníaco-depressivos.
Antidepressivos Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRSs)
Inibem de forma potente e seletiva a recaptação de serotonina, aumentando a concen-
tração na fenda sináptica e, consequentemente, gerando maior atividade neural pós-sináp-
tica. São tão eficazes quanto os antidepressivos tricíclicos, mas com perfil mais tolerável aos 
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UNIDADE Farmacologia do Sistema Nervoso Central
efeitos colaterais, entre eles, hipotensão ortostática, sedação, xerostomia e visão borrada. 
Substituíram os antidepressivos tricíclicos e os Inibidores da Monoamina oxidase.
 São representantes do grupo: fluoxetina (protótipo), citalopram, escitalopram, flu-
voxamina, sertralina e paroxetina. O citalopram e a fluoxetina são misturas racêmicas e 
o escitalopram é o S-enantiômero puro do citalopram.
Essa é uma boa oportunidade para lembrar dos conceitos de isomeria da Química 
Orgânica, o que é racemato e enantiômeros?
O tempo de tratamento para benefício máximo pode demorar até doze semanas ou mais.
Sua indicação primária é a depressão e vários outros distúrbios psiquiátricos, como 
distúrbio do pânico, ansiedade generalizada, bulimia nervosa(fluoxetina), entre outros.
Os principais efeitos adversos incluem cefaleia, sudoração, ansiedade e agitação, efei-
tos gastrintestinais, fraqueza e cansaço, disfunções sexuais, alterações de massa corpo-
ral, distúrbios do sono.
O uso em crianças e adolescentes deve ocorrer com muita cautela, pois observa-se 
que em torno de 2% das crianças em uso tornam-se suicidas.
Todos os antidepressivos podem reduzir o limiar convulsivo.
Podem induzir a Síndrome da serotonina, que pode incluir sinais de hipertermia, 
rigidez muscular, sudoração, mioclonia, alterações no estado mental e dos sinais vitais 
quando usado em presença de IMAO ou outro fármaco serotoninérgico. Fármacos com 
meia-vida menores e metabólitos inativos tèm maior propensão de causar síndrome de 
interrupção. A fluoxetina tem o menor risco (tempo de meia-vida de 50 horas).
Inibidores da Recaptação de Serotonina – Noradrenalina (IRSN)
Esse grupo é formado pela venlafaxina e pela duloxetina. Estes constituem alter-
nativas terapêuticas aos IRS. Algumas vezes são eficazes no tratamento de alívio da 
dor neuropática. Possuem pouca atividade entre os receptores adrenérgicos, muscarí-
nicos ou histamínico. Possuem menos efeitos adversos mediados por receptores quan-
do comparados aos antidepressivos tricíclicos. Deve-se atentar à interrupção brusca do 
tratamento pois podem apresentar síndrome da interrupção. O mecanismo de ação 
inclui indução da ativação de autorreceptores de 5-HT1A e 5-HT1D. Essa ação diminui a 
neurotransmissão serotoninérgica por mecanismo de feedback negativo até que ocorra 
dessensibilização dos receptores serotoninérgicos. Agora, a concentração aumentada de 
serotonina na sinapse pode interagir com receptores pós-sinápticos 5-HT.
A venlafaxina é um potente inibidor da captação de serotonina e em doses maiores, 
de médias à altas, inibe a receptação de norepinefrina. Também é um inibidor fraco da 
captação de dopamina em dosagens elevadas. Em doses elevadas, pode ser observado 
aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca.
A duloxetina é capaz de inibir a captação de serotonina e norepinefrina em todas as 
dosagens. Sofre intensa metabolização hepática, sendo administrada com cautela em 
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pacientes com insuficiência hepática pacientes com doença renal terminal. Também 
apresenta disfunção sexual, risco de aumento da pressão arterial ou da frequência car-
díaca. Além do uso contra depressão e ansiedade, também é aprovada para tratamento 
da fibromialgia e dor neuropática associada à neuropatia periférica.
Inibidores da Degradação da Serotonina
A monoamina oxidase (MAO) é uma enzima que participa da oxidação de monoaminas, 
no neurônio, ela atua desaminando e inativando o excesso de moléculas de neurotransmis-
sor que possam vazar das vesículas sinápticas quando o neurônio está em repouso.
Substâncias podem inativar essa enzima de forma reversível ou irreversível. Essa 
inibição faz com que os neurotransmissores se acumulem no neurônio pré-sináptico 
e passem para o espaço sináptico. A selegilina e a tranilcipromina apresentam efeito 
estimulante tipo anfetamina.
Dessa forma, acredita-se que, devido a esse mecanismo, sejam ativados receptores 
de norepinefrina e serotonina. Constituem exemplos dessa categoria fenelzina, tranil-
cipromina, iproniazida, selegilina. Seu uso exige dietas rigorosas e muita atenção nas 
possíveis interações medicamentosas.
Antidepressivos Atípicos
São um grupo misto de fármacos que têm ação em vários locais diferentes.A bupro-
piona é um fraco inibidor da captação de dopamina e norepinefrina. Auxilia no combate 
à compulsão por nicotina, sendo utilizada por pacientes para atenuar os sintomas da 
abstinência do fumo. Pode apresentar xerostomia, sudoração, nervosismo, entre outros. 
Em doses mais elevadas, pode induzir convulsões.
Antagonistas dos Receptores de Sserotonina
Pertencem a esse grupo trazodona e nefazodona, mirtazapina e mianserina. 
Mianserina (que pode causar depressão da medula óssea) e mirtazapina (que pode 
levar a aumento do apetite e da massa corporal) são muito sedativas. A mirtazapina 
e a mianserina bloqueiam os receptores de histamina H1 e possuem afinidade sobre 
os recep tores α2-adrenérgicos. Têm alta afinidade pelos receptores 5-HT2A, 5-HT2C
e 5-HT3. Não se sabe com precisão qual é o receptor responsável pelos seus efeitos. 
A nefazodona apresenta risco de hepatotoxicidade e a trazodona foi associada ao priapis-
mo. São inibidores fracos da captação de serotonina, bloqueiam receptores 5-HT2 pós-
-sinápticos. A trazodona também apresenta propriedades bloqueadoras α-adrenérgicas 
pré-sinápticas fracas a moderadas e atua como antagonista modesto do receptor H1.
O antagonismo do receptor 5-HT3 é o mecanismo de drogas usadas para impedir 
a náusea e o vômito após a cirurgia ou após o uso de drogas citotóxicos. Os exemplos 
incluem a ondansetrona.
O estudo dos agonistas 5-HT1B/1D é utilizado por agentes que aliviam dores de cabeça 
da enxaqueca, este é o mecanismo dos triptans tal como o sumatriptano. 
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UNIDADE Farmacologia do Sistema Nervoso Central
Estabilizadores de humor: Lítio
Os sais de lítio são aprovados para a profilaxia de pacientes maníaco depressivos e 
nos episódios de mania.
Embora vários processos celulares sejam alterados pelo lítio, o seu mecanismo de 
ação é desconhecido. Seus mecanismos bioquímicos são complexos e as possíveis rela-
ções entre esses papeis e seu real mecanismo de ação frente aos casos de tratamento de 
pacientes com distúrbio bipolar acaba sendo especulativo. Acredita-se que a inibição de 
algumas enzimas desempenhe esse papel: inibe a inositol monofosfatase, que bloqueia 
a via fosfatidilinositol; inibição também das isoformas de glicogênio sintase quinase 3.
Apresenta baixo índice terapêutico, seu uso exige controle de toxicidade por meio 
de monitoração da concentração plasmática e função renal e interações medicamento-
sas. Pode também interferir na função tireoideana, sendo também recomendado o seu 
acompanhamento.
Não causa efeitos observáveis em indivíduos normais, não é um sedativo, euforizante 
ou depressor.
Fisiopatologia das Convulsões
Classes e agentes farmacológicos: fármacos que aumentam a 
inibição mediada pelos canais de sódio; fármacos que inibem os 
canais de cálcio; fármacos que aumentam a inibição mediada 
pelo GABA; fármacos que inibem os receptores de glutamato
As convulsões são episódios de duração limitada de disfunção cerebral que resultam 
da descarga anormal de neurônios cerebrais. As causas das convulsões podem ser bem 
heterogêneas e incluem uma variedade de doenças. A epilepsia é o segundo transtorno 
neurológico mais comum depois do acidente vascular encefálico. A epilepsia trata-se 
de um transtorno complexo caracterizado por convulsões recorrentes. A classificação 
clínica da epilepsia é feita conforme as características das crises convulsivas. As crises 
podem ser parciais (localizadas em uma região do cérebro) ou generalizadas (envolvem 
todo o cérebro). O tipo de crise interfere nos sintomas, por exemplo, nas crises parciais, 
a despolarização inicia-se localmente e geralmente permanece assim. Os sintomas de-
pendem da região envolvida. Nos exames como o EEG, a despolarização está restrita 
a um hemisfério. Já nas crises generalizadas, envolvem ambos os hemisférios. A perda 
de consciência imediata é característica das convulsões generalizadas. Existem inúmeros 
tipos de crises generalizadas, as categorias principais incluem as tônico-clônicas e as de 
ausência. As convulsões podem ainda ser de origem febril ou como parte de uma doen-
ça aguda como a meningite, distúrbio metabólico, tóxico ou agudo. 
Você conhece o Dia Roxo? Você conhece todos os tipos de convulsões e como proce-
der ao presenciar uma crise? Pesquise.
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A seguir, serão apresentados os três principais mecanismos dos fármacos utilizados 
no tratamento das convulsões:
Fármacos que Aumentam a Inibição Mediada pelo GABA
Os fármacos eficazes nas formas mais comuns de convulsões epiléticas. A poten-
cialização da ativação dos receptores GABAA facilita a abertura dos canais de cloreto 
mediados pelo GABA. São exemplos desse grupo: fenobarbital e benzodiazepínicos. 
Com níveis superiores às concentrações terapêuticas, o fenobarbital também reduz as 
deflagrações repetitivas persistentes.
A sedação é o efeito adverso mais frequente, ocorre em praticamente todos os pa-
cientes no início do tratamento. Nistagno e a ataxia ocorrem com doses superiores. As 
concentrações de fenobarbital podem aumentar até 40% durante a administração con-
comitante com ácido valproico.
Consiste numa droga de baixo custo, eficaz nas crises tônico-clônicas, parciais e ge-
neralizadas, mas tem efeito sedativo e tendência a prejudicar o comportamento infantil 
e não se mostrou eficaz no controle das crises de ausência.
Benzodiazepinas são utilizadas no tratamento como sedativos e ansiolíticos. Vários 
fármacos desse grupo apresentam ação anticonvulsivante ampla, mas apenas o clonaze-
pam oral e clorazepato foram aprovados para tratamentos de convulsões a longo prazo. 
Diazepam e Lorazepam são utilizados no tratamento do estado epiléptico. Aumentam a 
inibição sináptica mediada pelo GABA. O aumento das secreções salivares e brônquicas 
pode causar problemas em crianças. A interrupção repentina pode desencadear convul-
sões. Os principais efeitos relatados são a sedação e letargia.
A tiagabina inibe o transportador de GABA, reduz a captação desse neurotransmis-
sor pelos neurônios e pela glia. Seu uso foi associado à ocorrência de convulsões em 
pacientes sem epilepsia. Seu uso off-label foi interrompido. 
Você sabe o que é uso off-label?
A vigabatrina inibe irreversivelmente a enzima GABA transaminase responsável pela 
inativação do GABA nos astrócitos e terminas nervosos gabaérgicos. A tiagabina inibe 
a remoção do GABA das sinapses. Potencializa e prolonga as respostas sinápticas me-
diadas pelo GABA no cérebro. Seu uso pode levar à perda visual bilateral progressiva e 
irreversível, seu uso é limitado.
Inibição Mediada pelos Canais de Sódio
Muitos fármacos que atuam como antiepiléticos afetam a excitabilidade das membra-
nas por ação sobre os canais de sódio dependentes de voltagem que possuem a corrente 
de entrada necessária para a geração de um potencial de ação.
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A fenitoína tem atividade anticonvulsivante sem causar depressão geral do SNC. Li-
mita as deflagrações repetitivas dos potenciais de ação provocados por despolarização 
persistente dos neurônios da medula espinal mediado pela diminuição da velocidade de 
recuperação da inativação dos canais de Na+ ativados pela voltagem, efeitos observados 
em animais e nos seres humanos. Em concentrações terapêuticas, os efeitos nos canais 
de Na+ são seletivos. Já em concentrações mais altas, observam-se vários efeitos respon-
sáveis pelas respostas tóxicas, inclusive.
O mais importante mecanismo de ação da fenitoína é a interferência no transporte 
de sódio através da membrana neuronal. Acredita-se que o maior efeito antiepiléptico 
da fenitoína venha de sua capacidade em bloquear o recrutamento de células neuronais 
vizinhas do foco epiléptico, evitando a propagação das descargas. Outras indicações da 
fenitoína incluem neuralgias, como a do trigêmeo e arritmias cardíacas.
A carbamazepina produz resposta em pacientes maníaco-depressivos e apresenta efei-
tos antidiuréticos. Seu metabólito também reduz deflagrações repetitivas, o 10,11-epo-xicarbamazepina, em concentrações terapêuticas relevantes. A frequência das crises 
pode aumentar principalmente quando ocorre overdose. Durante seu uso é importante 
monitorar a função renal, hepática e os fatores hematológicos. Deve-se ficar atento às 
interações com fenobarbital, fenitína e valproato, que podem aumentar o seu metabo-
lismo por indução da CYP3A4; a carbamazepina pode aumentar a biotransformação 
da fenitoína e a administração conjunta pode reduzir as concentrações de valproato, 
lamitrigina, tiagabina e topiramato. Reduz também o efeito terapêutico e concentração 
plasmática do haloperidol. Por apresentar inúmeras outras possíveis interações, antes de 
seu uso, sugere-se importante verificação das mesmas caso a caso.
Também pode ser útil no tratamento da neuralgia do trigêmeo e transtornos afeti-
vos bipolares.
Foram sugeridos vários mecanismos de ação para a carbamazepina. No entanto, 
dois mecanismos básicos são importantes: alteração da condutância dos canais de sódio 
neuronais, reduzindo os potenciais de ação de alta freqüência; e a ação na transmissão 
sináptica e em receptores para neurotransmissores, incluindo purinas, monoaminas, 
acetilcolina e NMDA.
Oxcarbamazepina é um pró-fármaco com mecanismo semelhante à carbamazepina, 
mas trata-se de um indutor enzimático menos potente. Como induz a CYP3A, reduz os 
níveis plasmáticos dos anticoncepcionais orais esteroides. 
A lamotrigina também atua sobre os canais de Na+, no entanto, seu uso em demais dis-
túrbios convulsivos sugere outras ações, ainda desconhecidas. Ela inibe a despolarização da 
membrana pré-sináptica glutamatérgica, levando a uma inibição da liberação do glutamato.
O topiramato consiste numa molécula multifacetada, além de ter seu uso aprovado 
na profilaxia da enxaqueca em adultos. Seu mecanismo de ação no controle de crises 
convulsivas deve-se à redução nas correntes de Na+ regulados por voltagem nas células 
granulosos cerebelares e pode atuar no estado inativo deste canal de forma semelhante 
à fenitoína. Também ativa uma corrente de K+ hiperpolarizante, aumenta as correntes 
no receptor GABAA pós-sináptico e limita a ativação dos subtipos AMPA-cainato de re-
ceptores de glutamato. É um inibidor fraco da anidrase carbônica. Seu uso geralmente é 
bem tolerado, foi associado à deficiência cognitiva. Devido a seus múltiplos mecanismos 
de ação com função neuroestabilizadora, muitos de seus efeitos farmacológicos ainda 
estão sendo estudados.
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Fármacos que atuam sobre os canais de Ca+2
Inibição dos canais de cálcio ativados por voltagem que são responsáveis pelas corren-
tes de cálcio do tipo T. A etossuximida é um fármaco para tratamento das crises de au-
sência. Reduz as correntes de Ca+2 de limiar baixo nos neurônios talâmicos. Esse fármaco 
atua sobre as crises de ausência, mas não apresenta ação sobre as crises tônico-clônicas.
O ácido valproico produz efeitos semelhantes à fenitoína e à etossuximida. Sua ação 
é semelhante à da fenitoína e da carbamazepina e parece ser mediada pela recupera-
ção prolongada da inativação dos canais de sódio regulados por voltagem, também 
produz reduções discretas de correntes de Ca+2 do tipo T, mas em concentrações um 
pouco mais altas. Esse mecanismo conjunto faz com que o ácido valproico seja eficaz 
na inibição das convulsões em vários modelos. O valproato também aumenta a quanti-
dade do GABA, no entanto, esse mecanismo ainda não foi elucidado. Há evidências de 
que poderia influenciar os sistemas de neurotransmissores excitatórios (subtipo NMDA 
de receptores de glutamato), monoaminas, catecolaminas e nucleotídeos cíclicos. Uma 
complicação rara é a hepatite fulminante que frequentemente é fatal. Inibe o metabolis-
mo dos fármacos que são substratos do CYP2C9, inibe UGT (uridina-difosfato-glicuro-
nosiltransferase). É um anticonvulsivante de amplo espectro.
Outros Fármacos
Gabapentina e pregabalina possuem estruturas químicas derivadas do GABA, por 
sua ligação com um anel cicloexano ou isobutano. A gabapentia foi desenvolvida como 
um agonista do GABA de ação central. No entanto, ainda não está claro a que se devem 
seus efeitos anticonvulsivantes e analgésicos. 
É importante salientar que existem inúmeras pesquisas para a compreensão dos 
mecanismos envolvidos nas crises convulsivas. Novas drogas promissoras, inclusive com 
avaliação de substâncias canabinóides, despertam interesse, no entanto, sua aplicação 
clínica ainda necessita de cautela até que todos os riscos potenciais sejam investigados e 
minimizados em formulações terapêuticas adequadas.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Farmacologia Básica e Clínica
KATZUNG, B. G.; MASTERS, S. B.; TREVOR, A. J. Farmacologia Básica e Clínica. 
12ª edição. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2014.
Princípios de bioquímica de Lehninger
NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2011. 
Farmacologia
SILVA, PENILDON. Farmacologia. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
Farmacologia ilustrada
WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2016.
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Referências
BRUCKI, S. M. D. et al . Cannabinoids in neurology – Brazilian Academy of 
Neurology. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo , v. 73, n. 4, p. 371-374, Apr. 2015. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-
-282X2015000400371&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 18/05/2021. 
BRUNTON, L. L; CHABNER. B. A; KNOLLMANN. B. C. As Bases Farmacológicas da 
Terapêutica de Goodman & Gilman. 12° Ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, Artmed, 2012.
KARAPINAR, E. et al. A depressão é o principal determinante das anormalidades 
do sono em pacientes com epilepsia. Arq. Neuro-Psiquiatr. São Paulo, v. 78, n. 12, 
pág. 772-777, dezembro de 2020. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2020001200772&lng=en&nrm=iso>. Aces-
so em: 18/05/2021. Epub 14 de dezembro de 2020.
RANG, H. P; DALE, M. M. Farmacologia. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
RIGO, A. P.; LEVANDOVSKI, R. M.; TSCHIEDEL, B. Protocolo Clínico do Ministério da 
Saúde/Brasil para Doença de Parkinson: adesão e percepção do médico prescritor. Ciênc. 
saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 26, n. 1, p. 197-208, Jan. 2021. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232021000100197&lng=en
&nrm=iso>. Acesso em: 18/05/2021. Epub Jan 25, 2021.
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