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Prévia do material em texto

Estatuto da Criança 
e do Adolescente
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Alessandra Fabiana Cavalcanti
Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
• A Criança e o Adolescente na Constituição Federal;
• Instrumentos Internacionais de Proteção;
• Estatuto da Criança e do Adolescente;
• Disposições Preliminares;
• Direitos Fundamentais.
 · Apresentar os passos iniciais de nossa disciplina, em especial, abor-
dando a forma como as crianças e os adolescentes são protegidas 
pelo Direito Interno de nosso país e pelo Direito Internacional.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
A Criança e o Adolescente 
na Constituição Federal
Em nosso sistema jurídico, a Constituição Federal desempenha um destacado 
papel, em razão do Princípio da Supremacia Constitucional.
Segundo esse princípio, todas as normas do sistema jurídico somente podem ser 
consideradas válidas se guardarem compatibilidade com as disposições constitucio-
nais. Assim, é o texto de nossa Carta Magna que estrutura todo o sistema norma-
tivo. Isso faz com que todos os seus preceitos tenham uma destacada importância, 
pois sinalizam como determinados assuntos devem ser tratados pelas demais nor-
mas que detalham as suas prescrições.
Nesse contexto, podemos verificar que em nossa Constituição Federal, o trata-
mento das questões que diretamente afeta a criança e o adolescente está especifi-
camente inserido no Capítulo VII (Da família, da criança, do adolescente, do jovem 
e do idoso) de seu Título VIII (Da Ordem Social). Falaremos sobre os diversos pre-
ceitos no decorrer de nossas aulas; contudo, precisamos destacar nesse momento 
algumas normas estabelecidas em nossa Lei Maior.
Dever dos pais em relação aos seus filhos
Há um complexo de deveres e de direitos que ligam pais e filhos, chamado 
de poder familiar, sendo que uma de suas faces mais importantes está atrelada 
ao dever de assistir, criar e educar seus filhos menores (art. 229, “caput”, da 
Constituição Federal).
Constituição Federal
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos me-
nores [...].
O exercício desse poder familiar se dá em igualdade de condições pelos pais e 
mães, não havendo proeminência de um sobre o outro, em nada importando o 
estado civil deles (se são casado, se vivem em união estável, etc.), sendo assegurado 
a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade 
judiciária competente para a solução da divergência.
Abuso, violência e exploração de criança e de adolescente
Como nossos constituintes tiveram uma especial preocupação em reconhecer o 
frágil papel da criança e do adolescente em nossa sociedade, foi por eles indicada 
a necessidade de que a nossa legislação tivesse uma maior severidade na apuração 
de casos de abuso, violência e exploração sexual.
8
9
Constituição Federal
Art. 227 [...]
§ 4º - A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual 
da criança e do adolescente.
Inimputabilidade penal dos menores de dezoito anos
Outro assunto que também foi objeto de expressa estipulação constitucional 
se refere à inimputabilidade dos menores de dezoito anos, ou seja, crianças e 
adolescentes não estão sujeitas às normas do Código Penal (ou da legislação penal 
como um todo), quando da prática de condutas que possam se caracterizar como 
crimes ou contravenções penais.
Constituição Federal
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, 
sujeitos às normas da legislação especial.
Nessas situações deve ser aplicada a legislação especial, ou seja, o Estatuto da 
Criança e do Adolescente.
Igualdade entre os fi lhos
Nossa Constituição Federal trouxe a plena igualdade entre os filhos, não sendo 
relevante se eles foram havidos ou não da relação do casamento, qual é o estado 
civil de seus pais (se são casados ou solteiros) ou se o filho é adotivo.
Todos eles possuem os mesmos direitos, sendo que qualquer designação dis-
criminatória nesse sentido deve ser abandonada em nossa legislação e nas ques-
tões cotidianas.
Constituição Federal
Art. 227 [...]
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, 
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação.
Instrumentos Internacionais de Proteção
Além de preceitos internos (leis, decretos, etc.), há diversos instrumentos inter-
nacionais que, dentre vários assuntos, apresentam disposições que buscam reco-
nhecer direitos das crianças e dos adolescentes, dentre eles, pode ser mencionado 
o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (adotado pela XXI Sessão da 
9
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 16 de dezembro de 1966 e internaliza-
do pelo Decreto n.º 592, de 6 de julho de 1992). Essa convenção internacional e 
outras foram criadas com o objetivo de reconhecer direitos humanos de todas as 
pessoas, sendo aplicável, inclusive, para crianças e adolescentes. Há nessas nor-
mas poucas menções específicas para direitos de criança e de adolescentes, pois 
elas não buscam a proteção específica de certos grupos sociais.
Há, contudo, alguns desses instrumentos que foram especificamente cunhados 
para tratar somente dos direitos das crianças e dos adolescentes, sendo que 
podemos destacar os seguintes: a Convenção Sobre os Direitos da Criança, 
Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de 
Adoção Internacional e a Convenção Sobre os Aspectos Civis do Sequestro 
Internacional de Crianças.
Convenção Sobre os Direitos da Criança
Essa convenção internacional foi adotada pela Assembleia Geral das Nações 
Unidas em 20 de novembro de 1989, sendo ratificada pelo Brasil em 24 de 
setembro de 1990, e internalizada por intermédio do Decreto n.º 99.710, de 21 
de novembro de 1990.
Por meio do Decreto n.º 5.007, de 8 de março de 2004, foi internalizado o 
ProtocoloFacultativo à Convenção, que se refere à venda de crianças, à prostituição 
e à pornografia infantil.
Como um dos reflexos da adesão de nosso país a essa convenção foi estabelecida 
a Lei n.º 13.431/17, que estabelece um sistema de garantia de direitos da criança 
e do adolescente vítima ou testemunha de violência.
Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação 
em Matéria de Adoção Internacional
Essa convenção foi concluída em Haia, em 29 de maio de 1993, entrando em 
vigor, no âmbito internacional, em 1º de maio de 1995.
Nosso país ratificou esse instrumento em 10 de março de 1999, sendo 
internalizada pelo Decreto n.º 3.087, de 21 de junho de 1999.
Em razão desse instrumento internacional foi realizada uma grande alteração 
no Estatuto da Criança e do Adolescente, por intermédio da Lei n.º 12.010/09.
Por meio do Decreto n.º 3.174, de 16 de setembro de 1999, foram designadas 
as Autoridades Centrais encarregadas de dar cumprimento a essa Convenção.
O Decreto n.º 5.491, de 18 de julho de 2005, realizou, no âmbito de nosso país, 
a regulamentação de organismos estrangeiros e nacionais de adoção internacional.
10
11
Convenção sobre os Aspectos Civis do 
Sequestro Internacional de Crianças
Esse instrumento foi concluído em 25 de outubro de 1980, em Haia, passando 
a ter vigência internacional em 1º de dezembro de 1983.
Nosso país ratificou essa convenção em 19 de outubro de 1999, sendo interna-
lizada pelo Decreto n.º 3.413, de 14 de abril de 2000.
Por meio do Decreto n.º 3.951, de 4 de outubro de 2001, foi designada a 
Autoridade Central para dar cumprimento a essa Convenção.
Estatuto da Criança e do Adolescente
O Estatuto da Criança e do Adolescente foi criado pela Lei n.º 8.069, de 13 de 
julho de 1990, sendo fruto de muitos debates e da estruturação dada pelas diversas 
normas anteriormente mencionadas, ou seja, de nossa Constituição Federal e de 
diversas convenções internacionais que nosso país aderiu.
Como pode ser observado, algumas dessas convenções são posteriores à elabo-
ração da Lei n.º 8.069/90, razão pela qual acabaram por determinar importantes 
modificação do Estatuto, colocando-o sempre em sintonia com a evolução dos 
direitos internacionalmente reconhecidos das crianças e dos adolescentes.
Considerando todo esse contexto, podemos afirmar que os direitos das crian-
ças e dos adolescentes em nosso sistema jurídico podem ser representados da 
seguinte forma:
ESTATUTO DA 
CRIANÇA E DO 
ADOSLECENTE
DIREITO DA 
CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE
CONVENÇÕES
INTERNACIONAIS
OUTRAS NORMAS
LEGAIS
NORMAS
CONSTITUCIONAIS
Figura 1
11
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
Ou seja, há uma somatória de normas constitucionais, com normas oriundas de 
convenções internacionais a que nosso país aderiu (e foram internalizados), com o 
texto do Estatuto e outras normas legais.
Dentre essas outras normas legais podemos destacar, por exemplo, o Código 
Civil (Lei n.º 10.406/02), que, dentre vários assuntos, regula uma série de questões 
relacionadas aos direitos de crianças e adolescentes.
É preciso destacar que estamos falando de normas específicas que incidem 
sobre os direitos da criança e do adolescente, contudo, há normas gerais que são 
aplicadas para todos, inclusive para esses destinatários.
Por fim, com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente foi revogado 
o antigo Código de Menores, Lei n.º 6.697/79, que até então era o principal 
diploma reitor desse assunto.
Disposições Preliminares
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) se inicia um título chamado de 
Disposições Preliminares que apresenta alguns importantes conceitos que são 
extremamente importantes para a compreensão de suas disposições.
Conceito de criança e de adolescente
O conceito de criança e de adolescente é apresentado pelo ECA em seu artigo 2º, 
cuja redação é a seguinte:
ECA
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze 
anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito 
anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente 
este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Temos assim que:
• Criança: do nascimento até o dia da véspera de completar 12 anos de idade;
• Adolescente: do dia do aniversário de 12 anos até a véspera de completar 18 anos.
Para aquele que completou 18 anos não haverá a aplicação do ECA, salvo em 
situações excepcionais, conforme consta do parágrafo único de seu artigo 2º. Nes-
ses casos essa aplicação somente poderá ocorrer até que a pessoa atinja 21 anos.
Essas hipóteses excepcionais são as seguintes:
• O artigo 121, § 5º, do ECA estabelece, no caso de aplicação da internação, 
a liberação compulsória aos 21 anos de idade, ou seja, esse é um dos limites 
máximos para a aplicação dessa medida socioeducativa.
12
13
• O artigo 40 do ECA prescreve que o adotado deve ter, no máximo 18 anos, 
salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes antes dessa idade. Nesse 
caso, entende-se que a efetivação da adoção poderá ocorrer, no máximo, se o 
adotado possuir 21 anos de idade.
• A Lei n.º 13.431/17 criou um sistema de garantia de direitos da criança e do 
adolescente vítima ou testemunha de violência, que, dessa forma é aplicado 
para pessoa com até 18 anos, contudo, o parágrafo único do artigo 3º dessa 
norma firma que esse tratamento diferenciado pode, de forma facultativa, ser 
aplicado para pessoas com idades entre os 18 e os 21 anos.
Um conceito mais recentemente incorporado ao sistema protetivo é o de pri-
meira infância, sendo que ele é estabelecido pela Lei n.º 13.257/16, abrangendo 
os seis anos completos ou os setenta e dois primeiros meses de vida da crian-
ça, sendo que essa norma estabelece a necessidade de serem criados planos, 
políticas, programas e serviços que objetivem atender às especificidades dessa 
faixa etária.
Sistema de Proteção Integral
O Estatuto estabeleceu o chamado Sistema de Proteção Integral de proteção 
de crianças e adolescentes, ou seja, cabe à família, à sociedade e ao Estado zelar 
pelo pleno respeito dos direitos desses destinatários.
Constituição Federal
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão.
[...]
Dessa forma, mesmo que haja, por exemplo, negligência dos pais em relação 
aos direitos dos filhos (crianças ou adolescentes), a sociedade e o Estado devem 
possuir instrumentos que sejam aptos para superar essa situação.
Seguindo a orientação constitucional, que estabelece o dever de todos no zelo 
dos direitos de crianças e adolescentes, estabelece o artigo 13 da Lei n.º 13.431/17 
o seguinte:
Lei 13.431/17
Art. 13. Qualquer pessoa que tenha conhecimento ou presencie ação ou 
omissão, praticada em local público ou privado, que constitua violência 
contra criança ou adolescente tem o dever de comunicar o fato imediata-
mente ao serviço de recebimento e monitoramento de denúncias, ao con-
selho tutelar ou à autoridade policial, os quais, por sua vez, cientificarão 
imediatamente o Ministério Público.
[...]
13
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
Contudo, não basta que existam normas estabelecendo o dever de proteção des-
ses direitos, é necessário que eles, efetivamente, sejam utilizados para fazer cessar 
esse desrespeito.
Além disso, estabelece esse sistema de proteção a priorização de atendimento, 
dessa forma, as práticas e as políticas públicas devem buscar maior agilidade para o 
trato de questões diretamente afetas às necessidades das crianças e dos adolescentes.
Direitos Fundamentais
Direitos fundamentais são aqueles direitoshumanos básicos reconhecidos pelo 
Estado, sendo seu dever respeitá-los e propiciar condições para que sejam plena-
mente gozados.
Como foi acima frisado, podemos destacar duas perspectivas desses direitos:
• aqueles afetos a todos, inclusive crianças e adolescentes;
• aqueles especificamente criados para atender à peculiar situação da criança e 
do adolescente.
Vamos destacar em nosso estudo aqueles direitos fundamentais próprios para a 
especial situação das crianças e adolescentes.
Direito à vida e à saúde
O Estatuto em relação a esses dois importantes bens jurídicos, vida e saúde, es-
tabelece uma série de diretrizes indicativas de medidas que devem ser desenvolvidas 
até mesmo antes do nascimento, fazendo com que a legislação se preocupe com 
a gestante, com os atos que cercam o nascimento, com a prevenção de doenças e 
males que afligem os primeiros anos de vida da criança, com o aleitamento mater-
no, dentre outros assuntos relacionados.
ECA
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, 
mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nas-
cimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas 
de existência.
Sobre a gestante, a parturiente e a nutriz deve ser destacado que o ECA 
prescreve que:
• O Sistema Único de Saúde deve proporcionar um adequado atendimento pré 
e perinatal.
• A parturiente, sempre que possível, deverá ser atendida pelo mesmo médico 
que a acompanhou na fase pré-natal.
14
15
• O Poder Público deve, sempre que necessário, propiciar apoio alimentar à 
gestante e à nutriz que dele necessitem.
• O Poder Público deve ser proporcionar assistência psicológica à gestante e à 
mãe, inclusive para aquelas que manifestem interesse em entregar seus filhos 
para adoção (sendo que estas mães devem ser encaminhadas à Justiça da 
Infância e da Juventude).
• Devem ser asseguradas condições adequadas ao aleitamento materno, inclusi-
ve aos filhos de mães submetidas à medida privativa de liberdade.
Particularmente em relação ao parto e aos atos que dele se seguem, estabe-
lece o Estatuto que os hospitais e os estabelecimentos de saúde:
• Devem manter prontuários individuais e registros das atividades desenvolvidas, 
os quais devem ser preservados por, pelo menos, 18 anos.
• Devem identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plan-
tar, bem como pela impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas 
de identificação que possam ser estabelecidas.
• Devem realizar exames para o diagnóstico e o tratamento de anormalidades 
no metabolismo do recém-nascido (“teste do pezinho”).
• Devem fornecer a declaração de nascimento, com eventuais intercorrências do 
parto e do desenvolvimento do neonato.
• Devem manter o alojamento conjunto, de forma que o neonato permaneça 
junto à sua mãe.
• Devem permanecer na unidade hospitalar e orientar sobre o processo de ama-
mentação, inclusive no que se refere à técnica mais adequada para realizá-la.
A criança e o adolescente têm direito a um integral atendimento à sua saúde 
no Sistema Único de Saúde, devendo ser destacado:
• A criança e o adolescente portadores de deficiência devem ter atendimento 
especializado. Esse atendimento deve abranger, dentre outros aspectos a sua 
habilitação e reabilitação, conforme estabelece o Estatuto da Pessoa com 
Deficiência (Lei n.º 13.146/15).
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 14. O processo de habilitação e de reabilitação é um direito da pessoa 
com deficiência.
Parágrafo único. O processo de habilitação e de reabilitação tem por ob-
jetivo o desenvolvimento de potencialidades, talentos, habilidades e apti-
dões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais, profissionais 
e artísticas que contribuam para a conquista da autonomia da pessoa com 
deficiência e de sua participação social em igualdade de condições e de 
oportunidades com as demais pessoas.
15
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
• Os medicamentos, as próteses e os outros recursos relativos ao tratamento, à 
habilitação ou à reabilitação devem ser fornecidos gratuitamente àqueles que 
necessitarem.
• Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, 
de terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar con-
dições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou do responsá-
vel, nos casos de internação de criança ou adolescente.
• A vacinação das crianças é obrigatória nos casos recomendados pelas autori-
dades sanitárias.
Os casos de suspeita ou de confirmação de maus-tratos contra criança ou 
adolescente devem, obrigatoriamente, ser comunicados ao Conselho Tutelar da 
respectiva localidade, o que não exclui outras providências cabíveis ao caso.
Por fim, deve ser destacado que o Artigo nº. 227 da Constituição Federal esta-
belece a necessidade de que sejam criadas políticas públicas específicas para pro-
mover a saúde de crianças e adolescentes, devendo ser destinadas verbas orça-
mentárias para o seu desenvolvimento. Essa determinação abrange uma especial 
preocupação com aqueles que possuem necessidades especiais, bem como para o 
tratamento daqueles que estejam sob a dependência de drogas.
Constituição Federal
Art. 227 [...]
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da 
criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades 
não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos 
seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na 
assistência materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e de atendimento especializado 
para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, 
bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de 
deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a 
facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de 
obstáculos arquitetônicos e todas as formas de discriminação.
[...]
§ 3º - O direito à proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
[...]
VII - programas de prevenção e de atendimento especializado à criança, 
ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins.
16
17
Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade
A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade, 
sendo necessário sempre considerar sua especial situação, ou seja, que são pessoas 
em processo de desenvolvimento.
Essa liberdade abrange, em especial, os seguintes aspectos:
• Direito de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, 
ressalvadas as restrições legais.
• Direito de expressão e de opinião.
• Direito de ter respeitada a sua crença e seus cultos religiosos.
• Direito de brincar, praticar esportes e divertir-se.
Esses direitos, como não poderia deixar de ser, abrangem o respeito à invio-
labilidade da integridade física, psíquica e moral, especialmente no que se refere 
à preservação de sua imagem e identidade, sendo obrigação de todos velar pela 
dignidade da criança e do adolescente, para que não estejam sujeitos a qualquer 
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Essa preservação da dignidade de criança e adolescente abrange o direito de ser 
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degra-
dante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto. 
Assim, não podem os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os 
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encar-
regada de prestar-lhes cuidado, utilizar-se desses meios.
Objetivando dar menor subjetividade, o Estatuto apresenta a conceituação de:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 18 – A [...]
Parágrafo único: [...]
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o 
uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulteem:
a) sofrimento físico; ou
b) lesão;
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento 
em relação à criança ou ao adolescente que:
a) humilhe; ou
b) ameace gravemente; ou
c) ridicularize.
17
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
A utilização desses meios, além de poderem caracterizar a prática de crimes, 
faz com que os responsáveis por essas práticas estejam sujeitos a medidas que são 
aplicadas pelo Conselho Tutelar, sendo as seguintes:
• encaminhamento à programa oficial ou comunitário de proteção à família;
• encaminhamento à tratamento psicológico ou psiquiátrico;
• encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
• obrigação de encaminhar a criança à tratamento especializado;
• advertência.
Buscando aumentar os níveis de proteção de crianças e adolescentes contra 
atos de violência, a Lei n.º 13.431/17 estabeleceu um sistema de garantia de 
seus direitos. Dentre várias medidas, essa norma apresentou uma detalhada defi-
nição das mais variadas formas de violência a que crianças e adolescentes podem 
estar submetidos.
Lei n.º 13.431/17
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas 
criminosas, são formas de violência:
I - violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao 
adolescente que ofenda sua integridade ou saúde corporal ou que lhe 
cause sofrimento físico;
II - violência psicológica:
a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em re-
lação à criança ou ao adolescente mediante ameaça, constrangimento, 
humilhação, manipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento, ridi-
cularização, indiferença, exploração ou intimidação sistemática (bullying) 
que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional;
b) ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na 
formação psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou in-
duzida por um dos genitores, pelos avós ou por quem os tenha sob sua 
autoridade, guarda ou vigilância, que leve ao repúdio de genitor ou que 
cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este;
c) qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta ou 
indiretamente, a crime violento contra membro de sua família ou de 
sua rede de apoio, independentemente do ambiente em que cometido, 
particularmente quando isto a torna testemunha;
III - violência sexual, entendida como qualquer conduta que constranja a 
criança ou o adolescente a praticar ou a presenciar conjunção carnal ou 
qualquer outro ato libidinoso, inclusive exposição do corpo em foto ou em 
vídeo por meio eletrônico ou não, que compreenda:
a) abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da criança ou 
do adolescente para fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato 
libidinoso, realizado de modo presencial ou por meio eletrônico, para a 
estimulação sexual do agente ou de terceiro;
18
19
b) exploração sexual comercial, entendida como o uso da criança ou do 
adolescente em atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer 
outra forma de compensação, de forma independente ou sob patro-
cínio, apoio ou incentivo de terceiro, seja de modo presencial ou por 
meio eletrônico;
c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o transporte, a 
transferência, o alojamento ou o acolhimento da criança ou do adoles-
cente, dentro do território nacional ou para o estrangeiro, com o fim de 
exploração sexual, mediante ameaça, uso de força ou outra forma de 
coação, rapto, fraude, engano, abuso de autoridade, aproveitamento de 
situação de vulnerabilidade ou entrega ou aceitação de pagamento, entre 
os casos previstos na legislação;
IV - violência institucional, entendida como a praticada por instituição 
pública ou conveniada, inclusive quando gerar revitimização.
Dentre as diversas formas de violência apresentadas por essa norma devem 
ser destacadas duas delas, as quais têm sido alvo de muitas discussões em nossa 
sociedade: o “bullying” e a alienação parental.
Direito à convivência familiar e comunitária
A criança e o adolescente têm direito de ser criada em sua família natural e, 
excepcionalmente, em uma família substituta, além disso, tem direito de participar 
da vida na comunidade onde reside.
Os pais, em razão do poder familiar, exercem em igualdade de condições os 
deveres de sustento, guarda e educação dos filhos menores (crianças ou adolescentes), 
sendo que eventual descumprimento pode acarretar medidas judiciais aplicadas 
pelo Juiz da Infância e da Juventude.
Em casos mais extremos pode ocorrer a suspensão ou a perda desse poder, o 
que possibilita a colocação da criança ou do adolescente em uma família substituta. 
Deve ser frisado que todas essas situações somente podem ocorrer em processo 
judicial em que se possibilite aos pais o pleno exercício do contraditório.
Se o descumprimento desses deveres decorrer, exclusivamente, da falta ou da 
carência de recursos materiais não é possível a decretação da suspensão ou a perda 
do poder familiar, sendo que essa família deverá ser inscrita em programa oficial 
de auxílio.
ECA
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo 
suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.
§ 1.º Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação 
da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de 
origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e em 
programas oficiais de proteção, apoio e promoção.
[...]
19
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
Outra questão relevante que deve ser analisada com muito cuidado se relaciona 
às situações em que o pai ou a mãe sofrem uma condenação criminal. Nesse caso, 
não há uma presunção de que se faz necessária a suspensão ou a destituição do 
poder familiar. Contudo, se algum deles praticar crime doloso, sujeito à pena de 
reclusão, contra o próprio filho ou filha, essa medida se fará necessária.
Família Natural
O § 4º do artigo 226 da Constituição Federal apresenta um conceito de entidade 
familiar, cuja redação é a seguinte:
Constituição Federal
Art. 226 [...]
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada 
por qualquer dos pais e seus descendentes.
Esse conceito influenciou na formulação do conceito de família natural, cons-
tante do “caput” do artigo 25 do ECA.
ECA
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais 
ou qualquer deles e seus descendentes.
O ECA também estabelece um conceito relacionado ao da família natural, a 
que ele denomina de família extensa ou ampliada, englobando outros parentes 
próximos com quem a criança ou o adolescente mantém convivência e vínculos de 
afinidade e de afetividade.
ECA
Art. 25 [...]
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que 
se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, 
formada por parentes próximos com os quais a criança ou o adolescente 
convive e mantém vínculos de afinidade e de afetividade.
Reconhecimento do estado de filiação
O reconhecimento do estado de filiação é um dos direitos de personalidade mais 
importantes de nossa legislação, pois desse reconhecimento decorrem importantes 
efeitos para a pessoa natural.
Em razão dessas características, esse direito:
• não pode ser transmitido;
• é irrenunciável;
20
21
• não pode sofrer qualquer limitação voluntária; e
• não está sujeito à prescrição.
Ele pode ser exercido a qualquer tempo, contra os pais ou outros herdeiros, 
sendo que o processo corre em segredo de Justiça.
Essas características estão expressamente indicadas no artigo 11 do Código 
Civil e no artigo 27 do ECA.
Código Civil
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da persona-
lidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício 
sofrer limitação voluntária.
ECA
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo,indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou 
seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
O reconhecimento de filhos havidos fora do casamento pode ocorrer de forma 
conjunta ou separadamente pelos pais, sendo que ele pode ser formalizado de várias 
formas, conforme estabelece o Artigo no. 1.609 do Código Civil e o Artigo 26 
do ECA:
• no registro do nascimento;
• por escritura pública ou escrito particular, que deve ser arquivado no cartório 
onde se procedeu ao registro;
• por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
• por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento 
não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.
O reconhecimento, em qualquer dessas formas, não está sujeito a qualquer 
forma de revogação. Ele pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao 
seu falecimento, contudo, neste último caso, somente poderá ocorrer se ele deixar 
descendentes – isso impossibilita que os pais reconheçam os filhos já falecidos 
somente com a intenção de participarem da sucessão de seus bens.
Família Substituta
Não havendo a possibilidade de manutenção da criança ou do adolescente em 
sua família natural, ou mesmo na extensa, ele poderá ser inserido em uma família 
substituta.
Essa é uma medida excepcional, pois todos os esforços devem ser realizados 
para que ela não ocorra.
21
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
No ECA as três formas de colocação em família substituta decorrem:
• da guarda;
• da tutela;
• da adoção.
Essas três possibilidades serão detidamente estudadas em outra unidade.
Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer
O direito à educação é também tratado pelo ECA, devendo ser destacados os 
seguintes preceitos:
• Deve ser garantido o acesso à escola pública e gratuita nas proximidades da 
residência da criança e do adolescente. Esse é um direito público subjetivo, ou 
seja, pode ser exigido judicialmente em caso de descumprimento por parte 
do Poder Público, além de poder acarretar a responsabilização da autoridade 
pública que não ofertou vagas suficientes.
• Deve ser obrigatório o ensino fundamental, inclusive para aqueles que não 
tiveram acesso a ele na idade própria.
• Têm direito ao atendimento em creche e pré-escola, crianças de zero a cinco 
anos de idade.
• Deve ocorrer o atendimento educacional especializado aos portadores de ne-
cessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. Para isso, se 
faz necessário que haja um aprimoramento do sistema educacional para que se 
estabeleçam condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem.
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, imple-
mentar, incentivar, acompanhar e avaliar:
I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem 
como o aprendizado ao longo de toda a vida;
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condi-
ções de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da 
oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barrei-
ras e promovam a inclusão plena;
[...]
• Deve haver a oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do 
adolescente trabalhador.
22
23
• Devem ser criados programas suplementares de material didático-escolar, 
transporte, alimentação e assistência à saúde, para o ensino fundamental.
O Estatuto, ao se referir ao ensino médio, estabelece que deveria haver uma gra-
dual e progressiva extensão da sua obrigatoriedade, contudo, a Lei n.º 12.796/13, 
ao modificar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n.º 9.394/96), estabele-
ceu que o ensino médio é parte integrantes do ensino básico obrigatório (Art. 
4º, inciso I da LDB), assim os preceitos do ECA, nesse particular, se encontram 
superados pela nova forma como a nossa legislação trata do assunto.
Os pais ou o responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos 
na rede regular de ensino, sendo que a falta de observância desse preceito pode, 
inclusive, acarretar a caracterização da infração penal prevista no Artigo 246 do 
Código Penal – “Abandono intelectual”.
Estabelece o Artigo 56 do ECA o dever dos dirigentes dos estabelecimentos de 
ensino fundamental de comunicar ao Conselho Tutelar os casos de:
ECA
Art. 56 [...]
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os 
recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência.
Direito à profi ssionalização e à proteção ao trabalho
O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, sempre 
se observando o respeito à sua peculiar condição de pessoa em desenvolvimento, 
devendo haver esforços do Poder Público e da sociedade para que haja a sua 
capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
Uma questão que deve ser observada com atenção se refere à idade em que o 
adolescente pode ingressar no mercado de trabalho, pois, na redação original 
da Constituição Federal de 1988 havia a indicação de uma idade mínima em dois 
lugares (inciso XXXIII do artigo 7º e inciso I do §3º do Artigo 227). Essa indicação 
foi repetida pelo ECA (Artigo 60).
Ocorre, contudo, que o inciso XXXIII do Artigo 7º do texto constitucional foi 
alterado pela Emenda Constitucional n.º 20/98, mas essa mudança não ocorreu 
nem no outro dispositivo de nossa Carta Magna, nem no ECA, o que pode gerar 
alguma confusão para um leitor mais desavisado dessas normas.
23
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
Jurídico Nacional e Internacional
Observe o esquema abaixo que indica essa situação:
Situação
Anterior
Art. 7º, XXXIII, CF
Art. 227, §3º, I, CF
Art. 60 ECA
PROIBIÇÃO DO 
TRABALHO PARA O 
MENOR DE 14 ANOS, 
SALVO NA CONDIÇÃO 
DE APRENDIZ
EMENDA
CONSTITUCIONAL
N.º 20/98
Art. 7º, XXXIII, CF
Art. 227, §3º, I, CF
Art. 60 ECA
PROIBIÇÃO DO 
TRABALHO PARA O 
MENOR DE 16 ANOS, 
SALVO NA CONDIÇÃO 
DE APRENDIZ
PROIBIÇÃO DO 
TRABALHO PARA O 
MENOR DE 14 ANOS, 
SALVO NA CONDIÇÃO 
DE APRENDIZ
REVOGAÇÃO TÁCITA 
DAS DISPOSIÇÕES 
ANTERIORES
Figura 2
Portanto, hoje a disposição que possui vigência é a seguinte:
Constituição Federal
Art. 7º [...]
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores 
de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na 
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
24
25
O ECA estabelece alguns padrões sobre a formação técnico-profissional e a 
aprendizagem, as quais são detalhadas na legislação trabalhista.
ECA
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional minis-
trada segundo as diretrizes e as bases da legislação de educação em vigor.
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes 
princípios:
I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;
II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades.
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de 
aprendizagem.
[...]
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho 
protegido.
Muito embora o adolescente maior de 16 anos possa trabalhar, o Artigo 67 do 
ECA estipula uma série de restrições, as quais são estabelecidas em razão de sua 
peculiar situação de pessoa em formação.
ECA
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de 
trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou 
não-governamental, é vedado trabalho:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco 
horas do dia seguinte;
II - perigoso, insalubre ou penoso;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvi-
mento físico, psíquico, moral e social;
IV - realizado em horários e em locais que não permitam a frequência 
à escola.
25
UNIDADE Criança e Adolescente no Ordenamento 
JurídicoNacional e Internacional
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Constituição Federal
https://goo.gl/zaRrL
Estatuto da Criança e do Adolescente
https://goo.gl/1NtGKk
Convenção sobre os Direitos da Criança
https://goo.gl/LPU4JW
Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional
https://goo.gl/qcGTBt
Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças
https://goo.gl/RFJgKY
26
27
Referências
CUNHA, Rogério Sanches; LÉPORE, Paulo Eduardo; ROSSATO, Luciano Alves. 
Estatuto da criança e do adolescente comentado. 4. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2012.
ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente. 14. ed. São Paulo: 
Atlas, 2013.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 
14. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
27
Estatuto da Criança 
e do Adolescente
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
A Colocação em Família Substituta
• Direito à Convivência Familiar;
• Família Substituta.
 · Compreender de que forma o Estatuto da Criança e do Adolescente, 
ao disciplinar as relações familiares, estabelece a priorização de 
manutenção da criança e do adolescente em sua família natural, ou 
de que forma este propõe uma família substituta.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
A Colocação em Família Substituta
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE A Colocação em Família Substituta
Direito à Convivência Familiar
Considerações Iniciais
Como vimos em nossa aula anterior, o Estatuto da Criança e do Adolescente 
estabeleceu em seu Título II os diversos Direitos Fundamentais reconhecidos pelo 
Estado brasileiro para as crianças e adolescente, sendo que, dentre eles está o Di-
reito à Convivência Familiar e Comunitária (Capítulo III).
Mais do que apreciar meramente questões formais ou de conveniências, o legis-
lador apontou uma clara direção que deve ser seguida, ou seja, a criança e o adoles-
cente, como pessoas em formação, necessitam estar inseridos na vida comunitária 
dela participando ativamente, contudo, isso não se compara à importância que a 
família representa.
ECA
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no 
seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada 
a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de 
pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
Para que haja uma maior clareza de linguagem, o legislador buscou definir as 
várias formas que a família pode apresentar.
Na Constituição Federal está a definição de entidade familiar.
Constituição Federal
Art. 226 [...]
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada 
por qualquer dos pais e seus descendentes.
Essa definição, como vimos na aula passada, em muito influenciou os conceitos 
apresentados no ECA, sobretudo o conceito de família natural.
Antes de retornarmos a esses conceitos, vamos falar sobre poder familiar.
Poder familiar
O poder familiar é um complexo de direitos e deveres que liga os pais, em igual-
dade de condições, aos seus filhos.
ECA
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo 
pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a 
qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade 
judiciária competente para a solução da divergência.
O poder familiar anteriormente recebia o nome do “pátrio poder”, contudo, 
essa denominação foi abandonada pelo Código Civil (Lei n.º 10.406/02) e, 
8
9
posteriormente, todas as menções a essa nomenclatura foram alteradas no ECA 
pela Lei n.º 12.010/09.
Como está claramente disposto no ECA, o poder familiar é exercido de forma 
conjunta pelos pais, em igualdade de condições, sendo que eventuais divergências 
devem ser objeto de decisão judicial.
Em decorrência desse poder, aos pais incumbe o sustento, guarda e educação dos 
filhos, além da obrigação de cumprir decisões judiciais eventualmente prolatadas 
para regular alguma questão que, direta ou indiretamente, possa influenciar nos 
direitos da criança ou do adolescente.
ECA
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos 
filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de 
cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais 
e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação 
da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de 
suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos 
nesta Lei.
Quando os pais não cumprem com os deveres inerentes ao poder familiar ou, de 
qualquer outra forma, colocam os filhos menores em condições que afetem seus di-
reitos básicos, ocorre uma conduta irregular que poderá acarretar a suspensão ou a 
perda desse poder. Contudo, se a família está sujeita a condições de miserabilidade 
e não há outra razão para o descumprimento desses deveres, não poderá o juiz de-
terminar essa medida tão drástica, devendo determinar que o Poder Público a insira 
em um programa assistencial para que os direitos das crianças sejam respeitados.
ECA
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo 
suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da 
medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, 
a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas 
oficiais de proteção, apoio e promoção.
[...]
O ECA estabelece que essa drástica medida de suspensão ou perda do poder 
familiar somente pode ocorrer em razão de decisão judicial, em processo em que 
se permita aos pais exercer o contraditório.
ECA
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas 
judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na 
legislação civil, bem como na hipótese de descumprimentoinjustificado 
dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. 
9
UNIDADE A Colocação em Família Substituta
Família natural
O conceito de família natural é bastante restrito, abrangendo somente os pais, 
ou qualquer um deles (ante a falta do outro) e seus descendentes.
ECA
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais 
ou qualquer deles e seus descendentes.
Quando o filho nasce (ou é concebido) na constância do casamento, a legislação 
presume o estado de filiação, ou seja, presume que as pessoas casadas são o pai e 
a mãe da criança. Nesse sentido, podemos observar que o artigo 1.597 do Código 
Civil estabelece uma série de situações em que essa presunção encontra arrimo.
Código Civil
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a 
convivência conjugal;
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade 
conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, 
decorrentes de concepção artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia 
autorização do marido.
Observe que essa presunção abrange situações decorrentes da relação conjugal – 
incisos I e II – que se ligam ao provável período de convivência dos pais, bem como 
situações que envolvem de concepção artificial homóloga (com material genético 
do pai e da mãe) ou heteróloga (com material genético somente da mãe ou do pai), 
contudo, neste último caso, com clara autorização do marido.
Há, contudo, situações outras em que se faz necessário o reconhecimento desse 
estado de filiação. Isso ocorre, normalmente, pela realização de declaração dos pais 
quando da lavratura do termo de nascimento (também conhecido como “registro 
de nascimento”). Além disso, também é admitido esse reconhecimento por outras 
formas não contenciosas (como vimos em nossa aula anterior).
ECA
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos 
pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, 
por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer 
que seja a origem da filiação.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho 
ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.
10
11
Também devemos acrescentar que esse reconhecimento também pode decorrer 
de processo judicial contencioso, promovido contra os pais (ou qualquer um deles), 
ou ainda contra seus herdeiros.
ECA
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, 
indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou 
seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
Família extensa ou ampliada
Outro importante conceito é o de família extensa ou ampliada, que, sem excluir 
o conceito de família natural, o aumenta ao inserir outros parentes ligados à criança 
ou ao adolescente com os quais há convivência e laços de afinidade e afetividade.
ECA
Art. 25 [...]
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que 
se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, 
formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente 
convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.
Acolhimento familiar ou institucional
Em razão de diversas situações, tais como abandono e suspensão do poder 
familiar, que podem colocar a criança ou o adolescente em uma situação pessoal e 
jurídica de risco, deve ocorrer a sua colocação em um programa de acolhimento.
A colocação em acolhimento se dá por decisão do Juiz da Infância e Juventude, 
contudo, em caráter excepcional e de urgência, essas entidades podem acolher 
crianças e adolescentes sem prévia determinação do magistrado, havendo, contudo, 
a obrigação de comunicar o ocorrido ao juiz da infância e da juventude no prazo 
de 24 horas.
Esse programa pode ser familiar ou institucional, sendo que nele se objetivará, 
sempre que isso for possível, a sua reinserção em sua família natural ou extensa. O 
ECA parte do pressuposto que é a família (natural ou extensa) o melhor lugar para 
que a criança ou o adolescente se desenvolva e alcance a maior idade.
Durante o período de acolhimento, deve o Poder Público acompanhar, por in-
termédio de uma equipe interprofissional ou multidisciplinar, as medidas que são 
realizadas para se buscar atingir essa reinserção, sendo que, pelo menos a cada três 
meses, deve o juiz reavaliar a situação da criança ou do adolescente.
Nessa reavaliação, poderá o juiz, em razão das provas existentes e do parecer da 
equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir pela possibilidade de reintegração 
familiar ou pela colocação em família substituta, em quaisquer de suas modalidades 
– guarda, tutela ou adoção.
11
UNIDADE A Colocação em Família Substituta
O acolhimento institucional da criança ou adolescente não pode se prolongar por 
mais de dezoito meses, exceto se houver comprovada necessidade que atenda ao 
seu interesse, devendo essa situação ser sempre decidida de forma fundamentada 
pelo Juiz da Infância e Juventude.
Apadrinhamento
O apadrinhamento foi criado pela Lei n.º 13.509/17 e busca estabelecer e 
proporcionar à criança e ao adolescente que se encontram em acolhimento vínculos 
externos à instituição para fins de convivência familiar e comunitária e colaboração 
com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional 
e financeiro.
Para viabilizar a aplicação desse instituto, devem ser criados programas de apa-
drinhamento, onde devem ser estabelecidos, dentre outros elementos, os seguintes:
• Requisitos e perfis das pessoas que podem participar do programa;
• Perfil das crianças e adolescentes que serão beneficiados pelo programa, de-
vendo ter preferência aquelas que possuem remota possibilidade de reinserção 
familiar ou colocação em família adotiva.
Os padrinhos e madrinhas devem ser pessoas maiores de dezoito anos, que 
não estejam inscritas nos cadastros de adoção, desde que cumpram os requisitos 
exigidos pelo programa de apadrinhamento de que fazem parte.
As pessoas jurídicas podem fazer parte desses programas realizando o apadri-
nhamento de crianças e adolescentes.
Os programas ou serviços de apadrinhamento devem ser apoiados pela Justiça 
da Infância e da Juventude e podem ser executados por órgãos públicos ou por or-
ganizações da sociedade civil.
Família Substituta
Características da medida
O ECA somente admite três formas de colocação da criança e do adolescente 
em uma família substituta, ou seja, a guarda, a tutela e a adoção.
ECA
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, 
tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou 
adolescente, nos termos desta Lei.
12
13
Em razão da severidade dessa medida, sempre se faz necessária que essa colo-
cação ocorra por decisão judicial, devendo ser observado que:
• A criança ou o adolescente será sempre ouvido por uma equipe multiprofissional 
e considerada a sua opinião. Naturalmente, deve ser levado em conta o seu 
grau de desenvolvimento e de compreensão sobre essa medida.
• No caso de adolescente, será necessário seu consentimento, que será colhido 
em audiência.
• Em sua decisão o juiz deve levar em conta o grau de parentesco e a relação 
de afinidade ou de afetividade, buscando evitar ou minorar as consequências 
decorrentes da medida.
• Quando essa medida recair sobre grupos de irmãos, deve haver o cuidado de 
que todos eles sejam colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família 
substituta, salvo se comprovada a possibilidade de risco de abuso ou outra 
situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa. 
Nessas situações extremas, deve-se procurar evitar o rompimento definitivodos vínculos fraternais.
• A colocação em família substituta deve ser precedida de preparação gradativa 
e acompanhamento posterior.
Quem recebe a criança ou o adolescente em família substituta, não pode transferi-lo 
a qualquer outra pessoa ou entidade, salvo se houver expressa determinação judicial.
O ECA é expresso em determinar que não deferirá colocação em família subs-
tituta a pessoa que revele:
• incompatibilidade com a natureza da medida;
• não ofereça ambiente familiar adequado.
Por fim, estabelece o ECA que estrangeiros não podem receber a guarda ou a 
tutela de crianças e adolescentes, sendo somente admissível a adoção, contudo, 
essa medida deve sempre ser considerada excepcional (artigo 31 do ECA).
Guarda
A guarda é a forma mais simples de colocação em família substituta, podendo 
ser usada:
• Para a regularização de situações de fato;
• Como forma inicial ou incidental durante o processo de adoção ou tutela, salvo 
se os adotantes forem estrangeiros;
• Para suprir a falta eventual dos pais;
• Em outras situações peculiares.
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UNIDADE A Colocação em Família Substituta
O guardião deve prestar assistência material, moral e educacional à criança ou 
adolescente, tendo o direito de se opor a terceiros, inclusive aos pais, sendo que 
estes continuam com o dever de prestar alimentos.
Ao estabelecer a guarda, o juiz regulará o direito de visita dos pais, porém esse 
direito não será reconhecido quando:
• houver fato grave que justifique a medida, situação em que o juiz deverá ex-
pressamente proibir as visitas;
• a colocação em guarda ocorrer como uma medida preparatória em um pro-
cesso de adoção.
Entre o guardião e a criança ou adolescente submetido à medida não se estabelece 
uma relação de parentesco, mas de dependência, para todos os fins e efeitos de 
direito, inclusive previdenciários.
A guarda pode ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamen-
tado, ouvido o Ministério Público.
Tutela
A tutela é uma forma de colocação em família substituta que tem como carac-
terística a atual ausência do poder familiar, seja em razão do falecimento dos pais 
ou a prévia perda ou suspensão desse poder, sendo que o tutor passa a cuidar da 
pessoa do tutelado (criança ou adolescente implicado com essa medida), bem como 
de seus bens.
Como vimos, essa forma de colocação em família substituta somente pode 
ser deferida por decisão judicial, contudo, há uma segunda possibilidade, ou seja, 
os pais podem nomear o tutor em testamento ou outro documento autêntico, 
contudo, neste último caso, é necessário que esse tutor, no prazo de trinta dias 
após a abertura da sucessão, ingresse com pedido destinado ao controle judicial do 
ato. Nesse controle da tutela testamentária, o juiz somente irá deferir a medida se 
restar comprovado que ela é vantajosa ao tutelado e que não existe outra pessoa 
em melhores condições de assumi-la.
Da mesma forma que a guarda, a tutela poderá ser revogada por decisão judicial, 
ouvido o Ministério Público.
Adoção
Das formas de colocação da criança ou do adolescente em uma família substituta, 
a adoção é a mais complexa e a que causa maiores implicações legais e pessoais a 
todas as pessoas envolvidas – adotante e adotado.
Como vimos, o ECA tem como pressuposto básico que a criança ou o adolescente 
deve permanecer junto à sua família natural, sendo que todos os esforços da família, 
da sociedade e do Estado devem estar voltados para esse objetivo.
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Dessa forma, a adoção constitui uma medida excepcional, que somente pode 
ser utilizada quando não houver condições de manutenção da criança ou do ado-
lescente em sua família natural ou extensa.
Outra característica da adoção é que ela é irrevogável, pois com ela se estabelece 
o parentesco entre o adotado e o adotante, bem como entre adotado e os demais 
parentes do adotante, sem a possibilidade de, pela vontade de quem quer que seja, 
se retornar à situação anterior.
Requisitos
• O adotando (criança ou adolescente submetida a essa medida) deve possuir, 
no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou 
tutela dos adotantes. Neste caso, a efetivação da adoção deverá ocorrer, no 
máximo, aos vinte e um anos de idade do adotado.
• O adotante deve ser maior de dezoito anos e ser, pelo menos, dezesseis anos 
mais velho do que o adotando.
• O estado civil do adotante não é causa de impedimento para a adoção, sendo que:
 » Os adotantes, quando forem casados ou viverem em união estável, poderão 
adotar em conjunto, desde que comprovada a estabilidade da família.
 » Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem 
adotar conjuntamente, porém:
 » Precisam estabelecer um acordo sobre a guarda e o regime de visitas.
 » O estágio de convivência deve ter sido iniciado na constância do período 
de convivência.
 » Deve ser comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade 
com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade 
da concessão.
• É possível que um dos cônjuges adote o filho do outro.
• É vedada a adoção por ascendentes e por irmãos do adotando.
A adoção pode ocorrer mesmo após a morte do adotante (adoção póstuma), 
desde que:
• Ele ingresse com o processo de adoção.
• O falecimento ocorra durante a tramitação do processo (antes de prolatada 
a sentença).
• Antes do seu falecimento, o adotante tenha, de forma inequívoca, manifestado 
a sua vontade de adotar.
Na adoção póstuma, os efeitos retroagem à data da morte do adotante. A adoção 
somente pode ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e 
fundar-se em motivos legítimos.
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UNIDADE A Colocação em Família Substituta
Características
Com a adoção, diferentemente das outras formas de colocação de família subs-
tituta, o adotado passa ser filho do adotante, com os mesmos direitos e deveres, 
inclusive sucessórios.
Outra consequência é que há o rompimento do vínculo entre o adotado e sua famí-
lia natural e demais parentes, salvo no que se refere aos impedimentos matrimoniais.
Nem a morte dos adotantes pode restabelecer o poder familiar dos pais naturais.
Consentimento para a adoção
Para que ocorra a adoção é necessário que haja o consentimento dos pais ou 
do representante legal do adotando, contudo, esse consentimento é dispensado se 
os pais forem desconhecidos (tais como ocorre, com certa frequência, nos casos de 
abandono de crianças recém-nascidas) ou se eles forem destituídos do poder familiar.
Quando o adotando for maior de doze anos de idade, será também necessário 
o seu consentimento.
Registro civil do adotado
O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial que será inscrita no regis-
tro civil mediante mandado. A inscrição consignará o nome dos adotantes como 
pais, sendo que também constatará o nome dos seus ascendentes. Não se admite 
qualquer observação sobre a origem desse registro, ou seja, não há qualquer men-
ção sobre a adoção.
Com essa inscrição ocorrerá o cancelamento do registro original do adotado.
Na sentença, o juiz especificará que o adotado passa a ter o nome do adotante 
e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome.
A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença consti-
tutiva, exceto na adoção póstuma, pois, como foi acima mencionado, seus efeitos 
retroagem à data do óbito do adotante.
Conservação do processo de adoção
O processo relativo à adoção, bem como outros a ele relacionados, deve ser 
mantido em arquivo, devendo ser garantida a sua conservação para consulta a 
qualquer tempo.
Isso é particularmente importante, em razão do ECA garantir ao adotado o di-
reito de conhecer sua origem biológica. Para tanto, após completar dezoito anos, 
o adotado pode obter acesso irrestrito ao seu processo de adoção.
Há também a possibilidade de que esse acesso seja deferido ao adotado menor de 
dezoito anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.
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Estágio de convivênciaO estágio de convivência é uma etapa importante do processo de adoção, sendo 
que realizado antes da decisão final, por prazo máximo de 90 dias, fixado pelo 
juiz, observada idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso. Esse 
prazo poderá ser prorrogado por igual período pela autoridade judiciária, se houver 
razões que demonstrem a sua necessidade.
Pode, contudo, esse estágio ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela 
ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar 
a conveniência da constituição do vínculo. Deve, contudo, ser observado que a 
simples guarda de fato (aquela sem decisão judicial que a determine ou a regularize) 
não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência.
No caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do território 
nacional (adoção internacional), o estágio de convivência será de, no mínimo trinta 
dias e no máximo de quarenta e cinco dias (prorrogável somente uma vez por igual 
período). Nesse caso, seu cumprimento deve ocorrer, integralmente.
ECA
Art. 46 [...]
§ 5o O estágio de convivência será cumprido no território nacional, pre-
ferencialmente na comarca de residência da criança ou adolescente, ou, 
a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a 
competência do juízo da comarca de residência da criança.
O estágio de convivência é um período de extrema importância para que o juiz 
possa verificar se a adoção, realmente, irá trazer verdadeiros benefícios para a 
criança ou o adolescente, sendo que haverá o acompanhamento por uma equipe 
interprofissional, que irá apresentar um relatório minucioso acerca da conveniência 
do deferimento da medida.
Cadastro de crianças e adolescentes em condições de serem adotadas 
e de interessados
Em cada comarca ou foro regional devem ser organizados dois tipos de registros:
• das crianças e adolescentes em condições de serem adotados;
• de pessoas interessadas na adoção.
Esse registro é realizado após consulta aos órgãos técnicos do juízo, bem como 
da manifestação do Ministério Público.
No caso das pessoas que postulam a adoção, o registro deve ser precedido de 
um período de preparação psicossocial e jurídica, onde o interessado receberá 
orientações da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude.
Sempre que presentes condições para que isso ocorra, essa preparação incluirá 
o contato com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em 
condições de serem adotados.
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UNIDADE A Colocação em Família Substituta
Esses cadastros locais devem estar interligados a cadastros estaduais e nacional, 
sendo que, em regra, não se defere a adoção a pessoa que não faça parte deles.
Também deve ser criado um cadastro para pessoas ou casais residentes fora 
do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais 
habilitados nos cadastros estaduais e nacional.
O Ministério Público é incumbido de realizar a fiscalização desses cadastros.
Adoção internacional
O regramento da adoção internacional no ECA sofreu uma grande modificação 
com a Lei n.º 12.010/09, que incorporou os preceitos da Convenção de Haia 
- Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção 
Internacional, de 29 de maio de 1993 (aprovada pelo Decreto Legislativo n.º 1, 
de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto n.º 3.087, de 21 de junho 
de 1999).
Em razão das disposições da mencionada Convenção, a definição de adoção 
internacional é a seguinte:
ECA
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o pretendente 
possui residência habitual em país-parte da Convenção de Haia, de 29 de 
maio de 1993, relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Maté-
ria de Adoção Internacional, promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 ju-
nho de 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte da Convenção.
[...]
Sobre essa diferenciada forma de adoção, precisamos destacar os seguintes 
elementos:
• A adoção internacional somente poderá ocorrer se, após consulta ao cadastro 
de pessoas ou casais habilitados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e 
da Juventude na comarca, bem como nos cadastros estaduais e nacional não 
forem encontrados interessados com residência permanente no Brasil.
• Excepcionalmente, somente poderá ser deferida a adoção para pessoa não 
domiciliada em nosso país e que não esteja no cadastro de interessados.
• Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos 
casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro.
• A pessoa ou casal estrangeiro interessado em adotar criança ou adolescente 
brasileiro deverá formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade 
Central em matéria de adoção internacional no seu país de acolhida, ou seja, 
naquele de sua residência habitual.
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• Se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes 
estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que será por aquela 
Autoridade remetido para a Autoridade Central Estadual Brasileira, com cópia 
para a Autoridade Central Federal Brasileira.
• Os documentos em língua estrangeira devem ser devidamente autenticados 
pela autoridade consular, bem como devem estar acompanhados da respectiva 
tradução, por tradutor público juramentado.
• Verificada a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do 
preenchimento dos requisitos por parte dos postulantes, a Autoridade Central 
Estadual expedirá um laudo de habilitação à adoção internacional, que terá 
validade por, no máximo, um ano.
• Com o laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido 
de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se 
encontra a criança ou adolescente.
Como foi anteriormente mencionado, o estágio de convivência deve ser realiza-
do, obrigatoriamente, em nosso território.
Durante a tramitação do processo de adoção, a criança ou adolescente não po-
derá sair do território nacional, sendo que, com a decisão transitada em julgado, o 
juiz expedirá alvará autorizando a expedição de passaporte para o adotando e, em 
seguida, autoriza a sua saída para o país de acolhida.
A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer momento, solicitar 
informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados.
Prazo do processo de adoção
O processo de adoção deve ser encerrado no prazo de cento e vinte dias, somente 
se admitindo que haja uma prorrogação que não poderá ultrapassar esse período.
ECA
Art. 47 [...]
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será de 120 
(cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual período, mediante 
decisão fundamentada da autoridade judiciária.
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UNIDADE A Colocação em Família Substituta
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Estatuto da Criança e do Adolescente
https://goo.gl/9ULiJB
Constituição Federal
https://goo.gl/zaRrL
Código Civil
https://goo.gl/1k18iF
Convenção de Haia
Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional
https://goo.gl/qcGTBt
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Referências
CUNHA, Rogério Sanches; LÉPORE, Paulo Eduardo; ROSSATO, Luciano Alves. 
Estatuto da criança e do adolescente comentado. 4. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2012.
ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente. 14. ed. São Paulo: 
Atlas, 2013.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 
14. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
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Estatuto da Criança 
e do Adolescente
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Conselho Tutelar e Acesso à Justiça
• Conselho Tutelar;
• Acesso à Justiça.
 · Estudar as estruturas utilizadas pelo Estatuto da Criança edo Ado-
lescente para tornar realidade os seus diversos preceitos. Não basta 
que a norma crie direitos e obrigações, é necessário que ela esta-
beleça quais são as pessoas e os Órgãos Públicos que devem atuar 
para que os comandos da Lei façam parte de nosso dia a dia. Nesse 
contexto, o Estatuto da Criança e do Adolescente criou os Conselhos 
Tutelares e os Juizados da Infância e da Juventude, que são impor-
tantes estruturas que atuam em várias situações em que os direitos 
das crianças e dos adolescentes estão em risco ou que, efetivamente, 
estão sendo lesados. Dentro do Sistema de Proteção Integral, tam-
bém criado pelo Estatuto, faz-se necessário que a sociedade conheça 
essas estruturas e saiba qual é a missão delas, pois, assim, estaremos 
contribuindo para que a Lei se torne uma verdadeira realidade.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Conselho Tutelar e Acesso à Justiça
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Conselho Tutelar e Acesso à Justiça
Conselho Tutelar
Considerações Iniciais
O Conselho Tutelar é um importante órgão criado pelo Estatuto da Criança e 
do Adolescente, pois participa ativamente do sistema de proteção integral criado 
por essa norma.
O Estatuto apresenta esse Órgão em seu Artigo 131, cuja redação é a seguinte:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não 
jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos 
direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
Dessa definição, precisamos destacar os seguintes elementos:
• Órgão permanente: significa que ele deve ser constituído formalmente e deve 
atuar de forma contínua;
• Órgão autônomo: apesar de possuir ligações com o Poder Público Municipal e 
com a Vara da Infância e Juventude da Comarca, não está subordinado a eles;
• Órgão não jurisdicional: significa que ele não está na estrutura do Poder 
Judiciário e que suas decisões não possuem características de decisões judiciais.
A sociedade incumbiu os Conselhos Tutelares de zelar pelo efetivo respeito dos 
direitos das crianças e dos adolescentes.
Lei municipal ou distrital deve dispor sobre o local, o dia e o horário de funcio-
namento do Conselho Tutelar, bem como sobre a remuneração dos respectivos 
membros (Artigo 134 do ECA).
Constituição dos Conselhos Tutelares
Cada município e cada região administrativa do Distrito Federal devem ter, pelo 
menos, um Conselho Tutelar.
Características desses Conselhos:
• São formados por 5 membros;
• Seus membros são escolhidos pela população local;
• O mandato dos membros dos Conselhos é de 4 anos, sendo permitida uma 
única recondução, mediante novo processo de escolha:
8
9
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa do 
Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como 
órgão integrante da administração pública local, composto de 5 (cinco) 
membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 (quatro) 
anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha.
Para que alguém concorra a uma das vagas no Conselho Tutelar, deve atender 
aos seguintes requisitos:
• Possuir reconhecida idoneidade moral;
• Ter idade superior a 21 anos;
• Residir no município em que pretende atuar:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão 
exigidos os seguintes requisitos:
I - reconhecida idoneidade moral;
II - idade superior a vinte e um anos;
III - residir no município.
Além dos requisitos mencionados no Artigo 133, o pretendente a uma vaga do 
Conselho Tutelar não pode incidir em nenhum dos impedimentos apontados no 
Artigo 140 do Estatuto. 
Esses impedimentos são os seguintes:
Não podem servir no mesmo Conselho:
• Marido e mulher;
• Ascendentes e descendentes;
• Sogro e genro ou nora;
• Irmãos;
• Cunhados, durante o cunhadio;
• Tio e sobrinho;
• Padrasto ou madrasta e enteado.
Também não pode o integrante do Conselho Tutelar possuir os tipos de 
parentesco citados, ou relação conjugal, com:
• O juiz que atua na Vara da Infância e Juventude;
• O promotor de justiça que atua junto à Vara da Infância e Juventude:
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UNIDADE Conselho Tutelar e Acesso à Justiça
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, 
ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, 
durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na forma 
deste Artigo, em relação à autoridade judiciária e ao representante do 
Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em 
exercício na comarca, foro regional ou distrital.
Processo de escolha – Artigo 139
O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar:
• É estabelecido em Lei Municipal;
• É realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da 
Criança e do Adolescente, sendo fiscalizado pelo Ministério Público;
• Esse processo de escolha ocorre a cada 4 anos, no primeiro domingo do mês 
de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial1;
• O dia em que se desencadeia esse processo de escolha é unificado nacionalmente.
No processo de escolha, o pretendente a uma vaga no Conselho Tutelar não 
pode doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de 
qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor.
Os conselheiros tomam posse no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao do 
processo de escolha.
Atribuições
As principais atribuições do Conselho Tutelar estão descritas no Artigo 136 do ECA:
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 
e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas 
previstas no art. 129, I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo, para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, 
previdência, trabalho e segurança;
1 Como as eleições para Presidente da República ocorrem a cada

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