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Ff Definição da Pneumonia O termo pneumonia significa inflamação das estruturas parenquimatosas do pulmão e das vias respiratórias inferiores, inclusive alvéolos e bronquíolos. (PORTH) Em pneumonias, bronquíolos respiratórios e alvéolos são preenchidos por exsudato inflamatório, o que compromete a função de trocas gasosas. Qualquer agente infeccioso – bactérias, vírus, fungos, parasitos e outros microrganismos – pode provocar pneumonias, embora a maioria delas seja causada por bactérias. Agentes infecciosos chegam aos pulmões sobretudo pelo ar inalado, embora possam atingi-los também pela corrente sanguínea. (BOGLIOGO) A propensão a infecções bacterianas é facilitada também por propriedades dos agentes infecciosos (p. ex., moléculas na parede celular que facilitam a aderência e a penetração no epitélio respiratório) ou por infecções virais prévias (necrose do epitélio pelo vírus da influenza aumenta a exposição tecidual e facilita a aderência de bactérias). Além disso, doenças pulmonares que alteram os mecanismos de defesa facilitam a colonização e a infecção bacterianas, como ocorre em indivíduos com bronquite que possuem microbiota persistente nas vias áreas distais, uma vez que inflamação crônica das vias respiratórias impede a função mucociliar, reduz a drenagem linfática e retém secreções que favorecem proliferação bacteriana. (BOGLIOGO) Epidemiologia da Pneumonia A poluição do ar é o principal fator de risco de morte por pneumonia em todas as faixas etárias. (BVS) Quase um terço de todas essas mortes foram atribuídas ao ar poluído e mataram cerca de 749.200 pessoas em 2019. A poluição do ar doméstico contribuiu com 423.000 das mortes, enquanto a poluição do ar exterior contribuiu com 326.000. (BVS) São os muito jovens e os muito velhos que correm o maior risco. As crianças são mais suscetíveis à poluição do ar doméstico em casas que usam regularmente combustíveis e tecnologias poluentes para cozinhar, aquecer e iluminar. (BVS) Enquanto a poluição do ar exterior, especialmente de poluentes emitidos por indústrias e fumaça de escapamento de automóveis, afeta desproporcionalmente a saúde respiratória entre os adultos mais velhos. (BVS) A doença é a maior causa infecciosa de mortes de adultos e crianças – ceifando a vida de 2,5 milhões de pessoas em 2019, incluindo 672.000 crianças. (BVS) O aumento dos esforços para combater a pneumonia poderia evitar quase nove milhões de mortes de crianças por pneumonia e outras doenças importantes até 2030. (BVS) A pneumonia é uma das principais causas de internação no Brasil, a maioria do s casos ocorrem nos meses de outono-inverno. Com predomínio no sexo masculino (<5 anos e >65 anos) (BVS) Etiologia da Pneumonia Os agentes etiológicos podem ser infecciosos ou não infecciosos. A inalação de fumaças irritantes ou a aspiração do conteúdo gástrico, embora sejam muito menos comuns que as causas infecciosas, podem causar pneumonia grave. (PORTH) Nos últimos anos, têm sido observadas alterações sutis no espectro dos microrganismos que causam pneumonias infecciosas, inclusive redução das pneumonias causadas por S. pneumoniae e aumento das infecções pulmonares atribuídas a outros microrganismos (p. ex., Pseudomonas, Candida e outros fungos e vírus inespecíficos). (PORTH) Streptococcus pneumoniae O S. pneumoniae é uma bactéria gram-positiva que causa uma alveolite resultante de inóculo aspirado. (DA SILVA,2012) A resistência do S. pneumoniae à penicilina e a outros antibióticos tem alertado a comunidade científica e médica quanto ao uso abusivo de antibióticos, que parece ser um dos fatores responsáveis (DA SILVA,2012) Staphylococcus aureus O S. aureus é uma bactéria gram-positiva, coagulase- positiva, esférica (aos pares, em tétrades, conglomerados ou em cacho de uva) que acomete preferencialmente indivíduos com defesas locais ou sistêmicas comprometidas, os quais muitas vezes exigem Pneumonia Tutoria 17 @juliaasoare_ tratamento hospitalar. A patogenia pode ocorrer por duas vias: na primeira, o germe coloniza a nasofaringe de seu portador, de onde é aspirado para o pulmão, alcançando os alvéolos (via brônquica, endógenoaspirativa). Na segunda, a via hematogênica, que parece ser a preferencial, surge a partir de focos cutâneos ou de outros tecidos à distância (DA SILVA, 2012) Haemophilus influenzae Na pneumonia por H. influenzae (cocobacilo gram- negativo), a infecção ocorre via inalatória por meio de gotículas aerossolizadas. (DA SILVA,2012) Moraxella catarrhalis M. catarrhalis é um diplococo gram-negativo, e a infecção se dá por via aspirativa-endógena, favorecida pela capacidade do germe de aderir às mucosas. (DA SILVA,2012) Klebsiella pneumoniae K. pneumoniae é um bacilo encapsulado gram-negativo, da família das Enterobacteriaceae. Sua patogenia é decorrente de aspiração de secreções orofaríngeas. A colonização da faringe ocorre em 1 a 6% dos indivíduos aparentemente normais e em 30% dos alcoólatras que frequentam ambulatórios. A infecção por via hematogênica é ocasional, e os focos de origem são o aparelho geniturinário, digestivo e as feridas cirúrgicas contaminadas (DA SILVA,2012) Mycoplasma pneumoniae M. pneumoniae tem propriedades comuns a bactérias e vírus, não apresenta parede e contém DNA e RNA. As pneumonias por esse agente são mais comuns entre jovens e adolescentes e raras após os 50 anos de idade. Não há preferência climática, mas a incidência da doença aumenta em uma periodicidade de três a cinco anos. A incidência é maior em comunidades que convivem em lugares fechados (orfanatos, penitenciárias, acampamentos, escolas, asilos). O contágio se dá por via inalatória, quando o germe, aderindo-se ao epitélio brônquico, lesa os cílios (DA SILVA,2012) Legionella sp A doença dos legionários é causada por um cocobacilo francamente gram-negativo denominado Legionella pneumophila. A via de contágio é inalatória, por meio de partículas de aerossol (DA SILVA, 2012) Clamydia sp As clamídias são germes gram-negativos ou lábeis e intracelulares obrigatórios. A penetração de Chlamydophila psittaci ocorre por aerossol nas vias respiratórias, onde o germe se multiplica disseminando- se pela corrente sanguínea para diversos órgãos nas duas semanas seguintes (DA SILVA,2012) Vírus Cerca de 80% das doenças respiratórias agudas são causadas por vírus (DA SILVA,2012). Os principais vírus envolvidos são os da gripe (influenza), parainfluenza, respiratório sincicial, adenovírus, rinovírus e reovírus. Os vírus herpes simples, varicela-zóster, citomegalovírus e EpsteinBarr causam doença sistêmica, acometendo secundariamente o pulmão (DA SILVA ,2012). As pneumonias podem ocorrer como processo primário ou como infecção bacteriana secundária. A transmissão viral pode se dar pelo contato direto (p. ex., pelas mãos, seguida de autoinoculação do vírus na mucosa nasal ou conjuntival – rinovírus e respiratório respiratório sincicial); por inalação de pequenas partículas de aerossol (influenza, sarampo, varicela-zóster); e por inalação de partículas de aerossol maiores a curta distância (várias outras viroses) (DA SILVA,2012) Com base nessa classificação, as pneumonias podem ser adquiridas nos hospitais ou adquiridas na comunidade. Os pacientes com disfunção imune constituem um grupo especialmente preocupante nesses dois contextos. (PORTH) As pneumonias também podem ser classificadas de acordo com o tipo de agente (típico ou atípico) que causa infecção e com base na distribuição da infecção (pneumonia lobar ou broncopneumonia). (PORTH) As pneumonias típicas resultam da infecção por bactérias que se multiplicam fora das células alveolares e causam inflamação e exsudação de líquidos para os espaços aéreos dos alvéolos. (PORTH) As pneumoniasatípicas são causadas por vírus e Mycoplasma que afetam o septo alveolar e o interstício pulmonar. Esses microrganismos causam sinais e sintomas físicos menos marcantes que as pneumonias bacterianas. Por exemplo, não há infiltração dos alvéolos e escarro purulento, leucocitose e condensação lobar nas radiografias do tórax. (PORTH) As pneumonias bacterianas agudas são classificadas como pneumonia lobar ou broncopneumonia com base em seu padrão anatômico de distribuição. Em geral, o termo pneumonia lobar refere-se à condensação de uma parte ou de um lobo pulmonar inteiro, enquanto broncopneumonia significa uma área de condensação variegada envolvendo mais de um lobo do pulmão. Fatores de Risco Efeitos do envelhecimento Não está definido se a idade é fator independente de risco da PAC. Fine et al.(7), excluindo pacientes com doenças crônicas, identificaram a idade maior que 65 anos como fator de risco independente para pneumonia complicada. (GOMES, 2001) A presença de doenças crônico-debilitantes associadas ao envelhecimento é fator preponderante relacionado com o risco de morbidade e mortalidade nessa população. (GOMES, 2001) Tabagismo/DPOC Tabagismo é importante fator de risco para PAC, por alterar as defesas locais pulmonares, tais como o clearance mucociliar. (GOMES, 2001) Outros estudos mostram em tabagistas também alteração no sistema imune e nas funções inflamatórias. Tabagismo é o fator de risco mais importante para desenvolvimento da DPOC e ambos, DPOC e tabagismo, são fatores predisponentes para PAC. (GOMES, 2001) Insuficiência cardíaca A doença cardíaca tem grande impacto de saúde pública, por ser comum entre os idosos e aumentar o risco de contrair pneumonia cerca de duas vezes, também aumentando o risco de morte relacionado à mesma. (GOMES, 2001) Pneumonia está frequentemente associada à insuficiência cardíaca, sendo que aumento do fluido alveolar pulmonar e alterações nos mecanismos de defesa locais levam a este risco aumentado. (GOMES, 2001) Colonização da orofaringe Colonização da orofaringe é um degrau inicial importante na patogênese de muitas pneumonias, inclusive na PAC. (GOMES, 2001) A má higiene oral está associada ao aumento da flora anaeróbica. Pacientes saudáveis raramente são colonizados na orofaringe por bacilos gram-negativos aeróbicos, sugerindo clearance da orofaringe eficaz em população saudável predisposta à aquisição destas bactérias. (GOMES, 2001) Micro e macroaspiração Kikuchi et al.(29) investigaram a contribuição da aspiração silenciosa durante o sono na PAC em pacientes idosos. (GOMES, 2001) Localização dos processos inflamatórios das pneumonias típica (A) e atípica (B). Broncopneumonia Distribuição do acometimento pulmonar da pneumonia lobar (A) e da broncopneumonia (B). @juliaasoare_ Mostraram que 71% dos idosos com episódios de pneumonia tinham aspirado, o que somente ocorreu em 10% dos indivíduos controles pareados por idade. Esses resultados podem indicar um importante papel da aspiração silenciosa no desenvolvimento da PAC no idoso. (GOMES, 2001) Alcoolismo/cirrose hepática O álcool afeta adversamente o sistema respiratório e o sistema imune, e o seu abuso é associado ao aumento da colonização da cavidade oral por flora gram-negativas, alterando o mecanismo de clearance respiratório, como a tosse e reflexos glótico. (GOMES, 2001) Além do aumento o risco para pneumonias, aumenta o tempo de permanência e o custo hospitalar. (GOMES, 2001) Deficiência nutricional O papel dos fatores nutricionais como fator de risco da PAC ainda não está bem definido. (GOMES, 2001) Baixo peso ao nascer, má nutrição (avaliada por antropometria) e falta de amamentação no peito parecem ser importantes fatores de risco para pneumonia na infância, sendo que intervenções nutricionais podem ter efeito importante, reduzindo as mortes por pneumonia. (GOMES, 2001) Há também maior morbidade e mortalidade por doenças respiratórias nos pacientes idosos pobres, que não possuem casa adequada, são portadores de má nutrição crônica e têm menor acesso aos cuidados de saúde. (GOMES, 2001) Imunossupressão A PAC pode surgir em indivíduos saudáveis, como também como secundária em indivíduos predisponentes, como DPOC, asma, diabetes mellitus e AIDS. (GOMES, 2001) Fatores ambientais A grande amplitude térmica diária, assim como a elevada umidade relativa do ar, predispõem à pneumonia. (GOMES, 2001) O paciente idoso tem maior número de hospitalizações por doença respiratória quando aumenta a quantidade de ozônio na atmosfera, sendo este um significante e independente fator de risco para admissão hospitalar por pneumonia. (GOMES, 2001) Fisiopatologia Geralmente os mecanismos normais de defesa do trato respiratório superior e inferior protegem o indivíduo da infecção. (BARRETO) Os microrganismos são capturados pelas células mucosas e pelo epitélio ciliado que recobrem a mucosa nasal e da orofaringe. (BARRETO) A produção local de imunoglobulina A na mucosa nasal previne a aderência bacteriana. (BARRETO) O reflexo de tosse remove partículas grandes das vias aéreas inferiores, e o epitélio ciliar e o muco dos brônquios capturam as partículas pequenas para serem removidas pela tosse. (BARRETO) O fluído alveolar contem complemento e imunoglobulinas que agem como opsoninas, a fim de os macrófagos alveolares eliminarem as bactérias. (BARRETO) Se o inoculo é elevado, os macrófagos podem produzir citoquinas, incluindo TNF e IL-1, para recrutarem neutrófilos para a área afetada. (BARRETO) Para que o processo pneumônico se desenvolva, o microrganismo deve atingir o parênquima pulmonar. (BARRETO) Existem quatro possibilidades de inoculação, que são: (BARRETO) ➢ Via aspirativa: aspiração de micropartículas da orofaringe, durante o sono profundo, alterações do nível de conscie ̂ncia (p. ex., uso de bebida alcoólica) ou defeitos da deglutição. Normalmente, a cavidade oral é colonizada por bactérias, inclusive anaeróbias, que podem ser aspiradas para o trato respiratório inferior. Em pacientes imunodeprimidos, idosos ou institucionalizados, a freqüência de bacilos gram- negativos colonizantes se eleva, predispondo a PAC por esses agentes. ➢ Via inalatória: inalação de partículas respiráveis que ficam suspensas no ar transmitidas por outros pacientes. Mecanismo que ocorre nas pneumonias por vírus, Mycoplasma pneumoniae e Legionella sp. ➢ Via hematogênica: germes lançados na corrente sangu ̈ínea provenientes de qualquer órgão podem ficar alojados no pulmão. Esse é um exemplo típico de pneumonia em usuários de drogas injetáveis ou pacientes com endocardite bacteriana. ➢ Via contigüidade: paciente com infecção próxima ao pulmão que progride e atinge seu parênquima. É um @juliaasoare_ exemplo de abscesso de parede torácica ou subfrênico Após a chegada do microrganismo nos pulmões, o desenvolvimento de um processo infeccioso depende do balanço entre as defesas do paciente e da carga e agressividade (isto é, virule ̂ncia) do microrganismo. (BARRETO) A diminuição dos mecanismos de defesa siste ̂micos ou dos intrínsecos do pulmão ocorre em geral pela presença de comorbidades ou relacionado ao tratamento destas (medicações imunossupressoras, quimioterapia, corticóides). (BARRETO) Entre as doenças mais freqüentes destacam-se a DPOC, a insuficiência cardíaca, a insuficiência renal cro ̂nica e as neoplasias malignas. (BARRETO) Eventualmente, doenças agudas podem desencadear quadros transitórios de deficiência imunológica, como a sepse ou as viroses siste ̂micas. (BARRETO) Cabe lembrar também que lesões intrínsecas do pulmão predispõem a pneumonia, tais como bronquiectasias, obstruçãoendobrônquica por tumor ou corpo estranho. (BARRETO) Em indivíduos imunocompetentes sem falhas nos mecanismos de defesa atribui-se a ocorre ̂ncia de pneumonia a características do agente etiológico. Isso pode ser relacionado à carga elevada do microrganismo ou mesmo à virulência do germe. Alguns germes desenvolveram um mecanismo para vencer as defesas do hospedeiro, como o vírus da Influenza que reduz a eficiência do clareamento mucoso por até 12 semanas, pneumococos cuja cápsula inibe a fagocitose e as micobactérias que são resistentes à atividade bactericida dos fagógicos. (BARRETO) RESUMO DA FISIOPATOLOGIA Os microrganismos causadores da pneumonia podem atingir os alvéolos pulmonares de duas formas: 1. Através da microaspiração do material proveniente das vias aéreas superiores e, 2. Menos comumente, através da inalação de aerossol contaminado do ambiente ou por via hematogênica. Chegada do patógeno nas vias respiratória (por diversos mecanismos: aspiração de secreções, inalação de aerossóis, disseminação hematogênica). ↓ A arquitetura ramificada da árvore traqueobrônquica retém microorganismos no revestimento das vias respiratórias, atividade mucociliar e fatores antibacteriano s locais eliminam ou destroem patógenos potenciais. ↓ Reflexo de engasgo, mecanismo da tosse, células da mucosa atuam como mecanismo de defesa/barreira. ↓ Quando essas barreiras são superadas ou quando os microrganismos são suficientemente pequenos para serem inalados até os alvéolos, os macrófagos alveolares residentes são extremamente eficientes na eliminação e destruição dos patógenos. Os macrófagos são auxiliados por proteínas produzidas pelas células epiteliais locais (p. ex., proteínas A e D do surfactante) e têm propriedades int rínsecas de opsonização ou atividade antibacteriana ou antiviral. Depois de serem fagocitados, os patógenos – mesmo que não sejam destruídos – são eliminados pelo sistema elevatório mucociliar ou pelos vasos linfáticos e não causam mais risco de infecção. A pneumonia evidencia-se apenas quando a capacidade dos macrófagos alveolares ingerirem ou destruírem os microrganismos é superada. ↓ Multiplicação descontrolada do patógeno ↓ A partir desse momento os macrófagos alveolares ativam resposta inflamatória para reforçar as defesas das vias aéreas inferiores. ↓ Resposta inflamatória do hospedeiro desencadeia a Sd. Clínica da pneumonia. ↓ ➢ Liberação de mediadores inflamatórios (IL-1 e TNF- α) → provoca a febre ➢ Quimiocinas (IL-8 e fator de estimulação de colônias de granulócitos estimulam a liberação de neutrófilos e sua atração ao pulmão → causa leucocitose e secreções purulentas aumentadas ➢ Mediadores inflamatórios liberados pelos macrófagos e neutrófilos → acarretam o extravasamento alvéolocapilar (semelhando ao observado na SARA) ➢ Eritrócitos atravessam a membrana alveolocapilar→ hemoptise OBS: O extravasamento alvéolocapilar é responsável pelos infiltrados radiográficos e pelos estertores à ausculta A hipoxemia é atribuída ao preenchimento do espaço alveolar @juliaasoare_ Classificação Pneumonia Adquirida na Comunidade O termo pneumonia adquirida na comunidade é usado para descrever infecções causadas por microrganismos encontrados nas comunidades, em vez de nos hospitais ou nas instituições asilares. (PORTH) Essa condição é definida por infecção que começa fora do hospital, ou é diagnosticada dentro de 48 h depois da internação hospitalar de um paciente que não residia em instituição de cuidados de longa permanência há 14 dias ou mais, até a data da internação. (PORTH) As pneumonias adquiridas na comunidade também podem ser classificadas de acordo com o risco de morte e a necessidade de internação hospitalar com base na idade, na coexistência de outras doenças e na gravidade da infecção, tendo como base os resultados do exame físico e dos testes laboratoriais e radiológicos. (PORTH) A pneumonia adquirida na comunidade pode ser bacteriana ou viral. (PORTH) A causa mais comum de infecção em todos os grupos é S. pneumoniae. Outros patógenos comuns são H. influenzae, S. aureus e bastonetes gram-negativos. Patógenos menos frequentes, ainda que se tornem cada vez mais comuns, são Mycoplasma pneumoniae, Legionella, espécies de Chlamydia e vírus – descritos algumas vezes como agentes infecciosos atípicos. (PORTH) Entre os vírus que frequentemente ocasionam pneumonias adquiridas na comunidade estão vírus influenza, vírus sincicial respiratório, adenovírus e vírus parainfluenza. (PORTH) Os padrões morfológicos nas pneumonias virais são semelhantes. (ROBBINS) O processo pode ocorrer em focos ou pode envolver os lobos inteiros, uni ou bilateralmente. À macroscopia, as áreas afetadas encontram-se congestas, vermelho- azuladas e subcrepitantes. (ROBBINS) Ao exame histológico, a reação inflamatória encontra-se predominantemente confinada às paredes dos alvéolos. Os septos são alargados e edemaciados; geralmente, contêm um infiltrado inflamatório mononuclear de linfócitos, macrófagos e, ocasionalmente, plasmócitos. (ROBBINS) Na apresentação clássica, os espaços alveolares nas pneumonias virais são livres de exsudato celular. (ROBBINS) Nos casos mais graves, no entanto, pode se desenvolver plena lesão alveolar difusa, com formação de membranas hialinas. (ROBBINS) Nos casos menos graves e sem complicações, a diminuição da intensidade da doença é seguida por uma reconstrução da arquitetura normal. (ROBBINS) A sobreposição de infecção bacteriana, como se pode esperar, leva a um quadro histológico misto. (ROBBINS) Pneumonia adquirida no hospital (nasocomial) A definição de pneumonia adquirida no hospital é infecção das vias respiratórias inferiores que não existia ou se encontrava no período de incubação por ocasião da admissão ao hospital. (PORTH) Em geral, as infecções que ocorrem 48 h ou mais depois da internação são classificadas como pneumonias adquiridas no hospital. (PORTH) Esse tipo de infecção pulmonar é a causa mais comum de infecção nosocomial e está associado ao coeficiente de mortalidade entre 30 e 50%. (PORTH) Os pacientes que necessitam de intubação e respiração artificial formam o grupo de risco especialmente alto. (PORTH) Outros grupos de risco são pacientes imunossuprimidos e com doença pulmonar crônica ou instrumentação das vias respiratórias (p. ex., intubação endotraqueal ou traqueotomia). (PORTH) @juliaasoare_ A maioria das infecções adquiridas no hospital é bacteriana. (PORTH) Os microrganismos são os que estão presentes no ambiente hospitalar e incluem P. aeruginosa, S. aureus, espécies de Enterobacter e de Klebsiella, Escherichia coli e espécies de Serratia. (PORTH) Os microrganismos que causam pneumonias adquiridas no hospital são diferentes dos envolvidos nas pneumonias adquiridas na comunidade, e alguns deles adquiriram resistência aos antibióticos e são mais difíceis de erradicar. (PORTH) Pneumonia do paciente imunossuprimido Pneumonia do paciente imunossuprimido ainda é uma causa importante de morbimortalidade. (PORTH) Em geral, o termo hospedeiro imunossuprimido é aplicável aos pacientes com várias anormalidades coexistentes no sistema de defesa. Isso inclui pacientes com imunodeficiências primária e secundária, receptores de transplantes de medula óssea, portadores de cânceres de órgãos sólidos ou hematológicos e pacientes em tratamento com corticoides e outros fármacos imunossupressores. (PORTH) Embora quase todos os tipos de microrganismos possam causar infecção primária na população imunossuprimida, alguns tipos de anormalidade imune tendem a favorecer determinados tipos de infecção. (PORTH) As anormalidades da imunidade humoral predispõem às infecções bacterianas, contra as quais os anticorpos desempenham um papelimportante, enquanto os distúrbios da imunidade celular favorecem as infecções causadas por vírus, fungos, micobactérias e protozoários. (PORTH) Neutropenia e distúrbios da função dos granulócitos (p. ex., pacientes com leucemia, em quimioterapia e depressão da medula óssea) predispõem às infecções causadas por S. aureus, Aspergillus, bactérias gram- negativas e Candida. (PORTH) O tipo de evolução da infecção frequentemente fornece indícios quanto ao agente etiológico envolvido. (PORTH) Em geral, a pneumonia fulminante é causada por infecção bacteriana, enquanto um início insidioso geralmente indica infecção viral, fúngica, micobacteriana ou causada por protozoários. (PORTH) Pneumonias bacterianas agudas ou típicas As pneumonias bacterianas ainda são uma das causas importantes de mortalidade entre os idosos e os pacientes com doenças debilitantes. Normalmente, as estruturas pulmonares situadas abaixo dos brônquios principais são estéreis, apesar da entrada frequente dos microrganismos nas vias respiratórias por inalação durante a ventilação ou a aspiração das secreções nasofaríngeas. A maioria dos indivíduos aspira imperceptivelmente pequenas quantidades de microrganismos, que colonizam suas vias respiratórias superiores, principalmente enquanto dormem. Em condições normais, esses microrganismos não causam infecção em razão das quantidades pequenas aspiradas, porque os mecanismos de defesa das vias respiratórias do hospedeiro impedem que eles cheguem às vias respiratórias distais. Supressão do reflexo da tosse, lesão do endotélio ciliado que reveste as vias respiratórias ou distúrbios das defesas imunes predispõem à colonização e à infecção do sistema respiratório inferior. A aderência bacteriana também desempenha um papel importante na colonização das vias respiratórias inferiores. As células epiteliais dos pacientes em estado crítico ou com doenças crônicas são mais receptivas à adesão dos microrganismos causadores de pneumonias. Outros fatores clínicos que favorecem a colonização da árvore traqueobrônquica são tratamento com antibióticos que alteram a flora bacteriana normal, diabetes, tabagismo, bronquite crônica e infecção viral. As pneumonias bacterianas comumente são classificadas de acordo com o agente etiológico. Isso porque as manifestações clínicas e os aspectos morfológicos e, consequentemente, as implicações terapêuticas, em geral, variam com cada agente etiológico. A discussão seguinte nesta seção enfatiza dois tipos de pneumonia bacteriana: pneumonia pneumocócica e doença dos legionários. Pneumonia pneumocócica É o agente etiológico mais comum das pneumonias bacterianas. (PORTH) @juliaasoare_ O S. pneumoniae é um diplococo gram-positivo que tem uma cápsula polissacarídica. (PORTH) A virulência do pneumococo depende de sua cápsula, que impede ou dificulta a digestão pelos fagócitos. (PORTH) O polissacarídio é um antígeno que ativa basicamente a reação das células B que desencadeiam a produção de anticorpos. Quando esses anticorpos não estão presentes, a erradicação dos pneumococos no corpo depende do sistema reticuloendotelial, com os macrófagos do baço desempenhando um papel importante na sua eliminação. (PORTH) Somado ao papel do baço na formação dos anticorpos, isso aumenta o risco de bacteriemia pneumocócica entre pacientes com asplenismo anatômico ou funcional, inclusive crianças com anemia falciforme. (PORTH) As primeiras etapas da patogênese da infecção pneumocócica são fixação e colonização do microrganismo ao muco e às células da nasofaringe. (PORTH) Colonização não significa que ocorram sinais de infecção. (PORTH) Indivíduos absolutamente saudáveis podem ser colonizados e portar o microrganismo sem indícios de infecção. Os indivíduos saudáveis colonizados são os principais responsáveis por disseminar determinadas cepas de pneumococo, principalmente as que são resistentes aos antibióticos. (PORTH) O processo patogenético da pneumonia pneumocócica pode ser dividido em quatro estágios: (PORTH) • Edema • Hepatização vermelha • Hepatização cinzenta • Regressão 1) Durante o primeiro estágio da pneumonia pneumocócica, os alvéolos são preenchidos por líquido de edema rico em proteínas contendo grandes quantidades de microrganismos. (PORTH) No primeiro estágio, de congestão, o pulmão encontra- se pesado, úmido e vermelho. Caracteriza-se por ingurgitamento vascular, líquido intra-alveolar contendo poucos neutrófilos e, frequentemente, a presença de numerosas bactérias. (ROBBINS) 2) Em seguida, há congestão capilar acentuada, que resulta no extravasamento de grandes quantidades de leucócitos e hemácias. (PORTH) Como a consistência inicial do pulmão assemelha-se à do fígado, essa fase é conhecida como estágio de hepatização vermelha. (PORTH) 3) O próximo estágio, que ocorre depois de 2 dias ou mais, dependendo do sucesso do tratamento, consiste na chegada de macrófagos, que fagocitam as células polimorfonucleares fragmentadas, as hemácias e outros restos celulares. Durante esse estágio, conhecido como estágio de hepatização cinzenta, a congestão diminui, mas o pulmão ainda se encontra enrijecido. (PORTH) É caracterizado por uma desintegração progressiva das hemácias e a persistência de um exsudato fibrinossupurativo, resultando na alteração de cor para cinza-amarronzado. (ROBBINS) 4) Em seguida, o exsudato alveolar é removido e o pulmão volta gradativamente ao normal (regressão) (PORTH) Pneumonia lobar @juliaasoare_ (A) Pneumonia aguda. Os capilares septais congestos e o intenso exsudato neutrofílico para o interior dos alvéolos correspondem à hepatização vermelha inicial. As redes de fibrina ainda não estão formadas. (B) Organização inicial de exsudatos intra-alveolares, observados nas áreas passando através dos poros de Kohn (seta). (C) Pneumonia em organização avançada, evidenciando a transformação dos exsudatos em massas fibromixoides, ricamente infiltradas por macrófagos e fibroblastos. A pneumonia pneumocócica pode ser evitada por imunização. Os polissacarídios capsulares induzem a formação de anticorpos, principalmente por mecanismos dependentes dos linfócitos T. A vacina é recomendada para indivíduos de 65 anos ou mais e para pacientes de 2 a 65 anos com doenças crônicas, especialmente distúrbios pulmonares e cardiovasculares, diabetes melito e alcoolismo, que aumentam a morbidade associada às infecções respiratórias. A imunização também está recomendada para pacientes imunossuprimidos de 2 anos ou mais, inclusive portadores de imunodeficiência congênita ou adquirida, malignidade generalizada, doença falciforme ou pacientes que fizeram esplenectomia, mieloma múltiplo, insuficiência renal, síndrome nefrótica, transplantes de órgãos e infecção pelo HIV. A vacinação também é recomendada para indivíduos que residem em ambientes especiais ou condições sociais nas quais o risco de desenvolver doença pneumocócica invasiva é maior (p. ex., nativos do Alasca, algumas populações indígenas dos EUA) e residentes de instituições asilares e serviços de cuidados médicos de longa duração. (PORTH) Doença dos legionários Doença dos legionários é um tipo de broncopneumonia causada por um bastonete gram-negativo conhecido como Legionella pneumophila. (PORTH) A transmissão interpessoal não foi confirmada e, normalmente, a infecção ocorre quando um indivíduo adquire o microrganismo do ambiente. (PORTH) Nos casos típicos, a infecção se dá quando água contendo o patógeno é suspensa em aerossol com partículas de diâmetro apropriado e é aspirada por um hospedeiro suscetível. (PORTH) Embora indivíduos saudáveis possam contrair a infecção, o risco é maior entre fumantes, portadores de doenças crônicas e pacientes com imunidade celular deprimida. (PORTH) Pneumonias atípica primáriaAs pneumonias atípicas primárias são causadas por vários microrganismos, dentre os quais o mais comum é Mycoplasma pneumoniae. (PORTH) As infecções por Mycoplasma são especialmente comuns entre crianças pequenas e adultos jovens. (PORTH) Outros agentes etiológicos são vírus (p. ex., vírus influenza, vírus sincicial respiratório, adenovírus, rinovírus, vírus do sarampo e vírus da varicela) e clamidiáceas. Em alguns casos, a causa é desconhecida. (PORTH) As pneumonias atípicas caracterizam-se por acometimento difuso dos pulmões, confinado principalmente ao septo alveolar e ao interstício pulmonar. (PORTH) O termo atípica refere-se à inexistência de consolidação pulmonar, produção de quantidades moderadas de escarro, elevação moderada da contagem de leucócitos e inexistência de exsudato alveolar. (PORTH) Os patógenos que provocam pneumonia atípica causam lesão do epitélio respiratório e deprimem as defesas das vias respiratórias, deste modo predispondo às infecções bacterianas secundárias. (PORTH) A forma esporádica de pneumonia atípica geralmente é branda e tem coeficiente de mortalidade baixo. (PORTH) Entretanto, esse tipo de pneumonia pode assumir proporções epidêmicas com gravidade acentuada e mortalidade mais alta, como ocorreu com as pandemias de influenza de 1915 e 1918. (PORTH) Manifestações Clínicas Os principais sintomas da pneumonia bacteriana aguda adquirida na comunidade são o início abrupto, com febre @juliaasoare_ alta, calafrios e tosse produzindo escarro mucopurulento; alguns pacientes podem apresentar hemoptise. (PORTH) A pleurite, quando presente, é acompanhada por dor pleurítica e atrito pleural. (PORTH) O lobo inteiro encontra-se radiopaco na pneumonia lobar, ao passo que a broncopneumonia gera opacidades focais. (PORTH) O quadro clínico modifica-se significativamente pela administração de antibióticos efetivos. Os pacientes tratados podem se tornar relativamente afebris e com poucos sinais clínicos dentro de 48 a 72 horas após o início da terapia antibiótica. (PORTH) A identificação do organismo e a determinação de sua sensibilidade antibiótica são os pilares da terapia. Atualmente, menos de 10% dos pacientes com pneumonia, grave o suficiente para exigir hospitalização, sucumbem. (PORTH) Na maioria dos casos, a morte se dá em decorrência de uma complicação, como empiema, meningite, endocardite ou pericardite, ou devido a alguma influência predisponente, como debilidade ou etilismo crônico. (PORTH) O curso clínico da pneumonia viral é extremamente variado. (PORTH) Ela pode simular uma infecção de trato respiratório superior grave ou um resfriado não diagnosticado; pode, ainda, manifestar-se como uma infecção fulminante, com risco de morte em pacientes imunocomprometidos. (PORTH) A apresentação inicial é, geralmente, uma doença febril não específica e aguda, caracterizada por febre, dor de cabeça e mal-estar e, mais adiante, tosse com pouco escarro. (PORTH) A localização do exsudato inflamatório nas paredes alveolares impede a oxigenação do sangue que percorre os espaços aéreos afetados, o que, por sua vez, causa uma incompatibilidade entre ventilação e perfusão. (PORTH) Assim, o grau de angústia respiratória comumente parece desproporcional aos achados físicos e radiográficos. (PORTH) A identificação do agente causal pode ser uma tarefa difícil. (PORTH) Resumo das manifestações: (Porto, Celmo, C. e Arnaldo Lemos Porto.) ➢ Início súbito ➢ Febre, calafrios, astenia, anorexia, mialgia, sudorese (febre pode estar ausente em 20% dos pacientes, principalmente idosos, que podem apresentar queda de estado geral, confusão mental ou piora de uma condição clínica subjacente) ➢ Dor torácica tipo pleurítica ➢ Dispneia ➢ Tosse inicialmente seca; em seguida, com expectoração (pode ser hemoptoica) ➢ Hemoptise ➢ Náuseas, vômitos e diarreia na pneumonia por Legionella ➢ Tríade sintomática de pneumonia: dor torácica (tipo dor pleurítica) + tosse seca ou produtiva + dispneia, associada a condensação pulmonar ➢ Síndrome de condensação pulmonar: expansibilidade pulmonar diminuída, frêmito toracovocal aumentado, macicez ou submacicez, murmúrio vesicular diminuído com estertores finos, sopro tubário, pectoriloquia Diagnóstico da pneumonia Anamnese Analisar as manifestações clínicas diretamente relacionadas ao aparelho respiratório e avaliar o paciente como um todo (idade, condições de saúde prévias, dados epidemiológicos, comorbidades) (Porto, Celmo, C. e Arnaldo Lemos Porto.) Exame físico Os achados clínicos de PAC são inespecíficos. Alguns aumentam a probabilidade de a pneumonia estar presente, tais como: (BARRETO) ➢ temperatura maior ou igual a 37,8°C, ➢ frequência respiratória maior que 25 mpm ➢ presença de expectoração purulenta ➢ frequência cardíaca maior que 100 bpm ➢ estertores ➢ diminuição dos sons respiratórios ➢ mialgias ➢ sudorese noturna. Entretanto, o encontro de um ou mais desses achados é insuficiente para se estabelecer o diagnóstico. (BARRETO) Uma regra simples sugerida pela British Thoracic Society é que, na ause ̂ncia de alteração dos sinais vitais (temperatura, freqüe ̂ncias cardíaca e respiratória, pressão arterial), o diagnóstico de pneumonia é @juliaasoare_ improvável. Alguns fatores clínicos independentes podem auxiliar na decisão de solicitar o exame de imagem ou não: (BARRETO) Estudos têm demonstrado que somente 40% dos pacientes com sintomas respiratórios e sinais físicos de acometimento do trato respiratório inferior tem evidência radiológica de pneumonia. (BARRETO) Sendo assim, o diagnóstico clínico de PAC é impreciso, sendo obrigatória a realização da radiografia de tórax. (BARRETO) Comprovação diagnóstica: Dados clínicos + radiografia do tórax. Exames de imagem Radiografia do tórax É utilizado a incidência PA ou perfil. (BARRETO) Identifica o comprometimento dos lobos, abcessos e tuberculose, que podem surgir. (BARRETO) Os achados radiográficos servem como parâmetro para comparações futuras e podem incluir fatores de risco sugestivos de maior gravidade (p. ex., cavitações ou padrão multilobular). (BARRETO) Em alguns casos, os resultados das radiografias sugerem o diagnóstico etiológico. Por exemplo, pneumatoceles indicam infecção por S. aureus, enquanto lesões cavitárias nos lobos superiores sugerem tuberculose. (BARRETO) Pneumonia bacteriana. A. Pneumonia pneumocócica (condensação parcial do lobo superior direito respeitando a pequena cissura). B. Radiografia do tórax na incidência PA, evidenciando consolidação no lobo superior direito delimitada pela cissura horizontal (setas). Tomografia do tórax A tomografia de tórax é o método mais sensível na identificação de acometimento infeccioso do parênquima pulmonar, porém trata-se de um método de alto custo e alta exposição à radiação. Trata-se de um exame útil principalmente nos casos em que a acurácia da radiografia de tórax e da UST é baixa, como em pacientes obesos, imunossuprimidos e indivíduos com alterações radiológicas prévias TC de tórax está indicada para: • Suspeita de infecções fúngicas • Auxiliar na exclusão de outros diagnósticos em casos selecionados • Avaliação de complicações da PAC, como abscesso de pulmão e derrame pleural loculado, além da investigação da falta de resposta clínica ao tratamento. Outros exames Exame de escarro A amostra é considerada representativa das vias respiratórias inferiores e adequada para interpretação de infecção pulmonar se forem encontrados, na coloração pelo Gram, mais de 25 neutrófilos e menos de 10 células epiteliais por campo. (Porto, Celmo, C. e Arnaldo Lemos Porto.) Pesquisa de BAAR Para excluir (ou comprovar) tuberculose pulmonar. (Porto, Celmo, C. e Arnaldo Lemos Porto.) HemoculturaBaixa sensibilidade (10%). Positiva em 10 a 20% dos casos, mais frequentemente na pneumonia pneumocócica e pneumonia por Legionella (Porto, Celmo, C. e Arnaldo Lemos Porto.) @juliaasoare_ Gasometria arterial Em pacientes internados em terapia intensiva. Oximetria de pulso para acompanhamento dos pacientes internados em enfermarias (se SpO2 < 92%, solicitar gasometria arterial) (Porto, Celmo, C. e Arnaldo Lemos Porto.) Testes sorológicos para HIV Os testes sorológicos não demonstram utilidade para a avaliação inicial de pacientes com PAC e não devem ser rotineiramente solicitados. (BARRETO) Em pacientes com idade entre 15 e 54 anos. (Porto, Celmo, C. e Arnaldo Lemos Porto.) Bacterioscopia e cultura do líquido pleural Derrame pleural ocorre em cerca de 50% dos pacientes com pneumonia. (Porto, Celmo, C. e Arnaldo Lemos Porto.) Broncoscopia Para coleta de material e obtenção de fragmentos pulmonares: deve ser utilizada em pacientes com pneumonia grave, em UTI e em pacientes com evolução desfavorável, para pesquisa de M. tuberculosis, P. carinii e fungos. (Porto, Celmo, C. e Arnaldo Lemos Porto.) OBS: Os exames laboratoriais são solicitados de acordo com condições clínicas do paciente (diabetes, insuficiência renal, hepatopatia crônica, anemia). (Porto, Celmo, C. e Arnaldo Lemos Porto.) Tratamento da pneumonia Escore CURB- 65 Este é uma ferramenta muito mais simples, derivada e validada em amostras independentes com mais de 1.000 pacientes, que utiliza somente cinco variáveis: (BARRETO) ➢ C = confusão mental (escore < 8 no abbreviated mental test); ➢ U = ureia > 50 mg/dL; ➢ R = frequência respiratória >30 ciclos/min; ➢ B = pressão arterial sistólica < 90 mmHg ou pressão arterial diastólica < 60 mmHg; 65 = idade > 65 anos Tem bom poder discriminatório do grupo de baixo risco de óbito, mas sobretudo daqueles que evoluem desfavoravelmente. Há outra versão validada desse escore sem a dosagem de uréia sérica (CRB-65), que facilita a utilização nos consultórios, onde os exames não são prontamente disponíveis. (BARRETO) ➢ CURB 65 (0-1): mortalidade baixa, provável candidato ao tratamento ambulatorial. ➢ CURB 65 (2): mortalidade intermediária, tratamento hospitalar. ➢ CURB 65 (3 ou mais): mortalidade alta, avaliar UTI se o escore for de 4-5. O aspecto mais importante a ser considerado na escolha do esquema do tratamento empírico da PAC é a gravidade da apresentação clínica inicial, principal determinante do local de tratamento do paciente: ambulatorial, hospitalar ou em unidade de terapia intensiva. Também influencia de modo significativo nessa escolha a presença de comorbidades e de condições de risco para agentes particulares. (PROTOCOLO ASSISTENCIAL PRONTO SOCORRO) Beta - lactâmicos Os beta-lactâmicos incluem as penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos e carbapenêmicos Mecanismo de ação: inibem a síntese da parede bacteriana na sua última etapa (transpeptidação). Como esses antimicrobianos possuem alta afinidade pela proteína de ligação, eles impedem a ação da transpeptidase dessas proteínas (transpeptidase é uma enzima que permite a obtenção da rigidez da parede), inibindo, assim, a formação das ligações cruzadas essenciais para a integridade da parede celular. Deste modo, a camada de peptidoglicano não foi devidamente reticulada e a membrana fica osmoticamente menos estável, podendo resultar na ruptura celular devido a pressão osmótica ou pela ativação de autolisinas (KISGEN, 2016; SILVA; RODRIGUES JUNIOR, 2022) @juliaasoare_ Macrolídeos Mecanismo de ação: se ligam irreversivelmente a um local na subunidade 50S do ribossoma bacteriano, inibindo, assim, etapas de translocação na síntese de proteínas. Eles também podem interferir em outras etapas, como a transpeptização (UNGER; GAUTHIER, 2016; KATZUNG; TREVOS, 2017) Quilononas Mecanismo de ação: bloqueiam a síntese do DNA bacteriano ao inibirem a topoisomerase II (DNA-girase) bacteriana e a topoisomerase IV. A inibição da DNA-girase impede o relaxamento do DNA positivamente superespiralado, o que é necessário para a transcrição e a replicação normais. A inibição da topoisomerase IV interfere na separação do DNA cromossomial replicado nas respectivas células filhas durante a divisão celular. Ou seja, interrompem a síntese do DNA durante a replicação bacteriana e em consequência as bactérias não podem reproduzir (KATZUNG; TREVOS, 2017) Duração da antibioticoterapia A duração do tratamento pode ser diferente conforme a gravidade da PAC: (PROTOCOLO ASSISTENCIAL PRONTO SOCORRO) ➢ Recomenda-se que para a PAC de baixa gravidade e com tratamento ambulatorial, esse seja feito com monoterapia e por 5 dias. ➢ A PAC de moderada a alta gravidade deve ser tratada com os esquemas antibióticos discutidos abaixo, por períodos de 7 a 1 0 dias. O tratamento pode ser estendido até 14 dias a critério do médico assistente. Tratamento adjuvante O uso de corticoides na PAC grave mostrou-se tanto seguro como benéfico em diversos desfechos clínicos importantes. Entretanto, são necessários novos estudos que confirmem o impacto dessa terapia sobre a mortalidade relacionada à PAC, apesar das meta-análises sugerirem a redução dessa taxa, sobretudo no subgrupo com apresentação mais grave. (PROTOCOLO ASSISTENCIAL PRONTO SOCORRO) Referências: Porto, Celmo, C. e Arnaldo Lemos Porto. Clínica Médica na Prática Diária . Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2015. Barreto, Sérgio SM Pneumologia. (Série no Consultório) . Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2008. Kumar, Vinay. Robbins Patologia Básica . Disponível em: Minha Biblioteca, (10ª edição). Grupo GEN, 2018. Norris, Tommie L. Porth - Fisiopatologia . Disponível em: Minha Biblioteca, (10ª edição). Grupo GEN, 2021. GOMES, Lucy. Fatores de risco e medidas profiláticas nas pneumonias adquiridas na comunidade. Jornal de Pneumologia, v. 27, p. 97-114, 2001. @juliaasoare_
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