Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA Centro de Ciências Jurídicas. Departamento de Direito Privado. Professor: CARLOS ALBERTO DE BRITO: Disciplina: DIREITO EMPRESARIAL I PARTE. DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL 1. SISTEMA DE PROTEÇÃO À PROPRIEDADE INDUSTRIAL 1. INTRODUÇÃO. 1.1. Noções Gerais sobre o sistema de proteção industrial. 1.1.1. Ramo: Regime jurídico-empresarial. 1.1.2. Especificidade: Direito de propriedade intelectual. Subdividido em: Direito do autor e Direito da propriedade industrial 1.1.3. Traço comum: O que o direito de propriedade industrial e o direito autoral tem em comum é o fato de protegerem bens imateriais, que resultam da atividade criativa do gênio humano, e não de forças físicas, razão pela qual são agrupados sob a denominação comum de direito de propriedade intelectual. 1.1.4. Traço diferenciador: Quanto ao objeto do direito: O direito de propriedade industrial protege a exploração de um bem imaterial e uma técnica; O direito do autor protege a obra em si. Quanto à natureza jurídica: O direito de propriedade industrial decorre de um ato administrativo, a expedição de uma patente ou de um certificado, que concede exclusividade a quem primeiro requereu. Trata-se, portanto, de um ato constitutivo; O direito do autor não decorre de um ato administrativo, mas de um ato de criação. Assim, quem primeiro criou um programa de computador tem o direito de exclusividade sobre ele e, sendo registrado no INPI, trata- se, tão somente, de um ato declaratório. Quanto à extensão da tutela jurídica: O direito de propriedade industrial protege tanto a forma exterior do objeto quanto a idéia inventiva. Conforme assevera Ulhoa (2011,162), se alguém apresenta ao INPI um pedido de patente, descrevendo de maneira diferente uma invenção já patenteada, ele não poderá receber o direito industrial que pleiteia; O direito do autor protege a forma em que a idéia se exterioriza. No caso, uma música que idealize uma desilusão amorosa poderá ter diferentes versões sem que seja considerado plágio, o que só ocorrerá se repetir idênticas notas musicais. 1.2. Contexto Histórico. 1.2.1. A perspectiva Internacional: Fase Feudal: os primeiros registro de proteção das criações e invenções identificados pelos historiadores na Europa consistiam em meros privilégios, sempre vinculados a critérios políticos de conveniência e oportunidade. Essa situação começou a modificar a partir da Codificação de patentes editadas em Veneza (1474) e na Inglaterra (1623/24) – statute of monopolies.Pela primeira vez a exclusividade do desenvolvimento de uma atividade econômica deixou de se basear apenas em critérios de distribuição geográfica de mercados, privilégios nobiliárquicos e outras restrições próprias ao regime feudal, para prestigiar as inovações nas técnicas, utensílios e ferramentas de produção. O inventor passou a ter condições de acesso às certas modalidades de monopólio concedidas pela coroa fator essencial para motivá-lo a novas pesquisas e aprimoramento de suas descobertas. Acabaram com os antigos privilégios medievais e introduziram alguns requisitos objetivos: Novidade e Utilização (aplicação industrial para a caracterização de uma invenção). Fase Industrial: Mudança nas relações econômicas. Fruto da valorização econômica. A criação como instrumento de poder e riqueza. Efeito da monetização. Razão: A dinâmica econômica atrelada ao modo de produção industrial requeria um constante aprimoramento da técnica de produzir para acelerar a oferta de bens. A tecnologia atrelada ao desenvolvimento industrial. Um novo modo de pensar sobre o estado das artes Constituição dos Estados Unidos (1789) –art. 1º, §8.8. Atribui ao Congresso da Federação poderes para assegurar aos inventores, por prazo determinado, o direito de exclusividade sobre invenção, tendo sido editada a lei correspondente em 1790. Convenção de Paris (1883). Convenção internacional da qual o Brasil é participante cujo objetivo principal é a declaração dos princípios da disciplina da propriedade industrial. A partir dela, passou- se a dar um tratamento jurídico à matéria conforme se depreende do que estabelece o art. 1º, n. 2: A proteção da propriedade industrial tem por objeto as patentes de invenção, os modelos de utilidade, os desenhos ou modelos industriais, as marcas de fábrica ou de comércio, as marcas de serviço, o nome comercial e as indicações de proveniência ou denominações de origem, bem como a repressão da concorrência desleal. Surge um conceito amplo de propriedade industrial no qual passam a integrar um mesmo ramo jurídico os: 1. Direitos dos inventores sobre as invenções 2. Direito dos empresários sobre os sinais distintivos de sua atividade e a 3. Repressão à concorrência desleal. 1.2.2. A perspectiva nacional. Segundo Ulhoa Coelho (2011, p 151): a história do direito industrial brasileiro, a exemplo do direito comercial, se inicia no processo de desentrave da nossa economia colonial, no início do sec. XIX, quando a Corte portuguesa se encontrava no Brasil, evitando Napoleão. 1809. Príncipe Regente baixa alvará que, entre outras medidas, reconheceu o direito do inventor ao privilégio da exclusividade, por 14 anos, sobre as invenções levadas a registro na Real Junta do Comércio. 1.2.2.1. Parâmetro Constitucional: 1. Constituição de 1824. Título 8º. Art. 179. Trata da inviolabilidade dos direitos civis e políticos dos brasileiros, tendo por base a liberdade, a segurança individual e a propriedade. No seu inciso XXVI determina que os inventores terão a propriedade das suas descobertas, ou das suas produções. A Lei lhes assegurará um privilégio exclusivo temporário. 2. Constituição de 1891. Secção II. Declaração de Direitos. No art. 72, assegura a brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade. Estabelece no § 2º que os inventos pertencerão aos seus autores, aos quais ficará garantido por lei um privilégio temporário. 3. Constituição de 1934. Capítulo II Dos Direitos e Das Garantias Individuais. No art. 113 assegura a brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade. Estabelece no item 18 que os inventos industriais pertencerão aos seus autores, os quais a lei garantirá privilégio temporário; item 19 assegura a propriedade das marcas de industria e comércio. 4. Constituição de 1937. O artigo 16, inciso XXI, estabelece ser competência privativa da União o poder de legislar sobre: os privilégios de invento, assim como a proteção dos modelos, marcas e outras designações de mercadorias. Tratando da Ordem Econômica, traça, no artigo 135 que na iniciativa individual, no poder de criação, de organização e de invenção do individuo, exercido nos limites do bem público, funda- se a riqueza e a prosperidade nacional. E mais A intervenção do Estado no domínio econômico só se legitima para suprir as deficiências da iniciativa individual e coordenar os fatores da produção. 5. Constituição de 1946. Capítulo II, Dos Direitos e das Garantias Individuais, art. 141, assegura a brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade. No § 17 diz que os inventos industriais pertencem aos seus autores, aos quais a lei garantirá privilegio temporário e No § 18 assegura a propriedade das marcas de industrias e comercio. 6. Constituição de 1967. Capítulo IV, dos Direitos e Garantias Individuais, art. 150, § 24, estabelece que a lei garantirá aos autores de inventos industriais privilégio temporário para a sua utilização e assegurará a propriedade das marcas de industrias e comercio. 7. Constituição de 1969. Capítulo IV, dos Direitos e GarantiasIndividuais, art. 153, § 24, estabelece que a lei garantirá aos autores de inventos industriais privilégio temporário para a sua utilização e assegurará a propriedade das marcas de industrias e comercio. 8. Constituição de 1988. TÍTULO II (Dos Direitos e Garantias Individuais), e Capítulo I (Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos), Art. 5º , XXIX. A lei assegurará aos autores de inventos industriais, privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país. 2. O SISTEMA NACIONAL DE PROTEÇÃO INDUSTRIAL. 2.1. Contexto Constitucional. 2.1.1. A Ordem Econômica na Constituição de 1988. A República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (art. 1º). A livre iniciativa. Constituem-se objetivos fundamentais; (art. 3º) Garantir o desenvolvimento nacional Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais. Direitos e garantias fundamentais: (art. 5º) Assegurar aos autores de inventos industriais, privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país. Art. 5º , XXIX. A Ordem Econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os princípios; (art. 170) Livre concorrência e Defesa do consumidor. A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise: (art. 173, § 4º) Dominação de mercados Eliminação da concorrência; Aumento arbitrário dos lucros. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas (art. 218). O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio- econômico, o bem estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal. (art. 219). A lei 10.973, de 2 de dezembro de 2004, estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à: Capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e ao Desenvolvimento industrial do País. 2.2. O Contexto infraconstitucional. A Lei de Propriedade Industrial. (nº 9.279/96). 2.2.1. Introdução. Parecer Encaminhado à Mesa pelo Relator por ela designado em Susbstituição à Comissão Especial. Emendas do Senado ao Projeto de Lei 824 de 1991. Projeto de Lei que “regula direitos e obrigações sobre propriedade industrial”. DESTAQUES: Deputado Ney Lopes. Pontos destacados: Assegurar proteção, por tempo determinado, àqueles que realizem invenções industriais, ou que recorram a indicações comerciais para distinguir os seus produtos perante o mercado. A propriedade industrial ao proteger a criação, assegura ao criador a oportunidade de explorá-la de forma lucrativa. É, pois, instrumento legal que enseja maior competitividade entre os indivíduos ou empresas. A sua natureza transitória, associada a regras coercitivas, que punem os abusos praticados no gozo dos direitos patentários, promove a concorrência e o avanço tecnológico. À medida que o desenvolvimento de novos produtos e processos passou a depender de investimentos crescentes, essa forma de proteção ganhou maior importância no cenário internacional e tornou-se fator crítico de vantagem competitiva para o País. 2.2.2. Noções Gerais de direito industrial: A. O conceito. Segundo Ulhoa Coelho (2011, v.1, p. 136). o direito industrial é a divisão do direito comercial que protege os interesses dos inventores, designers e empresários em relação às invenções, modelo de utilidade, desenho industrial e marcas. B. A proteção. A Lei 9.279/96 n o seu art. 2º estabelece que a proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante a: I. Concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade II. Concessão de registro de desenho industrial; III. Concessão de registro de marca; IV. Repressão às falsas indicações geográficas e V. Repressão à concorrência desleal. Bens Protegidos: a invenção e o modelo de utilidade (protegidos mediante a concessão de patente – instrumentalizada através da respectiva carta-patente); marca e o desenho industrial (protegidos mediante a concessão do registro – instrumentalizada através do respectivo certificado de registro). Atos Reprimidos: Falsas indicações geográficas e a Concorrência desleal. Natureza Jurídica: Para efeitos legais os direitos de propriedade industrial são considerados bens móveis. (art. 5º). D. Os Princípios: (art. 3º) Prioridade: I. ao pedido de patente ou de registro proveniente do exterior e depositado no País por quem tenha proteção assegurada por tratado ou convenção em vigor no Brasil. Assimilação: II. Aos nacionais ou pessoas domiciliadas em pais que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes. Órgão de proteção: A proteção aos direitos industriais está a cargo do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Trata-se de uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento sendo a sua Atribuição conceder privilégios e garantias aos inventores e criadores em âmbito nacional e a Competência para julgar ações contra o INPI está vinculada à Justiça Federal.
Compartilhar