Buscar

Caderno Legislação de Marcas e Patentes - 2022

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

Legislação de Marcas e Patentes 
Trilhas de Estudo – EAD – 2022
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
• Introdução; 
• Breves Apontamentos Históricos;
• Organização Mundial da Propriedade Intelectual; 
• Organização Mundial do Comércio; 
• Instituto Nacional da Propriedade Industrial;
• Direitos sobre Criações do Intelecto;
• Regime Jurídico;
• Princípios Básicos de Proteção dos Direitos Industriais;
• Proteção Internacional dos Direitos Industriais;
• Registro de Programas de Computador.
INTRODUÇÃO 	
O desenvolvimento econômico de um país está diretamente relacionado à proteção e respeito aos chamados direitos de propriedade industrial, pois estes são essenciais para que haja um efetivo fomento da atividade produtiva, bem como para que os produtos e serviços disponibilizados no mercado internacional não encontrem barreiras para serem comercializados.
Um produto ou serviço brasileiro disponibilizado para o mercado externo sofrerá incontornáveis barreiras se ficar caracterizado que em sua cadeia produtiva houve o desrespeito às normas internacionais que dizem respeito à proteção desses direitos.
Por outro lado, deve haver clara proteção para que as criações de uso industrial produzidas em nosso país possuam o mesmo nível de proteção, caso contrário haverá um desestímulo para a pesquisa e o desenvolvimento das atividades produtivas nacionais, com consequências diretas para a economia, sociedade, para os empregos, entre outros segmentos.
A proteção à propriedade industrial é um evidente elemento que, se mal gerido, acarretará uma perda de competitividade para a indústria nacional, razão pela qual há clara postura, em nosso país, para estabelecer uma forte legislação que prevê, inclusive, a caracterização de crimes para aqueles que desrespeitam o sistema protetivo vinculado a esses direitos.
BREVES APONTAMENTOS HISTÓRICOS
Muito embora se reconheça a existência de formas anteriores de proteção, foi somente no século XV, com a invenção da imprensa – ou da tipografia – pelo alemão Johannes Gutenberg, é que a questão dos direitos intelectuais passou a ter maior relevância.
Antes dessa invenção, a divulgação das obras intelectuais era realizada, especialmente, por meio
de manuscritos confeccionados pelo próprio autor ou por alguém que, sob as ordens deste, realizava essa demorada atividade. O trabalho era rústico e de pouca produtividade, o que limitava substancialmente a possibilidade de serem criados diversos exemplares. Em razão dessas características, a obra era tratada como um objeto material, ou seja, havia maior valorização do suporte em detrimento do seu conteúdo e das ideias expostas pelo seu autor.
Somente com a venda dos exemplares manuscritos é que o autor recebia uma retribuição pelo seu trabalho.
Na verdade, podemos afirmar que havia, nesse período, grande desvalorização do autor, sendo que isso se devia, em grande parte, à concepção da Igreja de que o homem era um mero emissário que levava as criações divinas para a sociedade.
Essa concepção, originada na obra de Santo Agostinho, com fundamento no pensamento de Platão, indicava que as obras eram criadas em outro plano e que, posteriormente, eram reveladas aos homens.
Somente com a Idade Moderna a concepção dos direitos intelectuais se aproximou com aquela que temos em nosso cotidiano.
Um grande marco para que essa situação se modificasse se deu, como se mencionou, com a criação da imprensa – ou tipografia – por Gutenberg, pois se iniciou um período de rápida expansão da produção e distribuição de obras literárias, em razão da grande rapidez com que passaram a ser produzidas.
A modificação da forma de reprodução da obra, contudo, não trouxe maiores benefícios para o seu autor, que foi mantido à margem da proteção normativa.
Porém, iniciou-se uma crescente preocupação na proteção dos editores dessas obras.
A criação das primeiras normas sobre o trabalho dos editores teve dupla função:
1. Incrementar um controle da monarquia e Igreja sobre a produção, pois essas instituições perderam o domínio sobre as ideias que eram propagadas para a população, colocando em risco a situação política e social dada;
2. Estabelecer mecanismos de proteção para os editores que arcavam com grandes custos para a produção dos livros, os quais, posteriormente, eram copiados por outros, sem que houvesse qualquer mecanismo para evitar que isso ocorresse.
Es sas primeiras normas estabeleceram os privilégios de impressão, por meio do qual um editor era autorizado a produzir exemplares de uma determinada obra, sendo ilegal a produção de impressos de qualquer tipo por quem não detinha esses privilégios.
Em relação à criação intelectual com aplicação industrial, foram também estabelecidos privilégios que nem sempre buscavam estabelecer proteção para o inventor, mas formas de monopólio de produção.
São famosas as primeiras concessões de privilégio para industrialização de determinados produtos. Foi o que ocorreu em 1330, quando o rei da França garantiu a exploração do fabrico de vidros, com exclusividade, ao seu inventor Philippe de Cacquery. Vale ressaltar também o privilégio concedido pelo feudo de Veneza para exploração de uma indústria gráfica, ou ainda o privilégio que aquele mesmo feudo concedeu ao inventor Galileu Galilei para a fabricação de um dispositivo hidráulico de irrigação. (BERTOLDI; RIBEIRO, 2016, p. 126)
Fugindo desse modelo de privilégios, foi somente em 1623, na Inglaterra, que surgiu a primeira lei que estabelecia a proteção das criações de emprego industrial, o denominado Statute of Monopolies, sendo que essa norma previa a outorga de patentes para invenção pelo prazo de quatorze anos. Posteriormente, outras iniciativas desse tipo surgiram nos Estados Unidos – inserindo em sua Constituição as bases da proteção de autores e inventores –, na França e em diversos outros países.
Essa maior preocupação com a proteção das obras criadas pela genialidade humana acabou por contar com uma proteção normativa mais efetiva no final do século XIX, com duas importantes convenções internacionais, a de:
• Paris, de 1883, que tratava da proteção das criações com aplicação industrial;
• Berna, de 1886 que, especificamente, tratava dos direitos autorais.
A Convenção de Berna, que ainda se encontra em vigor, é o principal instrumento internacional de proteção dos direitos autorais em obras literárias, artísticas e científicas, servindo de base para a legislação de muitos países, inclusive o nosso, que aderiu a esse tratado em 1922.
Além dessa convenção, outro importante instrumento internacional instituído para a proteção dos direitos autorais é a Convenção Universal de Genebra, de 1952.
Já em relação à Convenção de Paris – oficialmente chamada de Convenção de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial, deve ser pontuado que o Brasil fez parte dos onze países que participaram de sua criação. Essa convenção já passou por sete revisões em seu conteúdo, sendo a atual versão – realizada em 1967 e conhecida como Revisão de Estocolmo –, adotada pelo Brasil desde 1992.
A aplicabilidade da versão atual da Convenção de Paris é estabelecida pelo 
Decreto n.º 635/92.
Além desses instrumentos internacionais de proteção, deve também ser destacado o Acordo sobre Aspectos Relacionados ao Comércio dos Direitos de Propriedade Intelectual, conhecido pela sua sigla em inglês Trips – Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights –, que busca firmar elementos mínimos que os governos dos diversos países devem observar em relação às suas normas sobre a proteção da propriedade intelectual. Esse acordo é fruto das negociações realizadas pela denominada Rodada Uruguai do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt), que se desenvolveu entre 1989 e 1990.
Esses diplomas internacionais sofreram algumas revisões ditadas, em especial, pela necessidade de adequação às evoluções tecnológicas, sendo que, atualmente:
• As Convenções de Berna e de Paris são administradas pela OrganizaçãoMundial da Propriedade Intelectual – World Intellectual Property Organization (Wipo);
• A Convenção Universal de Genebra é administrada pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Unesco) ou, em português, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura; e
• Já o acordo Trips é administrado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) – World Trade Organization (WTO).
Em nosso país, a primeira forma de proteção desses direitos se deu em 1809, quando o príncipe regente D. João VI estabeleceu, por meio de um alvará, que os inventores teriam privilégio de exploração de suas criações pelo prazo de quatorze anos.
Essa forma de proteção se repetiu na Constituição de 1824 e nas demais normas que tratam do assunto até a atual Lei da Propriedade Industrial (LPI) – Lei n.º 9.279/96.
No campo dos direitos autorais, somente com o Código Civil de 1916 foi firmada uma metodologia de proteção. Contudo, as disposições dessa norma não eram suficientes para dar estabilidade nas relações jurídicas que envolviam esse tema.
Tais disposições eram, basicamente, as seguintes:
• Da propriedade literária, científica e artística – do Artigo 649 ao 673;
• Do direito de edição – do Artigo 1.346 ao 1.358;
• Da representação dramática – do Artigo 1.359 ao 1.362.
Apesar de terem sido elaboradas outras leis sobre esse assunto, somente com a Lei n.º 5.988/73 é que o nosso país passou a contar com uma lei verdadeiramente vocacionada a regular os diversos aspectos do direito autoral.Estão ainda em vigor as disposições da Lei n.º
5.988/73, que tratam de alguns temas específicos,
tais como o registro de obras intelectuais.
A Lei de 1973 acabou por ser substituída, em grande parte, pela nossa atual Lei de direitos autorais (Lei n.º 9.610/98).
Em nossa atual Carta de Direitos, as disposições sobre a proteção dos direitos autorais estão no Artigo 5º, conforme a seguir:
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a Lei fixar;
XXVIII – são assegurados, nos termos da Lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas. (BRASIL, 1988).
Em relação à proteção das criações com aplicação industrial, encontramos a seguinte disposição no Artigo 5º da Constituição Federal:
XXIX – a Lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País. (BRASIL, 1988).
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL
Essa organização internacional, mais conhecida por seu nome em inglês, World Intellectual Property Organization (Wipo), é uma agência especializada ligada à Organização das Nações Unidas, sendo sediada em Genebra, Suíça.
O principal objetivo dessa entidade é buscar a regulação de direitos do intelecto, assim entendidos os direitos autorais e os direitos de propriedade industrial.
Essa organização também possui mecanismos de arbitragem e mediação para a solução de conflitos envolvendo esses direitos.
Particularmente em relação aos direitos de propriedade industrial, há uma ligação dessa entidade com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), sendo que essas duas entidades também desenvolveram um mecanismo conjunto de resolução de controvérsias nessa área.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO
A OMC é uma organização internacional voltada para o trato da regulamentação do comércio internacional. Localizada na Cidade de Genebra, Suíça, iniciou as suas atividades em primeiro de janeiro de 1995, sendo que a sua criação se deu por força do Tratado de Marraquexe, elaborado em 1994.A OMC é mais conhecida por
seu nome em inglês, World Trade Organization e a sua
respectiva sigla, WTO.
Essa organização internacional resultou de uma série de negociações realizadas no âmbito do Gatt, especificamente na chamada Rodada Uruguai.
Essa organização internacional resultou de uma série de negociações realizadas no âmbito do Gatt, especificamente na chamada Rodada Uruguai.
Trata-se da maior organização econômica do mundo, contando, atualmente, com 164 Estados-membros, representando cerca de 98% do comércio internacional.
Os principais objetivos da OMC estão ligados à eliminação de barreiras protecionistas que dificultam a expansão do comércio internacional, sendo que, para isso, a organização busca:
• Estabelecer maior regulamentação do comércio internacional de bens e serviços;
• Adotar medidas para a proteção da propriedade intelectual.
Um destaque em sua atuação está na disponibilização, aos Estados-membros, de uma estrutura para a negociação de acordos comerciais, bem como para a resolução de disputas, sendo estas tratadas por juízes independentes.
Se um Estado nacional desejar ingressar nessa organização internacional deverá realizar alterações em sua legislação interna – a fim de se adequar aos padrões estabelecidos pela qual, inclusive no que se refere à proteção aos bens de natureza industrial –, além de ser necessária a adesão de uma série de acordos anteriormente firmados em seu âmbito – inclusive o Trips.
Assim como ocorre nas demais organizações internacionais, as deliberações da OMC são, em regra, estabelecidas por consenso entre os Estados-membros da organização.
Por esse motivo, há sempre intensa negociação sobre os temas antes da aprovação de qualquer medida.
INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL
O Inpi é uma autarquia federal, sediada na Cidade do Rio de Janeiro, criada pela Lei n.º 5.648/70, sendo que a sua finalidade precípua está descrita no Artigo 2º dessa norma, vejamos:
Art. 2º – O Inpi tem por finalidade principal executar, no âmbito nacional, as normas que regulam a propriedade industrial, tendo em vista a sua função social, econômica, jurídica e técnica, bem como pronunciar-se quanto à conveniência de assinatura, ratificação e denúncia de convenções, tratados, convênios e acordos sobre propriedade industrial. (BRASIL, 1970)
Na execução de suas finalidades, ao Inpi cabe realizar a concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade, bem como de registro de desenho industrial e marcas, além de atuar na repressão de falsas indicações geográficas e a ações que, por ferirem direitos relativos à propriedade industrial, acabam por caracterizar atos de concorrência desleal.
DIREITOS SOBRE CRIAÇÕES DO INTELECTO
Quando tratamos de direitos originados de criações do intelecto, necessariamente, precisamos fazer uma distinção da forma como se dá a proteção, considerando as obras destinadas:
• À solução de problemas que envolvam o campo técnico são protegidas pela Lei da propriedade industrial (Lei n.º 9.279/96), em que podemos destacar, do seu Artigo 2º, o seguinte dispositivo:
Art. 2º – A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante:
I – concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade;
II – concessão de registro de desenho industrial;
III – concessão de registro de marca;
IV – repressão às falsas indicações geográficas; e
V – repressão à concorrência desleal. (BRASIL, 1996)
• Ao campo estético, com a criação do belo, são protegidas pela Lei dos Direitos Autorais (Lei n.º 9.610/98).
Há, contudo, um elemento estranho nessa diferenciação: os programas de computador – softwares –, pois apesar de guardarem características mais próximas dos direitos protegidos pela Lei da propriedade industrial, são objetos de específica proteção pela Lei dos direitos autorais, bem como da Lei do software (Lei n.º 9.609/98).
Outro elemento que distingue a proteçãodesses direitos imateriais ocorre em relação à necessidade de registro das criações, pois:
• Nos direitos autorais o registro é sempre facultativo; assim, os direitos do autor nascem com a criação de sua obra, conforme Lei n.º 9.610/98:
Art. 18 – A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro.
Art. 19 – É facultado ao autor registrar a sua obra no órgão público definido no Caput e no § 1º do Art. 17 da Lei n.º 5.988, de 14 de dezembro de 1973. (BRASIL, 1998).
• Na propriedade industrial é sempre necessário o registro da criação para que haja a atribuição da titularidade sobre o qual, conforme a Lei n.º 9.279/96:
Art. 6º – Ao autor de invenção ou modelo de utilidade será assegurado o direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade, nas condições estabelecidas nesta Lei.
§ 1º – Salvo prova em contrário, presume-se o requerente legitimado a obter a patente. (BRASIL, 1996)
Em razão dessa diferença, podemos afirmar que o registro, no caso da propriedade industrial, é constitutivo do direito, ou seja, somente ao se cumprir essa exigência estabelecida pela Lei é que, efetivamente, nasce o direito daquele que criou os itens patenteáveis ou registráveis.
REGIME JURÍDICO
Muito embora no passado se discutisse a natureza jurídica dos direitos dessas formas de criação do intelecto, atualmente não há mais dúvida de que se trata de verdadeiro direito de propriedade sobre coisa imaterial, sendo que, para todos os fins, a Lei n.º 9.279/96 da propriedade industrial determina que sejam tratados como bens móveis.
“Art. 5º – Consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, os direitos de propriedade industrial”. (BRASIL, 1996).
Trata-se de direito que por natureza é transitório. Uma vez encerrado o prazo de vigência da patente ou do registro, o produto da criação cairá em domínio público, ou seja, não haverá mais direito de exclusividade em seu uso por parte do seu criador, podendo ser livremente utilizado.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS INDUSTRIAIS
Considerando os elementos apresentados pela Convenção de Paris, chamada também de Convenção da União de Paris, podemos indicar alguns princípios que, por força da adesão de nosso país a esse instrumento internacional, são plenamente incorporados à nossa legislação.
Princípio do Tratamento Nacional
Segundo este princípio é vedada qualquer forma de tratamento diferenciado entre os titulares de direitos industriais, sejam nacionais ou estrangeiros. Dessa forma, qualquer tipo de benefício dado aos nacionais também é aplicado para titulares desses direitos que sejam domiciliados fora de nosso território.
Art. 2º [...]
1) Os nacionais de cada um dos países da União gozarão em todos os outros países da União, no que respeita à proteção da propriedade industrial, das vantagens que as leis respectivas concedem atualmente ou venham a conceder no futuro aos nacionais, sem prejuízo dos direitos especialmente previstos na presente Convenção. Por consequência, terão a mesma proteção que estes e o mesmo recurso legal contra qualquer ofensa dos seus direitos, desde que observem as condições e formalidades impostas aos nacionais. (CONVENÇÃO DE PARIS..., 1967).
PRINCÍPIO DA PRIORIDADE UNIONISTA
Segundo este princípio, o titular da criação que apresentar um pedido de concessão de patente ou de registro em um dos países signatários da Convenção, tem a prioridade de requerer esse mesmo reconhecimento nos demais Estados que aderiram a esse instrumento internacional.
Dessa forma, por exemplo, se um brasileiro apresentar um pedido de concessão de patente ao Inpi para uma invenção, poderá, com prioridade sobre possíveis outros interessados, apresentar, dentro do prazo estabelecido pela Convenção, pedidos semelhantes nos demais países que aderiram a esse pacto internacional. Assim, terá ampla proteção, seja em nosso país, seja nas demais nações que compõem esse tratado.
Art. 4º [...]
A) Aquele que tiver apresentado, em termos, pedido de patente de invenção, de depósito de modelo de utilidade, de desenho ou modelo industrial, de registo de marca de fábrica ou de comércio num dos países da União, ou o seu sucessor, gozará, para apresentar o pedido nos outros países, do direito de prioridade durante os prazos adiante fixados. (CONVENÇÃO DE PARIS..., 1967). 
PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE
Em razão deste princípio, os efeitos protetivos decorrentes da concessão de uma patente ou registro sobre a propriedade industrial somente podem ser opostos no âmbito do país que o concedeu.
Dessa forma, o interessado, para que tenha ampla proteção, deve buscar esse reconhecimento também nos demais países que aderiram a esse instrumento internacional.
Isso pode ser feito com o depósito do pedido de concessão de patente em cada um dos países signatários da Convenção de Paris, ou por meio de um sistema de pedido internacional de patentes, chamado de Patent Cooperation Treaty (PCT).
Art. 4º [...]
1) As patentes requeridas nos diferentes países da União por nacionais de países da União serão independentes das patentes obtidas para a mesma invenção nos outros países, aderentes ou não à União. (CONVENÇÃO DE PARIS..., 1967). 
PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA DA CONCESSÃO DAS PATENTES E DOS REGISTROS
Igualmente com base no mesmo dispositivo citado no princípio da territorialidade, o da independência da concessão das patentes e dos registros estabelece que cada um dos Estados que aderiram à Convenção possui independência para apreciar os pedidos de reconhecimento de direitos industriais que lhe sejam apresentados, devendo, contudo, observar a questão da prioridade na concessão – conforme mencionado.
PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS INDUSTRIAIS
A questão da proteção dos direitos industriais de interessados estrangeiros é regulada pelo Artigo 3º da Lei n.º 9.279/96.
Art. 3º – Aplica-se também o disposto nesta Lei:
I – ao pedido de patente ou de registro proveniente do exterior e depositado no País por quem tenha proteção assegurada por tratado ou convenção em vigor no Brasil; e
II – aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes. (BRASIL, 1996)
>>> LPI é um instrumento de proteção dos direitos industriais dos brasileiros e estrangeiros residentes em nosso país, pessoas físicas e jurídicas.
Em relação aos autores estrangeiros que não sejam residentes em nosso país há dupla possibilidade:
1. É assegurado o respeito aos direitos estabelecidos em tratados e convenções internacionais – cabendo ser destacado aqueles apresentados na Convenção de Paris;
2. Mas para a aplicação do sistema protetivo criado pela LPI, há necessidade de que haja reciprocidade em relação ao respeito dos direitos dos brasileiros em seus países de domicílio.
Como vimos, trata-se de clara aplicação dos princípios decorrentes da Convenção de Paris em nossa legislação nacional.
REGISTRO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR
A Lei do software, na linha da Lei dos direitos autorais, estabelece que esses programas não precisam ser registrados para que os seus autores sejam protegidos, contudo, esse registro poderá, de forma facultativa, ocorrer, conforme a Lei n.º 9.609/98:
Art. 2º – O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País, observado o disposto nesta Lei.
[...]
§ 3º – A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro.
(BRASIL, 1998)
Por força do Artigo 3º da Lei do software, o Artigo 1º do Decreto n.º 2.556/98 estabeleceu que:
“Os programas de computador poderão, a critério do titular dos respectivos direitos, ser registrados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial – Inpi”. (BRASIL, 1998).
Dessa forma, os programas de computador possuem proteção que se aproxima àquela própria dos direitos autorais, mas tem registro – facultativo – como se fossem obras afetas à propriedade industrial.
 
.MsftOfcThm_Text1_Stroke_v2 {
 stroke:#000000; 
}

Continue navegando