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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO PENAL – 
PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Administração Pública 
Livro Eletrônico
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Crimes contra a Administração Pública
DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL
Dermeval Farias
Sumário
Crimes contra a Administração Pública - Parte I ..................................................................... 4
Introdução ........................................................................................................................................ 4
I – Aspectos Gerais dos Crimes contra a Administração Pública ......................................... 5
1. Divisão Topográfica .................................................................................................................... 5
2. Bem Jurídico ................................................................................................................................. 6
3. Crimes Funcionais Próprios (Puros) e Impróprios (Impuros) ............................................ 6
4. Concurso de Pessoas nos Crimes Funcionais ...................................................................... 6
5. Conceito de Funcionário ............................................................................................................ 8
6. Sujeito Ativo e Sujeito Passivo ................................................................................................ 11
7. Procedimento (Súmula 330 do STJ e Posição do STF) ........................................................12
8. Princípio da Insignificância e Crimes contra a Administração Pública ......................... 14
9. Normas de Correlação Expressa com a Parte Geral ......................................................... 18
10. Normas de Correlação Expressa com a Legislação Especial .........................................19
II – Crimes em Espécie contra a Administração Pública ........................................................21
1. Peculato ........................................................................................................................................21
2. Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou Documento ......................................... 27
3. Emprego irregular de verbas ou rendas públicas .............................................................. 30
4. Concussão ...................................................................................................................................31
5. Excesso de exação .................................................................................................................... 35
6. Corrupção Passiva .................................................................................................................... 37
7. Facilitação de Contrabando e Descaminho ......................................................................... 45
8. Prevaricação .............................................................................................................................. 50
9. Condescendência Criminosa .................................................................................................. 55
10. Advocacia Administrativa ..................................................................................................... 57
11. Abandono de Função ............................................................................................................... 62
12. Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou Prolongado ........................................ 66
13. Violação de Sigilo Funcional ................................................................................................. 67
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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Crimes contra a Administração Pública
DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL
Dermeval Farias
14. Resistência ...............................................................................................................................68
15. Desobediência .......................................................................................................................... 70
16. Desacato ................................................................................................................................... 74
17. Denunciação Caluniosa .......................................................................................................... 76
18. Falso Testemunho ................................................................................................................... 77
19. Violência Arbitrária ................................................................................................................. 81
Questões de Concurso .................................................................................................................82
Gabarito ......................................................................................................................................... 107
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 108
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Crimes contra a Administração Pública
DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL
Dermeval Farias
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - PARTE I
Introdução
Olá! Sou o professor Dermeval Farias. É com prazer que iniciamos mais um capítulo do 
material em PDF do Gran Cursos Online. Apresentamos desta vez o estudo sobre PARTE ES-
PECIAL, com os principais crimes contra a administração pública.
De início, vale ressaltar que o material em PDF, da PARTE GERAL de Direito Penal, que pro-
duzimos e que se encontra na Plataforma do Gran Cursos Online, constitui o principal conte-
údo para concursos e para o próprio conhecimento do Direito Penal.
Dito de outro modo, a PARTE GERAL do Direito penal, sua doutrina, representa a etapa 
mais importante da caminhada para a compreensão do Direito Penal e, em média, muito mais 
de 70% das questões de provas de concursos. Isso quer dizer que a PARTE ESPECIAL e a 
LEGISLAÇÃO ESPECIAL CRIMINAL, conquanto sejam importantes, não possuem o conteúdo 
mais complexo do Direito Penal.
Vale ainda acrescentar que nos nossos PDFs de PARTE GERAL já constam muitos exem-
plos de PARTE ESPECIAL, dos crimes contidos na PARTE ESPECIAL. É certo que as questões 
de concursos jurídicos de PARTE ESPECIAL, quando complexas, sempre misturam os temas 
de PARTE GERAL.
Portanto, o aluno deve, com relação ao uso dos PDFs, em primeiro lugar, estudar os PDFs 
de PARTE GERAL e, somente depois, iniciar o estudo da PARTE ESPECIAL e da LEGISLAÇÃO 
ESPECIAL CRIMINAL.
No desenvolvimento dos PDFs de PARTE ESPECIAL, não faremos tratados, uma vez que 
essa não é a proposta do material em PDF. O objetivo se concentra na apresentação apenas 
dos principais tópicos de cada crime, com destaque maior para os crimes mais cobrados em 
provas de concursos.
Ressalta-se que, neste presente PDF, trataremos apenas dos principais crimes contra a 
administração pública, que são mais de duas dezenas, fazendo uso do conteúdo da legisla-
ção, doutrina, jurisprudência e das questões correlacionadas com o tema abordado.
É preciso alertar que, em razão das dúvidas que sempre são manifestadas pelos alu-
nos quanto à forma de estudo, nenhum material, por si só, é 100% completo para todos 
os concursos jurídicos e não jurídicos.O estudo correto e organizado para concursos en-
volve: excelentes videoaulas; bons livros; excelentes PDFs; leitura e releitura da lei seca; 
estudo da jurisprudência; resolução de questões; realização de provas. Tudo isso deve ser 
feito de maneira cíclica, com repetição, com anotações, com administração do tempo de 
estudo, bem como acompanhado de uma correta divisão das matérias diárias que devem 
ser estudadas.
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Crimes contra a Administração Pública
DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL
Dermeval Farias
Como sempre fazemos na preparação das aulas de magistério, faço sempre uma prévia 
pesquisa dos manuais de Direito Penal e, principalmente, de artigos e livros específicos in-
dicados nas referencias bibliográficas, acompanhados de jurisprudência e de questões de 
concursos, comentadas nos seus itens de marcação.
É certo que seguimos a direção de nossas aulas, uma vez que, há mais de 16 anos, temos 
preparado candidatos para os mais diversos concursos jurídicos do país: Juiz Estadual, Juiz 
Federal, Procurador da República, Promotor de Justiça, Defensor Público, Delegado de Polícia 
(Civil e Federal), Analista Jurídico, Advogado da União e outros.
Tenho muito prazer em trabalhar hoje com colegas que são promotores de justiça, junta-
mente comigo, que outrora eram alunos; bem como magistrados; delegados de polícia; de-
fensores públicos; procuradores; analistas; advogados; que são ex-alunos que encontramos 
em audiências, nos júris etc.
Por fim, importa alertar que, quando necessários, serão apresentados resumos, quadros 
sinópticos, dicas e destaques sobre pontos específicos de cada instituto jurídico de direito pe-
nal, de modo a facilitar a compreensão e, por consequência, o acerto em provas de concursos.
O estudo do tema foi dividido em três partes organizadas da seguinte forma: aspectos 
gerais dos crimes contra a administração pública; crimes em espécie contra a administração 
pública; e questões de concursos comentadas sobre crimes contra a administração pública.
I – Aspectos GerAIs dos crImes contrA A AdmInIstrAção públIcA
Nesta primeira parte do material em PDF, foi realizada a apresentação dos temas gerais 
pertinentes aos crimes contra a administração pública, os quais são de estudo necessário 
para a devida compreensão da adequação típica, da possibilidade ou não do concurso de 
pessoas, da possibilidade ou não de incidência do princípio da insignificância, do significado 
da elementar funcionário público nos crimes funcionais, entre outros assuntos relevantes.
1. dIvIsão topoGráfIcA
Os crimes contra a administração pública, no que concerne à divisão topográfica, estão 
inseridos no Título XI da Parte Especial do atual Código Penal brasileiro, de 1940 (A reforma 
da Parte Geral é de 1984). Os crimes do respectivo título foram distribuídos em capítulos da 
seguinte forma: Capítulo I- dos crimes praticados por funcionários públicos contra a admi-
nistração em geral; Capítulo II- dos crimes praticados por particular contra a administração 
em geral; Capítulo II A- dos crimes praticados por particular contra a administração pública 
estrangeira; Capítulo III- dos crimes contra a administração pública da justiça; e Capítulo IV- 
dos crimes contra as finanças públicas
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Crimes contra a Administração Pública
DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL
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2. bem JurídIco
Os crimes contra a administração pública possuem como bem jurídico principal a mora-
lidade administrativa. De forma secundária, pode também ser atingido o patrimônio material 
da administração e, também, do particular.
3. crImes funcIonAIs próprIos (puros) e ImpróprIos (Impuros)
Os crimes funcionais contra a administração pública são, ainda, classificados em próprios 
(puros) e impróprios (impuros).
Os primeiros – próprios ou puros – são aqueles que, cometidos por funcionários públicos, 
não possuem semelhante conduta típica para os não funcionários públicos, os particulares. 
Portanto, há necessidade de que o sujeito ativo da conduta seja funcionário público, de modo 
que, se não houver a figura do sujeito ativo funcionário público, não haverá crime, isto é: ha-
verá uma conduta atípica (atipicidade absoluta). Exemplos: arts.319 (prevaricação), 320 (con-
descendência criminosa) e 323 (abandono de função).
De outro lado, os segundos – impróprios ou impuros – são os crimes funcionais que pos-
suem uma conduta semelhante tipificada quando o sujeito ativo for um particular, um não 
funcionário público, de forma que, se não houver a figura do sujeito ativo funcionário público, 
haverá crime, uma adequação típica para um crime não funcional, ou seja: haverá uma con-
duta típica, uma forma de atipicidade relativa, diante da possibilidade de desclassificação da 
conduta de crime funcional para outra conduta típica que não corresponde a um crime funcio-
nal. São exemplos: peculato apropriação do art. 312 caput, o qual possui correspondência na 
apropriação indébita do art.168; peculato furto do art. 312, § 1º, o qual possui correspondência 
no crime de furto do art.155, todos do CP.
Questão: caiu no concurso de Promotor de Justiça do MPSP de 2010 a seguinte assertiva 
considerada correta: “crimes funcionais impróprios são aqueles que podem revestir-se de par-
cial atipicidade”. Item correto, conforme explicação do parágrafo anterior.
4. concurso de pessoAs nos crImes funcIonAIs
O crimes funcionais são os crimes cometidos por funcionários públicos contra a adminis-
tração pública, que estão distribuídos no Código Penal e, ainda, na Legislação Especial crimi-
nal. Os crimes funcionais previstos na Parte Especial do Código Penal constam nos art.312 
ao art.327.
A doutrina penal discute a possibilidade ou não de concurso de pessoas nos crimes funcio-
nais. O concurso de pessoas se desmembra em coautoria e participação (vide PDF sobre con-
curso de pessoas na plataforma do Gran, professor Dermeval Farias). É possível, em regra, con-
curso de pessoas em crimes funcionais, mas é importante considerar algumas peculiaridades.
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Em primeiro lugar, o concurso de pessoas em crimes funcionais não pode ser explicado 
com a teoria do domínio do fato, uma vez que tal teoria não se aplica aos crimes classificados 
como crimes de infração de dever. Do mesmo modo, tal teoria não se aplica aos crimes culpo-
sos, logo não pode explicar, por exemplo, coautoria em peculato culposo.
Outro aspecto relevante merece ser destacado: os crimes funcionais são crimes próprios 
porque exigem uma qualidade especial do sujeito ativo, ou seja, a condição de funcionário 
público. No entanto, alguns crimes funcionais, além da elementar funcionário pública, exigem 
execução personalíssima (não admitem a transferência da execução a terceira pessoa), ou 
seja, são crimes de mão própria, como ocorre, por exemplo, no crime abandono de função do 
art.323 do CP. Logo, em talmodalidade delitiva, será admitida a participação, mas não será 
admitida a coautoria (sobre a relação entre crime comum, próprio e mão própria com os ins-
titutos da coautoria, participação e autoria mediata, vide PDF sobre concurso de pessoas na 
plataforma do Gran, professor Dermeval Farias).
Vale registrar, portanto, a título de ilustração que é possível coautoria em crime de peculato 
entre um extraneus (particular) e um intraneus (funcionário público). Exemplo: Caio, particu-
lar, em coautoria mediante divisão de tarefas com Francisco (funcionário público), decidem 
cometer um crime de peculato furto. Na prática do fato, Francisco faz uso de sua condição 
de funcionário público para facilitar o cometimento do crime, o que era do conhecimento de 
Caio. Ambos subtraíram um computador da administração pública que estava em uma sala na 
qual Francisco e outros servidores tinham o acesso porque portavam a chave/senha da porta. 
Francisco subtraiu, enquanto Caio o ajudou a desinstalar a máquina e o alarme. Francisco e 
Caio responderão pelo crime do art.312 do CP. Ressalta-se que o artigo 29 cuida da coautoria 
de Caio no presente caso, enquanto o art.30 cuida da comunicação da condição de funcionário 
público ao particular.
Nesse sentido, já decidiu o STJ:
STJ “[…] 14. A condição de funcionário público - elementar do tipo penal do art. 312 do 
CP - exercida por um dos recorrentes, à época do crime, comunica-se aos demais réus, 
nos termos do art. 30 do CP. […] (REsp 1707850/ES, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA 
TURMA, julgado em 13/03/2018, DJe 12/04/2018)”.
Do mesmo modo, decidiu o STF:
STF “[...] 4. O fato de a acusada não ser funcionária pública não impede que seja denun-
ciada pela prática de peculato, se, consciente dos atos praticados pelos supostos auto-
res do crime, é beneficiada pela apropriação ou pelo desvio. 5. Na hipótese de que se 
trata, a denunciada, antes mesmo do episódio retratado no vídeo aportado aos autos 
(recebimento de valores em espécie), conscientemente, aderiu às ações dos demais 
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Crimes contra a Administração Pública
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agentes, contribuindo, portanto, para a produção do resultado lesivo, de modo a confi-
gurar a sua condição de partícipe no delito funcional praticado pelo funcionário público. 
6. O acolhimento das alegações da defesa redundaria na caracterização do recebimento, 
em proveito próprio e para o fim de obter proveito ilícito, de coisa sabidamente produto de 
crime (art. 180, § 6º, do Código Penal), não sendo possível rejeitar a denúncia por suposta 
atipicidade das condutas. 7. Denúncia recebida.
(Inq 3113, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 02/12/2014, 
DJe-025 DIVULG 05-02-2015 PUBLIC 06-02-2015)”.
5. conceIto de funcIonárIo
O conceito de funcionário público, para efeito penal, decorre da previsão do art.327 e de 
seus parágrafos. Entende-se que o conceito de funcionário público é amplo, não restrito. 
Essa é a posição da jurisprudência atual, seja no sentido de sujeito ativo ou de sujeito passi-
vo do crime.
Ademais, importa esclarecer que a expressão ‘funcionário público’ constitui uma elementar 
normativa dos crimes funcionais, que requer uma importação do sentido dado no artigo 327 
para a devida interpretação da adequação típica dos crimes funcionais. Vale ressaltar que não 
basta a presença de funcionário público para a ocorrência do crime funcional, mas é necessá-
rio que o agente se valha da condição de funcionário, das características que lhe são inerentes 
para o desempenho da atividade funcional, para, desse modo, cometer o crime.
Segundo Gueiros e Japiassu (2020, p.1002-1003):
“o conceito do art.327, do CP, abarca, também, o particular que, gratuita e circunstancialmente, 
presta determinado dever público – munus público–, tal como ocorre com os jurados do Tribunal 
do Júri, os mesários das eleições gerais e o depositário legal etc. Vê-se, assim, que o Código Penal 
preocupa-se mais com a atividade pública efetivamente desempenhada pela pessoa, independen-
temente do caráter precário ou gracioso da mesma”.
Sore no tema em análise, o art.445 do Código de Processo Penal dispõe: “O jurado, no 
exercício da função ou a pretexto de exercê-la, será responsável criminalmente nos mesmos 
termos em que o são os juízes togados”.
Vale destacar o sentido da elementar funcionário público na interpretação jurisprudencial:
STJ “[...] II - A teor do disposto no art. 327 do Código Penal, considera-se, para fins 
penais, o estagiário de autarquia funcionário público, seja como sujeito ativo ou passivo 
do crime. (Precedente do Pretório Excelso) III - Não há que se confundir flagrante pre-
parado, modalidade que conduz à caracterização do crime impossível, com o flagrante 
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DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL
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esperado. [...] (HC 52.989/AC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 
23/05/2006, DJ 01/08/2006, p. 484)”.
STJ “[...] 3. Estabelecido que o crime é de furto mediante fraude, imperioso esclarecer 
que a Recorrida, estagiária da Caixa Econômica Federal, equipara-se, para fins penais, ao 
conceito de funcionária pública, nos amplos termos do art. 327 do Código Penal. Assim, 
sua conduta subsume-se perfeitamente ao crime do art. 312, § 1º, do Código Penal. 4. 
Para caracterizar o peculato-furto não é necessário que o funcionário tenha o bem sub-
traído sob sua guarda, bastando apenas que o agente se valha de qualquer facilidade a 
ele proporcionada para cometer o crime, inclusive o fácil acesso à empresa pública. 5. 
Recurso provido. (REsp 1046844/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado 
em 06/10/2009, DJe 03/11/2009)”.
STJ “[...] 1. Somente após o advento da Lei 9.983/2000, que alterou a redação do art. 
327 do Código Penal, é possível a equiparação de médico de hospital particular conve-
niado ao Sistema Único de Saúde a funcionário público para fins penais. Precedentes.
2. In casu, a conduta descrita na exordial acusatória é anterior à edição da aludida norma, 
razão pela qual não merece reforma o aresto proferido pelo Tribunal a quo que manteve 
a rejeição da denúncia na qual os recorridos são acusados pelo crime de concussão. 
3. Recurso Especial improvido. (REsp 1067653/PR, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA 
TURMA, julgado em 04/12/2009, DJe 01/02/2010)”.
STJ “[...] 4. A Sexta Turma deste Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julga-
mento do Recurso Especial n. 1.519.662/DF, também de minha relatoria, à unanimidade, 
assentou entendimento de que “o conceito de entidades paraestatais existente no § 1º 
do artigo 327 do Código Penal contempla as chamadas Organizações Sociais, estas pre-
vistas no âmbito federal pela Lei n. 9.637/98 e na órbita distrital pela Lei n. 2.415/99”, 
de maneira que, levando em conta que “o ICS foi qualificado como Organização Social 
pelo artigo 19 da Lei Distrital n. 2.415/99, tem-se que seus dirigentes são equiparados 
a funcionários públicos para os efeitos penais, submetendo-se às sanções direciona-
das aos crimes praticados por funcionários públicos contra a administração pública em 
geral, em razão da norma extensiva prevista no § 1º do artigo 327 do Código Penal, que 
equipara a funcionário público, todo o agenteque exerce cargo, emprego ou função em 
entidade paraestatal”. [...] (AgRg no REsp 1575378/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE 
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 20/09/2016, DJe 04/10/2016)”.
STJ “[...] I - Estabelece o art. 327, caput, do CP, que “Considera-se funcionário público, 
para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce 
cargo, emprego ou função pública.”. O conceito de funcionário público ora disposto é 
diverso e mais amplo que aquele do Direito Administrativo e se aplica tanto ao sujeito 
ativo como ao sujeito passivo. II - No caso, a FUNAI, por meio da Portaria n. 1766/E, de 
19/09/1984, destacou servidores e colaboradores, dentre eles dois Padres - Thomas de 
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Crimes contra a Administração Pública
DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL
Dermeval Farias
Aquino Lisboa e Vicente Cañas (vítima) - para compor Grupo de Trabalho-GT, objetivando 
a definição dos limites da área da reserva indígena denominada Salumã, caso em que 
se mostra plenamente aplicável o disposto no art. 327 do CP, equiparando-se a vítima a 
funcionário público para fins penais. III - Sendo a vítima equiparada a funcionário público 
para fins penais, aplica-se o disposto na Súmula n. 147 desta Corte de Justiça, segundo 
a qual: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra fun-
cionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.” IV - Ainda que 
assim não fosse, nos termos do art. 109, I e XI, e art. 231, da CF, compete à Justiça Fede-
ral processar e julgar crimes que envolvam interesse da União e a disputa sobre direitos 
indígenas, incluindo-se não apenas as questões alusivas às terras, mas também aquelas 
ligadas à “organização social, costumes, línguas, crenças e tradições”. V - Depreende-se 
dos autos que o crime teve por motivação a disputa por terras indígenas, considerando o 
efetivo trabalho da vítima no Grupo Técnico que apresentou proposta de demarcação das 
terras a serem destinadas à reserva indígena Salumã. Assim, a competência para julgar 
os fatos é da Justiça Federal. Ordem denegada. (HC 402.964/MT, Rel. Ministro FELIX FIS-
CHER, QUINTA TURMA, julgado em 21/11/2017, DJe 28/11/2017)”.
Vale destacar ainda que o grau do cargo exercido pelo servidor público pode ser valorado 
no momento da dosimetria da pena base– não constitui bis in idem– conforme entendimento 
atual do Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal:
STJ [...] “3. Outrossim, no caso, inexiste bis in idem no uso dos fundamentos para exas-
perar a pena na primeira fase da dosimetria, uma vez que o aumento foi motivado em 
fatos distintos, já que o cargo público não se confunde com a função de confiança exer-
cida. Com efeito, além de o réu ser funcionário da segurança pública, o que confere 
maior gravidade ao seu delito, utilizou do poder que o cargo de chefia lhe conferiu para 
obter vantagem indevida, com violação do dever funcional. 4. Por constituir nítida inova-
ção recursal, mostra-se indevida, no caso, a análise da tese de ilegalidade da aplicação 
da causa de aumento de pena para majorar a pena-base. No âmbito de agravo regimental 
e de embargos de declaração, não se admite que a Parte, pretendendo a análise de teses 
anteriormente omitidas, amplie objetivamente as causas de pedir e os pedidos formula-
dos na petição inicial ou no recurso. 5. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no HC 548.785/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 
13/10/2020, DJe 23/10/2020)”.
STJ “[...] 6. É legítima a exasperação da pena-base pela culpabilidade em razão da 
modalidade de cargo público ocupado - Secretário Municipal de Gestão Pública, não se 
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confundindo com a elementar com funcionário público do tipo penal, por denotar maior 
reprovabilidade da conduta.
7. Esta Corte possui entendimento pacífico no sentido de que o valor do prejuízo aferido 
constitui fundamento apto a autorizar a exasperação da pena-base com apoio nas con-
sequências do delito.
8. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, a exasperação da pena-base não se 
dá por critério objetivo ou matemático, uma vez que é admissível certa discricionariedade 
do órgão julgador, desde que vinculada aos elementos concretos dos autos.
9. Fundamentada valoração negativa de 2 circunstâncias do crime, o aumento de 2 anos 
sobre o mínimo legal não se mostra manifestamente desproporcional, tendo em vista o 
intervalo entre as penas máxima e mínima do crime do art. 317, caput, do CP - 2 a 12 anos 
de reclusão.
10. Agravo regimental provido para conhecer do agravo em recurso especial, mas lhe 
negar provimento.
(AgRg no AREsp 1717936/PR, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 
15/09/2020, DJe 23/09/2020)”.
STF “[...] Ementa: 1. À luz do disposto no art. 59 do Código Penal, é válida a exasperação 
da pena-base quando, em razão da aferição negativa da culpabilidade, extrai-se maior 
juízo de reprovabilidade do agente diante da conduta praticada. 2. No crime de concus-
são, previsto no art. 316 do Código Penal, embora a condição de funcionário público 
integre o tipo penal, não configura bis in idem a elevação da pena na primeira fase da 
dosimetria quando, em razão da qualidade funcional ocupada pelo agente, exigir-se-ia 
dele maior grau de observância dos deveres e obrigações relacionados ao cargo que 
ocupa. 3. Tendo em vista a condição de policial civil do agente, “a quebra do dever legal 
de representar fielmente os anseios da população e de quem se esperaria uma conduta 
compatível com as funções por ela exercidas, ligadas, entre outros aspectos, ao con-
trole e à repressão de atos contrários à administração e ao patrimônio público, distan-
cia-se, em termos de culpabilidade, da regra geral de moralidade e probidade adminis-
trativa imposta a todos os funcionários públicos.” (RHC 132.657, Relator(a): Min. TEORI 
ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 16/02/2016, Dje-039). 4. Ordem denegada. (HC 
132990, Relator(a): LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão: EDSON FACHIN, Primeira Turma, 
julgado em 16/08/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-138 DIVULG 22-06-2017 PUBLIC 
23-06-2017)”.
6. suJeIto AtIvo e suJeIto pAssIvo
Os crimes contra a administração pública contidos nos arts.312 a 327 são cometidos por 
funcionário público (podendo ser realizados em coautoria com particular) que é, portanto, o 
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sujeito ativo. Os demais crimes contra a administração pública previstos entre os arts328 
e 359H são crimes competidos por particular ou por funcionário público (sem fazer uso do 
cargo, por exemplo), que são portanto os sujeitos ativos. O sujeito passivo é a administração 
pública (federal, estadual, municipal), mas é possível a existência de sujeito passivo secundá-
rio, ou seja, um particular prejudicado, por exemplo.7. procedImento (súmulA 330 do stJ e posIção do stf)
O procedimento dos crimes funcionais é disciplinado no Código de Processo Penal nos 
artigos 513 a 518. O texto do artigo 514 do CPP merece destaque, o qual diz:
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará 
autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze 
dias.
Com o objetivo de conferir uma interpretação uniforme sobre o dispositivo, o STJ editou 
a súmula 330, a qual alerta que o procedimento do art.514 não precisa ser seguido quando 
a Denúncia do Ministério Público estiver ancorada em investigação produzida em inquéri-
to policial.
Sumula 330 do STJ: “É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do 
Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial”.
O STF não tem seguido a linha de raciocínio contida na súmula 330 do STJ, ou seja, para o 
Supremo Tribunal Federal, deve ser aplicada a redação do art.514 tal qual se encontra no CPP. 
Todavia, tanto STJ quanto STJ entendem que a nulidade pelo descumprimento do art.514 é 
relativa (necessidade de demonstrar prejuízo), não é absoluta.
STF “[...] 1. É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que, para o reconheci-
mento de nulidade decorrente da inobservância da regra prevista no art. 514 do CPP, é 
necessária a demonstração do efetivo prejuízo causado à parte. [...]. 4. Ordem denegada.
(HC 128109, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 08/09/2015, 
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-189 DIVULG 22-09-2015 PUBLIC 23-09-2015)”.
STF “[...] 1. Havendo imputação de crimes funcionais e não funcionais, não se aplica o 
procedimento previsto nos arts. 513 e seguintes do Código de Processo Penal, a tornar 
prescindível a fase de resposta preliminar nele prevista. Precedentes. 2. Em face da pres-
cindibilidade desse ato, é irrelevante que, por ocasião da apresentação da resposta prevista 
no art. 514 do Código de Processo Penal, facultada pelo juízo de primeiro grau ao arrepio 
da jurisprudência do STF, ainda não constassem dos autos alguns dos documentos em 
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que se lastreava a denúncia. 3. A finalidade da resposta preliminar prevista no art. 514 
do Código de Processo Penal é “permitir que o denunciado apresente argumentos capa-
zes de induzir à conclusão de inviabilidade da ação penal” (HC n. 89.517/RJ, Segunda 
Turma, Relator o Ministro Cezar Peluso, DJe de 12/2/10). 4. As mesmas teses defensi-
vas que nela podem ser deduzidas também podem sê-lo na defesa preliminar prevista 
no art. 396 do Código de Processo Penal, na qual “o acusado poderá arguir preliminares 
e alegar tudo o que interesse à sua defesa”, a afastar a alegação de cerceamento de 
defesa. 5. É pacífica a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que 
eventual nulidade decorrente da inobservância do procedimento do art. 514 do Código 
de Processo Penal não prescinde da efetiva demonstração do concreto prejuízo supor-
tado. Precedentes. 6. A renovação do prazo da resposta prevista no art. 396 do Código 
de Processo Penal, após a juntada dos documentos faltantes, assegurou aos recorren-
tes a oportunidade de reapresentar as suas teses defensivas, a demonstrar a ausência 
de prejuízo concreto a sua defesa. 7. A superveniência da sentença condenatória torna 
prejudicada a pretensão de anulação da ação penal para renovação da resposta prevista 
no art. 514 do Código de Processo Penal. Precedentes. 8. Recurso não provido.(RHC 
127296, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 02/06/2015, PRO-
CESSO ELETRÔNICO DJe-128 DIVULG 30-06-2015 PUBLIC 01-07-2015)”.
STJ “[...] 2. Prevalece no moderno sistema processual penal que eventual alegação de 
nulidade deve vir acompanhada da demonstração do efetivo prejuízo. Como é cediço, 
não se proclama uma nulidade sem que se tenha verificado prejuízo concreto à parte, sob 
pena de a forma superar a essência. Vigora, portanto, o princípio pas de nullité sans grief, 
a teor do que dispõe o art. 563 do Código de Processo Penal.
3. A ação penal foi precedida por sindicância administrativa e por procedimento investi-
gatório, o que revela a desnecessidade de observância do procedimento previsto no art. 
514 do CPP, cuidando-se, inclusive, de entendimento sumulado no verbete n. 330 desta 
Corte. Ainda que assim não fosse, não se observa em que consistiria eventual prejuízo 
acarretado pela não observância do referido dispositivo legal, principalmente diante da 
efetiva existência de investigação prévia. Não se pode descurar, ademais, que na hipótese 
em que há imputação concomitante de delitos funcionais e não funcionais, como no pre-
sente caso, a regra do art. 514 do Código de Processo Penal não prevalece. [...] 7. Habeas 
corpus não conhecido. Liminar revogada. (HC 510.584/MG, Rel. Ministro REYNALDO 
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 10/12/2019, DJe 19/12/2019)”.
STJ [...] 5. A não observância do disposto no art. 514 do CPP não acarretou nulidade pro-
cessual, a uma porque o recorrente não ostentava mais a condição de funcionário público, 
a duas porque a ação penal foi precedida por procedimento investigatório, a três porque 
não ficou demonstrado eventual prejuízo acarretado, a quatro porque foram imputados 
crimes funcionais e não funcionais, não se aplicando, assim, o procedimento previsto no 
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art. 513 e seguintes do CPP. [...] 9. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg 
no REsp 1675663/RS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, 
julgado em 03/12/2019, DJe 12/12/2019)”.
STJ “[...] 1. “A inobservância do procedimento previsto no artigo 514 do Código de Pro-
cesso Penal gera, tão-somente, nulidade relativa, que, além de dever ser arguida no 
momento oportuno, exige a demonstração do efetivo prejuízo daí decorrente” (RHC n. 
83.135/SE, relatora Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado 
em 15/8/2017, DJe 24/8/2017).
2. Considerando que o disposto no art. 226 do CPP configura, aos olhos deste Tribunal 
Superior, mera recomendação legal, a inobservância das formalidades legais para o reco-
nhecimento pessoal do acusado não enseja nulidade quando o ato for formalizado de 
forma diversa da normativamente prevista. 3. A questão refere-se ao regime inicial de 
cumprimento da reprimenda, que já foi objeto de análise por esta Sexta Turma em habeas 
corpus, inexistindo motivo hábil para nova deliberação. 4. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no AREsp 1340162/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA 
TURMA, julgado em 03/09/2019, DJe 12/09/2019)”.
8. prIncípIo dA InsIGnIfIcâncIA e crImes contrA A AdmInIstrAção públIcA
O bem jurídico tutela nos crimes contra a administração pública é a moralidade adminis-
trativa, que não se sujeita à análise de bagatela, à valoração pequena ofensividade da con-
duta. Em outras palavras, por exemplo, ofende a moralidade administrativa tanto a corrupção 
que envolve uma vantagem de cinquenta reais quanto a corrupção de cem mil reais.
Nesse sentido, trilhou o STJ ao editar a súmula 599:
“Súmula 599 - O princípio dainsignificância é inaplicável aos crimes contra a administra-
ção pública. (Súmula 599, CORTE ESPECIAL, julgado em 20/11/2017, DJe 27/11/2017)”.
E, conforme pesquisa, o STJ tem repetido a sua súmula em diversas decisões, como a que 
segue abaixo:
STJ “[...] 1. A despeito do bem furtado - um notebook HP, modelo Probook6465b, de 
cor marrom, marcado como patrimônio da Fundação Universidade de Brasília (FUB) n. 
369544, avaliado em R$ 1.300,00 (mil e trezentos reais) - ter sido recuperado, é forçoso 
anotar que a incidência do princípio da insignificância afigura-se inviável no caso em 
tela. Se o valor do bem furtado era equivalente a mais de 10% do valor do salário mínimo 
vigente à época dos fatos, não se pode considerá-lo como inexpressivo, sendo desca-
bida, por essa razão, a incidência do princípio da insignificância.
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2. Nos termos da Súmula 599 do Superior Tribunal de Justiça, não é aplicável o princí-
pio da insignificância no tocante a crimes praticados contra a Administração Pública, tal 
como ocorre na hipótese dos autos (AgRg no AREsp n. 1.602.030/SE, Ministra Laurita 
Vaz, Sexta Turma, DJe 29/10/2020)”.
3. A despeito do entendimento do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que o acór-
dão que mantém a condenação não ser marco interruptivo da prescrição, o Plenário do 
Supremo Tribunal Federal, em julgamento finalizado no dia 24 de abril de 2020, no HC n.
176.473, publicado no dia 6/5/2020, assentou que: Nos termos do inciso IV do artigo 
117 do Código Penal, o Acórdão condenatório sempre interrompe a prescrição, inclu-
sive quando confirmatório da sentença de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou aumen-
tando a pena anteriormente imposta, nos termos do voto do Relator, vencidos os Minis-
tros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 
17.4.2020 a 24.4.2020.
4. Levando-se em consideração a publicação do acórdão da apelação em 1º/6/2018 (fl. 
261), impõe-se a adoção do novo posicionamento do Plenário do Pretório Excelso, haja 
vista que o acórdão que julga a apelação sempre interrompe a prescrição.
5. Agravo regimental provido para conhecer do recurso especial e negar-lhe provimento.
(AgRg no AREsp 1612006/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, jul-
gado em 09/03/2021, DJe 15/03/2021)”.
Todavia, a resistência aparente da súmula não se observa quando se trata do crime de 
descaminho, o qual, topograficamente, está inserido entre os crimes contra a administração 
pública, apesar das discussões doutrinárias sobre a sua natureza.
Quando se trata de descaminho, o STF e o STJ admitem a incidência do princípio da insig-
nificância, quando o valor sonegado não ultrapassa vinte mil reais.
STJ “[...] incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de des-
caminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 
(vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações 
efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. (REsp 1709029/
MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 4/4/2018)”.
STF “EMENTA HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. DESCAMINHO. VALOR INFERIOR AO 
ESTIPULADO PELO ART. 20 DA LEI 10.522/2002. PORTARIAS 75 E 130/2012 DO MINISTÉ-
RIO DA FAZENDA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. ORDEM CONCE-
DIDA. 1. A pertinência do princípio da insignificância deve ser avaliada considerando-se 
todos os aspectos relevantes da conduta imputada. 2. Para crimes de descaminho, con-
sidera-se, para a avaliação da insignificância, o patamar de R$ 20.000,00, previsto no 
art 20 da Lei n.º 10.522/2002, atualizado pelas Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da 
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Fazenda. Precedentes. 3. Na espécie, aplica-se o princípio da insignificância, pois o des-
caminho envolveu elisão de tributos federais que perfazem quantia inferior ao previsto no 
referido diploma legal. 4. Ordem concedida. (HC 120617, Relator(a): ROSA WEBER, Pri-
meira Turma, julgado em 04/02/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-035 DIVULG 19-02-
2014 PUBLIC 20-02-2014 RTJ VOL-00227-01 PP-00618)”.
Outrossim, apesar do consenso no sentido de não aplicar o princípio da insignificância aos 
crimes contra a administração pública, o STF aplicou em decisões casuísticas, que não refle-
tem a sua jurisprudência sobre o tema, em casos de peculato do art.312 do CP e de uso de bem 
público no interesse particular no caso de conduta perpetrada por prefeito municipal, prevista 
como tipo penal no Dec.-lei 201.
STF “EMENTA: AÇÃO PENAL. Delito de peculato-furto. Apropriação, por carcereiro, de 
farol de milha que guarnecia motocicleta apreendida. Coisa estimada em treze reais. 
Res furtiva de valor insignificante. Periculosidade não considerável do agente. Circuns-
tâncias relevantes. Crime de bagatela. Caracterização. Dano à probidade da administra-
ção. Irrelevância no caso. Aplicação do princípio da insignificância. Atipicidade reco-
nhecida. Absolvição decretada. HC concedido para esse fim. Voto vencido. Verificada a 
objetiva insignificância jurídica do ato tido por delituoso, à luz das suas circunstâncias, 
deve o réu, em recurso ou habeas corpus, ser absolvido por atipicidade do comporta-
mento. (HC 112388, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão: CEZAR 
PELUSO, Segunda Turma, julgado em 21/08/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-181 
DIVULG 13-09-2012 PUBLIC 14-09-2012)”.
STF. Informativo 624 de 2011. 2ª Turma. “Princípio da insignificância e Administração 
Pública. A 2ª Turma, por maioria, concedeu habeas corpus para reconhecer a aplicação 
do princípio da insignificância e absolver o paciente ante a atipicidade da conduta. Na 
situação dos autos, ele fora denunciado pela suposta prática do crime de peculato, em 
virtude da subtração de 2 luminárias de alumínio e fios de cobre. Aduzia a impetração, 
ao alegar a atipicidade da conduta, que as luminárias: a) estariam em desuso, em situ-
ação precária, tendo como destino o lixão; b) seriam de valor irrisório; e c) teriam sido 
devolvidas. Considerou-se plausível a tese sustentada pela defesa. Ressaltou-se que, em 
casos análogos, o STF teria verificado, por inúmeras vezes, a possibilidade de aplicação 
do referido postulado. Enfatizou-se que, esta Corte, já tivera oportunidade de reconhecer 
a admissibilidade de sua incidência no âmbito de crimes contra a Administração Pública. 
Observou-se que os bens seriam inservíveis e não haveria risco de interrupção de serviço. 
Vencida a Min. Ellen Gracie, que indeferia ordem. Salientava que o furto de fios de cobre 
seria um delito endêmico no Brasil, a causar enormes prejuízos, bem assim que o metal 
seria reaproveitável. HC 107370/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 26.4.2011. (HC-107370)”.
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STF. Informativo 625 de 2011. 2ª Turma. Princípio da insignificância e ato de prefeito. A 
2ª Turma concedeu habeas corpus para aplicar o princípio da insignificância em favor 
de ex-prefeito que, no exercício de suas atividades funcionais, utilizara-se de máquinas 
e caminhões de propriedade da prefeitura para efetuar terraplenagem em terreno de sua 
residência. Por esse motivo, fora denunciado pela suposta prática do crime previsto no 
art. 1º, II, do Decreto-Lei 201/67 (“Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos 
Municipais, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronun-
ciamento da Câmara dos Vereadores... II - utilizar-se, indevidamente, em proveito pró-
prio ou alheio, de bens, rendas ou serviços públicos”). Asseverou-se tratar-se de prática 
comum na municipalidade em questão, mediante ressarcimento, para fins de remunera-
ção dos condutores e abastecimento de óleo diesel. Concluiu-se pela plausibilidade da 
tese defensiva quanto ao referido postulado, dado que o serviço prestado, se contabili-
zado hoje, não ultrapassaria o valor de R$ 40,00. HC 104286/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 
3.5.2011. (HC-104286)”.
Conquanto não seja topograficamente um crime contra a administração pública no Código Pe-
nal, uma vez que não está no rol do art.312 ao art.359, o estelionato contra a previdência, que 
faz parte do título dos crimes contra o patrimônio, igualmente, ofende a administração pública. 
Por essa razão, já decidiu o STJ no seguinte sentido:
STJ “[...] 1. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, embora entenda inapli-
cável o princípio da insignificância em caso de estelionato praticado contra entidade 
de direito público, admite o reconhecimento da figura do estelionato privilegiado, se de 
pequeno valor o prejuízo causado.
2. O fato de o crime de estelionato ter sido cometido em detrimento de entidade de direito 
público (art. 171, § 3º, do CP) não obsta, por si só, o reconhecimento da figura do privilé-
gio, que pressupõe, para sua incidência, tão somente os requisitos previstos no § 1º do 
artigo 171 do Código Penal, quais sejam, a primariedade do agente e o pequeno valor do 
prejuízo. Demais disso, a posição topográfica dos §§ 1º e 3º do artigo 171 do Código 
Penal não torna impossível a configuração do estelionato qualificado privilegiado, se pre-
sentes as circunstâncias fáticas da qualificadora e da causa de diminuição em questão, 
as quais não são incompatíveis entre si.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 954.718/GO, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado 
em 04/02/2020, DJe 12/02/2020)”.
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Diante dessas imprecisões na jurisprudência, a banca do CESPE já anulou questão de prova 
do concurso da AGU sobre o tema: princípio da insignificância em crimes contra a administra-
ção pública.
É importante compreender para efeito de concurso a súmula 599 do STJ e a posição, por ora 
pacificada, quanto ao princípio da insignificância no crime de descaminho até vinte mil reais, 
preenchendo os demais requisitos (Vide PDF de princípios penais no qual foi tratado do prin-
cípio da insignificância com farta jurisprudência).
9. normAs de correlAção expressA com A pArte GerAl
Quando se estuda os crimes contra a administração pública é importante correlacionar o 
tema com dispositivos da Parte Geral do Código Penal que fazem menção expressa às regras 
de extraterritorialidade incondicionada da lei penal, de condenação com perda do cargo e de 
progressão de regime. São eles:
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei n. 
7.209, de 1984)
I – os crimes: (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
[...]
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei n. 7.209, de 
1984);
[...]
Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de 
detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. 
(Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
[...]
§ 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumpri-
mento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito 
praticado, com os acréscimos legais.
[...]
Art. 92. São também efeitos da condenação
I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes 
praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública
[...]
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Crimes contra a Administração Pública
DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL
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Parágrafo único. Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivada-
mente declarados na sentença.
A redação do parágrafo único do art.92 possui um comando claro, qual seja: a perda do 
cargo do servidor público em razão de condenação penal, em regra, depende de fundamenta-
ção, não é automática. A jurisprudência tem decidido na linha apontada no referido dispositivo:
STJ “RECURSO ESPECIAL. PENAL. HOMICÍDIO SIMPLES. PERDA DO CARGO PÚBLICO. 
FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE. RECURSO PROVIDO.
1. Para que seja declarada a perda do cargo público, na hipótese descrita no art. 92, 
inciso I, alínea “b”, do Código Penal, são necessários dois requisitos: a) que o quantum da 
sanção penal privativa de liberdade seja superior a 4 anos; e b) que a decisão proferida 
apresente-se de forma motivada, com a explicitação das razões que ensejaram o cabi-
mento da medida.
2. Embora o artigo 92, inciso I, alínea “b”, do Código Penal, não exija, para a perda do cargo 
público, que o crime praticado afete bem jurídico que envolva a Administração Pública, a 
sentença condenatória deve deduzir, de forma fundamentada e concreta, a necessidade 
de sua destituição, notadamente quando o agente, ao praticar o delito, não se encontra 
no exercício das atribuições que o cargo lhe conferia.
3. No caso em exame, o recorrente, policial civil, foi condenado a 6 anos de reclusão, em 
regime semiaberto, porque, em local próximo ao bar onde se comemorava a vitória da 
seleção brasileira de futebol, após desentendimento verbal e agressões físicas contra 
um grupo de pessoas, efetuou disparo de arma de fogo, ocasionando o óbito da vítima 
(art. 121, caput, c/c artigo 65, III, letra “d”, ambos do Código Penal).
4. O juiz de origem, a despeito de considerar todas as circunstâncias favoráveis ao 
réu, não ofertou motivação suficiente para justificar a necessidade da perda do cargo 
público, uma vez que se limitou a dizer que “Por fim, nos termos do art. 92, I, letra ‘b’, do 
CP, determino, como efeito da condenação, a perda da função pública por parte do réu 
Wallace.” 5. Recurso especial provido, para excluir a perda do cargo público, determi-
nada na sentença condenatória.
(REsp 1044866/MG, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 
02/10/2014, DJe 13/10/2014)”.
10. normAs de correlAção expressA com A leGIslAção especIAl
Além da correlação expressa com dispositivos da Parte Geral do Código Penal, no estudodos crimes contra a administração pública, é importante observar a correlação com a legisla-
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ção especial criminal, não raro, com necessidade de incidência do princípio da especialidade, 
que faz parte da solução do conflito aparente de normas.
A título de ilustração, a condenação de servidor público pelo crime de tortura gera a perda 
automática do caso, conforme pacífico entendimento jurisprudencial. Isso não ocorre nos 
demais crimes contra a administração pública, uma vez que o parágrafo único do art.92 do CP 
exige motivação para a perda do cargo. Nesse sentido, a jurisprudência atual:
STJ “[...] “A perda do cargo, função ou emprego público é efeito automático da conde-
nação pela prática do crime de tortura, não sendo necessária fundamentação concreta 
para a sua aplicação” (AgRg no Ag 1388953/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS 
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 20/06/2013, DJe 28/06/2013)”.
STJ [...] “I. A determinação da perda do cargo ou da função pública em razão de con-
denação criminal, com exceções feitas quanto ao crime de tortura, não é automática, 
demandando fundamentação específica. [...] (AgRg no REsp 1582667/SC, Rel. Minis-
tro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 13/06/2017, DJe 
21/06/2017)”.
Acrescente-se que a nova Lei de Abuso de Autoridade trouxe mudanças significativas no 
que diz respeito à perda do cargo e a suspensão do cargo, com disciplina distinta, também, 
das normas previstas na Parte Geral do CP.
Abuso de autoridade Lei 13.869/2019
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Seção I
Dos Efeitos da Condenação
Art. 4º São efeitos da condenação:
I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento 
do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, 
considerando os prejuízos por ele sofridos;
II – a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 
5 (cinco) anos;
III – a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à 
ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser 
declarados motivadamente na sentença.
Seção II
Das Penas Restritivas de Direitos
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta 
Lei são:
I – prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
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II – suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) 
meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;
III – (VETADO).
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou cumulati-
vamente.
II – crImes em espécIe contrA A AdmInIstrAção públIcA
A partir de agora, serão tratados os principais crimes em espécie contra a administração 
pública disciplinados no Título XI da Parte Especial do atual Código Penal brasileiro. Res-
salta-se que vários aspectos dos crimes contra a administração pública foram explicados 
no item I.
1. peculAto
As modalidades de peculato estão disciplinadas do art.312 até o art. 313B do Código 
Penal brasileiro. A divisão pode ser compreendida da seguinte forma: peculato próprio (pecu-
lato apropriação e desvio do art.312); peculato impróprio (peculato furto do § 1º do art.312); 
peculato culposo (§§ 2º e 3º do art.312); peculato estelionato (peculato mediante erro de 
outrem do art.313) e as formas de peculato eletrônico (arts.313 A e 313B) inseridas no CP no 
ano de 2000.
O texto legal consta no CP atual da seguinte forma:
Peculato
Art. 312 . Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público 
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor 
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de 
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue 
a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
Peculato mediante erro de outrem
Art. 313. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro 
de outrem:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído pela Lei n. 9.983, de 2000)
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Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir 
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração 
Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído 
pela Lei n. 9.983, de 2000) )
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei n. 9.983, de 2000)
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (Incluído pela Lei n. 9.983, 
de 2000)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática 
sem autorização ou solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei n. 9.983, de 2000)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei n. 9.983, de 2000)
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou altera-
ção resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. (Incluído pela Lei n. 9.983, 
de 2000).
Quanto à origem do termo peculato, esclarece Hungria que:
A subtração de coisas pertencentes ao Estado chamava-se peculatos ou depeculatus, sendo este 
nomen juris oriundo do tempo anterior a introdução da moeda, quando os bois e carneiros (pecus), 
destinados aos sacrifícios, constituíam a riqueza pública por excelência”. (HUNGRIA, v. IX, 1959, 
p.334).
O objeto jurídico (interesse jurídico protegido pela norma penal) tutelado nas modalidades 
do crime de peculato, como já afirmado no item 1 do presente capítulo que ora se desenvolve, 
cuida-se da moralidade administrativa, conquanto possa ser atingido o patrimônio da adminis-
tração ou mesmo de um particular.
Quanto ao objeto material do crime de peculato, o texto legal faz menção a dinheiro, valor 
ou qualquer bem móvel de natureza pública ou privada.
Ocorrera o crime denominado de peculato-malversaçãono caso de apropriação de bem de 
particular que se encontra na posse do servidor público em razão do cargo, ou seja, o bem se 
encontra em poder da administração pública. São exemplos:
“por exemplo, a Administração Pública loca alguns tratores de uma empresa particular para auxiliar 
trabalhadores ruralistas no cultivo de suas próprias terras; contudo, o funcionário público incumbido 
de fazer a distribuição dos tratores apropria-se de um deles para arar terras próprias, sem, no entan-
to, devolvê-lo. No caso, o particular, que locou os tratores, também foi prejudicado pela apropriação 
do bem. Cite-se outro exemplo: delegado de polícia que deixa de registrar nos autos a apreensão 
de dinheiro encontrado em poder dos restaurante, dele se apropriando” (CAPEZ, 2019, v.4, p.599).
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O peculato do artigo 312, classificado como peculato apropriação ou ainda como peculato 
desvio. É denominado de peculato próprio porque é, historicamente, a principal modalidade, a 
forma propriamente dita que deu origem ao crime.
Quanto ao peculato de uso, esse não é punido no Código Penal. A redação do art.312 do 
CP– de forma diversa da previsão constante no Dec.-lei 201– não pune o peculato de uso. A 
referida conduta (uso do bem público no interesse particular) constitui ato de improbidade 
administrativa.
Sobre o peculato apropriação, anota Capez (2019, v.4, p.597):
“Peculato-apropriação: é o denominado peculato próprio. Está previsto na primeira parte do caput 
do art. 312: “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, 
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo”. A ação nuclear típica consubstan-
cia-se no verbo apropriar. Assim como no crime de apropriação indébita (CP, art. 168), o agente tem 
a posse (ou detenção) lícita do bem móvel, público ou particular, e inverte esse título, pois passa a 
comportar-se como se dono fosse, isto é, consome-o, aliena-o etc. No entanto, o que diferencia o 
crime de peculato do crime contra o patrimônio é o fato de que o agente tem a posse do bem em 
razão do cargo (ratione officii), isto é, o agente é funcionário público, e em razão do ofício exerce 
a posse sobre bens públicos ou particulares que lhe são confiados. Pode suceder que o agente, 
funcionário público, não tenha a posse do bem em razão do ofício. Por exemplo, José entrega a 
João, seu amigo e funcionário do Detran, uma quantia em dinheiro para que este último pague uma 
multa naquele órgão público. João, no entanto, apropria-se do dinheiro. Nesse caso, João não teve 
a posse do bem em razão do cargo, devendo, portanto, responder pelo delito de apropriação indé-
bita366. Não se pode, aliás, dizer, no caso, que o bem particular (dinheiro) estava sob a guarda ou 
custódia da Administração”.
Quanto ao peculato desvio, o mesmo autor ensina:
“Peculato-desvio: é o denominado peculato próprio. Está previsto na segunda parte do caput do 
art. 312: “... ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio”. O agente tem a posse da coisa e lhe dá 
destinação diversa da exigida por lei, agindo em proveito próprio ou de terceiro; por exemplo, o 
funcionário empresta o dinheiro público para perceber os juros367. Se o desvio for em proveito da 
própria Administração, haverá o crime do art. 315 do CP (emprego irregular de verbas ou rendas 
públicas)” (CAPEZ, 2019, v.4, p.599).
Para a jurisprudência, o peculato-desvio deve apresentar:
STF “[...]. No peculato-desvio, exige-se que o servidor público se aproprie de dinheiro do 
qual tenha posse direta ou indireta, ainda que mediante mera disponibilidade jurídica. O 
fato de não constar da denúncia o modo relativo ao núcleo do tipo, não sendo para tanto 
suficiente o grau de parentesco com sócios da cessionária, impossibilita o recebimento da 
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peça. (Inq 2966, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 15/05/2014, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-111 DIVULG 09-06-2014 PUBLIC 10-06-2014)”.
STJ “[...] 1. A conduta praticada pela recorrente amolda-se ao crime de peculato-desvio, 
tipificado na última parte do art. 312 do Código Penal.
2. Situação concreta em que parte dos vencimentos de funcionários investidos em 
cargos comissionados no gabinete da vereadora, alguns que nem sequer trabalhavam 
de fato, eram para ela repassados e posteriormente utilizados no pagamento de outras 
pessoas que também prestavam serviços em sua assessoria, porém sem estarem inves-
tidas em cargos públicos.
3. As circunstâncias mencionadas no julgado enquadram-se nas agravantes previstas 
no art. 62, I e II, do Código Penal e não se confundem com as elementares do tipo penal 
do art. 312 do mesmo Estatuto. Dessa forma, é devida a sua incidência, sendo que, para 
afastar a sua aplicação, seria necessário desconstituir o suporte fático traçado pela Corte 
de origem, o que é inviável em recurso especial, por força da Súmula 7/STJ.
4. Correta a majoração da pena, pela continuidade delitiva, na fração máxima de 2/3, pois, 
segundo o acórdão recorrido, foram praticados oitenta crimes.
5. A norma penal incriminadora não admite a analogia in malam partem. Se o disposi-
tivo não incluiu, no rol daqueles que terão suas penas majoradas em 1/3, os ocupantes 
de cargos político-eletivos, como o de vereador, não é possível fazer incidir a causa de 
aumento do art. 327, § 2º, do Código Penal tão só em função de o delito ter sido prati-
cado no exercício da função. […]
(REsp 1244377/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 
03/04/2014, DJe 15/04/2014)”.
STJ “[...] 3. Não há falar em atipicidade de peculato quando, uma vez obtido numerário 
destinado à realização de viagem oficial, em vez de cumprir tal programação financeira, 
o agente resolve embolsar o numerário em prejuízo do Erário, não efetuando qualquer 
deslocamento da sede do órgão público a que vinculado. 4. Por envolver debate de colo-
rido fático-probatório, tem-se como inviável, no seio do writ, o pleito de desclassificação, 
na espécie, de peculato para estelionato. 5. Inexiste vício na dosimetria quando se invoca 
a condição de deputado estadual, não como simples status de funcionário público, que 
enseja o enquadramento do fato como crime contra a Administração Pública, mas como 
ocupante de cargo de sobranceira posição na estrutura política da Unidade da Federação, 
para exasperar a pena. 6. Ordem não conhecida. (HC 237.069/ES, Rel. Ministra MARIA 
THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 07/08/2014, DJe 03/09/2014)”.
O peculato-furto, classificado como peculato impróprio traz uma conduta de furto contra a 
administração pública praticada por um funcionário público que se vale das vantagens/facili-
dades inerentes ao cargo que exerce, como, por exemplo, acesso ao local sem ser incomodado 
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pela vigilância. O legislador tipificou a referida conduta no § 1º do art.312 com sanção mais 
gravosa do que a prevista para o crime de furto, diante da maior gravidade do crime cometido 
contra a moralidade administrativa que, ainda, pode atingir o patrimônio da administração pú-
blica ou, mesmo, de um particular.
O peculato-culposo constitui a única modalidade de crime funcional punido na forma cul-
posa. Previsto no § 2º do art.312, possui uma causa extintiva da punibilidade, mais benéfica do 
a regra geral constante no art.16, ou seja, o § 3º do art.312 anuncia que no peculato culposo: 
“No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extin-
gue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta”.
O peculato-estelionato, descrito como peculato mediante erro de outrem, cuida-se de um 
tipo penal realizado pelo servidor público que se aproveita do erro do particular que, por exem-
plo, vem a entregar um bem em um local da administração que não era o local adequado para 
o seu recebimento. O servidor público, ciente do erro do particular, não o informa acerca do 
equívoco, mas, ao revés, aproveita-se disso para ficar com o objeto para si. Verifica-se, portan-
to, uma conduta omissiva do servidor público.
Há discussão na doutrina sobre a eventual conduta comissiva do servidor público, no sen-
tido de levar o particular ao cometimento do erro, dando-lhe, por exemplo, informações falsas 
sobre o local adequado para a entrega, com a finalidade de obter a vantagem resultante do 
engano do particular. Para boa parte da doutrina, nesse caso, haverá o crime de estelionato 
do art.171 e não o crime do art.313 (posição de Hungria). Guilherme de Souza Nucci (2013, 
9ª ed, p.1043) discorda, entende que, com base no princípio da especialidade, tanto na hipóte-
se omissiva quanto na comissiva, o funcionário público responderá pelo conduta narrada no 
art.313 do CP.
Quanto ao peculato-eletrônico (arts.313A e 313B), vale ressaltar que, antes de tais tipos 
serem acrescentados no CP por força da redação da Lei 9.983/2000, as referidas condutas re-
cebiam adequação típica no crime de falsidade ideológica. Isso, evidente, gerava debate, uma 
vez que era necessário, para tanto, valorar a elementar normativa documento como abrangen-
te de sistemas eletrônicos de dados, com uma interpretação dinâmica e progressiva.
O peculato-eletrônico apresenta duas modalidades no CP, com elementares e penas dis-
tintas. A modalidade do art.313 A descreve as seguintes elementares:
“Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevida-
mente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública 
com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano”.
O verbo inserir significa colocar ou introduzir o dado incorreto, enquanto o núcleo facilitar 
indica afastar eventual obstáculo, para garantir a concretização da prática fraudulenta.
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Crimes contra a Administração Pública
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O dispositivo em comento exige funcionário autorizado como sujeito ativo do delito. Para 
Damásio Evangelista de Jesus, cuida-se de um crime funcional próprio, de modo que o concur-
so de pessoas (coautoria ou participação) será admitido apenas quando se tratar da conduta 
correspondente ao verbo facilitar, não com o verbo inserir (JESUS, 2020, V.4, 20ª ed, p. 190).
Não parece haver impedimento ao concurso de pessoas na modalidade inserir, con-
siderando a figura de extensão do art.29 caput do CP. Isso porque não impedimento a 
concurso de pessoas na modalidade de crime próprio, seja na forma de coautoria, seja 
na forma de participação, conforme já visto no item I do presente capítulo, como também 
no PDF sobre Concurso de Pessoas, para o qual remetemos o leitor. Como anota Rogério 
Greco (2018, p.1119):
“Note-se, como dissemos, que a lei exige além da qualidade do funcionário público, seja ele auto-
rizado, isto é, tenha acesso por meio de senha ou outro comando, a uma área restrita, não aberta 
a outros funcionários, tampouco ao público em geral. Isso não impede, contudo, que o funcionário 
público autorizado atue em concurso com outro funcionário (não autorizado), ou mesmo um parti-
cular, devendo todos responder pela mesma infração penal, nos termos do art.29 do Código Penal”.
Ainda quanto ao sujeito ativo do art.313A, Artur Gueiros e Carlos Eduardo Japiassú (2020, 
p.1009) ensinam que se trata de um sujeito ativo próprio especializado, que não é só funcio-
nário público, “mas sim, o funcionário público encarregado.
Sobre o crime do art.313A já decidiu o STJ:
STJ “[...] 1. O delito de inserção de dados falsos em sistema de informações, descrito no 
artigo 313-A do Código Penal, é especial ao crime de peculato delineado no artigo 312 
do Estatuto Repressor.2. Na hipótese, a vantagem indevida auferida em detrimento da 
administração pública (objeto de tutela do crime de peculato) foi alcançada por meio de 
um especial modo de agir, consistente na inserção de informações falsas nos sistemas 
informatizados ou banco de dados da municipalidade.3. Tal circunstância evidencia a 
ocorrência de apenas uma lesão ao bem jurídico tutelado, sendo imperioso, diante do 
concurso aparente de normas penais aplicáveis, o afastamento da condenação refe-
rente ao crime de peculato-desvio, já que o delito descrito no artigo 313-A do Código 
Penal disciplina, na íntegra, os fatos praticados pelo paciente, remediando-se, por con-
seguinte, o bis in idem repudiado pelo ordenamento jurídico pátrio. [...] (HC 213.179/SC, 
Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 19/04/2012, DJe 03/05/2012)”.
O uso do funcionário público em serviço particular não caracteriza o crime de peculato, segun-
do a doutrina de Magalhães Noronha, que aponta o seguinte exemplo:
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Crimes contra a Administração Pública
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“se o chefe de uma repartição emprega funcionário em serviço seu, desviando-o de suas ocupa-
ções funcionais, não pratica peculato, incorrendo em outro delito, ou, de qualquer maneira, prati-
cando falta contra a probidade administrativa” (NORONHA, v.4, 1988, p.212)
Sempre no estudo dos crimes previstos na Parte Especial, é importante ter cuidado com as 
normas semelhantes previstas na Legislação Especial penal, quando deverá ser solucionado 
eventual conflito aparente de normas. No estudo do peculato, vale correlacionar o tema com 
os artigos 5º da Lei 7492/86 e 1º do Decreto-Lei 201/1967, os quais são normas especiais em 
relação ao art.312 do CP.
Sobre a prática de rachadinha pelo funcionário público, consistente e ficar com parte do salário 
de servidores que lhe são vinculados, tal conduta tem sido compreendida como modalidade de 
peculato-desvio. No entanto o tema não é pacífico, há quem entenda que a adequação típica 
se daria no crime de corrupção passiva.
Com a inserção do art.28A no CPP pela Lei 13964/2019 (Pacote Anticrime), nos crimes contra 
a administração pública previstos no Código Penal, sob o aspecto da sanção abstrata comi-
nada, tornou-se possível a resolução do conflito penal

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