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COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA 
Me. Paula Denari 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2022 
 
 
1 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. AS PESQUISAS EM COMUNICAÇÃO 
 
Objetivo 
Diferenciar o conceito de comunicação a partir das pesquisas da área 
 
Uma maneira convincente para descrever um ato de 
comunicação consiste em responder às seguintes perguntas: 
Quem 
Diz o quê 
Em que canal 
Para quem 
Com que efeito 
[N. R. Santee] 
 
Introdução 
Antes de falarmos sobre a Semiótica, a ciência foco de nossa disciplina, comecemos 
por falar sobre seu maior objeto de estudo: o processo de comunicação. Grande parte dos 
estudos semióticos surgem a partir do ato comunicativo. Então, vamos entender o que seria 
essa comunicação. 
 
A comunicação representa um dos fenômenos mais importantes da espécie humana. 
`Para compreendê-la é preciso, algumas vezes, voltar no tempo, buscar as origens da 
palavra e as pesquisas que se modificaram ao longo da história. 
 
Definir comunicação não é uma tarefa simples, podemos pensar na etimologia da 
palavra ou no seu significado dicionarizado, porém podemos estudar o processo 
comunicativo sob a luz da sociologia, linguística e até da psicologia. Na internet, a definição 
de comunicação é ação de transmitir uma mensagem e, eventualmente, receber outra 
mensagem como resposta1. Observamos que o sentido desse substantivo está ligado a 
ação, algo que normalmente se relaciona aos verbos. 
 
O teórico da comunicação Klaus Merten identificou 160 definições possíveis ao 
termo. Diante da complexidade desse termo, não vamos nos preocupar aqui em definir 
comunicação, é mais importante compreendê-la por meio das inúmeras pesquisas 
acadêmicas na área. 
 
1 h t tps : / /www.dic io .com.br / 
 
 
2 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Há vertentes acadêmicas que veem o estudo da comunicação abrangendo todo ato 
social comunicativo. Há os que o relacionam com as mídias e há, ainda, os que enxergam 
o ato como um processo socio-histórico. 
 
Para nós, nesse momento, interessa pensar no processo comunicativo. E, para que 
ele ocorra, é preciso que existam duas entidades e um meio de conexão entre ambas. Ou 
seja, é necessário a tríade EMISSOR – MENSAGEM – RECEPTOR. 
 
‘ 
 
Antes de se chegar a esse esquema, um longo caminho foi trilhado nas pesquisas. 
Vamos estudar as principais: 
 
1.1. Teoria Hipodérmica da Comunicação 
A Teoria Hipodérmica da Comunicação foi baseada principalmente em uma teoria 
da ação elaborada pela psicologia comportamentalista (também chamada de behaviorista). 
Essa teoria é estudada mais profundamente na disciplina Psicologia da Educação. De 
maneira geral, a psicologia comportamentalista lançada por J. B. Watson, em 1913, tinha 
como objetivo teórico prever e controlar o comportamento. 
 
Para ele, cada comportamento, seja humano ou animal, é disparado por um 
estímulo, de maneira direta. Assim, temos: E → R (Estímulo → Resposta). Segundo os 
pensamentos de Watson, o objetivo final do comportamentalismo é ser capaz de prever 
uma resposta conhecendo o estímulo ou vice-versa. O comportamento humano, assim, 
pode ser eficazmente previsto e controlado. 
 
 
 
3 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Este pensamento foi estendido para o estudo da comunicação, no qual se acreditava 
que, mediante o estímulo correto, qualquer audiência poderia ser levada a uma resposta 
planejada. 
 
1.2. Teoria Informacional da Comunicação 
A partir de uma base teórica que previa a comunicação a partir de um controle 
comportamental, Claude Shannon e Warren Weaver, ambos engenheiros de uma empresa 
de telefone, formularam o modelo teórico-matemático da comunicação, que acabou se 
tornando um dos mais influentes na pesquisa em comunicação. Era uma teoria de extrema 
simplicidade, aplicabilidade e fácil compreensão, sendo esses uns dos motivos de seu 
sucesso. 
 
 
 
Neste modelo, uma fonte de informação envia uma mensagem que é codificada por 
um transmissor, transmitida por um canal, descodificada por um receptor, recuperando a 
mensagem original que é recebida pelo destinatário. No meio do caminho o sinal pode ser 
afetado por uma fonte de ruído, que distorce e atrapalha o entendimento correto da 
mensagem. Por ser um modelo da engenharia da comunicação, ele pressupõe uma 
comunicação meramente transmissora, como no modelo da Teoria Hipodérmica. 
 
Uma das maiores inovações conquistadas por este modelo foi a inclusão do ruído 
no processo de comunicação, o reconhecimento de algo que possa atrapalhar a 
mensagem. Este modelo também trouxe um conceito que foi muito adotado posteriormente: 
o código. No modelo de Shannon e Weaver, o significado do que é transmitido pouco 
importa. 
 
Em 1960, David King Berlo tentou adicionar a esse modelo uma dimensão 
sociológica. Ele reconhece que o emissor é aquele que possui algum conhecimento – 
 
 
4 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
enviado pela mensagem –, mas o receptor necessita fazer algum reconhecimento. Ele 
afirma que o quadro sociocultural deve ser partilhado por ambos. 
 
Wilbur Schramm também retomou o modelo de Shannon e Weaver, mas excluiu o 
transmissor e o receptor, considerando o emissor = fonte de informação + transmissor 
e destinatário = receptor + destinatário. Os ruídos, que antes eram somente físicos, 
passam a ser entendidos como semânticos também, como por exemplo, uma palavra 
inapropriada ou desconhecida. Ele também trouxe a questão de interação no processo 
comunicativo. 
 
1.3. Estruturalismo 
O estruturalismo opera no sentido de descobrir as estruturas que sustentam todas 
as coisas que os seres humanos fazem, pensam, percebem e sentem. O principal teórico 
foi Saussure, cujo pensamento ainda é a base da Linguística. Para o linguista suíço, a 
língua é uma ‘instituição social’, enquanto a palavra é um ato individual. Enquanto 
instituição social, a língua é um sistema organizado de signos que exprimem ideias. 
Saussure volta sua atenção principalmente aos aspectos pragmáticos da língua, e seu uso 
enquanto atividade social. 
 
Finalmente, chegamos ao Funcionalismo e as teorias de Roman Jakobson. Para 
essa teoria, no entanto, precisaremos de um capítulo inteiro, já que essa será nossa base 
de estudo, estudaremos esse ponto no próximo capítulo. 
 
Apesar das inúmeras variações que ocorrerem ao longo do tempo e das muitas 
críticas, é difícil imaginar qualquer estudo na área que não englobem os termos abaixo. 
 
 
 
 
5 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 Nosso objetivo não é decorar todas as teorias sobre a comunicação, mas 
entender sua evolução e perceber a comunicação como a relação entre dois entes. É 
importante deixar essa opção clara já que há outros inúmeros estudos que veem o processo 
além da questão humana e entendem que há comunicação em toda troca de calor, de força 
ou de energia entre objetos. Há, ainda, os estudos químicos e também os biológicos. Afinal, 
você não acharia absurdo dizer que há comunicação celular. Atualmente, também falamos 
muito da comunicação entre as máquinas, mas esses são estudos complexos e específicos 
que não nos cabe nesse momento. 
 
Pensamos sempre na comunicação humana, que pressupõe um diálogo, em que os 
papeis de emissor e receptor se alternam no processo conversacional. Apesar de a 
comunicação nem sempre ser simétrica, com falantes em igualdade de direitos, ainda em 
situações assimétricas, há possibilidades de alternância nos papeis. Também não podemos 
pensar que, em uma palestra, os ouvintes não produzam mensagem. O simples bocejar 
diante de uma fala monótona, comunica bastante ao palestrante. Por outro lado, a interação 
entre dois organismos é assimétrica e reversível em alguns casos bemespecíficos. Você 
já conversou com seu cachorro ou com uma planta? 
 
E se estamos falando em comunicação, podemos pensar também nos meios de 
comunicação. Nós vimos que Shannon & Weaver foram os primeiros que conceituaram a 
expressão canal de comunicação. Segundo eles, este seria um meio físico ou técnico de 
transmissão. Estudos posteriores romperam com essa questão física e, a partir do conceito 
 
 
6 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
de mídia de massa (mass media), o sentido de meio (canal) passou a significar meio de 
comunicação massiva, ou seja, rádio, cinema, televisão etc. De lá pra cá, esses estudos 
muitas vezes corroboram essa perspectiva, outras vezes a refutaram. No Brasil, há ainda 
a falta de discussão sobre a enorme complexidade do funcionamento das mídias. Para 
Sodré (2002) “sempre existiram recursos ou meios de comunicação, mas a ‘mídia’, tal como 
a definimos, é dispositivo recente [...] é preciso salientar que diversas abordagens teóricas 
vêm incorrendo no engano fundamental de confundir a realidade midiática com a realidade 
sócio histórica” 
 
 
 
 
SANTEEA, Nellie Rego. A Linguística de Roman Jakobson: Contribuições para 
o Estudo da Comunicação. Londrina: UNOPAR, 2011. 
SODRÉ, Muniz. Televisão E Psicanálise. São Paulo: Ática, 2002 
 
 
 
 
 
 
 Comunicação Humana – Zigmunt Baumman por Leandro Karnal Disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=mjiTr6cXmCo 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. A TEORIA DA COMUNICAÇÃO DE ROMAN JAKOBSON 
 
Objetivo 
Conhecer e compreender as funções da linguagem propostas por Jakobson 
 
“A poesia é linguagem em sua função estética. Deste modo, o objeto 
do estudo literário não é a literatura, mas a literaridade, isto é, aquilo que torna 
determinada obra uma obra literária” (R. Jakobson) 
 
Introdução 
A forma de a linguagem transmitir ideias de maneira coerente tanto ao emissor 
quanto ao receptor fascinou filósofos, linguistas e psicólogos. Uma das mais célebres 
teorias da comunicação foi proposta pelo linguista Roman Jakobson (1896-1982). Coube a 
ele desenvolver uma teoria e método de crítica literária para narrativas e poesia conhecido 
como formalismo. 
 
Em 1929, por ocasião do Primeiro Congresso Internacional de Slavistas em Praga 
foi divulgado o grupo do Círculo Linguístico de Praga. Muitas ideias que eram discutidas no 
Formalismo Russo foram aprimoradas e desenvolvidas. A principal característica do Círculo 
de Praga é a combinação do estruturalismo com o funcionalismo, sendo sua ideia geral a 
de que a estrutura das línguas é determinada por suas funções, conceito muito trabalhado 
por Jakobson. 
 
Roman Jakobson tem uma vasta e extremamente diversa área de estudo. Este 
capítulo focará em sua pesquisa relacionada com a área da comunicação, exatamente 
sobre as funções das unidades linguísticas ou, como são mais conhecidas, as funções 
da linguagem. O linguista buscava compreender a finalidade com que a língua é utilizada, 
ou seja, a sua função na comunicação estabelecida entre o remetente (falante/codificador) 
e o destinatário (ouvinte/decodificador). Seu principal objetivo era definir o lugar da função 
poética em relação às demais funções da linguagem. O formalismo russo, que deu início 
ao pensamento de Jakobson acerca da linguagem, voltava sua atenção para a 
substancialidade da arte escrita, tanto poesia quanto literatura. Interessava ao grupo 
investigar quais elementos formais tornavam um texto artístico. Por se oporem 
completamente ao estudo da literatura partindo da historicidade e biografia do autor, foram 
depreciativamente apelidados de formalistas pelos que apoiavam o sociologismo no campo 
dos estudos literários. 
 
 
8 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Para Jakobson, qualquer dado ato de comunicação verbal é composto de seis 
fatores: 
 
 EMISSOR: orador, narrador, autor. 
 RECEPTOR: ouvinte, leitor, telespectador, usuário, destinatário. 
 CÓDIGO: o sistema linguístico ou comunicativo, um conjunto de signos e regras 
linguísticos. 
 MENSAGEM: texto, discurso, o conteúdo, o que está sendo dito. 
 CONTEXTO: o referente, a situação. 
 CANAL DE COMUNICAÇÃO: o contato ou conexão psicológica ou física. 
 Além desses fatores, há RUÍDO, ou seja, qualquer coisa que interfira na 
comunicação. 
 
Esses fatores ou elementos exercem seis funções: 
 
 FUNÇÃO REFERENCIAL OU DENOTATIVA: foco no referente, objeto ou situação 
da mensagem trata, com informações objetiva. Típicos de textos descritivos, 
científicos e jornalísticos. 
 FUNÇÃO EMOTIVA OU EXPRESSIVA: foco no emissor com suas emoções e 
opiniões. Típico de frases de interjeições e poesias subjetivas. 
 FUNÇÃO CONATIVA OU APELATIVA: foco no receptor com objetivo de persuadi-
lo. Típico de mensagens publicitárias. 
 FUNÇÃO FÁTICA: foco no canal. Visa estabelecer contato entre os sujeitos. Um 
exemplo é uma saudação entre duas pessoas que se encontraram. 
 FUNÇÃO METALINGUÍSTICA: foco no código, ou seja, na própria linguagem. Típico 
de dicionários e gramáticas. 
 FUNÇÃO POÉTICA: foco na mensagem. Típico de obras literárias e publicitárias. 
 
Estabelecendo a relação entre os fatores e as funções da linguagem temos: 
 
 
 
 
9 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
[https://ensaiosenotas.com/2014/11/16/funcoes-da-linguagem-e-a-construcao-do-sentido-para-jakobson/] 
 
Vale ressaltar que uma mensagem apresenta mais de uma função da linguagem, 
sendo que uma prevalece e as demais são secundárias. A mensagem organiza-se tendo 
como referência a função predominante. Nas palavras do teórico, 
 
Embora distingamos seis aspectos básicos da linguagem, dificilmente 
lograríamos, contudo, encontrar mensagens verbais que preenchessem uma 
única função. A diversidade reside não no monopólio de alguma dessas 
diversas funções, mas numa diferente ordem hierárquica de funções. A 
estrutura verbal de uma mensagem depende basicamente da função 
predominante (JAKOBON, 2010, p. 157). 
 
Vamos entender mais detalhadamente cada uma dessas funções. 
 
2.1. Função referencial 
Quando a mensagem tiver o foco no contexto, haverá a Função Referencial, ou 
denotativa, cognitiva... A Função Referencial é a linguagem que reflete o mundo com 
mensagens claras e sem ambiguidade. Linguisticamente se caracteriza pela 3ª pessoa do 
verbo, de quem ou do que se fala. Encontramos a Função Referencial nos noticiários de 
rádio e televisão, definindo a estrutura da mensagem como o mais objetiva possível. Abaixo 
um exemplo de linguagem referencial. 
 
 
 
10 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
[Folha de S. Paulo, 30 de nov de 2018] 
 
 
2.2. Função emotiva 
Toda mensagem centrada no remetente possui uma Função Emotiva (ou 
expressiva). Ela visa a uma expressão direta de quem fala, suscita certa emoção, 
verdadeira ou simulada (JAKOBSON, 2008). Linguisticamente ela é marcada pela 1ª 
pessoa, por interjeições, adjetivos, advérbios e sinais de pontuação. 
 
O poema abaixo de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) exemplifica bem essa função. 
Observe como ele é construído a partir do EU. 
 
 
11 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
2.3. Função Conativa ou Apelativa 
Na mensagem orientada para o destinatário existe a Função Conativa. 
Linguisticamente, ela é caracterizada por frases no vocativo e imperativo, dando ordens ou 
conselhos ao destinatário, e pela 2ª pessoa do verbo. Há a intenção de convencer o 
destinatário de algo, a mensagem carregará argumentos para a persuasão, utilizados 
especialmente na linguagem da propaganda. Abaixo um exemplo de Função Conativa. 
 
 
 
 
 
 
12 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília- Educação a Distância 
2.4. Função Fática 
A função fática tem mensagens orientadas para o canal utilizadas para prolongar ou 
interromper a comunicação, verificando se o canal funciona. Ela atrai a atenção do 
interlocutor e procura confirmar sua atenção continuamente. Nos meios de comunicação 
de massa, a Função Fática está continuamente presente, principalmente na mídia 
televisiva, pela rapidez dos cortes e curta duração das matérias, que busca sempre manter 
a atenção do telespectador, mesmo durante os intervalos comerciais. Garfield com muito 
humor nos mostra um exemplo de função fática. 
 
 
 
2.5. Função Metalinguística 
A Função Metalinguística acontece sempre que o discurso tem necessidade de 
verificar se o remetente e destinatário estão usando o mesmo código, retornando a ele. A 
função metalinguística da linguagem ocorre quando o código comunicativo é utilizado para 
explicar o próprio código comunicativo. Tem, assim, uma função explicativa. A função 
metalinguística está presente em dicionários, gramáticas e aulas de línguas, mas também 
em qualquer conversa em que haja a explicação de um conceito, em qualquer assunto que 
seja explicado pelas próprias palavras do emissor, em qualquer poesia que fale sobre a 
poesia, em qualquer filme que ensine a fazer filmes etc. 
 
 
 
 
13 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2.6. Função Poética 
Para Jakobson (2008), o estudo da poesia inclui reconhecer que Função Poética é 
a predominante na estrutura de sua construção, sendo que todas as outras funções ficam 
subordinadas a ela. Na Função Poética, a mensagem está voltada para si mesma, suas 
características físicas, sonoras e visuais no seu modo peculiar de mostrar-se. 
 
 
 
Vale relembrar que muitas dos exemplos que demos possuem mais de uma função, 
é importante perceber a mais evidente delas. 
 
 
 
 
JAKOBSON, Roman. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 2007 
SANTEEA, Nellie Rego. A Linguística de Roman Jakobson: Contribuições para 
o Estudo da Comunicação. Londrina: UNOPAR, 2011. 
WINCH, Paula Gaida & NASCIMENTO, Silvana Schwab. A teoria da 
comunicação de Jakobson: suas marcas no ensino de Língua Portuguesa. In 
Revista Estudos da Linguagem – volume 10 – n. 02. Vitória da Conquista, 2012 
 
 
 
 
Funções da linguagem e a construção do sentido para Jakobson - 
https://ensaiosenotas.com/2014/11/16/funcoes-da-linguagem-e-a-
construcao-do-sentido-para-jakobson/ 
 
 
 
 
 
14 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. SEMIÓTICA – CIÊNCIA E HISTÓRIA 
 
Objetivo 
Compreender os aspectos que definem a Semiótica como ciência e conhecer a 
trajetória de estudo. 
 
Introdução 
O século XX viu nascer duas ciências da linguagem. Uma delas é a Linguística 
ciência da linguagem verbal. A outra é a Semiótica, ciência de toda e qualquer linguagem. 
No entanto, a semiótica propriamente dita tem seu início com filósofos como John Locke. 
Alguns atribuem sua origem a Platão. O fato é que Locke desenvolveu uma doutrina dos 
signos que englobava todas as investigações sobre a natureza dos signos, da significação 
e da comunicação. 
 
A semiótica propriamente dita encontra seus percursores na Medicina. Tanto que 
essa relação ainda se encontra nos dicionários. Como Teoria dos Signos, a semiótica 
recebeu outros nomes, sendo o principal: semiologia. Atualmente, semiologia refere-se aos 
estudos de Saussure e seus seguidores. Alguns autores postulam diferenças entre os 
termos, as quais não são relevantes nesse momento. 
 
 
 
 Definir Semiótica não é uma tarefa simples. Uma definição comum seria: 
semiótica é a ciência dos signos e dos processos significativos (semiose) na 
natureza e na cultura. Se a definição por si, não resolve o problema do 
entendimento da área, ela também não é aceita por todos os estudiosos. 
 
 
3.1. Um pouco de etimologia 
Poderíamos começar esse panorama em Platão, já que o filósofo tratou de vários 
aspectos da teoria dos signos. No entanto, o tema ficaria por demais extenso e não é esse 
nosso objetivo. Vamos nos concentrar na semiótica a partir dos séculos XVII. 
 
A Semiótica teve três origens ou sementes lançadas quase simultaneamente: uma 
nos EUA, outra na União Soviética e a terceira na Europa Ocidental. Esse surgimento em 
 
 
15 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
lugares diferentes, mas quase ao mesmo tempo, pode ser explicada pela proliferação 
crescente das linguagens e códigos a partir da Revolução Industrial. Essa consciência 
sobre a linguagem gerou a necessidade do aparecimento de uma ciência que questionasse 
o universo multiforme e diversificado dos fenômenos de linguagem. 
 
Se maneira geral, a Semiótica é uma das ciências humanas e sociais que, se define 
“como a Ciência da Significação”, cujo objeto de estudo são os sistemas semióticos 
(verbais, não verbais). 
 
A palavra semiótica (originalmente semeiótica) vem do grego antigo, onde seméion 
significa “signo”. Desde o século XVIII, semiótica e semiologia (ou semeiologia) eram 
termos alternativos para a mesma ciência dos signos em várias línguas europeias. Dos dois 
termos, o termo semiologia predominava na semiótica dos países de língua romana, 
especialmente na França. Hoje, a palavra semiótica entrou em uso mais comum. No 
entanto, é importante ressaltar que para alguns teóricos os termos apresentam distinções 
bem evidentes. Para Greimas, por exemplo, semiótica é um sistema de signos em 
estruturas hierárquicas análogas à linguagem. Já a semiologia seria uma teoria geral que 
trataria dos aspectos comuns a todos os sistemas semióticos. 
 
Passemos agora da etimologia à história da ciência 
 
3.2. Um pouco de história 
Se formos analisar a teoria dos signos verbais e não-verbais, a história da Semiótica 
começaria (se é que podemos precisar um começo) em Platão. O filósofo definiu signo 
verbal, significação e contribuiu com ideias críticas para a teoria da escritura. O modelo 
platônico era composto por nome, ideia e a coisa a qual o signo se refere. Aristóteles traçou 
uma definição entre signo incerto e signo certo e discutiu a teoria dos signos no âmbito da 
lógica e da retórica. Os estóicos, epicurista e Santo Agostinho também formularam suas 
definições sobre sino linguístico. 
 
Na Idade Média, a semiótica desenvolveu-se no âmbito da teologia e posteriormente, 
da lógica. Já nos séculos XVII muitas ideias de interesse para o futuro da semiótica se 
desenvolveram sob a luz do racionalismo francês e do empirismo britânico. Os gramáticos 
de Port Royale seguiram o caminho trilhado por Aristóteles. Descartes, com a teoria das 
idéias inatas, priorizou o intelecto sobre a experiência. 
 
 
16 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
No século XIX, a biologia tornou-se o modelo de todas as ciências. A concepção 
darwiniana sobre a origem das espécies foi estendida às línguas, permitindo distinguir 
línguas mortas e vivas (teoria bastante criticada posteriormente). Estudo revelaram as a 
diferença entre signo e símbolo e Humboltdt estabeleceu a relação entre a substância e 
forma; com sistema e uso da linguagem. 
 
O final do século XIX e início do XX fizeram surgir dois vultos de grande valor na 
discussão sobre o signo: Charles Sanders Peirce (a quem dedicaremos o próximo capítulo), 
ainda no âmbito dos estudos filosóficos e Ferdinand Saussure, o pai da lingüística científica. 
O contributo de Peirce se faz sentir, sobretudo, em três aspectos: na definição de signo, na 
definição da semiose e na visão pansemiótica do mundo. 
 
Pierce concebeu o signo de forma triádica (como muitos o fizeram desde Platão), só 
que constituído de um elemento perceptível ao receptor. A interpretação do signo é um 
processo dinâmico na mente do receptor: cada signo gera um interpretante que,por sua 
vez, funciona como representamen de um novo signo. A semiótica deixa de ser o estudo 
do signo para sê-lo da semiose, definida como o processo durante o qual o signo atua sobre 
o interpretante, isto é, o processo de interpretação do signo pelo interpretante e sem o qual 
aquele não existiria. Falaremos mais adiante sobre a essa teoria. Não se assuste se não a 
compreendeu completamente. 
 
Saussure, considerado o pai da Lingüística científica, exerceu grande papel no 
desenvolvimento do estruturalismo que concebeu a língua como um todo cujas partes, 
solidárias e interdependentes, exercem uma função em relação ao todo. Cada elemento só 
tem valor em oposição a outro. Retomou a concepção diádica de signo dos antigos, 
propondo para ele uma dupla face: o Significado que seria o conceito e o Significante, a 
imagem acústica. Esta “não é o som material, coisa puramente física, mas a impressão 
psíquica desse som” (utilizando-se a expressão do autor). 
 
O termo Semiologia passou a ser adotado pelos lingüistas da linha saussureana 
(sobretudo os latinos) para designar a mesma ciência que ingleses e alemães conceberam 
com o nome de Semiótica. Começou-se, então, a pensar numa diferença entre as duas 
ciências. Uma das propostas seria considerar a Semiótica como ciência geral dos signos, 
incluindo os verbais e não-verbais, ao passo que Semiologia serviria, unicamente, para os 
 
 
17 Comunicação e Semiótica 
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signos humanos, culturais e sobretudo os textuais. Esta distinção foi oficializada pela 
Associação Internacional de Semiótica, em 1969. 
 
Dessa forma, a lingüística seria um ramo da semiótica. Foi, no entanto, o lingüista 
dinamarquês Louis Hjelmslev que, reinterpretando o pensamento saussureano, permitiu a 
outros o estabelecimento dos limites da Semiótica em oposição à Semiologia. Esta seria o 
estudo do signo, enquanto que Semiótica seria o estudo da significação, entendida como a 
função semiótica e somente perceptível no interior de um sistema de signos, verbais, não-
verbais e compósitos ou sincréticos. Como ciência da significação, a Semiótica passa a ser 
confundida não mais com a Semiologia e sim com a Semântica. 
 
Quando falamos em Semiótica, não poderíamos deixar de abordar os trabalhos de 
Greimás. Algirdas Julien Greimas foi um linguista lituano de origem russa que contribuiu 
para a teoria da semiótica e da narratologia. De 1965 em frente, encabeçou a pesquisa 
semiótico-linguística em Paris, estabelecendo as fundações da Escola de Semiótica de 
Paris. Esse grupo ampliou o campo da semiótica à descrição dos sistemas não lingüísticos, 
reformulou a idéia saussureana de sincronia/diacronia e ainda apresentou propostas para 
o estudo dos níveis de estudos semióticos. Greimas estudou a relação entre o plano de 
expressão e o plano de conteúdo através do texto, o foco não é o signo em si, mas as 
relações através dele e de todas as formas de linguagem. Segundo afirmação de Greimas, 
o signo é: “ a parte material, visível, de uma realidade espiritual mais vasta, invisível. ” (1978: 
215). O pós-estruturalismo proposto por Greimás é bastante complexo e seria impossível 
os estudos em apenas alguns parágrafos. Entre os discípulos de Pottier e Greimas, 
encontrase o brasileiro Cidmar Teodoro Pais, cujos trabalhos dão uma visão ampla do que 
seja a ciência semiótica na atualidade. 
 
Nos próximos capítulos, vamos nos desbubraçar sobre a teoria de Peirce e os 
conceitos de signo linguístico. 
 
 
 
BATISTA, Maria de Fátima B. de M. A SEMIÓTICA: CAMINHAR HISTÓRICO E 
PERSPECTIVAS ATUAIS. Rev. de Letras - N0 60 . 25 - Vol. 1/2 - jan/dez. 2003 
Winfried Noth. Panorama da Semiótica de Platão a Peirce.: Annablume 
 
 
 
18 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. A SEMIÓTICA DE SAUSSURE E PIERCE 
 
Objetivo: 
Apresentar um pouco da biografia de Charles Peirce e Ferdinand Saussure bem 
como sua teoria na área da Semiótica 
 
Introdução: 
Ferdinand de Saussure (1857-1913) era natural de Genebra na Suíça. Aos 24 anos, 
defendeu sua tese de doutorado. Em 1891 passa a atuar como professor na Universidade 
de Genebra e entre os anos de 1907 e 1911 ministra cursos sobre linguística geral que lhe 
renderiam a fama póstuma. Em 1913, aos 55 anos de idade, Saussure morre 
prematuramente. 
 
Seu Curso de Linguística Geral contempla, além das considerações sobre a 
linguística, dados pertinentes relativos à semiologia e os signos. A semiologia enquanto 
ciência ainda não existia, e que em virtude disso, provavelmente ele desconhecia outros 
estudos relacionados aos signos que já tinham sido desenvolvidos desde Platão até Peirce. 
Essa nova ciência, a semiologia, tinha lugar predeterminado no ramo das ciências 
humanas, mais precisamente no campo da psicologia social e a linguística era uma parte 
da semiologia. 
 
Charles Sanders Peirce é, sem dúvida, o mais importante dos fundadores da 
moderna semiótica geral. Ele era matemático, físico, astrônomo. Era ainda um estudioso 
da Biologia e da Geologia. No entanto, não estudou apenas as ciências exatas e naturais. 
Ele se devotou particularmente à Linguística e conhecia mais de uma dezena de línguas. 
Conhecedor profundo de Literatura, fez elaborados estudos de dicção poética. Peirce deu 
importantes contribuições para a filosofia, para a matemática e para a lógica. Mas foi 
principalmente para esta última que a maior parte de seus estudos se voltou. Sua teoria 
geral dos signos, ou semiótica, foi desenvolvida como uma tentativa de descobrir a lógica 
que fundamenta as nossas concepções do real e como o conhecimento cresce a partir do 
compartilhamento e debate de opiniões no interior de uma comunidade. 
 
 O filósofo investigava a relação entre objetos e o pensamento. Em sua 
perspectiva seria impossível compreender objetos externos ao sujeito de forma acurada e 
de maneira universalmente aceitas entre diferente sujeitos. Essas críticas epistemológicas 
 
 
19 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
remontam de Locke, Hume e Kant, para quem um mero empirismo ou um racionalismo 
isolado não seria capaz de compreender a realidade. Peirce aproveitou o conhecimento e 
reflexões adquiridos em sua formação como físico e matemático para formular sua teoria 
da semiótica, o estudo dos signos. 
 
4.1. Uma visão da teoria de Saussure 
Em sua teoria sígnica, embora Saussure tenha se debruçado sobre a natureza dos 
signos linguísticos, o modelo elaborado por ele também foi transferido para signos não 
linguísticos. Os principais fundamentos da teoria do signo são “[...] sua estrutura bilateral, 
sua concepção mentalista, a exclusão da referência e a concepção estrutural da 
significação” (NÖTH, 1996, p. 28). Outro fundamento consistia na arbitrariedade do signo 
linguístico. Por meio das características acima citadas, a teoria de Saussure passa a ser 
oposta a modelos unilaterais e triádicos, como a teoria de Peirce, por exemplo. 
 
A estrutura bilateral ou diádica do signo faz referência aos seus constituintes: 
significante (imagem acústica) e significado (conceito). O significado é a expressão material 
do signo, como o som da palavra ou a imagem da palavra escrita no papel. O significante 
é a imagem acústica que é projetada na mente quando o indivíduo está em contato com o 
significado. Para Saussure, “o signo linguístico é fruto da associação entre uma imagem 
acústica – o chamado significante – e um conceito – chamado significado”. 
 
4.2. Uma visão da teoria de Pierce 
Neste capítulo, nossa ideia é mostrar superficialmente as teorias propostas por 
Peirce já que iremos abordar o conceito de signo linguístico no capítulo seguinte. 
 
Para Peirce, o conhecimento, as ideias e até o homem são essencialmente entidades 
semióticas. “O fato de que toda ideia é um signo junto ao fato de que a vida éuma série de 
ideias prova que o homem é um signo”. Essa interpretação semiótica do homem e do 
conhecimento fica ainda mais evidente no seguinte trecho: 
 
O homem denota qualquer objeto de sua atenção num momento dado. 
Conota o que conhece ou sente sobre o objeto e é também a encarnação 
desta forma ou espécie inteligível; o seu interpretante é a memória futura 
dessa cognição, o seu “eu” futuro ou uma outra pessoa à qual se dirige 
ou uma frase que escreve, ou um filho que tem”. 
 
 
 
20 Comunicação e Semiótica 
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De uma maneira bastante simplista, poderíamos dizer, portanto, que o homem 
apreende qualquer objeto e o evoca aquilo que já conhece ou sente daquele objeto a partir 
de seus conhecimentos prévios. Ao fazer essa interpretação ele cria um novo 
conhecimento, uma memória futura e ele também é outro a partir dessa experiência. 
 
De uma outra forma, Peirce compreende como signo ou representação qualquer 
coisa que esteja em qualquer relação com outra coisa. Surge numa determinada pessoa e 
dirige-se a uma outra, em cujo espírito cria um signo equivalente ou até mais desenvolvido. 
O signo criado é "interpretante" do primeiro. E assim sucessivamente. 
 
Para o teórico, o mundo inteiro está permeado de signos, mais ainda, o mundo se 
compõe exclusivamente de signos linguísticos. Nessa visão, a semiótica abarcaria uma 
universalidade em todas as ciências que também são signos. 
 
O homem, segundo Pierce, significa tudo que o cerca numa concepção triádica 
(primeiridade, secundidade e terceiridade). Nestes pilares que sua teoria se baseia. 
 
Primeiridade é a categoria do sentimento imediato, sem nenhuma relação com outros 
fenômenos, “aquilo que é tal como é, sem referência a outra coisa qualquer.” 
 
Secundidade começa quando um fenômeno primeiro é relacionado a um segundo 
fenômeno qualquer. É a categoria da comparação, da ação, do fato. “Ela nos aparece em 
fatos tais como o outro, a relação, compulsão, efeito, dependência, independência, 
negação, ocorrência, realidade, resultado” 
 
Terceiridade é a categoria que relaciona um fenômeno segundo a um terceiro. “É a 
categoria da mediação, do hábito, da memória, da continuidade, da síntese, da 
comunicação, da representação, da semiose e dos signos”. 
 
A base do signo é, portanto, uma relação tríade entre três elementos, dos quais um 
deve ser o fenômeno da primeiridade, outro de secundidade e o último de terceiridade. 
 
Sistemático para uns e não sistemático para outros, o pensamento de Peirce tem 
dado motivo a várias interpretações, mas com unânime reconhecimento de seu pioneirismo 
 
 
21 Comunicação e Semiótica 
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na lógica e na semiótica. Sua influência é profunda no pensamento americano, chegando 
ao operacionismo lógico e às correntes contemporâneas da filosofia da ciência. 
 
 
 
 Se já quiser adiantar nosso próximo assunto, que tal procurar na internet o 
conceito de SIGNO linguísito? Ele é a base para o conhecimento da 
Semiótica 
 
 
 
 
 
 
 O signo: elementos semióticos de Peirce. In 
https://ensaiosenotas.com/2016/11/08/o-signo-elementos-semioticos-de-
peirce/ 
SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 2003. 
NOVAK, Franciele Isabelita Lopes. A semiótica de Peirce e Saussure, 
contributos e limites para a teoria das representações semióticas de 
Raymond Duval e a análise da forma e conteúdo em matemática. REVEMAT. 
Florianópolis (SC), v.12, n. 2, p. 1-15, 2017 
 
 
 
https://ensaiosenotas.com/2016/11/08/o-signo-elementos-semioticos-de-peirce/
https://ensaiosenotas.com/2016/11/08/o-signo-elementos-semioticos-de-peirce/
 
 
22 Comunicação e Semiótica 
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5. O SIGNO LINGUÍSTICO 
 
Objetivo 
Compreender e refletir sobre o conceito de signo linguístico a partir das definições 
de seus principais teóricos. 
 
Introdução 
Roman Jakobson atribui aos medievais a definição do signo como “algo que está por 
algo”: Tal definição reduz o signo a um dualismo, que consiste do signo e de algo indefinido 
no lugar do qual ele se coloca. Mais completa é a definição antiga do signo de Aurélio 
Agostinho (345-430): 
O signo é, portanto, uma coisa que, além da impressão que produz nos 
sentidos, faz com que outra coisa venha à mente como consequência dele. 
Essa definição é mais completa, pois nela encontramos o terceiro elemento, que 
conecta o signo com aquilo que ele representa à mente do usuário. O signo não se define, 
portanto, como uma relação diádica, mas como uma relação triádica. 
 
Evidentemente, “estar no lugar de” não quer dizer que o signo substitui 
completamente o objeto ao qual ele se refere. Pelo contrário, o signo nunca pode estar, de 
fato, no lugar do objeto, seja este presente ou ausente. 
 
Na definição do signo acima, “estar por ou para” significa representar. Poder estudar, 
especular, ou ao menos refletir sobre signos é uma característica fundamental da espécie 
e da cultura humana. 
 
Todos os seres vivos, inclusive as plantas, usam signos para se comunicar, porque 
a comunicação e os signos são essenciais para sobreviver. As abelhas têm um sistema 
bem complicado, mas muito bem-sucedido, para sinalizar às suas colaboradoras de onde 
elas estão trazendo a sua nutrição e onde as colegas podem também encontrar essa 
mesma fonte. Ao encontrar o pólen, as abelhas fazem uma espécie de dança que é 
apreendida pelas demais. 
 
 
23 Comunicação e Semiótica 
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Voltemos para os signos humanos. Embora, assim como os outros animais, também 
faça uso dos sinais sensórios para se comunicar, o humano é o único animal que fala. Essa 
comunicação verbal se manifesta pela audição e por sua forma escrita visualizável. Mas o 
signo pode também ser representado por um signo não verbal, como a imagem. Ao falar a 
panela ou desenhar uma panela, você tem uma representação, mas não pode com esse 
papel cozinhar o seu almoço, entendeu? 
 
5.1. Um conceito e algumas definições 
Signo foi a teoria explicativa criada por Saussure ao tentar responder à questão que 
havia entre os linguistas, ou seja, a relação que poderia haver entre o 'nome dado às coisas 
existentes' e 'a coisa em si'. Para o pesquisador, tudo que é existente e conhecido é 
representado por um signo e este é composto por duas partes: significante e significado. O 
significante é a imagem acústica, ou seja, quando se pensa em algo conhecido, é como se 
o som ressoasse no cérebro - é um som não articulado. O significado corresponde, não ao 
objeto, a coisa em si, mas à imagem criada pelo significante. 
 
Não há, portanto, significado sem significante. Os dois elementos - significante e 
significado - constituem o signo "estão intimamente unidos e um reclama o outro". São 
interdependentes e inseparáveis, pois sem significante não há significado e sem significado 
não existe significante. 
 
Para Saussure, o signo linguístico, sendo de caráter puro e exclusivamente psíquico, 
se caracteriza por: 
 
- Arbitrariedade na união significado e significante, sendo esta relação entre o 
significado (conceito) e o significante (som) quase sempre convencional. Salvo raras 
exceções, não existe uma razão concreta para que um significante esteja associado a um 
significado. Isto explica o fato de que cada língua use diferentes significantes para um 
mesmo significado. 
 
- Linearidade: Os componentes que integram um determinado signo se apresentam 
um após o outro, tanto na fala como na escrita. O principio da linearidade que se aplica às 
unidades do plano das expressões (fonemas, sílabas, palavras), por serem estas emitidas 
 
 
24 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
em ordens linear ou sucessiva na cadeia da fala, sendo o principio das relações 
sintagmáticas.- Articulação: As maiores unidades lingüísticas podem dividir-se em partes 
menores, reconhecíveis e intercambiáveis. Essa característica é própria e exclusiva do 
código linguístico e, graças a ela, podemos obter um número infinito de mensagens partindo 
de um número reduzido de unidades. 
 
Temos ainda as seguintes características, além destas, que são: Impositividade, 
onde significado, em relação ao significante, é imposto socialmente, e Mutabilidade, onde 
os signos se alteram com o passar dos tempos - fonética e semanticamente. 
 
O significado do signo lingüístico é, pois, o conceito, a ideia ou sentido, enfim, é o 
plano do conteúdo. O significante do signo lingüístico é, então, a imagem acústica - cadeias 
de sons. Entretanto, estes conceitos se tornam diferenciais e negativos, pois um signo só 
tem o seu valor na medida em que ele não é outro signo qualquer - um signo é aquilo que 
os outros signos não são. 
 
 
 
Peirce, como dissemos no capítulo anterior, diferentemente de Saussure, possuía 
uma visão tríade de signo. Além disso, ele defendia que toda ideia é um signo, ele pretendia 
configurar conceitos sígnicos tão gerais que pudessem servir de alicerce a qualquer ciência 
aplicada, ou seja, considerava que para exprimir qualquer conhecimento se recorre ao uso 
de signos e, assim, a Semiótica consiste no estudo das leis gerais desses signos existentes 
em qualquer ciência. 
 
 
25 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Examinando fenômenos diversos, Peirce descreveu suas três categorias universais 
de toda a experiência e pensamento. Essas categorias foram denominadas: 
 
Qualidade; 
Relação; 
Representação. 
 
Algum tempo depois, o termo RELAÇÃO foi substituído por REAÇÃO e o termo 
REPRESENTAÇÃO recebeu a denominação mais ampla de MEDIAÇÃO. Para fins 
científicos, Peirce preferiu fixar-se na terminologia de Primeiridade, Secundidade e 
Terceiridade, os quais foram apresentados na aula anterior. 
 
 
 
Vamos entender mais profundamente cada um deles. 
 
PRIMEIRIDADE - a qualidade da consciência imediata é uma impressão 
(sentimento) frágil. É pré-reflexivo, sensorial. É presente e imediato, ele é original, 
espontâneo e livre, precede toda síntese e toda diferenciação. Primeiridade é a 
compreensão superficial de um texto. O eu. É o sentimento não analisado. 
Ex.: O céu é azul (primeiridade) 
 
SECUNDIDADE - a existência cotidiana, estamos continuamente esbarrando em 
fatos que nos são externos, coisas reais, factivas que não cedem ao sabor de nossas 
 
 
26 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
fantasias. O simples fato de estarmos vivos, existindo, significa, a todo momento, que 
estamos reagindo em relação ao mundo. Existir é sentir a ação de fatos externos resistindo 
a nossa vontade. Onde quer que haja um fenômeno, há uma qualidade, isto é, sua 
primeiridade. Mas a qualidade é apenas uma parte do fenômeno, visto que, para existir, a 
qualidade tem que estar encarnada numa matéria. O fato de existir (secundidade) está 
nessa corporificação material. 
 
Ex.: Pedro bateu no Carlos (fato – secundidade) 
 
Pedro bateu no Carlos por causa do José (intenção – não é secundidade) 
A secundidade engloba ação e reação, causa e efeito, impacto. É manifestação, fim, o 
outro. 
 
TERCEIRIDADE - primeiridade é a categoria que da à experiência sua qualidade 
distintiva. Secundidade é aquilo que dá à experiência seu caráter factual, de luta e 
confronto. Finalmente, terceiridade corresponde à camada de inteligibilidade, ou 
pensamento em signos, através da qual representamos e interpretamos o mundo. Ou seja, 
o indivíduo conecta à frase a sua experiência de vida, fornece à oração, um contexto 
pessoal. A terceiridade é precisão, conexão entre qualidade e fato. 
 
Ex.: Pedro é forte (qualidade) – primeiridade 
Pedro bateu no Carlos (fato) – secundidade 
Carlos está ferrado (previsão) – terceiridade 
 
Ana vê algo na vitrine (princípio, presente) – primeiridade 
Ana decide entrar na loja (meio, futuro) – terceiridade 
Ana entra na loja (fim, passado) – secundidade 
 
“Considerar algo como um terceiro é considerar algo como signo. Entretanto um 
terceiro incui um primeiro e um segundo.”. De maneira sintética, temos: 
 
 
 
27 Comunicação e Semiótica 
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PRIMEIRIDADE SECUNDIDADE TERCEIRIDADE 
ABSTRAÇÃO PURA CORRELATO COMPARAÇÃO 
PRESENTE PASSADO FUTURO 
SER EXISTIR REPRESENTAR 
PRINCÍPIO FIM MEIO 
EU ELE TU 
 
 
 
 
NOVAK, Franciele Isabelita Lopes. A semiótica de Peirce e Saussure, 
contributos e limites para a teoria das representações semióticas de 
Raymond Duval e a análise da forma e conteúdo em matemática. REVEMAT. 
Florianópolis (SC), v.12, n. 2, p. 1-15, 2017 
 
 
 
 
 
 
 
28 Comunicação e Semiótica 
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6. ÍCONE, ÍNDICE, SÍMBOLO 
 
Objetivo 
Entender a relação do signo linguístico de Peirce com os conceitos de ícone, símbolo 
e índice. 
 
Introdução 
A segunda tricotomia de Peirce descreve os signos sob o ponto de vista das relações 
entre o objeto e a forma como ele é representado. Peirce considera essa tricotomia como 
“a divisão mais importante dos signos”. Os três elementos que a compõem são 
determinados conforme as três categorias fundamentais. São eles: ícone, índice e símbolo. 
 
 
 
 Tente pesquisar sobre as TRICOTOMIAS de Peirce. Veja como o autor 
desenvolveu essa teoria. 
 
 
 
 
ÍCONE: mantém uma relação de proximidade sensorial ou emotiva entre 
representação do objeto e o objeto em si - exemplo: pintura, fotografia, o desenho de um 
boneco. É importante falar que um ícone não só pode exercer esta função como é o caso 
do desenho de um boneco de homem e mulher que ficam anexados à porta do banheiro 
indicando se é masculino ou feminino, a priori é ícone, mas também é um simbolo, utilizado 
para mostrar que é um banheiro. Assim seria, então ele é ícone e símbolo. 
 
De acordo com J. Texeira Coelho Netto, ícone é um signo que tem semelhança com 
o objeto representado. Exemplos de signo icônico: a escultura de uma mulher, uma 
fotografia de um carro, e mais genericamente, um diagrama, um esquema.” – 
 
Ícone é caracterizado por Peirce, em uma de suas muitas definições, como aquele 
signo que é determinado por seu objeto, por compartilhar das características dele. (...) Essa 
semelhança com o objeto, contudo, não é necessariamente especular, como numa 
fotografia, embora possa sê-lo. É suficiente uma única propriedade monádica com o objeto, 
 
 
29 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
um traço, para que possa ser visto pelo sujeito como ícone daquele objeto. De qualquer 
maneira, existe na identidade do ícone uma relação de analogia, qualquer seja ela, fazendo 
de qualquer imagem, (visual, auditiva, olfativa, etc.) um ícone em potencial que depende, 
para sua atualização, da interferência do sujeito 
 
ÍNDICE: ou parte representada de um todo anteriormente adquirido pela experiência 
subjetiva ou pela herança cultural - exemplo: onde há fumaça, logo há fogo. Quer isso dizer 
que através de um indício (causa) tiramos conclusões. A principal característica do signo 
indicial é justamente a ligação física com seu objeto, como uma pegada é um "indício" de 
quem passou. A fotografia, por exemplo, é primeiramente um índice, pois é um registro da 
luz. Índice é um signo que se refere ao objeto denotado de virtude de ser diretamente 
afetado por esse objeto determinado momento. Ele indica algo - nuvem (chuva), pegadas 
(passagem de alguém). 
 
SÍMBOLO: de forma arbitrária estabelece uma relação convencionada entre o signo 
e o objecto - exemplo: o termo cadeira. O fundamento do símbolo é um legi-signo, é um 
signo que representa o objeto através de uma lei, de uma convenção, possuindocaráter 
geral e não singular como no caso do índice. Seu objeto imediato é a forma como o signo 
irá representar seu objeto dinâmico, o significado. Um ícone pode se tornar um símbolo por 
convenções socioculturais, ao ser carregado de significados simbólicos. Como já dissemos, 
as palavras são símbolos porque foram convencionadas. 
 
 
 
30 Comunicação e Semiótica 
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Signos por Lucia Santaela - https://www.youtube.com/watch?v=lomcJvKGy10. 
 
 
 
 
 
 
Winfried Noth. Panorama da Semiótica de Platão a Peirce.: Annablumeo 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=lomcJvKGy10
 
 
31 Comunicação e Semiótica 
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7. A SEMIÓTICA DISCURSIVA 
 
Objetivo 
Conhecer a teoria da semiótica discursiva de Greimas 
 
Introdução 
Podemos falar, cronologicamente, em duas fases que caracterizaram as origens da 
Semiótica Discursiva: a primeira ocorreu nas décadas de 1920 a 1930 em que os primeiros 
estudos formalistas foram publicados. A segunda ocorreu nas décadas de 1960 a 1980 e 
foi quando esses trabalhos foram retomados e Lévi-Strauss, Barthes e A. J. Greimas 
criaram modelos baseados no pensamento estruturalista. Nosso foco, nesse capítulo será 
essencialmente os estudos deste último. 
 
O semioticista Algirdas Julien Greimas (1917-1992) permaneceu mais fiel aos 
princípios da análise estrutural que tem por base Saussure e a relação de estrutura 
significante/significado = signo. Greimas analisava os planos de linguagem onde os 
signos estão inseridos. 
 
Em meados dos anos 1960, marcou o desenvolvimento da teoria Semiótica 
especialmente no que diz respeito à sua dimensão narrativa, que é a primeira dimensão de 
articulação do sentido e um dos níveis de análise mais explorados na reflexão greimasiana, 
sobretudo até meados dos anos 1980. 
 
7.1. O início 
O Greimas quer analisar o plano inteiro de linguagem, ele prevê que toda linguagem 
tem expressão e conteúdo. A partir de Greimas nós não vemos mais os signos. Tudo estará 
em conjunto para expressar o conteúdo. 
 
Seu objetivo central é estudar o discurso com base na ideia de que uma estrutura 
narrativa se manifesta em qualquer tipo de texto (verbal ou não verbal). 
 
Para Greimas, o signo é chamado "aspecto textual", portanto a semiótica é a teoria 
da significação e seu objeto não é o signo, mas os Sistemas Semióticos. Sua principal 
preocupação é explicar as condições da apreensão e da produção do sentido, mais 
 
 
32 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
especificamente, a intenção da semiótica é tornar explícitos os mecanismos que estão 
implícitos de estruturação e interpretação de texto. Segundo Barros (1990, p.7), a semiótica 
tem por objeto o texto, ou melhor, procura descrever e explicar o que o texto diz e como ele 
faz para dizer o que diz. 
 
A semiótica quer descobir o que há por trás dos textos. Como podemos descobrir 
aspectos históricos e sociais por meio dos discursos? 
 
Para Greimas, o social e o histórico não são transcendentes, são imanentes, ou seja, 
são contruídos no e pelo texto. Ou seja, toda a realidade como conhecemos, seja ela, social 
ou histórica, foi construída por textos e não são aspectos fora dele. E, quando falamos em 
textos, não estamos nos referindo apenas aos textos verbais, mas também às imagens, às 
músicas, todas as diferentes formas de expressão de cultura. 
 
Você já deve ter estudado que a Semântica é a ciência que estuda a significação 
dos termos. Particularmente para Greimas, a Semântica deve ser gerativa, ou seja, gerar 
modelos para que seja possível a análise de vários elementos que podem ter o mesmo 
significado. O autor vai criar categorias de análise para que possamos compreender como 
há várias formas de representar a mesma situação. Por exemplo, para que eu diga: Estou 
cansada, há várias formas de explicar esse sentimento. Dependendo da forma que eu 
escolher, eu vou conseguir uma verdade mais verossímel e posso conseguir determinada 
resposta da pessoa. Posso, inclusive, conseguir persuadir meu interlocutor a tomar uma 
atitude. 
 
A semiótica, para Greimas, também precisa ser sintagmática, ou seja, ela não deve 
explicar as unidades lexicais das frases, não deve preocupar-se com a forma como a frase 
é construída, mas deve focar na produção e interpretação do discurso. O que há por trás 
do conteúdo. 
 
Finalmente, a semiótica deve ser geral, ter uma unidade de sentido que pode ser 
manifestado por diferentes formas de expressão. 
 
Segundo Fiorin (2013, p.17-44), a grande contribuição da Semiótica Discursiva 
refere-se a uma metodologia direcionada para a leitura e análise de textos em que, segundo 
 
 
33 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
sua proposta, é possível analisar um texto a partir de níveis. Ainda, segundo o autor, o 
conjunto desses níveis é chamado de Percurso Gerativo de Sentido. 
 
A partir dessa metodologia, a Semiótica Discursiva proporciona subsídios para 
análise dos enredos narrativos, o que auxiliará o sujeito a compreender os efeitos 
produzidos pelo texto. 
 
Percurso Gerativo de Sentido 
O percurso gerativo de sentido vai do mais simples e abstrato ao mais complexo e 
concreto. A primeira etapa do percurso, a mais simples e abstrata, recebe o nome de nível 
fundamental ou das estruturas fundamentais e, nele, surge a significação como uma 
oposição semântica mínima. No segundo patamar, denominado nível narrativo, ou das 
estruturas narrativas, organiza-se a narrativa, do ponto de vista de um sujeito. O terceiro 
nível é o do discurso ou das estruturas discursivas em que a narrativa é assumida pelo 
sujeito da enunciação. 
 
 1º NÍVEL: FUNDAMENTAL OU DAS ESTRUTURAS FUNDAMENTAIS: O Nível 
Fundamental é o mais complexo e abstrato. Temos nele oposições semânticas 
de valores (contrariedade). Ex.: vida x morte, certo x errado. 
Para que se tenha uma construção de opostos (de valores) temos que ter traços 
em comum. Esses valores ou categorias opostas não possuem uma valoração 
fixa, ou seja, o texto é quem irá mostrar se “riqueza” é um conceito positivo ou 
negativo. Os valores positivos são denominados “atraentes ou eufóricos”, já os 
negativos são intitulados de “repulsivos ou disfóricos”. Em discursos cristãos, a 
“riqueza” tem valor disfórico. No meio empresarial, eufórico. 
Já a contraditoriedade, explica-se pelas palavras contraditórias como alto x não 
alto, feio x não feio. Por exemplo, nem todo mundo que não é herói, é o vilão. 
E, por último, a questão de complementariedade. Por exemplo, eu posso dizer 
que o João não é bonito (e também não é feio). A complementariedade seria o 
não bonito e o feio, pois são palavras que tem carga semântica próximas. 
 
 
 
 
34 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
Para Greimas, os significantes são “os elementos ou grupos de elementos que 
tornam possível o aparecimento da significação ao nível da percepção”. Liga-
se ao mundo sensorial por meio: do visual (gestos, mímica), do táctil (alfabeto 
braile), o auditivo (música). O significado é a “significação ou significações que 
são abrangidas pelo significante” e o conjunto significante é a reunião de 
significante e de significado. A estrutura elementar da significação se dá pela 
articulação de dois semas contrários, através do eixo semântico... 
 
 
É importante ressaltar que o discurso na semiótica não vai depender de quem está 
lendo. A semiótica vai fazer um estudo do que o discurso “quis dizer”, do que está 
manifestado. 
. 
 
 
QUADRADO SEMIÓTICO: revela as oposições dos eixos semânticos, apresentando 
dois tipos de relações. 
 
 2º NÍVEL: NARRATIVO OU DAS ESTRUTURAS NARRATIVAS: A narratividade 
é uma transformação situada entre dois estados sucessivos e diferentes(sujeito 
de estado e sujeito de fazer). Também devemos ressaltar o conceito de 
conjunção e disjunção. Quando o sujeito entra em conjunção com o objeto 
eufórico. Por exemplo, no meio empresarial, se alguém se torna rico, ele está em 
 
 
35 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
estado conjunto. Por outro lado, se uma pessoa estava bem financeiramente e 
empobreceu, ela passa a um estado disjunto 
Uma narrativa complexa possui quatro fases: Manipulação, Competência, 
Performance e Sanção 
 
 3º NÍVEL – DISCURSIVO OU DAS ESTRUTURAS DISCURSIVAS: No nível 
narrativo, percebemos formas mais abstratas, por exemplo, quando um sujeito 
entra em conjunção com a liberdade. Entretanto, no nível discursivo, essas 
formas abstratas são revestidas de termos que lhes dão concretude. O nível 
discursivo pode produzir variáveis de conteúdos narrativos invariantes, ou seja, 
no nível narrativo sempre teremos, por exemplo, em uma novela, uma estrutura 
narrativa fixa: 
 
X quer entrar em conjunção com o amor de Y, X não consegue (existe um obstáculo), 
X passa a poder fazê-lo (o obstáculo é removido), o amor realiza-se. 
 
Já, no nível discursivo, podemos perceber uma variação, pois o obstáculo, por 
exemplo, ora pode ser a diferença social, ora pode ser a presença de outra mulher etc. 
 
 
 
 
GREIMAS. Semântica estrutural. Cultrix, 1973 
FIORIN, José. Elementos de análise do discurso. Contexto 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 Comunicação e Semiótica 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8. ENUNCIAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO EM SEMIÓTICA - PROF. DR. J. 
L. FIORIN 
 
Essa aula é baseada em aulas online do Professor Dr. José Luiz Fiorin, cujos links 
das aulas deixarei disponível a vocês. 
 
O que é enunciação 
Saussure nos mostra que a língua humana tem um aspecto social, ou seja, o 
conhecimento internalizado que nós temos da língua e um aspecto individual, ou seja, a 
fala. 
 
A língua é composta pelas diferenças. Essas diferenças podem ser semâticas como 
o masculino e feminino, formação do plural, por exemplo. Como também podem ser fônicas, 
como a produção dos sons das vogais que são específicos do português e diferentes no 
inglês, no francês. No entanto, o aspecto mais importante é que a língua possui um sistema 
combinatório de formação das sentenças. Em português, por exemplo, nossas frases, 
normalmente, são compostas por artigo + substantivo+ verbo + complementos. A fala, por 
outro lado, é individual. 
 
Emile Benveniste questiona como nós passamos da língua para a fala. Segundo ele, 
esse processo ocorre por meio da enunciação. 
 
ENUNCIAÇÃO = DIZER 
ENUNCIADO = DITO 
 
 
 
 
ENUNCIAÇÃO É A PRODUÇÃO DA LÍNGUA POR UM ATO INDIVIDUAL . 
- é a instância de mediação entre a língua e a fala. O ego – hic – nunc (eu – aqui 
– agora) 
 
 
 
 
37 Comunicação e Semiótica 
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Quais seriam essas categorias entre a língua e a fala? Benvenieste afirma que são: 
o EGO – HIC – NUNC (eu – aqui – agora). A enunciação, portanto, tem um conteúdo 
linguístico: a pessoa, o espaço e o tempo. A opção por escrever as categorias em latim é 
para nos mostrar que tais categorias não são de determinada língua, mas pertence a todas 
as línguas. 
 
Por último, poderíamos afirmar que a enunciação é uma instância logicamente 
pressuposta pelo enunciado. Se existe um enunciado, obviamente existe aquele que 
produziu esse enunciado. No enunciado “O jogo foi ruim”, eu não precisaria enunciar a 
enunciação, ou seja, dizer, “Eu digo que o jogo foi ruim”, já que sempre há um eu 
prossuposto na enunciação. 
 
O “eu” pressuposto que não está no enunciado é chamado por Benveniste de 
enunciador. O eu explicitamente escrito é o narrador. Voltemos ao exemplo 
 
[Eu digo] O jogo foi ruim 
 ENUNCIADOR 
 
Eu digo que o jogo foi ruim 
 Enunciação enunciada - NARRADOR 
 
É importante separar os dois elementos, já que não podemos confundir enunciador 
e narrador. O enunciador é o autor, o narrador seria aquele que conta a história. Há, ainda, 
o INTERLOCUTOR. Imaginemos uma história narrada pela Maria. Em determinado 
momento há: 
 
João disse: Eu te amo! 
 
Esse EU refere-se não à Maria, mas ao João. Esse EU é o interlocutor. Também é 
importante entender que toda vez que um EU fala, ele fala para um TU (ou você). 
Para cada um desses EUs que explicamos acima, há um TU correspondente 
 
 ENUNCIADOR (autor) ENUNCIATÁRIO (tu pressusposto – leitor) 
NARRADOR NARRATÁRIO 
INTERLOCUTOR INTERLOCUTÁRIO 
 
 
38 Comunicação e Semiótica 
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Quando falamos que o ENUNCIADOR é o autor, temos que lembrar que não é a 
pessoa, mas a imagem que temos desse autor a partir de sua obra. Por exemplo, ao lermos 
O Sítio do Pica Pau Amarelo, o enunciador não é Lobato, mas um Lobato construído por 
sua obra. 
 
Greimas nos traz a ideia do enunciado, enunciado, que seria o enunciado despido 
das marcas de enunciação. Por exemplo, quando eu digo: A rosa é uma flor, eu não tenho 
as marcas de enunciação (eu digo...) Ele quer deixar evidente que nada escapa à 
enunciação. 
 
Ao falar, a rosa é uma flor, eu crio um efeito de verdade. Já que temos a impressão 
de que o fato ‘fala’ por si. No jornal, por exemplo, é fundamanetal se criar o efeito de 
verdade, já que, na notíca, o jornalista não pode se colocar. Por outro lado, em eu digo que 
a rosa é uma flor, temos menos efeito de verdade. 
 
Greimas retoma a teoria de Benveniste, mas nos traz algumas reflexões sobre a 
ordem da estrutura e a ordem do acontecimento presentes no discurso. No nível da 
estrutura, temos as generalizações e na ordem do acontecimento temos as singularidades. 
Para Greimas, a enunciação é a instância entre a cultura e o acontecimento. A enunciação 
pode ocorrer em três níveis: fundamental, narrativo e discursivo, que nós vimos na aula 
anterior. Entre o nível narrativo e o discursivo está a enunciação. A enunciação é a 
passagem da estrutura para o acontecimento. 
 
 
 
 https://www.youtube.com/watch?v=0FmN3h6GM80 
 
 
 
 
 
 
 
FIORIN, José. Elementos de análise do discurso. Contexto 
 
 
 
 
39 Comunicação e Semiótica 
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9. UMA ANÁLISE SEMIÓTICA 
 
Objetivo 
Propor a análise de alguns textos sob a visão Semiótica 
 
Introdução 
Como vimos o Percurso Gerativo de Sentido nos ajuda a compreender como o 
sentido é produzido, como um discurso de um jornal ou de uma revista, por exemplo, é 
produzido. Vamos seguir os caminhos do Percurso Gerativo de Sentido em uma revista e 
compreender como ela “vende” seu discurso. Relembrando, os três níveis: fundamental, 
narrativo e discursivo. 
 
9.1. Revista Boa Forma 
A análise abaixo foi feita pelo professor Claudio Rabelo, da Universidade Federal do 
Espírito Santos. 
 
De acordo com Rabelo, em sua análise semiótica2, na revista abaixo o valor 
MAGREZA é apresentado como um valor eufórico. Não só pelo texto verbal, como pelo 
não-verbal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 h t tps : / /www.youtube.com/watch?v=bMyZBKvHbGg 
Marina Ruy Barbosa 
Pernas e bumbum 
desenhados com 5 
movimentos 
 
https://www.youtube.com/watch?v=bMyZBKvHbGg
 
 
40 Comunicação e Semiótica 
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O discurso que claramente se apresenta é um discurso de venda da revista e está 
manifestado nesse discurso a magreza como um fator positivo, ou seja, eufórico. O nome 
da revista e Boa Forma (há, portanto, uma má forma) e também identificamos na revista 
outros textos tais como: dieta clean, apaixone-se pela corrida, derrete gordura, temperos 
que ajudam a queimar quilinhos. Esses títulos corroboram o discursoda magreza como 
eufórico. 
 
 Podemos representar esse valor expresso pela revista por meio do quadrado 
semiótico. Assim, teríamos: 
 
 
Nesse quadrado, temos um valor de magreza e seu contrário gordura. Temos um 
subcontrário magreza / não magreza, gordura /não gordura. O quadrado também nos 
mostra valores de complementariedade: magreza/não gordura, gordura/não magreza. 
 
A própria revista nos mostra que se você tem magreza, mas tem gordura, há um 
risco (portanto você deve comprar a revista). Se você é magra, e não tem gordura, você 
está com boa forma. 
 
De forma mais complexa, o que a revista nos coloca, analisando a sintaxe: 
- A atriz é magra e tem boa forma 
- A atriz se tornou “desenhada” em cinco movimentos que a revista ensina 
- Se o leitor não seguir os conselhos da revista terá gordura (não será magra, nem 
terá boa forma). 
 
Percebemos que a revista afirma que você (leitora) tem gordura e precisa seguir os 
exercícios propostos para ficar igual a atriz. 
 
 
41 Comunicação e Semiótica 
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Um dos aspectos que podemos ressaltar do nível narrativo é que há a junção do 
sujeito com a magreza (fator eufórico), e disjunção com a gordura. Também a revista se 
coloca como aquela que vai resolver o problema da gordura. Se você segue o que a revista 
propõe terá a performance, irá se transformar. 
 
No final, no nível discursivo podemos perceber a “roupagem” colocada de que a 
magreza está associada à beleza e ao sucesso. 
 
 
 
 
GREIMAS. Semântica estrutural. Cultrix, 1973 
FIORIN, José. Elementos de análise do discurso. Contexto

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