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C A R D I O P A T I A S A C I O G Ê N I C A S C O M H I P E R F L U X O P U L M O N A R A circulação pulmonar na vida fetal tem semelhança com artérias da circulação sistêmica e o padrão de alta resistência, ocasionando baixo fluxo pulmonar, cerca de 7-10% do débito cardíaco total. Ao nascimento, a reatividade dos vasos pulmonares com início dos movimentos respiratórios, aumento da tensão de O2 e liberação de bradicinina promove vasodilatação pulmonar,queda da resistência vascular com adelgaçamento da parede e aumento luminal. Cardiopatias congênitas associadas à congestão pulmonar têm hipervolemia pulmonar que gera hiperfluxo e possibilidade de hipertensão pulmonar, essas modificações ocorrem pelo desvio de fluxo sanguíneo (shunt) esquerda-direita entre câmaras cardíacas e/ou vasos arteriais e obstrução ao fluxo sanguíneo do retorno venoso pulmonar, causando insuficiência cardíaca pela sobrecarga volumétrica das câmaras cardíacas. LAYANE SILVA No canal arterial, o fluxo sanguíneo que vem do ventrículo esquerdo acaba fluindo da aorta para a artéria pulmonar, já na CIA (comunicação interatrial), o fluxo será do AE para o AD, e na CIV (comunicação interventricular) o fluxo será do VE para o VD - ou seja, sempre será da câmara de maior pressão (ligada a maior pós- carga) para a câmara de menor pressão (ligada a menor pós- carga). O débito do pulmão que está sobrecarregado é o sangue que vem das veias cava (do corpo) somado ao shunt, então se houver um buraco pequeno passa pouco volume e se houver um buraco enorme terá um grande volume, então a clínica vai depender do tamanho do shunt. Nesse caso, não há cianose (criança não fica roxa) pois essa manifestação ocorre quando há sangue venoso na circulação arterial, nesse caso, não há sangue venoso passando, mas sim sangue arterial sobrecarregando, ou seja, o sangue arterializado que já estava oxigenado e deveria ir para o corpo pela aorta, não vai para o corpo e passa novamente para o pulmão, gerando uma sobrecarga. Em uma definição geral, é um grupo de doenças que causa fluxo de sangue arterializado após a passagem pela circulação pulmonar da circulação esquerda para a direita, abrangendo comunicações entre os grandes vasos e entre as câmaras cardíacas - são as cardiopatias que vão invadir, encher e encharcar o pulmão. As cardiopatias congênitas com hipervolemia e hiperfluxo pulmonar (HFP) acianogênicas compreendem: comunicação interatrial (CIA), comunicação interventricular (CIV), defeito do septo atrioventricular (DSAV) e persistência do canal arterial. A cianose pode estar presente dependendo da malformação cardíaca e/ou situação funcional do leito vascular pulmonar. A apresentação clínica dependente da magnitude do shunt (depende do tamanho do “buraco”), então, por exemplo, se por acaso há uma comunicação entre os átrios (comunicação interatrial), uma comunicação entre os ventrículos (comunicação interventricular) ou um canal arterial persistente, ou até mesmo um defeito do septo ventricular, deve-se avaliar primeiro a pressão. As câmaras de maior pressão são as esquerdas que estão ligadas a maior pós carga, o átrio esquerdo tem 8-10 mmHg e o átrio direito tem 0-4 mmHg, o ventrículo esquerdo tem 120/10 mmHg e o ventrículo direito tem 25/4 mmHg, então o fluxo do sangue vai vir da esquerda para a direita, ou seja, das câmaras de maior pressão para as de menor pressão. ANATOMIA EMBRIOLOGIA Embriologicamente, há um tubo único, quando o coração está se formando, que se divide em direito e esquerdo, habitualmente tudo que tem a direita também tem a esquerda, por exemplo veia cava direita e esquerda e depois algumas estruturas vão regredindo. Na câmara atrial há uma câmara única que sofre divisão, então inicialmente há uma camada de septo primum em cima que vai encontrar uma outra parte embaixo, depois essa parte de cima regride formando o septo secundum que é muscularizado e vai se formar ao lado. Entre esses 2 septos, há um forame oval patente/pérvio, que são 2 lâminas, assim, pode haver uma apoptose anormal, ou seja, se o LAYANE SILVA septo se forma o primum desce, regride e depois o secundum se forma só até uma determinada parte e não faz essa continuação para depois com o pressão ocorrer o colabamento após o nascimento, quando a pressão do lado direito cai, a do lado esquerdo aumenta e a placenta sai. Basicamente, o pulmão inflamado gera uma cascata bioquímica, que irá causar infecção de vias aéreas de repetição, pneumonia, cansaço às mamadas, baixo ganho de peso, taquicardia, taquipneia e hepatomegalia - esses 3 últimos são sinais clínicos de ICC. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Resumindo, a criança não irá ganhar peso, cansa durante as mamadas (mama e para, respira e volta) associado à sudorese, além disso, com a continuidade da cascata bioquímica, a parede das artérias tentam se recuperar pelo processo de cicatrização normal, mas em um determinado momento não dá tempo, então ela passa a colocar outro tipo de tecido. Assim, quando o vírus chega nesse local (Ex.: rinovírus) a criança sempre fica gripada porque ela já está inflamada, ou seja, ela tem infecções respiratórias de repetição, ela faz pneumonia, tem quadro respiratório grave. Taquicardia Hepatomegalia Taquipneia com ou sem dispneia Na criança, essa sobrecarga irá se manifestar primeiramente com taquipneia, tem-se que o pulmão encharca porque VD “gosta de volume” ou seja ele se acomoda a um volume grande, assim, ele se acomoda e o fluxo sai várias vezes sucessivas e ele demora para dilatar, ou seja, ele consegue lidar bem com volume, mas ele “não gosta” de pós-carga, ou seja, quando há aumento de pós-carga o VD hipertrofia rapidamente. Já, o VE quando recebe maior volume, ele sofre dilatação, mas quando recebe maior pós-carga, ele consegue responder melhor. Resumindo, o VD quando recebe volume, ele empurra o volume para cima para o pulmão dar conta desse volume extra, por isso, o pulmão começa a encharcar, do ponto de vista arteriolar ocorre hiperfluxo, pressão e força de cisalhamento, que provoca inflamação que ativa a cascata inflamatória, assim, torna-se um pulmão inflamado pois há uma cascata inflamatória no endotélio causando lesão bioquímica. Em função disso, em um primeiro momento o volume que vem para o pulmão é o débito cardíaco normal somado ao volume do shunt, então habitualmente o QP x QS (coeficiente pulmonar x coeficiente sistêmico, medido através do ecocardiograma) é igual a 1 : 1, mas o coeficiente dessa criança fica em 2 : 1, ou seja, ela está recebendo o dobro do volume que tinha que receber. Ao receber esse fluxo aumentado, a criança fica taquipneica ou até dispneica, pois ela faz tanta força, que, na hora de mamar (considerado um exercício físico para o latente, pois a criança gasta energia), a lactente mama no peito e fica ofegante porque ela tem que coordenar a respiração e deglutição, além de ter um volume muito alto, associado a isso há taquicardia para dar conta desse volume, e com o tempo há hepatomegalia - os 3 são sinais de ICC na criança. A taquipneia tem relação com o excesso de volume/débito daquele pulmão, pois, ao inspirar, a criança vai fazer esforço para conseguir oxigenar aquele volume, por isso, ela precisa da musculatura acessória para dar conta do fluxo que ela está recebendo porque o vaso está dilatado em cima. Essa dilatação significa que tem um calibre maior e recebe mais volume, como o pulmão não consegue controlar o nível de fluxo, ele tenta oxigenar todo o fluxo. Sempre que tiver um hiperfluxo pulmonar, essa criança vai ser uma “criança cansada”, e, por estar cansada, ela não consegue mamar direito porque ela está com o pulmão encharcado, ou seja, ela está sufocada com o volume que o pulmão está recebendo e que o coração está tentando dar conta de forma descompensada porque o buraco se mantém. Consequentemente, essa criança não consegue crescer bem nem ganhar peso adequado, porque esse gasto está sendo deslocado para a musculatura acessória, ou seja, esse gasto está sendo deslocado para essa dinâmica cardiovascular. ICCNA INFÂNCIA Nesse caso, não pode manejar volume (Ex: etapa rápida com soro) para essa criança porque o pulmão não vai aguentar, então é importante saber manejar esse tipo de criança, nem todas as terapias são capazes de compensar essa criança. Com o tempo a magnitude do shunt pode aumentar o volume, por exemplo para 3,5 : 1, provocando fibrose das arteríolas pulmonares de forma mais rápida, então essa criança fica mais cansada, tem mais infecções (sempre gripada) e não ganha peso, mas de repente ela melhora, porque houve fibrose do pulmão que apenas permite o fluxo 1 : 1 pois há ausência da resposta elástica. Quando o pulmão está duro/fibrosado, a pressão pulmonar está alta e a saturação começa a cair, manifesta-se como uma “boca insaturada” (levemente arroxeada) e ocorre “melhora dos sintomas”, nesse caso, o pulmão não suporta uma cirurgia, pois se fechar o shunt nesse momento o pulmão ficará em um disputa de qual dos dois fluxos terá maior pressão, então é necessário fazer um cateterismo para saber se o pulmão ainda tem condição de resposta fluxo x resistência para fazer uma correção cirúrgica. Quando tem fibrose, não vai ter acomodamento - assim como era na circulação fetal, quando a acomodação pulmonar era dura e rígida e não entrava mais fluxo porque havia um limite de passagem de fluxo - agora ocorre geração de uma pressão pulmonar/pós-carga aumentada para que o pulmão se defenda desse fluxo e com isso ele inverte o fluxo/pós-carga, então na artéria pulmonar a pós-carga vai ser alta e ele vai se equiparando a pós-carga sistêmica da criança. Assim, define-se hipertensão pulmonar (HP) como uma condição em que a pressão média de artéria pulmonar (PMAP) é superior a 20 mmHg. Com o tempo, o VD que não gosta de pós-carga sofre hipertrofia, mas esse processo demora, bem como não há pressão gigante logo que inicia o processo, ocorre de forma discreta, inicialmente a criança satura 94%, depois passa a 90%, então usa-se alguns métodos para medir como está a hipertrofia pulmonar. Cardiopatia congênita acianogênica frequente, 7% das malformações e 33% das cardiopatias congênitas, prevalência em torno de 17 em 10 mil nascidos vivos (3 em cada 1000 nascidos vivos), tem relação 2:1 entre mulheres e homens e incidência de 10% quando considerada isoladamente. É caracterizada por defeito no septo que separa os átrios, permitindo shunt da esquerda para a direita, causando sobrecarga de volume do ventrículo direito e HFP, pode ser um defeito atrial isolado ou associado com discreto predomínio no sexo feminino. COMUNICAÇÃO INTERATRIAL LAYANE SILVA na síndrome de Down, a CIA tipo ostium secundum está presente em 10% dos casos, assim como em outras síndromes, como Alagille, Ellis van Creveld e Noonan, e a CIA do tipo ostium primum está presente em 50% dos casos. CIA pode estar relacionada a transmissão autossômica dominante, como na Síndrome de Holt-Oram, que provoca má formação das extremidades. Se tiver uma descontinuidade dos septos por uma apoptose anormal e o septo não desceu, não colou onde precisa colar, forma-se a chamada CIA (comunicação interatrial) tipo ostium secundum, então ela pode se formar na parte de baixo do septo atrioventricular. Quanto ao forame oval, sabe-se que é uma estrutura que precisa ficar aberta dentro da barriga da mãe, se não o embrião não sobrevive, mas se houve na formação uma apoptose errada, forma-se um buraco e há uma descontinuidade - existem 2 pontas e um buraco no meio por onde passa o fluxo. As CIAs são divididas em 4 tipos: fossa oval ou ostium secundum, ostium primum, tipo seio venoso inferior e tipo seio coronário. CLASSIFICAÇÃO Exame físico: sopro sistólico ejetivo de pequena magnitude, em foco pulmonar com desdobramento fixo de B2. a maioria permanece assintomática na infância e adolescência. raramente lactentes com CIA isolada apresentam sinais e sintomas de insuficiência cardíaca e necessitam de intervenção na infância. o fechamento espontâneo de CIA ostium secundum pequenos pode ocorrer em geral até o segundo ano de vida, em alguns casos mais tardios aos 5 anos. A presença de sintomas correlaciona-se com o aumento progressivo do shunt de sangue da esquerda para a direita, na idade adulta, a maioria com CIA grande apresenta sintomas como dispneia, cansaço aos esforços, palpitações e eventualmente manifestações de tromboembolismo, desenvolvendo IC - além de infecção respiratória de repetição, pneumonia e retardo no desenvolvimento. O exame físico depende da repercussão, em geral, há inspeção do tórax impulsões sistólicas e abaulamento precordial, ausculta cardíaca com desdobramento amplo e constante da 2a bulha, em virtude de atraso do fechamento da valva pulmonar, sopro sistólico cardíaco na área pulmonar decorrente do aumento do fluxo pela valva e dilatação do tronco da AP; sopro diastólico com ruflar em área tricúspide decorre do fluxo aumentado pela CIA e caracteriza estenose relativa da valva tricúspide. À medida que a RVP aumenta, ocorre hiperfonese da segunda bulha e redução da intensidade do sopro em área pulmonar e até mesmo surgimento de sopro diastólico no foco tricúspide. Fossa oval ou ostium secundum: tipo mais frequente (50-70% dos casos), localizado na região da fossa oval (parte central do septo), caracterizado por ausência ou orifício na lâmina da fossa oval. Ostium primum: corresponde a 30% dos casos, localizado entre a margem anteroinferior da fossa oval e as valvas atrioventriculares (parte baixa do septo) associadas ao defeito do septo atrioventricular. Tipo seio venoso superior: fica próximo à veia cava superior (VCS) e permite o fluxo entre a comunicação e uma ou mais veias pulmonares direitas, corresponde a 10% dos casos. Mais raramente pode ser tipo CIA seio venoso inferior, situado logo acima da junção da veia cava inferior com o átrio direito. Tipo seio coronário: mais raro, caracterizado por deficiência parcial ou completa do tecido que separa o seio coronário do átrio esquerdo (AE). uma CIA entre 3 e 6 milímetros é considerada pequena, entre 6 e 8, moderada e acima de 8, grande. O fluxo da esquerda para direita através do defeito atrial determina sobrecarga de volume das cavidades direitas e aumento do fluxo pulmonar, a direção e a magnitude do fluxo são determinadas pelo tamanho do defeito e pelas pressões atriais relativas, que são dependentes da complacência ventricular. Inicialmente, resistência vascular pulmonar (RVP) é alta e a complacência do ventrículo direito (VD) é baixa, gradualmente a RVP diminui e a complacência do VD aumenta, permitindo maior fluxo da esquerda para a direita, ocasionando sobrecarga do AD e VD. Posteriormente, a complacência do ventrículo esquerdo (VE) diminui, com elevação das pressões diastólica do VE e média do átrio esquerdo (AE), causando sobrecarga de câmaras direitas com aumento na pressão em artéria pulmonar (AP). Assim, o shunt da CIA ostium secundum em uma pessoa normal é da esquerda para direita, então na CIA - lembrando que um das câmaras tem 8-10 de pressão (esquerdo) e a outra tem 0-4 (direito), por isso que o fluxo passa da esquerda para direita - quando ele passa, o débito que tem no átrio direito vem da veia cava inferior e o shunt, este se for pequeno não faz diferença, mas se for um shunt enorme terá dilatação do átrio direito. No entanto, o ventrículo direito não dilata logo, pois ele acomoda e o Frank- Starling (estiramento e o volume é empurrado na sístole) empurra para frente, então à princípio há dilatação do átrio direito, depois ventrículo direito, e ao exame físico a criança pode ter taquipneia, taquicardia e pode ter hepatomegalia também - as manifestações dependem da magnitude do shunt, se ele for pequeno, a criança pode ser assintomática, se ele for grande quando comparado a referência da aorta, terá repercussões. FISIOPATOLOGIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS LAYANE SILVA Radiografia de tórax: cardiomegalia por aumento das câmaras direitas, dilatação da artéria pulmonar e aumento da trama vascular pulmonar (sinais de hiperfluxo pulmonar). aumento discretoda pressão arterial pulmonar é comum em pacientes jovens com CIA grande. alguns pacientes podem desenvolver gradualmente HP e sinais de IC direita (gestação de alto risco). A mãe da criança pode relatar pneumonia, infecção respiratória de repetição, cansaço às mamadas, e ao exame físico, percebe-se que há volume grande no VD mas ele ainda não dilatou (pode dilatar depois), em função disso a artéria pulmonar ela se mantém igual, muda apenas a pré-carga que fica mais alta (volume mais alto), então parece que o buraco é maior, ocorre uma estenose relativa de artéria pulmonar, só que não diminuiu, anatomicamente ela está normal, mas o volume é tão grande que na hora de passar, ele turbilhona causando um sopro de estenose pulmonar. Essa estenose pulmonar não é real então no sopro é possível auscultar SHH - TUM - SHH - TÁ, ou seja, ouve-se a B2 bater porque a válvula não está doente, então é possível ouvir a B2 fechar - quando há estenose valvar geralmente a válvula é ruim, mas nesse caso há uma estenose fisiológica. Assim, há um volume em VD maior que em VE por isso a sua B2 atrasa causando desdobramento, ou seja, há sopro de estenose valvar relativa e desdobramento da B2. Lembrar que CIA não sopra, o que sopra é a estenose relativa e a B2 que desdobra. Eletrocardiograma: bloqueio de ramo direito + distúrbio de condução pelo ramo direito (ostium secundum), sobrecarga de câmaras direitas (onda P apiculada). Na maioria com ritmo sinusal, no adulto pode haver fibrilação atrial ou flutter, intervalo PR pode estar prolongado com bloqueio atrioventricular de primeiro grau e onda P apiculada por aumento do átrio direito, presença do desvio de eixo para a esquerda com bloqueio divisional anterossuperior (BDAS) está presente na CIA ostium primum e, no defeito tipo seio venoso superior, o ritmo pode ser ectópico atrial baixo, o QRS em V1 apresenta padrão bloqueio incompleto do ramo direito secundário à sobrecarga do VD. DIAGNÓSTICO E EXAMES COMPLEMENTARES Ecocardiograma com Doppler colorido transtorácico: exame padrão-ouro para o diagnóstico da CIA em crianças, permite a definição do tamanho, localização e repercussão do defeito, e as velocidades dos jatos de insuficiência tricúspide e pulmonar permitem medir a pressão sistólica do VD e a pressão média da artéria pulmonar. Ecocardiograma transesofágico: indicada principalmente em adultos, quando a janela acústica transtorácica é limitada: define bem o tamanho, a localização do defeito, as conexões das veias pulmonares e a avaliação das bordas para fechamento percutâneo da CIA. Cateterismo cardíaco: realizado para a investigação de HP e coronariana em adultos, em geral, a indicação é para fechamento percutâneo do defeito. O fechamento da CIA é indicado quando há repercussão com sobrecarga de volume de câmaras direitas e relação entre o fluxo pulmonar (Qp) e o fluxo sistêmico (Qs) ≥ 1,5, mesmo em assintomáticos. Na presença de HP, o fechamento é possível quando a resistência vascular pulmonar (RVP) for < 1/3 da sistêmica, com pressão sistólica da artéria pulmonar < 50% da sistêmica e shunt com uma relação Qp/Qs ≥ 1,5. TRATAMENTO Quando a RVP for > 8 unidades Wood ou houver shunt direita para esquerda, seu fechamento está contraindicado. CIA tipos seio venoso e ostium primum são tratadas por via cirúrgica. O tratamento de escolha para CIA do tipo ostium secundum para pacientes acima de 3 a 4 anos de idade analisando o tamanho (diâmetro estirado < 38 mm) e presença de bordas no mínimo de 5 mm exceto em direção à aorta. As complicações graves foram observadas em menos de 1% dos procedimentos e incluem embolização da prótese, tamponamento cardíaco e erosão da parede atrial ou da aorta no seguimento tardio. Fechamento percutâneo não deve ser realizado em pacientes com CIA tipo ostium primum, seio venoso, coronariano ou em crianças com defeito amplo em insuficiência cardíaca congestiva. LAYANE SILVA Correção percutânea: há um dispositivo chamado latter que é uma prótese colocada no shunt mas existem critérios para sua ancoragem que são definidos pelo ecocardiograma. Correção cirúrgica: coloca-se um patch de pericárdio bovino tratado e ele é rafiado para fechar o shunt. Tratamento farmacológico: utilizar medidas anticongestivas com diuréticos como furosemida, captopril e carvedilol. Em alguns casos pode-se tentar controlar com medidas anticongestivas com medicações diuréticas, e para que não ocorra perda de função e para evitar o remodelamento nessas fibras pulmonares pode-se usar o Carvedilol, que é uma categoria de beta-bloqueador que é inibidor do remodelamento cardíaco e que ajuda na função, principalmente no bebê. O manejo é feito para que a criança cresça bem para isso o objetivo é reduzir a pressão da pré-carga e o volume para evitar o hiperfluxo, reduz as medidas no ecocardiograma, controla clinicamente o bebê e ele acompanhe durante a vida - posteriormente, de forma proporcional, a CIA será pequena porque o coração vai crescer e o septo também cresce, mantendo a CIA do mesmo tamanho. um aspecto de “queijo suiço”, mas habitualmente a CIV está perimembranosa e próximo à aorta (subaórtica). O shunt acontece da esquerda para a direita, com isso o sangue vai do VE para o VD, sobe para o pulmão, desce para AE, passa para VE e ao invés de ir à aorta, retorna para o VD, que causa hiperfluxo pulmonar - a CIV provoca lesão em jato na valva da aorta, comprometendo à longo prazo os folhetos. É um defeito frequente e, como lesão isolada, a prevalência é de 53/10.000 nascidos vivos e pode estar associada a outros defeitos cardiovasculares em até 22% das vezes, predomina no sexo feminino (56%), a causa é desconhecida e a grande maioria dos pacientes não apresenta anomalia genética, mas a recorrência de cardiopatia congênita para um futuro irmão pode chegar a 10% - a CIV é encontrada nas trissomias dos cromossomos 21, 18 e 13. EPIDEMIOLOGIA A mais superior do septo interventricular é a porção membranosa, que é sinalização do coxim endocárdico, o septo pode ocorrer em qualquer porção do septo a partir da apoptose das células, fazendo FISIOPATOLOGIA Cardiopatia congênita definida pela descontinuidade do septo que separa VD e VE em um coração sem outras anomalias, pode ocorrer isolada ou como múltiplos orifícios comunicantes de tamanho e forma variáveis, existem 4 formas de apresentação de acordo com perimembranosa, subarterial ou duplamente relacionada, muscular e de via de entrada. COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR Não há indicação para profilaxia para endocardite infecciosa em pacientes portadores de CIA, que geralmente é feita com Amoxicilina, para os alérgicos usa-se Clindamicina, é necessário olhar os dentes em consultório e encaminha para o dentista para tratar se necessário, mas não é indicado a profilaxia. Uma forma rara é Gerbode, que é comunicação entre o AD e VE. em uma CIV não restritiva, a relação Qp/Qs é > 2,5, na moderada o Qp/Qs está entre 1,5-2,5 e na discreta é < 1,5. A CIV possibilita um shunt sanguíneo entre a circulação sistêmica e pulmonar, HFP e não há insaturação aórtica (condição acianogênica), a intensidade do shunt depende do tamanho da comunicação e da relação entre a RVP e a resistência sistêmica (RVS). O HFP eleva a pressão pulmonar à custa de hipervolemia pulmonar, há aumento do RVP e sobrecarga de volume das câmaras esquerdas, gerando IC com fração de ejeção preservada. A manutenção do HFP leva a alterações morfofuncionais nas artérias e arteríolas do pulmão, progressivamente, culminando com doença vascular pulmonar, hiper-reatividade e hiper-resistência vascular e consequente HP - elevação da pressão pulmonar em nível igual ou superior à sistêmica inverte o shunt e causa cianose. A repercussão clínica varia desde assintomático com resolução espontânea a acentuada insuficiência cardíaca (IC) com complicações sistêmicas, principalmente sobre o pulmão. Os sinais e sintomas dependem da dimensão da CIV, se única ou múltipla, e do impacto na alteração hemodinâmica, quando presentes, os sintomas são taquicardia, taquipneia,intolerância ao exercício físico, dificuldade para mamar, baixo ganho ponderal (déficit de desenvolvimento), irritabilidade, alterações do sono, sudorese excessiva, extremidades frias e complicações respiratórias (infecção respiratória de repetição). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O “volume” sopro muda devido a conformação do buraco, se o buraco é maior o sopro é mais baixo, se o buraco é menor o sopro é mais alto, em função da diferença de pressão. LAYANE SILVA No exame físico, há precórdio dinâmico com aumento do diâmetro anteroposterior do tórax e retração intercostal, frêmito que acompanha sopro sistólico evidente na borda esternal esquerda médio-baixa - em casos graves, é possível auscultar ruflar diastólico e/ou regurgitação em área mitral. Além disso, a 2a bulha se intensifica na proporção da HP, pulsos simétricos e amplos, hepatomegalia e, raramente, edema (fase descompensada). Muscular: está na parte mais muscular das trabéculas do VE. Perimembranosa: corresponde a 70% dos casos. A comunicação mais fácil de fechar é a miocárdica (muscular), pois o músculo tem mais massa, além disso, ela cresce mais rapidamente e a valva tricúspide, em geral, ao crescer, ancora e pode fazer uma obstrução parcial do buraco. CLASSIFICAÇÃO Tanto o defeito do septo atrioventricular total ou parcial quanto a CIV tem indicação de profilaxia de endocardite. Se a CIV for extremamente pequena, a criança deve frequentar o dentista a cada 6 meses e com profilaxia antibiótica. Eletrocardiograma: sobrecarga das câmaras esquerdas nos casos de sobrecarga de volume com IC e hipertrofia ventricular direita se HP. O diagnóstico deve ser precoce, porque na maioria das vezes necessitará de tratamento clínico ou cirúrgico nos primeiros meses. DIAGNÓSTICO Radiografia de tórax: reforço da vasculatura pulmonar e cardiomegalia com predomínio das câmaras esquerdas - se a vasculatura pulmonar não é expressiva com silhueta direita proeminente, considerar HP. Ecocardiograma: detalha a anatomia, o número, a localização, a relação dos defeitos com outras estruturas, e quantifica fluxos permitindo o cálculo de pressão pulmonar. Angiotomografia ou ressonância magnética do coração: em alguns casos, complementam informações quanto à relação com os grandes vasos, volume dos ventrículos e Qp/Qs. Cateterismo cardíaco: padrão-ouro para a aferição das pressões e resistências sistêmico-pulmonar, além de uma opção de tratamento em alguns casos. casos selecionados de CIV muscular podem ser encaminhados ao tratamento percutâneo. a cirurgia corretiva é o objetivo e em raras condições, como exceção, pode estar indicada a bandagem da artéria pulmonar. tratamento clínico com prescrição de vasodilatador pulmonar antecedendo, ou mesmo após a abordagem cirúrgica, pode ser aplicado em casos selecionados. Nos casos sintomáticos, o tratamento clínico medicamentoso palia sintomas e evita complicações até a intervenção cirúrgica, a partir do uso de diuréticos associados aos inibidores da enzima de conversão de angiotensina (IECA), tratamento nutricional e atenção especial ao calendário de vacinas, incluindo a prevenção da infecção pelo vírus sincicial respiratório (VSR). TRATAMENTO O ducto arterial (DA) é uma conexão vascular entre a artéria pulmonar e a aorta, presente na vida intrauterina, que após o nascimento sofre constrição ativa e eventual oclusão, mas ele pode persistir em função de uma falha na sua oclusão, causando desvio de fluxo sanguíneo do território sistêmico para o pulmonar (shunt) da esquerda para a direita após a intensa e aguda queda da RVP pós-natal. A não oclusão do DA gera PCA, que é uma cardiopatia do grupo acianogênico com potencial para hiperfluxo pulmonar (HFP) e IC, pode ocorrer de forma isolada ou associada a outras cardiopatias, corresponde a 12% das cardiopatias congênitas, predomina no sexo feminino (2:1), com incidência de 70-80% em prematuros com peso de nascimento inferior a 1.000 g. PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL LAYANE SILVA Na vida intrauterina, a baixa pressão arterial sistêmica de oxigênio (PaO2) fetal e os elevados níveis de prostaglandinas circulantes e produzidas na parede do DA atuam na manutenção do lúmen do DA e a permeabilidade intrauterina atua na circulação e sobrevivência do feto. Após o nascimento de um feto a termo, o DA fecha dentro de 24 a 48 horas, inicialmente, a elevação da PaO2 arterial e a redução das prostaglandinas circulantes permitem que a camada média do músculo liso do DA se contraia, assim, a parede muscular interna do DA desenvolve hipóxia isquêmica profunda, que desencadeia a formação de fator de crescimento beta, mediadores inflamatórios e fatores de crescimento que transformam o canal vascular em um ligamento não contrátil. Em prematuros, o DA não se contrai nos dias após o nascimento ou não alcança o nível de isquemia hipóxica profunda necessária para causar remodelamento da artéria, consequentemente, o ducto fechado pode reabrir e a persistência desse canal arterial gera hiperfluxo pulmonar pelo desvio aortopulmonar, além dos sintomas e complicações relacionados à PCA. O fechamento do DA é mediado por vasodilatadores endógenos produzidos dentro da parede do FISIOPATOLOGIA em prematuros, pode haver complicações graves, como hemorragia pulmonar, hemorragia nos ventrículos cerebrais e enterocolite necrotizante. nos lactentes jovens, pode evoluir com infecções virais e a possibilidade de desenvolver remodelamento da vasculatura pulmonar e HP precocemente. Dependem da idade, da dimensão da conexão arterial e da magnitude do shunt aortopulmonar, bem como da capacidade em iniciar os mecanismos de compensação, em geral, o paciente é assintomático, mas a sintomatologia está relacionada ao grau de HFP, sobrecarga de volume e insuficiência do VE, está relacionado a IC de alto débito cardíaco. A redistribuição no fluxo sanguíneo resulta em aumento do fluxo para os pulmões e diminuição do fluxo para os órgãos passivos de pressão, como músculos, pele, rins e intestinos, pode gerar acidose metabólica e suas complicações. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA, como prostaglandinas e o óxido nítrico (ON), principalmente prostaglandina E2 que atua na manutenção da persistência do canal - assim, a redução da síntese de prostaglandinas pela inibição da cicloxigenase (COX) produz a constrição do DA. LAYANE SILVA Eletrocardiograma: ritmo sinusal e sinais de sobrecarga atrial e ventricular esquerdas; presença de sobrecarga ventricular direita sugere HP e denota maior gravidade. DIAGNÓSTICO E EXAMES COMPLEMENTARES Radiografia de tórax: cardiomegalia à custa da silhueta atrial e ventricular esquerdas e dilatação do tronco da artéria pulmonar, além de reforço hilar e da vasculatura periférica. Forma total (VAV única + CIA do tipo ostium primum + CIV do tipo via de entrada): pode ser classificada de acordo com as características do folheto, em ponte anterior tipos A, B e C de Rastelli. Forma parcial (grande CIA + fenda no folheto anterior da VAV esquerda); Forma intermediária (semelhante à forma total + lingueta que divide o anel da VAV em 2 orifícios); Forma transicional (CIA + pequena CIV). Caracteriza-se pela junção atrioventricular comum, tendo em vista que a valva atrioventricular (VAV) comum é composta por cinco folhetos, dois deles (folhetos ponte superior e inferior) ocupando ambos os ventrículos, a classificação baseia-se em alterações anatômicas: PCA pequena, com sopro, porém sem repercussão clínica, pode ser beneficiada pela oclusão eletiva como prevenção de complicações em longo prazo, como a ocorrência de endocardite infecciosa (EI). Para a PCA de moderada a acentuada repercussão, o tratamento clínico é de caráter sintomático para alívio de sintomas até a possibilidade de oclusão percutânea ou cirúrgica, além de atentar para prevenir infecções, principalmente do vírus sincicial respiratório, controle do estado nutricional com complementação por terapia de nutrição enteral. Em prematuros, os inibidores da síntese de prostaglandinas (indometacina, ibuprofeno) são utilizados comointervenção inicial na oclusão da PCA e, conforme evolução, considerar a ligadura por cirurgia, principalmente em neonatos e lactentes de baixo peso (< 6 kg). A oclusão da PCA, percutânea ou cirúrgica, é tratamento resolutivo e está recomendada para pacientes com sintomatologia moderada a grave (IC/HFP/HP). O tratamento pode ser realizado por cateterismo intervencionista percutâneo (coils e outros dispositivos), ligadura cirúrgica por toracoscopia videoassistida ou secção e sutura por cirurgia cardíaca convencional. TRATAMENTO Ecocardiograma: demonstra a característica morfológica do canal arterial, a velocidade e direção de fluxo através do mesmo durante o ciclo cardíaco e também a repercussão hemodinâmica do defeito, como a relação Qp/Qs, e estima a pressão média em artéria pulmonar. indivíduos com síndrome de Down tem 40-50% de risco de apresentar a doença. Malformações cardíacas congênitas que envolvem o septo atrioventricular e as valvas atrioventriculares recebem o termo “defeitos do septo atrioventricular” (DSAV), representa cerca de 4- 5% das malformações cardíacas congênitas, com incidência entre 0,3 e 0,4 por 1.000 nascidos vivos. DEFEITO DO SEPTO ATRIOVENTRICULAR O septo atrioventricular, uma parte membranosa cardíaca (esqueleto fibroso cardíaco) que, no coração primitivo, é formado pelos coxins endocárdicos, que são responsáveis por formar válvulas como o septo atrioventricular, septo interatrial, septo secundum e septo primum. FISIOPATOLOGIA Quando há um defeito no septo, ou seja, quando ele não se forma, pode haver passagem entre ambos os átrios, configurando uma comunicação interatrial (CIA) tipo ostium primum ou comunicação interatrial (CIA) tipo ostium secundum. Locais de shunt: CIA ostium primum, CIV de via de entrada A valva mitral fica acima da valva tricúspide, quando o septo atrioventricular está abaixo dessa linha, as válvulas atrioventriculares não se formam e acabam ficando no mesmo plano, não há formação de músculos papilares, referência anatômica, tamanho e quantidade de folhetos. DSAVP: ocorre shunt da esquerda para a direita que gera aumento no fluxo pulmonar, com consequente sobrecarga de câmaras direitas, sua repercussão dependerá do tamanho do defeito e da complacência ventricular direita, com possibilidades de início dos sintomas na infância ou apenas na vida adulta. A presença de insuficiência da VAV esquerda aumenta a quantidade de sangue desviado para a direita, podendo levar a sintomas de IC mais precocemente, com o aumento do átrio direito, o paciente pode evoluir com arritmias atriais (fibrilação atrial e flutter). LAYANE SILVA Locais de shunt: grande defeito interatrial e interventricular e por valva AV única. A válvula, que pode ser única ou duas, não tem um perfeito encaixe, então soma-se a sobrecarga do shunt, um quadro de insuficiência valvar, gerando sobrecarga das câmaras, aumento da pressão, aumento da magnitude do shunt como consequência de uma maior diferença de pressão. DSAVT: o shunt da esquerda para a direita ocorre em níveis atrial e ventricular, podendo levar a importante sobrecarga das câmaras direitas e IC nos primeiros meses de vida, principalmente se houver insuficiência da VAV única. Tem prevalência de 2% das cardiopatias congênitas, sendo 30% em portadores de Síndrome de Down, esta pode estar associada a qualquer cardiopatia, pois esses indivíduos tem menor relação superfície corpórea pelo tamanho dos vasos, é como se os vasos fossem mais finos, levando a hipertensão pulmonar rapidamente. um sopro mesodiastólico na borda esternal esquerda baixa reflete o aumento do fluxo sanguíneo pela valva tricúspide. a intensidade do componente pulmonar da segunda bulha aumenta na medida em que a PA pulmonar se eleva. O aparecimento de sintomas em pacientes com DSAV vai depender da forma de apresentação da doença e da RVP, em geral, ocorre manifestação precoce cursando com ICC após 1 mês de vida (hipertensão pulmonar precoce) - ao exame observa-se sinais de ICC na criança, sopro sistólico BEE média-alta, sopro sistólico em foco mitral e desdobramento fixo de B2. A clínica pode ser mais exuberante se houver regurgitação da valva direita e da esquerda ou de ambas provocando dificuldade no deságue das veias pulmonares, pois a alta pressão empurra o fluxo para baixo, gerando congestão retrógrada. Nota-se, no paciente, sinais como taquipneia, taquicardia, taquidispneia, à ausculta, shunt da CIV (sopro baixo em faixa), defeito nas válvulas (foco mitral irradiado para a axila) poderia ser ouvido na linha axilar anterior, pois o foco mitral irradia até o dorso. O estímulo cardíaco não passa pelo nó sinusal em casos de CIV, ele faz um bloqueio divisional ântero superior (BDAS), uma vez que ele desce e vai para trás, assim onde passaria o bloqueio elétrico há um buraco impedindo a passagem, que causa sobrecarga do ventrículo direito, um P de primeiro grau e um bloqueio atrioventricular, já que pode acontecer um atraso na mensagem cardíaca pela não formação adequada do coração. DSAV parcial: impulsões na borda esternal esquerda, desdobramento fixo da segunda bulha e sopro sistólico tipo ejeção em área pulmonar, além de sopro holossistólico audível na área mitral, secundário à insuficiência da valva atrioventricular esquerda. DSAV total + grande componente interventricular: sintomas de ICC surgem após as primeiras semanas de vida, concomitantemente à queda da RVP, taquipneia, cansaço às mamadas, dificuldade no ganho de peso e sudorese fria. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Nota-se que a criança com DSAV tem probabilidade maior de desenvolver hipertensão pulmonar mais rapidamente do que uma criança com CIA, pois o bebê com defeito no septo tem dois locais de shunt (CIA ostium primum, CIV de via de entrada) e os refluxos valvares (maior área de shunt). Eletrocardiograma: bloqueio atrioventricular de primeiro grau e BDAS, BRD reflete sobrecarga do ventrículo direito, pode haver sinais de sobrecarga de câmaras esquerdas pela insuficiência da valva atrioventricular esquerda. DIAGNÓSTICO E EXAMES COMPLEMENTARES Radiografia de tórax: cardiomegalia à custa do aumento das câmaras direitas e do VE, aumento da trama vascular pulmonar - a dilatação do AD predomina em relação ao AE, pois o jato da insuficiência da VAV esquerda é mais direcionado ao AD. Ecocardiograma: permite a identificação das características anatômicas do DSAV, permitindo o diagnóstico acurado do defeito e das lesões associadas, assim pode-se avaliar o grau da insuficiência valvar, a direção do fluxo sanguíneo e a estimativa da pressão sistólica da artéria pulmonar. LAYANE SILVA é possível visualizar valvas no mesmo plano de implantação que indica perda da relação anatômica. o ecocardiograma tridimensional informa a morfologia da VAV e o mecanismo de insuficiência valvar Ecocardiograma transesofágico: usado, no intraoperatório, para avaliar o grau de insuficiência valvar e lesões residuais e, dessa forma, reduzir a necessidade de reintervenções. Ressonância magnética cardíaca: método de escolha para definição das dimensões do componente ventricular do defeito e da cavidade ventricular em ventrículos com tamanho limítrofe ou com hipoplasia. lactentes com DSAV e ICC têm indicação de correção cirúrgica antes dos 6 meses de vida, para evitar desenvolvimento de HP. pacientes com suspeita de HP por sinais clínicos e exames complementares devem ser avaliados por estudo hemodinâmico, incluindo teste de reatividade pulmonar com vasodilatador pulmonar. Recomenda-se tratamento cirúrgico dos pacientes com a forma parcial da doença, mesmo nos assintomáticos, pois há o risco de desenvolver arritmias atriais e IC em uma fase mais tardia. O tratamento medicamentoso visa à melhora dos sintomas de IC até o momento da cirurgia corretiva, assim deve-se iniciar medidas anticongestiva com diuréticos como furosemida, espironolactona, hidroclorotiazida. TRATAMENTO Não pode usar betabloqueador, pois, tem-se fluxo aumentado de retorno venoso do pulmão, chegando ao VE que consegue comportar mais volumevenoso, através da dilatação, com isso empurra o sangue para a aorta, só que acaba voltando pela CIV. DSAV parcial: cirurgia eletiva, pré-escolar menores de 4 anos, fechamento da CIA (patch) e fechamento da fenda valvar. DSAV total: nos primeiros 6 meses de vida, deve-se colocar o patch - pode haver evolução desfavorável com BATV. um teste do coraçãozinho negativo não exclui completamente a presença de cardiopatia congênita. Considera-se como normal a SpO2 maior ou igual a 95% e uma diferença de SpO2 entre o membro superior direito e um dos membros inferiores menor ou igual a 3%, sendo que alterações dessas medidas mostraram que podem ser utilizadas para a suspeita de cardiopatia congênita crítica no recém-nascido, apresentando uma sensibilidade de 76% e especificidade de 99% para o diagnóstico definitivo. EM QUEM E QUANDO REALIZAR O TESTE: realizar este teste de forma rotineira em todos os RN com idade gestacional > 35 semanas e que se encontram clinicamente bem, assintomáticos, preferencialmente entre 24 e 48 horas de vida. PROTOCOLO DO TESTE DO CORAÇÃOZINHO: utilizar equipamento de oximetria de pulso com sensores apropriados para RN capaz de fazer a leitura em situações de baixa perfusão e na presença de movimentos. As medidas de oximetria devem ser realizadas em dois sítios: na mão direita (medida pré-ductal) e em um dos membros inferiores (medida pós-ductal). INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS: Teste negativo: SpO2 maior ou igual a 95% e a diferença entre as medidas no membro superior direito e o membro inferior deve ser menor ou igual a 3%. Nessa situação, a probabilidade de cardiopatia congênita crítica é pequena e o RN deve seguir os cuidados habituais da maternidade. Teste positivo: SpO2 menor ou igual a 89% no membro superior direito ou no membro inferior. Nessa situação, o RN deverá ser reavaliado de forma minuciosa pelo médico pediatra/ neonatologista e a avaliação cardiológica e ecocardiográfica deverá também ser realizada para confirmação diagnóstica. Teste duvidoso: SpO2 entre 90% e 94% ou uma diferença entre as medidas do membro superior direito e o membro inferior maior ou igual a 4%. Nesta situação, o teste deve ser realizado novamente após uma hora por até duas vezes. Caso as medidas de oximetria se mantenham nestes valores mesmo após a terceira avaliação, o teste será considerado positivo e o RN deverá ser submetido à avaliação cardiológica/ecocardiográfica. DIAGNÓSTICO DAS CARDIOPATIAS CONGÊNITAS NO RECÉM-NASCIDO A grande maioria das cardiopatias congênitas críticas ou graves pode ser diagnosticada no período fetal por ultrassonografia gestacional e ecocardiografia fetal, com objetivo de planejar adequadamente e o tratamento pós-natal do bebê além de orientar e preparar a família para esta situação, proporcionar tratamento neonatal e cardiológico adequado desde os primeiros minutos de vida extrauterina, reduzir o risco de hipóxia ou choque e evitar a necessidade de transferir e de transportar um recém-nascido em estado grave. ECOCARDIOGRAFIA FETAL Em 30% dos casos, RN com cardiopatias congênitas críticas e graves podem estar assintomáticos nas primeiras 48 horas de vida, podendo até mesmo receber alta hospitalar sem que se faça a suspeita clínica de cardiopatia. TESTE DA OXIMETRIA PARA TRIAGEM NEONATAL LAYANE SILVA
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