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PROBLEMAS AMBIENTAIS TENDÊNCIAS GLOBAIS aula 6

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AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROBLEMAS AMBIENTAIS – 
TENDÊNCIAS GLOBAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Aline Bisinella Ianoski 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
No modelo de produção atual, o fluxo é linear, retiram-se os recursos da 
natureza, o material é produzido e descartado, e pouca ou nenhuma energia da 
matéria é reaproveitada. É necessário reavaliar o design dos produtos, garantindo 
que sejam menos impactantes ao meio ambiente, e rever os processos de 
produção, otimizando-os de maneira a eliminar desperdícios. Ações como esta 
serão as apostas do futuro. A comunidade exige das empresas posturas 
sustentáveis e as avalia pelos relatórios de sustentabilidade e selos ambientais 
conquistados. 
Após esta aula, você deverá ser capaz de compreender o desenvolvimento 
sustentável e reconhecer os relatórios de sustentabilidade, identificar as 
características de produção mais limpa, do design ecológico e da economia 
circular, e reconhecer as rotulagens e certificações ambientais. 
TEMA 1 – TENDÊNCIAS GLOBAIS 
A exploração de recursos naturais e a degradação ambiental 
impulsionaram a adoção de práticas ambientais pelas indústrias devido à pressão 
da comunidade e dos setores públicos e privados. Neste novo contexto, a 
sustentabilidade passa a ser um assunto indispensável, pois com ela é possível 
garantir a continuidade do negócio. 
1.1 Desenvolvimento sustentável 
A Revolução Industrial, junto com o aperfeiçoamento das tecnologias de 
produção, possibilitou a fabricação de mercadorias em larga escala, o que 
culminou na retirada de grandes quantidades de matéria-prima da natureza, 
provenientes de fontes renováveis e não renováveis. Além disso, a intensa 
produção contribuiu aumentou a poluição ambiental, devido à geração elevada de 
poluentes sólidos, líquidos e gasosos. 
O alto poder de produção, atrelado à expansão do consumo, foi motivo de 
euforia para a economia dos países industrializados. Com foco na produção, as 
indústrias se tornaram cada vez mais produtivas, e desconheciam e/ou ignoravam 
os problemas ambientais relacionados ao negócio. Entre as décadas de 1950 e 
1980, vários desastres ambientais sem precedentes ocorreram, e a população 
 
 
 
3 
começou a cobrar das empresas um posicionamento sobre estas situações. Entre 
os acidentes ambientais desta época, alguns merecem destaque: a contaminação 
por mercúrio nas águas da baía de Minamata, no Japão; a contaminação 
radioativa na Europa causada pela explosão da usina de Chernobyl, na extinta 
União Soviética, e o vazamento de petróleo no mar na região do Alasca, 
provocado pelo navio da Exxon Valdez. As três tragédias causaram graves 
problemas ambientais, provocando a morte de milhares de animais e um forte 
desequilíbrio ecológico. 
Essas tragédias levaram a sociedade a amadurecer sua consciência a 
respeito da relação homem-natureza, pois foram causadas por um padrão de vida 
incompatível com o processo de regeneração ambiental (Bellen, 2005). Esta 
reflexão teve início na década de 1970 e originou o conceito “desenvolvimento 
sustentável”, o qual preconiza que o desenvolvimento deve ocorrer de forma a 
garantir a continuidade do homem e seu meio externo. Para isso, sua base de 
sustentação, o meio ambiente, não pode ser destruída (Bellen, 2005). 
Com esse conceito, questiona-se como ajustar as atividades humanas e 
reduzir os aspectos ambientais, ou seja, como tornar a relação entre homem e 
meio ambiente sustentável. Para entender o contexto e resolver estes problemas, 
as organizações têm criado indicadores e ferramentas para mensurar o nível de 
sustentabilidade. 
A preocupação ambiental das empresas passou a ser de interesse de 
acionistas, fornecedores, clientes, governo e população em geral, contribuindo 
para estabelecer novas leis. Assim, além de mensurar seus resultados, as 
organizações têm divulgado para a sociedade estes números e as ações de 
melhoria tomadas em nível ambiental, social e econômico. Uma das principais 
ferramentas para divulgar estes resultados são os relatórios de sustentabilidade. 
1.2 Relatórios de sustentabilidade 
Os primeiros relatórios de sustentabilidade tinham como objetivo mostrar 
os resultados ambientais das organizações, revelando os aspectos gerados pelas 
atividades e as atitudes tomadas para redução de danos à natureza. 
Gradativamente, começaram a ser incorporadas aos relatórios informações 
econômicas e sociais. Assim, hoje eles apresentam resultados da esfera social, 
econômica e ambiental (Borges et al., 2018). 
 
 
 
4 
Várias metodologias podem ser aplicadas para elaborar um relatório, e a 
mais aplicada é a GRI, proposta pela Global Reporting Initiative, instituição com 
sede na Holanda que busca disseminar uma metodologia global para elaborar 
este documento, para que as organizações possam expor seus resultados e 
compartilhá-los, mostrando de forma clara seus resultados em relação à 
sustentabilidade nas três esferas. A aceitação desta metodologia é tão grande que 
os termos “Relatório de Sustentabilidade” e “Relatório GRI” são frequentemente 
considerados sinônimos (BHpress, [s.d.]). 
Desde a Eco-92, a quantidade de relatórios de sustentabilidade produzidos 
pelas empresas tem aumentado. Em uma pesquisa da plataforma Reporting 
Exchange, capaz de mapear as tendências relacionadas ao número de relatórios 
ambientais, o Climate Disclosure Standards Board (CDSB) lançou em 2018 a 
publicação Insights from the Reporting Exchange: ESG Reporting Trends. A 
publicação, que analisou dados de até 2017, indicou que o número de relatórios 
de sustentabilidade aumentou em mais de 10 vezes desde a Eco-92 para as 
regiões avaliadas (Ásia-Pacífico, Europa, América do Norte e do Sul). Além do 
aumento na elaboração destes documentos, existe um crescimento com relação 
da apresentação de tópicos ambientais: 69% abordavam a temática, número 
expressivo se comparado ao quesito social, que estava em 49% dos relatórios 
(CDSB, 2018). 
TEMA 2 – PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L) 
Atividades produtivas causam problemas ambientais, pois retiram recursos 
da natureza e geram poluentes. Assim, é praticamente impossível uma empresa 
ser considerada “zero impacto” ou completamente sustentável. O que elas 
precisam fazer é desenvolver tecnologias capazes de otimizar seus processos, 
reduzindo os aspectos ambientais gerados pela atividade, consequentemente 
diminuindo os impactos ambientais e tornando a produção menos agressiva do 
ponto de vista ambiental. 
A preocupação com questões ambientais evoluiu muito nas últimas 
décadas, especialmente se analisarmos o histórico do gerenciamento ambiental, 
marcado por três períodos (Quadro 1). A primeira fase foi marcada pela disposição 
dos resíduos sem se preocupar com sua poluição, ou seja, os resíduos gerados 
por uma empresa eram lançados no meio ambiente sem o tratamento adequado. 
 
 
 
5 
Em um segundo momento, as empresas iniciaram a busca por alternativas 
capazes de tratar estes resíduos, pois sabiam que sua disposição no meio 
ambiente poderia causar contaminação. O terceiro momento é a prevenção da 
poluição, ou seja, em um processo produtivo, busca-se eliminar a fontes de 
geração do resíduo, e é sobre este princípio que a Produção mais Limpa (P+L) é 
fundamentada. Não haveria necessidade de se preocupar em como lidar com o 
resíduo, pois ele deixaria de existir devido à otimização dos processos produtivos. 
Quadro 1 – Evolução das questões ambientais 
DÉCADA 1950/1960 1970/1980 1990/atualmente 
 
 
DESTINO 
DOS 
RESÍDUOS 
Disposição 
 
Tratamento 
 
Prevenção 
 
 
 
CONTEXTO 
Diluição dos resíduos no 
ar e na água; 
Inexistência quase total 
de responsabilidade 
ambiental. 
Controle dos resíduos 
no final do tubo (end-of-
pipe); 
Sistema de 
licenciamento ambiental. 
Integração total da 
responsabilidade na 
estrutura empresarial 
Atitude proativa: 
além do cumprimentodas normas, buscam-
se tecnologias limpas. 
Fonte: adaptado de Senai-RS, 2003. 
A P+L é um conjunto de princípios e ferramentas que consistem na 
aplicação de estratégia técnica, econômica e ambiental integrada aos processos 
e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e 
energia, evitando o desperdício de resíduos – sólidos, líquidos ou gasosos. Em 
outras palavras, toda a forma de desperdício seria eliminada e, como 
consequência, a geração dos resíduos seria evitada, pois eles são resultado de 
processos ineficientes, e o consumo da matéria-prima seria reduzido. 
Enquanto a abordagem convencional identifica o resíduo e reflete sobre o 
que podemos fazer com ele, a abordagem P+L faz a seguinte análise: de onde 
ele vem? Como ele é gerado? Em que circunstâncias é gerado? Ou seja, 
enquanto a primeira abordagem dedica-se à solução do problema sem questioná-
 
 
 
6 
lo (técnica “fim de tubo”), com a P+L entendemos as causas da geração do resíduo 
e a possibilidade de eliminá-lo na fonte. As principais diferenças entre a 
abordagem convencional (“fim de tubo”) e a P+L constam no Quadro 2. 
Quadro 2 – Principais diferenças entre a abordagem convencional e a P+L 
TÉCNICAS FIM DE TUBO P+L 
Atividades reativas Atividades preventivas 
Resíduos, efluentes e emissões são 
controladas com equipamentos de 
tratamento 
Prevenção da geração de resíduos, efluentes e 
emissões na fonte. Procura-se evitar matérias-
primas potencialmente tóxicas 
Proteção ambiental é um assunto para 
especialistas competentes 
Proteção ambiental é tarefa de todos 
A proteção ambiental atua depois do 
desenvolvimento dos processos e produtos 
A proteção ambiental atua como parte integrante 
do design do produto e da engenharia de 
processo 
Os problemas ambientais são resolvidos 
com base em um ponto de vista tecnológico 
Os problemas ambientais são resolvidos em 
todos os níveis e em todos os campos 
Não há preocupação com o uso eficiente de 
matérias-primas, água e energia 
Uso eficiente de matérias-primas, água e 
energia 
Devido às perdas do processo, eleva-se o 
custo operacional 
Devido à otimização do processo, o custo 
operacional é reduzido 
Fonte: Senai-RS, 2003. (Adaptado). 
O processo produtivo na ótica P+L elimina também os desperdícios 
relacionados à energia e água. Todos estes ganhos são ambientais e reduzem os 
aspectos e impactos ambientais da organização e, além disso, representam 
economia em termos financeiros para a organização. 
Para aplicar a P+L, deve-se fazer um fluxograma de todo o processo, 
identificando e quantificando as entradas e saídas. Após isso, deve-se analisar a 
saída do processo, buscando entender as causas e aplicar as ações prioritárias 
Nível 1, seguidas do Nível 2 e Nível 3, como mostra a Figura 1. 
 
 
 
7 
Figura 1 – Opções de P+L 
 
Fonte: Senai-RS, 2003. 
A aplicação da P+L é tendência nas organizações, pois: 
 Elimina/reduz aspectos e impactos ambientais: elimina/reduz resíduos 
gerados durante o processo, sejam sólidos, líquidos ou gasosos; 
 Previne a poluição: os processos ocorrem em circuito fechado, otimizando 
os recursos naturais (água, por exemplo) e evitando contaminações ao 
meio ambiente; 
 Reduz o consumo energético: a otimização dos processos elimina os 
desperdícios de energia; 
 Produtos ambientalmente adequados: os produtos gerados devem ser 
ambientalmente amigáveis, não devem ser tóxicos nem de difícil 
reciclagem, e sua concepção deve ser avaliada em uma perspectiva de 
ciclo de vida. 
Todas estas vantagens reduzem o custo de produção, pois eliminam as 
perdas de energia, água e matéria-prima, bem como os custos com o tratamento 
de resíduos. A P+L é uma ótica de produção ambientalmente amigável e com 
ganhos financeiros. 
 
 
 
8 
TEMA 3 – DESIGN ECOLÓGICO 
O design ecológico surgiu da união dos conceitos de design e ecologia. O 
termo foi oficializado no livro Design for the Real World: Human Ecology and Social 
Change, publicado em 1974 pelo designer Victor Papanek. O livro discute a função 
do design para o ser humano, ética e ecologicamente. Na época, os EUA 
passavam por uma crise do petróleo, e a preocupação com a preservação 
ambiental tornava-se mundial. 
O termo “design ecológico”, também conhecido como “design verde”, “eco 
friendly design”, “ecodesign” ou “design limpo”, consiste em um conjunto de 
práticas adotadas no desenvolvimento de produtos e projetos que consideram as 
questões ecológicas. Em contrapartida, os projetos tradicionais buscam apenas 
satisfazer as necessidades do cliente (Figuras 2 e 3) (Tiburtino-Silva; Maciel; 
Costa, 2018). 
Figura 2 – Desenvolvimento de produto pelo processo convencional 
 
 
Fonte: Giannetti; Almeida, 2006. 
 
 
 
9 
Figura 3 – Desenvolvimento de produto com conceito de design ecológico 
 
Fonte: Giannetti; Almeida, 2006. 
Muitos produtos e processos atualmente não são criados com um conceito 
sustentável, contribuindo para a escassez de recursos naturais e causando 
impactos ambientais. Assim, desenvolver produtos com design ambientalmente 
ecológico pode ser a solução para estes problemas, garantindo também 
competitividade para as empresas que adotam a sistemática. 
Pazmino (2007) sugere algumas diretrizes para alcançar os processos de 
ecodesign: 
 Reduzir a utilização de recursos naturais e de energia; 
 Usar materiais não exauríveis (esgotáveis); 
 Usar materiais não prejudiciais (danosos e perigosos); 
 Usar materiais reciclados, recicláveis e renováveis; 
 Codificar os materiais para facilitar sua identificação; 
 Pouca geração de resíduos; 
 Redução da variabilidade dos produtos; 
 Reduzir o consumo de energia; 
 Utilizar tecnologias apropriadas e limpas; 
 Reduzir peso e/ou volume; 
 Assegurar a estrutura modular do produto; 
 Aumentar a confiabilidade e durabilidade; 
 
 
 
10 
 Eliminar embalagens ou projetar embalagens recicláveis (ou reutilizáveis); 
 Facilitar manutenção e reparos; 
 Manter os componentes mediante reposições ou refil; 
 Desmaterializar os produtos (desmontagem para a logística reversa). 
TEMA 4 – ECONOMIA CIRCULAR 
A economia circular é um conceito estratégico pautado na redução, 
reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, substituindo a ideia 
de “fim de vida” dos materiais, imposta pelo atual sistema de economia linear, por 
um processo cíclico. 
Este modelo tenta reproduzir a inteligência cíclica da natureza, na qual 
nada se perde, tudo se aproveita. Os resíduos orgânicos, por exemplo, são 
decompostos por processos naturais, permitindo a reciclagem de nutrientes – 
oposto ao que acontece em nosso sistema de produção, cujos resíduos gerados 
não são reaproveitados. 
O atual sistema de produção é linear, ou seja, os recursos são retirados da 
natureza, transformados em produtos e, depois de utilizados, são descartados, 
gerando acúmulo de resíduos e extração excessiva de recursos. Os produtos que 
param de funcionar são substituídos rapidamente por novos, e os antigos são 
descartados sem que os recursos contidos neles sejam reaproveitados. Dessa 
forma, ignoramos recursos ainda disponíveis e colocamos em risco o meio 
ambiente, já que estes resíduos degradam a natureza. Na abordagem da 
economia circular, os produtos seriam projetados para desmontagem e 
regeneração e, assim, em vez de um produto ser descartado, ele seria 
encaminhado para empresas responsáveis por desmontá-los e reaproveitar as 
peças em novos produtos. Neste ponto, praticamente se encerraria a ideia de 
resíduo, pois quase tudo seria continuamente utilizado em um novo processo 
(Figura 4). 
 
 
 
 
11 
Figura 4 – Fluxo na economia circular 
 
Fonte: petovarga/Shutterstock. 
A economia circular é uma tendência, visto que os recursos naturais não 
renováveis estão se esgotando, o que torna o reaproveitamento de resíduos uma 
possível solução para a problemática. No Brasil,a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (PNRS) prevê a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos 
produtos, estabelecendo inclusive a logística reversa, na qual quem produziu deve 
ter condições de receber o produto novamente após o uso do cliente. 
Este modelo de negócio protegerá as empresas contra a escassez dos 
recursos, criando inovações na forma de consumir, descartar e produzi-los. 
 
 
 
12 
TEMA 5 – ROTULAGEM E CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL 
Rótulos ou selos ambientais são certificados que demonstram os avanços 
ambientais dos produtos e processos de uma organização. Existem vários tipos 
de selo, alguns concedidos por órgãos externos, e outros, autodeclarados. Ambos 
são bem vistos por acionistas, fornecedores e a comunidade em geral, pois 
revelam a adoção de práticas ambientalmente amigáveis. 
5.1 Rotulagem ambiental 
A rotulagem ambiental é praticada em vários países. Um dos principais 
objetivos é que, com o produto identificado com selo ambiental, o consumidor 
desenvolva uma consciência no momento da compra. Além de ser um mecanismo 
de informação, é um instrumento de marketing utilizado pelas empresas. 
A rotulagem ambiental é normatizada no Brasil pela Associação Brasileira 
de Norma Técnicas (ABNT). Existem três tipos rotulagem ambiental, conforme o 
Quadro 3. 
Quadro 3 – Comparação dos três tipos de rotulagem ambiental 
Tipo I 
ISO 14024 
Tipo II 
ISO 14021 
Tipo III 
ISO 14025 
Sistema de premiação 
aprova/reprova 
Declaração na forma de 
texto* e/ou logo 
Informação quantificada 
Licença concedida por 
terceira parte para uso do 
rótulo (normalmente um logo) 
Melhorias devem ser 
quantificáveis 
Pode ser apresentado de 
diversas formas, como texto, 
gráfico ou ilustração 
Voluntário Voluntário Voluntário 
Critérios múltiplos, baseados 
em impactos do ciclo de vida 
do produto 
Normalmente baseia-se em 
critério único, mas pode ser 
de múltiplos critérios 
Critérios múltiplos, baseados 
em estudo de avaliação do 
ciclo de vida do produto 
Conjunto de critérios e 
avaliação do produto 
determinados por terceira 
parte 
Autodeclaração, sem 
envolvimento de terceira 
parte 
Conjunto de dados 
ambientais quantitativos 
determinados por terceira 
parte, mas que devem ser 
submetidos a uma revisão 
crítica 
Exemplos: 
Blue Angel – Alemanha 
Nordic Swan – Países 
Nórdicos 
The Flower – União Europeia 
Exemplo: 
“Feito com X% de material 
reciclado” 
Exemplo: 
Folheto da Volvo para o 
automóvel S80 
*Declarações indefinidas devem ser evitadas, por exemplo, “amigo do meio ambiente”, 
“sustentável” etc. 
Fonte: ABNT, 2016. 
 
 
 
13 
Tipo I – Rótulos ambientais certificados: estes rótulos possuem 
diretrizes estabelecidas pela NBR ISO 14024:04. São concedidos e controlados 
por uma terceira parte, como órgãos governamentais e instituições reconhecidas. 
Esta norma define os critérios para desenvolver programas de rotulagem 
ambiental, incluindo categorias, critérios ambientais e características funcionais 
dos produtos, além da avaliação da conformidade e a concessão do rótulo. 
Um exemplo de rótulo deste tipo no Brasil é o Rótulo Ecológico ABNT, 
lançado em 2008. É um selo generalista, concedido a produtos que seguem 
diretrizes internacionais de sustentabilidade estabelecidas pela Global 
Ecolabelling Network (GEN). Para tanto, leva em consideração o ciclo de vida dos 
produtos, objetivando a redução dos impactos ambientais negativos. 
Outro exemplo de rótulo, utilizado em vários países, certifica o produto com 
menor impacto ambiental da categoria. Para conquistar este rótulo, é feita uma 
comparação entre produtos da mesma categoria. Baseando-se em um conjunto 
de critérios e avaliação do ciclo de vida, o produto com menor impacto ambiental 
pode receber o selo. Apenas alguns países o adotam. 
Tipo II – autodeclarações ambientais: são autodeclarações ambientais 
ou reinvindicações espontâneas emitidas pelos próprios fabricantes sem a 
avaliação de terceiros e sem critérios preestabelecidos (Moura, 2013). As 
diretrizes desta rotulagem são estabelecidas pela NBR ISO 14021:17. Esta 
rotulagem é uma ferramenta de comunicação entre o fabricante e o consumidor, 
e tem como objetivo aumentar o interesse do consumidor por produtos 
ambientalmente amigáveis. A norma especifica os requisitos para as 
autodeclarações, incluindo textos, símbolos e gráficos com informações 
pertinentes ao produto. 
 
 
 
 
14 
Figura 5 – Exemplo de autodeclaração ambiental 
 
Fonte: SKOLARI123/Shutterstock. 
Nem todos os símbolos e textos de uma embalagem podem ser 
considerados rótulos ambientais. Em algumas embalagens, é utilizada a 
simbologia técnica de identificação de materiais (Figura 6), cuja função é 
identificar a composição do produto/embalagem, fortalecendo a cadeia de 
reciclagem, não sendo considerada um rótulo ambiental. 
Figura 6 – Simbologia técnica 
 
Fonte: Lena Pronne/Shutterstock. 
 
Tipo III – Declaração ambiental de produto: possui diretrizes previstas 
pela norma NBR ISO 14025:15. Esta rotulagem é verificada por terceiros e inclui 
informações quantitativas oriundas da análise do ciclo de vida do produto, a qual 
é feita com bancos de dados para avaliá-lo em todas as etapas, mensurando de 
forma exata os impactos ambientais gerados (Moura, 2013). Seu objetivo é 
proporcionar informações detalhadas do produto ao cliente. 
 
 
 
15 
5.2 Principais selos ambientais 
Existe uma variedade de selos ambientais, e muitos deles são específicos 
para determinados ramos de atividade. A adesão a um selo ambiental, além de 
poder ser utilizado como marketing, pode ser um requisito avaliado na seleção de 
fornecedores e prestadores de serviço. Assim, cresce o número de selos 
ambientais disponíveis e empresas interessadas em sua obtenção. 
5.2.1 LEED 
A Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) é uma 
certificação ambiental internacional conferida a edificações. No Brasil ela é 
gerenciada pelo Green Building Council Brasil (GBC) e, para obter esse selo, as 
construções são avaliadas de acordo com os seguintes critérios: 
 Espaço sustentável: alternativas para reduzir impactos ambientais em 
centros urbanos, como a formação de ilhas de calor, acúmulo de água etc.; 
 Eficiência do uso de água: alternativas que reduzam o consumo de água, 
promovam seu tratamento e reúso; 
 Energia e atmosfera: alternativas que aumentem a eficiência energética 
na construção; 
 Materiais e recursos: avaliar materiais utilizados na construção que 
devem ser de baixo impacto; 
 Qualidade ambiental interna: avaliar alternativas que propiciem o conforto 
térmico e a utilização de materiais com baixo teor de emissão de compostos 
orgânicos voláteis; 
 Inovação e processos: avaliar a presença de outras tecnologias 
ambientais não elencadas nas outras categorias; 
 Créditos de prioridade regional: incentivar créditos definidos como 
prioridade regional no Brasil. 
A quantidade de pontos classifica a categoria “construção”, devendo-se 
obter minimamente 40 pontos para receber o certificado. Caso a pontuação 
ultrapasse 110 pontos, a empresa atinge o nível máximo de classificação (platina). 
 
 
 
16 
5.2.2 GHG Protocol 
O GHG Protocol foi desenvolvido pelo World Resources Institute (WRI) e 
pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). É uma 
ferramenta que permite às empresas contabilizar a emissão dos gases do efeito 
estufa (GEE) e estabelecer medidas para reduzi-la, contribuindo para diminuir 
seus impactos nas mudanças climáticas. Existem três escopos com esse método, 
e apenas o terceiro é opcional. 
 Escopo 1: emissões diretas da empresa. Deve-se contabilizar o consumo 
de todos os materiais utilizados na produção que contribuem para gerar 
GEE. Por exemplo, pode-se registrar o consumo de gases refrigerantes, 
combustíveis como etanol, gasolina, GLP, querosene etc.; 
 Escopo 2: emissões indiretas causadas peloconsumo de energia elétrica. 
Neste escopo, avalia-se o consumo de energia da organização e a fonte, 
por exemplo: empresas que utilizam energias renováveis geram menos 
GEE que as empresas que compram energia de fontes não renováveis; 
 Escopo 3: todas as outras emissões indiretas de GEE, sejam elas 
relacionadas aos materiais e insumos comprados pela organização 
(upstream) ou relacionadas aos bens e serviços vendidos (downstream). 
A cada ano, as emissões totais são quantificadas dentro de cada um dos 
escopos, contabilizando-se a geração total de GEE na ferramenta do GHG 
Protocol. A quantidade de gases gerada pode ser compensada com a compra de 
créditos de carbono. Desta forma, as empresas identificam suas gerações, 
trabalham em projetos de redução, e as emissões que não podem ser eliminadas 
são compensadas. 
Ao publicar no GHG Protocol, três categorias de selo podem ser atribuídas 
aos inventários de GEE: 
 Ouro: inventário de GEE é verificado por organismo de verificação 
acreditado pelo Inmetro; 
 Prata: inventário de GEE completo, incluindo todas as fontes de escopo 1 
e 2 e escopo 3 opcional; 
 Bronze: publicar um inventário de GEE parcial, que não inclua 
necessariamente todas as fontes de escopo 1, 2 e 3. 
 
 
 
17 
5.2.3 FSC 
O selo Forest Stewardship Council (FSC) certifica a madeira produzida de 
forma sustentável, desde o manejo até o fim da cadeia produtiva. Costuma ser 
encontrado em papel, móveis e embalagens. 
5.2.4 Procel 
No Brasil, o selo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica 
(Procel) é o mais famoso entre os selos ambientais. Ele surgiu para incentivar o 
uso eficiente de energia elétrica, combatendo seu desperdício no Brasil e 
garantindo, por meio de critérios do Inmetro, que o equipamento tenha categoria A 
de eficiência energética, ou seja: gasta menos energia elétrica e, por isso, é mais 
sustentável. 
5.2.5 AQUA-HQE 
O AQUA-HQE é uma certificação internacional da construção sustentável 
desenvolvida com base na certificação francesa Démarche HQE (Haute Qualité 
Environnementale) e aplicada no Brasil exclusivamente pela Fundação Vanzolini. 
A certificação avalia a qualidade ambiental de edifícios em 14 categorias de 
preocupação ambiental (Portal Vanzolini, 2014). 
 
 
 
 
18 
REFERÊNCIAS 
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Artigo: panorama atual de 
rotulagem ambiental no contexto das construções sustentáveis. 2016. Disponível 
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