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Psicologia Social Universidade do Sul de Santa Catarina Disciplina na modalidade a distância Psicologia Social C M Y CM MY CY CMY K capa_nova_210911.pdf 1 21/9/2011 02:18:22 Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2011 Psicologia Social Disciplina na modalidade a distância psicologia_social.indb 1 21/9/2011 01:57:37 Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina | Campus UnisulVirtual | Educação Superior a Distância Reitor Ailton Nazareno Soares Vice-Reitor Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Corrêa Máximo Pró-Reitor de Ensino e Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitora de Administração Acadêmica Miriam de Fátima Bora Rosa Pró-Reitor de Desenvolvimento e Inovação Institucional Valter Alves Schmitz Neto Diretora do Campus Universitário de Tubarão Milene Pacheco Kindermann Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Hércules Nunes de Araújo Secretária-Geral de Ensino Solange Antunes de Souza Diretora do Campus Universitário UnisulVirtual Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Diretor Adjunto Moacir Heerdt Secretaria Executiva e Cerimonial Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Marcelo Fraiberg Machado Tenille Catarina Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendonça Assessoria de Relação com Poder Público e Forças Armadas Adenir Siqueira Viana Walter Félix Cardoso Junior Assessoria DAD - Disciplinas a Distância Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Carlos Alberto Areias Cláudia Berh V. da Silva Conceição Aparecida Kindermann Luiz Fernando Meneghel Renata Souza de A. Subtil Assessoria de Inovação e Qualidade de EAD Denia Falcão de Bittencourt (Coord.) Andrea Ouriques Balbinot Carmen Maria Cipriani Pandini Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Felipe Fernandes Felipe Jacson de Freitas Jefferson Amorin Oliveira Phelipe Luiz Winter da Silva Priscila da Silva Rodrigo Battistotti Pimpão Tamara Bruna Ferreira da Silva Coordenação Cursos Coordenadores de UNA Diva Marília Flemming Marciel Evangelista Catâneo Roberto Iunskovski Auxiliares de Coordenação Ana Denise Goularte de Souza Camile Martinelli Silveira Fabiana Lange Patricio Tânia Regina Goularte Waltemann Coordenadores Graduação Aloísio José Rodrigues Ana Luísa Mülbert Ana Paula R.Pacheco Artur Beck Neto Bernardino José da Silva Charles Odair Cesconetto da Silva Dilsa Mondardo Diva Marília Flemming Horácio Dutra Mello Itamar Pedro Bevilaqua Jairo Afonso Henkes Janaína Baeta Neves Jorge Alexandre Nogared Cardoso José Carlos da Silva Junior José Gabriel da Silva José Humberto Dias de Toledo Joseane Borges de Miranda Luiz G. Buchmann Figueiredo Marciel Evangelista Catâneo Maria Cristina Schweitzer Veit Maria da Graça Poyer Mauro Faccioni Filho Moacir Fogaça Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Fontanella Roberto Iunskovski Rose Clér Estivalete Beche Vice-Coordenadores Graduação Adriana Santos Rammê Bernardino José da Silva Catia Melissa Silveira Rodrigues Horácio Dutra Mello Jardel Mendes Vieira Joel Irineu Lohn José Carlos Noronha de Oliveira José Gabriel da Silva José Humberto Dias de Toledo Luciana Manfroi Rogério Santos da Costa Rosa Beatriz Madruga Pinheiro Sergio Sell Tatiana Lee Marques Valnei Carlos Denardin Sâmia Mônica Fortunato (Adjunta) Coordenadores Pós-Graduação Aloísio José Rodrigues Anelise Leal Vieira Cubas Bernardino José da Silva Carmen Maria Cipriani Pandini Daniela Ernani Monteiro Will Giovani de Paula Karla Leonora Dayse Nunes Letícia Cristina Bizarro Barbosa Luiz Otávio Botelho Lento Roberto Iunskovski Rodrigo Nunes Lunardelli Rogério Santos da Costa Thiago Coelho Soares Vera Rejane Niedersberg Schuhmacher Gerência Administração Acadêmica Angelita Marçal Flores (Gerente) Fernanda Farias Secretaria de Ensino a Distância Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Adenir Soares Júnior Alessandro Alves da Silva Andréa Luci Mandira Cristina Mara Schauffert Djeime Sammer Bortolotti Douglas Silveira Evilym Melo Livramento Fabiano Silva Michels Fabricio Botelho Espíndola Felipe Wronski Henrique Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Indyanara Ramos Janaina Conceição Jorge Luiz Vilhar Malaquias Juliana Broering Martins Luana Borges da Silva Luana Tarsila Hellmann Luíza Koing Zumblick Maria José Rossetti Marilene de Fátima Capeleto Patricia A. Pereira de Carvalho Paulo Lisboa Cordeiro Paulo Mauricio Silveira Bubalo Rosângela Mara Siegel Simone Torres de Oliveira Vanessa Pereira Santos Metzker Vanilda Liordina Heerdt Gestão Documental Lamuniê Souza (Coord.) Clair Maria Cardoso Daniel Lucas de Medeiros Jaliza Thizon de Bona Guilherme Henrique Koerich Josiane Leal Marília Locks Fernandes Gerência Administrativa e Financeira Renato André Luz (Gerente) Ana Luise Wehrle Anderson Zandré Prudêncio Daniel Contessa Lisboa Naiara Jeremias da Rocha Rafael Bourdot Back Thais Helena Bonetti Valmir Venício Inácio Gerência de Ensino, Pesquisa e Extensão Janaína Baeta Neves (Gerente) Aracelli Araldi Elaboração de Projeto Carolina Hoeller da Silva Boing Vanderlei Brasil Francielle Arruda Rampelotte Reconhecimento de Curso Maria de Fátima Martins Extensão Maria Cristina Veit (Coord.) Pesquisa Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem) Pós-Graduação Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Biblioteca Salete Cecília e Souza (Coord.) Paula Sanhudo da Silva Marília Ignacio de Espíndola Renan Felipe Cascaes Gestão Docente e Discente Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Capacitação e Assessoria ao Docente Alessandra de Oliveira (Assessoria) Adriana Silveira Alexandre Wagner da Rocha Elaine Cristiane Surian (Capacitação) Elizete De Marco Fabiana Pereira Iris de Souza Barros Juliana Cardoso Esmeraldino Maria Lina Moratelli Prado Simone Zigunovas Tutoria e Suporte Anderson da Silveira (Núcleo Comunicação) Claudia N. Nascimento (Núcleo Norte- Nordeste) Maria Eugênia F. Celeghin (Núcleo Pólos) Andreza Talles Cascais Daniela Cassol Peres Débora Cristina Silveira Ednéia Araujo Alberto (Núcleo Sudeste) Francine Cardoso da Silva Janaina Conceição (Núcleo Sul) Joice de Castro Peres Karla F. Wisniewski Desengrini Kelin Buss Liana Ferreira Luiz Antônio Pires Maria Aparecida Teixeira Mayara de Oliveira Bastos Michael Mattar Patrícia de Souza Amorim Poliana Simao Schenon Souza Preto Gerência de Desenho e Desenvolvimento de Materiais Didáticos Márcia Loch (Gerente) Desenho Educacional Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD) Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Pós/Ext.) Aline Cassol Daga Aline Pimentel Carmelita Schulze Daniela Siqueira de Menezes Delma Cristiane Morari Eliete de Oliveira Costa Eloísa Machado Seemann Flavia Lumi Matuzawa Geovania Japiassu Martins Isabel Zoldan da Veiga Rambo João Marcos de Souza Alves Leandro Romanó Bamberg Lygia Pereira Lis Airê Fogolari Luiz Henrique Milani Queriquelli Marcelo Tavares de Souza Campos Mariana Aparecida dos Santos Marina Melhado Gomes da Silva Marina Cabeda Egger Moellwald Mirian Elizabet Hahmeyer Collares Elpo Pâmella Rocha Flores da Silva Rafael da Cunha Lara Roberta de Fátima Martins Roseli Aparecida Rocha Moterle Sabrina Bleicher Verônica Ribas Cúrcio Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Letícia Regiane Da Silva Tobal Mariella Gloria Rodrigues Vanesa Montagna Avaliação da aprendizagem Claudia Gabriela Dreher Jaqueline Cardozo Polla Nágila Cristina Hinckel Sabrina Paula Soares Scaranto Thayanny Aparecida B. da Conceição Gerência de Logística Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente) Logísitca de Materiais Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Abraao do Nascimento Germano Bruna Maciel Fernando Sardão da Silva Fylippy Margino dos Santos Guilherme Lentz Marlon Eliseu Pereira Pablo Varela da Silveira Rubens Amorim Yslann David Melo Cordeiro Avaliações Presenciais Graciele M. Lindenmayr (Coord.) Ana Paula de Andrade Angelica Cristina Gollo Cristilaine Medeiros Daiana Cristina Bortolotti Delano Pinheiro Gomes Edson MartinsRosa Junior Fernando Steimbach Fernando Oliveira Santos Lisdeise Nunes Felipe Marcelo Ramos Marcio Ventura Osni Jose Seidler Junior Thais Bortolotti Gerência de Marketing Eliza B. Dallanhol Locks (Gerente) Relacionamento com o Mercado Alvaro José Souto Relacionamento com Polos Presenciais Alex Fabiano Wehrle (Coord.) Jeferson Pandolfo Karine Augusta Zanoni Marcia Luz de Oliveira Mayara Pereira Rosa Luciana Tomadão Borguetti Assuntos Jurídicos Bruno Lucion Roso Sheila Cristina Martins Marketing Estratégico Rafael Bavaresco Bongiolo Portal e Comunicação Catia Melissa Silveira Rodrigues Andreia Drewes Luiz Felipe Buchmann Figueiredo Rafael Pessi Gerência de Produção Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente) Francini Ferreira Dias Design Visual Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.) Alberto Regis Elias Alex Sandro Xavier Anne Cristyne Pereira Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro Daiana Ferreira Cassanego Davi Pieper Diogo Rafael da Silva Edison Rodrigo Valim Fernanda Fernandes Frederico Trilha Jordana Paula Schulka Marcelo Neri da Silva Nelson Rosa Noemia Souza Mesquita Oberdan Porto Leal Piantino Multimídia Sérgio Giron (Coord.) Dandara Lemos Reynaldo Cleber Magri Fernando Gustav Soares Lima Josué Lange Conferência (e-OLA) Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.) Bruno Augusto Zunino Gabriel Barbosa Produção Industrial Marcelo Bittencourt (Coord.) Gerência Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico Maria Isabel Aragon (Gerente) Ana Paula Batista Detóni André Luiz Portes Carolina Dias Damasceno Cleide Inácio Goulart Seeman Denise Fernandes Francielle Fernandes Holdrin Milet Brandão Jenniffer Camargo Jessica da Silva Bruchado Jonatas Collaço de Souza Juliana Cardoso da Silva Juliana Elen Tizian Kamilla Rosa Mariana Souza Marilene Fátima Capeleto Maurício dos Santos Augusto Maycon de Sousa Candido Monique Napoli Ribeiro Priscilla Geovana Pagani Sabrina Mari Kawano Gonçalves Scheila Cristina Martins Taize Muller Tatiane Crestani Trentin Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual psicologia_social.indb 2 21/9/2011 01:57:37 Palhoça UnisulVirtual 2011 Design instrucional Leandro Kingeski Pacheco Carolina Hoeller da Silva Boeing 4ª edição Ligia Maria Soufen Tumolo Carolina Hoeller da Silva Boeing Psicologia Social Livro didático psicologia_social.indb 3 21/9/2011 01:57:37 Edição – Livro Didático Professoras Conteudistas Ligia Maria Soufen Tumolo Carolina Hoeller da Silva Boeing Design Instrucional Leandro Kingeski Pacheco Carolina Hoeller da Silva Boeing (2ª ed. rev. e atual.) Assistente Acadêmico Eloisa Machado Seemann (3ª ed. rev. e atual.) Roberta de Fátima Martins (4ª edição) Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Pedro Teixeira Edison Valim (2ª ed. rev. e atual.) Adriana Ferreira dos Santos (3ª ed. rev. e atual.) Marcelo Neri da Silva (4ª edição) Revisão Amaline Baulus Issa Mussi Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2011 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 302 T83 Tumolo, Ligia Maria Soufen Psicologia social : livro didático / Ligia Maria Soufen Tumolo, Carolina Hoeller da Silva Boeing ; design instrucional Leandro Kingeski Pacheco, Carolina Hoeller da Silva Boeing ; [assistente acadêmico Eloisa Machado Seemann, Roberta de Fátima Martins]. – 4. ed. – Palhoça : UnisulVirtual, 2011. 165 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Psicologia social. I. Boeing, Carolina Hoeller da Silva. II. Pacheco, Leandro Kingeski. III. Seemann, Eloisa Machado. IV. Martins, Roberta de Fátima. V. Título. psicologia_social.indb 4 21/9/2011 01:57:37 Sumário Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Palavras das professoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE 1 - O desenvolvimento da Psicologia como ciência e o . . . . . . . . . . campo de atuação da Psicologia Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 UNIDADE 2 - Psicologia Social: Uma perspectiva Tradicional. . . . . . . . . . . . 43 UNIDADE 3 - Psicologia Social: uma perspectiva Histórico-Crítica . . . . . . . 69 UNIDADE 4 - Psicologia Social: a perspectiva da Teoria das . . . . . . . . . . . . . . . . Representações Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 UNIDADE 5 - As relações humanas em comunidade e em sociedade . . 117 UNIDADE 6 - O controle social e a participação da sociedade. . . . . . . . . . 135 Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 Sobre as professoras conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 161 Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165 psicologia_social.indb 5 21/9/2011 01:57:37 psicologia_social.indb 6 21/9/2011 01:57:37 7 Apresentação Este livro didático corresponde à disciplina Psicologia Social. O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz. Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, será acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica caracterizada somente na modalidade de ensino que você optou para sua formação, pois na relação de aprendizagem professores e instituição estarão sempre conectados com você. Então, sempre que sentir necessidade entre em contato; você tem à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como: telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem, que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual. psicologia_social.indb 7 21/9/2011 01:57:37 psicologia_social.indb 8 21/9/2011 01:57:37 Palavras das professoras Querido(a) aluno(a), neste livro apresentamos conteúdos da disciplina de Psicologia Social que estão de acordo com a ementa do projeto pedagógico do seu curso. Inicialmente, é importante que você tenha claro que a Psicologia social é o estudo das manifestações comportamentais que ocorrem através da interação entre as pessoas, ou pela mera expectativa de tal interação. Ao estudar este conteúdo, lembre-se que o modo de agir do ser humano será, durante toda a sua vida, constantemente determinado pelo grupo social e instituições das quais ele participa. Leia todas as unidades com atenção e motivação suficiente para se transportar da teoria às vivências cotidianas, ou seja, faça o prazeroso exercício de imaginar situações do seu contexto social que se relacionam com os conteúdos que estão sendo lidos. Ao estudar as unidades atue como um pesquisador que se aprofunda na análise teórica para compreender e explicar a realidade circundante, e que ao fazê-lo, retorna à teoria buscando mais e mais “respostas”. É assim que qualquerestudo cria sentido na subjetividade humana. Quando pela sua apropriação os sujeitos se tornam capazes de compreender sua realidade, intervir de forma mais eficiente nela, ao mesmo tempo, em que, desenvolvem todas as suas capacidades psicológicas e portanto a si mesmo. Bons Estudos! Profs. Ligia e Carolina. psicologia_social.indb 9 21/9/2011 01:57:38 psicologia_social.indb 10 21/9/2011 01:57:38 Plano de estudo O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: � o livro didático; � o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); � as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação); � o Sistema Tutorial. Ementa A psicologia como campo científico. As relações indivíduo- sociedade. Fundamentação das questões relativas à formação e desenvolvimento da personalidade e dos grupos sociais. Tipos clássicos de organização humana: comunidade e sociedade. A questão do controle social em diferentes modelos institucionais. psicologia_social.indb 11 21/9/2011 01:57:38 12 Universidade do Sul de Santa Catarina Objetivos Geral: Apropriar-se das contribuições das ciências da Psicologia e da Psicologia Social para a compreensão dos fenômenos psicossociais envolvidos nos processos de constituição dos indivíduos e dos grupos. Compreender diferentes tipos de organizações humanas e as principais formas de controle social exercida por elas. Específicos: � Compreender a evolução da Psicologia como ciência e seu objeto de estudo; � Conhecer a história e a epistemologia da Psicologia Social; � Conhecer as principais concepções e teorias em Psicologia Social no Brasil; � Compreender os diferentes tipos de organização humana e analisar aquelas que são predominantes na sociedade da atualidade, considerando sua influência na sociedade; � Conhecer diferentes formas de poder e controle social. Carga Horária A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula. psicologia_social.indb 12 21/9/2011 01:57:38 13 Psicologia Social Conteúdo programático/objetivos Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Unidades de estudo: 6 Unidade 1- O desenvolvimento da Psicologia como ciência e o campo de atuação da Psicologia Social Nesta Unidade, você estudará a história da Psicologia como ciência e compreenderá seu objeto de estudo. Conhecerá também a história e epistemologia da Psicologia Social. Unidade 2 - Psicologia Social: Uma perspectiva Tradicional Nesta unidade, você estudará o método e o objeto de estudo da forma Psicológica em Psicologia Social. Conhecerá as principais categorias utilizadas por esta abordagem para explicar os fenômenos de interação social e de relações grupais. Unidade 3- Psicologia Social: uma perspectiva Histórico –Crítica Nesta unidade, você conhecerá o método e o objeto de estudo adotado pela Psicologia Social histórico crítica. Conhecerá as principais categorias utilizadas por esta abordagem para explicar a constituição social dos sujeitos e os processos grupais. Unidade 4- Psicologia Social: a perspectiva da Teoria das Representações Sociais Nesta unidade, você compreenderá o método e o objeto de estudo da Teoria das Representações Sociais e suas contribuições na explicação dos fenômenos psicossociais. psicologia_social.indb 13 21/9/2011 01:57:38 14 Universidade do Sul de Santa Catarina Unidade 5: As relações humanas em comunidade e em sociedade Nesta unidade você irá conhecer os tipos clássicos de organização humana, ou seja, a comunidade e sociedade. Compreenderá que tanto as comunidades como as sociedades coexistem enquanto formas distintas de organização humana, que revestem e organizam a vida social. Irá conhecer também o conflito permanente ao longo da história entre essas relações que embora independentes, hora prevaleceram as relações comunitárias e hora predominaram as relações societárias. Unidade 6 – O Controle social e a participação da sociedade Para finalizar, você conhecerá as formas de controle social. Inicialmente será abordado em que contexto surgiu as primeiras discussões sobre o controle social. Em seguida você compreenderá a associação dos termos Controle Social e democracia, e de que forma é possível assegurar a participação dos cidadãos na construção de decisões e acompanhamento das atividades da Administração Pública. Agenda de atividades/Cronograma � Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e professor. � Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. � Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina. psicologia_social.indb 14 21/9/2011 01:57:38 15 Psicologia Social Atividades obrigatórias Demais atividades (registro pessoal) psicologia_social.indb 15 21/9/2011 01:57:38 psicologia_social.indb 16 21/9/2011 01:57:38 UNIDADE 1 O desenvolvimento da Psicologia como ciência e o campo de atuação da Psicologia Social Ligia Maria Soufen Tumolo Objetivos de aprendizagem � Conhecer o desenvolvimento da Psicologia como ciência. � Caracterizar o objeto de estudo da Psicologia Científica. � Conhecer a história e a epistemologia da Psicologia Social. Seções de estudo Seção 1 O que é Psicologia? Qual sua matriz? Seção 2 A composição da Psicologia Científica Seção 3 A Psicologia Científica do Século XX Seção 4 Psicologia Social 1 psicologia_social.indb 17 21/9/2011 01:57:38 18 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Para iniciar o estudo sobre Psicologia, preste atenção a como você reage a alguns questionamentos: � Que fatores interferem ou determinam a relação dos sujeitos com a sociedade? � Que aspectos constituem as relações dos indivíduos no interior de seus grupos? � Como as pessoas percebem e reagem à realidade? Estas e uma série de questões semelhantes são excelentes estimuladores para iniciar uma reflexão sobre o que é Psicologia e qual seu objeto de estudo. Acredito que você terá respostas mais claras sobre estas questões, quando finalizar o estudo desta disciplina em sua totalidade. Mas elas servem de aquecimento para que você crie alguma proximidade com esta ciência. Iniciando, fique atento(a) ao próximo questionamento proposto na seção 1. Figura 1.1 – Letra grega psy, símbolo da Psicologia. Fonte: Tio Sam, 2011 psicologia_social.indb 18 21/9/2011 01:57:38 19 Psicologia Social Unidade 1 SEÇÃO 1 - O que é Psicologia? Qual sua matriz? Você sabe o que significa Psicologia? Na composição da palavra “psicologia” entram duas palavras gregas: � psiche -> alma � logos -> razão/conhecimento Etimologicamente, Psicologia significa “estudo da alma”. A etimologia desta palavra remete ao momento histórico em que a Psicologia se configurava como um corpo de pensamento, especialmente na Grécia, por volta de 500 a.C. Mas sua utilização e compreensão se modificaram significativamente, ao longo da história. Na atualidade, a Psicologia pode ser definida,grosso modo, como uma área de conhecimento que estuda cientificamente o psiquismo, com o objetivo de compreender o funcionamento humano, manifesto pelos estudos: � do comportamento; � dos processos psicológicos; � da personalidade; � da consciência; � da subjetividade. A partir da definição anterior, você começará a perceber que a Psicologia possui uma particularidade: cada teoria psicológica determina seu objeto de estudo de maneira diferente, o que caracteriza uma atuação diferenciada dos psicólogos, conforme sua afiliação teórica e as especificidades (e demandas) da realidade na qual intervêm. Por isto, o estudo do psiquismo humano é realizado por diferentes abordagens da Psicologia (e isto você identificará ao longo do estudo desta unidade). psicologia_social.indb 19 21/9/2011 01:57:38 20 Universidade do Sul de Santa Catarina Atenção! No entanto é importante esclarecer que o fato de a Psicologia constituir-se a partir de abordagens diferenciadas não configura um tipo de ecletismo, pois o estudo científico dos fenômenos psicológicos, mesmo se compreendidos de diferentes formas, confere unidade a esta área do conhecimento. Para que você entenda melhor o desenvolvimento da Psicologia e, até mesmo, compreenda de forma mais significativa esta multiplicidade no seu objeto de estudo, será apresentada uma retrospectiva histórica sobre suas transformações desde o período da Grécia antiga até a atualidade. Para iniciá-la, fica proposta nova pergunta: Qual a matriz da Psicologia? Partindo da etimologia desta palavra, já é possível perceber que a matriz da Psicologia é a Filosofia. Temas como “alma, espírito e a interioridade humana e seus determinantes” já eram discutidos na Grécia, desde meados de 500 a.C., por filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles. O quadro que segue apresenta algumas reflexões dos principais filósofos gregos, os quais contribuíram para a formação da Psicologia, bem como uma breve síntese dessas contribuições e o modo como elas influenciaram as abordagens mais atuais em Psicologia. Acompanhe com atenção! psicologia_social.indb 20 21/9/2011 01:57:38 21 Psicologia Social Unidade 1 Filósofo Contribuições para a formação da Psicologia Influência nas abordagens atuais da Psicologia Sócrates (469 - 399 a.C.) Postula que a principal característica do homem é a razão e que esta o diferencia de outros animais. Teorias Psicológicas que se apóiam no estudo da razão e da consciência, como por exemplo, o Cognitivismo. Platão (427 - 347 a.C.) Concebe a razão (alma) separada do corpo, tendo como elemento de ligação a medula. A razão se localizaria na cabeça. Para ele, as idéias ou características humanas eram geradas a partir do próprio interior do homem. Teorias Psicológicas que se apóiam no inconsciente, como por exemplo, a Psicanálise de Freud e a Psicologia Analítica de Jung. Aristóteles (384 - 322 a.C.) Alma e corpo não podem ser dissociados. Para ele, a psyche seria o princípio ativo da vida. O homem possuiria a alma racional, com a função pensante. Estuda os fenômenos de sensação e percepção (órgãos dos sentidos). Reconhece a influência dos fatores externos que são percebidos pelos órgãos sensoriais. Considerado o pai da Psicologia por ter escrito o tratado Da Anima. Teorias que atribuem destaque às influências do ambiente na constituição do homem, como o Comportamentalismo. Quadro 1.1 - Contribuições dos filósofos gregos para a formação da Psicologia. Fonte: Bock (2001). A discussão das temáticas apresentadas sobre a interioridade humana continua ao longo do Império Romano e Idade Média especialmente no que se refere à separação entre alma e corpo. Tiveram em Santo Agostinho e São Tomás de Aquino seus expoentes. Conheça algumas das características do pensamento desses filósofos, de acordo com Bock (2001): Filósofo Contribuições para a formação da Psicologia Abordagens da Psicologia atual Santo Agostinho (354 - 430) Defende a cisão entre alma e corpo. Alma como prova da manifestação divina no homem. Teorias Psicológicas que se apóiam no inconsciente, como a Psicanálise e a Psicologia Analítica. São Tomás de Aquino (1225 - 1274) Discussão entre essência e existência. O homem, na sua essência, busca a perfeição através da existência, que seriam unidas pelo encontro com Deus. Teorias Psicológicas que adotam o desenvolvimento da alma ou da consciência como meta. Quadro 1.2 - Contribuições de filósofos do Império Romano e Idade Média para a formação da Psicologia. Fonte: Bock (2001). psicologia_social.indb 21 21/9/2011 01:57:38 22 Universidade do Sul de Santa Catarina Como você deve ter percebido, a discussão apresentada até aqui está centrada em conteúdos metafísicos, como alma, espírito, essência, e esteve presente em uma época em que a Psicologia ainda não se configurava como um corpo científico. Realidade que se altera significativamente, a partir do século XIX. É o que você conhecerá na próxima seção. Seção 2 - A composição da Psicologia Científica Na seção 1, foram apresentados alguns exemplos para você compreender que a Psicologia tem suas origens na Filosofia. Agora será dado um salto de milhares de anos de investigação e feita uma breve retrospectiva da Psicologia, abrangendo a segunda metade do século XIX, momento em que ela começa a se libertar da Filosofia. Nessa época, a Psicologia deixa de se preocupar fundamentalmente com estudo de temas metafísicos, como alma, espírito e essência, e começa a se deslocar para o estudo do cérebro, dos nervos e dos órgãos sensoriais, utilizando-se de métodos científicos para isto. As novas investigações científicas estabeleceram novos padrões de produção de conhecimento para a Psicologia ao longo do século XIX e XX, que passam a ser: � definição de seu objeto de estudo (o comportamento, a consciência, a vida psíquica); � delimitação de seu campo de estudo, diferenciando-o de outras áreas de conhecimento como a Filosofia e a Fisiologia; � formulação de métodos de estudo desse objeto; � formulação de teorias enquanto corpo consistente de conhecimentos na área. Lembre-se de que este momento histórico é de desenvolvimento do capitalismo, de crescimento da industrialização e da adoção do método científico como explicativo fundamental da realidade. psicologia_social.indb 22 21/9/2011 01:57:38 23 Psicologia Social Unidade 1 Inicialmente, estudava os fenômenos psicológicos como se eles pudessem ser decompostos, separados em seus elementos essenciais, isto é, houve uma transposição dos métodos das ciências naturais para se tentar estudar os fenômenos psicológicos. Veja um exemplo. Podemos citar o caso da Psicofísica, método em que os fisiologistas estudavam a fisiologia dos olhos e a percepção da cores. As cores eram estudadas como fenômeno da Física e a percepção como fenômeno da Psicologia. Confira no quadro 1.3, que segue, as principais correntes de pesquisa que possibilitaram à Psicologia o status de ciência, ao longo do século XIX e XX. Pesquisador Método Contribuições Estruturalismo Wundt (1832 - 1920) Alemanha Estudava a consciência por meio da análise e síntese. A partir dos estudos das sensações, buscava “decompor” a consciência em seus elementos e depois os unia a fim de alcançar a compreensão de percepções e julgamentos complexos. Contribui com os estudos da consciência. Fundou o primeiro grande laboratório de pesquisa em Psicologia (Leipzig). É considerado o fundador da Psicologia Científica. Funcionalismo James (1842 - 1910) EUA Estudava a consciência por meio de observações informais, tentando captar a mente em funcionamento, à medida que o homem a usa para adaptar-se ao meio. Caracterizava a consciência como algo dinâmico, pessoal e único. Busca explicar o que os homens fazem e por que o fazem. Estruturalismo Titchner (1867 - 1927) EUA Estudava a consciência em seus aspectos estruturais, isto é, estudava os estadoselementares da consciência como estruturas do sistema nervoso central. Estudo experimental da consciência (em laboratório). Associacionismo Thorndike (1874 - 1949) EUA Aprendizagem se dá por associação de idéias, das mais simples às mais complexas. Portanto, para aprender conteúdos complexos, é necessário ter compreendido conteúdos mais simples. Elabora a primeira teoria de aprendizagem. Quadro 1.3 - Correntes iniciais de pesquisa em Psicologia Científica. Fonte: Elaboração da autora. psicologia_social.indb 23 21/9/2011 01:57:38 24 Universidade do Sul de Santa Catarina Pelo exposto no quadro, você pôde perceber que o estudo dos fenômenos da consciência começa a constituir o foco principal de pesquisa em Psicologia e que se torna um dos seus principais objetos até a atualidade. Embora a Psicologia Científica tenha nascido na Alemanha, é nos EUA que ela cresce rapidamente, resultado do avanço econômico o qual colocou os EUA na vanguarda do sistema capitalista. A Psicologia Científica veio a ser chamada para criar ferramentas que pudessem responder aos interesses deste sistema, desenvolvendo testes psicológicos que diagnosticavam os “melhores homens” a ocupar determinadas posições nas indústrias (“homem certo para o lugar certo”) e também em postos relacionados às tropas de guerras. Seção 3 - A Psicologia Científica do Século XX As pesquisas acima citadas influenciaram a criação de novas teorias psicológicas, que são denominadas de Psicologia do Séc XX. O quadro que segue faz uma síntese das principais delas, o Behaviorismo, a Gestalt, a Psicanálise e a Psicologia Histórico- Cultural. Acompanhe com atenção! psicologia_social.indb 24 21/9/2011 01:57:38 25 Psicologia Social Unidade 1 Pesquisadores Objeto e Método de Estudo Fatores determinantes Behaviorismo Watson (1878 - 1958) EUA Skinner (1904 - 1990) EUA Comportamento humano. Empregava pesquisas que investigavam estímulos e respostas dos indivíduos e animais em laboratório. Comportamento humano é determinado pelas reações que o ambiente externo oferece às nossas ações. Reforços e punições promovem os condicionamentos que modelam o desenvolvimento e a aprendizagem humanos. Gestalt Koffka (1886 - 1941) Alemanha Percepção e consciência humana. Promoviam situações experimentais com seres humanos e animais. A percepção humana possui leis próprias, as quais, em ação, promovem a consciência humana sobre os eventos externos. Psicanálise Freud (1856 - 1939) Áustria Lacan (1901 - 1981) Jung (1875 - 19610 Suíça Subjetividade e afetividade humanas. Relação entre inconsciente e consciente. Estudam expressões simbólicas; sonhos; discursos. A subjetividade humana é determinada pelos vínculos afetivos estabelecidos ao longo da vida dos indivíduos. A qualidade desses vínculos determinará a orientação das atitudes desses indivíduos, que pode se caracterizar por ser mais saudável ou mais comprometida. Psicologia Histórico-Cultural Vygotsky (1896 - 1934) Leontiev (1903 - 1979) Luria (1902 - 1977) Rubinstein (1887 - 1982) (todos da Rússia) Consciência e Processos Psicológicos Superiores (linguagem, pensamento, memória voluntária); Subjetividade e Personalidade. Método dialético. A consciência e todos os processos psicológicos superiores se desenvolvem pela relação dialética que se estabelece entre os sujeitos e a cultura ao longo do desenvolvimento de atividades coletivas, tanto no nível filo como ontogenético. Quadro 1.4 - Principais abordagens psicológicas do século XX. Fonte: Elaboração da autora. “Filo” se refere ao desenvolvimento das funções psicológicas, que ocorre ao longo da história da espécie. “Ontogenético” se refere ao desenvolevimento das funções psicológicas, que ocorre ao longo da história do indivíduo, de bebê à vida adulta. psicologia_social.indb 25 21/9/2011 01:57:39 26 Universidade do Sul de Santa Catarina Pelo quadro apresentado, você pode perceber que a ciência da Psicologia se divide em várias teorias psicológicas e que cada uma delas possui objetos de estudo (comportamento, percepção e consciência, afetividade, consciência e processos psicológicos superiores) e métodos de estudos próprios (experimentais; discurso, dialético). Com o desenvolvimento desta ciência ao longo dos séculos XX e XXI, as teorias anteriormente citadas ofereceram subsídios teóricos para a composição de subáreas da Psicologia e também para o campo de atuação do psicólogo. Neste sentido, é possível afirmar que a Psicologia é uma “área” dinâmica de produção de conhecimentos e de intervenção na realidade social, composta de subáreas que são expressas em diferentes especialidades. Neste momento, você deve estar se perguntando, afinal, o que é Psicologia Social? É o que você conhecerá na próxima seção. Permaneça atento(a)! psicologia_social.indb 26 21/9/2011 01:57:39 27 Psicologia Social Unidade 1 Seção 4 - Psicologia Social Iniciamos esta seção com outras perguntas: � É possível uma psicologia que não seja social? � Há sentido em conceber um indivíduo isolado do seu contexto social? De acordo com Lane (2001), a resposta a esta indagação passa, necessariamente, por um exame inicial, que é do próprio processo de divisão em compartimentos (as diferentes disciplinas) das ciências humanas e sociais. A partir de uma visão reducionista e simplista e de uma perspectiva de dicotomia entre e o individual e o social, coube à Psicologia o estudo do indivíduo e à Sociologia o estudo da sociedade. Esta divisão se consolida de tal forma, que, por exemplo, reconhece- se nos estudos de Wundt (considerado o fundador da Psicologia como ciência independente, que você estudou logo acima) sobre Psicologia Individual e desconhece-se os trabalhos desse mesmo autor sobre temas hoje classificados como Psicologia Social. Saiba mais Wundt publicou uma obra de aproximadamente 10 volumes denominada Psicologia das Massas ou de Psicologia dos Povos, em língua alemã, que até recentemente não havia tradução para outra língua. Outro dado interessante é que Wundt e Durkheim mantinham discussões sobre como analisar os fenômenos sociais e a partir destas ocorreu uma bifurcação: à sociologia de Durkheim coube o estudo da sociedade e à psicologia de Wundt coube o estudo do indivíduo. No entanto, a constatação da impossibilidade de estudar o homem como um ser isolado – objeto da Psicologia – conduz ao desenvolvimento de teorias e métodos para explicar a influência dos fatores sociais sobre os processos de percepção, memória, pensamento, motivação, organizando-se a Psicologia Social enquanto uma das áreas da Psicologia. psicologia_social.indb 27 21/9/2011 01:57:39 28 Universidade do Sul de Santa Catarina A breve introdução apresentada permite que você já tenha alguns subsídios para pensar sobre como surgiu a Psicologia Social. Mas para que você possa tirar suas próprias conclusões sobre as perguntas iniciais apresentadas, leia, a seguir, um pouco da história da Psicologia Social no mundo. O desenvolvimento da Psicologia Social nos EUA e na Europa Exitem muitas maneiras de se contar uma história. A forma apresentada foi escolhida por retratar o dinamismo do desenvolvimento desta ciência e por permitir a identificação das bases epistemológicas das diferentes correntes em Psicologia Social. A Psicologia Social é tipicamente considerada uma ciência americana. Isto porque ela teve, em seus primórdios, um desenvolvimento expressivo nos EUA. Algumas razões são explicativas para isso, entre elas, o fato do EUA ser um país multicultural e multiracial, o que levou os psicólogos a se interessarem por compreender os fenômenos relacionados aos preconceitos e atitudes, o que acarretou o desenvolvimento e aplicação de vários tipos de escalas de medidas para avaliar estes processos. Numa perspetiva abrangente do desenvolvimento da Psicologia Social, Farr (2004) afirma que,embora as raízes da Psicologia Social possam ser encontradas no solo intectual de toda a tradição ocidental, seu atual florescimento é reconhecido como sendo um fenômeno caracteristicamente americano. Destacam-se neste processo os eventos de guerras, sendo que a segunda guerra mundial propiciou um tipo de impulso ao desenvolvimento da Psicologia Social semelhante ao que a primeira guerra mundial tinha propiciado para os testes psicométricos. À época da segunda guerra mundial, os cientistas sociais colaboravam para realizar levantamentos sociais sobre a adequação de soldados à vida do exército, sua participação em combate e sobre as consequências advindas desta participação, colaborando, especialmente, com pesquisas, cujo enfoque estava na avaliação da eficácia das diferentes maneiras de instruir o pessoal militar e na solução de problemas técnicos relacionados à mensuração das atitudes e à predição do comportamento. Para isso, adotavam uma perspectiva positivista de ciência. psicologia_social.indb 28 21/9/2011 01:57:39 29 Psicologia Social Unidade 1 Uma concepção positivista de ciência significa que seus princípios básicos, nas explicações dos fenômenos sociais, são: tratá-los como fenômenos naturais através de métodos experimentais, sendo que os modelos explicativos remetem sempre às explicações centradas nos indivíduos. Os temas citados, anteriormente, foram os assuntos da série de volumes da obra entitulada The American Soldier, publicada depois da guerra sob a editoração geral do sociólogo Stouffer. Esse programa de pesquisa colaborativa desenvolvido durante a guerra foi importante por duas razões: 1. Proporcionou um modelo de programas de doutorados interdisciplinares em Psicologia Social no pós-guerra. Esses eram programas conjuntos entre a Psicologia e a Sociologia com várias participações da Antropologia (vale ressaltar que nenhum desses programas existe na atualidade). 2. A outra razão da importância da série de volumes do The American Sodier é que alguns grupos de pesquisadores do tempo da guerra continuaram colaborando muito além dela. O mais importante desses grupos formou, após a guerra, o núcleo de pesquisa sobre comunicação e mudança de atitude. Isto resultou numa série posterior de volumes que são importantes na história da Psicologia Social experimental na América, na era moderna. Outros volumes foram editados posteriormente e estavam relacionados com levantamentos sociais e mudanças de atitudes. Em Psicologia Social, como em numerosas outras disciplinas acadêmicas, a geração de estudantes imediatamente ao pós- guerra foi especialmente talentosa. (FARR, 2004). Você estudará na sequência que é este fator que determina o fenômeno de individualização da Psicologia Social. psicologia_social.indb 29 21/9/2011 01:57:39 30 Universidade do Sul de Santa Catarina Isto foi particularmente verdadeiro no que se refere ao grupo de estudantes de doutorado coordenados pelo pesquisador Kurt Lewin. Este estudioso fundou o Centro de Dinâmica de Grupo, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, em 1945. Este grupo ajudou a estabelecer a Psicologia Social na era moderna, como um fenômeno distintamente americano. O papel deste grupo foi vital no desenvolvimento de uma Psicologia Social Cognitiva (diferenciando-se da Psicologia Social mais experimental). Eles refletiram, na América, a influência da Psicologia da Gestalt. Vale demarcar que Lewin era europeu, e, assim, como um grande contingente de pesquisadores europeus, migrou para o EUA, nos períodos das guerras, especialmente fugidos do nazismo e anti-semitismo. A principal migração foi dos gestaltistas da Áustria e da Alemanha para o EUA, e foi este o fato que possibilitou o desenvolvimento da Psicologia Social Cognitiva, com raízes na Fenomenologia. De acordo com Farr (1996, p. 7 apud Bernardes, 1998, p. 26): [...] foi desse conflito entre duas filosofias rivais, mas incompatíveis (isto é fenomenologia e positivismo), que a Psicologia Social, na forma específica, como se deu, logo no período moderno [...]. A Psicologia da Gestalt foi o ingrediente crucial nessa transformação. O conflito ocorreu em solo americano, e também o resultado – uma forte psicologia social cognitiva – foi produto claramente americano. A psicologia social moderna, pode, pois, ser, na verdade, um fenômeno caracteristicamente americano, mas ao menos a fenomenologia era européia. Percebe-se, então, que as raízes da Psicologia Social moderna foram européias, embora a flor fosse caracteristicamente americana. Psicologia que se desenvolveu na Europa e que estudava, fundamentalmente, os fenômenos de percepção e a relação com sistemas de aquisição de informações, por processos essencialmente cognitivos. Deriva das palavras gregas phainesthai que significa aquilo que se mostra, e logos que significa estudo, sendo etimologicamente, então, “o estudo do que se mostra”. Busca a interpretação do mundo através da consciência do sujeito formulada com base em suas experiências. psicologia_social.indb 30 21/9/2011 01:57:39 31 Psicologia Social Unidade 1 Ao longo da segunda metade do século XX, muitos outros programas de pós- graduação foram importantes para o desenvolvimento da Psicologia Social no EUA, tais como: � O Institute for Social Research, em Michigan, para onde foi levado o Centro de Dinâmica de Grupo sob a direção do psicólogo social, Cartwright, que trabalhou com Lewin após a morte prematura deste; � O programa de pesquisa em comunicação e mudança de atitude do pós-guerra de Yale, sob a direção de Hovland, que reuniu um brilhante grupo de colaborados, muitos dos quais tinham realizado pesquisas, previamente no contexto de guerra. O grupo experimental de Yale era mais ortodoxo do que o do MIT na utilização de variáveis de pesquisa experimentais. Mas ambos os grupos adotaram uma perspectiva cognitiva em Psicologia Social. De acordo com Farr (2004), a Psicologia Social que se desenvolveu como um fenômeno especificamente americano na era moderna é uma forma psicológica em Psicologia Social. De acordo com Bernardes (2001), as formas psicológicas em Psicologia Social reduzem as explicações do coletivo e do social às leis individuais. Nesta perspectiva, o indivíduo é o centro da análise. Indivíduo, aqui, é entendido como uma entidade liberal, autônoma, independente das relações com o contexto social que o cerca e consciente de si, o que gera a individualização da Psicologia Social. Esta é a forma dominante de Psicologia Social no EUA e no mundo de língua inglesa. Os psicólogos sociais americanos tiveram uma colaboração significativa no pós-guerra, ao desempenharem um papel fundamental na reconstrução das universidades, tanto na Alemanha como no Japão. Os psicólogos americanos também ajudaram na construção de sociedades de Psicologia na Europa, como, também, a estabelecer contatos entre psicólogos europeus psicologia_social.indb 31 21/9/2011 01:57:39 32 Universidade do Sul de Santa Catarina que trabalhavam isoladamente. A forma de Psicologia Social que eles ajudaram a estabelecer foi a forma psicológica em Psicologia Social. (Farr, 2004). Esta é considerada uma forma tradicional em Psicologia Social (você aprofundará este estudo na Unidade 2). Ao discutir sobre o surgimento da Psicologia Social na Europa, Farr (2004) afirma que há tradições de pesquisa em Psicologia Social que se desenvolveram e se originaram neste continente. Duas das mais influentes foram a teoria de identidade social, de Tajfel e a teoria das representações sociais, de Moscovici. A primeira estava muito mais ligada à Psicologia Social americana do que a segunda. Já Moscovici, ao escolher Durkheim como um ancestral adequado para a sua teoria das representações sociais, contribui para assegurar que essa tradição francesa de pesquisa em Psicologia Social, que ele iniciou no começo da era moderna, fosseclassificada como uma forma sociológica em Psicologia Social e não como uma forma psicológica. De acordo com Bernardes (2006), as formas sociológicas de Psicologia Social refletem a relação entre o individual e o coletivo. Buscam uma superação desta dicotomia, não reduzindo as explicações da Psicologia Social ao individual, nem tampouco ao coletivo. Saiba mais Durkheim define o fato social como objeto da sociologia e propõe o método funcionalista para análise social. Para ele, todo fato social cumpre uma função na sociedade, portanto, explicar os fatos sociais significa demonstrar as funções exercidas por eles. Fato social é toda maneira de agir, fixa ou não, capaz de exercer sobre o indivíduo ou conjunto uma coerção exterior, tendo ao mesmo tempo uma existência própria independente das suas manifestações individuais. Para o autor, a sociedade determina o indivíduo. (SELL, 2006). psicologia_social.indb 32 21/9/2011 01:57:39 33 Psicologia Social Unidade 1 De acordo com Farr (2004), a teoria de Moscovici contribui para uma crítica da natureza individual da tradição psicológica dominante no EUA. Ela representa um desafio importante à hegemonia da Psicologia Social americana dentro da Europa. E você sabe como foi o desenvolvimento da Psicologia Social na América Latina? É o que você estudará a partir de agora. Permaneça atento! O desenvolvimento da Psicologia Social na América Latina e no Brasil Na América Latina e no Brasil, nas décadas de 60 e 70, do século XX, a Psicologia Social incorporou, inicialmente, o modelo do EUA, com algumas pequenas adaptações à realidade de cada país. A transposição e replicação das teorias e métodos norte- americanos ficam evidentes em algumas obras de Psicologia Social da época, como por exemplo, Rodrigues (1976, 1979, 1981). (BERNARDES, 2003) De acordo com Bernardes (2003), tal posicionamento de importação acentuada de posturas teóricas, levou alguns psicólogos sociais latino-americanos, no final da década de 1970, a constatar o período que se chamou de “a crise da Psicologia Social” ou a “Crise de Referência” No Brasil e na América Latina, a crise começa a tomar corpo nos Congressos da Sociedade Interamericana de Psicologia, principalmente, aquele realizado em Miami (1976) e Lima (1979). Como pontos principais da crise da Psicologia Social, estavam a dependência teórico-metodológica, principalmente do EUA, a descontextualização dos temas abordados, a simplificação e superficialidade das análises destes temas, a individualização do social, na Psicologia Social, assim como a não preocupação política com as relações sociais no país e na América Latina, em decorrência das teorias importadas. Vale retomar que esta crise era européia já na década de 60. psicologia_social.indb 33 21/9/2011 01:57:39 34 Universidade do Sul de Santa Catarina Nos anos de 1960, surge a Associação Latino-Americana de Psicologia Social (ALAPSO), que era orientada pela Psicologia Social Norte-Americana. Em oposição a ela surgem outras Associações, a exemplo da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), no Brasil. A ABRAPSO surge em 1980 por meio de pesquisadores, tais como Silvia Lane e Wanderlei Codo, que organizaram, em 1984, a obra Psicologia Social: o homem em movimento. Estes eventos demarcam o rompimento com a Psicologia Social norte- americana. Associação Brasileira de Psicologia Social - ABRAPSO - teve em sua proposta de criação, a intenção do grupo brasileiro em redefinir o campo da Psicologia Social, descobrir novos recursos metodológicos, propor práticas sociais e construir um referencial teórico inscrito em princípios epistemológicos diferentes dos até então vigentes. De acordo com Lane (1981), acompanhando a tendência européia, mas sinalizando para diferenças consistentes e próprias dos países da América Latina, esboça-se a criação de uma nova Psicologia Social, no Brasil, representada pela ABRAPSO - que recebe, algumas qualificações como Psicologia Social Histórico Crítica ou Psicologia Sócio-histórica. São qualificações que expressam a perspectiva crítica em Psicologia Social hegemônica de até então e que apontam para uma concepção de ser humano como produto histórico-social e, ao mesmo tempo, como construtor da sociedade e capaz de transformar esta sociedade por ele construída. Teve forte influência do materialismo histórico-dialético, de Marx e Engels. A ABRAPSO é uma associação referência em Psicologia Social no Brasil. Para conhecê-la, consulte o site da ABRAPSO. Disponível em: <www.abrapso.com.br>. Acesso em 10 jul.2011. psicologia_social.indb 34 21/9/2011 01:57:39 35 Psicologia Social Unidade 1 Saiba mais Marx considera a História como produto do trabalho humano. À medida que os homens interagem para satisfazer suas necessidades, desencadeiam o processo histórico. Marx (apud Sell, 2006, p. 77) diz que “o modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual.” Partindo de uma citação de Marx, em O 18 Brumário, onde o mesmo diz que: “os homens fazem a história, mas não a fazem como querem. Eles a fazem sob condições herdadas do passado”, Sell afirma que ele “mostra o peso que as estruturas sociais exercem sobre os indivíduos, mas, dialeticamente, demonstra também que os homens partem destas mesmas estruturas para recriá-las pela sua própria ação”. (SELL, 2006, p. 76-77). Esta concepção de ser humano recoloca a relação indivíduo- sociedade, rompe com a perspectiva dicotômica e, ao invés de considerar indivíduo e contexto social, propõe a construção de um espaço de interseção em que um implica o outro e vice-versa. Ao falar sobre este processo, Lane (1981) afirma que foi somente a partir dos anos de 1980, que a Psicologia Social brasileira assumiu uma postura mais crítica e adotadou uma concepção de ser humano que se produz numa relação recíproca com a sociedade e entende que este processo é histórico, ou seja, passível de ser transformado. Como recursos metodológicos, são privilegiados aqueles que rompem com o modelo de redução do complexo ao simples, do global ao elementar, da organização à ordem e da qualidade à quantidade. Como objeto de estudos e pesquisas, propõe a preocupação com aspectos de relevância e aplicabilidade ao contexto brasileiro e que possam responder às questões sociais específicas de sua população. (LANE, 1981). psicologia_social.indb 35 21/9/2011 01:57:39 36 Universidade do Sul de Santa Catarina Nas palavras de Lane (2001, p.15): Psicologia Social que enseja a complexificação do simples, a pluralidade teórico-metodológica, a intersecção das diferentes áreas de aplicação da Psicologia, a prática interdisciplinar e a preocupação ética em relação aos seus compromissos sociais e políticos. Psicologia Social que vai além da simples assertiva de um ser humano no social, mas de um ser humano social com base na convicção de que não há possibilidade do humano sem ser no social. Bem, para facilitar o seu estudo sobre os conteúdos abordados até este momento sobre o desenvolvimento da Psicologia Social no EUA, na Europa e no Brasil, será apresentada uma síntese. Pelo que você estudou até aqui, é possível identificar 2 formas de Psicologia Social: uma Psicológica e outra Sociológica. Você estudará estas duas formas nas unidades subsequentes, mas acompanhe no organograma que segue uma síntese destas informações. Figura: 1.2 Formas de Psicologia Social Psicologia Social Forma Psicológica em Psicologia Social/Tradicional EUA Positivista/Cognitivista Formas Sociológicas em Psicologia Social Europa e Brasil Teoria das Representações Sociais Moscovici/Joudelet Durkheim Psicologia Social Histórico-Crítica Silvia Lane/Wanderlei Codo/etc. Marx psicologia_social.indb 36 21/9/2011 01:57:39 37 Psicologia Social Unidade 1 Pela Figura 1.1, apresentada acima, é possível identificar que a forma sociológicaem Psicologia Social se divide em duas: uma que adota a Sociologia de Durkheim e a outra que adota o Materialismo Histórico-Dialético de Marx e Engels, como bases epistemológicas. Na primeira, a sociedade determina o indivíduo e na segunda sociedade e indivíduo se determinam mutuamente, num processo dialético. Pode-se dizer que o objeto de estudo da Psicologia Social é o fenômeno psicossocial e que cada uma das abordagens citadas elege suas próprias categorias para identificá-lo. Como no Brasil houve influência das três perspectivas mencionadas acima, você terá a oportunidade de estudar as principais contribuições de cada uma delas para a compreensão das relações que se estabelecem entre indivíduos e sociedade, ao longo das unidades desta disciplina. psicologia_social.indb 37 21/9/2011 01:57:39 38 Universidade do Sul de Santa Catarina Síntese Como você percebeu, a Psicologia é uma ciência que está em constante transformação. E é assim, porque seu objeto de estudo, o ser humano, também o está. É uma ciência que atua de forma ampla na sociedade, porque as demandas de seu conhecimento e de sua intervenção estão nas mais variadas fontes: a escola, a família, as organizações de trabalho, os hospitais, enfim. O psicólogo possui um desafio particular: ele é pesquisador e, ao mesmo tempo, objeto de suas pesquisas, ou seja, utiliza sua “mente” para compreender e analisar a “mente” de outras pessoas, utiliza sua subjetividade para explicar a subjetividade daqueles que atende. Interpreta as emoções de outras pessoas a partir de como significam estes dados e de como os qualifica (o que certamente envolve valores emocionais). Neste sentido, a busca da “neutralidade” é algo constante nesta ciência, mesmo considerando que esta só exista num plano ideal, abstrato. Especialmente quando se atenta para o fato de que quando há a interação humana, vínculos se formam e o produto já não é mais “o eu e os outros”, mas um nós, no qual ambos os envolvidos se transformam. É nesta seara que se encontra o objeto de estudo da Psicologia Social. Você estudou que a Psicologia Social desenvolveu-se como área de estudo científico sistematizado após a I guerra mundial, juntamente com as demais ciências sociais. Teve um desenvolvimento expressivo após a segunda guerra mundial. Nesta época, pesquisava fenômenos de liderança, preconceitos, mudanças de atitudes, relações grupais, valores, com a finalidade de compreender como ocorriam esses fenômenos em condições de tensão social pós-guerra. Indivíduo e sociedade eram vistos de uma forma dicotômica, ou seja, como se o indivíduo pudesse ser isolado da sociedade e naturalizado. Teve um desenvolvimento significativo nos EUA e na Europa ao longo da metade do século XX. No primeiro, adotou-se uma perspectiva mais individualizada. No segundo, adotou-se uma perspectiva mais crítica, de partir de fenômenos sociais para a compreensão da relação indivíduo - sociedade. psicologia_social.indb 38 21/9/2011 01:57:39 39 Psicologia Social Unidade 1 No Brasil, ela incorpora, inicialmente, a tendência americana, mas transforma-se em uma ciência voltada para a compreensão dos fenômenos psicológicos a partir de uma perspectiva mais crítica e direciona-se para produzir conhecimento em Psicologia de forma contextualizada com a realidade brasileira. Atividades de autoavaliação 1. A partir do estudo desta unidade, você saberia definir o que é Psicologia? Tendo esta ciência como centro de sua atenção, apresente seis características que a define, preenchendo a figura que segue. Psicologia psicologia_social.indb 39 21/9/2011 01:57:40 40 Universidade do Sul de Santa Catarina 2. Faça uma pesquisa na internet sobre o tema “Psicologia Social” e verifique que várias definições aparecem. Escolha uma delas e estabeleça relações com as formas de Psicologia Social apresentadas nesta Unidade. Para sintetizar seu pensamento, construa uma figura ou organograma (ou seja, uma forma alternativa ao texto escrito). Aproveite o espaço que segue para fazer seu registro. psicologia_social.indb 40 21/9/2011 01:57:40 41 Psicologia Social Unidade 1 Saiba mais Se você pretende ampliar seus conhecimentos, complemente seus estudos e ratifique seus conhecimentos, acessando as obras abaixo relacionadas, pois nelas se encontra farto material acerca do assunto tratado nesta unidade: BOCK, Ana; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. São Paulo: Makron Books, 2001. LANE, S.; SAWAIA, B. (Orgs.). Novas veredas em Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 1995. LANE, Silvia T. M.; CODO, Wanderley (orgs.). Psicologia Social: o homem em movimento. 13. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. LANE, Silvia. O que é Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 1981. FARR. Robert. As raízes da Psicologia Social Moderna. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. psicologia_social.indb 41 21/9/2011 01:57:40 psicologia_social.indb 42 21/9/2011 01:57:40 2UNIDADE 2Psicologia Social: Uma perspectiva Tradicional Ligia Maria Soufen Tumolo Objetivos de aprendizagem � Conhecer o objeto de estudo e o método adotado pela concepção psicológica em Psicologia Social. � Definir as principais categorias estudadas na abordagem psicológica em Psicologia Social. � Estabelecer relações entre os conceitos apresentados e as experiências cotidianas no que se refere às interações pessoais. Seções de estudo Seção 1 Psicologia Social: uma abordagem psicológica Seção 2 Crenças, estereótipos, preconceitos e percepção social Seção 3 A formação de atitudes Seção 4 Relações grupais psicologia_social.indb 43 21/9/2011 01:57:40 44 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo A forma psicológica em Psicologia Social é uma forma tradicional de abordagem, no que se refere a esta ciência. Ela contribui para a descrição de conceitos e processos que ocorrem nas interações sociais, partindo de uma concepção de que os seres humanos, quando estão em interação, influenciam-se uns aos outros, necessariamente. Para que você entre em contato com esta abordagem em Psicologia Social, serão apresentados os conceitos mais discutidos pelos autores que adotam esta perspectiva de análise. Você certamente os identificará em sua vida cotidiana e isto lhe trará facilidades e motivação para o estudo. Vamos lá! Siga em frente! psicologia_social.indb 44 21/9/2011 01:57:40 45 Psicologia Social Unidade 2 Seção 1- Psicologia Social: uma abordagem psicológica Conforme estudado na unidade 1, a forma psicológica em Psicologia Social centra seus estudos predominantemente em aspectos individuais para explicar os fenômenos que ocorrem nas interações sociais. Abordam os fenômenos que ocorrem nas relações sociais sem a preocupação de contextualizá-los historicamente. Para esta abordagem em Psicologia Social, o objeto de estudo desta ciência é o estudo dos fenômenos psicológicos que são suscitados nas interações entre as pessoas. Por influência de uma concepção predominantemente positivista de homem e de sociedade demonstram uma compreensão mais individualizada de sujeito e estudam cientificamente o processo de interação entre as pessoas, com a finalidade de compreender melhor o comportamento social humano. Para isto, se utilizam de métodos experimentais e descritivos, além de observações, predominantemente. De acordo com Rodrigues (2003), ao se empregar o método experimental com seres humanos, a intenção do pesquisador é estabelecer uma relação provável de causa e efeito entre fatores situacionais e o comportamento por eles suscitado. Ao utilizar o método experimental, o investigador cria situações sociais e observa seus efeitos no comportamento individual. O social nesta abordagem em Psicologia Social não é a sociedade em geral, mas sim, a interação entre as pessoas, e suas relações recíprocas,o pensamento que a expectativa e o contato com o outro provocam. (Rodrigues, 2003). Os principais fenômenos estudados por esta abordagem em Psicologia Social são as crenças, os estereótipos, os preconceitos, percepção social e formação de atitudes e as relações grupais, tais como: coesão grupal, a formação de normas sociais, a liderança, etc. É o que você estudará a partir de agora. psicologia_social.indb 45 21/9/2011 01:57:40 46 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 2 - Crenças, estereótipos, preconceitos e percepção social “Não vemos as coisas como elas são; nós a vemos como nós somos”. (ANAIS NIN apud Rodrigues 2003, p. 20). Inicia- se esta seção com algumas perguntas: � Você é seletivo em suas relações pessoais? � Quais informações você utiliza para entrar em interação com os outros? � Será que você percebe os outros como eles são? Como será que os outros percebem você? De acordo com Rodrigues (2003), os seres humanos tendem a explicar os fenômenos e eventos que ocorrem na realidade, inclusive tendem a interpretar as demais pessoas, mesmo sem conhecê-las, na expectativa de ter dados e informações para decidir se desejam (ou não) interagir com elas. Para que seja possível explicar o desconhecido, os indivíduos, em geral, tendem a se apoiar em padrões de crenças. Utilizam- se de associações que são realizadas com base em características que se destacam à sua percepção individual sobre a pessoa percebida, e que se vinculam a determinados julgamentos ou pré-concepções. - E você sabe o que são crenças? Crenças são proposições que, na sua formulação mais simples, afirmam ou negam uma relação entre dois objetos concretos ou abstratos, ou entre um objeto e algum possível atributo deste. (KRUGER, 1986, p. 32) De acordo com o mesmo autor, crenças, do ponto de vista da análise científica, não são conjecturas baseadas na fé. O sistema de crenças envolve a atuação de processos cognitivos, como perceber, raciocinar e pensar. psicologia_social.indb 46 21/9/2011 01:57:40 47 Psicologia Social Unidade 2 De acordo com Kruger (1986, p. 32), as crenças podem ser qualificadas como opiniões, boatos, dogmas, convicções e estereótipos, entre outras possibilidades de classificação e participam, quando houver uma relação afetiva entre uma pessoa e um objeto social, da atitude que aquela manifesta em relação a este. De acordo com Rodrigues (2003, p. 21), a crença numa teoria que aglutina características pessoais possibilita aos indivíduos, uma vez encontrada nos outros, fazer inferências sobre intenções e comportamentos desses últimos, o que facilita o entendimento dos outros. Este fenômeno de teorização sobre uma determinada pessoa a partir de crenças que se associam às suas características é denominado estereótipos. Estereótipos consistem na atribuição de determinados traços aos membros de um certo grupo. Os estereótipos decorrem da generalização de observações individuais para todo o grupo a que pertence à pessoa em que recaiu a observação. Como você pode perceber, estereótipos são crenças amplamente generalizadas para um conjunto de pessoas. De acordo com Rodrigues (2003), os estereótipos podem estar relacionados com a atribuição de valores negativos ou positivos. Ou seja, podem ser generalizados valores positivos ou negativos ao conjunto de pessoas pertencentes a um determinado grupo. Quando um estereótipo é integrado por aspectos puramente negativos está-se diante daquilo que se chama preconceito. Um professor, baseado em crenças de que toda pessoa responsável tem uma determinada aparência, desconfia do potencial ou responsabilidade de um de seus alunos porque ele usa cabelo cumprido do tipo rastafary. Objeto social é um termo utilizado por Kruger (1986) e que se aplica a qualquer pessoa, grupo, animal, objeto inanimado ou entidade abstrata, posicionado como objeto de afeição ou interesse social. psicologia_social.indb 47 21/9/2011 01:57:40 48 Universidade do Sul de Santa Catarina Para explicar este processo que ocorre nos indivíduos, utilizando- se de uma perspectiva de análise cognitiva, Rodrigues (2003) afirma que os indivíduos, ao se relacionarem com o ambiente social e consigo próprio, utilizam-se de recursos cognitivos denominados de esquemas sociais. Esquemas sociais são rótulos dados às pessoas e aos grupos por meio dos estereótipos e preconceitos, que são construídos pelos sistemas de crenças que os indivíduos possuem e que criam julgamentos e expectativas diante de comportamentos dos demais indivíduos. Saiba mais A forma esquemática de agir não ocorre somente na interação com outras pessoas, mas, também, na relação do indivíduo com ele mesmo. São os autoesquemas ou esquemas dirigidos a própria pessoa e que funcionam da mesma forma que os demais esquemas. Os indivíduos têm um conjunto de crenças sobre eles próprios, do que são e de como devem agir. Pelo que foi exposto até aqui, já é possível introduzir um novo conceito que é o de percepção social, a chamada percepção de outrem. A percepção de outrem ou da ação de outrem é intrínseca ao processo de interação social. A percepção social é o processo que envolve a percepção do outro e que é necessariamente influenciada pelas crenças, estereótipos, preconceitos, atitudes, interesses e esquemas sociais daquele que percebe. O processo de percepção social envolve várias etapas, que podem ser descritas de maneira sintética da seguinte forma: Acompanhe! psicologia_social.indb 48 21/9/2011 01:57:40 49 Psicologia Social Unidade 2 Um indivíduo recebe informações sobre outros pelos seus órgãos dos sentidos: Crenças, interesses, estereótipos, preconceitos, valores, ou seja, esquemas sociais do indivíduo que recebeu, entram em ação aferindo e fazem um filtro, a partir desta carga psicológica. Considerando isto, é atribuído um conceito sobre a pessoa. Percepção Social Como você pode concluir a partir dos processos que foram apresentados até este momento, elementos psicológicos são capazes de distorcer a correspondência entre o objeto social e a percepção sobre este objeto. Valores, atitudes, interesses, preconceitos e crenças fazem com que comumente a percepção sobre o outro não corresponda às suas características quando se considera a realidade desta outra pessoa. Ao discutir sobre percepção social, Braguirolli (1994) afirma que a percepção das pessoas, a denominada percepção social, difere da percepção de objetos, porque envolve julgamento ou juízo avaliativo. É um processo que acontece num nível diferente da percepção de objetos. A diferença reside no fato de que esta avaliação que ocorre no nível das interações pessoais funcionará como direcionadora da forma como se interagirá com o outro. Saiba mais Ao falar de percepção social, Rodrigues (2003, p. 24) afirma que “Não registramos o nosso ambiente social, tal como uma máquina fotográfica, mas sim, o vemos através da distorção decorrente de nossas idiossincrasias pessoais”. psicologia_social.indb 49 21/9/2011 01:57:40 50 Universidade do Sul de Santa Catarina Ao estabelecer algumas conclusões sobre a importância da compreensão sobre o fenômeno de percepção social nas interações entre as pessoas, Rodrigues (1998) afirma ser fundamental que os indivíduos tenham a consciência da ocorrência da interferência destes processos, a fim de procurar evitar sua influência ou minimizar sua interferência nas interações pessoais que estabelecem. A percepção social está intrinsecamente relacionada com as atitudes, considerando que aquelas oferecerão elementos para estas. A formação de atitudes é o que você estudará na próxima seção. Permaneça atento! Seção 3 - A formação de atitudes Atitudes têm se constituído num dos temas mais estudados pela psicologia social, na busca de entender como estas posições pró ou contra objetos sociais se formam e se modificam e quais são os elementos essenciais. Ao falar sobrea formação de atitudes, Rodrigues (2003, p. 49) afirma que enquanto categoria social, as atitudes mantêm uma estreita relação com as noções de crença, valor e preconceito, na medida em que, teoricamente apresentam elementos semelhantes em sua organização. Durante o nosso processo de socialização formamos posições pró ou contra pessoas e objetos com que entramos em contato. Tais posições estão intimamente ligadas ao que pensamos em relação a tais pessoas e objetos e também à forma de agirmos em relação aos mesmos. (RODRIGUES, 2003, p. 49). - Você sabe como podem ser definidas as atitudes? psicologia_social.indb 50 21/9/2011 01:57:40 51 Psicologia Social Unidade 2 Existem muitas definições de atitudes e você conhecerá algumas delas: De acordo com Kruger (1986), as atitudes podem ser definidas como uma disposição afetiva, favorável (positiva) ou desfavorável (negativa), a um determinado objeto social. Já de acordo com Rodrigues (2003), é uma organização duradoura de crenças e cognições em geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto social definido, que predispõe a uma ação em acordo com as cognições e afetos relativos a este objeto. Entre as várias definições disponíveis sobre atitudes, algumas características se preservam como essenciais a este conceito que são: � existência de um sentimento favorável ou desfavorável em relação a um objeto social; � existência de uma certa estabilidade nesta tendência. De acordo com Kruger (1986), as atitudes cumprem, principalmente, 4 funções. São elas: 1. a primeira e mais importante delas é cumprir uma função avaliativa. 2. a segunda, é que é através delas, que ocorre a organização do comportamento nos planos da cognição, dos afetos e do comportamento (conação; ação). 3. Contribuem para uma orientação da conduta, na medida em que ensejam uma discriminação afetiva de tudo e de todos que se dispõem no campo do ambiente psicológico. 4. Favorecem a elaboração de argumentos, funcionando em defesa do próprio sujeito, protegendo-os de objetos e situações desagradáveis ou ameaçadoras. psicologia_social.indb 51 21/9/2011 01:57:40 52 Universidade do Sul de Santa Catarina Parece consenso entre os autores que a estrutura atitudinal é composta de 3 elementos fundamentais que estão interligados: 1. Componente afetivo: consiste no sentimento favorável ou desfavorável em relação a um objeto social. 2. Componente cognitivo: se refere aos pensamentos (percepção, representação) que a pessoa possui em relação a um objeto social. 3. Componente comportamental: é a prontidão para responder, para comportar-se de determinada forma em relação a este objeto social. É a expressão externa da atitude (que também pode ser denominada de conação). Lembre-se que se houver um sentimento em relação a um objeto social, é porque dele já se dispõe de uma representação cognitiva, ambos contribuindo para que se estabeleça uma orientação preferencial da conduta ou comportamento em relação ao objeto por eles visado. Qual a sua atitude diante de uma pessoa que pede esmola? Diante da percepção de uma pessoa menos favorecida economicamente, você pode ter um sentimento de compaixão e agir de forma a dar-lhe algum dinheiro. Ou você pode se recusar a ajudar, porque considera uma forma fácil de ganhar dinheiro, além de se sentir ameaçada pela situação. Os componentes afetivos, cognitivos e comportamentais das atitudes se associam de tal maneira que, se o sentimento for positivo, as representações e a conduta também tenderão a sê-lo, e vice-versa. É lógico que dentro deste sistema existem variáveis que podem tender a uma coerência, mas também a incoerências, quando se trata de um comportamento social. Aprofundar isto, exigiria uma análise muito minuciosa de todas as variáveis envolvidas nos contextos sociais. psicologia_social.indb 52 21/9/2011 01:57:40 53 Psicologia Social Unidade 2 Na formação de atitudes, assim como na formação de preconceitos e valores, são significativas as influências que os indivíduos recebem dos diversos grupos sociais dos quais participa: a família, a escola, as organizações de trabalho. Essas se formam por aprendizagens advindas dos vários grupos dos quais os indivíduos fizeram parte. Para finalizar esta seção, é importante destacar que as atitudes podem ser modificadas. Ou seja, apesar de comporem tendências de atuação dos indivíduos, variáveis sociais, pelas quais os indivíduos passam podem provocar alterações nestas orientações, tais como: períodos de grandes mudanças no âmbito da vida pessoal e no contexto social em que o indivíduo está inserido; mudanças de fases de desenvolvimento na vida, pressões externas, entre outros. Reside neste fato o grande interesse dos psicólogos sociais no estudo das atitudes, desde sua origem histórica. Conhecer e poder atual em prol de mudanças de atitudes de uma pessoa ou de uma população sobre algum fenômeno pode ser de grande importância para a ciência e para a sociedade. Vale destacar ainda que tomando como base a perspectiva psicológica em Psicologia Social, a personalidade é explicada pela interação dos sistemas de crenças, atitudes e motivações pessoais, alinhadas com as formas de interagir em grupo, conforme você estudará mais adiante. Até este momento, você estudou processos individuais a partir da abordagem da psicologia social tradicional. A partir de agora, você estudará as relações grupais. psicologia_social.indb 53 21/9/2011 01:57:40 54 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 4 - Relações Grupais O estudo desta seção certamente será bastante interessante e terá um grau de facilidade pela possibilidade que você terá em reconhecer a presença dos conceitos que serão expostos, no cotidiano de sua convivência nos grupos. A pesquisa experimental sobre os processos grupais foi incrementada a partir do final da década de 1930, especialmente pelos estudos de Kurt Lewin (1890-1947). A expressão dinâmica de grupos foi cunhada por Lewin, que com ela pretendia designar o campo da estrutura e dos processos que ocorrem nos grupos humanos, tais como: liderança, coesão, produtividade, cooperação, conflito e comunicação. Nas palavras de Lewin: A essência de um grupo não reside na similitude ou dissimilitude de seus membros, senão em sua interdependência. Um grupo pode ser caracterizado como um todo dinâmico: isto significa que uma mudança no estado de uma das partes ou membros do grupo varia em todos os casos, entre uma massa sem coesão alguma e uma unidade composta. (LEWIN, 1973 p. 54 apud RODRIGUES, 2003). Remetendo-se às ideias do próprio Lewin, é consenso entre os estudiosos sobre o assunto, que os grupos são muito mais do que as somas das individualidades de seus membros. De acordo com Braguirolli (1994), toda e qualquer sociedade, da mais primitiva a mais complexa, consiste de diferentes grupos e organizações. Nas sociedades contemporâneas, que são mais complexas, certamente o número de grupos e organizações é muito maior e o indivíduo faz parte simultaneamente de muitos deles. psicologia_social.indb 54 21/9/2011 01:57:40 55 Psicologia Social Unidade 2 De acordo com a mesma autora, que apresenta uma revisão da conceituação de grupos, estes podem ser definidos como: “Uma pluralidade de indivíduos que estão em contato uns com outros, que se consideram mutuamente e que estão conscientes de que têm algo significativamente importante em comum.” (OLMESTED 1970, p. 12 apud BRAGUIROLLI, 1994, p 122). “Um grupo psicológico pode ser entendido como duas ou mais pessoas que se reúnem e satisfazem as seguintes condições: as relações entre os membros são interdependentes (o comportamento de cada membro influi no comportamento de todos os outros); os membros aceitam uma ideologia – um conjunto de crenças, valores e normas que regulam sua conduta mútua”. (KRECH, entre outros, apud BRAGUIROLLI, 1994, p. 122). São exemplos de grupo: o grupo da família,
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