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2 AULA - SET 22

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Curso Gratuito 
Prática em Inventários 
26, 27 e 29 de setembro de 2022 
Prof. Roberto Ribeiro 
 
AULA 02 
PARTILHA: COMO DEFINIR QUEM DEVE HERDAR E QUANTO DEVE RECEBER 
 
1) INTRODUÇÃO 
 A premissa básica da partilha em qualquer inventário é definir 
quem terá direito a herdar e quanto irá receber. Somente será possível proferir 
sentença de partilha caso os herdeiros estejam definidos no processo de 
inventário. 
 Para tanto é necessário entender a ordem de vocação sucessória, 
ou seja, a definição de quem deverá herdar em cada uma das várias situações 
previstas pelo código civil. Quando o cliente te procura, ele quer saber é quem 
terá direito a receber a herança. 
 Pode parecer bobeira, mas muitos inventários ficam enrolados 
porque não se define se, por exemplo, esposa terá direito a herança. Outros 
travam pela discussão sobre a existência, ou não, de uma relação de união 
estável. 
 Por isso é tão importante você saber identificar, nas diversas 
situações, quem realmente tem direito a herança. 
 A definição dos herdeiros encontra previsão no art. 1.829 do CC. 
Mas antes de analisarmos esse dispositivo e suas peculiaridades é preciso 
alertar que a ordem de convocação dos herdeiros ali prevista somente será 
aplicável quando o falecido não deixou testamento. 
 Isso porque a sucessão legítima regulada no mencionado 
dispositivo é subsidiária da testamentária. Vale dizer, se a pessoa deixou 
testamento englobando todos os seus bens e apontado os herdeiros, essa 
vontade deve ser respeitada. 
 Logo, apenas será aplicado o disposto no art. 1.829 quando o 
falecido não deixou testamento válido ou este não abrangeu todos os seus 
bens. 
Curso Gratuito 
Prática em Inventários 
26, 27 e 29 de setembro de 2022 
Prof. Roberto Ribeiro 
 
 Feitos esses esclarecimentos, vamos analisar os principais 
aspectos do artigo acima referido, visando responder uma singela pergunta: 
quem deve herdar? 
 
2) QUEM DEVE HERDAR? 
 A resposta a essa pergunta é simples: serão chamados para 
receber a herança: a) descendentes, que poderão concorrer com o cônjuge ou 
companheiro em algumas situações; b) ascendentes em concorrência com 
cônjuge ou companheiro; c) cônjuge ou companheiro; d) colaterais. 
 Para facilitar a compreensão, veja-se o teor do art. 1.829: 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem 
seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge 
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no 
regime da comunhão universal, ou no da separação 
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no 
regime da comunhão parcial, o autor da herança não 
houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
 
 Essa é uma ordem preferencial, vale dizer, se há descendentes 
os ascendentes não herdam. Se há ascendentes os colaterais não herdam. Na 
prática, quando o cliente te procura, você precisa perguntar quem são os 
parentes do falecido para fins de enquadrar na referida ordem e definir quem 
poderá receber a herança. 
 A partir de agora vamos analisar os principais pontos práticos 
dessa ordem de vocação sucessória. 
A) DA SUCESSÃO DOS DESCENDENTES E A CONCORRÊNCIA COM O CÔNJUGE 
 Os primeiros na ordem de vocação sucessória são os 
descendentes, ou seja, filhos, netos, bisnetos, etc, conforme previsão do inciso 
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Prática em Inventários 
26, 27 e 29 de setembro de 2022 
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I, do art. 1.829 do CC. Lembrando que o art. 1.833 determina que entre os 
descendentes o grau mais próximo exclui o mais remoto. 
 Isso significa que se o falecido deixou filhos e netos, a prioridade 
para o recebimento da herança é dos filhos. Apenas se não há mais filhos, é 
que os netos serão chamados a receber a herança. 
 Também é preciso recordar que o legislador criou o chamado 
direito de representação para os descendentes, permitindo que os 
descendentes que faleceram antes, sejam representados por seus filhos. 
 A título ilustrativo veja este exemplo: Paulo é filho de João e 
morre em 2010, deixando o filho Pedro (neto de João). Posteriormente, João 
falece deixando as filhas Maria e Joaquina. Nesse caso, os herdeiros serão: 
Maria, Joaquina e Pedro. As duas primeiras vão receber a herança por direito 
próprio e Pedro representando o pai pré-morto. Essa situação inclusive consta 
da parte final do art. 1.833 do CC. 
 Na prática, essa informação é de suma importância porque ao 
atender o cliente você precisa perguntar se o falecido possui algum filho pré-
morto. Havendo, precisará saber se este deixou algum filho, pois se a resposta 
for afirmativa, ele irá representar o pai na sucessão do avô. 
 No que se refere à partilha dos bens entre os descendentes, é 
importante destacar que a herança será dividida em parte iguais, não sendo 
lícita qualquer distinção quanto à origem da filiação. 
 A questão mais problemática do inciso I do art. 1.829 do CC se 
refere à possibilidade de o cônjuge/companheiro sobrevivente concorrer com 
os descendentes. Na prática, é isso que causa a maior confusão naqueles que 
não são especialistas na área. 
 Pela simples análise do mencionado dispositivo é possível 
observar que a depender do regime de bens do casamento, os descendentes 
terão que dividir a herança com o cônjuge/companheiro. Trata-se, portanto, de 
uma concorrência condicionada porque dependerá do preenchimento de 
uma condição, referente à espécie de regime de bens. 
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 Em síntese, a concorrência do cônjuge/companheiro ocorrerá 
quando o casamento tiver sido contraído pelos seguintes regimes de bens: 
 a) separação convencional; 
 b) participação final nos aquestos; 
 c) comunhão parcial, quando há bens particulares, ou seja, 
bens pertencentes apenas ao falecido; 
 Por seu turno, não haverá concorrência nos seguintes regimes 
de bens: 
 a) separação obrigatório (art. 1.641, CC); 
 b) comunhão universal; 
 c) comunhão parcial, quando não há bens particulares, ou seja, 
o viúvo (a) tem meação sobre todos os bens pertencentes ao falecido; 
 Na prática, quando você for atender um cliente, deverá perguntar 
se o falecido era casado ou vivia em união estável, e qual o regime de bens, 
para fins de verificar se haverá possibilidade de concorrência dele com os 
filhos. 
 Certamente a situação que mais gera confusão na prática, se 
refere ao regime da comunhão parcial de bens, pois quando o falecido era 
casado por este regime, o direito do cônjuge de concorrer com os filhos fica 
condicionado à existência de bens particulares por parte do de cujus. 
 Nesse caso, você deverá questionar o cliente se o falecido tinha 
algum bem que foi adquirido antes do casamento ou que se enquadra em uma 
das hipóteses do art. 1.659 do CC, que prevê: 
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe 
sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou 
sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; 
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente 
pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens 
particulares; 
III - as obrigações anteriores ao casamento; 
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo 
reversão em proveito do casal; 
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V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de 
profissão; 
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas 
semelhantes. 
 
 Se há algum bem que se enquadre nos casos elencados no 
dispositivo acima, o cônjuge irá concorrer com os descendentes. Porém, 
CUIDADO: o direito do cônjuge vai recair apenas sobre os bens particulares. 
Não sobre todos os bens. 
 Vamos ilustrar com um exemplo para que você entenda: 
 ImagineJoão era casado com Maria pelo regime da comunhão 
parcial de bens e tinha dois filhos. Ele falece e deixa os seguintes bens: a) 2 
imóveis adquiridos antes do casamento; b) 4 imóveis adquiridos após o 
casamento; c) dois carros adquiridos após o casamento; d) 400 mil reais 
amealhados após o casamento. 
 Nesse caso, a Maria terá direito a meação sobre os bens 
adquiridos após o casamento e terá direito a herança com relação aos 2 
imóveis adquiridos antes do casamento. 
 Logo, a herança de João seria partilhada da seguinte maneira: 
50% dos bens adquiridos após o casamento seriam divididos entre os dois 
filhos e 100% dos bens adquiridos antes do casamento seriam divididos, em 
parte iguais, entre os filhos e a esposa. 
 ATENÇÃO: quando for atender o cliente, é muito importante que 
você também pergunte quando ocorreu a aquisição dos bens que serão 
inventariados, inclusive solicitando os respectivos documentos (exemplo: cópia 
da matrícula do imóvel), para verificar se há bens particulares e definir se o 
cônjuge irá herdar junto com os filhos. 
 Por seu turno, no que tange à partilha quando há concorrência, o 
art. 1.832 do CC, assim determina: 
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Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 
1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos 
que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser 
inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos 
herdeiros com que concorrer. 
 Esse dispositivo criou a chama reserva da quarta parte ao 
cônjuge. Isso significa que sempre que o cônjuge/companheiro estiver 
concorrendo com filhos comuns, ele terá direito ao quinhão mínimo de 25%. 
Em termos práticos, isso equivale a dizer que quando o cônjuge vai dividir a 
herança com mais de três filhos comuns, deverá ser resguardado 25% 
daqueles bens para ele, dividindo-se, igualitariamente, os 75% restantes aos 
filhos. 
 Um exemplo irá esclarecer a situação: 
 Imagine que João faleceu deixando Maria, esposa com quem era 
casado pelo regime da comunhão parcial de bens, e dois filhos. Ele deixou de 
patrimônio 600 mil reais, que foi adquirido antes do casamento, motivo pelo 
qual não há meação de Maria, mas apenas herança. Nesse caso, esse valor 
será dividido igualitariamente entre Maria e os dois filhos, restando a cada um o 
quinhão no valor de 200 mil. 
 Agora suponhamos que ao invés de dois, João deixou cinco 
filhos. Nesse caso, você teria que reservar 25% do valor dos bens para 
herança de Maria, ou seja, 150 mil. O restante, 450 mil, seria dividido 
igualitariamente entre os cinco filhos, restando um quinhão de 90 mil para cada 
um. 
 Por fim, é relevante destacar que essa situação somente ocorre 
quando se trata de filhos comuns, ou seja, filhos do falecido com a esposa. 
Quando há filhos unilaterais (exemplo: filho do primeiro casamento do falecido), 
não há essa reserva de 25% para o cônjuge/companheiro sobrevivente. 
B) DA SUCESSÃO DOS ASCENDENTES E A CONCORRÊNCIA COM CÔNJUGE 
 O inciso II, do art. 1.829 do CC, coloca os ascendentes (pais, 
avós, bisavós, etc) como os próximos na ordem de vocação sucessória, ou 
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seja, se o falecido não deixou descendentes, serão chamados para receber a 
herança os ascendentes. 
 Segundo o §1º do art. 1.836 do CC, na classe dos ascendentes, 
os mais próximos excluem os mais remotos, vale dizer, se, por exemplo, o 
falecido deixou pais vivos, os avós não serão chamados a receber a herança. 
 Talvez o maior ponto de ATENÇÃO com relação à sucessão dos 
ascendentes se refere à concorrência com o cônjuge/companheiro. Isso 
porque, a concorrência nesse caso é INCONDICIONADA, ou seja, a análise do 
regime de bens do casamento não tem relevância. 
 Dito de forma diversa e para que não reste dúvida sobre essa 
questão: se o falecido deixou apenas ascendentes e cônjuge/companheiro, 
estes últimos terão direito a concorrer com os primeiros independentemente do 
regime de bens. 
 O alerta é importante, porque vejo muitos profissionais 
desqualificados dizendo que a esposa não vai concorrer com os pais do 
falecido porque era casada pelo regime X, Y ou Z. Esses colegas confundem e 
acabam aplicando indevidamente a regra do inciso I (descendentes) aos 
ascendentes (inciso II). 
 Para que não reste qualquer dúvida, veja a literalidade do 1.836, 
que reforça a ideia de concorrência incondicionada prevista no inciso II, do 
art. 1.829: 
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à 
sucessão os ascendentes, em concorrência com o 
cônjuge sobrevivente. 
 Perceba que em momento algum esse dispositivo condiciona a 
concorrência do cônjuge ao tipo de regime de bens. Portanto, se João falece e 
deixa apenas os pais e a esposa, essa última vai concorrer com os pais 
independentemente do regime de bens do casamento. 
 Por seu turno, quanto à partilha entre os ascendentes, você 
precisará observar que toda ascendência é dividida em duas linhas: a) linha 
paterna; b) linha materna. Isso é muito importante porque o CC determinou que 
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havendo igualdade em graus, a divisão será feita por linhas, ou seja, metade 
cabe a linha paterna e metade a linha materna. 
 Isso significa que se a pessoa falece e deixa apenas os pais 
vivos, a mãe terá direito a 50% da herança e o pai os outros 50%. Do mesmo 
modo, se o falecido não deixou pais vivos, mas deixou apenas o avô da linha 
paterna e os avós da linha materna, a herança será dividida entre essas linhas. 
Nesse caso, o avô paterno terá direito a 50% da herança, e os avós maternos 
irão dividir os outros 50%. 
 Tudo isso consta expressamente do §2º do art. 1.836 do CC: 
§ 2 o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, 
os ascendentes da linha paterna herdam a metade, 
cabendo a outra aos da linha materna. 
 Portanto, lembre-se: a partilha entre os ascendentes não é feita 
necessariamente pela divisão igualitária entre os herdeiros (por cabeça). 
 Por outro lado, quando o cônjuge concorre com os ascendentes, a 
partilha será feita obedecendo as seguintes regras: 
 a) sempre que o cônjuge/companheiro concorrer com os pais do 
falecido, a divisão será igualitária; 
 b) quando a concorrência não for com pais, ele terá direito a 
metade da herança, cabendo aos ascendentes a divisão do restante, 
obedecidas as regras sobre a partilha entre ascendentes (divisão de linhas). 
 Essa conclusão é extraída do disposto no art. 1.837 do CC: 
Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, 
ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a 
metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for 
aquele grau. 
 Para finalizar, vamos a um exemplo que vai facilitar sua 
compreensão: 
 Imagine que João falece e deixa os pais e a esposa. Sua herança 
é de 600 mil. A divisão será igualitária e tocará a cada um o quinhão no valor 
de 200 mil. 
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 Supondo que o falecido deixou apenas o pai e a esposa. A divisão 
ainda será igualitária e cada um terá direito ao quinhão no valor de 300 mil. 
 Agora imagine que o falecido deixou a esposa, avó paterna e 
avós maternos. Nesse caso, metade da herança (300 mil) será da esposa e o 
restante será dividido entre os ascendentes, na proporção de 50% para cada 
linha. Assim, a avó paterna receberá 150 mil e os avós maternos dividirão entre 
eles os outros 150 mil, ficando cada um com 75 mil. 
 Perceba que com esse conhecimento você já tem condições de 
realizar a partilha no inventário, com muita tranquilidade. 
C) DA SUCESSÃO DO CÔNJUGE/COMPANHEIRO 
 O terceiro da ordem de vocação é o cônjuge/companheiro, 
conforme se observa do inciso III, do art. 1.829 e 1.838 do CC, ou seja,se o 
falecido não deixou descendentes ou ascendentes, o cônjuge/companheiro 
será o único herdeiro. 
 Sobre o tema, relevante destacar que embora os dispositivos 
acima se refiram apenas ao cônjuge, em 2017 o STF1 reconheceu a 
inconstitucionalidade do art. 1.790 do CC, e desde então os companheiros 
possuem os mesmos direitos sucessórios atribuídos aos cônjuges. 
 Embora a situação possa parecer mais simples, na prática é 
preciso ficar atento às hipóteses em que o cônjuge não terá legitimidade para 
herdar, seja com exclusividade, seja por concorrência. 
 Nessa toada, o cônjuge não poderá receber herança (mesmo 
que o falecido não tenha descendentes ou ascendentes) quando: 
 a) estiver divorciado; 
 b) estiver separado judicialmente; 
 c) estiver separado de fato por mais de 2 anos, salvo se a culpa 
pelo fim do relacionamento puder ser imputada ao falecido; 
 Para que não paire dúvidas, veja-se a regra do art. 1.830 do CC: 
 
1
 Confira: RE nº. 646.721 e 878.694. 
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Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao 
cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não 
estavam separados judicialmente, nem separados de fato 
há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa 
convivência se tornara impossível sem culpa do 
sobrevivente. 
 Pontue-se que embora o dispositivo não se refira ao divórcio, 
evidente que ele ocorreu não há mais nenhum vínculo que justifique o direito 
sucessório do cônjuge. 
 Uma situação delicada e que merece muita atenção se refere ao 
tempo de separação de fato como fator determinante para a definição do direito 
sucessório do cônjuge. 
 Isso porque, a regra acima referida dispõe que o cônjuge, mesmo 
separado de fato, poderá receber herança, desde que o tempo da separação 
seja inferior a 2 anos ou, se superior, a culpa pelo rompimento possa ser 
imputada ao falecido. 
 Diante dessa situação, o profissional precisa questionar o cliente 
sobre eventual separação do fato, o tempo e o motivo. 
 Veja o exemplo: 
 João era casado com a Maria, mas eles se separaram de fato 
havia 1 ano e 6 meses. Maria é herdeira de João? Sim, pois não estavam 
separados há mais de 2 anos. Todavia, se a separação já tem 2 anos e 2 
meses, Maria não tem teria direito a participar da herança, a não ser que 
comprovasse que o rompimento da relação foi causado por fato imputável ao 
João, como por exemplo, uma traição. 
 Importante salientar que não havendo prova documental 
(geralmente não há!), a questão da culpa não poderá ser dirimida nos autos do 
inventário, devendo ser ajuizada ação própria, como por exemplo uma ação 
probatória autônoma. 
 O problema mais grave que pode surgir na prática é o seguinte: 
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 Imagine que João separou-se de fato de Maria e após 1 ano e 2 
meses conheceu Paula, com quem passou a viver em união estável. Após 6 
meses ele falece. Quem teria direito a herança: Maria ou Paula? 
 Nesse caso, há quem defenda a possibilidade de concorrência 
entre cônjuge e companheiro. O Enunciado 525 das Jornadas de Direito Civil é 
nesse sentido. Seria o caso de divisão de cota entre esposa e companheira. 
 Me parece que a situação não é tão simples e que seria 
necessário analisar o caso concreto. Creio que se já houve a constituição de 
nova família em razão da união estável, a esposa perde o direito a herança, 
pois resta nítido que, inobstante não formalizado, o relacionamento anterior foi 
definitivamente encerrado. Mas, como dito, trata-se de tema polêmico. 
D) DA SUCESSÃO DOS COLATERAIS 
 O inciso IV do art. 1829 elenca os colaterais como legitimados a 
receber herança, caso o falecido não tenha deixado descendentes, 
ascendentes e cônjuge/companheiro. 
 Sobre a sucessão dos colaterais, algumas ponderações são 
relevantes: 
 1º) Somente podem receber herança os colaterais até 4º grau (art. 
1.839). 
 Na prática, significa que apenas podem herdar como colaterais: 
irmãos, sobrinhos, filhos de sobrinhos, tios e primos. 
 2º) Entre os colaterais, os mais próximos excluem os mais 
remotos, salvo direito de representação atribuído ao sobrinho, que pode 
receber a herança no lugar do irmão pré-morto (art. 1.840). 
 ATENÇÃO: essa é única hipótese de direito de representação 
que não envolve descendentes. 
 3º) Se o falecido deixou irmãos bilaterais (mesmo pai e mãe) e 
unilaterais (mesmo pai ou mesma mãe), os irmãos bilaterais receberão o dobro 
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do que vão receber os bilaterais (art. 1.841). Essa mesma regra se aplica aos 
sobrinhos (art. §2º, do art. 1.843). 
 Na prática, para viabilizar o cumprimento dessa norma, você deve 
dividir todos os herdeiros colaterais por cotas, atribuindo cota dupla aos 
bilaterais. Para facilitar, veja um exemplo: 
 Suponha que o falecido deixou 3 irmãos bilaterais e 2 unilaterais. 
Em tese, nós teríamos 5 cotas, pois são 5 herdeiros. Mas como você precisa 
atribuir aos bilaterais o dobro do que vai atribuir aos unilaterais, será 
necessário contar os bilaterais como sendo cota dupla. Assim, ao invés da 
herança ser dividida em 5 cotas, seria dividida em 8 cotas (3 bilaterais 
multiplicado por 2, perfazendo 6 cotas, e 1 cota de cada unilateral, perfazendo 
2 cotas). 
 Imagine que o patrimônio deixado foi de 800 mil. Nesse caso, se 
temos 8 cotas a serem pagas, cada uma possui valor de 100 mil. Assim, cada 
um dos irmãos bilaterais teria direito a 2 cotas, totalizando 200 mil e cada 
unilateral teria direito a uma cota de 100 mil. Ao final cada um dos 3 irmãos 
bilaterais estaria recebendo o dobro do que os unilaterais. 
 4º) Se o falecido deixou tios e sobrinhos, ambos colaterais de 3º 
grau, eles não irão dividir herança, pois nesse caso o código optou por atribuir 
direito sucessório apenas ao sobrinho (art. 1.843).

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