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Os distúrbios pulmonares crônicos constituem uma importante causa de morbidade e de mortalidade nos EUA. As enfermeiras tratam dos pacientes com doença pulmonar crônica em todo o espectro de cuidados, desde cuidados ambulatoriais e domiciliares até o serviço de emergência, cuidados intensivos e cuidados paliativos. Para tratar desses pacientes, as enfermeiras precisam não apenas de habilidades de avaliação e tratamento clínico perspicazes, mas também de um conhecimento sobre como esses distúrbios podem afetar a qualidade de vida do indivíduo. Além disso, os conhecimentos da enfermeira sobre os cuidados paliativos e de fase terminal são importantes para os pacientes acometidos. O ensino do paciente e da família representa uma importante prescrição de enfermagem para aumentar o autocuidado dos pacientes com qualquer distúrbio pulmonar crônico. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica A Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD) definiu a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) como “uma doença passível de prevenção e tratamento, com alguns efeitos extrapulmonares significativos, que podem contribuir para a gravidade em cada paciente. Seu componente pulmonar caracteriza-se por uma limitação do fluxo de ar, que não é totalmente reversível. A limitação do fluxo de ar é habitualmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória do pulmão a partículas ou gases nocivos” (GOLD, 2008, p. 2). Essa definição atualizada fornece uma ampla descrição que explica a DPOC e seus sinais e sintomas. Embora as definições mais antigas tenham classificado o enfisema e a bronquite crônica como tipos de DPOC, isso frequentemente gerou confusão, visto que a maioria dos pacientes com DPOC apresenta sinais e sintomas superpostos desses dois processos mórbidos distintos. A DPOC pode incluir doenças que causam obstrução ao fluxo de ar (p. ex., enfisema, bronquite crônica) ou qualquer combinação desses distúrbios. Outras doenças, como a fibrose cística, a bronquiectasia e a asma, que outrora eram classificadas como tipos de DPOC, são classificadas, hoje em dia, como distúrbios pulmonares crônicos. Na atualidade, a asma é considerada um distúrbio separado e distinto, sendo classificada como uma condição anormal das vias respiratórias, caracterizada principalmente por inflamação reversível. A DPOC pode coexistir com a asma. Ambas as doenças apresentam os mesmos sintomas principais; entretanto, os sintomas são, em geral, mais variáveis na asma do que na DPOC. Este capítulo discute a DPOC como uma doença e descreve a bronquite crônica e o enfisema como estados mórbidos distintos, proporcionando uma base para compreender a fisiopatologia da DPOC. A bronquiectasia, a asma e a fibrose cística são discutidas em separado. Enquanto a taxa de mortalidade por outras causas principais de morte tem diminuído, as mortes em decorrência da DPOC continuam aumentando. Na atualidade, a DPOC e condições associadas (doenças crônicas do trato respiratório inferior) constituem a quarta causa principal de mortalidade nos EUA, e são responsáveis pela morte de quase 125.000 norte-americanos por ano (National Heart, Lung, and Blood Institute [NHLBI], 2007). A taxa de mortalidade da DPOC entre mulheres aumentou notavelmente desde a II Guerra Mundial, e, em 2005, mais mulheres do que homens morreram em consequência da DPOC. Cerca de 12 milhões de norte-americanos vivem com um diagnóstico de DPOC; entretanto, muitos pacientes não recebem um tratamento ótimo. Outros 12 milhões de norte- americanos podem apresentar DPOC, que permanece não diagnosticada. O custo anual da DPOC (gastos anuais para a saúde e baixa produtividade) é de cerca de 42,6 bilhões de dólares, com gastos totais para os cuidados da saúde (tratamento hospitalar, serviços médicos, medicação e saúde domiciliar e cuidado domiciliar de enfermagem) de 26,7 bilhões de dólares (NHLBI, 2007). Os indivíduos com DPOC tornam-se comumente sintomáticos durante os anos da meia-idade, e a incidência da doença aumenta com a idade. Embora determinados aspectos da função pulmonar normalmente diminuam com a idade – por exemplo, a capacidade vital e o volume expiratório forçado em 1 s (VEF1) –, a DPOC acentua e acelera essas alterações fisiológicas. Fisiopatologia Na DPOC, a limitação ao fluxo de ar é progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões a partículas ou gases nocivos. A resposta inflamatória é observada em todas as vias respiratórias proximais e periféricas, parênquima pulmonar e vascularização do pulmão (GOLD, 2008). Devido à inflamação crônica e às tentativas do organismo de repará-la, ocorrem alterações e estreitamento das vias respiratórias. Nas vias respiratórias proximais (traqueia e brônquios com mais de 2 mm de diâmetro), as alterações consistem em aumento no número de células caliciformes e glândulas submucosas aumentadas, que levam à hipersecreção de muco. Nas vias respiratórias periféricas (bronquíolos com menos de 2 mm de diâmetro), a inflamação provoca espessamento da parede das vias respiratórias, fibrose peribrônquica, exsudato na via respiratória e estreitamento global das vias respiratórias (bronquiolite obstrutiva). Com o passar do tempo, esse processo contínuo de lesão-e- reparo determina a formação de tecido cicatricial e provoca estreitamento do lúmen das vias respiratórias (GOLD, 2008). Ocorrem também alterações inflamatórias e estruturais no parênquima pulmonar (bronquíolos respiratórios e alvéolos). A destruição da parede alveolar leva à perda das fixações alveolares e a uma diminuição da retração elástica. Por fim, o processo inflamatório crônico afeta a vascularização pulmonar e provoca espessamento do revestimento do vaso e hipertrofia da musculatura lisa, podendo levar à hipertensão pulmonar (GOLD, 2008). Os processos relacionados com desequilíbrios de substâncias (proteinases e antiproteinases) no pulmão também podem contribuir para a limitação do fluxo de ar. Quando ativadas pela inflamação crônica, as proteinases e outras substâncias podem ser liberadas, causando lesão do parênquima do pulmão. Essas alterações parenquimatosas também podem ocorrer em consequência da inflamação ou de fatores genéticos ou ambientais (p. ex., deficiência de alfa1-antitripsina). Bronquite Crônica A bronquite crônica, uma doença das vias respiratórias, é definida como a presença de tosse e produção de escarro durante pelo menos 3 meses, a cada 2 anos consecutivos. Embora a bronquite crônica seja um termo útil do ponto de vista clínico e epidemiológico, ele não reflete o principal impacto da limitação do fluxo de ar sobre a morbidade e a mortalidade na DPOC (GOLD, 2008). Em muitos casos, a fumaça de cigarro ou outros poluentes ambientais irritam as vias respiratórias, resultando em inflamação e hipersecreção de muco. A irritação constante provoca aumento no número de glândulas secretoras de muco e células caliciformes, levando à produção aumentada de muco. O tamponamento da via respiratória pelo muco diminui a função ciliar. As paredes brônquicas também se tornam espessadas, estreitando ainda mais o lúmen brônquico (Figura 24.1). Os alvéolos adjacentes aos bronquíolos podem sofrer lesão e fibrose, resultando em função alterada dos macrófagos alveolares. Isso é significativo, visto que os macrófagos desempenham um importante papel na destruição de partículas estranhas, incluindo bactérias. Em consequência, o paciente torna-se mais suscetível à infecção respiratória. Uma ampla gama de infecções virais, bacterianas e por micoplasmas pode produzir episódios agudos debronquite. As exacerbações da bronquite crônica têm mais tendência a ocorrer durante o inverno, quando as infecções virais e bacterianas são mais prevalentes. Figura 24.1 Fisiopatologia da bronquite crônica em comparação com um brônquio normal. O brônquio na bronquite crônica é estreitado e apresenta fluxo de ar comprometido, devido a múltiplos mecanismos: inflamação, produção excessiva de muco e constrição potencial da musculatura lisa (broncospasmo). Enfisema No enfisema, o comprometimento na troca de oxigênio e dióxido de carbono resulta da destruição das paredes dos alvéolos hiperdistendidos. O enfisema é um termo patológico, que descreve uma distensão anormal dos espaços aéreos além dos bronquíolos terminais, com destruição das paredes dos alvéolos (GOLD, 2008). Trata-se do estágio terminal de um processo que progride lentamente durante muitos anos. À medida que as paredes dos alvéolos são destruídas (um processo acelerado por infecções recorrentes), a área de superfície alveolar em contato direto com os capilares pulmonares diminui continuamente. Esse processo provoca aumento do espaço morto (área pulmonar onde não pode ocorrer nenhuma troca gasosa) e comprometimento da difusão de oxigênio, levando à hipoxemia. Nos estágios mais avançados da doença, a eliminação de dióxido de carbono fica comprometida, resultando em aumento da pressão de dióxido de carbono no sangue arterial (hipercapnia), com consequente acidose respiratória. À medida que as paredes capilares continuam o processo de destruição, o leito capilar pulmonar diminui de tamanho. Por conseguinte, a resistência ao fluxo sanguíneo pulmonar aumenta, forçando o ventrículo direito a manter uma pressão sanguínea mais elevada na artéria pulmonar. A hipoxemia pode aumentar ainda mais as pressões arteriais pulmonares. Por esse motivo, a insuficiência cardíaca direita (cor pulmonale) constitui uma das complicações do enfisema. A congestão, o edema pendente, a distensão das veias do pescoço ou a dor na região do fígado sugerem o desenvolvimento de insuficiência cardíaca. Existem dois tipos principais de enfisema, com base nas alterações que ocorrem no pulmão (Figura 24.2). Ambos os tipos podem ocorrer no mesmo paciente. No tipo panlobular (panacinar) de enfisema, ocorre destruição do bronquíolo respiratório, ducto alveolar e alvéolo. Todos os espaços aéreos dentro do lóbulo estão essencialmente aumentados, porém existe pouca doença inflamatória. Tipicamente, ocorrem tórax hiperinsuflado (hiperexpandido), dispneia pronunciada aos esforços e perda de peso. Para mover o ar para dentro e para fora dos pulmões, é necessária uma pressão negativa durante a inspiração, e um nível adequado de pressão positiva precisa ser alcançado e mantido durante a expiração. Em lugar de ser um ato passivo involuntário, a expiração torna-se ativa e requer esforço muscular. Figura 24.2 Alterações da estrutura alveolar no enfisema centrilobular e panlobular. No enfisema panlobular, os bronquíolos, os ductos alveolares e os alvéolos são destruídos, enquanto os espaços aéreos no lóbulo estão aumentados. No enfisema centrilobular, as alterações patológicas são observadas no lóbulo, enquanto as porções periféricas do ácino são preservadas. Na forma centrilobular (centroacinar), as alterações patológicas são observadas principalmente no centro do lóbulo secundário, preservando as funções periféricas do ácino. Com frequência, existe um desarranjo da razão ventilação-perfusão, produzindo hipoxemia crônica, hipercapnia, policitemia e episódios de insuficiência cardíaca direita. Isso leva à cianose central e insuficiência respiratória. O paciente também desenvolve edema periférico, que é tratado com terapia diurética. Fatores de Risco Os fatores de risco para a DPOC consistem em exposições ambientais e fatores do hospedeiro (Quadro 24.1). O fator de risco ambiental mais importante para a DPOC é o tabagismo. Outros fatores de risco ambientais incluem fumar cachimbo, charutos e outros tipos de tabaco. O tabagismo passivo também contribui para sintomas respiratórios e para a DPOC (GOLD, 2008). O tabaco deprime a atividade das células depuradoras e afeta o mecanismo de limpeza ciliar do trato respiratório, o que mantém as vias respiratórias livres de irritantes, bactérias e outros materiais estranhos inalados. Quando o tabagismo provoca lesão desse mecanismo de limpeza, o fluxo de ar fica obstruído, e o ar é aprisionado atrás da obstrução. Os alvéolos distendem-se acentuadamente, diminuindo a capacidade pulmonar. O tabaco também irrita as células caliciformes e as glândulas mucosas, provocando um acúmulo aumentado de muco, que, por sua vez, produz mais irritação, infecção e lesão do pulmão. Além disso, o monóxido de carbono (um subproduto do tabaco) combina-se com a hemoglobina, formando carboxi-hemoglobina. A hemoglobina ligada pela carboxi-hemoglobina não pode transportar o oxigênio de maneira eficiente. QUADRO 24.1 Fatores de Risco para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) • A exposição à fumaça de tabaco responde por uma estimativa de 80 a 90% de casos de DPOC • Tabagismo passivo • Exposição ocupacional – poeira, substâncias químicas • Poluição do ar ambiente • Anormalidades genéticas, incluindo deficiência de alfa1-antitripsina, um inibidor enzimático que normalmente se contrapõe à destruição do tecido pulmonar por outras determinadas enzimas Outros fatores de risco ambientais para a DPOC incluem exposição prolongada e intensa a poeiras e substâncias químicas ocupacionais, poluição do ar em ambientes fechados e poluição do ar ambiente (GOLD, 2008). Nos EUA, foi estimado que a DPOC em 19% dos fumantes e em até 31% dos não fumantes pode ser atribuível a esse tipo de exposição (GOLD, 2008). Um entre seis norte-americanos com DPOC nunca fumou (NHLBI, 2007), e a DPOC envolve uma interação gene-ambiente (GOLD, 2008). O fator de risco genético bem documentado é a deficiência de alfa1-antitripsina, um inibidor enzimático que protege o parênquima pulmonar contra a lesão. Essa deficiência de alfa1-antripsina predispõe o indivíduo jovem ao rápido desenvolvimento de enfisema lobular, mesmo se não for fumante. A deficiência de alfa1-antitripsina é uma das doenças letais de ligação genética mais comuns entre os brancos. Existem aproximadamente 25 milhões de portadores desse defeito genético nos EUA, e a doença acomete cerca de 100.000 norte-americanos (American Lung Association, 2007a). As pessoas geneticamente suscetíveis são sensíveis a fatores ambientais (p. ex., tabaco, poluição do ar, agentes infecciosos, alergênios) e acabam desenvolvendo sintomas obstrutivos crônicos. Os portadores precisam ser identificados, de modo que eles possam modificar os fatores de risco ambientais para retardar ou prevenir os sintomas francos da doença. Deve-se oferecer aconselhamento genético. A terapia de reposição com inibidor da alfaprotease, que alentece a progressão da doença, está disponível para pacientes com esse defeito genético, bem como para aqueles com doença grave. Todavia, essa terapia de infusão intermitente é de elevado custo, sendo necessária em uma base contínua. Manifestações Clínicas Embora a história natural da DPOC seja variável, trata-se, em geral, de uma doença progressiva, caracterizada por três sintomas principais: tosse crônica, produção de escarro e dispneia aos esforços (GOLD, 2008). Com frequência, esses sintomas agravam-se com o passar do tempo. A tosse crônica e a produção de escarro frequentemente precedem o desenvolvimento da limitação ao fluxo dear em muitos anos. Todavia, nem todas as pessoas com tosse e produção de escarro desenvolvem DPOC. A tosse pode ser intermitente e pode ser improdutiva em alguns pacientes (GOLD, 2008). A dispneia pode ser grave e, com frequência, interfere nas atividades do paciente. É habitualmente progressiva, agrava-se com o exercício e é persistente. À medida que a DPOC progride, a dispneia pode ocorrer em repouso. A perda de peso é comum, visto que a dispneia interfere na alimentação, e o trabalho da respiração causa depleção da energia. À medida que o esforço respiratório aumenta com o passar do tempo, os músculos acessórios são recrutados em um esforço para respirar. Os pacientes com DPOC correm risco de insuficiência respiratória e infecções respiratórias, as quais, por sua vez, aumentam o risco de insuficiência respiratória aguda e crônica. Nos pacientes com DPOC que apresenta um componente enfisematoso primário, a hiperinsuflação crônica leva à configuração do “tórax em barril”. Essa configuração resulta da posição mais fixa das costelas na posição inspiratória (devido à hiperinsuflação) e da perda da elasticidade pulmonar (Figura 24.3). A retração das fossas supraclaviculares ocorre durante a inspiração, causando elevação dos ombros (Figura 24.4). No enfisema avançado, os músculos abdominais também podem contrair-se durante a inspiração. Figura 24.3 Características da parede torácica normal e da parede torácica no enfisema. A, Parede torácica normal e em corte transversal. B, O tórax em barril do enfisema e seu corte transversal. Figura 24.4 Postura típica de uma pessoa com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) – principalmente enfisema. A pessoa tende a inclinar-se para frente e utiliza os músculos acessórios da respiração para respirar, forçando o cíngulo do membro superior para cima e causando retração das fossas supraclaviculares na inspiração. Histórico e Achados Diagnósticos A enfermeira deve obter uma história de saúde completa dos pacientes com DPOC conhecida ou potencial. O Quadro 24.2 fornece uma lista dos principais fatores a avaliar. As provas de função pulmonar são usadas para ajudar a confirmar o diagnóstico de DPOC, determinar a gravidade da doença e monitorar a sua progressão. A espirometria é utilizada para avaliar a obstrução do fluxo de ar, que é determinada pela razão entre o VEF1 e a capacidade vital forçada (CVF). Os resultados da espirometria são expressos como volume absoluto e como percentual do valor previsto, usando valores normais apropriados para o sexo, a idade e a altura do indivíduo. Na presença de obstrução, o paciente tem dificuldade em expirar ou não pode expirar forçadamente o ar dos pulmões, reduzindo o VEF1. A espirometria também é usada para determinar a reversibilidade da obstrução após o uso de broncodilatadores (GOLD, 2008). A espirometria é realizada em primeiro lugar, o paciente recebe um tratamento com broncodilatador inalatório, de acordo com um protocolo padrão, e, a seguir, a espirometria é repetida. O paciente demonstra um grau de reversibilidade se houver melhora dos valores da função pulmonar após a administração do broncodilatador. Mesmo os pacientes que não exibem uma resposta significativa a um teste com broncodilatador de ação curta podem beneficiar-se sintomaticamente do tratamento com broncodilatador a longo prazo. QUADRO 24.2 Avaliação de Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) História de Saúde • O paciente foi exposto a fatores de risco (tipos, intensidade, duração)? • O paciente tem uma história clínica pregressa de doenças/problemas respiratórios, incluindo asma, alergia, sinusite, pólipos nasais ou infecções respiratórias? • O paciente tem uma história familiar de DPOC ou outras doenças respiratórias crônicas? • Há quanto tempo o paciente apresenta dificuldade respiratória? • Qual o padrão de desenvolvimento dos sintomas? • O esforço aumenta a dispneia? Que tipo de esforço? • Quais são os limites de tolerância do paciente ao exercício? • Em que momentos do dia o paciente queixa-se mais de fadiga e falta de ar? • Que hábitos de alimentação e sono foram afetados? • Qual o impacto da doença respiratória sobre a qualidade de vida? • O que o paciente sabe a respeito da doença e sua condição? • Qual a história de tabagismo do paciente (primária e secundária)? • Existe alguma exposição ocupacional a fumaça de tabaco ou a outros poluentes? • Quais os eventos deflagradores (p. ex., esforço, odores fortes, poeira, exposição a animais)? • O paciente apresenta uma história de exacerbações ou hospitalizações prévias para problemas respiratórios? • Existem comorbidades? • Os tratamentos médicos atuais estão apropriados? • O paciente tem apoio social e familiar disponível? • Qual o potencial de redução dos fatores de risco (p. ex., cessação do tabagismo)? Exame Físico • Qual a posição assumida pelo paciente durante a entrevista? • Quais as frequências de pulso e respiratória? • Qual a característica das respirações? Uniformes e sem esforço? Outras? • O paciente consegue completar uma frase sem precisar respirar? • O paciente contrai os músculos abdominais durante a inspiração? • O paciente usa os músculos acessórios dos ombros e do pescoço durante a respiração? • O paciente leva um longo tempo para expirar (expiração prolongada)? • Há evidências de cianose central? • As veias do pescoço do paciente estão ingurgitadas? • O paciente apresenta edema periférico? • O paciente está tossindo? • Qual a coloração, a quantidade e a consistência do escarro? • Há baqueteamento dos dedos das mãos? • Que tipos de sons respiratórios (i. e., limpos, diminuídos ou distantes, estertores, sibilos) são ouvidos? Descrever e documentar os achados e as localizações. • Qual o estado do sensório do paciente? • Existe comprometimento da memória de curto ou de longo prazo? • Há torpor crescente? • O paciente está apreensivo? As medições da gasometria arterial também podem ser obtidas para avaliar a oxigenação basal e a troca gasosa, e mostram-se particularmente importantes na DPOC avançada. Pode-se obter uma radiografia de tórax para excluir diagnósticos alternativos. A tomografia computadorizada (TC) do tórax não é rotineiramente realizada no diagnóstico da DPOC, porém uma TC de alta resolução pode ajudar no diagnóstico diferencial. Por fim, a triagem para a deficiência de alfa1-antitripsina pode ser realizada para pacientes com menos de 45 anos de idade, bem como para os que apresentam uma forte história familiar de DPOC. A DPOC é classificada em quatro estágios, dependendo da gravidade (medida pelas provas de função pulmonar) e dos sintomas (GOLD, 2008). O estágio I (leve) é definido por uma razão VEF1/CVF inferior a 70% e por um VEF1 superior ou igual a 80% do previsto, podendo o paciente estar ou não com sintomas de tosse e produção de escarro. O estágio II (moderado) é definido por uma razão VEF1/CVF inferior a 70%, VEF1 de 50 a 80% do previsto, com dispneia que se desenvolve tipicamente aos esforços. O estágio III (grave) é definido por uma razão VEF1/CVF inferior a 70% e por um VEF1 de menos de 30 a 50% do previsto. Os sintomas da DPOC grave consistem em aumento da dispneia, redução da capacidade de realizar exercícios e exacerbações repetidas. Por fim, o estágio IV (muito grave) é definido por uma razão VEF1/CVF inferior a 70%, VEF1 inferior a 30 a 50% do previsto e sinais/sintomas de insuficiência respiratória crônica. Os fatores que determinam a evolução clínica e a sobrevida dos pacientes com DPOC consistem em história de tabagismo, tabagismo passivo, idade, velocidade de declínio do VEF1, hipoxemia, pressão arterial pulmonar, frequência cardíacaem repouso, perda de peso e reversibilidade da obstrução ao fluxo de ar. Ver o Quadro 24.3 para informações adicionais sobre a avaliação dos sintomas na DPOC. QUADRO 24.3 PESQUISA DE ENFERMAGEM Avaliação dos Sintomas em Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Jablonski, A., Gift, A. & Cook, K. E. (2007). Symptom assessment of patients with chronic obstructive pulmonary disease. Western Journal of Nursing Research, 29(7), 845-863. Finalidade A finalidade dessa análise secundária de dados foi avaliar a Escala Memorial de Avaliação de Sintomas (MSAS, Memorial Symptom Assessment Scale), para uso em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) grave. Embora a MSAS multidimensional tenha sido desenvolvida para pacientes com câncer, ela tem o potencial de avaliar os sintomas de indivíduos com outras doenças. Metodologia Esse estudo descritivo foi uma análise secundária dos dados que examinaram a relação entre os sintomas e o estado funcional de pacientes com DPOC. Os pesquisadores recrutaram a amostra de conveniência constituída de 72 indivíduos que preencheram os critérios de DPOC grave em uma clínica pulmonar ambulatorial. As idades dos indivíduos variaram de 36 a 79 anos. A MSAS possui 32 itens; todavia, para as finalidades do estudo, os pesquisadores a reduziram para 19 itens ou sintomas que os pacientes com DPOC identificam com mais frequência. Os sintomas incluídos relacionavam-se com a prevalência, frequência, intensidade e sofrimento. Achados Os 10 principais sintomas identificados por essa população com DPOC foram os seguintes: falta de ar, falta de energia, boca seca, tosse, sensação de nervosismo, sentimento de tristeza, irritabilidade, preocupação, sonolência e dificuldade em dormir. A falta de ar e a falta de energia foram os dois sintomas mais graves, mais frequentes e penosos. Quando os pesquisadores avaliaram a prevalência e as características dos sintomas, constataram que tanto os sintomas clínicos quanto os emocionais (sentir-se nervoso, triste ou irritável; com preocupação) foram igualmente representados. A confiabilidade do instrumento da MSAS revisada, com 19 itens, permaneceu alta (alfa de Cronbach = 0,86), e esse estudo também confirmou a validade do conteúdo e convergente. Implicações de Enfermagem Embora se disponha de muitos instrumentos para medir a frequência dos sintomas, poucos estão disponíveis para avaliar os sintomas em uma perspectiva multidimensional; entretanto, a MSAS possibilita a avaliação da prevalência, gravidade, frequência e desconforto dos sintomas. As implicações de enfermagem desse estudo incluem não apenas um novo instrumento potencial para avaliar pacientes com DPOC grave, mas também a necessidade de reconhecer que os sintomas emocionais são tão importantes quanto os sintomas clínicos em indivíduos com essa doença. As prescrições de enfermagem precisam focalizar não apenas os sintomas clínicos dos pacientes, mas também suas necessidades emocionais. No estabelecimento do diagnóstico de DPOC, é necessário excluir vários diagnósticos diferenciais. O principal diagnóstico diferencial é a asma. Pode ser difícil diferenciar entre um paciente com DPOC e aquele com asma crônica. Outras doenças que precisam ser consideradas no diagnóstico diferencial incluem insuficiência cardíaca, bronquiectasia, tuberculose, bronquiolite obliterativa e panbronquiolite difusa (GOLD, 2008). Os fatores essenciais no estabelecimento do diagnóstico consistem na anamnese do paciente e na sua responsividade aos broncodilatadores. Complicações A insuficiência e a falência respiratórias constituem as principais complicações potencialmente fatais da DPOC. A determinação precisa do início e a gravidade da insuficiência respiratória dependem da função pulmonar basal, dos valores da oximetria de pulso ou da gasometria arterial, das condições comórbidas e da gravidade de outras complicações da DPOC. A insuficiência e a falência respiratórias podem ser crônicas (na DPOC grave) ou agudas (no broncospasmo grave ou na pneumonia em um paciente com DPOC grave). A insuficiência e a falência respiratórias agudas podem exigir suporte ventilatório, até que outras complicações agudas, como infecção, possam ser tratadas. Os cuidados ao paciente que necessita de suporte ventilatório são discutidos no Capítulo 25. Outras complicações da DPOC incluem pneumonia, atelectasia crônica, pneumotórax e hipertensão arterial pulmonar (cor pulmonale). Tratamento Clínico Redução dos Riscos A cessação do tabagismo constitui a única intervenção mais custo-efetiva para reduzir o risco de desenvolvimento de DPOC ou interromper a sua progressão (GOLD, 2008). Entretanto, é difícil abandonar o tabagismo, e ainda mais difícil manter essa decisão a longo prazo. As enfermeiras são essenciais na promoção do abandono do tabagismo e na orientação dos pacientes sobre a importância de fazê-lo. Os pacientes com diagnóstico de DPOC que continuam a fumar devem ser incentivados e auxiliados a abandonar esse hábito. Os fatores associados ao tabagismo continuado variam entre os pacientes e podem incluir a força da adicção à nicotina, exposição continuada a estímulos associados ao fumo (no trabalho ou em contextos sociais), estresse, depressão e hábito. O tabagismo continuado também é mais prevalente entre os indivíduos com baixa renda, baixos níveis de educação ou problemas psicossociais (CDC, 2007b). Como múltiplos fatores estão associados ao tabagismo continuado, o seu abandono bem-sucedido frequentemente exige múltiplas estratégias. Os profissionais de saúde devem promover a cessação explicando os riscos do tabagismo e personalizando a mensagem “de risco” ao paciente. Após fornecer um forte alerta contra o tabagismo, os profissionais de saúde devem trabalhar com o paciente para estabelecer uma “data de abandono” definida. O encaminhamento a um programa de cessação do tabagismo pode ser útil. O acompanhamento dentro de 3 a 5 dias após a “data do abandono” para rever o progresso e abordar quaisquer problemas está associado a um aumento na taxa de sucesso; isso deve ser repetido, quando necessário. O reforço continuado com ligações telefônicas ou consultas na clínica é extremamente benéfico. As recidivas devem ser analisadas, e o paciente e o profissional de saúde devem juntos identificar as possíveis soluções para evitar uma futura recaída. É importante ressaltar os sucessos, e não os fracassos. A reposição de nicotina, a farmacoterapia de primeira linha que aumenta de modo confiável as taxas de abstinência a longo prazo do tabaco, é apresentada em uma variedade de formas (goma, inalador, spray nasal, emplastro transdérmico, comprimido sublingual ou pastilhas). A bupropiona SR (Wellbutrin, Zyban) e a nortriptilina (Aventyl), ambas antidepressivas, também podem aumentar as taxas de abandono a longo prazo. Outros agentes farmacológicos incluem o agente anti- hipertensivo clonidina (Catapres); entretanto, seu uso é limitado pelos efeitos colaterais. A vareniclina (Chantix), um agonista parcial do receptor nicotínico de acetilcolina, pode ajudar no abandono do tabagismo (GOLD, 2008). Os pacientes que não são candidatos apropriados ao uso da farmacoterapia incluem aqueles com contraindicações médicas, fumantes leves (menos de 10 cigarros por dia) e fumantes grávidas e fumantes adolescentes. A cessação do tabagismo pode começar em uma variedade de contextos de assistência de saúde – clínica ambulatorial, centro de enfermagem, reabilitação pulmonar, comunidade, hospital e em casa. Em qualquer ambiente, as enfermeiras têm a oportunidade de ensinar aos pacientes acerca do risco de tabagismo e dos benefícios de seuabandono. Diversos materiais, instituições de apoio e programas desenvolvidos por diversas organizações (p. ex., Agency for Healthcare Research and Quality, U. S. Public Health Service, CDC, National Cancer Institute, American Lung Association, American Cancer Society) estão disponíveis para ajudar nesse esforço. Terapia Farmacológica Broncodilatadores Os broncodilatadores aliviam o broncospasmo ao alterar o tônus da musculatura lisa e ao reduzir a obstrução das vias respiratórias, possibilitando um aumento da distribuição de oxigênio por todos os pulmões e melhorando, assim, a ventilação alveolar. Embora o uso regular de broncodilatadores que atuam principalmente sobre a musculatura lisa das vias respiratórias não modifique o declínio da função nem o prognóstico da DPOC, sua administração é fundamental no tratamento da DPOC (GOLD, 2008). Esses agentes podem ser administrados através de um inalador dosimetrado ou outro tipo de inalador, por nebulização ou VO, na forma de comprimido ou líquido. Com frequência, os broncodilatadores são administrados de modo regular ao longo do dia, bem como quando necessário. Podem ser também utilizados de modo profilático para prevenir a falta de ar; nesse caso, o paciente os utiliza antes de participar de uma atividade ou terminá-la, como alimentar-se ou caminhar. Dispõe-se de vários dispositivos para a administração da medicação através do método aerossolizado. Incluem os inaladores dosimetrados (IDM), os IDM acionados pela respiração, os inaladores de pó seco, espaçadores ou câmaras de retenção com válvula e nebulizadores. Os principais aspectos de cada um desses dispositivos são descritos na Tabela 24.1. Um IDM é um dispositivo pressurizado que contém um medicamento em pó aerossolizado. Uma quantidade precisa do medicamento é liberada a cada ativação do aplicador. Os pacientes devem ser instruídos sobre o uso correto do dispositivo. Um espaçador ou câmara de retenção com válvula também pode ser usado para aumentar a deposição do medicamento no pulmão e ajudar o paciente a coordenar a ativação do IDM com a inspiração. Os espaçadores são apresentados em vários modelos, mas todos são fixados ao IDM e possuem um bocal na extremidade oposta (Figura 24.5). São fornecidas informações específicas na bula para uso para os diferentes tipos de dispositivos aerossolizados. Figura 24.5 A, Exemplos de inaladores dosimetrados e espaçadores. B, Um inalador dosimetrado e espaçador em uso. São usadas várias classes de broncodilatadores, incluindo agonistas beta-adrenérgicos (de ação curta e longa), agentes anticolinérgicos (de ação curta e longa), metilxantinas e agentes de combinação. Esses medicamentos podem ser utilizados em combinação para otimizar a broncodilatação. Os broncodilatadores de ação longa são mais convenientes para uso do paciente. Exemplos desses medicamentos são apresentados na Tabela 24.2. Os medicamentos nebulizados, também conhecidos como nebulizadores úmidos (nebulização do medicamento através de um compressor de ar), também podem ser efetivos em pacientes que não podem usar apropriadamente um IDM ou que preferem esse método de administração. Todavia, os nebulizadores úmidos são mais dispendiosos do que outros dispositivos e exigem manutenção apropriada (GOLD, 2008). Tabela 24.1 DISPOSITIVOS DE ADMINISTRAÇÃO EM AEROSSOL Dispositivos/Medicamentos Técnica Ideal Questões Terapêuticas Inalador dosimetrado (IDM) Beta2-agonistas Corticosteroides Cromoglicato dissódico Anticolinérgicos Acionamento durante uma inspiração profunda e lenta (30 ℓ/min ou 3 a 5 s), seguida de retenção da respiração por 10 s. A inalação lenta e a coordenação do acionamento podem ser difíceis para alguns pacientes. Os pacientes podem interromper incorretamente a inalação com o acionamento. Deposição de 50 a 80% da dose acionada na orofaringe. Lavar a boca e cuspir é medida efetiva para reduzir a quantidade do medicamento deglutido que sofre absorção sistêmica. IDM acionado pela respiração Beta2-agonistas Apertar firmemente ao redor do bocal e efetuar uma inalação ligeiramente mais rápida que a do IDM padrão (ver anteriormente), seguida de retenção da respiração por 10 s. Pode ser particularmente útil para pacientes incapazes de coordenar a inalação e o acionamento. Pode ser útil para pacientes idosos. Os pacientes podem interromper incorretamente a inalação no momento de acionar. Não pode ser usado com os espaçadores/câmaras de retenção com válvula disponíveis. Inalador com pó seco (IPS) Beta2-agonistas Corticosteroides Anticolinérgicos Inalação profunda e rápida (1 a 2 s). O fluxo inspiratório minimamente efetivo depende do dispositivo A dose é perdida se o paciente expirar através do dispositivo após acioná-lo. A administração pode ser maior ou menor do que a obtida com os IDM, dependendo do dispositivo e da técnica. A administração depende mais do fluxo nos dispositivos com maior resistência interna. A inalação rápida promove uma maior deposição nas vias aéreas centrais maiores. Lavar a boca e cuspir é medida efetiva para reduzir a quantidade do medicamento deglutido que sofre absorção sistêmica. Espaçador ou câmara de retenção com válvula (CRV) Inalação profunda e lenta (30 mℓ/min ou 3 a 5 s), seguida de retenção da respiração por 10 s imediatamente após o acionamento. Acionar apenas 1 vez no espaçador/CRV por inalação. Lavar a CRV de plástico 1 vez por mês com uma baixa concentração de detergente doméstico líquido para lavagem de pratos (1:5.000 ou 1 a 2 gotas por copo de água) e deixar secar. Indicado para paciente que tem dificuldade em realizar a técnica adequada com o IDM. Pode ser volumoso. Os tubos simples não evitam a coordenação do acionamento e inalação. As CRV são preferidas. Os espaçadores ou as CRV podem aumentar a liberação de corticosteroides inalatórios nos pulmões. Nebulizadores Beta2-agonistas Corticosteroides Cromoglicato dissódico Anticolinérgicos Respiração corrente lenta com respirações profundas ocasionais. Máscara facial firmemente encaixada para os que não conseguem usar o bocal. Menos dependentes da coordenação e cooperação do paciente. Podem ser de alto custo, de uso demorado e volumosos; o débito depende do aparelho e dos parâmetros de operação (volume de enchimento, fluxo de gás propulsor); as variações no débito entre nebulizadores e no próprio nebulizador são significativas. O uso de uma máscara facial reduz a liberação do medicamento nos pulmões em 50%. A escolha do sistema de administração depende dos recursos, da disponibilidade e do julgamento clínico do médico que está tratando do paciente. Existe o potencial de infecção se o aparelho não for apropriadamente limpo. De Expert Panel Report 3. (2007). Guidelines for the diagnosis and management of asthma (pp. 31-32). NIH Publication Number 08-5846. National Asthma Education and Prevention Program. Summary Report. Bethesda, MD: U.S. Department of Health and Human Services, National Heart, Lung and Blood Institute. Tabela 24.2 TIPOS COMUNS DE MEDICAMENTOS BRONCODILATADORES PARA A DPOC Método de Administração Classe/Fármaco (Nome Comercial) Inalador* Nebulizador Oral Duração da Ação† Agentes Agonistas Beta2-adrenérgicos sabutamol, albuterol (Proventil, Ventolin) fenoterol (Alupent, Isuprel) terbutalina (Brethine) formoterol (Foradil) salmeterol (Serevent Diskus) X X X X X X X X X Curta Curta Curta Longa Longa Agentes Anticolinérgicos Brometo de ipratrópio (Atrovent) X X Curta Combinação de Agonista Beta2-adrenérgico de Ação Curta com Agentes Anticolinérgicos fenoterol/ipratrópio (Duovent) salbutamol/ipratrópio (Combivent) X X X X Metilxantinas aminofilina (Phyllocontin, Truphylline) teofilina (Theo-Dur, Slo-Bid) X X Variável Variável *O inalador pode incluir um inalador dosimetrado, inalação de pó com inalador ou disco. †Ação curta, 4 a 6 h; ação longa, 12+ h. Os broncodilatadoressão essenciais para o controle dos sintomas na DPOC estável. Antes de utilizar esses agentes, é preciso considerar as seguintes informações: a terapia inalada é preferida; a escolha do broncodilatador depende da disponibilidade e da resposta do indivíduo em termos de alívio dos sintomas e ocorrência de efeitos colaterais; podem ser prescritos em uma base regular ou quando necessário para reduzir os sintomas; os broncodilatadores de ação longa são mais convenientes para uso do paciente; e a combinação de broncodilatadores de diferentes durações de ação e diferentes mecanismos pode otimizar o tratamento dos sintomas (GOLD, 2008). Corticosteroides Embora os corticosteroides inalatórios e sistêmicos possam melhorar os sintomas da DPOC, eles não lentificam o declínio da função pulmonar. Seus efeitos são menos notáveis do que na asma. Um ciclo curto de prova terapêutica com corticosteroides orais pode ser prescrito para pacientes com o objetivo de determinar se a função pulmonar melhora e se os sintomas diminuem. O tratamento prolongado com corticosteroides orais não é recomendado na DPOC e pode causar miopatia por esteroides, levando a fraqueza muscular, diminuição da capacidade de função e, na doença avançada, insuficiência respiratória (GOLD, 2008). Os esquemas medicamentosos empregados no tratamento da DPOC baseiam-se na gravidade da doença. Para a DPOC no estágio I (leve), pode-se prescrever um broncodilatador de ação curta. Para a DPOC nos estágios II ou III, pode-se utilizar um broncodilatador de ação curta, juntamente com o tratamento regular com um ou mais broncodilatadores de ação longa. Para a DPOC nos estágios III ou IV (grave ou muito grave), a terapia farmacológica inclui o tratamento regular com um ou mais broncodilatadores e corticosteroides inalatórios para as exacerbações repetidas. A combinação de beta2- agonistas a longo prazo mais corticosteroides em um inalador pode ser apropriada; os exemplos incluem formoterol/budesonida (Symbicort) e salmeterol/fluticasona (Seretide). Outros Medicamentos Outros tratamentos farmacológicos que podem ser utilizados na DPOC incluem terapia de aumento da alfa1-antitripsina, agentes antibióticos, agentes mucolíticos, agentes antitussígenos, vasodilatadores e narcóticos. As vacinas também podem ser efetivas. As vacinas antigripais podem reduzir a morbidade grave e a mortalidade em aproximadamente 50% nos pacientes com DPOC (GOLD, 2008). Recomenda-se que as pessoas limitem o seu risco através de vacina antigripal e cessação do tabagismo. A vacina pneumocócica também diminui a incidência de pneumonia, hospitalizações para condições cardíacas e mortes na população idosa geral. A pneumonia pneumocócica é responsável por cerca de 175.000 casos de hospitalização por ano (National Pneumonia Medicare Quality Improvement Project, 2007). Recomenda-se a vacinação para pacientes com 65 anos de idade ou mais que apresentam DPOC (GOLD, 2008). Tratamento das Exacerbações A exacerbação da DPOC é definida como um evento na evolução da doença, caracterizado por uma alteração aguda na dispneia basal, tosse ou produção de escarro do paciente, além das variações diárias normais. Pode necessitar de uma mudança nos medicamentos regulares (GOLD, 2008). As principais causas de uma exacerbação aguda incluem infecção traqueobrônquica e poluição do ar. Todavia, a causa não pode ser identificada em cerca de 33% das exacerbações graves (GOLD, 2008). Quando possível, a causa primária da exacerbação é identificada, e administra-se então o tratamento específico. A otimização dos medicamentos broncodilatadores constitui a terapia de primeira linha e envolve a identificação do melhor medicamento ou das combinações de medicamentos tomados em horário regular para determinado paciente. Dependendo dos sinais e sintomas, podem ser também utilizados corticosteroides, agentes antibióticos, terapia com oxigênio e intervenções respiratórias intensivas. As indicações de hospitalização para a exacerbação aguda da DPOC incluem dispneia intensa, que não responde adequadamente à terapia inicial, confusão ou letargia, fadiga dos músculos respiratórios, movimento paradoxal da parede torácica, edema periférico, agravamento ou início recente de cianose central, hipoxemia persistente ou que se agrava e necessidade de ventilação mecânica assistida invasiva ou não invasiva (GOLD, 2008). O desfecho de uma exacerbação da DPOC está estreitamente relacionado com o desenvolvimento de acidose respiratória, presença de comorbidades significativas e necessidade de suporte ventilatório com pressão positiva não invasivo ou invasivo. As diretrizes da GOLD (2008) fornecem indicações para a avaliação, a admissão hospitalar e a admissão na terapia intensiva para pacientes com exacerbações da DPOC. Incluem sinais de gravidade crescente no exame físico (uso dos músculos acessórios, movimento paradoxal da parede torácica, agravamento ou início recente de cianose central, edema periférico, sinais de insuficiência cardíaca direita, redução do estado de alerta). No momento da chegada do paciente ao serviço de emergência, o tratamento de primeira linha consiste em terapia com oxigênio suplementar e rápida avaliação para determinar se a exacerbação comporta risco de vida (GOLD, 2008). Um broncodilatador inalatório de ação curta pode ser utilizado para avaliar a resposta ao tratamento. São recomendados corticosteroides orais ou intravenosos, além dos broncodilatadores, no tratamento hospitalar de uma exacerbação da DPOC. Foi constatado que os antibióticos possuem algum benefício em pacientes com dispneia aumentada, aumento no volume de escarro e purulência aumentada do escarro, bem como naqueles que necessitam de ventilação mecânica (GOLD, 2008). Oxigenoterapia A oxigenoterapia pode ser administrada como terapia contínua a longo prazo, durante o exercício ou para evitar a dispneia aguda durante uma exacerbação. A terapia com oxigênio suplementar tem por objetivo aumentar a pressão arterial parcial de oxigênio (PaO2) basal em repouso para pelo menos 60 mmHg no nível do mar e obter uma saturação de oxigênio arterial (SaO2) de pelo menos 90% (GOLD, 2008). Foi também constatado que a oxigenoterapia a longo prazo (mais de 15 h/dia) melhora a qualidade de vida, reduz a pressão arterial pulmonar e a dispneia e melhora a sobrevida (GOLD, 2008). A oxigenoterapia a longo prazo é habitualmente introduzida na DPOC muito grave, e as indicações incluem, em geral, uma PaO2 de 55 mmHg ou menos ou evidências de hipoxia tecidual e lesão orgânica, como cor pulmonale, policitemia secundária, edema em decorrência da insuficiência cardíaca direita ou comprometimento do estado mental (GOLD, 2008). Para pacientes com hipoxemia induzida pelo exercício, a suplementação de oxigênio durante o exercício pode melhorar o desempenho. Não há evidências para sustentar a ideia de que pequenos jatos de oxigênio antes ou depois do exercício possam proporcionar algum alívio sintomático (GOLD, 2008). Os pacientes que apresentam hipoxemia enquanto estão acordados têm tendência a manter-se assim durante o sono. Por conseguinte, recomenda-se também a oxigenoterapia no período noturno, sendo a oxigenoterapia prescrita para uso contínuo por 24 h. A oxigenoterapia intermitente está indicada para pacientes com dessaturação apenas durante o exercício ou o sono. O principal objetivo no tratamento de pacientes com hipoxemia e hipercapnia consiste em administrar oxigênio suficiente para melhorar a oxigenação. Os pacientes com DPOC que necessitam de oxigênio podem apresentar insuficiência respiratória causadaprimariamente por um desequilíbrio da ventilação- perfusão. Esses pacientes respondem à oxigenoterapia e devem ser tratados para manter a saturação de oxigênio em repouso acima de 90%. Todavia, um pequeno subgrupo de pacientes com DPOC e hipercapnia crônica (pressão parcial elevada de dióxido de carbono arterial [PaCO2]) pode ser sensível ao oxigênio; a sua insuficiência respiratória é causada mais por hipoventilação alveolar. A administração de oxigênio em excesso pode resultar na retenção de dióxido de carbono. Os pacientes com hipoventilação alveolar não podem aumentar a ventilação para ajustar essa carga aumentada, e ocorre hipercapnia crescente. O monitoramento e a avaliação são fundamentais no cuidado a pacientes com DPOC recebendo oxigênio suplementar. A oximetria de pulso é valiosa na avaliação da resposta à terapia, porém não avalia os níveis de PaCO2. A oxigenação ótima dos pacientes é importante, enquanto se realiza o monitoramento de quaisquer complicações possíveis da suplementação de oxigênio. ALERTA DE ENFERMAGEM A oxigenoterapia é variável nos pacientes com DPOC; seu objetivo na DPOC consiste em obter um nível aceitável de oxigênio sem queda do pH (hipercapnia crescente). Tratamento Cirúrgico Bulectomia A bulectomia é uma opção cirúrgica para determinados pacientes com enfisema bolhoso. As bolhas são espaços aéreos aumentados, que não contribuem para a ventilação, mas que ocupam espaço no tórax; essas áreas podem ser cirurgicamente excisadas. Essas bolhas comprimem áreas do pulmão e podem comprometer a troca gasosa. A bulectomia pode ajudar a reduzir a dispneia e melhorar a função pulmonar. Pode ser realizada através de toracoscópio videoassistido ou através de incisão de toracotomia limitada (ver Capítulo 25). Cirurgia de Redução do Volume Pulmonar As opções de tratamento para pacientes com DPOC em estágio terminal (estágio IV) com componente enfisematoso primário são limitadas, embora a cirurgia de redução de volume pulmonar constitua uma opção cirúrgica paliativa para um subgrupo selecionado de pacientes. Esse subgrupo inclui pacientes com doença homogênea ou doença que se concentra em uma área e não se dissemina por todo o pulmão. A cirurgia de redução de volume pulmonar envolve a remoção de uma porção do parênquima pulmonar doente. Isso reduz a hiperinsuflação e possibilita a expansão do tecido funcional, resultando em melhora da retração elástica do pulmão e da mecânica da parede torácica e diafragma. Esse tipo de cirurgia não cura a doença nem melhora a expectativa de vida, mas pode diminuir a dispneia, melhorar a função pulmonar e a qualidade de vida global do paciente (GOLD, 2008). A seleção cuidadosa dos pacientes para cirurgia de redução de volume pulmonar é essencial para diminuir a morbidade e a mortalidade. Em um estudo clínico multicêntrico de grande porte, o National Emphysema Treatment Trial, foi constatado que a adição da cirurgia de redução do volume pulmonar ao tratamento clínico ótimo e à reabilitação levou a uma melhora global na tolerância ao exercício e à sobrevida em um grupo muito seleto de pacientes com doença predominantemente do lobo superior (American Lung Association, 2007b; GOLD, 2008). Transplante de Pulmão O transplante de pulmão constitui uma opção viável para o tratamento cirúrgico definitivo do enfisema em estágio terminal. Demonstrou melhorar a qualidade de vida e a capacidade funcional em um grupo selecionado de pacientes com DPOC. O transplante de pulmão é limitado não apenas pela escassez de doadores de órgãos, mas também por ser um procedimento de alto custo, com implicações financeiras por meses a anos, devido às complicações e à necessidade de esquemas de agentes imunossupressores de alto custo (GOLD, 2008). Reabilitação Pulmonar A reabilitação pulmonar para pacientes com DPOC está bem estabelecida e é amplamente aceita como meio de aliviar os sintomas e otimizar o estado funcional (Ries, Bauldoff, Carlin, et al., 2007). As principais metas da reabilitação consistem em reduzir os sintomas, melhorar a qualidade de vida e aumentar a participação física e emocional nas atividades diárias (GOLD, 2008). Os benefícios dessa terapia incluem melhora na capacidade de exercício, redução da intensidade percebida da falta de ar, melhora da qualidade de vida relacionada com a saúde, redução no número de hospitalizações e dias de permanência no hospital e diminuição da ansiedade e da depressão associadas à DPOC (GOLD, 2008). Os serviços de reabilitação pulmonar são multidisciplinares e incluem a avaliação, orientação, cessação do tabagismo, recondicionamento físico, aconselhamento nutricional, treinamento de habilidades e apoio psicológico. Os pacientes são instruídos sobre os métodos para aliviar os sintomas. São usados exercícios respiratórios, bem como programas de reeducação e exercício, para melhorar o estado funcional. A reabilitação pulmonar é apropriada para os estágios II a IV (GOLD, 2008). A duração mínima de um programa efetivo é de 6 meses; quanto mais longo o programa, mais efetivos são os resultados (GOLD, 2008; Ries, et al., 2007). A reabilitação pulmonar pode ser realizada em ambiente de internação, ambulatorial ou domiciliar, e a duração dos programas varia. A escolha do programa depende dos estados físico, funcional e psicossocial do paciente, da cobertura de seguro, da disponibilidade dos programas e da preferência. A reabilitação pulmonar também pode ser usada terapeuticamente em outros distúrbios além da DPOC, incluindo asma, fibrose cística, câncer de pulmão, doença pulmonar intersticial, cirurgia torácica e transplante de pulmão. Instruções ao Paciente As enfermeiras desempenham um papel primordial na identificação dos candidatos potenciais à reabilitação pulmonar e na facilitação e reforço do material aprendido no programa de reabilitação. Nem todos os pacientes têm acesso a um programa de reabilitação formal. Todavia, as enfermeiras podem ser de grande utilidade no ensino do paciente e família, bem como na facilitação de serviços específicos, como instrução na terapia respiratória, fisioterapia de exercício e reeducação respiratória, terapia ocupacional para conservar a energia durante as atividades de vida diária e aconselhamento nutricional. A instrução do paciente representa um importante componente da reabilitação pulmonar e inclui uma ampla variedade de tópicos. Dependendo da duração e do contexto do programa educacional, os temas podem incluir a anatomia e a fisiologia normais do pulmão, a fisiopatologia e as alterações na DPOC, os medicamentos e a oxigenoterapia domiciliar, a nutrição, a terapia respiratória, o alívio dos sintomas, o abandono do tabagismo, a sexualidade e a DPOC, o enfrentamento da doença crônica, a comunicação com a equipe de saúde e o planejamento do futuro (diretrizes antecipadas, testamentos, tomada de decisão informada sobre alternativas dos cuidados de saúde). A instrução, incluindo aquela relacionada com o abandono do tabagismo, deve ser incorporada em todos os aspectos do cuidado ao paciente com DPOC e em muitos contextos (consultórios médicos, clínicas, hospitais, cuidados domiciliares e de saúde pública, bem como programas de reabilitação abrangentes). Exercícios Respiratórios O padrão respiratório da maioria dos indivíduos com DPOC é superficial, rápido e ineficiente; quanto mais grave a doença, mais ineficiente o padrão respiratório. Com a prática, esse tipo de respiração torácica superior pode ser mudado para a respiração diafragmática, que reduz a frequência respiratória, aumenta a ventilaçãoalveolar e, algumas vezes, ajuda a expelir a maior quantidade de ar possível durante a expiração (ver Capítulo 25 para a técnica). A respiração com os lábios franzidos ajuda a expiração lenta, impede o colapso das pequenas vias respiratórias e ajuda o paciente a controlar a frequência e a profundidade da respiração. Promove também o relaxamento, permitindo ao paciente adquirir controle da dispneia e reduzir as sensações de pânico. Ritmo de Atividade Os indivíduos com DPOC apresentam tolerância diminuída ao exercício durante períodos específicos do dia, principalmente pela manhã ao acordar, devido ao acúmulo das secreções brônquicas nos pulmões durante a noite, enquanto o indivíduo estava deitado. O paciente pode ter dificuldade em tomar banho ou se vestir e pode ficar fatigado. As atividades que exigem que os braços fiquem sustentados acima do nível do tórax podem produzir fadiga ou angústia respiratória, mas podem ser mais bem toleradas após o paciente se levantar e movimentar-se por 1 h ou mais. A enfermeira pode ajudar o paciente a reduzir essas limitações, planejando as atividades de autocuidado e determinando os melhores horários para tomar banho, vestir-se e realizar outras atividades diárias. Atividades de Autocuidado À medida que a troca gasosa, a limpeza das vias respiratórias e o padrão respiratório melhoram, o paciente é incentivado a ter uma participação cada vez maior nas atividades de autocuidado. Ensina-se o paciente a coordenar a respiração diafragmática com atividades como caminhar, tomar banho, inclinar-se ou subir escadas. O paciente deve tomar banho, vestir-se e fazer caminhadas curtas, repousando, quando necessário, para evitar a fadiga e a dispneia excessiva. Os líquidos sempre devem estar prontamente disponíveis, e o paciente deve começar a beber líquidos sem precisar ser lembrado. Quando o controle das secreções representa um problema e é necessário realizar algum tipo de drenagem postural ou manobra de limpeza das vias respiratórias em casa, a enfermeira/terapeuta respiratório instrui ou supervisiona o paciente antes da alta ou em um ambiente ambulatorial. Condicionamento Físico Os indivíduos com DPOC de todos os estágios beneficiam-se dos programas de treinamento físico, que resultam em aumento da tolerância ao exercício e diminuição da dispneia e da fadiga (GOLD, 2008). As técnicas de condicionamento físico incluem exercícios respiratórios e exercícios gerais destinados a conservar a energia e a aumentar a ventilação pulmonar. Os exercícios graduados e os programas de condicionamento físico empregando esteiras, bicicletas ergométricas e caminhadas com nível estabelecido podem melhorar os sintomas e aumentar a capacidade de trabalho e a tolerância ao exercício. Qualquer atividade física que possa ser realizada regularmente é valiosa. Os dispositivos auxiliares de deambulação podem ser benéficos (GOLD, 2008). Dispõe-se de sistemas portáteis leves de oxigênio para pacientes ambulatoriais que necessitam de oxigenoterapia durante a atividade física. Oxigenoterapia O oxigênio fornecido em casa vem em sistemas de gás comprimido, líquido ou concentradores. Os sistemas de oxigênio portáteis permitem ao paciente realizar exercícios, trabalhar e viajar. Para ajudar o paciente a aderir à prescrição de oxigênio, a enfermeira explica a velocidade de fluxo apropriada e o número necessário de horas de uso de oxigênio, bem como os perigos de alterações arbitrárias na velocidade do fluxo ou na duração da terapia. A enfermeira deve advertir o paciente sobre o perigo extremo de fumar com oxigênio ou perto dele. A enfermeira também deve tranquilizar o paciente de que o oxigênio não produz “adicção” e explica a necessidade de avaliações regulares da oxigenação sanguínea através da oximetria de pulso ou análise da gasometria arterial. Terapia Nutricional A avaliação e o aconselhamento nutricionais constituem aspectos importantes no processo de reabilitação para pacientes com DPOC. O estado nutricional é importante na DPOC e reflete-se na gravidade dos sintomas, no grau de incapacidade e no prognóstico. A perda de peso significativa frequentemente representa um problema importante, porém o excesso de peso também pode ser problemático, embora ocorra com menos frequência. A maioria dos indivíduos tem dificuldade em ganhar peso e mantê-lo. Uma avaliação completa das necessidades calóricas e o aconselhamento sobre o planejamento das refeições e suplementação constituem parte do processo de reabilitação. O monitoramento contínuo do peso e as intervenções, quando necessárias, representam partes importantes do cuidado aos pacientes com DPOC. Medidas de Enfrentamento Qualquer fator capaz de interferir na respiração normal induz naturalmente ansiedade, depressão e alterações do comportamento. A falta de ar e a fadiga constantes podem fazer com que o paciente se torne irritável e apreensivo a ponto de levar ao pânico. A restrição da atividade (e a inversão dos papéis familiares, devido à perda do emprego), a frustração do esforço necessário para respirar e a percepção de que a doença será prolongada e inexorável podem fazer com que o paciente sinta raiva, fique deprimido e exigente. A função sexual pode ficar comprometida, o que também diminui a autoestima. A enfermeira deve fornecer instrução e apoio aos cônjuges ou outros entes queridos e família, visto que o papel de cuidador na DPOC de estágio terminal pode ser difícil. Cuidado de Enfermagem Obtenção do Histórico do Paciente O histórico envolve obter informações acerca dos sintomas atuais, bem como das manifestações prévias da doença. Ver o Quadro 24.2 para uma amostra de perguntas que podem ser feitas para obter uma anamnese clara do processo patológico. Além da entrevista, as enfermeiras fazem uma revisão dos resultados dos exames diagnósticos disponíveis. Obtenção da Limpeza das Vias Respiratórias O broncospasmo, que ocorre em muitas doenças pulmonares, diminui o calibre dos pequenos brônquios e pode causar dispneia, secreções estáticas e infecção. Algumas vezes, o broncospasmo pode ser detectado à ausculta com um estetoscópio, quando são ouvidos sibilos ou sons respiratórios diminuídos. O aumento da produção de muco, juntamente com a ação mucociliar diminuída, contribui para uma maior redução no calibre dos brônquios, resultando em diminuição do fluxo de ar e da troca gasosa. Isso é ainda mais agravado pela perda da elasticidade pulmonar que ocorre na DPOC (GOLD, 2008). Essas alterações nas vias respiratórias exigem que a enfermeira monitore o paciente quanto à presença de dispneia e hipoxemia. Se forem prescritos broncodilatadores ou corticosteroides, a enfermeira deve administrar corretamente os medicamentos e ficar alerta para os efeitos colaterais potenciais. O alívio do broncospasmo é confirmado pela medida da melhora nas taxas de volumes do fluxo expiratório (a força da expiração, o tempo levado para expirar e a quantidade de ar expirado), bem como pela avaliação da dispneia e assegurando que ela diminuiu. A diminuição da quantidade e da viscosidade do escarro pode limpar as vias respiratórias e melhorar a ventilação pulmonar e a troca gasosa. Todos os irritantes pulmonares devem ser eliminados ou reduzidos, particularmente o fumo de cigarros, que constitui a fonte mais persistente de irritação pulmonar. A enfermeira instrui o paciente na tosse dirigida ou controlada, que é mais efetiva e que reduz a fadiga associada à tosse vigorosa não dirigida. Atosse dirigida consiste em uma inspiração máxima lenta, seguida de retenção da respiração por vários segundos e, a seguir, tossir 2 ou 3 vezes. A tosse “irritante” também pode ser efetiva. A técnica consiste em uma ou duas expirações forçadas (“irritativas”) dos volumes pulmonares baixos a médios com a glote aberta. A fisioterapia respiratória com drenagem postural, respiração com pressão positiva intermitente, aumento do aporte de líquidos e nebulizações suaves (com soro fisiológico ou água) podem ser úteis para alguns pacientes com DPOC. O uso dessas medidas deve basear-se na resposta e na tolerância de cada paciente. Melhora dos Padrões Respiratórios Os padrões respiratórios ineficazes e a falta de ar são devidos à mecânica respiratória ineficaz da parede torácica e do pulmão em decorrência do aprisionamento de ar, movimento diafragmático ineficaz, obstrução das vias respiratórias, custo metabólico da respiração e estresse. O treinamento da musculatura inspiratória e a reeducação respiratória podem ajudar a melhorar os padrões respiratórios. O treinamento na respiração diafragmática diminui a frequência respiratória, aumenta a ventilação alveolar e, algumas vezes, ajuda a expelir a maior quantidade possível durante a expiração. A respiração com os lábios franzidos ajuda a alentecer a expiração, evitar o colapso das pequenas vias respiratórias e controlar a frequência e a profundidade da respiração. Promove também o relaxamento, o que permite ao paciente adquirir controle da dispneia e reduzir a sensação de pânico. Melhora da Tolerância à Atividade Os pacientes com DPOC apresentam intolerância progressiva à atividade e ao exercício, bem como incapacidade. As instruções concentram-se nas terapias de reabilitação para promover a independência na execução das atividades de vida diária. Podem incluir estabelecer um ritmo nas atividades ao longo do dia ou usar dispositivos de suporte para diminuir o gasto energético. A enfermeira avalia a tolerância à atividade e as limitações do paciente e emprega estratégias de ensino para promover as atividades independentes de vida diária. O paciente pode ser candidato a um treinamento físico para fortalecer os músculos dos membros superiores e inferiores e melhorar a tolerância ao exercício e a resistência. O uso de auxílios para deambulação pode ser recomendado para melhorar os níveis de atividade e a deambulação (GOLD, 2008). Outros profissionais de saúde (terapeuta de reabilitação, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta) podem ser consultados como recursos adicionais. Monitoramento e Tratamento das Complicações Potenciais A enfermeira precisa investigar as várias complicações da DPOC, como a insuficiência e a falência respiratórias potencialmente fatais, bem como a infecção respiratória e a atelectasia, que podem aumentar o risco de insuficiência respiratória. A enfermeira monitora as alterações cognitivas (alterações da personalidade e do comportamento, comprometimento da memória), dispneia crescente, taquipneia e taquicardia, que podem indicar hipoxemia crescente e insuficiência respiratória iminente. A enfermeira monitora os valores da oximetria de pulso para avaliar a necessidade de oxigênio do paciente e administra oxigênio suplementar, conforme prescrição. A enfermeira também instrui o paciente acerca dos sinais e sintomas de infecção respiratória, que podem agravar a hipoxemia, e notifica ao médico as alterações observadas no estado físico e cognitivo do paciente. As infecções broncopulmonares devem ser controladas para diminuir o edema inflamatório e permitir a recuperação da ação ciliar normal. As infecções respiratórias menores que não têm consequência para os indivíduos com pulmões normais podem comportar risco de vida para os indivíduos com DPOC. A infecção compromete a função pulmonar e constitui uma causa comum de insuficiência respiratória em pacientes com DPOC. Na DPOC, a infecção pode ser acompanhada de alterações sutis. A enfermeira instrui o paciente a relatar quaisquer sinais de infecção, como febre ou alteração na coloração, característica, consistência ou quantidade de escarro. Qualquer agravamento dos sintomas (aumento da sensação de aperto no tórax, dispneia e fadiga crescentes) também sugere a presença de infecção e deve ser relatado. As infecções virais são perigosas para o paciente, uma vez que são frequentemente acompanhadas de infecções causadas por microrganismos bacterianos, como Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. Para prevenir a infecção, a enfermeira deve incentivar o paciente com DPOC a ser vacinado contra a gripe e S. pneumoniae, visto que o paciente está propenso a apresentar infecção respiratória. É importante advertir o paciente sobre a necessidade de evitar sair para a rua quando a contagem de pólen estiver elevada ou se houver poluição significativa do ar, devido ao risco de broncospasmo. O paciente também deve evitar a exposição a altas temperaturas externas com umidade elevada. O pneumotórax constitui uma complicação potencial da DPOC e pode comportar risco de vida nos pacientes com DPOC que apresentam reserva pulmonar mínima. Os pacientes com alterações enfisematosas graves podem desenvolver bolhas grandes, que podem sofrer ruptura e causar pneumotórax. O desenvolvimento de pneumotórax pode ser espontâneo, ou pode estar relacionado com uma atividade, como tosse intensa, ou grandes alterações da pressão intratorácica. Se houver início rápido de falta de ar, a enfermeira deve avaliar imediatamente o paciente quanto à presença de
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