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Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - Resumo DPOC

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–
 
 
DEFINIÇÃO 
A DPOC – doença pulmonar obstrutiva crônica – 
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é 
uma enfermidade respiratória prevenível e 
tratável, que se caracteriza pela presença de 
obstrução crônica do fluxo aéreo, que não é 
totalmente reversível. A obstrução do fluxo aéreo 
é geralmente progressiva e está associada a uma 
resposta inflamatória anormal dos pulmões à 
inalação de partículas ou gases tóxicos, causada 
primariamente pelo tabagismo. Embora a DPOC 
comprometa os pulmões, ela também produz 
consequências sistêmicas significativas. 
A maioria das pessoas com DPOC tem enfisema 
ou bronquite crônica ou uma combinação dos 
dois. As pessoas nas quais predomina a bronquite 
crônica são, às vezes, chamadas de blue bloaters 
(azul pletórico), pois apresentam a pele azulada 
(devido aos baixos níveis de oxigênio no sangue) e 
possuem uma tendência a ter sobrepeso. Em 
contrapartida, os pacientes com enfisema têm 
sido chamados de pink puffers (soprador rosado). 
Eles tendem a ser magros, têm uma coloração 
normal da pele (rosada) e frequentemente 
expiram por entre os lábios franzidos, o que ajuda 
a abrir as suas vias aéreas. 
 
Fonte: MEDCEL. Pneumologia. 2019. 
EPIDEMIOLOGIA 
Atualmente, a OMS estima que seja a terceira 
causa de morte no mundo. Em países de baixa 
renda, a DPOC é a sexta causa de morte, nos de 
renda intermediária, é a terceira causa; e nos 
países desenvolvidos a quinta causa de morte. 
O aumento da mortalidade por DPOC nas últimas 
décadas pode ser decorrente da melhora tanto no 
diagnóstico clínico como na qualidade das 
estatísticas de saúde em todo o mundo. Por outro 
lado, a redução de mortalidade por causas 
cardiovasculares, a partir da década de 1980, 
aumentou o tempo de exposição ao tabaco, 
fazendo um aumento real na incidência. 
O tabagismo é o principal fator de risco para a 
DPOC. Aproximadamente 1 em cada 5 fumantes 
desenvolverá a doença. Nos pacientes não 
fumantes, a relação é extremamente baixa, 1 em 
cada 20 não fumantes. Dessa forma, o tabagismo 
ativo e passivo está diretamente relacionado ao 
processo inflamatório e ao desenvolvimento da 
limitação ao fluxo aéreo. 
A prevalência da DPOC em não fumantes nos 
EUA é em torno de 6,6%, mas, em alguns países, 
como Colômbia e África do Sul, esse número é 
muito elevado, chegando até a 50%. Fatores como 
deficiência de alfa-1 antitripsina, história 
pregressa de tuberculose pulmonar e/ou asma e 
constantes modificações do ar em decorrência de 
fontes energéticas oriundas da queima de 
biomassa (fonte enérgica da combustão de 
matéria orgânica) e da industrialização estão 
sendo relacionadas ao aumento da DPOC no 
mundo. 
A DPOC é uma doença que está em crescimento. 
Decorrente do envelhecimento populacional e 
pulmonar, o aumento da poluição atmosférica e 
os recentes e conhecidos fatores de risco. 
–
FATORES DE RISCO 
Fatores precipitantes 
• Tabagismo 
• Poeira ocupacional 
• Irritantes químicos 
• Fumaça de lenha 
• Infecções respiratórias graves na infância 
• Condição socioeconômica 
 
Fatores predisponentes 
• Deficiência de alfa-1 antitripsina 
• Deficiência de glutationa transferase 
• Alfa-1 antiquimotripsina 
• Hiper-responsividade brônquica 
• Desnutrição 
• Prematuridade 
 
Tabagismo é o principal fator de risco ambiental e 
geral, podendo ocorrer com qualquer tipo de 
fumo, e o risco é maior com o aumento 
progressivo do consumo. Entretanto, entre 
diferentes tabagistas com a mesma carga de 
consumo, apenas alguns desenvolvem a doença, 
sugerindo que não só a carga, mas também 
fatores genéticos relacionados, modificam o risco. 
Outros fatores ambientais de risco são a 
exposição a poeira ocupacional (indústrias de 
borracha, plásticos, couro, têxtil, moagem de 
grãos, produtos alimentícios, entre outros 
segmentos de produção), irritantes químicos e 
poluição extra e intradomiciliar (aquecedores e 
fogão de lenha). 
 
Fatores genéticos 
A DPOC é uma doença poligenética e um exemplo 
de interação entre genética e ambiente. A 
deficiência hereditária de alfa 1 antitripsina é 
uma condição recessiva rara que apresenta 
enfisema panlobular em não fumantes. Um dado 
interessante é que familiares não fumantes em 
primeiro grau de pacientes com DPOC têm, com 
maior frequência, uma função pulmonar menor 
em relação àqueles sem histórico de DPOC na 
família. 
 
Exposição a inalantes 
Os efeitos nocivos da exposição a inalantes são 
aditivos e estão relacionados com cigarro, 
exposição ocupacional, poluição interna e 
poluição externa. A exposição ocupacional a 
químicos irritantes, a vapores e poeiras orgânicas 
ou inorgânicas representa mais um fator de risco, 
sendo que 10 a 20% dos sintomas ou da perda 
funcional relacionados com a DPOC podem ser de 
causas ocupacionais. A poluição interna está 
relacionada com a fumaça oriunda da queima de 
biomassa (lenha, excrementos de animais e 
carvão) em ambientes com pouca ventilação. 
Esses métodos empregados para aquecimento 
das habitações e utilizados em fogões para o 
preparo da alimentação são usados por três 
bilhões de pessoas, principalmente por mulheres 
e crianças. A poluição externa relaciona-se com a 
emissão de motores de carros em centros 
urbanos. A curto prazo, tem efeito mais 
prejudicial para cardiopatas. 
 
Fatores que alterem o desenvolvimento e o 
crescimento pulmonar 
São aqueles que atuam durante a gestação 
(prematuridade e redução do crescimento 
pulmonar), durante o nascimento (baixo peso ao 
nascer) e durante infecções graves nos primeiros 
anos de vida. E também a desnutrição. 
 
Estresse oxidativo 
Os pulmões são expostos a oxidantes endógenos 
provenientes dos fagócitos e de outras células, 
assim como oxidantes exógenos oriundos da 
poluição e dos cigarros. Quando há um 
desequilíbrio entre os sistemas enzimáticos e não 
enzimáticos, ativam-se mecanismos moleculares 
inflamatórios. 
 
Gênero 
As mulheres parecem ser biologicamente mais 
suscetíveis (dose e exposição menores para um 
maior efeito). Além disso, tem ocorrido um 
aumento do tabagismo entre mulheres. 
 
Infecções virais e bacterianas 
São fatores de risco para o início e também para 
as exacerbações da DPOC. Infecções respiratórias 
graves na infância, que podem depender de baixo 
peso ao nascer ou hiper-reatividade brônquica, 
relacionam-se com sintomas respiratórios na 
idade adulta. A infecção pelo HIV acelera o 
aparecimento da DPOC em fumantes. Pacientes 
com tuberculose pulmonar prévia têm maior risco 
de apresentar obstrução ao fluxo aéreo, 
independentemente do tabagismo, reduzindo-se o 
reconhecimento da DPOC em países nos quais a 
tuberculose é frequente. 
 
Condição socioeconômica desfavorecida 
É fator de risco para DPOC, podendo depender de 
maior risco de exposição à poluição interna e 
externa, desnutrição além do convívio em 
aglomerados e na pobreza. 
 
Nutrição 
Seu papel isolado é duvidoso, mas a desnutrição 
em animais de experimentos produziu DPOC e a 
tomografia computadorizada de tórax em 
mulheres anoréxicas mostrou alterações 
semelhantes às do enfisema. O baixo peso ao 
nascer é fator de risco para DPOC. 
 
Asma 
Asma e DPOC podem coexistir, mas a asma 
poderia ser um fator de risco para limitação fixa 
do fluxo aéreo, embora essa hipótese aguarde 
comprovação. Entretanto, sabe-se que asmáticos 
fumantes apresentam maior risco de DPOC do 
que fumantes não asmáticos. 
 
MANIFESTAÇÕES CLINICAS 
Os 3 sintomas cardinais da DPOC 
A tosse é o sintoma mais comum, podendo ser 
diária ou intermitente. 
A dispneia é o principal sintoma associado à 
incapacidade, redução da qualidade de vida e 
pior prognóstico. 
A produção excessiva de escarro. 
Inclui também: 
➢ Sibilos 
➢ Uma fase expiratória prolongada da 
respiração; 
➢ Hiperinsuflação pulmonar que se manifesta 
pela atenuação dos sons cardíacos e 
pulmonares;➢ E aumento do diâmetro anteroposterior do 
tórax (tórax em barril). 
É comum que os sintomas não sejam constantes 
no decorrer de todo o dia. Muitos pacientes 
relatam piora dos sintomas (principalmente da 
tosse e expectoração) pela manhã, com melhora 
parcial no decorrer do dia. 
 
Progressão da doença 
A presença de outros sintomas menos comuns 
pode indicar progressão da doença, como por 
exemplo a perda ponderal, que muitas vezes é 
um resultado da dispneia quando o paciente se 
alimenta, causando redução da ingesta. A perda 
ponderal é um sinal de mau prognóstico em 
pacientes com DPOC. 
A doença avançada se manifesta com sinais de 
esforço respiratório (lábios cerrados, uso de 
musculatura acessória, tiragem intercostal, 
batimento de asa do nariz), retração paradoxal 
dos espaços intercostais (sinal de Hoover) e 
cianose. 
Os sinais de cor pulmonale incluem distensão 
das veias jugulares; desdobramento da segunda 
bulha cardíaca, com hiperfonese do componente 
pulmonar; sopro de insuficiência tricúspide; e 
edema periférico. 
 
 
História natural da doença 
Um paciente típico de DPOC apresenta 
inicialmente tosse e expectoração crônicas, que 
costumam preceder em muitos anos o 
desenvolvimento de limitação ao fluxo aéreo. 
A tosse ocorre primeiramente de modo 
intermitente e, a seguir, passa a acontecer 
durante todo o dia. 
A seguir, o indivíduo passa a desenvolver 
dispneia, sintoma que, na maioria das vezes, o 
leva a procurar atendimento médico, ocorrendo 
progressivamente aos esforços e até durante o 
repouso, de modo persistente, determinando 
limitação funcional, piora da qualidade de vida e 
pior prognóstico. Também pode se queixar de 
sibilância e sensação de opressão torácica. 
O exame físico na maioria dos casos se apresenta 
normal ou pouco alterado. Os achados de tórax 
enfisematoso (com aumento do diâmetro 
anteroposterior), redução da mobilidade 
pulmonar, hipersonoridade à percussão, frêmito 
toracovocal e murmúrio vesicular difusamente 
diminuído são encontrados em geral quando a 
função pulmonar já está bastante comprometida. 
Pode-se observar expiração prolongada e 
estertores finos durante toda a inspiração. 
Com o progredir da doença, desenvolve-se cor 
pulmonale, podendo-se identificar turgência 
jugular, hepatomegalia e edema de membros 
inferiores, além de segunda bulha cardíaca em 
foco pulmonar hiperfonética, sugestiva de 
hipertensão pulmonar. 
 
CONDUTA DIAGNÓSTICA 
O diagnóstico de DPOC deve ser sempre 
considerado em pessoas, sobretudo com: 
➢ Mais de 40 anos 
➢ Fator de risco (principalmente o 
tabagismo) 
Sintomas respiratórios crônicos como: 
➢ Dispneia aos esforços 
➢ Tosse crônica 
➢ Produção regular de catarro e/ou crises de 
“bronquite” ou “chiado”. 
Esses indivíduos são candidatos a uma avaliação 
mais minuciosa, inclusive com realização de 
espirometria. 
 
➢ História de tabagismo de mais de 70 
maços/ano apresenta uma razão de 
verossimilhança positiva (RVP), ou 
likelihood ratio positivo (LR+), de 8,0 para 
DPOC. 
➢ Ausência de tabagismo apresenta uma 
razão de verossimilhança negativa (RVN) de 
0,16. 
➢ Produção diária de catarro de mais de um 
quarto de xícara tem um RVP de 4,0; 
➢ História de chiado tem um RVP de 3,8; 
➢ História de dispneia tem um RVP de 2,2; 
➢ E de tosse, de 1,8. 
A combinação de achados é mais útil para fechar 
o diagnóstico do que para excluí-lo. Assim, um 
indivíduo com qualquer combinação de dois dos 
seguintes achados tabagismo >70 maços/ano, 
história de DPOC ou diminuição dos sons 
respiratórios à ausculta, tem um RVP de 34 para 
DPOC, fechando o diagnóstico. 
Somente três elementos da anamnese e do exame 
físico se associaram ao diagnóstico de DPOC na 
análise multivariada: história prévia de DPOC 
(RVP ajustada de 4,4), presença de sibilos (RVP 
ajustada de 2,9) e tempo expiratório forçado acima 
de 9 segundos (RVP ajustada de 4,6). A RVP (ou 
LR+) combinada desses três fatores foi de 59 
(fechando o diagnóstico de DPOC), e a RVN (ou 
LR-) foi de 0,3. 
Muitas vezes, a dispneia e a intolerância aos 
esforços são atribuídas à falta de preparo físico, 
ao processo de envelhecimento e ao tabagismo, e 
a tosse crônica (ou pigarro) é considerada uma 
resposta normal ao tabagismo, o que faz muitas 
pessoas com tais sintomas não procurarem a APS 
por acreditarem tratar-se de uma consequência 
normal da idade e do estilo de vida. Assim, deve-
se ter uma postura de busca ativa de casos, 
quando se depara com indivíduos tabagistas. 
 
Existe uma discussão considerável sobre quais os 
melhores critérios diagnósticos para DPOC. 
Embora a espirometria seja a principal 
ferramenta diagnóstica, não há consenso sobre 
qual é o melhor parâmetro espirométrico. O 
parâmetro mais utilizado, preconizado pela GOLD 
e pela American ThoracicNSociety (ATS), para 
diagnosticar obstrução ao fluxo aéreo, é a relação 
VEF 1/CVF <0,70. Existem controvérsias quanto a 
essa classificação, principalmente no que diz 
respeito à classificação do estágio I (DPOC leve), 
em que a relação VEF1/CVF está menor do que 
0,7, mas o VEF1 encontra-se normal (≥ 80% 
doNpredito), como uma “doença”. Assim, a 
rotulação de indivíduos assintomáticos, mas com 
espirometria alterada, é um problema com o qual 
se deve lidar, particularmente no contexto da 
APS. 
ANAMNESE 
A história clínica deve ser detalhada e incluir, 
além da avaliação dos sintomas: 
➢ A história de vida do indivíduo, incluindo 
aspectos socioeconômicos, hábitos de vida, 
aspectos ocupacionais e aspectos 
psicodinâmicos; 
➢ O impacto da doença na vida do indivíduo, 
incluindo limitação de atividades, faltas no 
trabalho e o impacto econômico; 
➢ Efeito sobre a rotina familiar; 
➢ Presença de sintomas depressivos e/ou 
ansiosos; 
➢ Disponibilidade de suporte social e familiar; 
➢ Padrão de desenvolvimento dos sintomas; 
➢ História familiar de dpoc ou outras doenças 
respiratórias; 
➢ Avaliação da presença de comorbidades, 
como dcv, depressão, anemia, neoplasias, 
osteoporose e problemas osteomusculares; 
➢ História de exacerbações e hospitalizações 
prévias; 
➢ Exposição a fatores de risco, principalmente 
o tabagismo atual ou pregresso, o tabagismo 
passivo e/ou exposição ocupacional, 
incluindo intensidade e duração; 
➢ História pessoal de asma, alergias, 
sinusopatia e outras doenças respiratórias; 
➢ Possibilidades para a redução de fatores de 
risco 
➢ E, por fim, a adequação do tratamento atual, 
a percepção do indivíduo sobre sua doença e 
suas expectativas em relação ao tratamento. 
Os principais sintomas que sugerem limitação ao 
fluxo aéreo são o chiado, a tosse e a produção de 
catarro. 
Tosse é o sintoma mais frequente, precedendo ou 
aparecendo simultaneamente à dispneia na 
maioria dos casos (75%). É diária ou intermitente 
e, geralmente, produtiva. 
A dispneia é o sintoma mais importante, 
associando-se a incapacidade física, a piora da 
qualidade de vida e o pior prognóstico. É insidiosa 
no início e progressiva. 
O chiado está frequentemente presente, tendo 
sido relatado em 83% dos casos em algumas 
séries. 
Testes de avaliação 
É necessária uma avaliação multidimensional ou 
multissistêmica de indivíduos com DPOC, já que 
apenas o grau de obstrução aérea verificado pelo 
VEF1 não garante um correto diagnóstico. O 
Quadro 152.1 ilustra as várias formas de medir 
os preditores clínicos. 
 
 
 
Índice BODE 
É um instrumento que avalia: 
➢ Estado nutricional (IMC), 
➢ Obstrução aérea (VEF1) 
➢ Dispneia (escala do MRC) 
➢ Estado funcional 
(teste da caminhada de 6 minutos). 
Esse índice proporciona uma avaliação integrada 
dos aspectos respiratórios e não respiratórios da 
doença, o que reflete melhor a sua gravidade do 
que testes isolados, além de incluir domínios 
relacionados à qualidade de vida de indivíduos 
com DPOC. 
 
O índice BODE prediz mortalidade, 
hospitalizaçõese é sensível a mudanças 
produzidas por intervenções, como a reabilitação 
pulmonar. Esse índice vai de 0 a 10. 
 
A nova GOLD, entretanto, inclui, em sua 
avaliação clínica da gravidade da DPOC: 
MRC (medical research council) modificado (para 
avaliar o grau de dispneia) e CAT (COPD Assessment 
Test) para avaliar o comprometimento do estado de 
saúde pela DPOC. 
 
 
Com base nos sintomas, nas exacerbações e no 
grau de obstrução observado na espirometria 
(Quadro 152.6), a DPOC pode ser classificada 
como leve, moderada, grave ou muito grave. 
Entretanto, essa classificação não é mais 
utilizada para fins de tratamento farmacológico. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 
 
 
 
Asma é o principal diagnóstico diferencial. 
Tem início geralmente em idade precoce (muitas 
vezes na infância), com sintomas 
predominantemente noturnos ou no início da 
manhã, com variação acentuada do quadro 
clínico. Observa-se associação com rinite, eczema 
e/ou atopia, além de história familiar de asma. A 
limitação ao fluxo aéreo em geral é bastante 
reversível e difere ainda pelo processo 
inflamatório (predomínio de eosinófilos, 
mastócitos e linfócitos T CD4) e pela resposta ao 
tratamento com corticoide inalatório (são 
geralmente francamente responsivos). 
 
 
 
Na insuficiência cardíaca congestiva 
(ICC), podem-se observar estertores crepitantes 
em bases à ausculta, presença de terceira e/ou 
quarta bulha patológicas, além de outros achados 
sugestivos. Radiografia de tórax demonstra 
aumento da área cardíaca e sinais de congestão 
pulmonar podem ser evidenciados. Nessa doença, 
os testes de função pulmonar geralmente 
evidenciam restrição volumétrica e não limitação 
ao fluxo aéreo; eletrocardiograma e 
ecocardiograma devem ser solicitados. 
Nos casos de bronquiectasias, em geral há 
expectoração copiosa crônica, presença de 
crepitações e roncos à ausculta, podendo ocorrer 
baqueteamento digital e infecções respiratórias de 
repetição. A tomografia computadorizada de tórax 
é o exame padrão-ouro, demonstrando dilatação 
e espessamento da parede brônquica. 
Na tuberculose, o quadro clínico é variado, 
mas deve-se ter atenção a esse diagnóstico 
quando há sintomas respiratórios subagudos ou 
crônicos associado a febre, emagrecimento e 
sudorese noturna, principalmente no Brasil, onde 
o acometimento pulmonar por essa micobactéria 
é bastante frequente. A confirmação diagnóstica 
em geral é realizada pela positividade do micro-
organismo em secreção respiratória (exame direto 
ou cultura). 
A bronquiolite obliterativa ou constritiva 
é bem menos prevalente e deve ser considerada 
nos casos de dispneia de progressão mais 
acelerada, em pacientes com alguma condição de 
risco para tal, como artrite reumatoide, exposição 
ocupacional compatível ou antecedente de 
tabagismo. Radiografia de tórax pode ser normal 
ou evidenciar hiperinsuflação pulmonar. 
Espirometria evidencia distúrbio ventilatório 
obstrutivo, em geral sem resposta à 
broncodilatação. VR, CRF e DLCO estão 
geralmente reduzidos, com CPT aumentada. 
Tomografia computadorizada de tórax é muito 
importante, podendo-se identificar espessamento 
da parede e dilatação bronquiolar, áreas de 
aprisionamento aéreo à expiração (padrão em 
mosaico) e nódulos centrolobulares. 
 
EXAME FÍSICO 
O exame físico de indivíduos com suspeita de 
DPOC deve procurar por sinais de hiperinsuflação 
pulmonar, os quais estão geralmente presentes 
na doença avançada: 
➢ Tórax em barril 
➢ Hipersonoridade à percussão do tórax 
➢ Ausência de ictus 
➢ Bulhas abafadas 
➢ Excursão diafragmática reduzida 
Além de sinais de obstrução ao fluxo aéreo: 
➢ Sibilos 
➢ Expiração prolongada 
➢ Presença de secreção nas vias aéreas 
(roncos). 
Ainda no exame físico lembrar de: 
➔ Medir a oximetria de pulso. 
➔ Medir o peso e a altura (IMC) 
➔ Avaliar sinais de desnutrição e consumo 
muscular (DPOC graves) 
➔ Avaliar sinais de comorbidades associadas 
e de diagnósticos diferenciais. 
Um dos exemplos típicos é o paciente com 
suspeita de DPOC que tem, na verdade, IC 
isoladamente ou associada à DPOC. Assim, a 
avaliação de sinais de IC, como estase jugular, 
hepatomegalia, sopros cardíacos, desvio de ictus, 
crepitações pulmonares, edema de membros 
inferiores, deve ser realizada cuidadosamente. 
Observar se o paciente apresenta: 
Sinal de Hoover Esse sinal pode estar presente 
em até 76% dos pacientes com DPOC grave. 
Uso de musculatura acessória. 
Pulso paradoxal, que podem ser úteis em 
situações de exacerbação aguda. 
Sinal de Hoover ou respiração paradoxal (em serrote) é 
um sinal médico no qual existe uma assincronia entre a 
respiração abdominal e a respiração torácica. Assim, o 
abdômen movimenta-se para fora enquanto o tórax se 
movimenta para dentro durante a inspiração. 
Pulso paradoxal é definido como uma queda superior a 10 
mmHg na pressão arterial sistólica durante a fase inspiratória 
da respiração. 
 
Do ponto de vista da avaliação formal dos valores 
diagnósticos de itens do exame físico, apenas 
quatro deles têm valor diagnóstico independente 
para DPOC: 
1. A presença de sibilos à ausculta 
pulmonar, 
2. O tempo expiratório forçado aumentado (> 
9 segundos), 
3. A descida da laringe (distância entre o 
topo da cartilagem tireóidea e fúrcula 
esternal ≤ 4 cm) 
4. A expiração prolongada. 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
O principal exame complementar para o 
diagnóstico da DPOC e sua classificação de 
gravidade é a espirometria. Exames de imagem, 
como radiografia torácica ou tomografia de tórax, 
são usados para avaliar diagnósticos diferenciais 
e comorbidades. 
Espirométrico (funcional) 
A espirometria é recomendada para todos os 
fumantes com mais de 40 a 45 anos que 
apresentam falta de ar aos esforços, tosse 
persistente, chiado, produção de catarro ou 
infecções respiratórias frequentes. É importante 
frisar que, embora a espirometria seja o exame 
confirmatório de excelência para o diagnóstico de 
DPOC e sua realização deva ser estimulada, em 
locais em que ela não esteja disponível, o 
diagnóstico clínico é suficiente para o início do 
tratamento. 
Os aspectos espirométricos principais na DPOC 
são o VEF1 e a CVF. A limitação do fluxo aéreo é 
definida pela presença da relação VEF1/CVF < 
0,7 após uso de broncodilatador pela maioria das 
diretrizes clínicas mundiais. Portanto, esse 
achado é suficiente, do ponto de vista 
espirométrico, para o diagnóstico de DPOC. 
 
Radiológico 
A radiografia torácica frequentemente mostra 
hiperinsuflação pulmonar, mas tem a função 
principal de afastar diagnósticos diferenciais e 
outras comorbidades, como câncer de pulmão, 
bronquiectasias, IC, TB e doença intersticial 
pulmonar. Radiografia torácica anual para 
rastrear câncer de pulmão ou avaliar a evolução 
da DPOC não está indicada. Alguns estudos tem 
demonstrado benefício em rastrear câncer de 
pulmão com tomografia de tórax de baixa dose 
anual em populações selecionadas, porém isso 
ainda não é uma prática seguida mundialmente. 
 
Outros exames 
Alguns exames, embora não sejam necessários 
para o diagnóstico de DPOC, são importantes 
para avaliar suas comorbidades e complicações, 
devendo ser solicitados conforme a suspeita 
clínica. O hemograma deve ser realizado para 
afastar anemia e policitemia. O eletrocardiograma 
e o ecocardiograma podem ser realizados em 
pessoas com sinais sugestivos de IC/ cor 
pulmonale ou que apresentem sinais ou sintomas 
de outras DCVs. 
A oximetria de pulso de repouso e aos esforços 
deve ser realizada para avaliar hipoxemia e 
necessidade de oxigênio domiciliar, além da 
gasometria arterial (GA) para confirmação deste 
quadro. 
 
Quando referenciar? 
A maior parte dos indivíduos com DPOC pode ser 
acompanhada exclusivamente na APS, 
entretanto, existem situações que justificam uma 
avaliação do pneumologista. Entre essas 
situações, destacam-se:➢ Incerteza diagnóstica. 
➢ DPOC em pessoas com menos de 40 anos. 
➢ DPOC em pessoas que possuem um parente 
de primeiro grau com história de deficiência 
de α1-antitripsina. 
➢ DPOC grave. 
➢ Exacerbações frequentes. 
➢ Hemoptise. 
➢ Dificuldade em controlar os sintomas. 
➢ Necessidade de oxigenoterapia domiciliar. 
➢ Necessidade de reabilitação pulmonar. 
➢ Necessidade de cirurgia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONDUTA TERAPÊUTICA 
A abordagem de pessoas com DPOC na APS deve 
incluir pelo menos quatro componentes: 
1. Avaliação e monitoramento da doença 
2. Redução de fatores de risco 
3. Manejo do indivíduo com DPOC estável 
4. Manejo das exacerbações agudas. 
Os objetivos do acompanhamento e tratamento de 
pessoas com DPOC na APS são: 
➢ Aliviar os sintomas. 
➢ Prevenir a progressão da doença. 
➢ Melhorar a capacidade física (tolerância aos 
exercícios). 
➢ Melhorar o estado geral de saúde e bem-
estar. 
➢ Prevenir e tratar complicações. 
➢ Prevenir e tratar exacerbações agudas. 
➢ Reduzir a mortalidade. 
Referenciar ao especialista quando necessário 
(função de filtro). Realizar a prevenção 
quaternária (não referenciar ao especialista 
quando não necessário, não expor a pessoa a 
intervenções diagnósticas e terapêuticas 
desnecessárias e prevenir e minimizar os efeitos 
colaterais do tratamento). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O tratamento inclui: 
➢ Modificações do estilo de vida 
➢ Educação em saúde 
➢ Intervenções multidisciplinares 
➢ Tratamento específico 
➢ Tratamento das exacerbações e das 
comorbidades. 
 
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 
A cessação do tabagismo é a intervenção mais 
importante para reduzir o risco de desenvolver 
DPOC e para retardar sua progressão. Até mesmo 
um aconselhamento de três minutos realizado em 
cada encontro com um indivíduo fumante pode 
ser efetivo. 
Além disso, são atitudes que devem fazer parte 
das modificações de estilo de vida de pessoas com 
DPOC: 
➢ Avaliação e redução de exposição 
ocupacional 
➢ Redução de exposição à poluição ambiental 
doméstica 
➢ Dieta saudável 
➢ Atividade física regular 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
Os principais objetivos do manejo farmacológico de pessoas com DPOC são a redução na severidade dos 
sintomas e a prevenção das exacerbações. 
A terapia broncodilatadora é central para o manejo da DPOC. Esse tratamento produz pequenos aumentos 
da função pulmonar medida pela espirometria e uma redução da hiperinsuflação dinâmica que leva à 
dispneia da DPOC. Indivíduos com DPOC frequentemente procuram o médico de família e comunidade por 
dispneia, e os broncodilatadores são o primeiro tratamento prescrito na maioria das vezes. 
Inicialmente, os broncodilatadores de ação curta, como os β2- agonistas salbutamol ou fenoterol, ou o 
anticolinérgico ipratrópio, podem ser utilizados, mas em indivíduos com sintomas persistentes, os 
broncodilatadores de longa duração produzem alívio mais uniforme e duradouro. 
Atualmente, há duas classes de broncodilatadores de ação longa ação disponíveis – β2-agonistas de longa 
ação (LABA, do inglês long-acting beta-agonists) – formoterol e salmeterol – e os anticolinérgicos de longa 
ação, ou antagonistas muscarínicos de longa ação (LAMA, do inglês long-acting muscarinic antagonists) – 
tiotrópio. 
Ambas as classes de agentes, comparados com placebo, se mostraram efetivas em aliviar os sintomas de 
portadores de DPOC. Embora as medicações para DPOC (broncodilatadores) não se tenham mostrado 
efetivas em impedir o declínio da função pulmonar em longo prazo ou reduzir a mortalidade, sua efetividade 
para reduzir os sintomas, diminuir as exacerbações e melhorar a qualidade de vida das pessoas justificam 
sua utilização no tratamento com DPOC. 
 
Algoritmo de tratamento de acordo com cada estágio da doença pulmonar obstrutiva crônica. 
LAMA, anticolinérgicos de longa ação; LABA, β2-agonistas de longa ação; Azul = Tratamento preferencial. 
*Caso VEF1 <50% do predito e o paciente tenha bronquite crônica. **Em ex-fumantes. 
 
Algoritmo para farmacoterapia inalatória na doença pulmonar obstrutiva crônica. 
* Primeira escolha de tratamento 
** Caso persistir exacerbando após o tratamento de primeira escolha 
*** Indicado em pacientes com DPOC e bronquite crônica 
LABA: β2-agonista de longa duração; LAMA: anticolinérgico de longa duração; mMRC: escala de dispneia 
do Medical Research Council modificada; CAT, teste de avaliação da DPOC; VEF1%, VEF1 em % do 
predito; BD, broncodilatador; NAC, N-acetilcisteína. 
 
Tratamento das exacerbações agudas 
Inclui o uso de broncodilatadores inalados de curta ação (β2 agonistas e anticolinérgicos de curta ação) e 
corticoides sistêmicos. 
Os antibióticos (p. ex., amoxicilina) estarão indicados se houver o aumento da quantidade de catarro e a 
modificação do aspecto do catarro para purulento como parte da definição de exacerbação aguda. 
Dependendo do estágio da DPOC e da gravidade da exacerbação, suplementação de oxigênio para manter 
a saturação entre 90 e 92% ou suporte ventilatório não invasivo, ou mesmo ventilação mecânica (VM), 
poderão ser indicados. 
Fisioterapia respiratória pode ser necessária em situações selecionadas. A avaliação de outras causas 
potenciais de exacerbação aguda deve ser realizada se houver dúvida quanto à etiologia da piora dos 
sintomas. 
Indivíduos com exacerbações agudas podem ser tratados tanto ambulatorialmente pelo médico de família 
como podem necessitar de internação hospitalar, dependendo da gravidade do episódio. 
Também devem ser internados indivíduos com DPOC estáveis que se submeterão a alguns procedimentos 
que podem causar descompensações, como broncoscopia, biópsia transbrônquica ou biópsia transparietal 
com agulha, ou procedimentos médicos ou cirúrgicos que requeiram o uso de hipnoanalgésicos, sedativos 
ou anestésicos. 
 
 
Intervenções específicas 
Uso de mucolíticos 
Alguns estudos sugerem que a N-acetilcisteína e 
a carbacisteína reduzem o número de 
exacerbações agudas. 
 
Oxigenoterapia domiciliar 
Indicações: 
Pressão parcial arterial de oxigênio (PaO2) ≤ 55 
mmHg ou SatO2 ≤ 88% em repouso. 
PaO2 entre 56 e 59 mmHg ou SatO2 ≤ 89% com 
evidências de cor pulmonale ou policitemia. 
 
Flebotomias (sangria) 
Indicações: 
Cor pulmonale descompensado com hematócrito 
(Ht) > 55%. 
 
Vacinação 
Anti-influenza – anualmente, no outono; está 
associada à redução de 
mortalidade. 
Antipneumocócica – uma dose após os 65 anos; 
alguns autores preconizam que seja repetida a 
cada 5 anos, porém sua eficácia não é tão bem 
documentada quanto a da vacina anti-influenza. 
Anti- Haemophilus influenzae – não há 
indicação. 
 
Reabilitação pulmonar 
É um programa multiprofissional que engloba: 
Diagnóstico preciso e avaliação de comorbidades. 
Tratamento farmacológico, nutricional e 
fisioterápico. 
Recondicionamento físico. 
 
Apoio psicossocial 
Educação, para otimizar a autonomia e o 
desempenho físico e social. 
Abordagem das exacerbações agudas. 
 
CONDUTA EDUCACIONAL 
Todo paciente com DPOC deve receber: 
➢ Esclarecimento sobre a natureza da doença 
➢ O acolhimento dos medos e inseguranças 
➢ A avaliação de suas dificuldades para o 
autocuidado 
➢ O apoio psicossocial 
➢ A participação em grupos na unidade 
➢ Orientações práticas sobre o uso de 
inaladores e a reabilitação pulmonar 
Todas essas etapas são parte fundamental das 
intervenções multiprofissionais e da educação em 
saúde. 
Há evidências de que sessões formais de 
orientações práticas para o uso de inaladores e 
espaçadores melhoram os desfechos clínicos e 
reduzem os custos totais com o tratamento. Essa 
é uma intervenção que não deve ser negligenciada 
pelas equipes de saúde, pois é muito grande o 
número de pessoas com DPOC consideradas não 
aderentesou refratárias ao tratamento que, na 
verdade, não sabem ou não conseguem utilizar de 
forma adequada os inaladores e os espaçadores. 
Uma ideia que tem sido utilizada com sucesso é a 
fabricação caseira de espaçadores com garrafas 
PET, atividade que pode ser integrada a grupos 
para pessoas com enfermidades respiratórias 
crônicas, como asma e DPOC, na unidade. 
 
O uso de inaladores não é intuitivo, e os 
dispositivos são diferentes, portanto, o médico de 
família e comunidade, o enfermeiro ou o 
farmacêutico deve demonstrar como se usa cada 
tipo de inalador e espaçador. Sessões práticas em 
grupo ou individuais são úteis. Oficinas para 
construção de espaçadores podem ser momentos 
lúdicos e de interação das pessoas com 
diagnóstico de asma ou DPOC, mas depende da 
demanda e da aceitação. 
COMPLICAÇÕES 
DPOC E CO-MORBIDADES 
São efeitos extrapulmonares frequentemente 
observados nos pacientes com DPOC: 
➢ Perda de peso (principalmente devido a 
perda de massa muscular) 
➢ Anormalidades nutricionais 
➢ Disfunção músculo-esquelética 
A existência de DPOC também pode aumentar o 
risco para outras doenças, como: 
➢ Infarto agudo do miocárdio 
➢ Angina 
➢ Osteoporose 
➢ Infecção respiratória 
➢ Fraturas ósseas 
➢ Depressão 
➢ Diabetes 
➢ Distúrbios do sono 
➢ Anemia 
➢ Glaucoma. 
É preciso destacar a intima relação entre DPOC e 
câncer de pulmão, seja pela presença de um fator 
de risco comum a ambas as condições, como o 
tabagismo, além do possível envolvimento de 
genes de susceptibilidade ou comprometimento 
do clearance de carcinógenos em função das 
alterações observadas nas vias aéreas. Um 
diagnóstico diferencial cuidadoso e uma 
abordagem diagnóstica ampla devem ser 
realizadas em todos os pacientes com limitação 
crônica ao fluxo aéreo. 
É muito difícil separar os efeitos do tabagismo e 
da redução nas atividades físicas nesses 
processos de doença de um possível impacto 
sistêmico da DPOC relacionado a inflamações e 
hipóxia tecidual. 
 
Hipertensão pulmonar 
Em uma minoria de pacientes com DPOC, o 
desenvolvimento de hipertensão secundária é 
uma ocorrência comum. As elevações na pressão 
da artéria pulmonar variam de leves a moderadas 
e sua progressão é lenta. Entretanto, a presença 
de hipertensão pulmonar aumenta 
substancialmente o risco de mortalidade em 
pacientes com DPOC. 
A hipertensão pulmonar poderá resultar no 
desenvolvimento de cor pulmonale, que se 
caracteriza por hipertrofia do ventrículo direito e, 
finalmente, por insuficiência ventricular direita 
com edema periférico associado e congestão 
hepática passiva. 
 
Pneumotórax 
O risco de incidência de pneumotórax é elevado 
em pacientes com DPOC. E pode ser uma 
condição especialmente problemática 
principalmente em pacientes com DPOC grave, 
tendo em vista que a reserva respiratória desse 
grupo de pacientes é reduzida. 
 
Arritmias supraventriculares 
O risco de arritmias supraventriculares é muito 
grande em pacientes com DPOC. Alguns desses 
riscos elevados se relacionam ao uso de 
medicamentos. Por exemplo, o uso de teofilina foi 
associado a uma elevação no risco de incidência 
de arritmias supraventriculares, incluindo 
taquicardia atrial multifocal, em especial nas 
situações em que os níveis medicamentosos 
excederem janelas terapêuticas relativamente 
estreitas. 
Os agonistas beta2 não são completamente 
seletivos para receptores beta-adrenérgicos. 
Consequentemente, esses agentes podem 
produzir taquicardia e, em casos raros, arritmias 
cardíacas. 
 
Depressão 
O impacto psicossocial da DPOC pode ser 
devastador. A restrição aos exercícios e o receio 
de contrair infecções respiratórias podem levar ao 
isolamento social. A redução na capacidade 
funcional e a dependência cada vez maior de 
cuidadores podem ser motivos para frustração. 
Em geral, o desenvolvimento de ansiedade é uma 
resposta à dispneia. Depressão é uma 
complicação comum da Doença pulmonar 
obstrutiva crônica e na maior parte dos casos não 
é diagnosticada. Os pacientes com DPOC devem 
passar por uma triagem para depressão, sendo 
que, nos casos aplicáveis, a terapia com 
antidepressivos deve ser considerada, inclusive a 
utilização de benzodiazepínicos pode aliviar esses 
sintomas, embora seja necessária muita cautela 
para evitar a supressão do estímulo respiratório. 
A dispneia é o sintoma mais debilitante da DPOC, 
e sua relação com mau condicionamento físico, 
imobilização, isolamento social e depressão 
(Figura152.5) não deve ser negligenciada. A 
depressão é comum nos indivíduos com DPOC 
(41% têm sintomas depressivos), sendo 
responsável por piora da qualidade de vida e piora 
na adesão ao tratamento. A mortalidade é 2,7 
vezes maior entre os que têm depressão grave. 
 
 
PROGNÓSTICO 
Geralmente é uma doença progressiva, 
observando-se piora da função pulmonar ao longo 
do tempo, mesmo que o indivíduo não se exponha 
mais aos fatores de risco e que utilize o melhor 
tratamento disponível, podendo determinar 
limitações na realização de atividades diárias e 
impacto psicossocial negativo. 
Não determina apenas alterações respiratórias, 
mas também efeitos sistêmicos adversos, como 
baixo índice de massa corpórea e repercussões 
sobre a musculatura esquelética, principalmente 
nos pacientes com doença em estágio mais 
avançado. 
O VEF1 declina gradualmente na maior parte dos 
pacientes com DPOC, sendo que normalmente 
ocorre uma aceleração no declínio com o avanço 
da idade, embora, em raras situações, ocorram 
reduções significativas nos valores do VEF1. 
O risco de mortalidade em relação à DPOC está 
intimamente associado ao nível de gravidade de 
redução no VEF1. O tempo necessário para o 
VEF1 cair em níveis críticos depende, em parte, 
dos valores iniciais. Por outro lado, este fato é 
influenciado por fatores ambientais e familiares 
como, por exemplo, enfermidades respiratórias na 
infância, hiperresponsividade das vias 
respiratórias e intensidade da exposição à fumaça 
de cigarros. A taxa acelerada de perda da função 
pulmonar diminui em fumantes após o abandono 
do tabagismo. No entanto, níveis elevados 
persistentes de células inflamatórias nos pulmões 
de ex-fumantes com DPOC sugerem a presença 
de um processo inflamatório auto-perpetuante, 
que continua a estimular enfisema progressivo e 
doença nas vias respiratórias. 
 
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