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ne bis in idem

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ne bis in idem
Em latim bis in idem significa “duas vezes o mesmo”. A ideia do termo indica a repetição de algo ou de alguma atividade.
A expressão ne bis in idem, quase sempre utilizada em latim, em sua própria acepção semântica já impõe de imediato que se esclareça o que (idem) não deve ser repetido (ne bis). Nessa linha provisoriamente pode-se antecipar que sua utilização jurídica, por via de regra, é associada à proibição de que um Estado imponha a um indivíduo uma dupla sanção ou um duplo processo (ne bis) em razão da prática de um mesmo crime (idem).
Agora de forma simplificada, entenda: no direito penal, este princípio estabelece que ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo delito. O bis in idem acontece quando o princípio não é observado, e o autor do delito acaba sendo punido mais de uma vez pelo mesmo crime.
É certo que a Constituição Federal de 1988, ao estatuir a garantia da coisa julgada (art. 5º, XXXVI) procurou assegurar a economia e certeza jurídica das decisões judiciais transitadas em julgado, servindo, em outro giro, como fundamento do princípio “ne bis in idem”, em seu aspecto processual. Por outro lado, o princípio da legalidade, insculpido na Carta Magna, em seu artigo 5º, XXXIX, serve de base ao aspecto substancial do princípio “ne bis in idem”, concretizando os valores da justiça e certeza a ele inerentes
Está contido Código Penal Brasileiro em seus artigos 8º, em que tratadas a computação e a atenuação da pena - e 42º, em que tratada a detração da pena.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O princípio do No Bis in Idem encontra-se diretamente ligado à limitação do poder punitivo do Estado, bem como à valorização e ao resguardo de garantias fundamentais da pessoa humana. Deste modo, mantém valorosa função de proteção ao status dignitatis do homem, na medida em que veda a possibilidade de que alguém seja processado e, principalmente, condenado em duas oportunidades pela prática do mesmo fato criminoso.
Na sequência segue um acórdão referente, a um trânsito julgado na Suíça, e em solo Brasileiro desejava instaurar uma nova persecução penal. Sendo o processo trancado, por se tratar de um processo na qual já foi transitado julgado. Assim se aplicou o ne bis in idem.
12/11/2019
SEGUNDA TURMA
HABEAS CORPUS 171.118 SÃO PAULO RELATOR : MIN. GILMAR MENDES PACTE.(S) :MARCELO BRANDAO MACHADO IMPTE.(S) :MARIA ELIZABETH QUEIJO E OUTRO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Penal e Processual Penal. 2. Proibição de dupla persecução penal e
ne bis in idem.
3. Parâmetro para controle de convencionalidade. Art. 14.7 do Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Art. 8.4 da Convenção
Americana de Direitos Humanos. Precedentes da Corte Interamericana
de Direitos Humanos no sentido de “proteger os direitos dos cidadãos que
tenham sido processados por determinados fatos para que não voltem a ser
julgados pelos mesmos fatos” (Casos Loayza Tamayo vs. Perú de 1997;
Mohamed vs. Argentina de 2012; J. vs. Perú de 2013).
4. Limitação ao art. 8º do Código Penal e interpretação conjunta com
o art. 5º do CP. 5. Proibição de o Estado brasileiro instaurar persecução
penal fundada nos mesmos fatos de ação penal já transitada em julgado
sob a jurisdição de outro Estado. Precedente: Ext 1.223/DF, Rel. Min.
Celso de Mello, Segunda Turma, DJe 28.2.2014.
6. Ordem de habeas corpus concedida para trancar o processo penal.
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do
Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, sob a presidência da
Senhora Ministra Cármen Lúcia, na conformidade da ata de julgamento e
das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, conceder a ordem de
habeas corpus para trancar o Processo Penal 0003112-82.2013.403.6181 em
relação ao paciente, porque reconhecida a ocorrência de dupla persecução
penal, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 12 de novembro de 2019.
Ministro GILMAR MENDES
Relator
Referências:
ESTEFAM, André. Direito Penal, volume 1. São Paulo: Editora Saraiva, 2010.
FONSECA, Carlos Rodolfo. O princípio do ne bis in idem e a Constituição Brasileira de 1988. Boletim Jurídico. Direito, Estado e Sociedade, 2018. 
https://redir.stf.jus.br/

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