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NUTRIÇÃO CLÍNICA NAS DOENÇAS CRÍTICAS E ÓRGÃOS ANEXOS Profª Emília Delesderrier Objetivos da disciplina Empregar os protocolos de avaliação nutricional, baseado no conhecimento do quadro clínico de cada paciente, para determinar o estado nutricional do paciente. Planejar a conduta dietoterápica, com base nas diretrizes nacionais e internacionais e no estado nutricional do paciente, para promover manutenção ou recuperação do estado nutricional e controle das complicações. Diferenciar as disfunções das glândulas anexas, fundamentado pela fisiopatologia, visando identificar as alterações na digestão e na absorção dos nutrientes. Desenvolver estratégias para mudança do estilo de vida, com base na fisiopatologia das doenças crônicas, visando prevenção de comorbidades clínicas nutricional do paciente, para promover manutenção ou recuperação do estado nutricional e controle das complicações. Discutir a dietoterapia nas situações críticas, observando as fases metabólicas e respostas fisiológicas, para contribuir com uma melhor repercussão clínica. Plano de ensino PATOLOGIAS DAS GLÂNDULAS ANEXAS VESICULOPATIAS: ENFERMIDADES, FISIOPATOLOGIA E DIETOTERAPIA DAS DOENÇAS DA VESÍCULA PANCREOPATIAS: ENFERMIDADES, FISIOPATOLOGIA E DIETOTERAPIA DAS DOENÇAS DO PÂNCREAS HEPATOPATIAS: ENFERMIDADES, FISIOPATOLOGIA E DIETOTERAPIA DAS DOENÇAS DO FÍGADO DIABETES MELLITUS E ENFERMIDADES CARDIOVASCULARES DIABETES MELLITUS TIPO 1 E SUAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, TRATAMENTO CLÍNICO, FARMACOLÓGICO E DIETOTERÁPICO DIABETES MELLITUS TIPO 2 E SUAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, TRATAMENTO CLÍNICO, FARMACOLÓGICO E DIETOTERÁPICO ENFERMIDADES CARDÍACAS E FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES DIETOTERAPIA NAS PRINCIPAIS ENFERMIDADES CARDÍACAS ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS (CRÉDITO DIGITAL) IDENTIFICAR OS MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS DAS PRINCIPAIS ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS IDENTIFICAR A TERAPIA NUTRICIONAL BASEADA NAS DIRETRIZES ATUAIS Plano de ensino ENFERMIDADES UROLÓGICAS E IMUNOLÓGICAS ENFERMIDADES RENAIS E FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS UROLÓGICAS DIETOTERAPIA NAS PRINCIPAIS ENFERMIDADES RENAIS NUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNOLÓGICO DIETOTERAPIA NAS PRINCIPAIS ENFERMIDADES IMUNOLÓGICAS SITUAÇÕES CRÍTICAS FASES METABÓLICAS E RESPOSTAS FISIOLÓGICAS / SÍNDROMES E REPERCUSSÕES CLÍNICAS DIETOTERAPIA NAS SITUAÇÕES CRÍTICAS HIPERURICEMIA, OSTEOPOROSE E ALTERAÇÕES DE GLÂNDULAS ENDÓCRINAS (CRÉDITODIGITAL) DEFINIÇÃO DA HIPERURICEMIA E A OSTEOPOROSE E SUAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, TRATAMENTO CLÍNICO, FARMACOLÓGICO E DIETOTERÁPICO FUNÇÃO DO SISTEMA ENDÓCRINO, MECANISMOS PATOLÓGICOS DAS DOENÇAS ENDÓCRINAS E CONDUTA NUTRICIONAL Cronograma da disciplina Disciplina NUTRIÇÃO CLÍNICA NAS DOENÇAS CRÍTICAS E ÓRGÃOS ANEXOS (ARA 0976) Campus NOVA IGUAÇU Semestre 2022.2 Curso: Nutrição Professor (a): Emília Delesderrier Franco Datas Aulas Conteúdo Teórico 09/AGO AULA 1 Apresentação da disciplina + VESICULOPATIAS 16/AGO AULA 2 PANCREATOPATIAS 23/AGO AULA 3 HEPATOPATIAS – PARTE 1 30/AGO AULA 4 HEPATOPATIAS – PARTE 2 06/SET AULA 5 DIABETES MELLITUS 13/SET AULA 6 CARDIOPATIAS – PARTE 1 20/SET AULA 7 CARDIOPATIAS – PARTE 2 27/SET AULA 8 REVISÃO AV1 04/OUT AV1 11/OUT AULA 9 VISTA DE AV1 + ENFERMIDADES DO TRATO RESPIRATÓRIO 18/OUT AULA 10 ENFERMIDADES TRATO URINÁRIO 25/OUT AULA 11 CÂNCER E HIV 01/NOV AULA 12 PACIENTE CRÍTICO + HIPERURICEMIA + REVISÃO AV2/AV3 08/NOV AV2 15/NOV FERIADO 22/NOV VISTA DE AV2 29/NOV AV3 06/DEZ VISTA DE AV3 FIM DE SEMESTRE!!! Cronograma sujeito à alterações Avaliação da disciplina Avaliações: AV1, AV2, AV3 e AVD A AV1 contemplará o conteúdo da disciplina até a sua realização – valerá 7,0 + 3 pontos de casos clínicos As AV2 e AV3 abrangerão todo o conteúdo da disciplina (valor: 10,0) Para aprovação na disciplina: 1. Atingir resultado igual ou superior a 6,0, calculado a partir da média aritmética entre os graus das avaliações, sendo consideradas apenas as duas maiores notas obtidas dentre as três etapas de avaliação (AV1, AV2/AV3 e AVD). A média aritmética obtida será o grau final do aluno na disciplina. 2. Obter grau igual ou superior a 4,0 em, pelo menos, duas das três avaliações. 3. Frequentar, no mínimo, 75% das aulas ministradas. Bibliografia da disciplina Bibliografia da disciplina VESICULOPATIAS: ENFERMIDADES, FISIOPATOLOGIA E DIETOTERAPIA Profª Emília Delesderrier Vias biliares Vias biliares Vesícula biliar Órgão localizado abaixo do lobo direito do fígado. Armazena a bile – (sintetizada pelos hepatócitos). Bile: Carregada para os ductos hepáticos esquerdo e direito —> convergem e formam o ducto hepático comum e podem ir direto para o duodeno. No entanto, a maior parte da bile é armazenada na vesícula biliar, onde chega pelo ducto cístico. O ducto colédoco ou ducto biliar comum é formado pela junção dos ductos cístico e hepático comum e desemboca na ampola de Vater, na 2ª porção do duodeno. Em seguida, o ducto colédoco/biliar comum une-se ao ducto pancreático, que transporta as enzimas digestivas. Vesícula biliar Principal função: concentrar, armazenar e excretar a bile, que é produzida pelo fígado. Bile Composta de sais biliares e compostos endógenos e exógenos. Outros componentes: ácidos graxos, colesterol, fosfolipídeos, bilirrubina, proteína. Sais biliares são produzidos pelas células hepáticas a partir do colesterol e são essenciais para digestão e absorção de lipídeos, vitaminas lipossolúveis e alguns minerais. Posteriormente são reabsorvidos no sistema porta (circulação entero-hepática). Bilirrubina - Principal pigmento da bile - Provém da liberação da hemoglobina em consequência da destruição dos eritrócitos. - A bilirrubina é transportada até o fígado, onde é conjugada e excretada pela bile. Fase intestinal QUIMO ESTÔMAGO INTESTINO DELGADO No processo de digestão... CCK (+) vesícula biliar e o pâncreas --> (+) relaxamento do esfíncter de Oddi, possibilitando o fluxo de suco pancreático e bile para dentro do duodeno na ampola de Vater, a fim de auxiliar na digestão dos lipídeos. Colestase Condição em que ocorre pouca ou nenhuma secreção de bile ou na há obstrução do fluxo de bile para o sistema digestório. Pode ser observada em pacientes sem nutrição oral ou em NP, o que pode predispor à colecistite calculosa. A prevenção da colestase requer a estimulação da motilidade e secreção biliares por pelo menos uma nutrição enteral mínima. Se isso não for possível, recorre-se à terapia farmacológica. Colelitíase Presença de cálculos biliares Etiologia – multifatorial (fatores genéticos, ambientais, obesidade) Idade avançada, uso de fármacos (diuréticos tiazídicos), hormônios, gestação, uso prolongado de NPT, anemia falciforme, doenças hepáticas. Colelitíase Colelitíase e Coledocolitíase Colelitíase e Coledocolitíase Coledocolitíase = cálculos deslizam para dentro dos ductos biliares, produzindo obstrução, dor e cólicas. Se a passagem da bile para o duodeno for interrompida, pode haver desenvolvimento de colecistite (inflamação da vesícula biliar). Ausência de bile no intestino: comprometimento na absorção dos lipídeos sem pigmentos biliares, as fezes adquirem uma coloração clara (acólicas). A obstrução da parte distal do ducto colédoco pode levar à pancreatite se houver obstrução do ducto pancreático. Se o problema não for corrigido, o retorno da bile pode resultar em icterícia e dano hepático (cirrose biliar secundária). Tipos de cálculo biliar Cálculos de colesterol: compostos principalmente de colesterol, bilirrubina e sais de cálcio. As bactérias também desempenham um papel na formação dos cálculos biliares. As infecções crônicas de baixo grau produzem alterações na mucosa da vesícula biliar, que afetam a sua capacidade de absorção. Consequência: pode ocorrer absorção do excesso de água ou ácidos biliares. Em seguida, o colesterol pode precipitar e causar a formação de cálculos biliares Outras causas para desenvolvimentodo cálculo de colesterol: Alta ingestão de gordura dietética por um período prolongado A rápida perda de massa corporal (derivação jejunoileal e gástrica / jejum / acentuada restrição energética) está associada a uma elevada incidência de lama biliar (mistura de colesterol e sais de cálcio) e formação de cálculos biliares. Tipos de cálculo biliar Tipos de cálculo biliar Cálculos pigmentados: consistem em polímeros de bilirrubina ou sais de cálcio. Estão associados à hemólise crônica. Fatores de risco: idade, anemia falciforme e talassemia. destruição rápida das células vermelhas do sangue (duração de 12 a 15 dias) 120 dias de vida média https://www.youtube.com/watch?v=rngxogc0CPo Colelitíase - Tratamento nutricional Cálculos biliares prevalentes em dietas ocidentais (pobres em fibras e com alto teor de lipídeos). Proteínas e gordura animais (gordura saturada) e falta de fibras dietéticas (+) cálculos biliares. Dietas ricas em fibras podem reduzir o risco de colelitíase. Colecistite e Coledocolitíase Tratamento cirúrgico Colecistectomia = retirada cirúrgica da vesícula biliar. Técnicas cirúrgicas: laparotomia aberta tradicional procedimento laparoscópico menos invasivo. Os pacientes com cálculos biliares que migraram para os ductos biliares podem ser candidatos a técnicas de colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE). Colecistectomia videolaparoscópica (VDLP) Tratamento nutricional pós op. de colecistectomia PÓS OPERATÓRIO: Alimentação oral pode evoluir para uma dieta branda/normal, de acordo com a tolerância do indivíduo. Consistência: iniciar com líquida de prova evoluir de acordo com tolerância até chegar branda/normal. Característica: Dieta hipolipídica Na ausência da vesícula biliar, a bile é secretada diretamente pelo fígado no intestino. O sistema biliar sofre dilatação, formando uma “bolsa simulada” com o decorrer do tempo, de modo a permitir que a bile fique retida de modo semelhante à vesícula biliar original. Colecistite É a inflamação da vesícula biliar (pode ser aguda ou crônica) É causada por cálculos biliares que obstruem os ductos biliares (colecistite acalculosa), levando ao retorno da bile. Bilirrubina (principal pigmento da bile) = confere cor esverdeada Quando a obstrução do trato biliar impede que a bile alcance o intestino, ela reflui e retorna à circulação. Bilirrubina = afinidade pelos tecidos elásticos (como o olho e a pele) quando transborda para a circulação geral, provoca a pigmentação amarelada da pele e a coloração dos olhos típica da icterícia. Colecistite aguda A colecistite aguda sem cálculos (colecistite acalculosa) pode ocorrer em pacientes em estado crítico, ou quando a vesícula biliar e a bile estão estagnadas. O comprometimento do esvaziamento da vesícula biliar na colecistite acalculosa crônica parece ser devido à diminuição da atividade contrátil espontânea e à responsividade contrátil diminuída à colecistocinina (CCK). As paredes da vesícula biliar tornam-se inflamadas e distendidas, e pode ocorrer infecção. Durante esses episódios, o paciente apresenta dor abdominal no quadrante superior, acompanhada de náusea, vômitos e flatulência. Colecistite crônica Inflamação duradoura da vesícula biliar. É causada por episódios leves e repetidos de colecistite aguda, levando ao espessamento das paredes da vesícula biliar. A vesícula biliar perde a capacidade de desempenhar as suas funções: a concentração e o armazenamento da bile. O consumo de alimentos ricos em lipídeos pode agravar os sintomas da colecistite devido à necessidade de bile para digerir esses alimentos. Colecistite aguda - Tratamento nutricional Na crise aguda, suspende-se a alimentação oral. NUTRIÇÃO PARENTERAL: pode estar indicada se o paciente estiver desnutrido e se houver previsão de que não irá se alimentar por via oral por um período de tempo prolongado. Quando os alimentos são retomados, recomenda-se uma dieta com baixo teor de lipídeos para diminuir a estimulação da vesícula biliar. 30 a 45 g de lipídeos por dia. Colecistite crônica - Tratamento nutricional Dieta com baixo teor de lipídeos em longo prazo (25% a 30% da energia total) Limitação rigorosa de lipídeo não é desejável = presença de lipídeos no intestino é importante para a estimulação e drenagem do sistema biliar. O grau de intolerância alimentar varia amplamente entre indivíduos com distúrbios da vesícula biliar; muitos queixam-se de alimentos que causam flatulência e distensão. Avaliar com paciente alimentos deverão ser eliminados (alimentos flatulentos). A administração de vitaminas lipossolúveis pode ser benéfica em pacientes com distúrbios crônicos da vesícula biliar ou naqueles com suspeita de má absorção de lipídeos. Colangite É a inflamação dos ductos biliares. Os pacientes com colangite aguda necessitam de antibióticos de amplo espectro. Se o paciente não melhorar com o tratamento conservador, pode haver necessidade de colocação de stent biliar percutâneo ou de colecistectomia. Colangite esclerosante (obstrução) = múltiplas estenoses intrahepáticas, o que torna a intervenção cirúrgica difícil, senão impossível. A dilatação ductal percutânea pode proporcionar uma permeabilidade do ducto biliar em curto prazo em alguns pacientes. Quando a sepse é recorrente, os pacientes podem necessitar de antibioticoterapia crônica. Colangite esclerosante Leitura complementar https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/view/9233/7127 Caso clínico Paciente 59 anos, sexo feminino, interna no hospital com queixas intensas de dor abdominal no quadrante superior. Após TC de abdome foi identificado colelitíase, com indicação de tratamento cirúrgico. Após 24 horas da realização da colecistectomia via laparopomia exploradora, a equipe médica libera dieta via oral para a paciente. No prontuário da paciente encontram-se os seguintes dados: Peso atual: 60Kg ; Estatura: 1,61m ; Circunferência da cintura: 88,5cm Estabeleça o diagnóstico nutricional para essa paciente. Estabeleça a progressão da dieta via oral para o 1º, 2º e 3º dia no pós operatório. Descreva sua conduta nutricional a ser registrado em prontuário hospitalar.
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