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Problema 05 - MT2 - P5 Título: Adoro Acarajé! Tema Central: Dor Abdominal 01 - Compreender a anatomia das vias biliares A bile é produzida pelo fígado, armazenada e concentrada na vesícula biliar que faz a liberação a medida que a gordura entra no duodeno. Qual a sua função? Emulsificar a gordura para que possa ser absorvida na parte distal do intestino A bile tem como função básica digerir as gorduras e auxiliar na absorção de nutrientes como as vitaminas A, D, E e K. Ela é composta por água, colesterol, sais biliares, bilirrubinato e lecitina. Em equilíbrio, estas substâncias mantêm a bile em estado líquido. Como a Bile é produzida? A bile é produzida continuamente pelo fígado, armazenada e concentrada na vesícula biliar, que a libera de modo intermitente quando a gordura entra no duodeno. Ela emulsifica a gordura para que possa ser absorvida na parte distal do intestino. No fígado, os hepatócitos secretam bile para os canalículos biliares formados entre eles. Os canalículos drenam para os pequenos ductos biliares interlobulares e depois para os grandes ductos biliares coletores da tríade portal intra-hepática, que se fundem para formar os ductos hepáticos direito e esquerdo. Logo depois de deixar a porta do fígado, esses ductos hepáticos unem-se para formar o ducto hepático comum, que recebe no lado direito o ducto cístico para formar o ducto colédoco (parte da tríade portal extra-hepática), que conduz a bile para o duodeno. No lado esquerdo da parte descendente do duodeno, o ducto colédoco entra em contato com o ducto pancreático. Esses ductos seguem obliquamente através da parede dessa parte do duodeno, onde se unem para formar uma dilatação, a ampola hepatopancreática. A extremidade distal da ampola abre-se no duodeno através da papila maior do duodeno. O músculo circular ao redor da extremidade distal do ducto colédoco é mais espesso para formar o músculo esfíncter do ducto colédoco. Quando esse esfíncter contrai, a bile não consegue entrar na ampola e no duodeno; portanto, reflui e segue pelo ducto cístico até a vesícula biliar, onde é concentrada e armazenada. • Anatomia da Vesícula Biliar: A vesícula biliar (7 a 10 cm de comprimento) situa-se na fossa da vesícula biliar na face visceral do fígado. Essa fossa rasa está situada na junção das partes direita e esquerda do fígado. Ela tem três partes: 1- Fundo 2- Corpo 3- Colo A posição normal do corpo da vesícula biliar situa-se anterior à parte superior do duodeno, e seu colo e o ducto cístico situam se imediatamente superiores ao duodeno. A vesícula biliar tem formato piriforme e consegue armazenar até 50 ml de bile. O peritônio circunda completamente o fundo da vesícula biliar e une seu corpo e colo ao fígado. A face hepática da vesícula biliar fixa-se ao fígado por tecido conjuntivo da cápsula fibrosa do fígado. A irrigação arterial da vesícula biliar e do ducto cístico vem principalmente da artéria cística. A artéria cística frequentemente origina-se da artéria hepática direita no triângulo entre o ducto hepático comum, o ducto cístico e a face visceral do fígado, o trígono cisto-hepático (trígono de Calot). - Trígono de Calot: um anatômico utilizado para identificar estruturas importantes durante a colecistectomia, é limitado por: ducto cístico, hepático comum, borda inferior do fígado. Extremamente importante durante a cirurgia de colecistectomia, que é a retirada da vesícula biliar. Na maioria das vezes, a cirurgia é realizada por videolaparoscopia. A dissecção cuidadosa do trígono no início da cirurgia protege essas estruturas em caso de variações anatômicas. Quando um cálculo se aloja no ducto cístico, causa cólica biliar. S e e s s e c á l c u l o o b s t r u i r o d u c t o c í s t i c o , o c o r r e a colecistite (inflamação da vesícula biliar), por causa do acúmulo de b i l e , q u e c a u s a dilatação da vesícula. Caso a bile não saia da vesícula, ela entra no sangue e pode causar icterícia. O ultrassom e a TC são exames que frequentemente são realizados nas suspeitas de cálculos impactados. - Exames Lab em Icterícia: O sinal semiológico mais associado à colecistite aguda é a dor à palpação do hipocôndrio direito, podendo ocorrer o sinal de Murphy (pausa da inspiração profunda durante a palpação do hipocôndrio direito). Múltiplos cálculos biliares dentro da vesícula biliar. Na presença de obstrução de vias biliares, temos um aumento predominante de bilirrubina direta, como na doença hepática, porém temos também um aumento predominante das enzimas canaliculares (FA e gama GT). Na presença dessa condição, é necessário um exame de imagem para diferenciar entre causas intrahepáticas e extrahepáticas de obstrução. • Obstrução de Vias Biliares Extra-Hepáticas: O primeiro exame indicado é a ultrassonografia. Quando mostrar dilatação de vias biliares, estamos diante de uma obstrução extrahepática. Quando não houver dilatação de vias biliares, temos uma obstrução intrahepática. Além disso, a colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE) também pode ser realizada. É um exame invasivo, com visualização direta das vias biliares e do ducto pancreático. É altamente eficaz no diagnóstico do nível e grau de obstrução biliar. Também tem a vantagem de poder ser usado para coleta de material diagnóstico e realização de procedimentos terapêuticos (ex.: papilotomia). É o procedimento de escolha na presença de coledocolitíase. Tem como desvantagens o fato de ser invasivo, ter alto custo e taxas de morbidade e mortalidade em torno de 3% e 0,2%, respectivamente, por complicações como pancreatite, perfuração, sangramento etc. Já a colangiorressonância magnética é um exame caro, não invasivo, que não necessita do uso de contrastes mas tem a desvantagem de não possibilitar intervenções terapêuticas, ao contrário da CPRE, sendo um exame puramente diagnóstico. O ducto colédoco se une com o ducto pancreático para formar a ampola hepatopancreatica ou ampola de Vater, que irá se abrir na papila maior do duodeno. O pâncreas produz: • Secreção exócrina (suco pancreático produzido pelas células acinares) que é liberada no d u o d e n o a t r a v é s d o d u c t o pancreático e do ducto acessório • S e c r e ç õ e s e n d ó c r i n a s (glucagon e insulina, produzidos pelas ilhotas pancreáticas [de Langerhans]) que passam para o sangue. O Pâncreas é dividido em quatro partes: 1- Cabeça 2- Colo 3- Corpo 4- Cauda Na suspeita de uma pancreatite, devem ser solicitadas as enzimas amilase e lipase. Cabe ressaltar que a lipase é mais específica para inflamação pancreática. Níveis de lipase acima de três vezes o limite superior da normalidade são altamente indicativos de pancreatite. Amilase pode se elevar na pancreatite, mas também em úlcera péptica perfurada, gravidez ectópica rota, obstrução intestinal, isquemia mesentérica, cálculo em colédoco, insuficiência renal, parotidite e em abuso de álcool. 02 - Sobre a Colecistite: A) Epidemiologia: É mais frequente no sexo feminino. Referente ao sexo masculino, os números aumentam em 30% após 65 anos. B) Etiologia: Inflamação na vesícula biliar, bolsa que armazena bile (importante na digestão de gorduras) e que fica em contato com o fígado, onde pode ocorrer uma inflamação devido a oclusão do ducto cístico. A principal causa é a litíase, ou seja, colecistite aguda calculosa, responsável por 90% dos casos. C) Fatores de Risco: Sexo feminino, múltiplas gestações anteriores, obesidade, idade acima de 60 anos, dieta rica em gordura e colesterol, diabetes e perda rápida de peso D) Fisiopatologia: A fisiopatologia da colecistite consiste na obstrução do ducto cístico. No caso da colecistite calculosa essa obstrução decorre da presença de um cálculo no infundíbulo da vesícula biliar ou no ducto, levando assim a distensão do órgão e como consequência a sua contração, que se manifesta clinicamente como cólicas. Devido á isso, ocorrem alterações locais como edema e ulcerações. Além disso, a parede da vesícula biliar produz substâncias como a Fosfolipase A,que age com a bile produzindo substâncias irritativas a mucosa, e prostaglandinas, que provoca o processo inflamatório. Como consequência desse processo inflamatório a circulação venosa e linfática é comprimida corroborando para o aumento do edema e para possíveis complicações. Além do mais, a distensão biliar pode levar a isquemia tecidual ocasionando gangrena e, eventualmente, uma perfuração causando uma peritonite. Ademais, infecções secundárias podem ocorrer, chegando a 80% dos casos que estão relacionados com gangrena. Dentre os principais microrganismos relacionados com esse processo infeccioso são os microrganismos aeróbios, como E. coli, Klebsiella, Proteus e S. faecalis e os microrganismos anaeróbios, como Peptostreptococcus, C. perfringens e B. fragilis. E) Quadro Clínico: Dor intensa ou desconforto em hipocôndrio direito ou epigástrio, associada a náuseas, vômitos, febre, perda de apetite, batimentos acelerados (provocados pela dor) Essa dor pode ser precedida de ingestão em grandes quantidades de alimentos gordurosos principalmente na forma calculosa e pode irradiar para escápula, precórdio ou dorso Inicia-se subitamente e é de forma contínua, cede em cerca de 12 a 18h. Os episódios de vômitos nem sempre melhoram os sintomas. É possível também que o paciente apresente vesícula palpável, febre, icterícia e sinal de Murphy presente que seria desconforto subcostal direito durante a inspiração mantida. F) Diagnóstico: Realizado a partir de aspectos clínicos e exame de imagem como: - USG Abd T: onde é possível evidenciar cálculos e analisar espessura da parede da vesícula biliar decorrente da inflamação - Tomografia: análise de paredes espessadas com mais de 4mm, evidência de líquido pericolecístico, edema subseroso quando a ascite não está presente e gás intramural - Cintilografia hepatobiliar: tem o auxílio do contraste tecnécio para evidênciar uma possível obstrução do ducto cístico - Exames Lab: Hemograma (observa leucocitose), também a bilirrubina que pode estar presente mesmo sem que tenha obstrução no ducto biliar comum; Aminotransferases, FA, Amilase e Proteína C reativa G) Tratamento: Cerca de 50% tem resolução espontânea no período de 7 a 10 dias sem intervenção cirúrgica. O quadro da colecistite aguda calculosa tende a ceder com jejum, analgesia, hidratação venosa e atb de espectro para Gram negativos. Colecistectomia laparoscópica 03 - Sobre a Colelitíase: A) Epidemiologia: Incidência de litíase biliar em cerca de 20 a 30% da população, sendo que a grande maioria dos pacientes são assintomáticos. A litíase biliar é rara em crianças e apresenta marcado acréscimo na incidência após a 3ª década de vida. Cerca de 70% dos cálculos biliares são formados por colesterol e cálcio e aqueles de colesterol puro respondendo por uma pequena porção (<10%). B) Etiologia: A bile tem como função básica digerir as gorduras e auxiliar na absorção de nutrientes como as vitaminas A, D, E e K. Ela é composta por água, colesterol, sais biliares, bilirrubinato e lecitina. Em equilíbrio, estas substâncias mantêm a bile em estado líquido. Quando o colesterol, os sais biliares ou os bilirrubinatos são produzidos em excesso pelo fígado, há precipitação formando pequenos grânulos. Estes grânulos iniciam a formação dos cálculos biliares. A formação destes cálculos está mais relacionada a fatores metabólicos, hereditários e orgânicos do que à ingestão alimentar, então a alimentação não interfere muito neste processo. Existem dois tipos de cálculos que podem ser encontrados na vesícula biliar, os de colesterol ou de sais biliares; podem ser únicas ou várias acumuladas, que vão desde pequenos grãos à grandes cálculos. C) Fatores de Risco: • Anemia hemolítica crônica. • Emagrecimento acentuado: aumenta a perda de colesterol na bile. • Gravidez. • Idade avançada. • Mulheres em idade fértil, principalmente por volta dos 40 anos. • Mulheres que tiveram múltiplas gestações. • Obesidade. • Pacientes submetidos a cirurgias gástricas • Sedentarismo. • Uso de contraceptivos orais. • Úlceras duodenais • Uso de dieta parenteral. D) Fisiopatologia: Os cálculos biliares são classificados em cálculos de colesterol e cálculos pigmentares. Os de colesterol são subdivididos em puros e mistos, sendo os mistos os mais prevalentes. O colesterol, principal constituinte dos cálculos, é relativamente insolúvel em água e mantém-se em solução na forma de micelas mistas com os sais biliares. Quando a capacidade de solubilização do colesterol por parte da bile ocorre um desequilíbrio na saturação das substâncias constituintes dos cálculos (sais biliares, colesterol e sais de cálcio), predispondo a supersaturação da bile, a precipitação de cristais e consequentemente a formação dos cálculos E) Quadro Clínico: Os pacientes podem muitas vezes serem assintomáticos e nem sequer saberem desta condição. Outras vezes, descobrem estes cálculos quando estão investigando alguma outra patologia. O sintoma inicial é a cólica biliar, que caracteriza-se por uma dor aguda e contínua, localizada na topografia de vesícula biliar ou acima do umbigo, podendo apresentar irradiação para a escápula direita. Muitas vezes, esta dor ocorre após as refeições de alimentos gordurosos. Para aqueles que apresentam sintomas, geralmente observam-se: • Intolerância quando ingerem alimentos gordurosos • Dor na parte superior e central do abdômen ou no quadrante superior direito. • Mal-estar • Náuseas. • Vômitos (acompanhados de dor abdominal). F) Diagnóstico: A ultrassonografia abdominal é o exame de escolha para a detecção de cálculos de vesícula, com sensibilidade e especificidade de 95%. O barro biliar também pode ser detectado. A tomografia computadorizada (TC), a ressonância magnética (RM) e a colecistografia oral (pouco disponível atualmente, apesar de sua grande precisão) são as alternativas. A ultrassonografia endoscópica é particularmente útil na detecção de cálculos menores que 3 mm e pode ser necessária quando outros exames não confirmarem o diagnóstico. Eexames laboratoriais geralmente não auxiliam no diagnóstico. G) Tratamento: Vários são os fatores que devem ser levados em consideração no tratamento do cálculo na vesícula sendo o principal deles a sintomatologia do paciente. Cálculos sintomáticos são indicação para o tratamento cirúrgico. No cálculo assintomático a análise de todas as variáveis envolvendo o caso são analisadas para que se possa decidir ou não pela cirurgia. A cirurgia laparoscópica trouxe mais liberalidade quanto a indicação cirúrgica, visto que os riscos de complicações são menores em relação aos riscos das complicações da doença (colecistite, pancreatite, colangite e etc). De uma maneira geral, pacientes com história de câncer na família, doenças hematológicas, cálculos com mais de 1 cm, presença concomitante de cálculo e pólipos, devem ser operados, por cirurgia convencional, laparoscópica ou robótica. 04 - Sobre a Colangite: A) Epidemiologia As causas mais frequentes de obstrução biliar em pacientes com colangite aguda são os cálculos biliares, representando até 70% dos casos, estenose biliar benigna (28%) e causas malignas (até 57%). A obstrução maligna pode ser decorrente da presença de tumor na vesícula biliar, ducto biliar, ampola, duodeno ou pâncreas. As estenoses biliares benignas podem ser congênitas, pós infecciosas (por exemplo, colangiopatia por AIDS) ou inflamatórias (por exemplo, colangite esclerosante primária). B) Etiologia Obstrução e inflamação das vias biliares, que pode acontecer devido a alterações autoimunes, genéticas ou ser consequência de cálculos biliares ou, mais raramente, de infecção pelo parasita Ascaris lumbricoides, por exemplo. Assim, devido à inflamação das vias biliares, há alteração no processo de transporte da bile par a vesícula biliar e para o intestino, resultando em acúmulo dessa substância no fígado e podendo ter como consequência diminuição da função do fígado. C) Fatores de Risco Alimentação irregular Consumo crônico de álcool Obesidade Estilode vida sedentário Perda rápida de peso D) Fisiopatologia O corpo humano possui mecanismos de defesa para evitar a entrada de bactérias no trato biliar. O esfíncter de Oddi atua como uma barreira mecânica efetiva, impedindo o refluxo duodenal e consequentemente a ascensão de bactérias para as vias biliares. Além disso, a ação da lavagem contínua da bile associada a atividade bacteriostática dos sais biliares ajuda a manter a esterilidade biliar, e a secreção de IgA e a mucosa biliar funcionam como antiaderentes, evitando a colonização bacteriana. As bactérias são capazes de entrar no trato biliar quando os mecanismos normais de barreira são interrompidos. A obstrução biliar, por exemplo, aumenta a pressão intrabiliar e leva ao aumento da permeabilidade dos dúctulos biliares, permitindo a translocação de bactérias e toxinas da circulação portal para o trato biliar. A pressão elevada também favorece a migração de bactérias da bile para a circulação sistêmica, aumentando o risco de septicemia. As bactérias também podem passar espontaneamente pelo esfíncter de Oddi em pequenas quantidades e a presença de um corpo estranho, como uma pedra ou stent, pode atuar como um nicho para a colonização bacteriana. As bactérias mais comumente isoladas são de origem colônica, sendo a E. coli a principal bactéria gram-negativa isolada, seguida por Klebsiella e espécies de Enterobacter. As bactérias gram-positivas mais comuns são as espécies de Enterococcus. E) Quadro Clínico A apresentação clássica da colangite aguda é conhecida como Tríade de Charcot, que consiste em febre, dor abdominal localizada no abdome superior direito e icterícia, embora apenas 50 a 75% dos pacientes com colangite aguda tenham todos os três achados. A febre e a dor abdominal ocorrem em aproximadamente 80% dos pacientes, enquanto a icterícia é observada em 60 a 70% dos pacientes. Além de febre, dor abdominal e icterícia, os pacientes com colangite grave podem apresentar hipotensão e alterações do estado mental, fechando a Pentade de Reynolds. A hipotensão pode ser o único sintoma manifesto em adultos mais velhos ou em pessoas que tomam glicocorticoides. Pacientes com colangite aguda também podem apresentar complicações de bacteremia, incluindo abscesso hepático, sepse e choque. ————————— Na maioria dos casos, a colangite não provoca sintoma e costuma ser descoberta em exames de rotina ou em estágio onde já comprometeu gravemente o fígado. Nessa fase, o paciente pode sentir: Cansaço excessivo Coceira na pele Secura em olhos e boca Dor muscular e nas articulações Inchaço dos pés e tornozelos Pele e olhos amarelados Diarreia com muco gorduroso Também é comum que a colangite surja em associação com outras doenças auto-imunes, como ceratoconjuntivite seca, síndrome de Sjogren, artrite reumatóide, esclerodermia ou tireoidite de Hashimoto, por exemplo. Além disso, a colangite pode estar relacionada com a presença de cálculos biliares ou ser devido à presença de grande quantidade vermes nas vias biliares. F) Diagnóstico O diagnóstico de colangite aguda é feito se um paciente tem evidência de inflamação sistêmica (com febre e/ou contagem anormal de leucócitos, aumento da proteína C reativa sérica ou outras alterações sugestivas de inflamação) associada a ambos os seguintes fatores: evidência de colestase, com bilirrubina ≥ 2 mg/dL ou química hepática anormal (fosfatase alcalina elevada, gama-glutamil transpeptidase, alanina aminotransferase ou aspartato aminotransferase, até 1,5 vezes o limite superior do normal) e imagem com dilatação biliar ou evidência da etiologia subjacente (por exemplo, estenose, cálculo ou stent). Exames de imagem como USG e tomografia computadorizada de abdome podem definir a etiologia da colangite, no entanto, o método mais acurado é a colangiopancreatografia retrógrada por ressonância magnética (CPRM), capaz de identificar cerca de 95% dos cálculos biliares maiores que 1 cm, devendo ser realizada sempre que possível. A avaliação laboratorial para estabelecer o diagnóstico e classificar a gravidade inclui hemograma completo, eletrólitos, painel metabólico abrangente, tempo de protrombina (TP). As hemoculturas devem ser realizadas em todos os pacientes nos quais há suspeita de colangite para ajudar na terapia antibiótica direta. As culturas também devem ser obtidas da bile ou stents removidos na colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE). G) Tratamento Pacientes com diagnóstico de colangite aguda devem ser internados para tratamento hospitalar. Com base na gravidade, os pacientes requerem hidratação intravenosa, correção de distúrbios eletrolíticos associados, analgésicos para controle da dor e antibioticoterapia. Além disso, os pacientes devem ser monitorados para disfunção orgânica e choque séptico. Em geral, os regimes de antibioticoterapia empíricos para infecções intra-abdominais incluem antimicrobianos com atividade contra estreptococos entéricos, coliformes e anaeróbios. Os agentes antimicrobianos escolhidos devem ser posteriormente adaptados aos resultados de cultura e suscetibilidade, quando estiverem disponíveis. Cerca de 70 a 80% dos pacientes com colangite aguda respondem ao tratamento inicial com terapia antibiótica. Em pacientes com colangite leve a moderada, a drenagem biliar deve ser realizada em 24 a 48 horas, mas pacientes com colangite leve a moderada que não respondem ao tratamento conservador por 24 horas e pacientes com colangite grave (supurativa) requerem descompressão biliar urgente.
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