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Etapas e procedimentos do Processo Legislativo Prof. Me Elisabete Batista Silva do Carmo O Congresso Nacional é uma instituição política que exerce o Poder Legislativo. É bicameral, logo composto por duas Casas: o Senado Federal (integrado por 81 senadores, que representam as 27 unidades federativas (os 26 estados e o DF) e a Câmara dos Deputados (integrada por 513 deputados federais, que representam o povo). A execução das atividades pelo Congresso Nacional são denominadas de Legislaturas e compreendem o período de 04 anos. Sessão Legislativa é o período anual, em que o Congresso se reúne anualmente, com início em 02 de fevereiro e recesso a partir de 17.07, com retorno em 01.08 e encerramento em 22.12. E, por fim, por período legislativo revelam-se os períodos semestrais. Regulamentado pelo art.59 da Constituição Federal 1988, o Processo Legislativo Brasileiro pode ser definido como o conjunto de disposições que disciplinam o procedimento a ser observado pelos órgãos competentes na elaboração das espécies normativas. • Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. A Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998, regulamenta o artigo 59, parágrafo único da CF/88, • Desta forma, as normas jurídicas produzidas de acordo com as regras do processo legislativo são as enumeradas no artigo 59 da CF/88: emendas à constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. • Procedimentos do Processo legislativo • Classificam-se em três espécies: • Comum ou ordinário, • Sumário • Procedimentos especiais • O procedimento comum ou ordinário destina-se à elaboração das leis ordinárias é previsto na Constituição Federal mais especificamente no artigo 61. É constituído pelas seguintes fases: fase introdutória, fase constitutiva e fase complementar (MORAES; 2015). Fase introdutória: • Reúne basicamente uma faculdade atribuída a algum cargo ou a algum órgão, para apresentar projetos de lei ao Poder Legislativo. Essa faculdade que dá início ao processo legislativo pode ser parlamentar, extraparlamentar, concorrente ou exclusiva. • Iniciativa parlamentar é conferida aos membros do Congresso Nacional. • Inciativa extraparlamentar é conferida ao chefe do Poder Executivo, aos Tribunais Superiores, ao Ministério Público e aos cidadãos. • Iniciativa concorrente confere à vários legitimados, de uma só vez, a faculdade de darem início a um projeto de lei. • Iniciativa exclusiva de lei confere a legitimidade a somente determinado cargo ou órgão. Ex. fixação dos subsídios dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, será estabelecida sempre por lei ordinária de iniciativa do Presidente do Supremo Tribunal Federal (artigos 48, XV e 96, II, b, da CF. Fase constitutiva: •Essa fase comporta a discussão e a votação do projeto de lei apresentado ao Congresso Nacional, para tanto, ambas as Casas (Câmara dos Deputados e Senado Federal) delimitarão o objeto a ser aprovado ou rejeitado pelo Poder Legislativo. Após a deliberação parlamentar, caso o projeto de lei seja aprovado pelas duas Casas Legislativas, o chefe do Poder Executivo exercitará seu poder de veto ou de sanção. • Sanção é a aquiescência do Presidente da República aos termos do projeto de lei já aprovado pelas Casas do Congresso Nacional. A sanção poderá ser expressa ou tácita. • Expressa - quando o Presidente da República se manifestar expressamente dentro de um prazo de 15 (quinze) dias. • Tácita - ocorre quando o Presidente da República se silenciar após a decorrência desse mesmo prazo de 15 (quinze) dias. • A sanção ainda poderá ser parcial ou total, dependo da concordância parcial ou total do Presidente em relação ao conteúdo do projeto de lei. • Em relação ao veto, pode ser este conceituado como sendo uma manifestação de discordância do Presidente da República em relação ao projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo. O prazo para a prática do veto presidencial será de 15 (quinze) dias úteis, tendo início a sua contagem na data do recebimento do projeto de lei pelo Chefe do Poder Executivo. Fase complementar •A fase complementar compreende a promulgação e a publicação do projeto de lei. A promulgação garante a execução da lei e a publicação garante a notoriedade da lei. •A promulgação - atesta uma renovação ocorrida na ordem jurídica, declarando a existência de uma lei e consequentemente o seu cumprimento. A promulgação irá incidir sobre um ato perfeito e acabado. • A Publicação do projeto de lei trata-se de uma comunicação a todos dirigida para que cumpram o ato normativo, informando- os de sua existência e de seu conteúdo. O texto promulgado será inserido no Diário Oficial da União. O Presidente da República também é considerado como responsável pela publicação da lei. • Após ser publicada, a lei entrará em vigor em todo o território nacional, quarenta e cinco dias após a data de sua publicação. Poderão haver hipóteses nas quais o próprio texto de lei determine a data do começo de vigência da lei. •Procedimento Sumário • Apresenta como característica a existência de um prazo dentro do qual deve o Congresso Nacional deliberar sobre assuntos pré-determinados. •É aquele em que o chefe do executivo, nos projetos de lei de sua iniciativa, solicita urgência. É um procedimento mais curto, pois em até 100 dias o projeto deve ser votado pelo Congresso Nacional. A fixação de prazo máximo para apreciação do projeto de lei é a diferença que o processo legislativo sumário tem com o processo legislativo comum. •Procedimentos especiais • São empregados na elaboração das emendas constitucionais, das leis complementares, das leis delegadas, das medidas provisórias, dos decretos- legislativos, das resoluções e das leis financeiras. •Espécies Normativas: •Emendas constitucionais, •Leis complementares, •Leis ordinárias, •Leis delegadas, •Medidas provisórias, •Decretos legislativos •Resoluções. •Emendas Constitucionais: Possibilitam a inserção de acréscimos, supressões ou modificações do texto constitucional. As emendas constitucionais não se sujeitam à sanção presidencial e têm a mesma natureza e eficácia das normas constitucionais (MOTTA; 2007). O artigo 60 da CF impões todos os limites que devem ser respeitados por um projeto de emenda constitucional. • Da Emenda à Constituição • Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: • I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; • II - do Presidente da República; • III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando- se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. • § 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. • § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. • § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. • § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: • I - a forma federativa de Estado; • II - o voto direto, secreto, universal e periódico; • III - a separação dos Poderes; • IV - os direitos e garantias individuais. • § 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. • As ECs podem ser propostas: • Pelo Presidente da República • Por metade das AssembleiasLegislativas do país • Ou por, no mínimo, um terço dos membros de qualquer Casa do Congresso. • Não podem ser realizadas: • Durante intervenção federal e estado de emergência ou sítio, • Não podem prejudicar a federação, o voto, a separação de poderes e os direitos e garantias individuais - as chamadas cláusulas pétreas da Constituição • Feita a proposta: • Cada Casa do Congresso deve discuti-la e votá-la em dois turnos, havendo aprovação somente com mais de 60% dos votos em ambas. •Se rejeitada, a matéria da proposta não pode ser repetida na mesma sessão legislativa; ou seja, uma "nova tentativa" ocorre só no ano seguinte. Leis complementares •Que têm como propósito justamente regular pontos da Constituição que não estejam suficientemente explicitadas. Na hierarquia das leis ocupa uma categoria intermediária entre a CF e as leis ordinárias. •Ex. A Lei Orgânica da Magistratura Nacional, a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. •Deve ser aprovada por maioria absoluta. Leis Ordinárias •Trata-se de normas jurídicas com as regras mais gerais e abstratas. Essas matérias precisam ser discutidas e aprovadas por deputados ou senadores e, posteriormente, sancionadas pelo chefe do Poder Executivo, o Presidente da República. •Ex. os códigos em geral (Civil, Penal) e a lei sobre o regime jurídico dos Servidores Federais. •Deve ser aprovada por maioria simples (artigo 47 da CF/88). •Leis delegadas Têm a mesma hierarquia das ordinárias. São elaboradas pelo chefe do Poder Executivo a partir de delegação do Congresso Nacional ou seja são exclusivas do Presidente da República, só são possíveis com a concessão do Congresso, que delega seus poderes de legislação. Para promulgá-las, o Presidente primeiro envia uma solicitação ao Congresso. Ex. Lei Delegada n. 13, que instituiu as gratificações de atividade para servidores do Poder Executivo •Medida Provisória (MP) Anteriormente conhecida como decreto-lei, é expedida pelo Presidente da República em caso de relevância ou urgência, tem força de lei e vigência de 60 dias. Embora tenha força imediata de lei, não é verdadeiramente uma lei, no sentido técnico estrito deste termo, visto que não existiu processo legislativo prévio à sua formação. O processo legislativo é posterior. É regulamentada pelo art. 62 CF. •Deve, obrigatoriamente, ser examinada pelo Congresso. • Deputados e Senadores que podem aprovar ou rejeitar a norma, ou ainda criar nova lei em sua substituição. • As aprovações requerem maioria simples dos votos. • Se ultrapassado o prazo e não for aprovada, a MP perde a validade. A medida pode ser reeditada, porém a CF proíbe a reedição de uma medida provisória, na mesma sessão legislativa, expressamente rejeitada no Congresso Nacional, ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo, podendo ser adotada novamente na sessão legislativa seguinte. As medidas provisórias podem ser editadas pelos Estados-membros e municípios, desde que haja previsão nas suas respectivas constituições e leis orgânicas. •O Presidente da República não poderá regular através de MP: • Nacionalidade, •Cidadania, •Direitos políticos e direito eleitoral, • Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, • Carreira e a garantia dos membros do Poder Judiciário e do Ministério Público, • Planos plurianuais, • Diretrizes orçamentárias, • Orçamento e os créditos adicionais e suplementares. • Sobre Direito Penal, Direito Processual Penal e Processual civil; • Por derradeiro, a medida provisória não poderá versar sobre matéria da competência de lei complementar. Decretos Legislativos São atos normativos de competência do Congresso Nacional Ex. ratificação de tratados internacionais, autorizar referendos populares e plebiscitos, e conceder autorização para o funcionamento de emissoras de rádio e de televisão. Resoluções Espécie normativa prevista na CF, são atos editados pelo Congresso Nacional, pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados para tratar de assuntos internos. Há, contudo, outras espécies de resoluções editadas pelos poderes executivo e judiciário no intuito de regulamentar leis sobre determinados assuntos. Ex. resoluções editadas pelo Conselho Nacional de Justiça-CNJ •Quórum de Aprovação •Essa expressão é usada para especificar a quantidade de votos necessária para a aprovação de uma lei. Serve como primeiro critério distintivo entre a lei ordinária e a complementar. Ex. A Lei complementar deve ser aprovada por maioria absoluta (artigo 69 da CF/88). imaginemos que seja necessária a aprovação das espécies normativas no Senado Federal, que possui o total de 81 Senadores. A aprovação de uma lei complementar exigirá o mínimo de 41 votos (primeiro número inteiro superior à metade do total de integrantes, o que representa o conceito de maioria absoluta). • Lei ordinária: aprovada por maioria simples (artigo 47 da CF/88). • presentes 50 Senadores, por exemplo, a maioria simples para aprovar uma lei ordinária será de 26 Senadores. Caso estejam presentes 60 Senadores, a maioria simples será de 31 Senadores. Caso estejam presentes 75 Senadores, a maioria simples será de 38 Senadores, e assim sucessivamente. Concluímos assim que: A maioria simples representa o primeiro número inteiro superior à metade dos presentes, enquanto a maioria absoluta representa o primeiro número inteiro superior à metade dos membros. É importante ter em mente que, enquanto o número correspondente à maioria absoluta é fixo, a maioria simples representa um número variável, a depender da quantidade de pessoas presentes no dia específico. • Referências • LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. AMARAL JUNIOR, José Levi Mello do. Medida Provisória- Edição e Conversão em lei. Teoria e Prática. Série EDB- São Paulo: Saraiva,2013