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pedido de ação

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AO JUÍZO DE DIREITO DA …… VARA DO JUIZADO CIVEL E EMPRESARIAL DA COMARCA DE BELÉM 
REQUERENTE, Clínica de radiologia de Belém limitada, CNPJ xxx, cuja sede se encontra no endereço xxx, cidade de Belém , CEP xxxxx, vem por meio de seu advogado que esta subscreve (procuração anexo), endereço profissional, onde receberá intimações, vem perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 478 e 317, ambos do Código Civil Brasileiro, propor a presente.
AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C PEDIDO DE REAJUSTAMENTO DAS PRESTAÇÕES C/C TUTELA ANTECIPADA
em desfavor de REQUERIDA, General elétrique do Brasil S/, CNPJ xxx, cuja sede se encontra no endereço xxx, cidade de xx, CEPxxx, endereço eletrônico, o que faz com fulcro nos pontos de fato e de direito doravante articulados:
PRELIMINARMENTE
AUSÊNCIA DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS
À luz do que dispõe o art. 976 do Código Civil Brasileiro, vale afirmar ao douto Julgador que o caso em tela não se trata de uma demanda repetitiva, nem configura um risco de ofensa à isonomia e nem à segurança jurídica.
DA AUDIÊNCIA DE CONSILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
O requerente deixa consignado que tem interesse na realização da audiência de conciliação e mediação com fulcro no art. 334 do NCPC, aguardando a intimação para comparecimento em dia e horário a serem marcados por Vossa Excelência.’
1. DOS FATOS
A reclamante adquiriu junto à reclamada, equipamentos médico-hospitalares, quais sejam: 02 Máquinas de Raio-x; 01 Máquina Ressonância Magnética; 02 Máquina de Ultrassonografia ; 01 Mamografia 
As partes celebraram contrato em janeiro de 2019 e naquele instrumento ficou acertado que o reajuste das parcelas financiadas se daria em conformidade com a variação do dólar Americano se encontrava no valor de 3,50 em relação ao Real
O contrato firmado para pagamento no total quatro milhões de reais, a serem pagos 120 parcelas com valor da parcela inicial de R$ 360,000 mil reais 
Ocorre que em novembro de 2020, o dólar disparou para R$5.50 e o valor da parcela saltou de R$360.000,00 para exorbitante R$400.000,00 em razão da forte variação cambial ocorrida.O que impossibilitou a empresa de continuar pagando o novo valor.
Diante de tal situação, a requerente insistentemente buscou uma solução pacífica do conflito junto à reclamada afim de revisar a abusiva cláusula contratual e reajustar o valor das prestações. Porém, no que pese exaustivas tentativas, não obteve sucesso ou qualquer tipo de retorno da reclamada, não restando outra alternativa a ser socorrer-se no judiciário.
2. DO DIREITO
2.1. DA EXISTÊNCIA DA RELAÇÃO DE CONSUMO
É indiscutível a caracterização de relação de consumo entre as partes, apresentando-se a empresa requerida como prestadora de serviços e, portanto, fornecedora nos termos do art. 3º do CDC, e a parte requerente como consumidora, de acordo com o conceito previsto no art. 2º do mesmo diploma. Assim descrevem os artigos acima mencionados:
Lei. 8.078/90 - Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Lei. 8.078/90 - Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Uma vez que a requerente adquiriu tais equipamentos para uso e não para revenda, resta configurada sua condição de consumidora, razão pela qual deve ser reconhecida e relação de consumo entre as partes.
2.2. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, VULNERABILIDADE E HIPOSSUFICIÊNCIA
O artigo 4º, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), prevê o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo. Esse reconhecimento significa que o consumidor é a parte fraca da relação jurídica de consumo. Essa fraqueza, fragilidade, é real, concreta, e decorre de dois aspectos: um de ordem técnica (a ignorância do consumidor relativa ao conhecimento técnico do produto ou da prestação de serviço) e outro de cunho econômico (a desproporção fática de forças, intelectuais e econômicas que caracteriza as relações de consumo).
O Código de Defesa do Consumidor, garante ao consumidor, no seu art. 6º, VIII, “a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do Juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”.
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, seguindo as regras ordinárias de expectativas.
Ainda assim, Flávio Tartuce (2012, p. 30), através de sua ótica, aponta a discreta diferença dos conceitos. Vejamos:
“…O conceito de vulnerabilidade é diverso da hipossuficiência. Todo consumidor é sempre vulnerável, característica intrínseca à própria condição de destinatário final do produto ou serviço, mas nem sempre será hipossuficiente, como se verá a seguir. Assim, enquadrando-se a pessoa como consumidora, fará jus aos benefícios previstos nesse importante estatuto jurídico protetivo. Assim, pode-se dizer que a vulnerabilidade é elemento posto da relação de consumo e não um elemento pressuposto, em regra. O elemento pressuposto é a condição de consumidor”.
Desse modo, cabe à parte requerida demonstrar provas em contrário ao que foi exposto pela parte requerente. Resta informar ainda que algumas provas seguem em anexo. Assim, as demais provas que se acharem necessárias para resolução da lide, deverão ser observadas o exposto na citação acima, pois se trata de princípios básicos do consumidor.
2.3. DA NULIDADE DA OBRIGAÇÃO EM MOEDA ESTRANGEIRA
O contrato, objeto desta lide, foi firmado no sentido de que o reajuste das parcelas financiadas se daria em conformidade com a variação do dólar Norte-Americano em relação ao Real.
Ocorre que a legislação pátria proíbe o pagamento em moeda estrangeira, conforme previsão do decreto-lei 857, artigo 1º. Vejamos:
Art 1º. São nulos de pleno direito os contratos, títulos e quaisquer documentos, bem como as obrigações que exequíveis no Brasil, estipulem pagamento em ouro, em moeda estrangeira, ou, por alguma forma, restrinjam ou recusem, nos seus efeitos, o curso legal do cruzeiro.
Ainda, em conformidade com a lei nº 8.078/90, que dispõe sobre a proteção do consumidor apresenta:
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
O decreto-lei em epígrafe acima, mantém a cinquentenária proibição do uso de moeda estrangeira no território nacional, com a finalidade de invalidar a cláusula do dólar e impor ao contrato o uso da moeda nacional.
Tal proibição tem prevalecido nas decisões dos nossos tribunais, como podemos verificar pela ementa abaixo, que muito bem reflete o posicionamento de nossos insignes magistrados:
"EMBARGOS À EXECUÇÃO, TÍTULO LÍQUIDO, CERTO E EXIGÍVEL - CLÁUSULA CONTRATUAL - atualização monetária - nulidade - recurso desprovido - a atualização do débito pelos índices oficiais é medida que se impõe uma vez decretada a nulidade de cláusula contratual que previa como forma de correção do valor das prestações a variação da moeda norte americana." (Acórdão nº 2.173, DJ/PR em 05.03.93)
Assim se manifestou também a Comissão de Defesa do Consumidor da OAB/PR, sobre a matéria em foco:
"O uso da moeda estrangeira no território nacional é sinal de colonialismo e atraso econômico, razão pela qual o legislador coibiu tal prática através da edição do Dec. Lei 857/69. A moeda nacional é um dos mais valiosos instrumentos de manifestação da nossa soberania, razão pela qual é tarefa de todosa sua defesa nesse grave momento pelo qual passa o país." (Jornal da OAB/PR, fevereiro/99, pág. 8)
Assim decidiu o Tribunal de Justiça do Paraná, embasado no Decreto-lei nº 857/69, art. 1º
"CONTRATO - VALOR ESTIPULADO PARA PAGAMENTO EM MOEDA ESTRANGEIRA - NULIDADE - exigibilidade da dívida - É nulo de pleno direito o contrato que estipular o pagamento em moeda estrangeira (Dec.-lei 857, art. 1º), mas a nulidade não atinge a dívida, que continua sendo exigível pelo procedimento comum, convertida em moeda nacional na data da avença e corrigida até o efetivo pagamento." (TJ/PR - Ap. Cível nº 0031512-8 - Comarca de Londrina - Ac. 9908, Unân. - 3ª Câm. Cív. Rel. Nunes do Nascimento, DJ/PR 24.10.94, pág. 43)
O Código de Defesa do Consumidor em seu art. 6º, inciso V, sensível à nova realidade dos contratos de massa, prevê que são direitos básicos do consumidor:
"a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas."
O fato superveniente que autoriza a revisão da cláusula está exatamente na alteração abrupta da política cambial do Governo, que culminou na elevação da cotação do dólar americano em mais de ....% em apenas uma semana. Não há como ser suportado pela Autora um aumento tão significativo em sua prestação que chega a mais de ....%, num período de apenas .... dias, enquanto a inflação medida pelo INPC ficou em ....%.
O que se busca no caso em tela é exatamente um equilíbrio financeiro da cláusula contratual, para evitar o enriquecimento da instituição financeira, em detrimento da imposição de um ônus excessivamente gravoso ao consumidor.
2.4. REAJUSTAMENTO DO VALOR DA PARCELA
É cediço que O Código Civil, em seu art. 421, reza que “a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Isso significa, sobretudo, que o contrato deixa de ser apenas instrumento de realização da autonomia privada, para desempenhar uma função social.
A orientação nas relações de crédito, até hoje tem sido pensada com base no acordo de vontade. No entanto, em face do que reza a Lei Substantiva vigente, não devemos ater-nos não mais no consentimento, mas no interesse social protegido.
Acerca do tema em vertente, convém ressaltar que o princípio da função social determina que os interesses individuais das partes do contrato sejam exercidos em conformidade com os interesses sociais, sempre que estes se apresentem. Não pode haver conflito entre eles, pois os interesses sociais são prevalecentes. Qualquer contrato repercute no ambiente social, ao promover peculiar e determinado ordenamento de conduta e ao ampliar o tráfico jurídico.
A função exclusivamente individual do contrato é incompatível com o Estado social, caracterizado, sob o ponto de vista do direito, pela tutela explícita da ordem econômica e social, na Constituição.
O art. 170 da Constituição brasileira estabelece que toda a atividade econômica – e o contrato é o instrumento dela – está submetida à primazia da justiça social:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos, existência digna, conforme os ditames da justiça social
Portanto, não basta a justiça ser comutativa. Enquanto houver ordem econômica e social haverá Estado social; enquanto houver Estado social haverá função social do contrato.
Com o mesmíssimo entendimento, leciona Paulo Nader que:
“A função social do contrato que os acordos de vontade guardem sintonia com os interesses da sociedade, impedindo o abuso de direito. A validade do contrato não requer apenas o cumprimento dos requisitos constantes do art. 104, da Lei Civil. Além do atendimento a estes requisitos gerais é indispensável a observância dos princípios de socialidade, que se afinam com os valores de justiça e de progresso da sociedade […]”.
O contrato, de outro bordo, além de instrumento para realização dos interesses particulares, igualmente é um mecanismo que vem a promover um dos objetivos da ordem jurídico-constitucional.
De toda conveniência, nesse compasso, que o Magistrado empreenda todos os esforços para preservar os interesses sociais, sobretudo com a manutenção do contrato, assim querendo uma ou ambas as partes.
Dessa maneira, encontra-se imerso no Código Civil comando possibilitando ao Juiz, no caso concreto, apreciar o fato narrado e, em consequência, manter a relação entabulada, sobremodo diante de circunstâncias adversas a uma delas. Vejamos:
Art. 317. Quando por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quando possível, o valor real da prestação.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Assim, diante de todo o exposto, a parte requerente pleiteia a
2.5. DA TUTELA DE URGÊNCIA
O Código de Processo Civil Brasileiro autoriza o Juiz conceder a tutela de urgência quando “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”, desde que o juiz se convença da verossimilhança da alegação e o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ou fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu, vejamos:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
[...]
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
No caso vertente, os requisitos da medida antecipatória estão presentes, pois o objeto de liminar na própria ação representa providências de natureza emergencial.
Por isso, a parte requerente vem por meio da presente ação requerer a V. Exa. que determine a proibição de inserção do nome da requerente em órgãos de defesa do consumidor ou o retire caso já tenha inserido, combinando-lhe em caso de descumprimento, sanção pecuniária a ser arbitrada por este douto juízo.
3. DOS PEDIDOS
Pautado no princípio legal do equilíbrio socioeconômico e contratual, bem como por acreditar fielmente na Justiça brasileira é que o demandante vem requer-se a Vossa Excelência:
Conceder os efeitos da tutela de urgência, consoante o art. 300, do CPC/2015, para determinar a proibição de inserção do nome da requerente em órgãos de defesa do consumidor ou o retire caso já tenha inserido, sob pena de multa a ser arbitrada por este juízo;
Que seja determinada a citação da parte Promovida para, querendo, contestar a presente ação;
Determinar a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, diante da equiparação da parte autora a consumidor e, em consequência disso, salvaguardar e facilitar a defesa dos direitos da Requerente, inclusive determinando a inversão do ônus da prova em seu favor, nos termos dos arts. 6º, VIII e 17 do CDC;
Designação de audiência de conciliação, para que no ato possam as partes solucionar a lide antecipadamente e, caso inexitosa proposta a conciliação, seja designada audiência de instrução e julgamento;
Contestada ou não, seja a presente ação julgada inteiramente procedente para declarar nula de pleno direito a cláusula …… do contrato celebrado com a requerida, revertendo a indexação para o índice inflacionário usado no país, (IGPM-INPC), ou outro índice que entender Vossa Excelência;
Requer também a abertura de uma conta judicial para que seja depositado o valor que a demandante entende por correto, demonstrando a vontade da mesma em continuar adimplindo seu contrato de financiamento, mas dessa vez, utilizando-se de juros não abusivos;
Que caso necessário, sejam os autos remetidos à Contadoria Judicial,a fim de que elabore os cálculos de acordo com a lei;
A condenação do demandado no pagamento de custas e honorários na ordem de 20% sobre o valor da causa;
A manutenção da liminar, nos seus ulteriores termos, até julgamento da lide.
Protesta pela produção de todos os meios de provas admitidos em direito e pela juntada de novos documentos.
Atribui-se à causa o valor de R$ 450.000(valor por extenso).
Nestes termos, pede deferimento.
Local e data
Advogado/OAB-PA

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