Buscar

FAMILIA_SUCESSOES_AULA_5_08_09_2022

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO DAS FAMÍLIAS E SUCESSÕES– ARA0573
PROF. ALEX CADIER - AULA 5 – 08/09/2022
RESUMO DA ÚLTIMA AULA: CASAMENTO (cont.)
· Regime de bens no casamento:
· Disposições gerais e princípios regentes;
· Comunhão parcial de bens: arts. 1.658-1.666, CC;
· Comunhão universal: arts. 1.667-1.671, CC;
· Participação final nos aquestos: arts. 1.672-1.686, CC;
· Separação de bens: arts. 1.687-1.688, CC.
· Da dissolução da sociedade e do vínculo conjugal:
· Separação e Divórcio;
· Separação e Divórcio Judicial ou Extrajudicial
TEMA DA AULA DE HOJE: UNIÃO ESTÁVEL E OUTRAS ENTIDADES FAMILIARES. / PODER FAMILIAR / DA PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS / DA GUARDA
UNIÃO ESTÁVEL
O marco histórico fundamental do processo de positivação da união estável foi o advento da Constituição de 88, que reconheceu expressamente a união estável como entidade familiar merecedora da proteção estatal, estabelecendo, assim, o pluralismo no direito de família para além das famílias apenas formadas pelo casamento.
Como já vimos, a Constituição Federal determinou expressamente, também, a igualdade de direitos entre todos os filhos, havidos ou não do casamento, proibindo inclusive designações discriminatórias relativas à filiação, tais como filhos ilegítimos, adulterinos ou espúrios.
Diante da nova sistemática inaugurada pela Constituição Federal, foram editadas, com vistas à regulamentação infraconstitucional da união estável, a Lei nº 8.971, de 29 de dezembro de 1994, prevendo o direito dos companheiros a alimentos e à sucessão, e a Lei nº 9.278, de 10 de maio de 1996, com a finalidade de regular o § 3º do artigo 226 da Constituição Federal, constituindo um verdadeiro estatuto da união estável.
Em 2002, o atual Código Civil dedicou, além de disposições esparsas, todo o título III do seu Livro IV (Do Direito de Família) à união estável (artigos 1.723 a 1.727), estabelecendo o conceito e as principais características do instituto, aplicáveis atualmente
A união estável não se coaduna com a mera eventualidade na relação e, por conta disso, equipara-se ao casamento em termos de reconhecimento jurídico, firmando-se como forma de família, inclusive com expressa menção constitucional (art. 226, § 3º, CRFB).
O art. 1.723, CC reconhece “como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”. Trata-se, na prática, de uma relação afetiva de convivência pública e duradoura entre duas pessoas, do mesmo sexo ou não, com o objetivo imediato de constituição de família[footnoteRef:1]. [1: Com o intuito de fazer prova negativa de união estável, vem sendo cada vez mais utilizado o contrato de namoro, que a despeito de não ter previsão legal, insere-se na autonomia da vontade e da liberdade de contratar prevista no art. 421 do CC. Sobre o assunto, vejam os seguintes artigos:
https://ibdfam.org.br/artigos/1644/A+%28in%29validade+do+contrato+de+namoro+e+a+poss%C3%ADvel+descaracteriza%C3%A7%C3%A3o+da+uni%C3%A3o+est%C3%A1vel 
https://www.migalhas.com.br/depeso/366547/contrato-de-namoro-qual-a-sua-validade-juridica ] 
Percebe-se assim a necessidade de se enxergar alguns elementos essenciais à caracterização da união estável, quais sejam:
a) Publicidade (convivência pública, reconhecimento social como família), que a diferencia da relação clandestina. Não obstante a informalidade que lhe é inerente, a união estável pode ser facultativamente registrada, conforme Provimento n° 37 do CNJ, de 7 de julho de 2014.
b) Continuidade (convivência contínua), com animus de permanência e definitividade, o que a diferencia do namoro.
c) Estabilidade (convivência duradoura), diferenciando-a da “ficada”. O STJ conceituou o ato de “ficar” com um relacionamento casual, fugaz, de apenas um encontro, embora dele possa advir consequências como a concepção, dado que não é necessário o envolvimento amoroso para que haja contato sexual (REsp 557.365/RO, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, julgado em 07/04/2005, DJ 03/10/2005, p. 242)
d) Objetivo de constituição de família, que a distingue de uma mera relação obrigacional. Ausente este elemento finalístico ou teleológico, estará configurado apenas um namoro, como já assentou a jurisprudência: (TJRS, Apelação Cível 70034815902, Rel. Claudir Fidelis Faccenda, julgado em 18-3-2010, 8ª Câm. Cív.)
Já decidiu o Superior Tribunal de Justiça (REsp 1.194.059/SP, 3.ª Turma, Rel. Min. Massami Uyeda, j. 06.11.2012, DJe 14.11.2012) que “a lei não exige tempo mínimo nem convivência sob o mesmo teto, mas não dispensa outros requisitos para identificação da união estável como entidade ou núcleo familiar. Entre estes requisitos menciona, além da convivência duradoura e pública, com notoriedade e continuidade, apoio mútuo, ou assistência mútua, intuito de constituir família, com os deveres de guarda, sustento e de educação dos filhos comuns, se houver, bem como os deveres de lealdade e respeito”. 
O art. 1.723 do CC preceitua o seguinte:
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
§ 1 o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2 o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável. Assim, em qualquer situação prevista como impedimento para o casamento as pessoas também estarão impedidas de manter união estável, salvo quando o companheiro, ainda casado, estiver separado de fato ou judicialmente. Tais pessoas, portanto, não poderão casar, mas podem constituir união estável.
Diferentemente do que ocorre no casamento, onde, uma vez configurada qualquer causa suspensiva, é imposta aos cônjuges a sanção de adotar o regime da separação obrigatória, na união estável não se aplica a restrição.
O art. 1.724, CC, estabelece os efeitos pessoais da união estável para os companheiros, indicando seus direitos e deveres recíprocos: “As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos”.
Por seu turno, o art. 1.725, CC, regula os efeitos patrimoniais da união estável, definindo o regime de bens padrão: “Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens”.
Conforme Enunciado n° 115 da I Jornada de Direito Civil, há presunção de comunhão de aquestos na constância da união mantida entre os companheiros, não sendo necessária “a prova do esforço comum para se comunicarem os bens adquiridos a título oneroso durante esse período”, efeito este que “é decorrente do próprio regime da comunhão parcial”, o que evidencia estar “superada a antiga ideia de prova de esforço comum para a comunicação de bens na união estável, o que remonta à antiga aplicação da Súmula 380 do STF à união estável, antes da Constituição Federal de 1988”.
Acrescente-se que quando um dos companheiros contar com mais de 70 anos, ainda assim não será aplicado o regime legal da separação obrigatória, pois, além de ser flagrantemente inconstitucional sua interpretação, “as situações previstas no art. 1.641 de separação legal de bens no casamento, por seu inequívoco caráter restritivo de direito, não comportarem interpretação extensiva ou analógica”.
OUTRAS ENTIDADES FAMILIARES
Família monoparental
Existe previsão desta entidade familiar na Constituição, mas não com esta nomenclatura, sendo ela composta por um dos pais e sua prole, podendo ser classificada como: a) originária, quando ela já se constitui monoparental, como é o caso do indivíduo que, sozinho, independente do sexo, adota uma criança ou da mãe solteira, seja por produção independente, relação sexual casual da qual surgiu prole ou relacionamento que não subsistiu ao advento do estado gravídico;ou b) superveniente, quando tem origem na fragmentação de um núcleo familiar, seja pela morte, separação de fato ou divórcio.
Família homoafetiva
Advertem Gagliano e Pamplona Filho (2018, p. 1.333-1.334) não serem adequadas as expressões homossexualismo e homoerotismo para caracterizar um “vínculo que une e justifica a concepção de família derivada do núcleo formado entre pessoas do mesmo sexo”, preferindo o Direito a expressão homoafetividade, “pois as pessoas que integram esse núcleo não estão unidas apenas pelo sexo, mas, sim, e principalmente, pelo afeto”. Daí podermos “conceituar a união homoafetiva como o núcleo estável formado por duas pessoas do mesmo sexo, com o objetivo de constituição de uma família”.
Com a decisão proferida em sede da ADI n° 4.277, a falta de regulamentação para a união homoafetiva foi suprida, tendo entendido o Ministro Ayres Britto que ao art. 1.723 deveria ser dada interpretação conforme a Constituição Federal, dele excluindo qualquer significado que impeça o reconhecimento da legitimidade da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, quando contínua, pública e duradoura. 
Com o julgamento do STF, concretizou-se a proteção familiar da união homoafetiva, adotando-se “a premissa da inclusão, como manda o Texto Maior, afastando-se preconceitos e discriminações. A tutela da dignidade humana e o bom senso venceram”. O Supremo Tribunal Federal não rompeu “suas esferas de atuação. Muito ao contrário, fez o Tribunal Constitucional o seu papel democrático, servindo, mais uma vez, como um contrapeso à inércia conservadora do Congresso Nacional Brasileiro”.
Na verdade, não importa se a união homoafetiva será reconhecida como união estável ou uma nova modalidade familiar, pois a premissa intransponível e mais relevante é que se trata, efetivamente, de uma ‘família’, merecedora de respeito, e, dado o seu reconhecimento constitucional — na perspectiva da dignidade humana — também de tutela jurídica, com a aplicação analógica das regras atinentes à relação de companheirismo heterossexual, com os direitos e deveres daí decorrentes”.
Quanto ao casamento de pessoas do mesmo sexo, a Resolução n° 175/2013, do CNJ, veio para dirimir dúvidas, vedando às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.
Família poliafetiva
O poliamorismo ou poliamor admite a possibilidade de coexistirem duas ou mais relações afetivas paralelas, em que os seus partícipes conhecem-se e aceitam-se uns aos outros, em uma relação múltipla e aberta, mitigando “ela atuação da vontade dos próprios atores da vida, o dever de fidelidade, pelo menos na concepção tradicional que a identifica com a exclusividade.
Do ponto de vista cultural e jurídico, ainda há entraves para quebrar a monogamia em nosso País, inclusive no caso de união estável, havendo grande apego à moral e aos bons costumes no discurso, que não condiz com a prática social das condutas. Todavia, é provável que o futuro reserva uma nova forma de pensar a família, e que, em breve, serão admitidos relacionamentos plúrimos, seja a concomitância de mais de uma união estável, seja a presença desta em comum com o casamento. Na verdade, se a família é plural e o elemento essencial que vincula as pessoas é o afeto, essa deveria ser mais uma opção oferecida pelo sistema, para quem desejar tal forma de constituição.
Devemos ressaltar que o Conselho Nacional de Justiça[footnoteRef:2] (CNJ) já se posicionou pelo impedimento aos cartórios de todo o país de lavrar qualquer tipo de documento que declare a união estável entre mais de duas pessoas. [2: https://www.cnj.jus.br/cartorios-sao-proibidos-de-fazer-escrituras-publicas-de-relacoes-poliafetivas/ ] 
PODER FAMILIAR (art. 1.630 - 1.638, CC)
O Código Civil de 1916 qualificava o poder que os pais exerciam sobre os filhos enquanto menores, de pátrio poder. Já o Código Civil atual, aperfeiçoando a matéria, rompeu com a tradição machista arraigada na dicção anterior, para consagrar a expressão “poder familiar”.
O poder familiar é o complexo de direitos e obrigações reconhecidos aos pais, em razão e nos limites da autoridade parental que exercem em face dos seus filhos, enquanto menores e incapazes, encontrando previsão no Código Civil (art. 1.630).
Durante o casamento e a união estável o poder familiar compete aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade (art. 1.631, CC). Na hipótese de divergência entre os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo (art. 1.631, parágrafo único, CC).
Se o pai ou a mãe da criança se envolverem numa nova relação conjugal, o caput do art. 1.636 do CC determina que o pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou estabelece união estável, não perde, quanto aos filhos do relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar, exercendo-os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou companheiro, estabelecendo também igual preceito ao pai ou à mãe solteiros que casarem ou estabelecerem união estável (art. 1.636, parágrafo único, CC).
A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram as relações entre pais e filhos senão quanto ao direito de convívio entre eles, mantendo-se o direito dos pais de terem os filhos em sua companhia (art. 1.632, CC). Este artigo traz um direito à convivência familiar e, ao seu lado, um dever dos pais de terem os filhos sob sua companhia, residindo nesta norma o fundamento jurídico substancial para a responsabilidade civil por abandono afetivo, eis que a companhia inclui esse afeto.
O filho que não for reconhecido pelo pai ficará sob o poder familiar exclusivo da mãe. Não sendo esta conhecida ou capaz de exercer o poder familiar, será nomeado tutor para o menor (art. 1.633, CC).
Sobre o exercício do poder familiar, em sintonia com o princípio do melhor interesse do menor, o art. 1.634 do CC, elenca as situações de exercício. Estas devem ser tidas como verdadeiros deveres legais dos pais em relação aos filhos. Assim, a sua violação pode gerar a responsabilidade civil da autoridade parental por ato ilícito, nos termos dos requisitos constantes do art. 186 do CC/2002.
O art. 1.638 do CC expõe as situações que motivam a perda (destituição) do poder familiar, que decorrem de condutas graves dos pais, que reclamam a devida reprimenda por parte da norma.
O legislador também cuidou de regular a suspensão do poder familiar, que obsta o seu exercício pelos pais, mas não os afastará definitivamente. Assim, se o pai ou a mãe abusar de sua autoridade, faltando aos deveres que lhe são inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando assim convier (art. 1.637, CC).
A suspensão do exercício do poder familiar também ocorrerá se o pai ou a mãe forem condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão (art. 1.637, parágrafo único, CC).
ADOÇÃO
	A adoção é um ato jurídico em sentido estrito, de natureza complexa, excepcional, irrevogável e personalíssimo, que firma a relação paterna ou materna filial com o adotando, em perspectiva constitucional isonômica em face da filiação biológica.
	A maternidade adotiva foi alçada a patamar idêntico ao da filiação biológica pela Constituição Federal (art. 227, §6°), não se admitindo qualquer tratamento discriminatório. Esta determinação privilegia a socioafetividade, posto que, em muitas situações, os pais que criam são muito mais presentes do que aqueles que conceberam.
	Seria injusto negar ao filho havido por adoção tratamento isonômico em relação ao filho biológico, o que feriria o próprio princípio da dignidade da pessoa humana.
	A adoção não tem natureza negocial, pois os negócios jurídicos deixam certa margem de liberdade para que as partes contratantes escolhamas consequências às quais se submeterão, o que não ocorre com a adoção, que é disciplinada por normas cogentes, de ordem pública, o que a faz enquadrar-se na categoria de ato jurídico em sentido estrito.
	A adoção, que antes era regulada pelo Código Civil, hoje, após as alterações implementadas pela Lei 12.010/09, é em grande parte disciplinada pelo ECA (arts. 39 a 52-D).
	O procedimento para adoção é bifásico, ou seja, há um primeiro momento de habilitação dos adotantes, quando é feita uma verificação das condições psicológicas, sociais e econômicas para os candidatos à adoção e, em caso de serem considerados aptos à adoção, os adotantes serão inscritos num cadastro nacional e ficarão aguardando uma compatibilidade entra o perfil desejado pelos adotantes e uma criança que se encaixe neste perfil, para assim concluir o processo de adoção.
	O site do TJ/RJ traz algumas informações interessantes neste sentido: http://portaltj.tjrj.jus.br/web/guest/institucional/inf-juv-idoso/cap-vara-inf-juv-idoso/adocao/procedimentos#:~:text=COMO%20FAZER%20PARA%20ADOTAR%3F&text=A%20ado%C3%A7%C3%A3o%20se%20d%C3%A1%20atrav%C3%A9s,ser%20pleiteada%20perante%20a%201.
DA PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS
Igualdade de direitos dos filhos resultantes de parentesco civil e natural: o parentesco não decorre apenas da consanguinidade mas também da adoção, da afinidade (vínculo entre os parentes de um cônjuge com os parentes do consorte) e da socioafetividade, pois o Código Civil alargou as relações de parentesco, abrindo a possibilidade para o reconhecimento do parentesco socioafetivo, quando, em seu artigo 1.595, afirma que, além dos parentescos natural e civil, ele pode advir de outra origem, possibilitando-se assim o reconhecimento de parentesco no fato de duas pessoas se relacionarem como pai e filho, o que popularmente chamamos de filho de criação (enteado).
Neste sentido, o art. 1.593 do CC preceitua que o “parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem”. Dessa maneira, a lei reconhece a existência de outra forma de parentesco além da biológica, admitindo o parentesco afetivo. Também merece destaque o enunciado das Jornadas de Direito Civil, que reconhece a posse do estado de filho como uma modalidade de parentesco civil. O enunciado 519 do CJF da V Jornada de Direito Civil: “O reconhecimento judicial do vínculo de parentesco em virtude de socioafetividade deve ocorrer a partir da relação entre pai(s) e filho(s), com base na posse do estado de filho, para que produza efeitos pessoais e patrimoniais”.
Reforçando os elos socioafetivos, a Lei nº 11.924/09, também conhecida como Lei Clodovil, por ter sido oriunda de projeto de lei do deputado, trouxe a possibilidade do enteado ou enteada, judicialmente, e respeitando os requisitos legais, incluir em seu nome o apelido de seu padrasto ou madrasta.
Com relação à adoção, ela é um ato jurídico solene pelo qual uma pessoa estabelece um vínculo fictício de filiação. A adoção é, portanto, um vínculo de parentesco civil, em linha reta, estabelecendo entre adotante (ou adotantes) e o adotado um liame legal de paternidade e filiação civil. Tal posição de filho será definitiva ou irrevogável para todos os efeitos legais, uma vez que desliga o adotado de qualquer vínculo com os pais de sangue, salvo os impedimentos para o casamento (art. 227, §§ 5º e 6º, CRFB), criando verdadeiros laços de parentesco entre o adotado e a família do adotante (art. 1.626, CC).
O art. 227, § 6º, da CF/88, fixou a absoluta igualdade aos filhos, independentemente da origem, não mais sendo admitida a ultrapassada distinção que se fazia entre filiação legítima/ilegítima. Hodiernamente, filhos são apenas filhos, sejam os havidos no casamento ou fora dele, sejam os biológicos ou não biológicos, todos com iguais direitos, deveres e uma qualificação: filhos - não sendo uma igualdade formal, mas verdadeiramente material.
GUARDA (arts. 1.583-1.590, CC)
A guarda sempre foi um instituto utilizado na proteção da figura da mulher na relação familiar. No entanto, não há dúvidas de que a evolução da sociedade e a igualdade trazida pela Constituição Federal de 1988 entre homem e mulher clamaram por mudanças no instituto da guarda, deixando para trás a tradicional guarda unilateral para se ter como regramento, que mais atende aos interesses da criança e do adolescente, o compartilhamento da guarda ou direito de convivência de forma equilibrada com ambos os genitores.
Essa é a regra atual, sempre que possível deve-se privilegiar a guarda compartilhada, caso não seja possível pode se fixar um guarda unilateral, tendo em vista o melhor interesse do menor. A definição legal dessas duas categorias esta prevista no § 1º do art. 1.583 do CC: “Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5º) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns”.
Nos termos do art. 1.584 do CC, a guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser (i) requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar; ou (ii) decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe.
É possível ainda, em função de novos fatos graves que possam surgir, que o juiz regule a guarda de maneira diferente da estabelecida nos artigos antecedentes, levando em consideração da situação dos filhos para com os pais (art. 1.586, CC).
Também o pai ou a mãe que contrair novas núpcias não perde o direito de ter consigo os filhos, que só lhe poderão ser retirados por mandado judicial, provado que não são tratados convenientemente (art. 1.588, CC).
Por fim, de acordo com o art. 1.589 do CC, o pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação. Tal direito estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente.
PROCESSO REsp 1.629.994-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 6/12/2016, DJe 15/12/2016. RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL TEMA Guarda compartilhada. Não decretação. Possibilidades. DESTAQUE A guarda compartilhada somente deixará de ser aplicada quando houver inaptidão de um dos ascendentes para o exercício do poder familiar, fato que deverá ser declarado, prévia ou incidentalmente à ação de guarda, por meio de decisão judicial. 146 INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR Consiste a controvérsia em dizer se, à luz da atual redação do art. 1.584, II, § 2º, do Código Civil, é possível ao julgador indeferir pedido de guarda compartilhada sem a demonstração cabal de que um dos ex-cônjuges não está apto a exercer o poder familiar. Inicialmente, importa declinar que a questão relativa à imposição da guarda compartilhada, a partir do advento da nova redação do art. 1.584, II, § 2º, do CC, deixou de ser facultativa para ser regra impositiva. No que toca às possibilidades legais de não se fixar a guarda compartilhada, apenas duas condições podem impedir-lhe a aplicação obrigatória: a) a inexistência de interesse de um dos cônjuges; b) a incapacidade de um dos genitores de exercer o poder familiar. A primeira assertiva legal labora na linha do que é ululante, pois não se pode obrigar, sob vara, um genitor, a cuidar de sua prole. Contudo, do mesmo vício – obviedade – não padece a segunda condição, extraída, contrario sensu, do quanto disposto no art. 1.584, § 2º, do CC. O texto de lei, feito com a melhor técnica redacional, por trazer um elemento positivo: a condição necessária para a guarda compartilhada, aponta, em via contrária, para a circunstância que impedirá a imposição dessa mesma guarda compartilhada: a inaptidão para o exercíciodo poder familiar. E aqui reside uma outra inovação neste texto legal, de quilate comparável à própria imposição da guarda compartilhada, que consiste na evidenciação dos únicos mecanismos admitidos em lei para se afastar a imposição da guarda compartilhada: a suspensão ou a perda do poder familiar. A suspensão por gerar uma inaptidão temporária para o exercício do poder familiar (art. 1637 do CC); a perda por fixar o término do Poder Familiar. Ocorre, porém, que ambas as situações exigem, pela relevância do direito atingido, que haja uma prévia decretação judicial do fato, circunstância que, pela íntima correlação com a espécie, também deverá ser reproduzida nas tentativas de oposição à guarda compartilhada. É dizer, um ascendente só poderá perder ou ter suspenso o seu poder/dever consubstanciado no poder familiar por meio de uma decisão judicial e, só a partir dessa decisão, perderá a condição essencial para lutar pela guarda compartilhada da prole, pois deixará de ter aptidão para exercer o poder familiar. Essa interpretação, que se extrai do texto legal, embora não crie uma exceção objetiva à regra da peremptoriedade da guarda compartilhada, tem o mérito de secundar o comando principal, pois se passa a exigir, para a não aplicação da guarda compartilhada, um prévio ou incidental procedimento judicial declarando a suspensão ou perda do poder familiar, com decisão judicial no sentido da suspensão ou da perda. (Informativo n. 595)
EXERCÍCIOS DE REVISÃO
1- (TJSC / Titular de Serviço de Notas e Registros / 2021) Joana e Cássio são casados civilmente há dez anos. Recentemente, o Ministério Público tomou ciência de que eles são irmãos biológicos e que decidiram se casar mesmo tendo conhecimento desse fato.
Nesse caso, o casamento será considerado:
(A) anulável, em razão do parentesco natural, em linha reta, entre Joana e Cássio;
(B) nulo, em razão do parentesco natural, em linha colateral, entre Joana e Cássio;
(C) ineficaz, em razão do parentesco por afinidade, na linha colateral, entre Joana e Cássio;
(D) inexistente, em razão do parentesco civil, entre Joana e Cássio;
(E) válido, em razão de o parentesco natural, na linha colateral, não ser impedimento ao casamento.
2- (TJSC / Titular de Serviço de Notas e Registros / 2021) Cristiano, 55 anos, e Célia, 60 anos, desejam se casar civilmente. Cristiano, separado judicialmente de sua primeira esposa, compareceu ao cartório para iniciar o competente procedimento de habilitação.
O novo casamento pretendido por Cristiano:
(A) é possível, pois a separação judicial extingue a sociedade conjugal;
(B) não é possível, pois Cristiano deverá aguardar um ano após a separação judicial para obter o divórcio;
(C) é possível, pois embora a separação judicial não ponha termo ao vínculo matrimonial, põe termo ao dever de fidelidade;
(D) é possível, pois a separação judicial põe termo aos deveres de coabitação, fidelidade, ao regime de bens e ao vínculo matrimonial;
(E) não é possível, pois embora a separação judicial coloque termo aos deveres de coabitação, fidelidade e ao regime de bens, não extingue o vínculo matrimonial.
3- (MP/SP – Promotor Substituto / 2022) Duas pessoas vêm mantendo, há dez anos, uma união estável, com coabitação atual, não estando, portanto, separadas de fato. Ocorre que, há sete anos, uma delas passou a ter, concomitantemente, um segundo relacionamento, com pessoa diversa, igualmente público, duradouro e contínuo. Conforme recentemente definiu a nossa Corte Suprema
(A) se poderá reconhecer o segundo relacionamento como união estável para fins familiares e sucessórios.
(B) não se reconhece o segundo relacionamento como união estável.
(C) se poderá reconhecer o segundo relacionamento como união estável para fins previdenciários.
(D) se poderá reconhecer o segundo relacionamento como união estável desde que se dê no domicílio declarado como principal pela pessoa que com ambos mantém relacionamento.
(E) prevalecerá o relacionamento daquele que for escolhido mediante declaração unilateral de vontade, produzida mediante instrumento público, pela pessoa que com ambos mantém relacionamento.
4- (DPE-PB / Defensor Substituto / 2022) Felipe e Paulo vivem em união estável desde 2010 e não firmaram pacto de convivência. Em 2012, Paulo adquiriu um veículo para facilitar sua locomoção ao trabalho. No ano de 2018, Felipe recebeu R$ 200.000,00 de sua genitora a título de doação. Considerando que os dois são civilmente capazes e têm menos de 70 anos, na situação hipotética de dissolução da união estável e partilha de bens,
(A) Paulo terá direito à meação do valor recebido a título de doação sem a necessidade de prova de esforço comum. Em contrapartida, Felipe não fará jus à partilha do veículo, o qual foi adquirido para facilitar a locomoção de Paulo ao trabalho e, portanto, excluído da comunhão no regime de bens aplicável à relação.
(B) Paulo não fará jus à partilha do valor recebido a título de doação, por se tratar de bem excluído da comunhão no regime de bens aplicável à relação. Por sua vez, Felipe também não fará jus à partilha do veículo, o qual foi adquirido para facilitar a locomoção de Paulo ao trabalho e, portanto, excluído da comunhão no regime de bens aplicável à relação.
(C) em ambos os casos, será necessário prova de esforço comum para a partilha de bens, por se tratar de sociedade de fato.
(D) Felipe terá direito à meação do veículo adquirido sem a necessidade de prova de esforço comum. E Paulo fará jus à partilha do valor recebido a título de doação, por se tratar de numerário sujeito à comunhão no regime de bens aplicável à relação.
(E) Felipe terá direito à meação do veículo adquirido sem a necessidade de prova de esforço comum. Por outro lado, Paulo não fará jus à partilha do valor recebido a título de doação, por se tratar de bem excluído da comunhão no regime de bens aplicável à relação.

Outros materiais