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Indaial – 2021 Patologia das Construções Prof. Luis Urbano Durlo Tambara Júnior Prof.ª Madeleing Taborda Barraza 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof. Luis Urbano Durlo Tambara Júnior Prof.ª Madeleing Taborda Barraza Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: T154p Tambara Júnior, Luis Urbano Durlo Patologia das construções. / Luis Urbano Durlo Tambara Júnior; Madeleing Taborda Barraza. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 187 p.; il. ISBN 978-65-5663-590-3 ISBN Digital 978-65-5663-589-7 1. Construção. - Brasil. I. Barraza, Madeleing Taborda. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 620 aPresentação As manifestações patológicas que acontecem na construção civil são produto de conjunto de fatores que vão desde os materiais até o ambiente externo no que se localiza a estrutura. Desse modo, é muito comum o desen- volvimento delas. Devemos levar em consideração que as intervenções de reparação em uma estrutura ou as intervenções necessárias sejam as meno- res possíveis, após colocação do serviço, ou seja, aplicá-las o mínimo, como resposta à necessidade de uma manutenção. Também existem situações adversas, que levam a estrutura a mani- festar certos desajustes, situações nas quais nenhuma mão humana tem con- trole, como os desastres naturais (enchentes, deslizamentos, assentamentos, sismos e inclusive incêndio devido ao aumento de temperatura). Quando a estrutura não chega ao colapso por algum desses motivos, deve-se aplicar uma avaliação estrutural, para que possa ser indicada a necessidade de uma “simples” substituição do componente que permita dar continuidade ao uso local da estrutura, ou se serão necessárias medidas progressivas, com avali- ção programada, que indicarão se finalmente será necessária uma reabilita- ção estrutural ou descartar o uso total da estrutura. Para que os conhecimentos sejam tratados de modo específico, cada unidade abordará conteúdos consecutivos e tipificados, que finalmente leva- rão ao entendimento da importância, e, ao mesmo tempo, à normalidade que ocorrem certas manifestações patológicas. Na Unidade 1, serão abordados os conceitos de riscos externos/inter- nos à estrutura que podem comprometer a durabilidade dos componentes, o significado da patologia na construção, a forma geral em que é tratada e as principais manifestações patológicas em materiais cerâmicos e cimentícios (como argamassas e concretos) sendo um dos mais comuns. Posteriormente, na Unidade 2, estudaremos as manifestações patoló- gicas que surgem na madeira, materiais metálicos os materiais poliméricos, assim como as principais patologias presentes no concreto armado devido a recalques, sobrecargas e degradações metálicas. Finalmente, na Unidade 3, poderemos estruturar como é construído um projeto de diagnóstico patológico através de avaliações estruturais das patologias, os seus diagnósticos e as devidas soluções encontradas para a manutenção do investimento. Todos os conceitos, situações e métodos aqui representados sempre devem ser complementados com artigos técnicos e científicos, pois o conhe- cimento e as formas em que são abordados estão em constante atualização. Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Os equipamentos utilizados são constantemente reconfigurados e isso permite obter diferentes aplicações para os tipos de caracterizações. Lembramos a você, acadêmico, que a aquisição de certos conhecimentos sem sua devida aplicação resulta na carência de lógica para quem assume a res- ponsabilidade de ser engenheiro. A prática está associada a um comporta- mento ético e profissional cuja ausência pode acabar sendo paga, no pior dos casos, com a vida do próximo. Assim, que seja feita a diferença! Bons estudos e muito ânimo! Prof. Luis Urbano Durlo Tambara Junior Prof.ª Madeleing Taborda Barraza Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS ....................................... 1 TÓPICO 1 — PATOLOGIA E RISCOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................ 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 PATOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL ..................................................................................... 3 2.1 CAUSAS DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ................................................................. 4 2.2 MANUTENÇÃO PREVENTIVA .................................................................................................. 7 3 RISCOS E ESTIMATIVA DE CAUSAS ........................................................................................... 8 3.1. LOCAIS DE RISCOS ...................................................................................................................... 9 3.2 ELEMENTOS NÃO ESTRUTURAIS ......................................................................................... 11 3.3 ELEMENTOS ESTRUTURAIS ................................................................................................... 12 4 DURABILIDADE ............................................................................................................................. 12 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 14 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 15 TÓPICO 2 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CERÂMICOS ............ 17 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 17 2 DEFEITOS MICROESTRUTURAIS ............................................................................................. 17 3DANOS CAUSADOS POR FISSURAS ........................................................................................ 22 4 DANOS CAUSADOS POR INFILTRAÇÃO ................................................................................ 25 5 DANOS CAUSADOS POR MOFO ................................................................................................ 26 6 DANOS CAUSADOS POR EFLORESCÊNCIA .......................................................................... 27 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 30 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 31 TÓPICO 3 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CIMENTÍCIOS (ARGAMASSAS) ......................................................................................................... 33 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 33 2 DANOS CAUSADOS POR MÁ QUALIDADE DOS MATERIAIS ........................................ 33 3 DANOS CAUSADOS POR MÁ DOSIFICAÇÃO DO TRAÇO ............................................... 38 4 DANOS CAUSADOS POR MÁ APLICAÇÃO ............................................................................ 39 5 CAMADA FINAL - PINTURA ........................................................................................................ 42 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 43 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 50 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 51 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 53 UNIDADE 2 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS GERAIS .................................................. 57 TÓPICO 1 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MADEIRAS ....................................... 59 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 59 2 A NATUREZA DA MADEIRA ........................................................................................................ 59 2.1 PATOLOGIAS POR AGENTES BIÓTICOS ............................................................................... 60 2.2 PATOLOGIAS POR AGENTES ABIÓTICOS ............................................................................ 62 2.2.1 Danos causados por questões estruturais ........................................................................ 64 2.2.2 Danos causados por infiltração .......................................................................................... 65 2.2.3. Danos causados pelo intemperismo ................................................................................ 65 3 OUTRAS MADEIRAS ...................................................................................................................... 66 3.1 DEFEITOS NA MADEIRA RECONSTITUÍDA ........................................................................ 66 4 TRATAMENTO DA MADEIRA .................................................................................................... 68 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 69 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 70 TÓPICO 2 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM METAIS .............................................. 73 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73 2 ESTRUTURA, PROPRIEDADES E TIPOS DE METAIS .......................................................... 73 2.1 METAIS FERROSOS ..................................................................................................................... 74 3 CORROSÃO ....................................................................................................................................... 76 3.1 FATORES QUE FAVORECEM A CORROSÃO ........................................................................ 79 4 PROTEÇÃO CONTRA CORROSÃO ............................................................................................ 82 4.1 IMPEDIMENTO DE PARES GALVÂNICOS ............................................................................ 82 4.2 REVESTIMENTOS PROTETORES ............................................................................................. 82 4.3 PROTEÇÃO GALVÂNICA ......................................................................................................... 83 4.4 AMBIENTE E DESIGN ................................................................................................................ 83 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 85 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 86 TÓPICO 3 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS POLIMÉRICOS ............. 89 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 89 2 TIPOS DE DEGRADAÇÃO DOS POLÍMEROS ......................................................................... 89 3 MÉTODOS UTILIZADOS PARA ESTUDO DA DEGRADAÇÃO ......................................... 92 3.1 MÉTODOS AMBIENTAIS ........................................................................................................... 92 3.2 MÉTODOS LABORATORIAIS ................................................................................................... 93 3.3 ENVELHECIMENTO ACELERADO ......................................................................................... 94 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 95 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 96 TÓPICO 4 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NO CONCRETO ARMADO .................. 99 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 99 2 CLASSIFICAÇÃO DAS CAUSAS DE PATOLOGIAS EM CONCRETOS ............................ 99 2.1 PATOLOGIAS DERIVADAS DOS COMPONENTES DO CONCRETO ............................ 100 2.2 DANOS CAUSADOS POR FABRICAÇÃO E EXECUÇÃO DO CONCRETO .................. 102 2.3 INFLUÊNCIA DO AMBIENTE ................................................................................................ 104 2.4 DETERIORAÇÃO POR AGENTES EXTERNOS .................................................................... 105 2.5 EFEITO DA DETERIORAÇÃO DO AÇO................................................................................ 106 3 INVESTIGAÇÃO E DIAGNÓSTICO ......................................................................................... 107 4 TRATAMENTO DOS ELEMENTOS DO CONCRETO ........................................................... 109 4.1 PROTEÇÃO SUPERFICIAL E MANUTENÇÃO DAS ESTRUTURAS DO CONCRETO .......... 109 4.2 REPARAÇÃO DO CONCRETO ............................................................................................... 110 LEITURA COMPLEMENTAR ..........................................................................................................111 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 118 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 119 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 121 UNIDADE 3 — PROTOCOLOS PARA INTERVENÇÃO DE PROBLEMAS PATOLÓGICOS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES .......................................... 125 TÓPICO 1 — AVALIAÇÃO ESTRUTURAL .................................................................................. 127 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 127 2 CONSIDERAÇÕES DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS............................................ 127 2.1 OBTENÇÃO DE LAUDO ESTRUTURAL............................................................................... 130 2.1.1 Obtenção de dados ............................................................................................................ 131 3 TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO ........................................................................................................ 134 3.1 TÉCNICAS SENSORIAIS .......................................................................................................... 134 3.2 ENSAIOS DESTRUTIVOS ......................................................................................................... 135 3.3 ENSAIOS NÃO-DESTRUTIVOS .............................................................................................. 138 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 141 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 142 TÓPICO 2 — CONSTRUÇÃO DO DIAGNÓSTICO .................................................................. 145 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 145 2 METODOLOGIA DE ANÁLISE ................................................................................................... 145 2.1 ANÁLISE CAUSA-EFEITO ....................................................................................................... 147 2.2 ANÁLISE MULTICRITÉRIO ..................................................................................................... 149 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 155 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 156 TÓPICO 3 — MANUTENÇÃO E RECUPERAÇÃO .................................................................... 159 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 159 2 MANUTENÇÃO .............................................................................................................................. 159 2.1 INVESTIMENTO DA MANUTENÇÃO.................................................................................. 161 3 CASOS DE RECUPERAÇÃO ........................................................................................................ 163 3.1 CASO Nº 1 – EXPOSIÇÃO DO AÇO DE REFORÇO EM ELEMENTOS ESTRUTURAIS ............................................................................................................................ 167 3.1.1 Reparação em viga de pavimento ................................................................................... 167 3.1.2 Reparação em pilar de edificação .................................................................................... 168 3.2 CASO Nº 2 – PROBLEMAS DE INFILTRAÇÃO ................................................................... 170 3.2.1 Impermeabilização em reservatório torre de água ...................................................... 170 3.2.2 Impermeabilização em laje .............................................................................................. 172 3.3 CASO Nº 3 RECUPERAÇÃO DE FACHADA ........................................................................ 173 3.3.1 O caso do edifício A .......................................................................................................... 173 3.4 CASOS DE RECUPERAÇÃO DE CONEXÕES ...................................................................... 174 3.4.1 Métodos corretivos nos Aparelhos de Apoio Metálicos de pontes ............................ 174 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 176 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 181 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 182 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 184 1 UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • identificar a presença de riscos externos/internos ao projeto de construção; • aprender a caracterizar uma manifestação patológica; • conhecer as manifestações patológicas comuns nos materiais cerâmicos; • diferenciar as manifestações patológicas em materiais cimentícios. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – PATOLOGIA E RISCOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL TÓPICO 2 – MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CERÂMICOS TÓPICO 3 – MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CIMENTÍCIOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 PATOLOGIA E RISCOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 1 INTRODUÇÃO As estruturas podem ser vistas como uma réplica da natureza para facilitar a moradia dos seres humanos. Nesse sentido, uma edificação pode ser vista como uma árvore: precisa de raízes (a fundação), possui um tronco (a supraestrutura) e é ramificada em unidades menores que podem ser folhas, flores e frutos (subsiste- mas que definem espaços menores e dão forma ao projeto de construção). Nessa mesma linha de raciocínio podemos pensar que, a estrutura está instalada em um ambiente onde tem sol, água, vento e terra, criando uma atmos- fera que chamamos de intemperismo, que ocorre de modo involuntário e sem que possa ser controlado. Até certo limite, o intemperismo atua em nosso projeto de construção. Como resultado dessa interação é comum que o projeto reaja, regis- trando internamente alguns danos estéticos ou severos quando nossa construção não está “preparada” para tal condição (FIGUEIREDO, 2018). As constantes situações de acidentes (como desprendimento de material ou colapso parcial nas construções) têm influenciado as autoridades a insistir no cumprimento de requisitos técnicos e legais, de modo que as empresas consigam empregar sistemas de prevenção e atuar frente a possíveis riscos. A forma em que a área tem modificado as normatividades nos últimos 30 anos procura “abrir os olhos” dos construtores e projetistas à realização de boas práticas no gerenciamen- to de projetos, porém, sempre fica nas mãos do representante local e do engenheiro encarregado assumir os protocolos, aceitar materiais e aplicar técnicasconstrutivas para dar forma ao projeto. Sendo quase uma responsabilidade jurídica resumida. É por isso que com ajuda de indicadores de desempenho técnico é facilita- da a avaliação posterior da entrega ou estado da estrutura, de modo que possam ser tomadas decisões para reduzir o risco de danos. Por exemplo, a aplicação da manutenção em uma ponte deve ser uma ferramenta para atingir o objetivo pelo qual ela foi construída, sendo este uma via de mão dupla: segurança para quem faz uso da estrutura e extensão da sua vida útil. 2 PATOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL A patologia na construção civil pode ser definida como a área encarrega- da de analisar os componentes de um projeto de construção que por algum moti- vo passam a ter um desempenho insatisfatório. Abordando os possíveis defeitos UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS 4 mediante “sintomas” ou manifestações patológicas, suas origens, causas, meca- nismos de ocorrência e consequências (CREMONINI, 1988). O problema das ma- nifestações patológicas é constituído em ser um aviso de que o componente está “sofrendo” alguma anomalia, que se traduz em algum dano no desempenho a curto ou longo prazo. Em função da extensão do dano, superficial ou profundo, será necessária uma intervenção em vários sistemas que, se não forem reparados pode levar ao deterioramento progressivo e geral da estrutura. A Associação de Especialistas Europeus na Edificação e da Construção (AEEBC,1994) indica atenção para três pontos principais de interesse, devida- mente inter-relacionadas na patologia: • identificação, pesquisa e diagnóstico dos defeitos existentes na edificação; • prognóstico do defeito diagnosticado e recomendações das ações mais ade- quadas, considerando a construção no futuro e os recursos disponíveis; • concepção, especificação, implementação e supervisão dos programas ade- quados de reparação, com o acompanhamento e avaliação das obras após re- paração, isso em termos do seu desempenho funcional, técnico e econômico. O conceito de patologia está intimamente relacionado ao conceito de de- sempenho, pois se algo “não parece” estar funcionando bem, deve ser medido. Lichtenstein (1985) aponta que um produto tem determinado desempenho quan- do cumpre a totalidade ou parcialmente seu objetivo durante seu uso. De forma geral, junto com o autor podemos afirmar que: Existem dois tipos de situações-problemas em uma obra, a patologia, uma anomalia real com sintomas já manifestados, e a inconformidade, um potencial problema já instalado e ainda sem sintomas aparentes. Portanto, todo sistema ou subsistema que não atende algum requisito de desempenho exigido por legisla- ção, regulamentação ou normalização técnica tem grandes chances de apresentar possível manifestação patológica no futuro (IBDA, 2013). 2.1 CAUSAS DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS A realização dos projetos de construção é feita por métodos humanos aplicados aos materiais, através do auxílio de diferentes técnicas. Assim, é neces- sário manipularmos os materiais para que consigamos extrair seu melhor desem- penho, seja em condições naturais ou através de certas técnicas que nos ajudam a obter uma boa performance durante serviço. Por exemplo, o concreto é constituído por cimento, areia, brita, água, aditi- vos e materiais suplementares (como fílers ou pozolana). Cada um com tamanho, propriedades de absorção, densidade e dureza diferentes. Quando misturados, em proporções ótimas, obteremos um concreto com adequado desempenho para aplicação, que também precisará ser bem conformado (bem colocado) e curado (técnica utilizada para hidratar o cimento sem que haja evaporação da água de amassamento e melhora na resistência mecânica). TÓPICO 1 — PATOLOGIA E RISCOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 5 O concreto estará exposto a condições ambientais que, em função de caracte- rísticas microestruturais, causarão maior ou menor degradação durante algum tem- po de uso (FIGUEIREDO, 2018). Estas degradações que ocorrem de acordo com a interação com o meio são chamadas de patologias naturais, como por exemplo, o surgimento de manchas no concreto em áreas úmidas ou em contato da chuva, esta manifestação está associada a propriedade de absorção que os concretos apresentam. Outras patologias podem ocorrer devido a falhas construtivas ou de con- cepção do projeto, as quais denominamos patologias aceleradas, uma vez que o aparecimento de “doenças” no concreto acontecerá de maneira mais rápida. Processos como a seleção dos materiais, aplicação de cura, conformação do con- creto, podem causar as patologias aceleradas. Na Figura 1 vemos uma falha no processo de conformação de vigotas de concreto, provavelmente devido a um lapso no processo de execução de formas. Este grande abaulamento das vigotas futuramente causará formação de fissuras na laje e na própria vigota. FIGURA 1 – DEFICIÊNCIA NA QUALIDADE DAS VIGOTAS POR INADEQUADO PROCESSO CONSTRUTIVO FONTE: <https://bit.ly/34DuZd6>. Acesso em: 25 maio 2021. A interação de variáveis que podem levar ao surgimento de manifestações patológicas pode ser representada conforme ilustrada na Figura 2. Essas variáveis estão constantemente influenciando o projeto de construção. A convergência positiva delas permitirá a conservação da vida útil do componente, caso contrário (ações am- bientais agressivas, materiais de má qualidade colocados de forma incorreta e supor- tando sobrecarga) a queda do desempenho será evidente desde o início de serviço. UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS 6 FIGURA 2 – VARIÁVEIS QUE ATUAM NA FORMAÇÃO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS FONTE: O autor FONTE: O autor Por isso a manutenção é necessária como medida preventiva, para evitar a propagação das manifestações patológicas ou para restauração das inconformidades. Poderíamos representar a gravidade das manifestações patologias na construção ci- vil conforme apresentado na Figura 3, que alertam sobre a intensidade do problema. FIGURA 3 – GRAU DE IMPORTÂNCIA NA PREVENÇÃO E CORREÇÃO DE PATOLOGIAS Os problemas nas fundações devem ser atendidos com a maior urgência possível porque dela depende a estabilidade dos demais sistemas. O caso da de- terioração no sistema estrutural (concreto armado, aço ou alvenaria estrutural) é produto de um desajuste de carga ou pela exposição direta do material (quando não há outro material de revestimento). Cuja primeira manifestação resulta em seu desprendimento. Já no caso das impermeabilizações, sendo estas bem locali- zadas, darão lugar às infiltrações (BRANCO; BRITO, 2015). TÓPICO 1 — PATOLOGIA E RISCOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 7 A necessidade de algum tipo de reabilitação estrutural nas fundações, ou no sistema estrutural, devido a causas de alteração geométrica, aumento das ações atuantes ou aumento no nível de segurança, não obedece a um problema do tipo patológico, por isso essas ações obrigam outras análises e considerações multidisciplinares. ATENCAO 2.2 MANUTENÇÃO PREVENTIVA Durante a formulação, construção e uso da edificação, quando o enge- nheiro é consciente da possibilidade de ocorrência de patologias, elas podem ser evitadas. Dessa forma as anomalias poderão ser reduzidas, levando a menores custos de intervenção em reparação, que por sua vez são precedidos por estudos rigorosos que ditam um diagnóstico. Conforme Gomide, Pujadas e Neto (2006) expõem, é comum no Brasil que a manutenção seja aplicada durante o conserto, sem considerar a disponi- bilização prévia de recursos para implementar um programa de atividades com fundamentação no tempo de vida dos componentes, suas frequências de uso, o funcionamento de máquinas e equipamentos, a operacionalidade e as possíveis perdas de desempenho (investimento em manutenção). Ainda que o desenvolvimento de técnicas para construção tenha registrado muitos avanços comparados às obras antigas, a carência de uma mão de obra treinada fará toda a diferença, a ocorrência de erros humanos é normal, porém deve ser minimizada. IMPORTANTE Uma situação comum para aplicar a prevenção seria indicar aos operários que o arame utilizado para amarrar as barras de aço deve ser finalizado por dentro delas (a fim de evitar que as pontas fiquem do lado do recobrimento), de modo que no momento em que o concreto é despejado não ocorra interferência das pontas da armação na propagação de corrosão, que acabará desprendendo material das barras de aço principais. O benefício da engenharia preventiva é muito grande, mas os de- talhes ou pequenos procedimentos que levam até ela resultam em um efeito dominó. UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS 8 Para um momento de reflexão e divertimento: quando as coisas não são feitas de maneira correta e o engenheiro está ciente da situação, só há uma forma de evitarmos uma catástrofe, como observamos na figura a seguir. INTERESSA NTE FIGURA – “MEME” DE QUANDO ALGUMA COISA ESTÁ ERRADA NO PROCESSO DE INSTALAÇÃO FONTE: <https://bit.ly/3i9P5nk>. Acesso em: 25 maio 2021. 3 RISCOS E ESTIMATIVA DE CAUSAS Tal como Sanches (2013) indica, o risco pode ser definido como a materia- lização de um evento indesejado. Sendo que a ele está associada uma probabili- dade (possibilidade numérica) de ocorrência de um evento, e pode ser uma ame- aça quando prejudica uma situação, ou uma oportunidade quando ele melhora certas condições. Contudo, quando ele não é evitado e é recorrente pode acabar sendo fatal, por isso denominado perigo. A probabilidade de ocorrência de riscos na construção civil é muito alta. Muitos deles acontecem durante a construção do projeto de engenharia. Por isso, visando que os riscos associados a acidentes na indústria da construção civil se- jam reduzidos, são aplicadas medidas como as normas regulamentadoras de con- dições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção NR-18 (BRASIL, 2020), segurança em instalações e serviços em eletricidade NR-10 (BRASIL, 2019) e segurança no trabalho em máquinas e equipamentos NR-12 (BRASIL, 2010), entre atividades de lógica comum como: manter a obra organizada, capacitar os envolvidos e contar com uma comissão de prevenção de acidentes. Temos em conta que esse tema não será contemplado neste livro, pois pretendemos abordar problemas que são evidenciados nas estruturas durante o seu uso. TÓPICO 1 — PATOLOGIA E RISCOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 9 Se as manifestações patológicas existem, é porque não foram atendidos os alertas de riscos para que essas manifestações não ocorressem, ou seja, são conse- quências de falta de gerenciamento ou conscientização. Curiosamente, apesar de existirem numerosos artigos que realçam a importância de realizar práticas efica- zes na construção, existem comportamentos prejudiciais e recorrentes dentro dos projetos de engenharia que afetam a eficiência do desempenho do gerenciamento de riscos, dentre eles, os cronogramas apertados de entrega e o baixo investimen- to na obra (EKUNG; ADU; LASHINDE, 2020). Segundo Ramasesh e Browning (2014) o surgimento de patologias em es- truturas construtivas está fortemente relacionado a incompatibilidades no proje- to, conhecimento desarticulado nos processos construtivos e falta de uma cultura organizacional (conjunto de complexo de valores e ações da empresa), que leva a problemas nos componentes construtivos. Fora dos típicos riscos geológicos, como os sismos, que possuem uma categoriza- ção a nível nacional, a maioria dos riscos patológicos pode ser evitada quando os projetos são exe- cutados com estudos prévios, com as devidas licenças ambientais, empregando profissionais qua- lificados, procedimentos corretos, com materiais de qualidade e com a aplicação da manutenção. ATENCAO 3.1. LOCAIS DE RISCOS As estruturas possuem uma peculiaridade no que se refere aos materiais e componentes que a protegem da influência incessante do clima externo, e que permitem criar microclimas dentro delas. Tal como Watt (2008) resume, existem vários requerimentos de desempenho que fazem do projeto de construção um su- cesso e uma harmonização total dos microclimas, pois ele também é considerado um produto que tem requisitos ou uma demanda a cumprir, que são: • acessos e saídas; • aparência; • durabilidade; • estabilidade dimensional; • resistência e estabilidade; • exclusão do clima; • conforto acústico; • conforto térmico; • proteção contra o fogo; • luz e ventilação; UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS 10 • saneamento; • segurança; • custo. Ainda que existam outras exigências por parte dos usuários, como espaço de circulação, comunicabilidade, orientação etc., o mais importante é que a en- volvente não seja comprometida, desse jeito a degradação tomará o curso natural e não acelerado. Assim, quando esse limite é conservado em boas condições, sua durabilidade é conservada e os requisitos dos usuários atingidos. Essas envolven- tes e a interação com os usuários são representadas na Figura 4. FIGURA 4 – ENVOLVENTE DA EDIFICAÇÃO E OUTROS REQUISITOS PARA CUMPRIMENTO DOS OBJETIVOS FONTE: Adaptado de Osbourn e Greeno (1997) TÓPICO 1 — PATOLOGIA E RISCOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 11 São esses locais do limite da envolvente, onde há maior probabilidade de ocorrência de manifestações patológicas, no Gráfico 1 é apresentada uma estimativa das causas que levam ao surgimento de manifestações patológicas na construção ci- vil, sendo que, a maioria delas ocorre por variações dimensionais. Fato que pode ser resultado da ação de agentes físicos sobre os materiais com diferentes propriedades. GRÁFICO 1 – ESTIMATIVA PERCENTUAL DE PRINCIPAIS CAUSAS DE EVENTOS PATOLÓGICOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL FONTE: Adaptado de Do Carmo (2003, p. 6) 3.2 ELEMENTOS NÃO ESTRUTURAIS A fachada é a principal barreira protetora contra os agentes atmosféricos que atuam em uma edificação. Em muitas ocasiões, como resposta, ela começa a registrar patologias que levam à perda de desempenho do revestimento exterior da parede (BAUER et al., 2020). Seja placa cerâmica ou outro material a realidade é que cada um deles está aderido a outro que tem outras propriedades (porosida- de, transporte de água, fragilidade ou ductilidade) e funções. Levando em consideração que as fachadas são a principal barreira prote- tora, elas também são o primeiro componente externo a sofrer degradação, segui- da das camadas que existem entre o substrato e a fachada. Já de modo interno, quem começa a resistir a solicitações é o chão, com os possíveis revestimentos nele presente, seguido das paredes e por último os marcos de janelas e portas, sendo um indicador mais grave quando se presume uma origem geotécnica. UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS 12 3.3 ELEMENTOS ESTRUTURAIS Quando as irregularidades acontecem nos elementos estruturais o pro- blema não é um simples reparo local, pois não sabemos o esforço que pode ter sido produzido nos membros próximos à patologia. Os tipos de agentes atuantes são mecânicos, nos quais ficam evidenciadas deformações, fissuras, rachaduras ou desprendimentos de material. A extensão do estudo é maior, assim como o custo de reparo. Quando a problemática da patologia surge nesses componentes podemos falar dos níveis de riscos (Figura 5), o que levará a tomar medidas de segurança para manter a integralidade da estrutura. FIGURA 5 – POSSÍVEL INTENSIDADE DE RISCOS QUANDO AS PATOLOGIAS APARECEM EM ELEMENTOS ESTRUTURAIS FONTE: Adaptado de Cardona (2011) 4 DURABILIDADE Todo o edifício tem um ciclo de vida útil, o qual pode variar dependendo de fatores como a durabilidade dos materiais empregados na construção, das condições de exposição, uso e a existência de uma manutenção periódica. Segundo a NBR 15575-1 (ABNT, 2013), a vida útil é período de tempo em que uma edificação ou algum dos seus componentes respondem às atividades para o qual foi projetado, atendendo os níveis de desempenho. Esse conceito está associado à durabilidade, e destaca-se que não é uma propriedade intrínseca dos materiais, é produto de uma relação comoaquela indicada nas variáveis que atu- TÓPICO 1 — PATOLOGIA E RISCOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 13 am na formação de manifestações patológicas (Figura 2). Por exemplo, não ha- verá nenhuma durabilidade em usar um tijolo de resistência à compressão baixa em uma parede de carga estrutural. De acordo com Bauer, Castro e Antunes (2011), devem ainda ser identifica- dos os mecanismos pelos quais esses fatores de degradação podem causar alterações nas propriedades do material ou componente, e os possíveis efeitos da degradação nas características de desempenho escolhidas para o material ou componente. Para cada uma das características de desempenho selecionadas, deve optar-se por um mé- todo de ensaio que permita identificar, estimar, quantificar, e monitorar de modo a determinar relações entre a degradação do material e o efeito desses fatores. 14 Neste tópico, você aprendeu que: RESUMO DO TÓPICO 1 • A patologia é uma ciência que precisa de normatividade e muita prevenção desde a concepção do projeto até seu uso. • É normal o desenvolvimento de anomalias no projeto de construção, porém, a manutenção oportuna é encarregada de conservar a vida útil dos componentes. • A estabilidade, conforto e durabilidade de um projeto de construção depen- dem de uma harmonia entre as etapas do processo construtivo e dos mate- riais empregados nele. • Agentes atmosféricos como a água livre, temperatura, umidade, radiação so- lar, gases, vento e bactérias atuarão de modo natural na envolvente da edifi- cação, por isso é normal que nela sejam manifestadas as primeiras patologias. 15 1 A seguinte figura correlaciona etapas do processo construtivo e uso da construção civil, preencha os devidos espaços: AUTOATIVIDADE Etapas do processo construtivo na construção civil FONTE: O autor 2 As estatísticas informam que, mundialmente, a origem da maioria das pa- tologias na construção civil não está no uso do projeto, e sim nas outras etapas. Com relação às porcentagens de origem das manifestações patoló- gicas para o caso do Brasil, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, e em seguida justifique sua resposta: a) ( ) Materiais, projeto, execução, falta de manutenção. b) ( ) Execução, materiais, projeto, falta de manutenção. c) ( ) Projeto, execução, materiais, falta de manutenção. d) ( ) Falta de manutenção, projeto, execução, materiais. 3 Existem várias nomenclaturas dentro da patologia das construções conhecidas como 4R (reparação, recuperação, reabilitação e restauração). Relacione as definições com suas respectivas nomenclaturas, dispostas nas colunas a seguir: 1) Substituição de materiais deteriorados. 2) Aplicação de técnicas sobre um sistema. 3) Modificação de uma estrutura. 4) Ajuste da aparência ou forma nas es- truturas antigas. A) Restauração. B) Reabilitação. C) Recuperação. D) Reparação. 16 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) 1A, 2B, 3C, 4D. b) ( ) 1D, 2C, 3B, 4A. c) ( ) 1B, 2A, 3D, 4C. d) ( ) 1C, 2D, 3A, 4B. 4 A etapa de inspeção patológica deve ser executada por profissionais ade- quados e consiste na definição das manifestações patológicas encontradas durante vistoria em uma determinada estrutura. Esta inspeção não é exclu- siva do período de uso da estrutura, podem ser feitas inspeções durante o recebimento de materiais ou execução da obra. Para que seja possível pro- longar e/ou evitar o recorrente recursos de inspeções prediais, qual seria a melhor forma de prevenir o surgimento de patologias na construção civil? 5 Durante a execução de uma obra em concreto armado, a Vida Útil de Proje- to (VUP) mínima é igual ou superior a 50 anos, conforme norma de desem- penho ABNT NBR 15575. Para que seja alcançado este objetivo é necessário que o concreto atenda uma relação entre a durabilidade, vida útil e manu- tenção, sendo que, mesmo que os componentes individuais da estrutura podem ter durabilidades e manutenções diferentes com as devidas indica- ções esse tempo pode ser atingido. Em suas próprias palavras, argumente como um parâmetro influencia no outro para alcançar o tempo de vida útil especificado anteriormente: 17 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CERÂMICOS 1 INTRODUÇÃO Os materiais cerâmicos são amplamente utilizados na construção civil, eles são constituídos por tijolos, telhas, tubos e na forma de placas de revestimentos. A cerâmica é o material artificial mais antigo produzido pela humanidade, fazendo uso de argilas que, quando em contato com a água, pode ser moldada em peças e após cozimento em altas temperaturas (aproximadamente 1000 °C) torna-se resistente. A indústria no Brasil estima que existam cerca de 7 mil empresas associadas à produção de cerâmica vermelha, produzida a partir de 10.300.000 de toneladas de argila por mês o que representa 4,8% da indústria na construção civil (ANICER, c2020). Essa indústria não contempla a fabricação de cerâmica para revestimento, a qual é medida pela quantidade de metros quadrados produzidos anualmente. Para o ano de 2018 foram fabricados 872 milhões de m2 de cerâmica destinada a piso, parede, fachada e porcelanato (ANFACER, c2020), ou seja, não é pouca coisa do que estamos avaliando, ao final o acadêmico poderá observar que os materiais que frequentemente observamos nas fachadas da construção civil são cerâmicos. Por mais que os produtos fabricados possuam uma marca de qualidade, ava- liada em condições de laboratório, eles apresentam um mínimo de presença de defei- tos, além de sofrerem também algum desgaste durante contato, transporte e colocação na obra, além de sofrerem danos pelas repetitivas e inconstantes variações de umidade, temperatura e carga durante a etapa construtiva e posterior. A tarefa do engenheiro é a de revisar os contatos e assegurar que não existirão problemas que não sejam da natu- reza própria do material, antes, durante e depois da instalação das peças. 2 DEFEITOS MICROESTRUTURAIS Conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (ANFACER), o Brasil é um dos principais países envolvidos com o setor cerâmico, ocupando a terceira posi- ção em produção e segunda em consumo mundial (ANFACER, c2020). É conhecido pelo acadêmico que a cerâmica resulta de uma mistura de ar- gilas, em estado plástico é moldada, secada e posteriormente cozida em altas tem- peraturas. Constituída basicamente de partículas de diâmetro inferior a 0,005 mm. Estas partículas, com o devido tratamento, sofrem uma reconfiguração, entre elas, 18 UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS na medida que são fabricadas: uma peça verde (em frio e mole, simplesmente com- pactada), se transforma em uma peça rígida (sinterizada), como é esquematizado na Figura 6, cujas partículas tem maior área de contato e criam uma rede predomi- nantemente contínua, pois existem vazios que não podem ser mais reduzidos. FIGURA 6 – RECONFIGURAÇÃO DAS PARTÍCULAS ANTES E DEPOIS DA COCÇÃO DA ARGILA PARA CONFORMAÇÃO DE UMA PEÇA CERÂMICA FONTE: Fonseca et al. (2016, p. 1346) É essa existência de vazios ou poros que permite o ingresso de água e ca- lor, que pode levar à dilatação da estrutura. Uma característica que não acontece de modo uniforme. Os poros atuam como concentradores de tensão e são a prin- cipal causa dos defeitos dos produtos cerâmicos, uma vez que facilitam o início das trincas e com isso, uma possível fratura. A distribuição de tamanhos de poros e a porosidade total alteram as propriedades das cerâmicas. Portanto, os vazios atuam negativamente na resistência à fratura (FONSECA et al., 2016). Na Figura 7 são apresentados os diferentes agentes que atuam na degradação dos materiais cerâmicos. As degradações podem ser por variação dimensional, cau- sada por agentes físicos (umidade e temperatura) e químicos (crescimento de cristais através da penetração de sais) ou através de esforços mecânicos, como esforços de compressão ouflexão superiores à resistência da peça ou devido ao impacto. TÓPICO 2 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CERÂMICOS 19 FIGURA 7 – TIPOS DE AGENTES QUE ATUAM NA DEGRADAÇÃO DOS MATERIAIS CERÂMICOS FONTE: Adaptado de Figueiredo (2018, p. 385) Com relação ao emprego dos tijolos, são apresentadas na Figura 8 os diferentes tipos de formas em que podem ser empregados na construção civil. Devemos considerar que sua forma influencia nas propriedades físicas (princi- palmente em absorção) e mecânicas (resistências). Por exemplo, os tijolos típi- cos utilizados para vedação (tijolo baiano) suportam cargas muito inferiores aos blocos estruturais e podem fissurar se forem empregados com o fim de resistir a esforços de compressão. A norma ABNT 15270 (ABNT, 2017) especifica os requi- sitos dimensionais, propriedades físicas e mecânicas de blocos de tijolos cerâmi- cos a serem utilizados em obras de alvenaria estrutural ou não, com o intuito de evitar a presença de futuras patologias. Dentre algumas das especificações para uma adequada aplicação são ne- cessários alguns conhecimentos das peças (ABNT, 2017), divididos em aplicação de vedação (VED) ou estrutural (EST): • Para uso de vedação todas as larguras são aplicáveis, sendo admitidos blocos e tijolos com largura de 70 mm somente para funções secundárias, como shafts ou pequenos enchimentos. Para uso estrutural as larguras mínimas dos blo- cos dependerão do tipo de construção, sendo as larguras mínimas de blocos para um pavimento de 90 mm, até dois pavimentos de 115 mm e acima de dois pavimentos de 140 mm. • As resistências mínimas e absorção de água variam de acordo com a classe de resistência do bloco ou tijolo, para vedação as classes de resistência variam entre 1,5 MPa até 4 MPa e absorção de água entre 8 % a 25 %. Para blocos e tijolos estruturais as resistências variam de 4 MPa a 20 Mpa e a absorção de água entre 8 % a 21 %. • Para aceitar a utilização de um lote de tijolos ou blocos, recomenda-se reali- zar inspeção dos blocos por amostragem, sendo necessário o atendimento da identificação de fabricação gravado no tijolo juntamente com informações do fabricante, dimensões nominais e de rastreabilidade. Também se deve reali- zar inspeção visual, na qual eles não podem apresentar defeitos sistemáticos, como quebras, superfícies irregulares ou deformações. Para lotes entre 1.000 a 250.000 peças recomendam-se amostragem contendo 13 peças, e se deve rejeitar o lote caso 5 unidades não estejam em conformidade. 20 UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS FIGURA 8 – VARIAÇÕES DE FORMA DOS TIJOLOS FONTE: <https://bit.ly/3un2nPD>. Acesso em: 25 maio 2021. Com relação às anomalias em alvenarias de tijolos ou blocos cerâmicos, além das características dos materiais, a execução e as ações de manutenção são os principais fatores para um bom funcionamento da alvenaria ao longo do tempo de vida útil. As principais causas de anomalias em alvenarias estão associadas à ação da água e fissurações e podem ser divididas em três grandes grupos, conforme apresentado no Quadro 1. Os fatores que causam esses problemas podem ser associados a: excesso de peso, assentamento das fundações, sismos, variação de temperatura, gelo/desgelo, absorção de água, poluição, raios UV, elevada presen- ça de sais no solo, entre outros (BRANCO; BRITO, 2015). QUADRO 1 – ANOMALIAS E CAUSAS EM ALVERNARIA CERÂMICA Física / Mecânica Química Biológica - Fissuração - Esmagamento - Desagregação - Descasque - Erosão - Umidades - Eflorescência e criptoflorescência - Empolamento - Manchas - Perda de tonalidade - Bolores e fungos - Desintegração das juntas - Presença de vegetação - Bolores e fungos - Outros agentes biológicos FONTE: Adaptado de Branco e Brito (2015) TÓPICO 2 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CERÂMICOS 21 • Criptoflorescência é a cristalização de sais no interior de elementos construtivos como paredes e lajes. O crescimento dos cristais tem grande dimensão e aderem o interior das paredes da cerâmica, aumentando o volume e as tensões internas do material, causando sua degradação. • Eflorescência, por sua vez, é o aparecimento de sais cristalizados na superfície do ma- terial, através da migração de sais do interior para o exterior da amostra. A eflorescência, ao contrário da criptoflorescência, não causa tensões internas, porém, pode causar degradação caso não seja solucionada. Um exemplo pode ser visto na figura a seguir NOTA FIGURA – REPRESENTAÇÃO DE EFLORESCÊNCIA FONTE: <https://bit.ly/3wNWYTd>. Acesso em: 25 maio 2021. Devemos estar atentos que o surgimento de patologias no revestimento cerâmico está relacionado majoritariamente à falta de especificações durante a execução do projeto, falhas no assentamento e na manutenção (MEDEIROS, 1999). Entretanto, também existirão patologias relacionadas ao uso e a manutenção como o desgaste do esmalte, formação de manchas (ataque químico e mancha d’água), associados ao uso incorreto de produtos de limpeza para a classe correspondente à placa cerâmica (REBELO, 2010). 22 UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS FIGURA 9 – PRINCIPAIS MOTIVOS DO DESTACAMENTO DE PLACAS FONTE: Adaptado de Atex (c2020) FIGURA 10 – FISSURAÇÃO DEVIDO A CAUSA INTERNA (A) E DEVIDO A CAUSA EXTERNA (B) Segundo Roscoe (2008) as situações mais comuns de descolamento costu- mam ocorrer por volta de cinco anos de conclusão da obra. A ocorrência cíclica das solicitações somada às perdas naturais de aderência dos materiais de fixação, em situações de subdimensionamento do sistema, caracteriza falhas que costumam re- sultar em problemas de desprendimento, conforme visto na Figura 9. 3 DANOS CAUSADOS POR FISSURAS Conforme visto anteriormente, a fissuração das alvenarias está relaciona- da à incapacidade de resistir aos esforços cortantes de flexão ou tração devido a causas internas ou externas. As causas externas (Figura 10a) estão relacionadas a deformações da estrutura, ações de carga, deformação ou umidade. Já as causas internas (Figura 10b) estão relacionadas com dilatação térmica, oxidação de me- tais, criptoflorescências, gelo e desgelo. FONTE: O autor TÓPICO 2 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CERÂMICOS 23 Portanto, as fissuras em paredes devido à aplicação de cargas são causa- das principalmente pela limitada capacidade da alvenaria de tijolos em absorver cargas diretamente aplicadas. Na Figura 11, vemos duas ocorrências de fissura- ção em paredes ou muros de tijolos. A situação em que a fissuração se propa- ga pela argamassa (Figura 11a) ocorre devido a uma maior resistência do tijolo (quando a construção é feita com tijolos maciços), a situação em que a fissuração transpassa o tijolo (Figura 11b) ocorre devido a uma menor resistência do tijolo, como exemplo, a aplicação de tijolos furados. FIGURA 11 – MODALIDADE DE OCORRÊNCIA DE FISSURAS EM MUROS CONSTRUÍDOS COM TIJOLOS FONTE: Flores e Brito (2004, p. 28) Em construções com estruturas de concreto, a fluência e retração dos ele- mentos estruturais podem impor esforços na alvenaria de vedação, principal- mente em locais mais cruciais como nas vergas e contravergas de janelas e portas. A Figura 12 apresenta as localizações das principais fissuras vistas em alvenarias devido à retração da parede, variação térmica, assentamento da fundação e defor- mações por flexão dos pavimentos. 24 UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS FIGURA 12 - FISSURAS FREQUENTES EM PAREDES E DIVISÓRIAS FONTE: Adaptado de Thomaz (1989, p. 55) Portanto, as principais causas de fissuras em paredes devido à aplicação de car- ga, são por cargas verticais, concentradas, excêntricas entre outras. Para evitar estas pato- logias é necessário em nível de projeto, impedir que as vigas descarreguem diretamente sobre a parede de alvenaria, como exemplo a utilização de acessórios fixos às paredes. As mudanças de temperatura, sazonais e diárias, provocam variações dimensio- nais de dilatação ou retração,dilatando as alvenarias e movimentando a estrutura. As principais causas para que ocorram as fissuras, devido a essas variações de temperatura, são: diferentes coeficientes de dilatação térmica dos materiais utilizados, grande amplitude e rapidez dos fenô- menos térmicos, os graus de restrição da estrutura utilizada e a ausência de juntas de dilatação. Essas fissuras são mais visíveis nas paredes externas, principalmente aquelas orientadas ao sul, por existir maior gradiente térmico e por coberturas desprovidas de proteção, portanto é recor- rente as paredes do último piso serem as mais afetadas por este problema (THOMAZ, 1989). ATENCAO TÓPICO 2 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CERÂMICOS 25 4 DANOS CAUSADOS POR INFILTRAÇÃO A infiltração por umidade pode influenciar no desplacamento do revesti- mento cerâmico em função de, por absorver umidade, sofrer uma expansão nas suas dimensões. “A expansão por umidade (EPU) também chamada de dilatação higroscópica, é o aumento de tamanho da placa cerâmica na presença de umidade” (BAUER; RAGO, 2000) o que ocorre depois que as peças terminam o processo de fabricação, tanto por temperatura ambiente, umidade, quanto por água líquida. A Figura 13 apresenta fissuras do revestimento devido a problemas de infil- tração de água nas juntas do revestimento cerâmico, causando expansão e tensões entre as cerâmicas, ocasionando sua quebra. Portanto, os principais problemas que observamos devido à infiltração em cerâmicas estão no desplacamento e na quebra das peças cerâmicas utilizadas durante a execução da obra. Com relação à infiltração, o Quadro 2 apresenta as situações-problemas e origens dos fenômenos causados. QUADRO 2 - TIPOS DE RUPTURAS E CAUSAS FONTE: Adaptado de Bento (2010) FONTE: O autor Tipo de ruptura Origem do fenômeno Ruptura adesiva placa-cola Aplicação de cola que já tenha ultrapassado o tempo de abertura real, ou utilização de cola que não é adequada para o grau de porosida- de da cerâmica. Ruptura coesiva da cola Utilização prematura do revestimento, antes da cola ter atingido o desempenho necessário. Ruptura adesiva da cola-suporte Contágios do suporte por produtos cobertos de pó, ou suporte muito quente ou seco no mo- mento da aplicação da cola, ou cola inadequa- da para o grau de absorção de água do suporte. Ruptura coesiva do suporte Suporte que não apresenta a devida coesão, sem condições para receber um revestimento. FIGURA 13 – APARÊNCIA DE UM REVESTIMENTO CERÂMICO NO CHÃO COM PROBLEMAS DE INFILTRAÇÃO ENTRE JUNTAS 26 UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS A norma NBR 13754 (ABNT, 2016) indica aspectos para o assentamento de placas cerâmicas para obter um bom estado de acabamento. Quando realiza- dos a rigor é obtido um bom acabamento com redução dos riscos para formação de anomalias. Dentre o que especifica a norma, é necessária a remoção das peças da embalagem somente quando forem assentadas. Para sua aplicação devem-se utilizar as peças em estado seco com seu tardoz sem o engobe ou qualquer tipo de elemento pulverulento que vá prejudicar a sua aderência no substrato. A NBR 13006 (ABNT, 2020) informa que as cerâmicas podem ser de ori- gem esmaltada ou não esmaltada. A técnica de esmaltação é utilizada com o in- tuito de se obter um produto com superfície lisa e cristalina, portanto reduz a sua capacidade de absorção, reduzindo os riscos de formação de patologia em sua su- perfície. Outras vantagens ao utilizar os produtos esmaltados são: alta resistência, durabilidade, maior atrativo estético, fácil limpeza e maior isolamento acústico. 5 DANOS CAUSADOS POR MOFO Flores e de Brito (2004) afirmam que as anomalias causadas por mofo são ocorrências da presença de umidade e microrganismos em alvenarias ou reves- timentos cerâmicos. A presença de água nessas peças pode ocorrer de diferentes formas, sendo as mais comuns as umidades de construção, condensação (vapor em áreas úmidas da obra), precipitação, ascendente (freático). A umidade de construção é a presença de água durante o período da constru- ção da obra e que tende a diminuir gradativamente com o tempo, até desaparecer. A presença dessa água pode causar o aparecimento de manchas, fungos ou eflorescên- cias que resultam na redução das propriedades de isolamento térmico da estrutura. A umidade de condensação é decorrente da presença de vapor de água no ambiente, proveniente do encontro de ar quente e úmido com uma zona fria. Essa umidade penetra o interior dos elementos construtivos, comumente presente em áre- as úmidas de um edifício e causa problemas de isolamento térmico e deficiência de ventilação, também resulta na formação de manchas, eflorescências e fungos (FLO- RES; DE BRITO, 2004). Já a umidade de precipitação é a umidade exterior resultante das águas da chuva que se infiltra nos elementos cerâmicos devido a sua porosidade, sendo as áreas de maior infiltração em alvenarias as juntas de assentamento, partes inferiores das paredes, fissuras e ligações da alvenaria com a estrutura ou com vãos. A Figura 14 apresenta a comum presença de microrganismos resultado da umidade nas cerâmicas utilizadas para revestimento. Esses mofos são constituintes dos ataques químicos em materiais porosos, úmidos e pouco ventilados. Como prevenção deve-se utilizar em áreas úmidas revestimentos com baixa absorção e esmaltados. TÓPICO 2 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CERÂMICOS 27 FIGURA 14 – DANO SUPERFICIAL CAUSADO PELA PRESENÇA DE MOFO (BOLOR) NOS REVES- TIMENTOS CERÂMICOS FONTE: <https://bit.ly/3g555nR>. Acesso em: 25 maio 2021. FIGURA 15 – APARÊNCIA DE TIJOLOS CERÂMICOS APÓS SURGIMENTO DE EFLORESCÊNCIA FONTE: <https://bit.ly/3wNWYTd>. Acesso em: 25 maio 2021. 6 DANOS CAUSADOS POR EFLORESCÊNCIA A eflorescência é a formação de um depósito salino na superfície do ob- jeto cerâmico como resultado da exposição a intempéries e sua interação com os álcalis presentes no elemento. Por se tratar de um fenômeno que se apoia na per- meabilidade da amostra, na maioria dos casos é uma anomalia superficial, que altera a aparência do elemento, ainda que, em certos casos, pode ser gerada uma degradação profunda do elemento pela agressividade do sal (UEMOTO,1988). As eflorescências podem ser manchas formadas por carbonatos ou sulfa- tos que ficam depositados na superfície da cerâmica com elevado grau de poro- sidade. Geralmente o processo de formação se dá através da reação do sal com contato de gás carbônico (CO2) ou sulfatos (SO3) do meio. Apresentam-se sob a forma de manchas esbranquiçadas, nas quais geralmente há presença de umida- de na superfície do material (ver Figura 15). O Quadro 3 apresenta as principais causas e consequências da presença de eflorescências na construção civil. 28 UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS QUADRO 3 – TIPOS DE EFLORESCÊNCIA Tipo Aspecto Natureza dos sais Origem I Depósitos superficiais de sais brancos muito solúveis. Surgem após saturação da alvenaria e posterior secagem. Sais alcalinos: NaSO KaSO MgSO CaSO Carbonatos alcalinos: KCO3 NaCO3 Oxidação da pirita das argilas durante a queima produz SO3, o qual reage com óxidos livres da matéria-prima. Reações entre os componentes do cerâmico e do cimento formam sais alcalinos. Consequências: sem perigo para a construção: perda da estética. II Cripto eflorescên- cia: presença de sais brancos muito solúveis. Arrebenta- mento na superfície. Destacamento de pe- lículas superficiais. CaSO NaSO MgSO Surgem quando: a água circula lentamente nos materiais porosos, os sais são abundantes, os cerâmicos são compactos e têm baixa absorção de água, cristalização dos sais perto da superfície do cerâmico gerando pressões consideráveis. Consequências: degradação em obra em função da localização da cristalização. III Depósitos brancos na forma de rasgos mui- to aderentes, pouco solúveis, efervescen- tes na presença de ácido clorídrico. CaCO3 A hidratação do cimento libera Ca (OH) que migra paraa su- perfície. Durante a evaporação, transforma-se em um carbonato de cálcio na presença de CO2. Consequências: sem perigo para a construção: perda da es- tética. Sais difíceis de eliminar da superfície na sua totalidade. IV Depósitos brancos do tipo I acompanhados de fissuração nas juntas da alvenaria CaCHO Cristalização do sulfato de cálcio proveniente do cerâmico ou da re- lação entre os sulfatos alcalinos do cerâmico e cal livre de cimento. Consequências: desastroso para alvenaria: fissuração favorece a penetração de água. Empenos de alvenaria pouco carregada. TÓPICO 2 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CERÂMICOS 29 V Rasgos de cor casta- nho e vermelha, tanto nas paredes interiores como exteriores. Fe (OH); FeO; FeSO Fe... Libertação de sulfatos de ferro do cerâmico que se transfor- mam ao contato com o ar em hi- dróxidos ferrosos. Consequências: sem perigo para a construção: perda da estética. VI Rasgos de cor ama- relo-verde, dispersos em eflorescência tipo I Sal de Vanádio VOSO Sal encontrado em algumas argilas. Consequências: sem perigo para a construção: perda da estética. VII Rasgos de cor casta-nho-preto Oxido de manganês Utilizado como corante na fabrica- ção de alguns tijolos de face-a-vista, para formar o sulfato de manganês solúvel. Ao entrar em contato com o cimento ocorre a precipitação do hidróxido de manganês, que se transforma em oxido ao entrar em contato com o ar. Consequências: sem perigo para a construção: perda da estética. FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/34DCbWA>. Acesso em: 25 maio 2021. Na Figura 16 vemos a influência da formação de eflorescência que acar- retou em cristoflorescência, gerando um aumento de volume interno entre arga- massa e o revestimento cerâmico. Como solução para esses problemas em contato com o solo indica-se a realização de drenagem de lençóis freáticos, instalação de membranas que evitem o contato com águas salinas, utilização de adesivos hi- drófobos para azulejos e outros revestimentos cerâmicos. FIGURA 16 – CRESCIMENTO DE CRISTAIS SALINOS DEVIDOS À EFLORESCÊNCIA, GERANDO AUMENTO DE VOLUME ENTRE SUBSTRATO E CERÂMICA FONTE: <https://bit.ly/2SNmrxs>. Acesso em: 25 maio 2021. 30 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • É normal que certas peças, como os tijolos, registrem defeitos de fabricação como irregularidades nas bordas ou fissuras leves, porém, elas não devem com- prometer o encaixe nem a degradação da peça durante sua colocação em obra. • Os materiais cerâmicos são instalados em obras como unidades individuais, que constituem um todo geral, sendo assim, a sua reparação pode ser local, sem o comprometimento da estrutura global. • As manifestações patológicas típicas nos materiais cerâmicos são a eflorescên- cia, a infiltração e o mofo, uma questão que pode ser de fácil manutenção sem necessidade de reparação profunda. 31 1 A seguinte figura registra o surgimento da uma anomalia superficial no revestimento ou pintura, qual seria o melhor procedimento para tentar resolver a situação? AUTOATIVIDADE FONTE: O autor a) ( ) Passar água com cloro e lavar, secar e, posteriormente, pintar de novo. b) ( ) Raspar a superfície e substituir o revestimento de argamassa e colocar um novo. c) ( ) Passar pintura sem limpar a superfície. d) ( ) Passar água com cloro e lavar, esperar secar, aplicar massa corrida entre fissuras aparentemente visíveis, lixar e, posteriormente, pintar de novo. e) ( ) Lavar com água sanitária e aplicar pintura na superfície seca. 2 As variações no teor de umidade provocam movimentações de dois tipos: irreversíveis e reversíveis. As movimentações irreversíveis são aquelas que ocorrem logo após fabricar o material e originam-se pela perda ou ganho de água até que seja atingida a umidade higroscópica de equilíbrio. Sobre as patologias que ocorrem em relação às variações no teor de umidade em materiais da construção civil, assinale a afirmativa CORRETA: a) ( ) As movimentações reversíveis ficam delimitadas a um certo intervalo mesmo no caso de se saturar ou secar completamente o material. b) ( ) As movimentações reversíveis ocorrem por irregularidades no teor de umidade do material ao longo do tempo. c) ( ) As movimentações reversíveis ficam delimitadas a um certo intervalo mesmo no caso de se saturar ou fabricar completamente o material. 32 d) ( ) As movimentações irreversíveis ocorrem por irregularidades no teor de umidade do material ao longo do tempo. e) ( ) As movimentações irreversíveis ficam delimitadas a um certo intervalo mesmo no caso de se saturar ou fabricar completamente o material. 3 Os profissionais que atuam na construção civil estão familiarizados com a terminologia de “patologia de infiltrações”, que podem acontecer em qual- quer tipo de edificações e, se não são rapidamente resolvidas, podem de- sencadear inúmeros problemas construtivos. A seguir, assinale a alternati- va que corresponde ao fator que contribui à formação de mofo ou bolor nos materiais cerâmicos ou nas pinturas de uma edificação: a) ( ) Variações de temperatura no ambiente. b) ( ) Condensação do vapor de água. c) ( ) Instalação de revestimento cerâmico. d) ( ) Presença exclusiva de matéria orgânica entre as peças. e) ( ) Espessura de argamassa de rejunte. 4 Eflorescências são depósitos cristalinos de cor branca que surgem na super- fície do revestimento, como pisos, paredes e tetos, resultantes da migração e posterior evaporação de soluções aquosas salinizadas. Como pode ser re- parada uma seção com problemas de eflorescência? 5 Existem muitas normatividades, manuais para a fabricação e instalação de revestimento cerâmico, sendo assim, porque acontecem tantas patologias nesses revestimentos? 33 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CIMENTÍCIOS (ARGAMASSAS) 1 INTRODUÇÃO O revestimento com argamassa resulta na parte mais trabalhosa de um projeto de construção. É comum observarmos em obras de pequeno porte dife- rentes espessuras de acabamento ao longo de uma parede, resultado de uma não homogênea execução do operador. Essa patologia é comum em muitas edificações e inclusive pode ser sistêmi- ca, sem gravidade, quando o mesmo operador aplica o mesmo material em deze- nas de unidades habitacionais. O problema pode estar limitado a várias camadas e sua extensão pode ser muito grande, o que levará a um alto custo de reparação. Ainda que possa ser decorrente de algum fator externo, para o material que possui defeitos, os danos superficiais e estéticos levarão o usuário a certos desconfortos. Neste tópico você ficará informado como certos parâmetros de controle de material, dosagem e aplicação comprometem o desempenho dos revestimen- tos de argamassa, compostos geralmente por cimento Portland, areia, aditivos, cal e água. Realizar um controle tecnológico é o aspecto chave para um adequado tempo de vida útil desses materiais. 2 DANOS CAUSADOS POR MÁ QUALIDADE DOS MATERIAIS A parede, tal como é representada na Figura 17, é constituída de diferentes ma- teriais que cumprem funções especificas, como você aprendeu em disciplinas passadas. 34 UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS FIGURA 17 – CAMADAS NO REVESTIMENTO COM ARGAMASSA E CERÂMICO FONTE: <https://bit.ly/3wPNYwU>. Acesso em: 25 maio 2021. Os principais fatores que influenciam a degradação dos revestimentos de argamassa são decorrentes dos processos físico-mecânicos, químicos e biológicos, conforme visto na Figura 18. Observamos certa similaridade aos problemas apre- sentados nas cerâmicas. Os processos físico-mecânicos ocorrem devido a esforços internos de retração plástica, causando fissuras do revestimento. Os processos químicos ocorrem devido à hidratação retardada da cal ou à acelerada hidratação do cimento. Já os processos bio- lógicos ocorrem devido ao crescimento de microrganismos nos poros da argamassa. FIGURA 18 – FATORES QUE INFLUENCIAM NA DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTODE ARGAMASSA FONTE: Carasek (2010, p. 931) TÓPICO 3 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CIMENTÍCIOS (ARGAMASSAS) 35 A fase de empreendimento de um processo construtivo deve ser iniciada através da escolha dos materiais utilizados. Os materiais devem ser especificados durante a etapa de projeto e sua seleção deve ser realizada com base nas carac- terísticas dos insumos necessários. O Quadro 4 apresenta as principais proprie- dades que devem ser controladas para o emprego de materiais na fabricação de argamassas na construção civil. Devemos levar em consideração que geralmente o fabricante de cimento Portland e dos aditivos já fornece as principais informa- ções do produto a ser utilizado. QUADRO 4 – ASPECTOS DE CONTROLE DE MATERIAIS PARA FABRICAÇÃO DE ARGAMASSAS Controlar O quê? Cimento Portland Aspectos físicos: resistência à compressão, finura, início e fim de pega, expansibilidade, calor de hidratação entre outros. Aspectos químicos: composição, percentual de adição, perda ao fogo, resíduo insolúvel, teores de C3A e de álcalis (Na2O, K2O). Agregados Aspectos físicos: distribuição granulométrica, formato dos grãos, material pulverulento. Aspectos químicos: análise petrográfica, reatividade potencial. Água Contaminação com cloretos, sulfatos, álcalis, teor de Ph. Aditivos Contaminação com cloretos. FONTE: Adaptado de Thomaz (1989) A análise petrográfica consiste na preparação de amostras em tamanho de lâmina para observação microscópica, nas quais são realizadas descrições visuais do ma- terial estudado. São associadas as suas características estruturais, mineralógicas e químicas. NOTA Ao utilizarmos o cimento, devemos levar em consideração qual a aplicação que queremos para a nossa argamassa, precisamos de um rápido ganho de resis- tência? Precisamos de uma argamassa que apresente maior resistência após os 28 dias de hidratação? O meio em que aplicaremos apresenta um ambiente agressivo? Para isso devemos selecionar o cimento Portland mais adequado para utilização, conforme visto na Tabela 1 e Tabela 2 apresentadas na NBR 16697 (ABNT, 2018). 36 UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS TABELA 1 – DESIGNAÇÃO NORMALIZADA, SIGLA E CLASSE DO CIMENTO PORTLAND TABELA 2 – LIMITES DE COMPOSIÇÃO DO CIMENTO PORTLAND FONTE: ABNT; NBR 16697 (2018, P. 5) Designação Subtipo Sigla Classe de resistência Sufixo Cimento Portland comum Sem adição CP I 25, 32, 40 RS ou BC Com adição CP I-S Cimento Portland composto Com escória granulada de alto forno CP II-E Com material carbonático CP II-F Com material pozolânico CP II-Z Cimento Portland de alto-forno CP III Cimento Portland pozolânico CP IV Cimento Portland de alta resistência inicial CP V ARI Cimento Portland branco Estrutural CP B 25, 32 40 Não estrutural CP B - - RS = resistente a sulfatos; BC = baixo calor de hidratação. Classes 25, 32 e 40 representam valores mínimos de resistência aos 28 dias. FONTE: NBR 16697 (ABNT, 2018, p. 4) Sigla Clínquer + sulfato cálcico Escória de alto-forno Material pozolânico Material carbonático CP I 95 – 100 0 – 5 CP I-S 90 – 94 0 0 6 – 10 CP II-E 51 – 94 6 – 34 0 0 – 15 CP II-F 75 – 89 0 0 11 – 25 CP II-Z 71 – 94 0 6 – 14 0 – 15 CP III 25 – 65 35 – 75 0 0 – 10 CP IV 45 – 85 0 15 – 50 0 – 10 CP V 90 – 100 0 0 0 – 10 CP B 75 – 100 - - 0 – 25 CP B 50 – 74 - - 26 - 50 Portanto, quando se busca um rápido tempo de ganho de resistência, de- vem-se utilizar cimentos Portland compostos, com maior conteúdo de clínquer e sulfato cálcico. Outro fator importante que devemos levar em consideração é o seu teor de finura, uma vez que o tamanho de partículas é essencial para a acele- ração de hidratação do cimento. Um cimento com elevada finura pode resultar na fissuração devido à retração hidráulica – saída de água conservada no interior da argamassa devido ao processo de secagem (Figura 19). A remoção da água nesse processo causa variação de volume da argamassa, podendo resultar em fissuras que futuramente ocasionarão patologias na peça (NEVILLE, 2015). TÓPICO 3 — MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM MATERIAIS CIMENTÍCIOS (ARGAMASSAS) 37 FIGURA 19 – FISSURAS DEVIDO À RETRAÇÃO POR SECAGEM EM ARGAMASSA FONTE: O autor A areia, que em muitas ocasiões é basicamente formada por quartzo (SiO2), também pode apresentar um baixo teor de impurezas que pode ser prejudicial como aglomerados argilosos, pirita, mica, matéria orgânica, sulfatos e óxido de ferro, for- mando vesículas que são as partes mais escuras na peça (THOMAZ, 1989). A presen- ça de mica reduz a aderência do revestimento à base ou entre duas camadas, já areia muito fina pode causar aumento da retração em relação a areia mais grossa. Quando falamos de uma areia de composição quartzosa sabemos que sua reatividade será baixa e com baixa tendência à expansão, no entanto, caso haja dúvidas quanto à rea- tividade física de um agregado é necessário realizar ensaios específicos. Quando utilizamos cal devemos tomar cuidado para não adquirir uma cal inadequada, resultado de um processo de fabricação com baixo controle de produ- ção, ou mesmo de uma mistura rudimentar de cal com outros materiais. Ao utilizar- mos a cal devemos observar que a hidratação pode ocorrer de maneira mais lenta até após a aplicação, é possível o aumento de volume, formação de vesículas logo após os primeiros meses, possível formação de carbonatação e descolamento do emboço, e variação conforme submissão da parede a fontes de calor (NEVILLE, 2015). Com relação à água, o principal problema está relacionado com a presença de sais solúveis, que poderão gerar as eflorescências nos revestimentos e também acelerar a pega da argamassa. Por outro lado, a presença de matéria orgânica pode retardar a pega e o endurecimento da argamassa. Assim, não se pode empregar água do mar e outras águas com alto teor de sais solúveis e outras substâncias nocivas. Deve-se, portanto, utilizar a água potável da rede pública de abastecimento ou no caso de utilização de água não tratada realizar testes para verificar a sua qualidade. Os aditivos mais empregados para argamassas são os incorporadores de ar. Trata-se de um produto que, adicionado em pequena quantidade à argamassa, é ca- paz de formar microbolhas de ar, homogeneamente distribuídas na argamassa, con- ferindo-lhe principalmente melhor trabalhabilidade e redução do consumo de água de amassamento, o que pode ajudar a reduzir o risco de fissuração. No entanto, estes aditivos devem ser empregados com cautela, pois, se o ar for incorporado em teores muito elevados pode prejudicar a aderência da argamassa com o substrato ou mes- mo gerar um revestimento com baixa resistência superficial, como visto na Figura 20. 38 UNIDADE 1 — GENERALIDADES E MANIFESTAÇÕES COMUNS FIGURA 20 – INFLUÊNCIA DO TEOR DE AR INCORPORADO NA RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA DE REVESTIMENTOS DE ARGAMASSAS, ONDE HÁ PRESENÇA DE VAZIOS NA INTERFACE DA ARGAMASSA COM O BLOCO FONTE: Adaptado de Carasek (2010) Geralmente, argamassas com teores de ar acima de 20%–25% podem re- presentar problemas para os revestimentos; abaixo desse valor crítico, o ar incor- porado até melhora a aderência, devido ao ganho na trabalhabilidade da arga- massa, que permite “molhar” melhor a superfície do substrato, resultando em um aumento na extensão da ligação (CARASEK, 2010). 3 DANOS CAUSADOS POR MÁ DOSIFICAÇÃO DO TRAÇO Para a utilização de argamassas de cimento, as principais origens de pa- tologias decorrente do traço da argamassa podem ser relacionadas a argamassas com elevados teores de cimento na sua composição, levando a ocorrência de fis- suras e descolamentos de argamassa. Em espessuras maiores do que 2 cm esses problemas são potencializados. Como correção para é indicado o uso de argamassas mais elásticas, inserindo cal em sua composição. Dentre as principais manifestações patológicas em argamassas de reves- timento temos as vesículas, empolamentos que ocorrem na argamassa, com colo- ração interna indicando a origem do problema.
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