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2016 – Curso de atualização – O Novo Código de Processo Civil Sérgio Cruz Arenhart Provas no NCPC O mandado de segurança é ação que possui restrições no campo probatório. A tutela inibitória/ação preventiva contra ato ilícito pode ser utilizada tanto no objeto do processo (deixa de ser o dano e passa a ser o ato ilícito), como de fatos futuros. A prova, assim, protege ou dificulta a proteção de certos interesses. O problema da teoria da prova não se vincula à convicção do juiz e das partes. Mas serve para permitir um controle de racionalidade na fundamentação da decisão judicial (construção lógica e coerente dos comandos de prova). No processo, não se consegue controlar como é que as partes se convenceram de que o fato x/y aconteceu (pode ser por búzio, tarô, psicografia, inclusive pré-compreensões), mas a disciplina legal das provas exige que haja fundamentação racional para demonstrar o convencimento do juiz. Remo Caponi – a imparcialidade não é apatia do juiz na realidade. Ele não é desprovido de pré- compreensões e de influências externas. O que não se pode aceitar é que as pré-compreensões motivem o julgamento. Prova é controle de argumentação, não de formação de convicção. No NCPC, há uma nova visão de (i) contraditório e de (ii) motivação judicial. Contraditório = não basta dar ciência para se manifestar. Participação e cooperação para os fins processuais. Sujeitos devem intervir para construírem, todos, uma melhor decisão judicial. Não é apenas o direito de se manifestar, mas de influir/participar da formação da decisão judicial. Dever de fundamentação é o contraponto necessário do contraditório (= argumentos que o levaram ao convencimento, mas também os argumentos/provas que não o convenceram). Como é que o TRF reforma a decisão do juiz de primeiro grau, se nem participou da colheita da prova? Revisão de matéria de fato é esquisita. É que a rigor, o papel do TRF é de verificar a higidez da análise do juiz (você deu um valor diferente ou a prova é ilícita). Deveria ser o da análise da argumentação feita pelo juiz. Identidade física, imediatidade. Convicção racional do juiz: Art. 489. São elementos essenciais da sentença: [...] § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; Crítica do paradigma atual, segundo o qual os juízes não precisam trabalhar com todos os fundamentos das partes. Prova emprestada (art. 372) – situações em que não é possível reproduzir questões anteriores ou de economia/gestão processual (economia de recursos jurisdicionais). O emprego da prova emprestada é condicionado ao contraditório e lhe atribuirá o ‘valor que considerar adequado’ (o que é ridículo, porque ou ela tem valor determinado pelo ordenamento jurídico/documento, ou porque realmente ele realmente irá valorá-la conforme o sistema da convicção racional). Sobre o contraditório a ser empregado na prova emprestada, há duas vertentes: (a) se as partes são iguais em ambos os processos e houve contraditório no primeiro, não há violação ao contraditório se emprestada para o segundo; (b) se as partes forem diferentes, elas poderão exercer o contraditório no segundo processo (transposição). Pode haver choque entre direitos constitucionais: acesso à justiça x contraditório. Ponderação = mesmo em que haja contraditório, é possível que seja admitida a prova emprestada sem essa garantia para privilegiar o acesso à justiça. Distribuição dinâmica do ônus da prova (art. 373, §1º) – CPC73: visão estática. CDC: autorizou inversão do ônus da prova. CPC15: regra permanece estática (critério inicial), mas pode ser alterada pelo juiz, se perceber que uma das partes tem facilidade para produzi-la ou dificuldade da outra em obtê-la (similar ao modelo norte-americano). No rol taxativo do NCPC, é cabível agravo de instrumento (art. 1015, XI). Nem sempre é fácil que o juiz perceba para quem é mais fácil/difícil produzir determinada prova. Para Arenhart, não é ônus probatório, mas dever probatório. O problema é se houver necessidade de alterar esse critério depois do saneamento. Segundo o NCPC, deve ser feita no saneamento do processo. Isso é ruim (critério impositivo), porque o juiz poderia ter a necessidade de rever isso durante a fase de instrução do processo. Por outro lado, em termos técnicos, a distribuição de ônus da prova não pode ser feita em momento anterior à decisão judicial. Isso, porque, ônus é consequência de uma inação/inércia; o sujeito não produz prova e sofre consequência. Tecnicamente, ônus da prova deveria ser regra de julgamento (= sentença). Portanto, o NCPC não está tratando de redistribuição de ônus da prova, mas sim do dever de produzir a prova. Se não for trazida na instrução, aí sim, haverá o ônus da prova (julgamento/sentença). Assim, a distribuição deveria ser uma regra excepcional. Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. § 2o A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. 373, §§ 1º e 2º: deveres probatórios. 378, 379 e 380. Há um dever das partes em produzir provas, sob pena de litigância de má-fé (dever de expor conforme a verdade; dever de completude em matéria probatória). “Art. 379. Preservado o direito de não produzir prova contra si própria” = é só em casos excepcionais que as partes podem se excepcionar em não produzir prova para o Judiciário. As partes não têm o direito de não colaborar só porque é contra o seu interesse. Elas devem produzir a prova, mesmo que lhes seja desfavorável. É por isso que há presunção de veracidade quando a parte não comparece ao depoimento pessoal em juízo e há disciplina da confissão. No mesmo sentido, no regime de exibição de documento/prova (Art. 400, Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja exibido). O regime de exceção (art. 379) é resguardado para hipóteses excepcionais (ex: sigilo profissional). Matéria ambiental – inversão do ônus da prova, inicialmente, só se justificava porque era ação coletiva (Herman Benjamin) e era ACP. A dinamização do ônus da prova pelo NCPC tb amplia a matéria para as ações coletivas. Atos concertados entre juízes (art. 69): é possível, inclusive, que a prova seja colhida em conjunto pelos juízes (art. 69, §2º, II) – é possível que um juiz decida de forma coletiva vários casos. Dever de cooperação. Mesmo que as partes não tenham interesse, os poderes instrutórios do juiz são amplos – o processo é feito para ele decidir, então deve ser ativo na descoberta dos fatos. Pode violar a imparcialidade? Arenhart defenda que não, porque o juiz não sabe de antemão qual será o resultado; além disso, deve ser comprometido com a verdade; considerando a dialeticidade, a não produção da prova também pode trazer consequências, afinal uma das partes sempre vai se beneficiar pela produção/não produção daquela prova. Se o TRF tomar conhecimento de fato novo, deve parar a sessão, abrir vista paraas partes se manifestarem, instruir o fato novo e só depois julgar (art. 933). Produção antecipada de provas – CPC73: cautelar, demanda futura. NCPC: assegurar prova deixa de ser a única função para emprego em outro processo. Segundo o NCPC (art. 381), também é possível que ela seja empregada para viabilizar solução alternativa de composição (modelo multiportas de solução de litígios), justificar ou evitar o ajuizamento de ação. É possível que não tenha caráter contencioso (jurisdição voluntária), para fins de documentação da parte. Era preciso justificar a inviabilidade de produção da prova por outros meios (necessidade de intervenção judicial – ex: ele não vai comparecer ao cartório, por isso é preciso que compareça judicialmente). Prova eletrônica – não disciplinou de forma suficiente. Se juntar uma prova eletrônica e a outra parte impugnar, deve fazer perícia (art. 422, § 1º). Essa perícia nem sempre é viável/útil. Prova documental – arguição de falsidade documental: o CPC73 era uma bagunça, porque a arguição de falsidade pode ser incidental (sem coisa julgada) ou através de ação autônoma (solução seria em sentença e haveria coisa julgada). O NCPC tornou isso mais informal: a parte ainda pode fazê-lo incidentalmente, mas se pedir que seja decidida como “questão principal” também recairá a coisa julgada (art. 433). Limites objetivos da coisa julgada (indiscutível/imutável) – o NCPC não limita a CJ apenas ao dispositivo e a estende também às questões prejudiciais (art. 503, §1º), desde que não haja restrição ao contraditório, cognição e seja competente. Também eliminou a ação autônoma de arguição de falsidade. Logo, se há coisa julgada sobre as questões incidentais (art. 503, §1º), não há lógica em limitar que a arguição de falsidade só faça coisa julgada se decidida como “questão principal” (art. 433). Visão sistemática do NCPC estabelece que há coisa julgada material também para a falsidade decidida como “não principal”. Prova testemunhal – o Estatuto da Pessoa com Deficiência revogou parte do CC que tratava das questões de provas. O EPCD praticamente termina com as incapacidades para serem testemunhas e sobra apenas o ébrio habitual. Mas comete algumas impropriedades, porque dá a impressão que agora todos os incapazes são possíveis testemunhas (o cego deve depor sobre o que viu, mas não vê... isso é ilógico!). O que o EPCD tem a importância de revelar que cada pessoa tem uma deficiência (capacidade de expressar e compreender os fatos). Forma de comunicação das testemunhas – não é mais o Estado, mas o advogado que intima as testemunhas. É possível conduzir coercitivamente tb pelos intimados por advogados. Os depoimentos são colhidos diretamente, sem intermediação do juiz (parte x testemunha; juiz x testemunha), semelhante ao cross examination. Prova pericial – criou perícia informal (depoimento de técnico em juízo). Perícia consensual (as partes escolhem o perito do juiz, desde que sejam capazes e a causa possa ser resolvida por autocomposição = art. 471). É uma forma de negócio processual. Na sua essência, é uma ideia muito boa (oceanógrafo ou geólogo? Juiz geralmente não sabe as especificidades de atribuições, mas as partes podem indicar o fulano, que é o maior especialista no assunto). Isso contribui para as partes e o deslinde do processo. A ideia de cooperação processual deve reger essa escolha do perito, sem que seja imposta e o juiz mero homologador. Faltou no NCPC: a) prova eletrônica; b) provas ilícitas (não há tratamento no CPC e se empresta a teoria do CPP, o que é problemático, porque se importa a presunção de inocência do PP e não deve ser aplicada no cível). Nas ações possessórias, há dupla instrução: (a) audiência preliminar, para verificar o atendimento dos requisitos para liminar; (b) instrução e julgamento. No item ‘a’, o papel do réu é só de acompanhar as provas a serem produzidas para a justificação provisória. Como não há contraditório efetivo, ela não deve ser importada para a ‘b’. Provas atípicas – todos os meios legais (inclusive os não previstos) admitidos. Os casos que não podem ser “encaixados” nos meios típicos (Ex: jogar búzios não é prova documental, pericial etc.) não podem ser utilizados no PC. Direito intertemporal – isolamento dos atos processuais (art. 14). Para o art. 1047, só se aplica para as questões processuais de valoração de provas. A regência material, por sua vez, é a legislação material.
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