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COMPOSIÇÃO DE JARDINS Representação gráfica do projeto de jardins Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever a estrutura do memorial descritivo, do orçamento e do contrato. � Avaliar a simbologia na representação gráfica de jardins. � Definir o anteprojeto de um jardim. Introdução O projeto de um jardim requer, além de conhecimento técnico, sensi- bilidade para atender às necessidades do usuário, tornando o espaço mais agradável e qualificando a paisagem. Para sua realização, é preciso não apenas de desenhos, mas também de outros documentos que especificam, informam e definem cada elemento do projeto, a fim de auxiliar e servir como base durante sua execução. Os recursos gráficos podem ser utilizados, juntamente ao desenho técnico, para alcançar uma representação projetual que seja facilmente compreendida. Neste capítulo, você estudará o memorial descritivo, o orçamento e o contrato de um projeto, a estrutura desses documentos e sua importância; a representação gráfica de um projeto, suas simbologias; e o anteprojeto e um exemplo dele. Memorial descritivo, orçamento e contrato Os jardins são importantes para a vida nas cidades, incluindo os públicos, grandes ou pequenos, em praças, canteiros nas calçadas e ao longo das vias; ou os privados, localizados em residências e espaços comerciais, por exemplo. Independentemente do seu tipo, tamanho e complexidade, todos eles devem ter sua execução planejada e embasada em alguns documentos que contêm mais do que o projeto executivo e de desenhos. Entre os principais documentos, está o contrato, que descreve a função de cada uma das partes, chamadas de contratante e contratado, evidenciando o que elas devem cumprir e sendo um pacto entre essas pessoas. Os contratos podem ser realizados entre o cliente e o profissional paisagista, entre o cliente e as empresas fornecedoras, bem como entre o cliente e todos os profissionais contratados para a execução da obra. Eles precisam ser feitos assim que o cliente optar pela contratação dos serviços, antes de qualquer esboço. A estrutura do contrato contém alguns itens principais, que podem ser esten- didos conforme o acordo e a necessidade. No início, ele apresenta os dados do contratante e do contratado, depois, descreve o objeto do contrato, explanando as informações gerais da execução do jardim; os itens que especificam-no; os serviços que serão realizados; as etapas e prazos, com os serviços em ordem e o tempo necessário para entregá-los; entre outros. Em seguida, especifica-se os valores de cada serviço por meio do item honorários, descrevendo o valor total e a forma de pagamento. Logo após, há um item referente às obrigações do contratante e outro com as do contratado, mostrando a função de cada um. Finaliza-se com a cláusula que trata da rescisão e das penalidades, bem como suas considerações finais. Ao elaborar um contrato, é importante descrever todas as possibilidades, eventuais problemas, entregas, prazos e andamento da obra, especificando bem tudo o que pode ocorrer e como deve ser resolvido a fim de evitar problemas de execução e cobranças indevidas, facilitando o processo. Outro documento é o memorial descritivo, realizado na fase do projeto executivo, após o anteprojeto ser definido e aprovado pelo cliente. Ele baseia-se na descrição de cada um dos itens que deverá ser executado na obra, sendo um detalhamento por escrito do projeto. O memorial pode ser considerado um complemento das especificações do projeto, por meio da descrição mais específica dos seus itens. O memorial descritivo, como parte integrante de um projeto executivo, tem a finalidade de caracterizar criteriosamente todos os materiais e componentes envolvidos, bem como toda a sistemática construtiva utilizada. Tal documento relata e define integralmente o projeto executivo e suas particularidades (BRASIL, 2013, p. 2). O intuito do memorial descritivo é relatar em texto as etapas do projeto e de cada serviço, a fim de tornar mais claras as especificidades e informações Representação gráfica do projeto de jardins2 importantes. Esse documento se trata de uma forma de registro com valor legal, assinado pelo profissional arquiteto paisagista, e deve ser considerado fiel- mente durante a execução de cada obra. Além da descrição de cada elemento, segundo o Ministério da Educação, ele contém “suas respectivas sequências executivas e especificações. Constam também no Memorial a citação de leis, normas, decretos, regulamentos, portarias, códigos referentes à construção civil, emitidos por órgãos públicos federais, estaduais e municipais, ou por concessionárias de serviços públicos” (BRASIL, 2013, p. 2). Cada memorial deve ser adequado de acordo com os serviços necessários para cada obra. Existem alguns itens descritivos fundamentais, e outros que podem ser incluídos, assim, quanto mais itens e especificações tiver, mais completo o documento se tornará e mais ele contribuirá para a boa execução da obra. Entre os itens básicos, fundamentais para o memorial descritivo, estão: � Apresentação ou considerações iniciais — esse item traz informações sobre a localização da obra, o lote, as ruas e a área, fazendo uma explanação geral sobre o memorial. � Preliminares — esse item descreve a energia, a entrada de água, a aprovação do projeto nos órgãos competentes, entre outros. � Infraestrutura — esse item refere-se à limpeza do terreno, aos aterros e contenções necessárias, à locação da obra, à escavação, etc. � Supraestrutura — esse item trata de fundações, concreto e formas, quando forem de fato necessários na obra do jardim. Ele é utilizado, principalmente, se houver lagos artificiais previstos no projeto � Paredes e painéis — esse item pode especificar as cercas, os canteiros, entre outros elementos limitadores. � Cobertura e proteções — esse item inclui os pergolados, ripados, etc. � Revestimentos — esse item trata das especificações sobre aplicação de pintura, textura, cerâmicas, porcelanatos, madeiras, entre outros materiais em cobertura, proteção, canteiro ou painel. � Pisos — esse item descreve o contrapiso (no caso, se ele existe em alguma área do jardim) e os pisos utilizados, como porções revestidas, decks amadeirados, pedras, entre outros. � Instalações elétricas e hidráulicas — esse item é utilizado para determi- nar as tensões, o encanamento, os tipos de fios, entre outros elementos. Já como itens mais específicos relacionados ao memorial descritivo de um jardim, pode-se citar: 3Representação gráfica do projeto de jardins � Impermeabilização e drenagem do solo — esse item descreve como serão impermeabilizados os pisos, como a água da chuva será drenada para não empossar no jardim, etc. � Mobiliário e equipamentos — esse item inclui bancos, lixeiras, bicicle- tários, entre outros elementos, descrevendo suas dimensões, materiais e informações específicas. � Mudas — esse item descreve sua aquisição, o local apropriado e as condições principais. � Preparo de local para plantio na terra — esse item descreve como cada área deve ser preparada, os cuidados necessários e o que deve ser feito antes do plantio. � Plantio em canteiros e vasos — esse item descreve as especificações para o plantio das mudas nesses locais. � Gramados — esse item descreve a base de solo ideal para o seu plantio, como eles devem ser plantados, as espessuras e os cuidados necessários. � Vegetações — esse item descreve todas as vegetações que serão uti- lizadas no projeto, como árvores, arbustos, flores, etc., especificando seus tamanhos, suas colorações e quantidades. � Irrigação e manutenção inicial — esse item descreve como proceder a rega, em qual momento do dia, quais dias, a quantidade de água, entre outros elementos. � Manutenção do jardim — esse item contém observações gerais sobre os cuidados do jardim a fim de mantê-lo sempre saudável. Outro documento que auxiliae serve como referência na execução de uma obra de jardim é o orçamento, o qual compreende “o cálculo dos custos neces- sários para se executar uma obra ou um empreendimento”. (SILVA et al., 2015, p. 2). Avila, Librelotto e Lopes (2003, p. 2) complementam que ele ainda se trata de unidades físicas e valores monetários expressos em quantidades. Ele deve ser realizado de forma bem específica para evitar muitas diferenças de preços durante a compra dos itens, logo após a formulação do memorial descritivo. O orçamento é elaborado com base na Tabela Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) ou por meio dos preços dos fornecedores do local em que serão comprados os itens para a execução do jardim. Quanto mais detalhado um orçamento, mais ele se aproximará do custo real, podendo resultar em lucro ou prejuízo para a empresa quando faltam critérios técnicos e econômicos mínimos para a sua elaboração. O interesse pelo tema justifica-se pela importância de se elaborar e controlar o orçamento através da exposição das informações obtidas, evidenciando-o e demonstrando as Representação gráfica do projeto de jardins4 etapas necessárias à execução de um orçamento, afim de se orientar empresas e profissionais na execução de orçamentos abrangendo as etapas de levanta- mentos de quantitativos, execução de composições de preços unitários, como a definição do preço final do empreendimento (SILVA et al., 2015, p. 2). A tabela SINAPI é mantida pela Caixa Econômica Federal e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo bastante utilizada no orçamento das obras civis, pois possui os custos e os índices da construção civil no território brasileiro, mensalmente e conforme as regiões (REFERÊNCIAS..., 2013, documento on-line). Segundo Limmer (1997), o orçamento é importante, pois determina os itens necessários, suas respectivas quantidades e o investimento. Quando a execução da obra é realizada meses depois dele, deve-se considerar os reajustes de valores e prever os novos custos, que se alteram dia após dia. O orçamento deve ser estruturado considerando, de forma geral, os ser- viços por etapas, tendo como base a ordem utilizada pelo memorial. A cada linha, que é feita por meio de uma tabela, há a descrição do item, a unidade de medida, a quantidade, o valor unitário e o valor total, conforme você pode ver no Quadro 1. Item Serviços Unidade Quantidade Custo unitário ($) Custo total ($) 1 Serviços técnicos, taxas, despesas, instalações provisórias, limpeza vb 1,00 R$ 400,00 R$ 400,00 2 Limpeza do terreno m2 1508,00 R$ 0,36 R$ 542,88 3 Locação da obra m2 1508,00 R$ 4,31 R$ 6.499,48 4 Contrapiso (piso) m2 1276,41 R$ 27,42 R$ 34.999,16 5 Grama sintética m2 1125,00 R$ 35,00 R$ 39.375,00 6 Impermeabilização m2 1276,41 R$ 29,77 R$ 37.998,73 Quadro 1. Exemplo de tabela de orçamento 5Representação gráfica do projeto de jardins Todos os documentos citados são fundamentais para um bom planeja- mento e a boa execução da obra do jardim. Como trabalhar com paisagismo é bastante complexo, eles colaboram para tornar mais específicos todos os itens e detalhes que deverão ser feitos, esclarecendo as funções de cada um na execução e evitando o desencontro de informações. O orçamento de uma obra pode ser realizado de diferentes formas, tornando-se mais completo ou simplificado. A seguir, confira os seus principais tipos (SILVA et al., 2015). � Estimativa de custos: é um tipo mais simples que considera os dados técnicos disponíveis. Ele permite obter informações de forma mais rápida, mas possui maior margem de incerteza e é realizado com base na área da construção e no custo unitário do metro quadrado, multiplicando um pelo outro. � Orçamento preliminar: é um tipo mais detalhado do que a estimativa de custos, feito por meio da pesquisa de preços dos insumos e serviços, bem como do le- vantamento das quantidades necessárias. � Orçamento analítico ou detalhado: é uma modalidade ainda mais específica, com uma pesquisa aprofundada sobre os preços dos insumos, que tem o intuito de chegar a um valor bem próximo do real para reduzir a margem de incerteza. � Orçamento sintético: é um tipo mais resumido, que apresenta o preço dos serviços e o valor total, sendo considerado um subproduto do orçamento detalhado. Representação gráfica de jardins Para que o projeto de um jardim seja bem interpretado, é importante representá- -lo de forma clara, utilizando o desenho técnico e as normas de representação projetual. Esse desenho trata-se de uma linguagem gráfica usada na arquitetura tanto para projetos de arquitetura como paisagismo, mobiliário, entre outros. Para que essa linguagem seja entendida no mundo inteiro, existe uma série de regras que compõem as normas gerais, as quais estabelecem padrões e demonstram como a representação gráfica do projeto deve acontecer. Uma das mais importantes normas de representação projetual é a Norma Brasileira ABNT NBR 6492, que fixa algumas condições exigidas na represen- tação gráfica, visando sua boa compreensão (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994a). Entre os aspectos da ABNT NBR 6492, existem alguns itens que podem ser aplicados na representação do projeto Representação gráfica do projeto de jardins6 paisagístico, como as plantas baixas, que são uma vista superior no plano horizontal; e os cortes e detalhamentos, que se referem a todos os pormenores do projeto, retratados em escala adequada para seu correto entendimento. Quanto às informações que cada desenho deve conter, a ABNT NBR 6492 destaca alguns itens que precisam estar nestas representações. Desses itens, os que mais se adequam ao projeto de jardins são simbologias de represen- tação gráfica conforme as prescritas na norma, indicação do norte, eixos do projeto, indicação das cotas entre os eixos, cotas parciais e totais, circulações, acessos, outros elementos significativos e indicação dos níveis de piso acabado (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994a). As linhas com suas devidas espessuras também são um elemento importante de representação no projeto de paisagismo, para facilitar o entendimento dos seus níveis, conforme você pode ver na Figura 1. Figura 1. Representação de tipos e espessuras das linhas. Fonte: Adaptada de Gamino (2014). Linha auxiliar Linha �na Linha média Linha grossa Linha de eixo Linha de corte Linha de projeção Pena 0,1 mm Pena 0,2 mm Pena 0,4 mm Pena 0,6 mm Traço-ponto Traço-ponto Tracejado As dimensões e a representação de letras e números destes símbolos devem estar proporcionais à escala do desenho. Segundo a ABNT NBR 8402, que fixa condições exigíveis para a escrita dos desenhos técnicos, é importante que esta seja legível, uniforme e reproduza os desenhos sem perda de qualidade. Quanto à escala, conforme a norma, as mais usuais são 1/2, 1/5, 1/10, 1/20, 1/25, 1/50, 1/75, 1/100, 1/200, 1/250 e 1/500. Já de acordo com André Gamino (2014), as escalas mais adequadas para os projetos de paisagismo são 1/20 e 1/25. Para detalhamentos em geral, recomenda-se usar 1/1, 1/2, 1/5 e 1/10 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994b). Outro item importante na representação gráfica de desenho técnico se refere às cotas, que consistem na marcação das suas dimensões a fim de compreender suas proporções. Segundo Gamino (2014, p. 25): 7Representação gráfica do projeto de jardins [...] cotas são os números que correspondem às medidas reais no desenho e, portanto, independem da escala usada no projeto. É a forma pela qual passam-se nos desenhos, as informações referentes as dimensões de projeto. Assim, para quem executa a obra, a visualização e aplicação das dimensões se torna mais clara e direta. Já a ABNT NBR 6492 destaca algumas prescrições em relação às cotas, entre elas, suas linhas devem estar sempre fora do desenho, exceto em casos de impossibilidade; quando a dimensão a ser cotada não permitir a cota na sua espessura, coloque a cotaao lado e indique seu local exato com uma linha; nos cortes, somente marque cotas verticais e evite sua duplicação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994a). Quanto aos elementos mais específicos para circulações e caminhos em desnível nos jardins, a ABNT NBR 6492 estabelece os padrões. Na represen- tação de escadas e rampas, é necessário sempre indicar o sentido ascendente, por meio de um círculo no ponto mais baixo e uma flecha no ponto mais alto, destacando a quantidade de degraus ou, no caso da rampa, as inclinações (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994a). As cotas de nível devem ser sempre representadas em metros, com símbolos diferenciados para indicação de níveis em plantas e cortes. Segundo a ABNT NBR 6492, utiliza-se o símbolo do círculo com dois quadrantes opostos hachu- rados, uma linha e acima dela o nível daquele local — sua altura em relação ao ponto zero. Já para indicar o nível em cortes, em vez do círculo, usa-se o triângulo com sua metade hachurada, a linha e a indicação de nível conforme a altura do patamar em relação ao ponto zero (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994a). Segundo a ABNT NBR 6492, a marcação dos detalhes em planta deve vir sempre especificada, indicando a numeração do desenho na folha e o número da folha em que eles poderão ser encontrados. A identificação do desenho é feita por meio da sua nomenclatura, da escala e do seu número por prancha (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994a). Todas as instruções de representação gráfica em desenhos técnicos permitem que eles sejam facilmente compreendidos por todos que es- tão envolvidos na obra ou no projeto. A partir dessa padronização, ocorre a linguagem gráfica, a qual pode ser aplicada em todas as propostas. Nos projetos de paisagismo, há alguns recursos como as cores, muito utiliza- das para auxiliar no entendimento do projeto. Devido às plantas terem mui- tas especificações, o uso de cores e legendas colabora na sua representa- ção e diminui textos repetidos, conforme você pode observar na Figura 2. A representação técnica completa é mais voltada à execução de projetos, pois Representação gráfica do projeto de jardins8 contém informações bem específicas, que podem ser usadas de forma mais simplificada nos desenhos apresentados ao cliente. Figura 2. Uso de cores e legendas para representação gráfica de jardins. Fonte: Waterman (2010, p. 98). Já para a humanização do projeto, pode-se utilizar texturas e sombreados, demonstrando as vegetações, os caminhos, seus elementos e a diferenciação de pisos. A planta humanizada tem um caráter mais artístico e serve para apresentar a proposta ao cliente, pois facilita seu entendimento por meio das cores e som- bras. Veja um exemplo de humanização no projeto de um jardim na Figura 3. 9Representação gráfica do projeto de jardins Figura 3. Humanização no projeto de um jardim. Fonte: Doyle (2002, p. 161). As perspectivas feitas à mão, como os croquis, são outros elementos representativos do projeto de jardim. Com traços menos específicos, esse tipo é utilizado durante a criação do conceito da proposta e tem o intuito de demonstrar a forma, a integração, os materiais, etc. Com mais detalhes, cores e sombras simuladas, existem ainda as pers- pectivas realizadas por programas computacionais, que se diferenciam das feitas à mão porque o desenho destas demonstra o conceito a partir de linhas, em geral, indefinidas. Já as eletrônicas conseguem representar o projeto em três dimensões com muitos detalhes, os materiais reais a serem usados, as espécies de vegetações, as simulações de sol e sombra, bem como a topografia exata. Portanto, a representação do projeto de paisagismo pode ser feita por meio dos itens das normas, aliando-os às cores e legendas, o que facilita seu entendimento. É possível fazer mais de uma planta, corte e vistas, sendo que cada desenho contém um tipo de representação destacada, como uma planta com especificações de vegetações, outra com especificações de pisos, etc. Além disso, utilizar croquis, perspectivas e maquetes eletrônicas permite entender melhor a proposta, seu conceito, sua forma e seus materiais. Representação gráfica do projeto de jardins10 Anteprojeto de jardim O projeto de um jardim passa por algumas etapas e pode variar suas infor- mações e detalhes dependendo da complexidade e das especificidades. Já o anteprojeto tem o intuito de representar o tratamento paisagístico elaborado pelo profissional arquiteto paisagista, com informações para a implanta- ção do projeto na área em questão. Para isso, usa-se os princípios artísticos, o conhecimento sobre as vegetações, materiais, texturas, sensações, conforto visual, entre outros. Na prática Veja, em realidade aumentada, a projeção de um jardim. 1. Acesse a página https://bit.ly/2Ivmt8b e baixe o aplica- tivo Sagah Composição de jardins e interações medica- mentosas na estética. Se preferir, use o QR code ao lado para baixar o aplicativo. 2. Abra o aplicativo e aponte a câmera para a imagem a seguir: 11Representação gráfica do projeto de jardins O anteprojeto é desenvolvido após um estudo preliminar, o qual faz o levantamento da área; a análise de dados; a definição do programa de neces- sidades; a verificação de localização, topografia, solo, vegetações, visuais, do entorno; entre outros elementos. A partir disso, pode-se criar manchas, setorizar a área e indicar possibilidades de projeto, que serão analisadas para o desenvolvimento posterior do anteprojeto. Portanto, com esse estudo, há a definição de diretrizes gerais que, por meio do anteprojeto, têm mais espe- cificação e definição. Quando o profissional tiver todos os dados do levantamento, bem como as informações necessárias e as ideias analisadas, ele poderá iniciar o anteprojeto. Segundo Pinhal (2014): Anteprojeto é a etapa intermediária do projeto arquitetônico que consiste em uma configuração definitiva da construção proposta. É formado por um conjunto de desenhos que representam o projeto com maior clareza e personalidade. No anteprojeto são incorporados os dados necessários à sua aprovação pelo cliente e pela autoridade competente. Situa-se entre o estudo preliminar e o projeto de execução, de modo que somente a partir do anteprojeto devem ser iniciadas as atividades dos projetos complementares (PINHAL, 2014, p. 1). Por meio do anteprojeto, surge uma solução para o problema, baseada em conceito e muito embasamento. Nele, define-se os acessos, os fluxos, os setores, as funções de cada área do jardim, o local dos mobiliários e das lixeiras, a delimitação de canteiros e caminhos, os desníveis, a localização da iluminação, entre outros. Nessa etapa, cada porção do projeto é dimensionada; as vegetações são pensadas considerando a insolação, os ventos e as visuais; a irrigação, planejada; e os materiais, definidos. Um exemplo de anteprojeto é o Jardim Elementar, localizado em São Paulo e projetado por Elaine Kalil e Mauricio Ferre. Segundo os autores, seu objetivo era criar uma integração absoluta entre a natureza e os usuários do espaço, por meio do uso de materiais e elementos naturais, como você pode ver na Figura 4. Representação gráfica do projeto de jardins12 Figura 4. Exemplo de anteprojeto de jardim, em que há a definição de áreas e elementos utilizados, porém não contém ainda todas as informações de um projeto executivo. Fonte: Pereira (2019, documento on-line). Por meio da planta baixa deste projeto, é possível identificar, no jardim, três áreas em destaque. A maior delas consiste em um espaço de estar ao ar livre; a segunda refere-se a um jardim sensorial, o qual é marcado pelo uso da pedra, do fogo e da água; e a terceira foi elaborada para abrigar três balanços. Esse anteprojeto ainda demonstra os caminhos, o uso das vegetações de maior porte, os níveis e as especificações gerais por escrito. Além da planta básica, esse anteprojeto contém outras duas plantas com- plementares, demonstradoa ideia da vegetação, com as informações por escrito, e a diferenciação das texturas de pisos, por meio da legenda com cores, conforme você pode conferir nas Figuras 5 e 6, respectivamente. 13Representação gráfica do projeto de jardins Figura 5. Planta baixa complementar de anteprojeto de jardim, demonstrando as diferenças de vegetações. Fonte: Pereira (2019, documento on-line). Figura 6. Planta baixa complementar de anteprojeto de jardim, demonstrando as diferenças entre os pisos. Fonte: Pereira (2019, documento on-line). Representação gráfica do projeto de jardins14 O anteprojeto também contém delimitações, ideias, dimensões, cotas, áreas e informações gerais para o entendimento do conceito e das justificativas do projeto, porém pode sofrer alterações até chegar à próxima etapa, que se chama projeto final ou executivo. No anteprojeto, as informações são bem menos detalhadas e especificadas do que no projeto final, o qual é a complementação da etapa anterior com mais informações, detalhes, todas as cotas, cálculos, tabelas e especificações técnicas que colaboram para a execução adequada da proposta. Portanto, é possível perceber que o projeto de jardim tem várias etapas e documentos, como os desenhos, que podem ser representados sob diferentes formas; e os documentos escritos, que são partes fundamentais desse processo. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6492: representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994a. 27 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8402: execução de caracter para escrita em desenho técnico: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1994b. 4 p. AVILA, A. V.; LIBRELOTTO, L. I.; LOPES, O. C. Orçamento de obras: construção civil. Floria- nópolis: Universidade do Sul de Santa Catarina, 2003. 66 p. (Apostila da disciplina Plane- jamento e Gerenciamento de Obras do curso de Arquitetura e Urbanismo). Disponível em: http://pet.ecv.ufsc.br/arquivos/apoio-didatico/ECV5307-%20Or%C3%A7amento. pdf. Acesso em: 19 out. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Memorial descritivo: projeto Proinfância — tipo C. Brasília: MEC, 2013. 72 p. Disponí- vel em: https://www.fnde.gov.br/index.php/centrais-de-conteudos/publicacoes/ category/130-proinfancia?download=7876:memorial-descritivo-do-projeto. Acesso em: 19 out. 2019. DOYLE, M. E. Desenho a cores: técnicas de desenho de projeto para arquitetos, paisagistas e designers de interiores. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. 362 p. GAMINO, A. L. Representação gráfica na arquitetura. In: GAMINO, A. L. Projeto arqui- tetônico interdisciplinar I. [S. l.: S. n.], abr. 2014. p. 23–51. (Notas de aula). Disponível em: http://andregamino.weebly.com/uploads/1/7/2/4/17243086/projarq_parte_02.pdf. Acesso em: 19 out. 2019. LIMMER, C. V. Planejamento, orçamentação e controle de projetos e obras. Rio de Janeiro: LTC, 1997. 225 p. 15Representação gráfica do projeto de jardins PEREIRA, M. Jardim Elementar / Kalil Ferre Pasagismo. ArchDaily, [S. l.], 18 jul. 2019. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/921275/jardim-elementar-kalil-ferre- -pasagismo. Acesso em: 19 out. 2019. PINHAL, P. O que é Anteprojeto? Colégio de Arquitetos, Mogi das Cruzes, 16 maio 2014. Disponível em: http://www.colegiodearquitetos.com.br/dicionario/2014/05/o-que-e- -anteprojeto/. Acesso em: 19 out. 2019. REFERÊNCIAS de Preços e Custos. Caixa Econômica Federal, Brasília, 2013. Disponível em: http://www.caixa.gov.br/poder-publico/apoio-poder-publico/sinapi/referencias- -precos-insumos/Paginas/default.aspx. Acesso em: 19 out. 2019. SILVA, K. et al. Orçamento: A composição de custos na construção civil. Revista Pensar: Engenharia, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p. 1–18, jan. 2015. Disponível em: http://revista- pensar.com.br/engenharia/artigo/no=a143.pdf. Acesso em: 19 out. 2019. WATERMAN, T. Fundamentos de paisagismo. Porto Alegre: Bookman, 2010. 200 p. Representação gráfica do projeto de jardins16
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