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9 788578 179175
ISBN 978-85-7817-917-5
Recursos no Processo Penal
Recursos no 
Processo Penal
Universidade do Sul de Santa CatarinaRecursos no Processo PenalOs conteúdos reunidos neste livro apresentam o 
estudo de temas fundamentais do Direito 
Processual Penal: nulidades, recursos, ações 
autônomas de impugnação, as relações 
jurisdicionais com autoridades estrangeiras e as 
disposições gerais. Com uma linguagem objetiva 
e direta, apresenta os conceitos e requisitos 
fundamentais de cada categoria processual, com 
ênfase à sua principiologia e ao encadeamento 
lógico para sua aplicação. Além de uma doutrina 
moderna, o livro permitirá o contato com a 
jurisprudência atual do Tribunal de 
Justiça e, em especial, do Superior 
Tribunal de Justiça.
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UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Universidade do Sul de Santa Catarina
Recursos 
no Processo 
Penal
Créditos
Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul
Reitor
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Vice-Reitor
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Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão
Roberto Iunskovski
Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos 
Márcia Loch
Gerente de Prospecção Mercadológica 
Eliza Bianchini Dallanhol
Livro didático
UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Designer instrucional
Elizete Aparecida De Marco Coimbra
Recursos 
no Processo 
Penal
Sidney Eloy Dalabrida 
Livro Didático
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Copyright © 
UnisulVirtual 2016 
Professor conteudista
Sidney Eloy Dalabrida
Designer instrucional
Elizete Aparecida De Marco Coimbra
Projeto gráfico e capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramador(a)
Edison Valim
Revisor(a)
Contextuar
ISBN
978-85-7817-917-5
e-ISBN
978-85-7817-918-2
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por 
qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
D14
Dalabrida, Sidney Eloy
Recursos no processo penal: livro didático / Sidney Eloy Dalabrida; 
design instrucional Elizete Aparecida De Marco Coimbra. – Palhoça: 
UnisulVirtual, 2016.
112 p.: il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-917-5
e-ISBN 978-85-7817-918-2
1. Processo penal. 2. Recursos (Direito) I. Coimbra, Elizete Aparecida 
De Marco. II. Título.
CDD (21. ed.) 341.43
Sumário
Introdução | 7
Capítulo 1
Nulidades no Processo Penal1 | 9
Capítulo 2
Recursos no Processo Penal1 | 25
Capítulo 3
Dos Recursos em Espécie I1 | 35
Capítulo 4
Recursos em Espécie II1 | 57
Capítulo 5
Ações Autônomas de Impugnação1 | 75
Capítulo 6
Relações Jurisdicionais e Disposições Gerais do 
Processo Penal 1 | 97
Considerações Finais | 105
Referências | 107
Sobre o Professor Conteudista | 111
Introdução
Estimados alunos,
Este livro reúne, em 6 capítulos, o estudo de temas fundamentais do Direito 
Processual Penal: nulidades, recursos, ações autônomas de impugnação, as 
relações jurisdicionais com autoridades estrangeiras e as disposições gerais.
Numa linguagem objetiva e direta, apresenta os conceitos e requisitos 
fundamentais de cada categoria processual enfocada, com ênfase à sua 
principiologia e ao encadeamento lógico para sua aplicação. Além de uma 
doutrina moderna, o livro permitirá o contato com a jurisprudência atual do nosso 
Tribunal de Justiça e, em especial, do Superior Tribunal de Justiça.
Assim, de partida, você terá oportunidade de conhecer todo o esquema legal 
sobre as nulidades no processo penal, suas hipóteses legais e o momento 
procedimental oportuno para sua arguição.
Na sequência, a estrutura recursal no direito processual penal brasileiro 
será inteiramente exposta, com identificação dos recursos cabíveis, seus 
pressupostos, efeitos e procedimentos.
Para facilitar a sua compreensão, a revisão criminal, o mandado de segurança e 
o habeas corpus, ações autônomas de impugnação foram tratadas em capítulo 
específico com abordagem ampla dos referenciais temáticos que compõem sua 
construção jurídica.
Por fim, estudaremos as relações jurisdicionais com autoridades estrangeiras, 
com os temas relacionados à homologação das sentenças estrangeiras e as 
cartas rogatórias, bem como as disposições gerais do Código de Processo Penal.
Caríssimo aluno, aqui você encontrará o aporte teórico e prático indispensável 
para compreender o sistema processual penal brasileiro, razão pela qual te 
convido a participar deste desafio.
Profº Sidney Eloy Dalabrida
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Capítulo 1
Nulidades no Processo Penal1
Seção 1
 
Nulidades processuais
Diversos atos jurídicos são realizados ao longo da ação penal. Cada um deles 
deve ser praticado de acordo com o que estabelece a lei, ou seja, precisam 
obedecer a uma forma legal específica, de modo que o processo tenha um 
desenvolvimento normal e regular, para que possa ser capaz de apurar a verdade 
e realizar a justiça.
A inobservância das exigências legais, com a realização de atos 
processuais em desacordo com o modelo legal, geram a imperfeição 
jurídica do ato processual, podendo afetar a sua validade.
Portanto, para que o ato processual possa ser juridicamente perfeito, produzindo 
seus efeitos jurídicos, é preciso que se amolde ao modelo descrito na lei. Em 
outros termos, é preciso que seja típico. 
1 DALABRIDA, Sidney Eloy. Recursos no processo penal. Palhoça: Unisul Virtual, 2016.
10
Capítulo 1 
Logo, tipicidade haverá quando o ato praticado estiver em conformidade 
com o referente legal. Ao contrário, não havendo essa correspondência, 
diz-se que o ato será atípico, isto é, imperfeito. 
Para os atos processuais que não atendem ao correspondente legal, o legislador 
estabeleceu sanções que variam de acordo com sua importância e intensidade. 
Acompanhe a seguir.
1.1 Espécies de vícios processuais
a) Irregularidade
Assim são definidos os atos processuais que, apesar de praticados em 
desconformidade com a lei, não ocasionam prejuízo às partes e não impedem 
que a finalidade do ato seja alcançada. Eles simplesmente desatendem 
exigências formais sem relevância. Por essa razão, a irregularidade não invalida o 
ato praticado ou traz consequência para o processo. 
Apresentação intempestiva das razões de apelação; oferecimento de 
denúncia fora do prazo.
b) Nulidade relativa
Verifica-se quando houver uma violação a uma exigência legal que foi 
estabelecida no interesse das partes. Como o objetivo da proteção está ligado 
diretamente a interesse privado, a invalidação está condicionada à demonstração 
de efetivo prejuízo, bem como à arguição do vício no momento adequado, 
necessitando de pronunciamento judicial para seu reconhecimento. 
Falta de intimação da parte sobre a expedição de carta precatória 
destinada a intimação de testemunhas.
c) Nulidade absoluta
Ocorre quando há violação de regra previstaem norma constitucional ou 
legal, cujo prejuízo ultrapassa a esfera de conveniência das partes, atingindo o 
interesse público. Geralmente está relacionada a princípios constitucionais. 
11
Recursos no Processo Penal
Nesta espécie de nulidade, o prejuízo é evidente (presumido), não sendo possível 
a convalidação do ato, como ocorre com a nulidade relativa. Em razão da sua 
gravidade, pode ser decretada de ofício pelo juiz ou tribunal, ou ser arguida pelas 
partes a qualquer tempo e grau de jurisdição, mesmo após o trânsito em julgado 
do processo. No entanto, só deixa de produzir efeitos quando reconhecida 
judicialmente. 
Tramitação do processo em juízo incompetente em razão da matéria.
d) Ato inexistente
É o chamado “não ato”, pois tamanha é a sua desconformidade com a forma 
tipicamente estabelecida, que ele sequer pode ser considerado para efeitos 
legais. Como não reúne os elementos primordiais para se configurar como ato 
jurídico, jamais se convalida e o direito de argui-lo não preclui. 
Desse modo, não exige pronunciamento judicial para ser desfeito, bastando, 
tão somente, ser desconsiderado, até porque nenhum efeito produz. Possui 
existência material, mas não possui qualquer significado jurídico. 
Sentença assinada por escrivão.
1.2 Princípios fundamentais das nulidades
a) Princípio da instrumentalidade das formas
Não se declara a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração 
da verdade real ou na decisão da causa (art. 566 do CPP). Isso significa que 
a forma não é um fim em si mesma, sendo injustificável o excessivo apego ao 
formalismo para a declaração de determinada nulidade. 
A forma tipicamente estabelecida para o ato judicial nada mais é do que um 
instrumento para alcançar a finalidade instituída para aquele ato. Sendo assim, 
somente será reconhecido o vício quando não alcançado o fim pretendido (art. 
572, inc. II, CPP).
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Capítulo 1 
b) Princípio da inexistência de nulidade sem prejuízo (pas de nullité sans grief)
Não há nulidade sem prejuízo. Se, apesar de irregular, o ato atingiu o seu fim, não 
havendo prejuízo, não há falar-se em nulidade. De acordo com o artigo 563 do 
CPP, “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para 
a acusação ou para a defesa”. 
Sem prova da ocorrência de prejuízo para a acusação ou para a defesa não se 
anula ato processual. Esse prejuízo deve ser provado pelas partes na nulidade 
relativa, ao passo que é presumido na nulidade absoluta. 
c) Princípio do interesse
Dispõe o artigo 565 do CPP: “Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que 
haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja 
observância só à parte contrária interesse”. 
Este princípio se relaciona às nulidades relativas, pois só nestas o 
reconhecimento depende de arguição do interessado. Nas nulidades absolutas, o 
vício atinge o próprio interesse público, razão pela qual deve ser reconhecido pelo 
juiz, independentemente de provocação. 
Assim, se a irregularidade resulta da preterição de formalidade instituída para 
garantia de uma determinada parte, somente esta poderá invocar a nulidade e 
não a outra. Porém, note-se que, quanto ao Ministério Público, a regra é limitada, 
pois seu objetivo é a obtenção de título executivo válido, razão pela qual não se 
lhe pode negar interesse na observância das formalidades legais, em face de 
irregularidades que impliquem ofensa ao direito de defesa. 
A lei também não reconhece o interesse de quem tenha dado causa à 
irregularidade (não se exige dolo ou culpa). Nesse sentido, dispõe o artigo 565, 
primeira parte, do CPP: “Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja 
dado causa ou para que tenha concorrido”.
d) Princípio da causalidade ou sequencialidade
A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele 
diretamente dependam ou sejam consequência. É o que prescreve o artigo 573, 
§ 1º, do CPP. Em outras palavras, somente os atos dependentes ou que sejam 
consequência daquele viciado poderão ser afetados. 
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Recursos no Processo Penal
e) Princípio da convalidação
Por razões de economia processual, a lei prevê hipóteses de saneamento das 
irregularidades. A forma mais comum se dá com a preclusão da faculdade de 
alegar a nulidade. Claro, só diz respeito às relativas, pois somente nestas a 
nulidade depende de provocação do interessado. 
O artigo 572 do CPP admite que certas irregularidades estarão sanadas 
se não arguidas em tempo oportuno, ou seja, quando a parte, ainda que 
tacitamente, tiver aceitado os seus efeitos.
Os diferentes momentos adequados para a arguição das nulidades foram 
previstos no artigo 571 do CPP. Vencidas essas oportunidades, a irregularidade 
estará sanada em razão da preclusão. 
A prolação da sentença também constitui causa de convalidação de certas 
irregularidades. Idem, a coisa julgada. No entanto, sana exclusivamente os vícios 
que poderiam ser reconhecidos em favor da acusação, visto que há remédios 
para reconhecimento de nulidades em favor da defesa, mesmo após o trânsito 
em julgado.
A lei processual prevê hipóteses particulares em que é possível reparar a 
imperfeição do ato, não se declarando a nulidade. São casos especiais de 
convalidação, a saber: 
a) Artigo 568 do CPP – a nulidade por ilegitimidade do representante da parte 
poderá ser a todo tempo sanada, mediante retificação dos atos processuais. 
Não se trata de ilegitimidade ad causam (atos são completamente nulos), mas 
hipótese em que, embora seja a parte legítima, irregular foi a constituição de seu 
procurador nos autos (pressuposto processual). 
b) Artigo 569 do CPP – possibilidade de suprimento antes da sentença das 
omissões da denúncia, queixa e da representação. Trata-se aqui do suprimento 
de formalidades não essenciais daquelas peças, pois, do contrário, haveria a 
própria inexistência ou invalidade do ato por falta de formalidade essencial. 
c) Artigo 570 CPP – o comparecimento do interessado, ainda que somente com 
o fim de arguir a irregularidade, sana a falta ou nulidade da citação, intimação 
ou notificação. Não há nulidade porque se atingiu a finalidade do ato, com o 
comparecimento do interessado. Note-se que, com exceção a determinados 
procedimentos especiais, o interrogatório deixou de ser o ato inaugural da 
instrução (Leis 11.689/2008 e 11.719/2008).
14
Capítulo 1 
1.3 Hipóteses legais de nulidade
O Código de Processo Penal, no artigo 564, lista as hipóteses em que poderá 
ser decretada a nulidade. Todavia, é pacífico que o rol apresentado no referido 
dispositivo não é taxativo, havendo a possibilidade de, no caso concreto, 
decretar-se outras nulidades que não estejam expressamente enumeradas. 
A propósito, o inciso IV, do artigo 564, do Código de Processo Penal, prevê 
uma norma genérica, aplicável a qualquer ato que viole a forma tipicamente 
determinada para sua execução. 
Conforme estabelece o artigo 564 do CPP, os casos de nulidade são os 
seguintes:
a) Incompetência, suspeição e suborno do juiz
Na incompetência absoluta, a nulidade poderá ser alegada em qualquer fase do 
procedimento, ainda quando preclusas as vias impugnativas. Sendo condenatória, 
será rescindível ou atacável por habeas corpus. É o caso da incompetência 
ratione personae e ratione materiae. 
Em se tratando de incompetência relativa, o réu deverá suscitá-la na fase 
da defesa preliminar (art. 396-A do CPP). Não alegada oportunamente, a 
competência ficará prorrogada. No caso de incompetência relativa, serão 
anulados somente os atos decisórios, ou seja, aqueles em que há decisão de 
mérito, aproveitando-se os atos instrutórios (art. 567 do CPP).
A suspeição e o suborno do juiz acarretam a nulidade absoluta do processo.
b) Ilegitimidade de parte
Cuida-se da ilegitimidade ad causam – passiva ou ativa, onde não hásanabilidade. Reconhecida, em qualquer fase, deve o processo ser anulado ab 
initio. Observe-se que, em se tratando de ilegitimidade do representante da parte, 
a sanabilidade poderá ocorrer com a ratificação dos atos processuais (art. 568 do 
CPP).
Estabelece o Código de Processo Penal que a nulidade também poderá ocorrer 
por falta das fórmulas ou dos termos seguintes.
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Recursos no Processo Penal
a) Denúncia ou queixa-crime e representação
A denúncia e a queixa são peças imprescindíveis para o nascimento da relação 
jurídica processual. Logo, a sua ausência é causa de nulidade absoluta. 
Importante notar que somente a ausência de elementos integrativos 
essenciais geram a nulidade da peça acusatória. 
A representação constitui condição específica de procedibilidade. Sem ela não se 
pode dar início à persecução criminal nos crimes que dela dependam.
b) Exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios
É causa de nulidade absoluta a ausência de exame de corpo de delito nos crimes não 
transeuntes, não podendo ser suprido sequer pela confissão do acusado. No caso de 
terem desaparecidos os vestígios do crime, imprescindível será o exame indireto.
c) Nomeação de defensor ao réu
De acordo com a Súmula 523 do STF, “No processo penal, a falta da defesa 
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova 
de prejuízo para o réu”.
d) Intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação penal pública, 
privada subsidiária da pública ou privada
O Ministério Público não pode desistir da ação penal, bem como deixar de oficiar 
em todos os seus termos, o que implicaria em abandono da ação. Importante 
registrar que não se admite a figura do promotor ad hoc. 
e) Citação do réu, seu interrogatório e concessão de prazos à acusação e à defesa
A falta de citação acarreta a nulidade absoluta do processo, assim também 
aquela realizada sem as formalidades essenciais ao ato, que comprometem o 
atendimento de sua finalidade. O interrogatório, a seu turno, é um ato essencial 
do processo e, como não está sujeito à preclusão, poderá o juiz interrogar o réu 
mais de uma vez (art. 196 do CPP). Já a falta de concessão dos prazos às partes 
constitui causa de nulidade relativa.
16
Capítulo 1 
f) Sentença
Os requisitos da sentença estão previstos no artigo 381 do CPP. Em havendo a 
ausência de requisito essencial, a nulidade será absoluta.
Especificamente em relação ao procedimento do júri, estabeleceu a lei processual 
que constitui causa de nulidade:
a) Falta de sentença de pronúncia
A pronúncia julga admissível a acusação em plenário, de modo que sua falta 
acarreta a nulidade do processo. Não existe mais a figura do libelo e da 
contrariedade no nosso ordenamento processual.
b) Falta de intimação do réu para julgamento no júri
c) Ausência do número mínimo de quinze jurados para a constituição do júri
O juiz não poderá instalar a sessão sem a presença do quórum mínimo. Trata-se 
de nulidade insanável. 
d) Falta ou irregularidade no sorteio dos jurados
e) Quebra da incomunicabilidade dos jurados
A incomunicabilidade exigida se refere ao mérito do julgamento, tendo por 
objetivo impedir que o jurado exteriorize sua opção, influindo na decisão dos 
demais jurados.
f) Erro na elaboração dos quesitos ou incompatibilidade nas respostas
Os quesitos deverão ser elaborados de forma simples, em proposições 
afirmativas, com clareza e precisão. Tem como fontes a pronúncia e decisões 
posteriores que julgaram admissível a acusação, o interrogatório e as alegações 
das partes. 
17
Recursos no Processo Penal
Devem obedecer a ordem prevista no artigo 483 do Código de Processo Penal.
A falta de quesito obrigatório gera a nulidade absoluta do julgamento (Súmula 156 
do STF). Ademais, os quesitos da defesa não poderão preceder aos da acusação 
(Súmula 162 do STF). 
1.4 Oportunidade para arguição das nulidades
Importante ter presente que, em sendo a nulidade de natureza relativa, uma 
vez não levantada no momento adequado, serão consideradas sanadas. 
De acordo com os incisos do artigo 571, as nulidades dessa natureza deverão ser 
alegadas:
a) no processo ordinário, na fase das alegações finais orais ou, sendo o caso, 
quando da apresentação de memoriais, de acordo com o artigo 403, caput e § 3º, 
do Código de Processo Penal;
b) no processo sumário, no prazo da defesa inicial (art. 396 CPP). As que 
ocorrerem após o seu oferecimento deverão ser arguidas após a abertura da 
audiência de instrução e julgamento, assim que apregoadas as partes;
c) aquelas surgidas após a sentença definitiva, em preliminar, nas razões de 
recurso, ou logo em seguida ao anúncio do julgamento do recurso e o pregão das 
partes;
d) as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo 
após ocorrerem;
e) aquelas do procedimento do júri, neste caso será preciso distinguir o momento de 
sua verificação, pois que, ocorrendo durante a primeira fase, deverão ser levantadas 
nas alegações do artigo 406 do CPP. Agora, caso sejam posteriores à pronúncia, 
logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes. E, por fim, quando 
verificadas em plenário, deverão ser levantadas logo depois de ocorrerem.
Importante salientar que, verificando o tribunal a existência de vício processual 
capaz de levar ao reconhecimento de nulidade absoluta, deverá distinguir as 
seguintes hipóteses: 
a. Caso a invalidação favoreça o réu, deverá proclamar a nulidade e 
ordenar a renovação do feito. 
b. Tratando-se de nulidade não arguida pela acusação, cujo 
reconhecimento prejudique a defesa, caberá ao tribunal apenas 
confirmar a absolvição.
18
Capítulo 1 
 Ocorre que as nulidades que prejudiquem a defesa, ainda que absolutas, só 
podem ser reconhecidas se forem invocadas pelo Ministério Público. É o que se 
depreende da Súmula 160 do STF, que prevê: “É nula a decisão do tribunal que 
acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados 
os casos de recurso de ofício”.
1.5 Jurisprudência
APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. APREENSÃO DE 1.009,9G DE 
CRACK. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RECURSO DEFENSIVO. PRELIMINARES. 
IRREGULARIDADES NA COLHEITA DE DEPOIMENTOS EXTRAJUDICIAIS. 
IMPROPRIEDADE. EVENTUAIS VÍCIOS OCORRIDOS NO INQUÉRITO QUE NÃO 
ALCANÇAM A AÇÃO PENAL. “O direito processual brasileiro, no tocante às 
nulidades, edificou seu alicerce, dentre outros, no princípio da instrumentalidade 
das formas, traduzido pelo brocardo pas de nullité sans grief, em conformidade 
com o qual não se decreta nulidade sem prejuízo. Por isso, eventuais vícios 
existentes no inquérito não maculam a ação penal que nele se funda, em face 
da sua natureza informativa, pois destina-se a fornecer ao representante do 
Ministério Público elementos que lhe permitam oferecer a denúncia”. (TJSC, 
Desembargador Sérgio Paladino, j. em 04/09/2007)
(Apelação Criminal n. 2014.022473-7, de Itajaí; Relator: Des. Moacyr de Moraes 
Lima Filho).
APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO 
DE PESSOAS. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DO ACUSADO. 
PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. 1. 
RECONHECIMENTO DE NULIDADE. NECESSIDADE DE PREJUÍZO (CPP, ART. 
563). 2. COLIDÊNCIA DE DEFESAS. VERSÕES NÃO CONFLITANTES DOS 
ACUSADOS. 3. ALEGAÇÕES FINAIS DEFICIENTES. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO 
GENÉRICO. ALEGAÇÃO DE CONFISSÃO SEM CORRESPONDÊNCIA COM A 
AUTODEFESA. PREJUÍZO. NULIDADE (STF, SÚMULA 523). 1. O princípio do 
prejuízo, ilustrado pelo brocardo francês pas de nullité sans grief e positivado no 
artigo 563 do Código de Processo Penal, é orientador do sistema de nulidades, 
de sorte que o reconhecimento destas, sejam de natureza absoluta ou relativa, 
depende da demonstração de que do ato inquinado resultou prejuízo para a parte. 
2. Se os acusados não apresentam versões conflitantesem seus interrogatórios, 
limitando-se um a eximir-se da responsabilidade que lhe é imputada sem atribui-
la ao outro, e contradizendo-se eles somente acerca de aspectos acidentais 
dos fatos, inexiste colidência de defesa decorrente da representação pelo 
mesmo defensor, a qual, de todo modo, para reconhecimento, dependeria de 
19
Recursos no Processo Penal
demonstração concreta de prejuízo. 3. A apresentação de alegações finais 
compostas de pedido de absolvição desprovido de qualquer fundamentação e, 
especialmente, que atribui aos acusados confissão que não empreenderam em 
seus interrogatórios, causa prejuízo a estes, a ponto de a deficiência acarretar a 
nulidade do ato. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(Apelação Criminal n. 2014.043761-9, de Balneário Camboriú; Relator: Des. 
Sérgio Rizelo).
PRELIMINARES. OFENSA AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. SUPOSTA 
INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL NÃO ALEGADA NO MOMENTO OPORTUNO. 
PRECLUSÃO. NULIDADE DA SENTENÇA. AVENTADA OMISSÃO DE TESE. 
INOCORRÊNCIA. MATÉRIAS DEVIDAMENTE ANALISADAS. PREFACIAIS 
AFASTADAS. “É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência 
penal por prevenção” (Súmula 706 do Supremo Tribunal Federal). Assim, deve o 
vício ser alegado no momento oportuno (art. 108 do Código de Processo Penal) 
e demonstrado o efetivo prejuízo, o que não ocorreu na hipótese. Não há que 
se falar que a sentença é omissa quando afasta, ainda que sucintamente, tese 
postulada nas derradeiras alegações
(Apelação Criminal – Réu Preso – n. 2014.007298-7, de Palhoça; Relator: Des. 
Moacyr de Moraes Lima Filho)
PENAL. PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE TRÂNSITO. 
LESÃO CORPORAL CULPOSA. MÁ DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR 
(ART. 303 E 302, PARÁGRAFO ÚNICO, III, DA LEI 9.503/1997). SENTENÇA 
CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. PRELIMINAR, PRECLUSÃO. 
NULIDADE NÃO ARGUIDA NO MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. 
INTIMAÇÃO PARA COMPARECIMENTO EM AUDIÊNCIA. RÉU QUE SE MUDOU 
DO ANTIGO ENDEREÇO SEM COMUNICAR AO JUÍZO. MÉRITO. MANOBRA 
DE INGRESSO EM VIA PREFERENCIAL. ABALROAMENTO DE CICLISTAS. 
DECLARAÇÃO DA VÍTIMA E CONFISSÃO EXTRAJUDICIAL. RÉU QUE SE EVADE 
DO LOCAL SEM PRESTAR AUXÍLIO. PROVA SUFICIENTE A DEMONSTRAR A 
PRÁTICA DELITUOSA. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA. INVIABILIDADE 
POIS FOI EFETIVADA NA SENTENÇA A SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA 
DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITO. SENTENÇA MANTIDA. 
Encontra-se preclusa a nulidade não arguída no momento processual oportuno, 
conforme disposto no artigo 571 do CPP. Constatada a intimação e presença 
do defensor constituído na audiência de instrução e julgamento, bem como 
certificada a mudança do réu do endereço fornecido ao juízo, inexiste óbice ao 
reconhecimento da revelia, consoante previsão do artigo 367 do CPP. (Apelação 
Criminal n. 2015.003896-4, de Joinville; Relator: Des. Carlos Alberto Civinski)
20
Capítulo 1 
APELAÇÃO CRIMINAL. PRELIMINAR. CRIME MILITAR. FATOS PROCESSADOS 
EM FEITO ANTERIOR COM TRÂMITE JUNTO À JUSTIÇA COMUM. DECISÃO 
IRRECORRÍVEL QUE EXTINGUIU A PUNIBILIDADE DO AGENTE. PRINCÍPIO DE 
NE BIS IN IDEM. COISA JULGADA MATERIAL. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA 
DO JUÍZO. DECISÃO QUE APROVEITA AO RÉU. DIREITO À LIBERDADE QUE 
PREVALECE SOBRE O JUS PUNIENDI ESTATAL. “Ninguém pode ser punido ou 
processado duas vezes pelo mesmo fato, razão pela qual, havendo nova ação, 
tendo por base idêntica imputação de anterior, já decidida, cabe a arguição de 
exceção de coisa julgada” (NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo 
penal e execução penal. 4. ed., São Paulo: RT, 2008. p. 332). RECURSO 
DEFENSIVO PROVIDO.
(Apelação Criminal n. 2010.016329-3, da Capital; Relator: Des. Alexandre 
D’Ivanenko).
“O tribunal, ao julgar apelação do Ministério Público contra sentença absolutória, 
não pode acolher nulidade, ainda que absoluta, não veiculada no recurso 
de acusação. Interpretação da Súmula 160 do STF, que não faz distinção 
entre nulidade absoluta e relativa [...] Por isso, estando o tribunal, quando do 
julgamento da apelação, adstrito ao exame da matéria impugnada pelo recorrente, 
não pode invocar questão prejudicial ao réu não veiculada no referido recurso, 
ainda que se trate de nulidade absoluta, decorrente da incompetência do juízo. 
Habeas corpus deferido em parte para que, afastada a incompetência, seja 
julgada a apelação em seu mérito”. (STJ; HC 80263/SP; Rel. Min. Ilmar Galvão; 1ª 
T; DJ 27.06.2003).
(Apelação Criminal n. 04.009062-5, de Biguaçu; Relator: Des. Torres Marques)
APELAÇÃO CRIMINAL. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO. 
PRELIMINAR DE NULIDADE SUSCITADA EM RAZÃO DA NÃO OBSERVÂNCIA 
DOS ART. 426, § 4º, E 433, § 1º, AMBOS DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 
QUESTÕES NÃO SUSCITADAS NO MOMENTO OPORTUNO. PRECLUSÃO. 
EXEGESE DO ART. 571, V E VIII, DO CPP. PREJUÍZO, ADEMAIS, NÃO 
DEMONSTRADO. EIVA AFASTADA. 1. “Tratando-se de processo de competência 
do tribunal do júri, as nulidades posteriores à pronúncia devem ser arguidas 
depois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes, e as do julgamento 
em plenário, em audiência, ou sessão do tribunal, logo após sua ocorrência, 
sob pena de preclusão, consoante determina o artigo 571, V e VIII, do Código 
de Processo Penal” (STJ, Habeas Corpus n. 149.007/MT, j. em 05/05/2015). 2. 
Ademais, inexistindo demonstração de prejuízo concreto, não há que se falar em 
nulidade, nos termos do artigo 563 do Código de Processo Penal. 
(Apelação Criminal – Réu Preso – n. 2015.017272-3, de Palmitos; Relator: Des. 
Moacyr de Moraes Lima Filho)
21
Recursos no Processo Penal
APELAÇÃO CRIMINAL. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO PELO 
MOTIVO FÚTIL (ART. 121, § 2º, INC. II, DO CÓDIGO PENAL). SENTENÇA 
CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. PRELIMINAR DE NULIDADE DO 
JULGAMENTO AO ARGUMENTO DE QUE REDAÇÃO DE QUESITO SERIA 
CONFUSA E TERIA INDUZIDO OS JURADOS EM ERRO. NÃO CONHECIMENTO. 
QUESTÃO NÃO SUSCITADA EM PLENÁRIO. EXEGESE DO ART. 571, VIII, DO 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. PRECLUSÃO CONSUMATIVA OPERADA. 
O Superior Tribunal de Justiça “sufragou entendimento de que as nulidades 
eventualmente ocorridas durante o julgamento em plenário devem ser arguidas 
logo depois de ocorrerem (art. 571, VIII, do Cód. de Processo Penal), sob pena de 
preclusão (HC 121.280/ES, Rel. Min. Celso Limongi – Desembargador Convocado 
do TJ/SP, Sexta Turma, DJe 16/11/2010). Incidência do enunciado 83 da Súmula 
deste STJ” (AgRg no AREsp 473.821/GO, relª Min. Maria Thereza de Assis Moura, 
j. 20.11.2014).
(Apelação Criminal n. 2015.012494-2, de Rio Negrinho; Relator: Des. Rodrigo 
Collaço)
HABEAS CORPUS. PRÁTICA, EM TESE, DOS DELITOS DE TRÁFICO DE 
DROGAS E DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO (ARTIGOS 33 E 35 DA 
LEI N. 11.343/06). ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA HOMOLOGAÇÃO DA 
PRISÃO EM FLAGRANTE E DE SUA CONVERSÃO EM PREVENTIVA POR 
TEREM SIDO AS DECISÕES PROFERIDAS POR JUÍZO INCOMPETENTE. 
POSSIBILIDADE DE CONVALIDAÇÃO PELO JUÍZO A QUE FORAM REMETIDOS 
OS AUTOS. EXEGESE DO ARTIGO 567 DO CÓDIGO PROCESSO PENAL. 
JUÍZO COMPETENTE QUE RECEBE O AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE E 
DETERMINA A REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIAS REQUERIDAS PELO MINISTÉRIO 
PÚBLICO. RATIFICAÇÃO TÁCITA DOS ATOS ATÉ ENTÃO PRATICADOS. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE. ORDEM DENEGADA. “A teor do 
artigo 567 do CPP, a incompetência de juízo – ratione loci – anula, tão somente, 
os atos decisórios, entre os quais não se arrola o decreto de prisão preventiva, 
que não passa de mera medida cautelar provisória, facultativa, de caráter 
meramente processual, que se justifica, apenas, para assegurar a aplicação 
da lei penal, por conveniência da instrução criminal ou para garantia da ordem 
pública. Declarada a incompetência do juízo, cumpre remeter o processo ao juízo 
competente a quem cabe ratificar ou não os atos praticados, inclusive o decreto 
de prisão preventiva” (HC n. 7.917, rel. Des. Ernani Ribeiro, JC, 53/369). (TJSC 
– Habeas Corpus n. 1996.002760-2,de Xaxim; Rel. Des. Álvaro Wandelli, j. em 
11/06/1996)
(Habeas Corpus n. 2013.046944-8, de Imbituba; Relator: Des. Paulo Roberto 
Sartorato)
22
Capítulo 1 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO TENTADO DUPLAMENTE 
QUALIFICADO. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO E 
DISPARO DE ARMA DE FOGO. ARTIGOS 121, § 2º, II E IV C/C 14, II, AMBOS 
DO CÓDIGO PENAL. ARTIGOS 14 E 15 DA LEI 10.826/2003. PRONÚNCIA. 
RECURSO DA DEFESA. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. 
AUSÊNCIA DE DEFESA TÉCNICA. INOCORRÊNCIA. ADVOGADO DATIVO. 
ATUAÇÃO RESPONSÁVEL. DEFESA REALIZADA COM ESMERO. SÚMULA 
523 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. VÍCIO INEXISTENTE. ALEGAÇÃO 
NÃO ACOLHIDA. MÉRITO. MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS. 
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. CRIME IMPOSSÍVEL. NÃO CONFIGURAÇÃO. ADOÇÃO 
DA TEORIA OBJETIVA TEMPERADA (OU MODERADA) PELO DIREITO PENAL 
PÁTRIO. CONSEQUÊNCIA. NECESSIDADE DE ABSOLUTA IMPROPRIEDADE DO 
MEIO OU DO OBJETO PARA CARACTERIZAÇÃO DO CRIME IMPOSSÍVEL. NÃO 
OCORRÊNCIA NO CASO CONCRETO. LAUDO PERICIAL DEMONSTRANDO 
A EFICIÊNCIA DA ARMA DE FOGO APREENDIDA. NÃO DEFLAGRAÇÃO POR 
CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS À VONTADE DO AGENTE. MUNIÇÃO “PICOTADA”. 
MEIO UTILIZADO APENAS RELATIVAMENTE INCAPAZ DE CONSUMAR O 
DELITO. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. PRINCÍPIO 
DA CONSUNÇÃO. INAPLICABILIDADE. CONDUTA TÍPICA NARRADA DE FORMA 
AUTÔNOMA. RECURSO NEGADO. 1. “No processo penal, a falta da defesa 
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova 
de prejuízo para o réu”. (Súmula 523 do Supremo Tribunal Federal)
(Recurso Criminal n. 2015.016173-7, de Brusque; Relator: Des. Jorge Schaefer 
Martins).
APELAÇÃO CRIMINAL – CRIME DE ROUBO DUPLAMENTE CIRCUNSTANCIADO 
(CP, ART. 157, § 2º, I E II) – SENTENÇA CONDENATÓRIA – RECURSOS 
DEFENSIVOS. PRELIMINARES. NULIDADE DO RECONHECIMENTO DE 
VOZ – NÃO OCORRÊNCIA – JUIZ DESTINATÁRIO DA PROVA – BUSCA DA 
VERDADE REAL DOS FATOS – FACULDADE PREVISTA NO ART. 156, I, DO 
CPP – AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO ÀS NORMAS CONSTITUCIONAIS LEGAIS. “[...] 
a inobservância das formalidades do reconhecimento pessoal não configura 
nulidade, notadamente quando realizado com segurança pelas vítimas em juízo, 
sob o crivo do contraditório, e a sentença vem amparada em outros elementos 
de prova. (STJ, HC n. 182.344/RS, rel. Min. Og Fernandes, j. em 28-5-2013) [...]” 
(TJSC, Des. Salete Silva Sommariva). 
NULIDADE DO FEITO POR AUSÊNCIA DE PERÍCIA NAS IMAGENS DE 
MONITORAMENTO DA CÂMERA DE SEGURANÇA – PRESCINDIBILIDADE 
– AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO NO MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO 
– PRELIMINAR AFASTADA. “[...] 1. É prescindível a realização de perícia em 
imagens captadas por sistema de segurança quando não há razões para se 
duvidar do seu conteúdo e inexistir impugnação, oportuno tempore, das partes” 
23
Recursos no Processo Penal
(TJSC, Des. Sérgio Rizelo). NULIDADE DOS REGISTROS FOTOGRÁFICOS POIS 
AUSENTES OS ORIGINAIS – INACOLHIMENTO – FOTOGRAFIA COM PLENA 
EFICÁCIA PROBATÓRIA MESMO QUE DESACOMPANHADA DE NEGATIVO – 
TESE RECHAÇADA. “A simples falta da juntada dos negativos das fotografias 
apresentadas pela parte não é motivo para o seu desentranhamento, e seu valor 
probante deverá ser estabelecido no momento adequado” (STJ, Min. Ruy Rosado 
de Aguiar). NULIDADE DA SENTENÇA POR AUSÊNCIA DE ANÁLISE DAS 
TESES DEFENSIVAS – INOCORRÊNCIA – DECISÃO QUE, DE FORMA INDIRETA, 
AFASTA AS QUESTÕES EXPOSTAS DOS ACUSADOS – DESNECESSIDADE DE 
REBATER, EXPLICITAMENTE, OS ARGUMENTOS DA DEFESA – EIVA AFASTADA. 
“Se a decisão demonstra, com clareza, a materialidade e autoria delitivas, bem 
como a exposição dos motivos que levaram à condenação do acusado, ficando 
refutada, mesmo que de forma implícita, as teses alegadas com o objetivo de 
comprovação da negativa de autoria, não há falar em nulidade da sentença por 
falta de análise de tese defensiva. [...]” (TJSC, Des. Roberto Lucas Pacheco).
(Apelação Criminal – Réu Preso – n. 2015.030454-0, de Chapecó; Relator: Des. 
Getúlio Corrêa).
25
Capítulo 2
Recursos no Processo Penal1
Seção 1
Recursos em geral
1.1 Conceito
A palavra “recurso”, segundo a etimologia, tem origem no vocábulo recursus, 
do latim, que significa “caminho para voltar, recaminhada, repetição, corrida 
de volta”. Sob o ponto de vista jurídico, recurso é um meio processual de 
impugnação capaz de propiciar um resultado mais vantajoso na mesma relação 
jurídica processual, decorrente de reforma, invalidação, esclarecimento ou 
confirmação. Em poucas palavras, são remédios jurídico-processuais através dos 
quais se provoca o reexame de uma decisão.
Pela teoria geral dos recursos, há um órgão jurisdicional contra o qual se recorre, 
chamado de juízo a quo, e outro para o qual se recorre, denominado juízo ad quem, 
havendo ainda um prejuízo de admissibilidade, que se projeta sobre os pressupostos 
recursais, bem como um juízo de mérito, relacionado ao conteúdo do decisum.
1 DALABRIDA, Sidney Eloy. Recursos no processo penal. Palhoça: Unisul Virtual, 2016.
26
Capítulo 2 
1.2 Fundamentos
Os recursos têm por base jurídica o princípio constitucional do duplo grau de 
jurisdição, decorrente do esquema formulado no corpo da Constituição Federal, 
que disciplina a competência dos tribunais e que, segundo a doutrina, assim se 
desenvolve, em razão do inconformismo natural gerado nas partes pela decisão 
proferida, da falibilidade humana, da necessidade de controle de soluções 
arbitrárias e de uma maior segurança jurídica advinda do reexame da matéria 
por um órgão colegiado e com maior experiência de atuação. Também está 
positivado no Pacto de São José da Costa Rica (art. 8º, n. 2, h).
Observação: Devido ao princípio do duplo grau de jurisdição, é vedado aos tribunais 
apreciar matéria sobre a qual não tenha se pronunciado o juízo a quo, sob pena de 
supressão de instância.
1.3 Fontes
 As fontes normativas dos recursos são:
 • a Constituição Federal, que estabelece: “Aos litigantes em processo 
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados 
o contraditório e ampla defesa com os meios e recursos a ela 
inerentes” (art. 5º, inc. LV), e a previsão, no inciso LXVIII, do habeas 
corpus, recurso constitucional;
 • a lei e, neste caso, como fonte que mais trata dos recursos no 
processo penal, tem-se o Livro III, Título II, além de dez capítulos 
do Cód. de Proc. Penal. Temos, ainda, diversas leis esparsas que 
cuidam dos recursos;
 • regimentos internos, podendo eles estabelecerem pressupostos 
de admissibilidade, gerar recursos ou limitá-los. Como exemplo, 
podemos citar o artigo 243 do Tribunal de Justiça do Estado de 
Santa Catarina, que prevê: “Caberá reclamação de decisão que 
contenha erro ou abuso, que importe na inversão da ordem legal do 
processo, quando para o caso não haja recurso específico”.
27
Recursos no Processo Penal
1.4 Pressupostos fundantes
a) Lógico – existência de despacho ou decisão de órgão jurisdicional.
b) Fundamental – sucumbência, que se traduz em lesividade de interesse, 
gravame, prejuízo. Sucumbência nada mais é senão a desconformidade entre o 
que foi pedido e o que foi concedido ou decidido.
1.5 Classificação da sucumbência
A sucumbência pode ser classificada em:
a) Simples ou única – quando o gravame atinge uma só parte. 
b) Múltipla – quando são atingidos vários interesses. 
c) Paralela – quando a lesividade atingir interesses idênticos. Exemplo: quando o 
Ministério Público oferece denúncia contra dois réus e o juiz julga procedente a 
denúncia.
d) Recíproca – quando o gravame atinge interesses opostos. Exemplo: juiz julga 
parcialmente procedente a denúncia, desclassificando o delito.
e) Direta – quando atinge uma das partes da relação (acusador ou acusado, o 
sucumbente).
f) Reflexa – quando a lesividade alcançar pessoas fora da relação processual.
g) Total – quando o pedido for integralmentedesatendido.
h) Parcial – na hipótese de apenas parte do pleito não ser acolhido.
1.6 Princípios
 • Duplo grau de jurisdição – permite ao recorrente a revisão do julgado 
penal por outro órgão julgador, hierarquicamente superior. Nele 
também está compreendida a proibição de que o tribunal de segundo 
grau conheça além daquilo que foi discutido pelo tribunal a quo. 
Sustenta-se que o princípio do duplo grau de jurisdição encontra 
sua principal barreira no “foro privilegiado”, isto se dá em face da 
prerrogativa concedida a certas autoridades de serem julgadas em 
órgãos colegiados, o que acaba por eliminar a revisão da matéria 
por órgão superior, posto que não há instância superior a recorrer. 
28
Capítulo 2 
Tomando como exemplo um promotor de justiça julgado pelo Tribunal de 
Justiça, inexistirá acesso ao duplo grau de jurisdição. Somente poderá 
recorrer ao STJ e/ou ao STF, sem possibilidade, no entanto, de reanálise 
da matéria de fato, mas tão somente de direito, uma vez preenchidos os 
pressupostos legais. 
 • Unirrecorribilidade – relaciona-se à ideia de que apenas um recurso 
será cabível, sendo vedado interpor dois recursos de uma decisão 
judicial. Este princípio tem sua base no art. 593, § 4º, do CPP.
 • Taxatividade – o princípio da taxatividade está intimamente ligado 
ao princípio da legalidade. Os recursos devem estar previstos em lei. 
Sem base legal não há como ascender à instância superior. Ademais, 
havendo previsão legal, deverá ser manejado o recurso próprio, 
definido para o caso específico. 
Como exemplo, podemos citar o recurso em sentido estrito, que só poderá 
ser utilizado nas hipóteses previstas no rol taxativo do artigo 581 do CPP.
 • Fungibilidade – expressa que, em havendo a interposição de um 
recurso por outro, desde que não haja erro grosseiro ou má-fé, 
poderá ser conhecido como se fosse o recurso adequado. Consta 
do artigo 579 do CPP, que positiva: “Salvo a hipótese de má-fé, a 
parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por 
outro”. 
Porém, note-se que, segundo a jurisprudência, só se conhece do 
recurso uma vez obedecido o prazo legal do recurso adequado. Não 
é possível, portanto, que se pretenda o conhecimento de embargos 
infringentes como sendo apelação, quando opostos após o prazo 
de 5 (cinco) dias, sob a invocação do princípio da fungibilidade. 
 • Voluntariedade – somente poderão ser interpostos recursos por 
vontade das partes, sendo uma extensão do princípio segundo o 
qual o juiz não poderá agir de ofício. Está disposto no artigo 574 do 
CPP: “Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes 
casos, em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz”. 
 • Conversão – quando um recurso for encaminhado a um tribunal que 
não é competente, deverá ser endereçado ao órgão jurisdicional 
competente para conhecê-lo. 
Exemplo: um recurso extraordinário remetido ao Superior Tribunal de 
Justiça. Nesse caso, o STJ encaminha o recurso ao STF. 
29
Recursos no Processo Penal
 • Proibição do reformatio in pejus – é vedada pelo ordenamento 
jurídico a reforma para pior, conforme prevê o artigo 617 do CPP. 
Poderá ela ocorrer de forma direta ou indireta, conforme segue. 
a. Reformatio in pejus direta: ocorre quando somente a defesa 
apresenta recurso e, apesar disso, o tribunal reforma a decisão 
em prejuízo do réu, agravando, por exemplo, a sua pena. 
b. Reformatio in pejus indireta: diz respeito às situações em que, 
apresentado recurso exclusivo da defesa e anulada a decisão 
recorrida, em novo julgamento, o juiz a quo profere decisão 
ainda mais gravosa que a primeira, em desfavor do acusado.
Observação: Ainda que só a defesa tenha apresentado recurso, quando for 
acolhida pelo tribunal a nulidade de incompetência absoluta do juízo, o juiz a quem 
for atribuída competência não estará vinculado à decisão anulada, já que esta é 
considerada inexistente, restando aberta, então, a possibilidade de um julgamento 
mais gravoso para o réu.
A reformatio in mellius se caracteriza quando há interposição de recurso somente 
por parte da acusação e, a despeito disso, o tribunal reconhece e aplica benefício 
em favor do acusado. É tema de discussão e divergência na doutrina e na 
jurisprudência, sendo adotada sob o argumento de que o ordenamento jurídico 
proíbe apenas a reformatio in pejus (art. 617 do CPP).
1.7 Classificação dos recursos
a) Quanto à fonte normativa dos recursos:
 • Constitucionais – são aqueles que têm origem no texto da própria 
Constituição Federal. Exemplo: recurso ordinário.
 • Legais – são os recursos cuja existência emana do Código de 
Processo Penal ou de leis extravagantes. Exemplo: apelação (art. 
593, CPP).
 • Regimentais – previstos nos regimentos internos dos tribunais. 
Exemplo: agravo regimental (art. 300, RISTF).
30
Capítulo 2 
b) Com relação aos motivos, podem ser divididos em dois grupos:
 • Recursos ordinários – aqueles que têm como escopo um novo 
exame do que já foi decidido pelo juiz singular, dentro de uma 
mesma relação processual, sendo a matéria de fato ou de direito. 
Exemplo: apelação (art. 593, CPP).
 • Recursos extraordinários – limitam-se ao exame da aplicação da 
norma jurídica, de modo que não projeta sobre matéria de fato. 
Exemplos: recurso especial e extraordinário.
c) Quanto à iniciativa:
 • Voluntários – constituem a regra no processo penal brasileiro, 
correspondendo àqueles em que a interposição do recurso depende 
da vontade das partes.
 • Necessários ou obrigatórios – também denominados recursos de 
ofício ou anômalos, são aqueles em que o próprio juiz, nas situações 
determinadas no artigo 574 do CPP, deve recorrer da sua própria 
decisão.
d) Quanto aos motivos:
 • Ordinários – são aqueles em que a simples insatisfação da 
parte propicia a interposição do recurso, sendo desnecessário o 
preenchimento de qualquer requisito específico. Exemplo: recurso 
em sentido estrito.
 • Extraordinários – são os recursos cujo cabimento está vinculado ao 
preenchimento de requisitos específicos. Exemplo: recurso especial.
e) Quanto à extensão da matéria impugnada, classificam-se em:
 • Recursos totais – a faculdade de impugnação da parte é utilizada 
em relação ao conteúdo total da decisão.
 • Recursos parciais – reporta-se à faculdade de impugnação apenas 
parcial da decisão.
31
Recursos no Processo Penal
f) Quanto às restrições na fundamentação:
 • Fundamentação livre – permite-se a impugnação de todas as 
questões, sejam fáticas ou de direito. 
 • Fundamentação vinculada – o próprio diploma legal delimita o 
campo da motivação recursal.
g) Quanto ao grau hierárquico:
 • Verticais – cabe a um tribunal superior àquele que proferiu a decisão 
objurgada proferir nova decisão. Exemplos: recursos especial e 
extraordinário.
 • Horizontais – aqueles onde o próprio órgão jurisdicional que proferiu 
a decisão poderá resolvê-lo. Exemplo: embargos de declaração. 
1.8 Pressupostos recursais
Os pressupostos recursais são os requisitos indispensáveis para a admissão de 
um recurso. Classificam-se em objetivos e subjetivos.
a) Pressupostos objetivos
 • Previsão legal (cabimento) – um recurso só pode ser interposto se 
previsto em lei.
 • Adequação – ao interpor o recurso, a parte deve observar aquele 
que melhor se amolde ao caso concreto. Muitas vezes, apesar de 
previsto em lei, o recurso interposto não é adequado.
Observação: Princípio da fungibilidade recursal (art. 579 do CPP).
 • Regularidade – na interposição do recurso, todas as formalidades 
tipicamente estabelecidas devem ser observadas.
 • Tempestividade – a interposição do recurso deve ser dentro do 
prazo estabelecido em lei, observadas as regras de contagem 
previstas no artigo 798 do CPP, sob pena de perda da oportunidade 
do reexame. Os prazos são peremptórios. Nos casos em que,apesar de intempestivo, tenha sido admitido na primeira instância, 
o relator do recurso no tribunal ad quem não conhecerá do recurso 
(decisão monocrática).
32
Capítulo 2 
 • Fatos impeditivos – são os que impedem a interposição do recurso 
ou seu recebimento e, portanto, surgem antes de o recurso ser 
interposto. É o caso da renúncia.
 • Fatos extintivos – são aqueles posteriores à interposição do recurso, 
que impedem o seu conhecimento. Exemplos: desistência e 
deserção.
 •
b) Pressupostos subjetivos
 • Legitimidade – diz respeito àqueles que podem interpor o recurso 
no caso concreto. São exemplos: art. 577; art. 584, §1º; e art. 598, 
todos do CPP, dentre outros.
 • Interesse recursal – segundo dispõe o artigo 577, parágrafo único, 
do CPP, somente se admite recurso interposto por quem tenha 
interesse na reforma ou modificação da decisão impugnada. Exige-
se, portanto, sucumbência, que se verifica quando a decisão não 
atende a expectativa juridicamente possível.
1.9 Juízo de admissibilidade
É o ato através do qual o juízo a quo e, posteriormente, em uma segunda análise, 
o juízo ad quem, verificam se estão presentes todos os pressupostos recursais 
necessários para a admissão do recurso. 
Ao realizar o juízo de admissibilidade, o juiz prolator da decisão poderá receber 
o recurso, se entender preenchidos os requisitos de interposição, determinando, 
então, o seu processamento e remessa ao tribunal, ou, caso ausente algum dos 
pressupostos recursos, não recebê-lo.
No tribunal, antes mesmo da apreciação do mérito causal, será realizado um 
segundo juízo de admissibilidade, onde o recurso poderá ser ou não conhecido, 
dependendo, mais uma vez, do cumprimento de todos os seus pressupostos.
1.10 Efeitos
a) Devolutivo: presente em todos os recursos, o efeito devolutivo diz respeito a 
uma nova possibilidade de apreciação da lide, por intermédio da devolução da 
matéria ao órgão jurisdicional.
b) Suspensivo: é o efeito que impede a execução da decisão impugnada até 
o julgamento do recurso. Constitui exceção no processo penal, devendo ser 
aplicado apenas quando previsto em lei.
33
Recursos no Processo Penal
c) Regressivo: é aquele em que o recurso interposto faz o processo retornar 
para reapreciação do juiz prolator da decisão recorrida. Exemplo: embargos de 
declaração.
d) Extensivo: regulado pelo artigo 580 do CPP, permite que, no caso de haver 
mais de um réu, o recurso por um interposto e provido seja aproveitado 
aos demais que não apresentaram impugnação, salvo quando se tratar de 
circunstância de caráter pessoal.
1.11 Reformatio in pejus
Vedada pelo ordenamento jurídico (art. 617 do CPP), a reformatio in pejus pode 
ocorrer de forma direta ou indireta.
a) Reformatio in pejus direta: ocorre quando somente a defesa apresenta recurso 
e, apesar disso, o tribunal reforma a decisão em prejuízo do réu, agravando, por 
exemplo, a sua pena.
b) Reformatio in pejus indireta: diz respeito às situações em que, apresentado 
recurso exclusivo da defesa e anulada a decisão recorrida, em novo julgamento, 
o juiz a quo profere decisão ainda mais gravosa que a primeira, em desfavor do 
acusado.
Observação: Ainda que só a defesa tenha apresentado recurso, quando for acolhida 
pelo tribunal nulidade de incompetência absoluta do juízo, o juiz a quem for atribuída 
competência não estará vinculado à decisão anulada, já que esta é considerada 
inexistente, restando aberta, então, a possibilidade de um julgamento mais gravoso 
para o réu.
1.12 Reformatio in melius
A reformatio in mellius se caracteriza quando há interposição de recurso somente 
por parte da acusação e, a despeito disso, o tribunal reconhece e aplica benefício 
em favor do acusado. É tema de discussão e divergência na doutrina e na 
jurisprudência, sendo adotada sob o argumento de que o ordenamento jurídico 
proíbe apenas a reformatio in pejus (art. 617 do CPP).
35
Capítulo 3
Dos Recursos em Espécie I1
Seção 1
Recurso em sentido estrito
Em que pese a regra no direito processual penal brasileiro ser a irrecorribilidade 
das decisões interlocutórias, o legislador processual tratou de estabelecer 
algumas exceções no artigo 581 do CPP, formando, então, um rol taxativo de 
decisões de caráter não terminativo impugnáveis por intermédio de recurso em 
sentido estrito. O recurso em sentido estrito corresponde ao agravo do processo 
civil, tendo aí sua origem, com a previsão do juízo de retratação pelo prolator, 
sendo sua essência a reparação de uma lesividade ocorrida através de uma 
decisão interlocutória. 
1 DALABRIDA, Sidney Eloy. Recursos no processo penal. Palhoça: Unisul Virtual, 2016.
36
Capítulo 3 
1.1 Hipóteses de cabimento
O artigo 581 do Código de Processo Penal apresenta um rol com hipóteses 
em que será permitido manejar o recurso strictu sensu. A palavra “despacho”, 
contida no referido dispositivo legal, foi inadequada na medida em que os atos 
jurisdicionais elencados são decisões. Note-se que não se admite a ampliação 
para casos excluídos pelos dispositivos, sendo possível a interposição para 
hipóteses assemelhadas, quando evidente o intuito do legislador em abrangê-las.
São passíveis de impugnação por recurso em sentido estrito as seguintes decisões:
I – Que não receber a denúncia ou a queixa 
A peça acusatória pode ser recusada nos termos do artigo 395 do CPP quando: 
a) for manifestamente inepta; b) faltar pressuposto processual ou condição para o 
exercício da ação penal; c) faltar justa causa para o exercício da ação penal. Contra 
a decisão é cabível recurso em sentido estrito. Em se tratando, porém, de decisão 
proferida no âmbito do juizado especial criminal, o recurso cabível será a apelação 
(art. 82 da Lei n. 9.099/95). 
Destaque para a Súmula 707 do STF: “Constitui nulidade a falta de intimação 
do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da 
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo”. 
No que se refere à rejeição de um aditamento realizado no decorrer do processo, 
sendo ele real, pessoal ou próprio, também é cabível o recurso em sentido estrito, 
posto que o aditamento equipara-se a uma nova acusação. Aos aditamentos 
impróprios, isto é, aqueles que apenas corrigem algum erro, não apresentando fato 
ou novo sujeito, o recurso em sentido estrito não é cabível.
II – Que concluir pela incompetência do juízo
Cuida-se aqui da decisão do juiz que reconhece de ofício a incompetência, 
determinando a remessa dos autos ao juiz competente. Por outro lado, quando o 
juiz se declara competente, não há possibilidade de interposição do recurso em 
sentido estrito, sendo possível, porém, quando flagrante a ilegalidade, a impetração 
de habeas corpus.
Ainda que se trate de decisão terminativa que, de regra, desafia recurso de 
apelação, neste caso, o recurso cabível será recurso em sentido estrito, diante da 
expressa previsão legal. 
III – Que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição
Em sendo julgadas procedentes as exceções de litispendência, coisa julgada, 
ilegitimidade da parte, incompetência, será cabível o recurso em sentido estrito. 
37
Recursos no Processo Penal
Quando forem rejeitas, no entanto, a decisão será irrecorrível. Contra a decisão que 
acolhe a exceção de suspeição também não cabe recurso algum, até porque não 
se pode forçar o juiz que se declara suspeito a julgar o feito.
IV – Que pronunciar o réu
 A decisão de pronúncia é uma decisão interlocutória mista, que não encerra 
o processo, mas apenas uma etapa do procedimento relativo aos crimes de 
competência do tribunal do júri. O juiz pronunciará o réu quando se convencer 
da autoria e materialidade dos fatos, não se tratando de decisão condenatória 
ou absolutória, limitando-se apenas a julgar admissível a acusação para efeito de 
submeter o réu a julgamentopopular.
V – Que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, 
indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder 
liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante
O inciso cuida das hipóteses de fiança e prisão provisória. Importante perceber que 
não cabe recurso da decisão que decretar a prisão preventiva ou indeferir o pedido 
de liberdade provisória ou relaxamento da prisão.
VII – Que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor
As hipóteses estão previstas nos artigos 328, 341 e 344 do Código de Processo 
Penal. 
VIII – Que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a 
punibilidade
Na fase de conhecimento, o recurso cabível será o recurso em sentido estrito. No 
entanto, em se tratando da extinção da punibilidade na fase executória, o recurso a 
ser manejado será o agravo (art. 197 da LEP).
IX – Que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra 
causa extintiva da punibilidade
Trata-se de hipótese inversa a do inciso anterior. 
X – Que conceder ou negar a ordem de habeas corpus
Cuida-se, neste dispositivo, das hipóteses em que foi impetrado habeas corpus na 
primeira instância. Havendo a denegação da ordem, pode o interressado interpor 
o recurso em sentido estrito ou, alternativamente, impetrar novo habeas corpus, 
porém, agora para a superior instância. No caso de concessão da ordem, o 
Ministério Público também poderá interpor recurso em sentido estrito.
38
Capítulo 3 
XI – Que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena
Avulta esclarecer que, estando a decisão embutida na sentença condenatória, o 
recurso a ser aviado será a apelação e não o recurso em sentido estrito. Sendo a 
decisão proferida na fase executória, o recurso será o agravo (art. 197 da LEP), seja 
ela concessiva, denegatória ou de revogação da suspensão condicional da pena.
XII – Que conceder, negar ou revogar livramento condicional
Como a decisão é proferida no processo de execução penal, o assunto é tratado no 
artigo 197 da Lei de Execução Penal. Assim, ao invés de recurso em sentido estrito, 
a decisão deverá ser atacada com o recurso de agravo.
XIII – Que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte
O processo deve tramitar sem qualquer tipo de nulidade. Uma vez verificada, 
deverá o juiz anular o processo, no todo ou em parte, conforme o causa da eiva. 
Fazendo-o, a parte lesada pode recorrer via sentido.
XIV – Que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir
O alistamento dos jurados está previsto nos artigos 425 e 426 do Código de 
Processo Penal. A inclusão ou exclusão do jurado da lista geral desafia recurso em 
sentido estrito, hipótese em que o prazo para a interposição é de 20 (vinte) dias e 
não 5 (cinco) dias, devendo ser contado da data da publicação definitiva da lista de 
jurados (art. 586, parágrafo único, CPP).
XV – Que denegar a apelação ou a julgar deserta
Concluindo pela ausência de pressupostos recursais, por ocasião do juízo de 
prelibação, o juiz poderá denegar a apelação, decisão impugnável via recurso em 
sentido estrito. Neste caso, o tribunal analisará apenas a admissibilidade do apelo 
que foi negado em primeira instância e, verificando a existência de todos os seus 
pressupostos, fará a apelação ascender ao tribunal para análise de mérito.
Caso, além de não ter recebido a apelação, o juiz ainda não admita o recurso em 
sentido estrito, será cabível carta testemunhável (art. 639, I, CPP). 
Quanto à deserção, cuida-se de uma forma anômala de extinção do recurso, que 
ocorre devido à falta de pagamento das despesas recursais.
XVI – Que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial
As questões prejudiciais estão previstas nos artigos 92 e 93 do Código de 
Processo Penal. Uma vez determinada a suspensão do processo em razão da sua 
existência, poderá ser interposto recurso em sentido estrito. A decisão que denega 
a suspensão, no entanto, é irrecorrível.
39
Recursos no Processo Penal
XVII – Que decidir sobre a unificação de penas
Como é questão relacionada à fase penal executória, o assunto é tratado na Lei de 
Execução Penal (art. 197), sendo a decisão impugnável via agravo.
XVIII – Que decidir o incidente de falsidade
Julgando procedente ou improcedente o incidente de falsidade, a parte prejudicada 
poderá interpor recurso em sentido estrito. Só cabe recurso da decisão que 
enfrenta o mérito e não a que denega liminarmente a instauração do incidente.
XIX – Que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em 
julgado 
A medida de segurança é uma forma de absolvição imprópria quando imposta 
no processo de conhecimento, de modo que a forma correta de impugnação 
será através da apelação, de acordo com o artigo 593, I, do CPP. Porém, quando 
imposta no curso da execução penal, aplica-se o artigo 197 c/c artigos 183 e 66, V, 
d, todos da LEP, devendo ser atacada através do agravo. Sendo assim, este inciso 
está revogado pela LEP.
XX – Que impuser medida de segurança por transgressão de outra
Este inciso encontra-se também revogado pela Lei de Execução Penal. Será o juiz 
da execução o responsável por proferir qualquer decisão a respeito da internação 
em hospital de custódia e do tratamento ambulatorial depois de transitada em 
julgado a sentença que a impuser, de sorte que o recurso cabível será o agravo (art. 
197, LEP).
XXI – Que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do 
artigo 774
As hipóteses deste inciso serão impugnáveis por meio do agravo (art. 197, LEP). 
XXII – Que revogar a medida de segurança
O juiz competente para revogar a medida de segurança é o juiz da fase executória 
(art. 66, V, e, da LEP), portanto, o agravo é a forma de impugnação correta, e não o 
recurso em sentido estrito.
XXIII – Que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a 
lei admita a revogação
A única forma de atacar a decisão com tal conteúdo é através do recurso de agravo 
em execução (art. 197, LEP).
40
Capítulo 3 
XXIV – Que converter a multa em detenção ou em prisão simples
Em razão da redação dada pela Lei n. 9.268/96 ao artigo 51 do Código Penal, não 
é mais possível a conversão da multa em pena privativa de liberdade, de modo que 
este dispositivo está revogado. Se, de alguma forma, houver decisão de conversão 
de pena de multa em detenção, dever-se-á impetrar habeas corpus, por flagrante 
ilegalidade à liberdade de locomoção.
1.2 Prazo para interposição
Conforme se depreende do artigo 586, caput, do CPP, o prazo para interposição 
do recurso em sentido estrito é de 5 (cinco) dias, a contar da data de intimação 
da decisão, sendo que, quando se tratar de inclusão ou exclusão de jurado da 
lista geral, o prazo será de 20 (vinte) dias, contados da publicação definitiva da 
referida lista.
Estando o assistente de acusação habilitado nos autos, isto é, sendo intimado 
devidamente de todos os atos processuais, o prazo será de cinco dias, caso o 
Parquet não recorra. Para o ofendido não habilitado como assistente, o prazo 
para interposição do recurso é de 15 (quinze) dias, na forma do artigo 584, §1º, 
do CPP, a partir da data que terminar o prazo ministerial. 
O prazo para interposição do recurso em sentido estrito, de cinco dias, a 
contar da data em que se tomou ciência da decisão, é um requisito objetivo 
para sua admissibilidade, ou seja, interposto fora deste quinquídio legal, o 
recurso não é conhecido. 
1.3 Procedimento
O recurso, em sentido estrito, poderá ser interposto por petição ou termo nos 
autos (art. 578 do CPP) e o seu processamento poderá ocorrer nos próprios autos 
ou mediante a formação de instrumento, nos termos do artigo 583 do CPP.
Poderá haver a formação de instrumento à parte, que será encaminhado ao 
tribunal, a fim de não prejudicar o andamento do processo, mas também seprevê 
a subida nos próprios autos.
Subirão nos próprios autos: a) quando interpostos de oficio; b) nos casos do 
artigo 581, I, III, IV, VI, VIII e X; c) quando o recurso não prejudicar o andamento 
do processo.
41
Recursos no Processo Penal
Recebido o recurso, o juiz prolator da decisão mandará intimar o recorrente 
para oferecer razões em 2 (dois) dias, intimando, em seguida, o recorrido para 
apresentar contrarrazões no mesmo prazo.
Independentemente da apresentação de contrarrazões, vencido o prazo, o 
recurso deverá ser remetido ao juiz a quo, para que este reaprecie a matéria, 
mantendo ou reformando a decisão recorrida através do juízo de retratação.
Mantida a decisão ou reformada apenas em parte, o recurso subirá ao tribunal 
que, nesta última hipótese, apreciará tão somente a matéria que não houver 
sofrido alteração.
Caso o juiz de primeiro grau entenda pela reforma total da decisão impugnada, 
a parte contrária poderá recorrer por simples petição nos autos, quando cabível 
recurso, não se admitindo, na hipótese, que haja novo juízo de retratação.
1.4 Efeitos
O recurso, em sentido estrito, sempre produzirá o efeito regressivo e, caso seja 
mantida a decisão ou, em sendo reformada, houver impugnação pela parte 
contrária, também sobrevirá o efeito devolutivo.
Quanto ao efeito suspensivo, este só será aplicado nas hipóteses taxativamente 
definidas no artigo 584, caput, do CPP.
1.5 Jurisprudência
PENAL. PROCESSO PENAL. INAPLICABILIDADE DO DISPOSTO NO ART. 191, DO 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – CPC. DECISÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM QUE 
NEGA SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 
NÃO CABIMENTO. AGRAVO DE INSTRUMENTO INTEMPESTIVO. AGRAVO 
REGIMENTAL DESPROVIDO. No processo penal não se aplica a norma do artigo 
191 do Código de Processo Civil que prevê prazo em dobro para recorrentes com 
procuradores diversos. Precedentes.
(STJ – AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 
2014/0067515-0. Relator Ministro ERICSON MARANHO).
PROCESSUAL PENAL. MANDADO DE SEGURANÇA. AFASTAMENTO CAUTELAR 
DO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. ART. 581, DO 
CPP. ROL TAXATIVO. CABIMENTO DO WRIT. O artigo 581, do Código de Processo 
Penal, apresenta rol taxativo, não comportando interpretação analógica de modo 
a permitir a utilização de recurso em sentido estrito quando a lei não o prevê para 
dada situação concreta. 
42
Capítulo 3 
(STJ – RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 2014/0176176-9. 
Relator Ministro GURGEL DE FARIA).
EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. 
NÃO CABIMENTO. AGRAVO EM EXECUÇÃO. RITO DO RECURSO EM SENTIDO 
ESTRITO. AUSÊNCIA DE TRASLADO DAS PEÇAS INDICADAS PELO AGRAVANTE. 
NULIDADE. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE 
OFÍCIO. A teor da iterativa orientação jurisprudencial desta corte, aplicam-se ao 
recurso de agravo em execução, previsto no artigo 197 da Lei de Execução Penal, 
as disposições acerca do rito do recurso em sentido estrito, previstas nos artigos 
581 e seguintes do Código de Processo Penal. 
(STJ – HABEAS CORPUS 2014/0293674-2. Relator Ministro FELIX FISCHER).
PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. TENTATIVA. RECURSO EM SENTIDO 
ESTRITO. TEMPESTIVIDADE. PRISÃO PREVENTIVA. MOTIVAÇÃO INIDÔNEA. 
FALTA DE INDICAÇÃO DE ELEMENTOS CONCRETOS SUFICIENTES A JUSTIFICAR 
A MEDIDA. FLAGRANTE ILEGALIDADE. EXISTÊNCIA. ORDEM CONCEDIDA. O 
entendimento exarado pela corte de origem está alinhado ao posicionamento deste 
Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que inicia-se a contagem do prazo 
recursal para o Ministério Público a partir da entrada dos autos nas dependências 
do órgão. 
(STJ – HC 270591/PB HABEAS CORPUS 2013/0152094-3. Relator(a) Ministra 
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA).
43
Recursos no Processo Penal
Seção 2
Apelação
Trata-se de recurso contra decisões definitivas ou com força de definitiva, que 
julgam extinto o processo, apreciando ou não o mérito, mas que devolvem ao 
tribunal o conhecimento da matéria.
A apelação tem caráter residual, já que só pode ser interposta se não houver 
previsão expressa de cabimento de recurso em sentido estrito para a situação. 
Goza de primazia em relação ao recurso em sentido estrito, uma vez que, 
prevendo a lei expressamente o cabimento do recurso em sentido estrito em 
relação a uma parte da decisão e a apelação da parte restante, prevalecerá a 
apelação. Em outros termos, em função do princípio da unirrecorribilidade, a 
apelação, mesmo que residual, tem preferência sobre o recurso em sentido 
estrito, ainda que se recorra só de parte da decisão e esta admita esse segundo 
recurso.
2.1 Hipóteses de cabimento
De acordo com o artigo 593 do CPP, caberá apelação:
a) Das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por 
juiz singular
São as decisões que põem cobro à relação processual, julgando o mérito, seja 
absolvendo, seja condenando o acusado. As condenatórias julgam procedente, 
no todo ou em parte, a acusação, ao passo que as absolutórias são as que 
inacolhem a pretensão punitiva.
b) Das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz 
singular, quando não cabível recurso em sentido estrito
Também é cabível apelação das decisões que, julgando o mérito, dão fim à 
relação processual sem, no entanto, condenar ou absolver, como, por exemplo, a 
decisão que resolve incidente de restituição de coisas apreendidas.
As decisões com força de definitivas são as que põem fim a uma etapa 
procedimental, sem julgar o mérito (exemplo: pronúncia). A decisão de 
impronúncia comporta recurso de apelação, assim como a decisão que rejeita a 
denúncia no caso da Lei n. 9.099/95.
De todas as decisões definitivas ou com força de definitivas, desde que a lei não 
preveja recurso em sentido estrito, será cabível a apelação.
44
Capítulo 3 
c) Das decisões do tribunal do júri
a. Quando ocorrer nulidade posterior à pronúncia: caso a nulidade 
seja anterior à pronúncia, a matéria já foi apreciada na própria 
decisão ou no recurso contra ela interposto. 
b. Quando for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa 
ou à decisão dos jurados: é o caso de error in procedendo e não 
meritual.
c. Quando houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou 
da medida de segurança: caso o tribunal dê provimento ao apelo, a 
pena ou medida de segurança será corrigida aos termos legais.
d. Quando for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova 
dos autos: assim deve ser considerada a decisão que se aparta 
totalmente da prova produzida. Com base neste fundamento, só é 
possível utilizar a apelação uma única vez e não importa qual das 
partes tenha recorrido.
2.2 Prazo para interposição
Em regra, o prazo para interposição do recurso de apelação é de 5 (cinco) dias, 
a contar da data de intimação da decisão a ser impugnada. Todavia, há algumas 
particularidades em relação a esse prazo. 
Para a defesa, o lapso temporal estabelecido somente passa a ser contado a partir 
da última intimação realizada, independentemente de o intimado ser o defensor ou 
o próprio réu. No âmbito da defesa, devem ser intimados o réu e seu defensor.
Quando se tratar do Ministério Público, a tempestividade será analisada, 
partindo-se do dia em que os autos foram entregues com vista àquele órgão, 
ressalvando-se os casos em que a decisão for proferida em audiência ou sessão 
de julgamento, onde o Parquet, tendo interesse em recorrer, deverá se insurgir de 
imediato contra a decisão.
A defensoria pública faz jus ao prazo em dobro, regra que não se aplica ao 
Ministério Público.
Em se tratando de intimação ficta, somente se inicia a contagem do prazo para 
interposição do recurso após o término do prazo de publicação do edital.
Seguindo orientação do STF, o prazo para o assistente de acusação habilitado 
apelar é de 5 (cinco) dias,contados do encerramento do prazo para o Ministério 
Público ou a partir da intimação, se esta ocorrer após o trânsito em julgado para 
45
Recursos no Processo Penal
o Parquet. De outro lado, consoante o disposto no artigo 598, parágrafo único, do 
CPP, o prazo para o assistente ou ofendido não habilitado apelar é de 15 (quinze) 
dias, transcorridos depois de encerrar-se o prazo para o órgão ministerial.
2.3 Procedimento
Interposta a apelação perante o juízo recorrido, este examinará o preenchimento 
dos requisitos objetivos e subjetivos do recurso (juízo de admissibilidade), 
dispondo, em seguida, acerca do seu recebimento. Negado seguimento à 
apelação, o apelante poderá interpor recurso em sentido estrito. Recebido o 
reclamo, o recorrente será intimado para apresentar suas razões, no prazo de 8 
(oito) dias, seguindo-se com a intimação do apelado para oferecer contrarrazões 
no mesmo prazo legal. O assistente de acusação, passado o prazo para 
manifestação do Parquet, terá 3 (três) dias para apresentar sua peça.
Segundo se observa do artigo 600, § 4º, do CPP, o apelante pode optar por 
arrazoar apenas em segunda instância, prerrogativa que não se aplica ao 
assistente da acusação.
Note-se que a falta das razões, ou mesmo das contrarrazões, se comprovada 
a intimação, não impede o regular processamento do recurso, já que seu 
oferecimento intempestivo constitui mera irregularidade, não ocasionando, 
portanto, a sua exclusão dos autos.
No caso de interposição de apelação pela acusação e defesa, o Ministério 
Público ou querelante (quando for caso de ação penal privada) arrazoarão 
primeiro, sendo seguidos pela defesa. Após manifestação do defensor do réu, os 
autos voltarão ao órgão ministerial para responder ao recurso defensivo.
Apresentadas as peças recursais, a apelação será remetida ao tribunal nos 
próprios autos ou por traslado, se presente mais de um réu e nem todos tiverem 
sido julgados ou nem todos apelarem.
2.4 Efeitos
São efeitos da apelação: 
a. Devolutivo – devolve-se o conhecimento da matéria à superior 
instância.
b. Suspensivo (art. 597 do CPP), ressalvadas as exceções (art. 596 do 
CPP e Súmula 716 do STF).
c. Extensivo – quando processado mais de um acusado nos mesmos 
autos (art. 580 do CPP), o corréu que não apelou beneficia-se do 
recurso interposto.
46
Capítulo 3 
2.5 Reformatio in pejus indireta
Uma vez anulada a sentença condenatória em virtude de recurso exclusivo da 
defesa, não será permitida a prolação de nova decisão mais gravosa do que a 
que foi anulada. Essa regra não tem aplicação para limitar a soberania do júri, 
posto que a regra que veda a reformatio in pejus não pode se sobrepor à garantia 
constitucional da soberania dos veredictos. 
Observe-se, ainda, que no caso de a sentença condenatória ter sido anulada em 
virtude de incompetência absoluta, ainda que por recurso exclusivo da defesa, 
não se aceita a aplicação da regra da proibição da reforma para pior. É esse o 
entendimento predominante.
2.6 Jurisprudência
CRIMINAL. HC. ROUBO QUALIFICADO. CONDENAÇÃO PERANTE A JUSTIÇA 
COMUM ESTADUAL. DESCLASSIFICAÇÃO PERANTE O TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 
ANULAÇÃO DO PROCESSO DETERMINADA POR ESTA CORTE. INCOMPETÊNCIA 
ABSOLUTA. NOVA CONDENAÇÃO PERANTE A JUSTIÇA FEDERAL. VIOLAÇÃO 
AO PRINCÍPIO NE REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA. NÃO OCORRÊNCIA. 
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RETROATIVA NÃO VERIFICADA. 
ORDEM DENEGADA. 
Segundo o entendimento já consolidado nesta corte, sendo decretada a nulidade 
do processo por incompetência absoluta do juízo, que pode ser reconhecida em 
qualquer tempo e grau de jurisdição, o novo decisum a ser proferido pelo órgão 
judicante competente não está adstrito ao entendimento firmado no julgado anterior
(STJ – HC 54254/SP HABEAS CORPUS 2006/0029317-0. Relator Ministro GILSON 
DIPP).
HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIMES DE ESTELIONATO 
E ALICIAMENTO DE TRABALHADORES DE UM LOCAL PARA OUTRO DO 
TERRITÓRIO NACIONAL (ARTS. 171 E 207, § 1º, NA FORMA DO ART. 29, § 1º, 
TODOS DO CÓDIGO PENAL. SENTENÇA CONDENATÓRIA PROFERIDA PELA 
JUSTIÇA FEDERAL. DECLARAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO, 
NOS AUTOS DE APELAÇÃO CRIMINAL EXCLUSIVA DA DEFESA. REPERCUSSÃO 
DA DECISÃO ANULADA NO JUÍZO COMPETENTE. REFORMATIO IN PEJUS 
INDIRETA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. OCORRÊNCIA. 1. O 
juiz absolutamente incompetente para decidir determinada causa, até que sua 
incompetência seja declarada, não profere sentença inexistente, mas nula, que 
47
Recursos no Processo Penal
depende de pronunciamento judicial para ser desconstituída. E se essa declaração 
de nulidade foi alcançada por meio de recurso exclusivo da defesa, como no caso 
dos autos, ou por impetração de habeas corpus, não há como o juiz competente 
impor ao réu uma nova sentença mais gravosa do que a anteriormente anulada, sob 
pena de reformatio in pejus indireta. 2. Hipótese em que a paciente foi condenada, 
perante a Justiça Federal, com posterior anulação do processo pelo Tribunal 
Regional Federal da 2ª Região, em razão da incompetência absoluta do Juízo, 
sendo novamente denunciada pelos mesmos crimes perante a Justiça Estadual. 
(STJ – HC 124149/RJ HABEAS CORPUS 2008/0279307-0. Relator(a) Ministra 
LAURITA VAZ).
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE 
RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. CRIMES DE HOMICÍDIO 
QUALIFICADOS. PROTESTO POR NOVO JÚRI (ART. 607 DO CPP EM SUA 
ANTIGA REDAÇÃO, VIGENTE À ÉPOCA). SEGUNDO JULGAMENTO. IMPOSIÇÃO 
DE PENA SUPERIOR À FIXADA NO PRIMEIRO JULGAMENTO. INOBSERVÂNCIA 
DO LIMITE DA CONDENAÇÃO IMPOSTA NO PRIMEIRO JULGAMENTO. 
REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA CONFIGURADA. ILEGALIDADE FLAGRANTE 
EVIDENCIADA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE 
OFÍCIO. Nos termos da jurisprudência desta corte superior e do Supremo Tribunal 
Federal, o entendimento segundo o qual o direito ao duplo grau de jurisdição 
prevalece sobre o princípio da soberania dos vereditos, prevista no artigo 5º, 
XXXVIII, “c”, da Constituição Federal, pelo que importa em inegável reformatio in 
pejus indireta o agravamento da pena resultante de novo julgamento realizado em 
face Jurisprudência/STJ. 
(STJ – HC 149025/SP HABEAS CORPUS 2009/0190922-7. Relator Ministro NEFI 
CORDEIRO).
RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO INTERPOSTA 
POR ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO HABILITADO NOS AUTOS. INTEMPESTIVIDADE. 
PRAZO DE 5 DIAS. RECURSO NÃO CONHECIDO. A jurisprudência dos tribunais 
superiores há muito é pacífica no entendimento de que o prazo de interposição 
do recurso de apelação para o assistente de acusação habilitado nos autos é de 
5 (cinco) dias, a contar da sua intimação. Inteligência do artigo 598 do Código de 
Processo Penal. 
(STJ – REsp 235268/SC RECURSO ESPECIAL 1999/0095152-2. Relator Ministro 
VICENTE LEAL).
48
Capítulo 3 
APELAÇÃO CRIMINAL. RÉUS CONDENADOS POR DOIS HOMICÍDIOS 
QUALIFICADOS (ARTS. 121, § 2º, INC. II, C/C 69, DO CP). RECURSOS 
DEFENSÓRIOS. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DOS DISPOSITIVOS LEGAIS 
NOS TERMOS APELATÓRIOS. IRRELEVÂNCIA. RAZÕES RECURSAIS QUE 
POSSIBILITAM A COMPREENSÃO DO INCONFORMISMO. Nas instâncias 
ordinárias é irrelevante a falta de indicação dos dispositivos legais em que se apoia o 
termo da apelação interposta pela defesa contra decisão do tribunal do júri, quando, 
por esforço hermenêutico, seja possível extrair das razões que ensejaram o apelo 
os fundamentos e as pretensões da parte, perfeitamente delineadas ao julgamento 
pelo órgão revisor (TJSC – Apelação Criminal – Réu Preso – n. 2014.049555-6, de 
Chapecó; Relator: Des. Sérgio Rizelo).
O pedido expresso de desistência, ratificado por advogado que detém poderes 
especiais, revela o conformismo com a sentença condenatória, impondo-se sua 
homologação e, por consequência, a decretação da perda superveniente do objeto 
recursal
(TJSC – Apelação Criminal

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