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Prévia do material em texto

Unidade 1
Livro Didático 
Digital
Elaine Christine Pessoa Delgado 
Marcos Rodolfo da Silva
Giselly Santos Mendes
Ergonomia e 
Medicina do 
Trabalho
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autores 
ELAINE CHRISTINE PESSOA DELGADO 
MARCOS RODOLFO DA SILVA
GISELLY SANTOS MENDES
OS AUTORES
Elaine Christine Pessoa Delgado
Eu, Elaine, sou formada em Administração de Empresas pela 
Universidade Federal de Campina Grande (2007), com uma experiência 
técnico-profissional na área de gerência de empresas há mais de 10 anos.
Aline Pedro Feza
Marcos Rodolfo da Silva
Eu, Marcos Rodolfo da Silva, sou graduado em Enfermagem, 
pós-graduado em Enfermagem do Trabalho, técnico em radiologia 
e instrumentador cirúrgico pelo Centro Universitário da Fundação de 
Ensino Octávio Bastos (UNIFEOB), 2010, 2012 e 2008, respectivamente. 
Além disso, ao longo de minha carreira, participei de cursos na área de 
urgência e emergência e atuei como enfermeiro supervisor no Pronto 
Socorro Municipal Dr. Oscar Pirajá Martins; na cidade de São João da Boa 
Vista, estado de São Paulo, no período de março de 2011 a janeiro de 2014. 
Atualmente, sou acadêmico do 5° ano do curso de Medicina no Centro 
Universitário das Faculdades Associadas de Ensino Unifae, São João da 
Boa vista - SP. Além disso, desenvolvo materiais didáticos como professor 
conteudista nas áreas de saúde pública, saúde do idoso, direito à saúde 
e a elas correlatas.
Giselly Santos Mendes
Eu, Giselly, sou mestra em Qualidade Ambiental, tecnóloga em 
polímeros, administradora e educadora com uma experiência técnico-
profissional na área de Processos Gerenciais e Educacionais de mais de 
12 anos.
Somos apaixonados pelo que fazemos e gostamos de transmitir 
nossas experiências de vidas àqueles que estão iniciando em suas 
profissões. Por isso fomos convidados pela Editora Telesapiens a integrar 
seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder 
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Histórico e significado social da ergonomia .................................... 12
Histórico da ergonomia............................................................................................................... 12
Significado social da ergonomia .......................................................................................... 19
Conceito e princípios da ergonomia, o papel do ergonomista, 
valor econômico e aplicações coletivas e individuais da 
ergonomia ......................................................................................................22
Conceito e princípios da ergonomia .................................................................................22
O papel do ergonomista ............................................................................................................26
Valor econômico ............................................................................................................................28
Aplicações coletivas e individuais da ergonomia .................................................. 30
Ergonomia física, cognitiva e organizacional .................................. 32
Ergonomia física ...............................................................................................................................32
Ergonomia cognitiva .....................................................................................................................34
Ergonomia organizacional ....................................................................................................... 38
Classificações e custo-benefício da ergonomia ............................ 41
Classificações da ergonomia .................................................................................................. 41
Custo-benefício da ergonomia .............................................................................................47
9
LIVRO DIDÁTICO DIGITAL
UNIDADE
01
Ergonomia e Medicina do Trabalho
10
INTRODUÇÃO
Você sabia que o homem das cavernas já se preocupava na 
produção de elementos que fossem adequados às suas necessidades 
e características? Que a ergonomia abrange inúmeras áreas de 
conhecimento, não sendo adotada apenas no ambiente de trabalho, como 
também em qualquer produto que o homem possa aproveitar? E que o 
ergonomista precisa ter conhecimento avançado sobre múltiplos campos 
de conhecimento em qualquer esfera que seja indispensável para o seu 
exercício? A ergonomia estuda a adaptação do trabalho às características 
dos indivíduos, oferecendo conforto, segurança e o bom desempenhos 
das atividades laborais; possui três tipos, que são a ergonomia física, a 
ergonomia cognitiva e a ergonomia individual; e possui classificações 
de acordo com alguns autores. Nesta unidade compreenderemos como 
começou a história da ergonomia, seus principais conceitos, valores e 
aplicações, seus tipos e classificações e o custo-benefício apresentado 
pela ergonomia.
Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste 
universo!
Ergonomia e Medicina do Trabalho
11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Enunciar o histórico e o significado social da ergonomia;
2. Identificar o conceito de ergonomia, esclarecer os princípios, 
descrever o papel do ergonomista, discutir o valor econômico e as 
aplicações coletivas e individuais da ergonomia;
3. Explicar a ergonomia física, cognitiva e organizacional;
4. Apontar a classificação e o custo-benefício da ergonomia.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
12
Histórico e significado social da 
ergonomia
INTRODUÇÃO:
 Ao término deste capítulo você será capaz de entender como 
surgiu a ergonomia, seus principais fatos históricos e qual o 
significado social da ergonomia. E então? Motivado para 
desenvolver essa competência? Então vamos lá. Avante!
Histórico da ergonomia
Antes de entendermos o que é a ergonomia, vamos compreender 
como tudo começou?
Segundo Iida e Buarque (2018), a ergonomia possui uma data oficial 
de nascimento que é 12 de julho de 1949, pois foi nessa data que, pela 
primeira vez, um grupo de cientistas e pesquisadores se reuniram na 
Inglaterra com o objetivo de debater e formalizar a existência desse novo 
ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Contudo, Corrêa e Boletti 
(2015) afirmam que os preceitos que hoje em dia conduzem a ergonomia 
tiveram início nos primórdios da história da humanidade.
Presume-se que na pré-históriao homem tenha ajustado a 
pedra às suas necessidades, respeitando a anatomia da mão para que 
o seu manuseio fosse mais seguro e eficaz, sendo essa suposição 
fundamentada no formato dos utensílios daquela época, como as 
ferramentas empregadas para caça e defesa pessoal, esclarecem Corrêa 
e Boletti (2015).
Existem evidências de que o homem das cavernas já tinha a 
preocupação de produzir artefatos cada vez mais adequados às suas 
necessidades e características, destaca Abrahão et al. (2009).
A palavra ergonomia também foi utilizada no ano de 1857 no artigo 
Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, apoiada nas leis objetivas da 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
13
ciência sobre a natureza, do polonês Wojciech Jastrzebowski, lembram 
Iida e Buarque (2018).
O surgimento da ergonomia como uma disciplina científica, para 
Corrêa e Boletti (2015), ocorreu nos anos de 1940, como resultado da 
crescente complexidade dos equipamentos técnicos, assim, começou-se 
a notar que as vantagens derivadas do emprego dos novos equipamentos 
não estavam se concretizando, uma vez que as pessoas não conseguiam 
entendê-los e utilizá-los.
Observe, então, que os primeiros passos sobre a ergonomia existem 
desde os primórdios da civilização, porém ela, como disciplina científica, 
só surgiu na década de 1940.
A ergonomia como ciência apresentou suas origens em estudos e 
pesquisas no campo da Fisiologia do Trabalho, de forma mais específica 
na fadiga (Figura 1) e no consumo energético causado pelo trabalho, 
relata Oliveira (2015). 
Figura 1: Fadiga
Fonte: Pixabay
De início, esses problemas eram mais notórios na esfera militar, em 
que era exigido muito dos operadores, tanto física quanto cognitivamente, 
pois, de acordo com a evolução tecnológica da Segunda Guerra 
Mundial que era empregada no dia a dia, verificaram-se as dificuldades 
encontradas nas pessoas de lidar com os equipamentos, gerando um 
fraco desempenho e aumentando a possibilidade de erros humanos. 
Essa preocupação levou acadêmicos e psicólogos militares a realizarem 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
14
pesquisas na área e, depois, investigações sobre a interação entre 
pessoas, equipamentos e ambientes, informam Corrêa e Boletti (2015).
IMPORTANTE:
Ainda que o foco inicial tenha sido ambientes de trabalho, 
a importância da ergonomia foi pouco a pouco se tornando 
reconhecida em outras áreas, como, por exemplo, no projeto 
de produtos para consumidores, como carros, computadores 
etc. (CORRÊA; BOLETTI, 2015).
Dessa forma, pode-se dizer que nas origens da história da 
ergonomia a preocupação se baseava em desenvolver pesquisas e 
projetos orientados para a aplicação de conhecimentos já disponíveis em 
fisiologia e psicologia, assim como para o estudo do dimensionamento 
humano, custo energético, buscando a concepção e definição de 
controles, painéis, arranjo do espaço físico e dos ambientes de trabalho, 
afirma Abrahão et al. (2009).
Iida e Buarque (2018) ainda explicam que a ergonomia só ganhou 
status de uma disciplina mais formalizada a partir do início da década de 
1950, por causa do desempenho da Ergonomics Research Society (ERS), 
que foi considerada a primeira sociedade mundial de ergonomia, assim, 
vários pesquisadores ligados a essa sociedade começaram a espalhar 
seus conhecimentos, buscando a sua aplicação industrial e não apenas 
militar, como ocorria na década passada.
Com o passar dos anos, o emprego da expressão ‘ergonomia’ 
já estava presente nos principais países europeus em substituição a 
designações passadas, como fisiologia e psicologia do trabalho. Nos 
Estados Unidos utilizou-se a nomeação human factors (fatores humanos), 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
15
entretanto, a palavra ergonomia já é acolhida como seu sinônimo, 
explicitam Iida e Buarque (2018).
Nos Estados Unidos foi fundada, em 1957, a Human Factors Society, 
que, posteriormente, no ano de 1992, mudou o nome para Human Factors 
and Ergonomics Society (IIDA e BUARQUE, 2018).
No Brasil, com o desenvolvimento dos movimentos sociais, 
especificamente dos sindicatos dos trabalhadores, muitas demandas 
em ergonomia buscavam respostas para os problemas associados às 
más condições de trabalho (Figura 2) e à recusa da divisão das tarefas, 
derivada da divisão do trabalho em excesso, tendo como apogeu desses 
movimentos o final dos anos 1960 e os anos 1970, menciona Abrahão et 
al. (2009).
Figura 2: Más condições do trabalho
Fonte: Freepik
Conforme Corrêa e Boletti (2015), as pesquisas brasileiras na área da 
ergonomia são mais ou menos recentes, ainda que existam registros de 
pesquisas efetivadas no século XIX, foi apenas a partir da década de 1970 
que pesquisadores de várias universidades brasileiras iniciaram a inclusão 
da ergonomia no escopo de várias áreas do conhecimento, sendo o 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
16
primeiro trabalho acadêmico no ano de 1973 intitulado de Ergonomia — 
notas de classe, escrito por Itiro Iida e Henry A. J. Wierzbicki. 
Essa década de 1970 foi caracterizada por uma expansão da 
visão da ergonomia, pois múltiplos aspectos de projetos, que eram 
solucionados apenas tecnicamente, foram reconhecidos como fontes de 
problemas ergonômicos e, desse modo, deveriam fazer jus a análises mais 
cuidadosas. Dessa forma, os estudos passaram a abranger as variáveis 
do meio ambiente (iluminação, temperatura, ruído,) como elementos do 
sistema humano–máquina–ambiente, elucidam Iida e Buarque (2018). 
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar nesse tema? Recomendamos o acesso 
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: artigo: A 
evolução histórica da ergonomia no mundo e seus pioneiros. 
(SILVA e PASCHOARELLI) acessível pelo link https://bit.
ly/31gZ3K6 (Acesso em: 27/07/2020).
A partir da década de 1980, o bojo da relevância dos ergonomista 
voltou-se para a investigação dos sistemas automáticos e informatizados 
com destaque na natureza cognitiva do trabalho. Essa mudança aconteceu, 
sobretudo, por causa dos insucessos na implantação desses sistemas 
que eram organizados com uma lógica que não abrangia os processos 
cognitivos compreendidos na ação e, desse modo, apresentavam muitas 
dificuldades na operação do sistema, informa Abrahão et al. (2009). 
Iida e Buarque (2018) lembram que, com a propagação da 
informática, a partir da década de 1980, foram inseridos postos de trabalho 
informatizados e máquinas programáveis (Figura 3) em todos os setores 
de atividades humanas, ocasionando novos desafios à ergonomia. 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
17
Figura 3: Máquinas programáveis
Fonte: Freepik
Esses processos de automação determinaram uma nova relação 
do ser humano com o seu trabalho, assim, ele deixa de ser um cumpridor 
direto e passa a desempenhar o papel de controlador do processo. Mesmo 
com essa mudança, não existiu uma modificação de todas as situações 
de trabalho, pois mesmo em situações nas quais existe um grau elevado 
de automação, encontram-se tarefas altamente repetitivas e intensivas 
no gesto de produção que convivem com essas ações de controle de 
processo, ilustra Abrahão et al. (2009).
Com a introdução de novas máquinas informatizadas, foram 
exigidas também muitas pesquisas na área da ergonomia, principalmente 
sobre apresentação e percepção de informações, memória e tomada de 
decisões, descrevem Iida e Buarque (2018). 
Durante os anos de 1980, a ênfase do projeto industrial era a 
otimização das interações entre o homem e seus ambientes imediatos 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
18
de atividade, assim, por sua finalidade restrita, a ação ergonômica era 
chamada de microergonomia, explanam Corrêa e Boletti (2015). 
Mas o que seria a microergonomia?
Corrêa e Boletti (2015, p. 8) explicam que 
em uma conjuntura micro, a ergonomia se preocupa com os 
meios peculiares a cada circunstância de trabalho, isto é, o 
posto de trabalho em si, uma situação específica, como os 
níveis de ruídosde determinado equipamento.
No ano de 1983 surgiu a Associação Brasileira de Ergonomia 
(ABERGO), “uma entidade sem fins lucrativos, cujo objetivo é o estudo, 
a prática e a divulgação das interações das pessoas com a tecnologia, 
a organização e o ambiente, considerando as suas necessidades, 
habilidades e limitações” (CORRÊA e BOLETTI, 2015, p. 7).
Com o passar dos anos, foi notável o aumento do reconhecimento 
da importância da ergonomia dentro das empresas, assim, o seu propósito 
foi ampliado de forma significativa, passando a abranger aspectos 
organizacionais, como o trabalho em grupo e gerenciais do trabalho, 
colaborando de forma constante e integral ao sistema produtivo. 
Já na década de 1990, os especialistas começaram a trabalhar em 
equipe, incorporando-se aos demais especialistas e contribuindo para a 
criação e projeto de novos sistemas, desde a fase inicial, vindo, assim, a 
influenciar na própria caracterização dos sistemas e na definição de sua 
configuração total, afirmam Iida e Buarque (2018). 
” A ergonomia passou a estudar o desenvolvimento e aplicação 
da tecnologia da interface humano–máquina–ambiente em nível macro” 
(IIDA e BUARQUE, 2018, p. 13).
Como assim?
Em uma organização macro, a ergonomia está associada aos 
sistemas de produção universal (Figura 4), à união entre o ser humano e a 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
19
máquina, operando de maneira simultânea e indicando para um objetivo 
comum, esclarece Corrêa e Boletti (2015).
Figura 4: Sistema de produção universal
Fonte: Freepik
Dessa forma, a ergonomia passou a cooperar com o projeto global 
e gerência de organizações em nível estratégico, expandindo suas 
colaborações e gerando resultados mais expressivos, menciona Iida e 
Buarque (2018).
A ergonomia se tornou uma ferramenta que pode ser empregada 
pelos mais diversos sujeitos, como “os profissionais diretamente ligados às 
questões do trabalho, engenheiros, médicos, psicólogos, administradores, 
sociólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, dentre 
outros”, relata Abrahão et al. (2009, p. 24). 
Significado social da ergonomia
Consoante Abrahão et al. (2009), da mesma forma que ocorreram 
mudanças nas tecnologias e nas maneiras de ordenar o trabalho, verificou-
se, também, uma evolução expressiva do conceito de saúde e da luta para 
que o mundo do trabalho não constitua fonte de sofrimento, doenças, 
lesões e mortes. 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
20
A saúde deixa de ser um estado, uma obtenção, e passa a ser 
encarada como um propósito, como um processo associado ao potencial 
de vida, como uma composição individual e coletiva. (ABRAHÃO, 2009).
Para Dul e Weerdmeester (2012), a ergonomia pode colaborar para 
resolver um grande número de problemas sociais pertinentes à saúde, 
segurança, conforto e eficiência. 
Muitos acidentes podem ser motivados por erros humanos, como, 
por exemplo, acidentes com aviões, carros, guindastes, tarefas domésticas, 
dentre outros; e avaliando-os pode-se concluir que são provocados 
pelo contato indevido entre os operadores e suas tarefas, explica Dul e 
Weerdmeester (2012). Assim, os autores afirmam que a possibilidade de 
acontecimento dos acidentes pode ser diminuída quando se avaliam de 
forma adequada as capacidades e limitações humanas e as características 
do ambiente durante o projeto do trabalho.
Há também muitas situações de trabalho e da vida diária que 
são lesivas à saúde, pois as doenças do sistema musculoesquelético 
(sobretudo dores nas costas) e aquelas psicológicas (como o estresse) 
estabelecem o mais importante motivo de absenteísmo e de incapacidade 
para o trabalho. Esses acontecimentos podem ser concedidos ao projeto 
ruim e ao uso incorreto de equipamentos, sistemas e tarefas, desse 
modo, a ergonomia pode colaborar para diminuir esses problemas (DUL 
e WEERDMEESTER, 2012).
A ergonomia pode colaborar para a prevenção de falhas, 
aumentando o funcionamento.
A colaboração da ergonomia não se limita às indústrias, pois 
atualmente os estudos ergonômicos são muito vastos, podendo cooperar 
para aperfeiçoar as residências, a circulação de pedestres em locais 
públicos, auxiliar pessoas idosas, crianças, pessoas com deficiência, e 
assim por diante, lembra Iida e Buarque (2018).
Ergonomia e Medicina do Trabalho
21
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Neste capítulo você deve ter compreendido 
que a ergonomia teve início nos primórdios da história da 
humanidade, contudo, como disciplina científica ela surgiu 
em 12 de julho de 1949 em um debate realizado entre 
cientistas e pesquisadores no qual formalizaram esse novo 
ramo de aplicação interdisciplinar. Viu que os problemas mais 
notórios foram observados na esfera militar e com a evolução 
tecnológica ocorrida com a Segunda Guerra Mundial e o 
fraco desempenho diante dessas novas tecnologias, e que no 
Brasil buscavam-se respostas para os problemas associados 
às más condições de trabalho, além do reconhecimento de 
fontes de problemas ergonômicos. Que a ação ergonômica 
foi chamada de microergonomia, que se preocupava apenas 
com o posto de trabalho em si, mas posteriormente passou 
a ser em nível macro, sendo associada aos sistemas de 
produção universal, à união entre o ser humano e a máquina, 
operando de maneira simultânea e buscando um objetivo 
comum. Por fim, você conheceu o significado social da 
ergonomia, onde ela pode colaborar para resolver um grande 
número de problemas sociais pertinentes à saúde, segurança, 
conforto e eficiência.
Ergonomia e Medicina do Trabalho
22
Conceito e princípios da ergonomia, o 
papel do ergonomista, valor econômico 
e aplicações coletivas e individuais da 
ergonomia
INTRODUÇÃO:
Neste capítulo identificaremos o conceito de ergonomia, 
esclareceremos os princípios, descreveremos o papel do 
ergonomista e discutiremos o valor econômico e as aplicações 
coletivas e individuais da ergonomia.
Conceito e princípios da ergonomia
Corrêa e Boletti (2015) explicam que conforme as circunstâncias em 
que as tarefas são cumpridas e o tempo em que o homem se mantém 
na mesma posição desempenhando determinadas atividades, podem 
aparecer problemas como desconforto e fadiga. 
Esforços feitos de forma recorrente e postura de maneira imprópria 
acabam provocando danos, e, para que isso não aconteça, é preciso 
avaliar a adaptação do trabalho ao homem. Essa avaliação tornou-se a 
essência da origem da ergonomia, ciência que basicamente fazia parte da 
biologia e da engenharia, mas que hoje em dia encontra-se de forma mais 
ampla, abrangendo inúmeras áreas do conhecimento e sendo adotada 
não apenas no ambiente de trabalho, mas em qualquer produto que o 
homem possa aproveitar, esclarece Corrêa e Boletti (2015). 
A ergonomia se fundamenta em informações de outras áreas, como a 
antropometria, biomecânica, fisiologia, psicologia, toxicologia, engenharia 
mecânica, desenho industrial, eletrônica, informática e gerência industrial, 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
23
reunindo, separando e incorporando os conhecimentos pertinentes 
dessas áreas (DUL e WEERDMEESTER, 2012).
Mas o que significa ergonomia?
Iida e Buarque (2018, p. 4) informam que encontram-se várias 
definições de ergonomia onde se busca evidenciar a natureza 
interdisciplinar e o seu objeto de estudo, que é “a interação entre o 
ser humano e o trabalho no sistema humano–máquina–ambiente ou, 
mais precisamente, as interfaces desse sistema”, onde acontecem 
transferências de informações e de energias entre o ser humano, a 
máquina e o ambiente, tendo como consequência a concretização do 
trabalho.
O vocábulo ergonomia (Figura 5) é formado pelas palavras gregas 
‘ergon’, que significa trabalho; e ‘nomos’, que significa regras, descreve 
Abrahão et al. (2009).
Figura 5: Ergonomia
Fonte: Elaborado pela autora com informações de Abrahão et al. (2009).
Ergonomia e Medicina do Trabalho
24
A AssociaçãoBrasileira de Ergonomia adota a definição oficial 
apresentada pela Associação Internacional de Ergonomia (IEA) na qual:
A ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica 
que estuda as interações entre os seres humanos e outros 
elementos do sistema de trabalho, aplicando os princípios 
teóricos, dados e métodos, a fim de realizar projetos para 
otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral desse 
sistema. (Disponível em: https://bit.ly/3lYCFx7.).
Dul e Weerdmeester (2012, p. 13) resumem o significado da 
ergonomia como sendo uma “ciência aplicada ao projeto de máquinas, 
equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo de melhorar a 
segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho”. 
Moraes (2014) descreve a ergonomia como sendo o estudo da 
adaptação do trabalho às características dos indivíduos de forma que lhes 
ofereça o máximo de conforto, segurança e bom desempenho de suas 
atividades no trabalho.
Ela analisa diversos pontos, conforme Dul e Weerdmeester (2012), 
como:
 • a postura e os movimentos corporais — que compreendem os 
movimentos sentados, em pé, empurrando, puxando e levantando 
cargas;
 • fatores ambientais — dos quais fazem parte os ruídos, vibrações, 
iluminação, clima, agentes químicos;
 • informação — que inclui as informações capturadas pela visão, 
audição e outros sentidos;
 • relações entre mostradores e controles, assim como cargos e tarefas 
— que abrangem as tarefas apropriadas, interessantes.
Ergonomia e Medicina do Trabalho
25
A reunião apropriada desses fatores permite desenvolver ambientes 
seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto no trabalho quanto na 
vida diária (DUL e WEERDMEESTER, 2012).
Os principais objetivos da ergonomia, segundo Corrêa e Boletti 
(2015), são que as pessoas se sintam satisfeitas e confortáveis, assim 
como existir a garantia de que a atividade no trabalho e o emprego do 
equipamento ou produto não estejam acarretando problemas à saúde do 
usuário. Para isso, não se limita a avaliar a interação entre o operador e o 
produto ou equipamento, a atividade e o ambiente laboral, mas também 
compreende o contexto organizacional, psicossocial e político de um 
sistema, relata Corrêa e Boletti (2015). 
Iida e Buarque (2018) afirmam que a ergonomia possui uma atuação 
bastante extensa, compreendendo as atividades imprescindíveis para 
que o trabalho possa alcançar os resultados almejados, tais como:
 • planejamento e projeto, que acontecem antes do trabalho a ser 
efetivado;
 • monitoramento, avaliação e correção, que acontecem durante o 
cumprimento desse trabalho;
 • análises decorrentes das consequências do trabalho.
A ergonomia se preocupa em assegurar que o projeto, seja 
do produto, do equipamento ou de qualquer outro que se deseja, 
complemente as forças e habilidades do homem, reduzindo as 
consequências de suas limitações, no lugar de forçá-lo a se adequar, 
elucida Corrêa e Boletti (2015). 
Iida e Buarque (2018) ainda esclarecem que o objetivo principal 
da ergonomia não é a eficiência, pois esta, de forma isolada, poderia 
justificar o cumprimento de práticas que induzam ao aumento dos riscos, 
tornando-se inadmissível, já que a ergonomia propõe-se (Figura 6) a 
resguardar a saúde e segurança, satisfação, eficiência e produtividade 
dos trabalhadores.
Ergonomia e Medicina do Trabalho
26
Figura 6: Ergonomia propõe
Fonte: Elaborado pela autora com informações de Iida e Buarque (2018).
A saúde e segurança do trabalhador são conservadas quando as 
condições impostas do trabalho e do ambiente se encontrarem dentro 
das capacidades e limitações do trabalhador; a satisfação é o resultado 
do atendimento das necessidades e perspectivas do trabalhador, criando 
uma sensação de bem-estar e conforto; e a eficiência e produtividade 
verificam os resultados alcançados, em comparação com os recursos 
aplicados e o uso do tempo, explicita Iida e Buarque (2018).
O papel do ergonomista
Para Corrêa e Boletti (2015), os ergonomistas colaboram para o 
planejamento, o projeto e a avaliação de tarefas, os postos de trabalho, 
os produtos, os ambientes e os sistemas para transformá-los, deixando-
os compatíveis com as necessidades, as habilidades e as limitações das 
pessoas.
Esses profissionais fazem análises e avaliações (Figura 7) de tarefas, 
trabalhos, produtos, organizações e ambientes, assim como desenvolvem 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
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propostas e projetos para resolver os problemas descobertos e cooperam 
para a sua concretização, explana Iida e Buarque (2018).
Figura 7: Análises e avaliações
Fonte: Freepik
Suas atividades podem se modificar de acordo com a área de 
atuação, como saúde e segurança, transporte, ambiente de trabalho, 
projeto de produtos etc. Contudo, as atividades terão sempre seu foco 
na garantia de que um sistema ou produto se encontre de acordo com as 
necessidades dos usuários, informa Corrêa e Boletti (2015).
Muitos ergonomistas operam em empresas trabalhando na área de 
interação, de um lado, com projetistas e, de outro, com os operadores 
ou usuários dos sistemas de produção, buscando guiar os projetistas, 
compradores, gerentes e trabalhadores sobre os problemas ergonômicos, 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
28
adaptando os trabalhos relativos às características e limitações do ser 
humano, menciona Dul e Weerdmeester (2012).
Você percebe a importância que o ergonomista possui?
Os profissionais da área de ergonomia devem dar prioridade à 
compreensão de todo o domínio de ação da disciplina, tanto em seus 
aspectos físicos e cognitivos quanto sociais, organizacionais, ambientais 
etc. (CORRÊA e BOLETTI, 2015).
O ergonomista pode atuar em diferentes dimensões: as 
condições ambientais, como iluminação, ventilação e 
temperatura; a altura das prateleiras; os equipamentos; os 
carrinhos utilizados para transporte de materiais. Da mesma 
forma, pode analisar o sistema de estoque das mercadorias, 
informatizado ou manual, de modo a minimizar o tempo e 
o erro na procura de uma mercadoria. Pode identificar se a 
organização do trabalho é compatível com as atividades 
realizadas na loja; se a comunicação entre o vendedor e o 
estoquista interfere no tempo de espera do cliente; se o rodízio 
entre postos favorece a aquisição de novas competências e se 
a realização de tarefas concorrentes contribui para aumentar 
os erros no caixa (ABRAHÃO et al., 2009, p. 29). 
Corrêa e Boletti (2015) ainda lembram que, para cumprir com as 
suas atividades, o ergonomista deve possuir um aprendizado avançado 
em múltiplos campos do conhecimento, como a antropometria e 
biomecânica, anatomia e fisiologia humana, psicologia, engenharia e 
qualquer outra esfera que seja indispensável ao seu exercício.
Valor econômico 
Dul e Weerdmeester (2012) esclarecem que a ergonomia deve 
acolher os objetivos sociais (o bem-estar) e econômicos (o desempenho). 
No nível social, a ergonomia pode colaborar para a diminuição dos 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
29
custos, precavendo problemas de saúde, como, por exemplo, a redução 
dos distúrbios musculoesqueléticos por causa do trabalho, pelo 
aperfeiçoamento das situações laborais.
Nas empresas, a ergonomia pode colaborar para aprimorar a 
competitividade, pois com uma boa adequação ergonômica (Figura 8) 
dos postos de trabalho e dos sistemas, a atuação laboral poderá melhorar, 
aumentando-se a qualidade e produtividade, tendo como consequência 
a redução dos custos, relata Dul e Weerdmeester (2012).
Figura 8: Boa adaptação ergonômica
Fonte: Freepik
Segundo Oliveira (2017), todos são favorecidos com a ergonomia, 
pois, sejam empresas ou trabalhadores, recebem como vantagens:
 • Para a empresa: qualidade satisfatória dos produtos e forma 
operacional; otimização do tempo; mais produção, mais lucro; 
diminuição de absenteísmo (afastamento de trabalhadores por motivo 
de dores, doenças, acidentes etc.).
Ergonomia e Medicina do Trabalho30
 • Para o trabalhador: coopera para melhores condições de trabalho; 
maior proveito no trabalho; menor esforço efetivado; diminuição 
de trabalhos repetitivos; redução da carga física e mental; menor 
possibilidade de erro; menos acidentes e doenças. 
Aplicações coletivas e individuais da 
ergonomia
A ergonomia aconselha, conforme Dul e Weerdmeester (2012), 
que os equipamentos, sistemas e trabalhos devem ser planejados para 
a utilização de muitas pessoas, ou seja, coletivo, contudo, sabe-se que 
encontram diferenças individuais em uma população, assim, os projetos, 
em geral, devem responder a 95% da população, isso quer dizer que 
existem 5% dos extremos dessa população (indivíduos muito gordos, muito 
altos, muito baixos, mulheres grávidas, idosos ou deficientes físicos) para 
os quais os projetos de uso coletivo não se adequam de forma satisfatória. 
Nessas situações é preciso que se produzam concepções especiais 
para essas pessoas.
Iida e Buarque (2018) afirmam que muitos dos grandes problemas 
de produção, tanto na indústria quanto no setor de serviços, já estão 
razoavelmente resolvidos para a maioria da população, pelo menos nos 
países mais desenvolvidos. Diante disso, os pesquisadores em ergonomia 
passaram a evidenciar seus estudos em certas minorias, como as pessoas 
idosas, obesas e aquelas com deficiência. 
Tudo isso acarreta uma necessidade de constituir novos 
conhecimentos sobre essas minorias, que distinguem daqueles 
conhecimentos tradicionais da ergonomia, pois esses novos 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
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conhecimentos são fundamentais para se requerer projetos adaptados a 
elas, elucida Iida e Buarque (2018).
RESUMINDO:
Agora, só para termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a ergonomia 
é formada pelas palavras ‘ergon’, que quer dizer trabalho; e 
‘nomos’, que significa regras, e é uma ciência aplicada ao 
projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, 
objetivando melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência 
no trabalho; que estuda a postura e os movimentos corporais, 
fatores ambientais, informação e relações entre mostradores e 
controles, tendo como objetivos a satisfação e o conforto das 
pessoas e a garantia de que a prática laboral e o emprego do 
equipamento ou produto não acarretem problemas à saúde 
do usuário e propondo resguardar a saúde e segurança, 
satisfação, eficiência e produtividade dos trabalhadores. Viu 
também que o ergonomista tem o papel de analisar e avaliar as 
tarefas, trabalhos, produtos, organizações e ambientes, como 
também desenvolver propostas e projetos para resolver os 
problemas descobertos, cooperando para sua concretização. 
Por fim, você conheceu o valor econômico da ergonomia, 
devendo acolher os objetivos sociais e econômicos, trazendo 
benefícios para todos os envolvidos; e as aplicações coletivas 
e individuais da ergonomia, demonstrando a necessidade de 
observação dos conhecimentos sobre as minorias.
Ergonomia e Medicina do Trabalho
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Ergonomia física, cognitiva e 
organizacional
INTRODUÇÃO:
 Neste capítulo explicaremos a ergonomia física, cognitiva e 
organizacional, destacando as principais características de 
cada uma delas. Vamos juntos?
Ergonomia física
Corrêa e Boletti (2015) explicam que a ergonomia física versa sobre 
a observação das características da anatomia, antropometria, fisiologia 
e biomecânica humanas relacionadas com a atividade física, possuindo 
como temas pertinentes o estudo da postura no ambiente de trabalho, 
do manuseio de ferramentas, de movimentos repetitivos, de distúrbios 
musculoesqueléticos que possuam relação com o trabalho, do projeto de 
postos de trabalho e segurança e saúde dos usuários. https://bit.ly/2IIj9qk
É indispensável que o ergonomista possua entendimentos mínimos 
sobre a estrutura do nosso organismo e como ele atua (CORRÊA e 
BOLETTI, 2015).
Vejamos de uma forma mais prática.
Vidal (2010) aborda a ergonomia física com o foco voltado para 
a ergonomia sobre os aspectos físicos de uma situação de trabalho, 
demonstrando-os como reais, pois trabalhar envolve o corpo do 
trabalhador, requisitando-o de várias maneiras no decorrer da jornada 
de trabalho. Assim, a ergonomia física procura adaptar essas exigências 
aos limites e capacidades do corpo, por meio do projeto de interfaces 
apropriadas para o relacionamento físico homem–máquina: as interfaces 
de informação (displays) as interfaces de acionamentos (controles). 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
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Para isso, são imprescindíveis vários conhecimentos sobre o corpo e o 
ambiente físico onde a atividade se desenvolve, explica o autor.
O sistema esquelético concede ao corpo suas dimensões 
antropométricas (estatura, comprimento dos membros, capacidades de 
movimentação limitadas, alcance mínimo e máximo), dessa forma, a falta 
de adequação antropométrica origina desequilíbrio postural estático, 
fator que causa a LER/DORT, como também lombalgias ciáticas e outros 
problemas fisiátricos, ilustra Vidal (2010).
Um dos pontos mais importantes da ergonomia é que o posto 
de trabalho, seus utensílios e elementos encontram-se conforme as 
dimensões da pessoa que está ocupando esse posto de trabalho (VIDAL, 
2010).
Para executar as suas atividades laborais, o indivíduo realiza trabalho 
muscular (Figura 9), podendo ser estático, quando ele segura um peso 
com o braço esticado; ou dinâmico, quando ele gira uma roda, assim, 
um processo biológico essencial para a execução do trabalho muscular 
é o consumo de nutrientes através de comidas e bebidas para que se 
converta energia química em energia mecânica e calor, informa Corrêa 
Boletti (2015).
Figura 9: Trabalho muscular
Fonte: Freepik
Ergonomia e Medicina do Trabalho
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Desse modo, as atividades laborais devem estar apropriadas às 
capacidades e limitações esqueléticas e musculares do homem, como 
também devem observar o metabolismo humano, pois solicitam liberação 
de calor e energia mecânica, demonstrando, assim, a importância da 
fisiologia humana para a ergonomia, complementa Corrêa e Boletti (2015). 
Por fim, o organismo musculoesquelético, dotado de um sistema 
de transformação de energia, exerce interação com o ambiente em que 
se encontra, efetuando uma homeostase e esboçando reações diante 
de temperaturas, ruídos e iluminações não apropriadas, estabelecendo, 
assim, um domínio de conhecimento de ergonomia ambiental, também 
chamada de ecologia humana, elucida Vidal (2010).
Com o propósito de promover uma postura corporal que cause 
o menor desgaste musculoesquelético possível, frequentemente é 
estudado sobre a possibilidade de se adquirirem melhorias nas posturas 
mais usadas nos ambientes de trabalho, sendo uma das prioridades da 
ergonomia a promoção do conforto do trabalho, expõe Corrêa e Boletti 
(2015).
Nesse contexto, o conforto é visto como a sensação de bem-estar 
físico, alívio e comodidade, explica Corrêa e Boletti (2015).
Vidal (2010) ainda explica que a utilidade da ergonomia física está 
no apoio categórico que oferece a muitos problemas identificados nos 
sistemas de trabalho, pois no âmbito dos postos de trabalho, problemas 
antropométricos e posturais realmente são verificados numa grande 
quantidade, sejam eles industriais, agrícolas ou de serviços. 
Ergonomia cognitiva
Abrahão et al. (2009) definem a ergonomia cognitiva como sendo 
aquela que se interessa pelos processos mentais, como a percepção, 
memória, raciocínio e resposta motora, e seus efeitos nas interações entre 
seres humanos e outros elementos de um sistema. 
Os tópicos mais pertinentes possuem relação com o estudo 
da “carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
35
especializado, interação homem–computador, confiabilidade humana, 
estresse profissional e a formação” quando conservem projetos que 
envolvam sereshumanos e sistemas, destaca Abrahão (2009, p. 30). 
A ergonomia cognitiva é “uma disciplina científica que estuda 
os aspectos de condutas e cognitivos da relação entre o homem e os 
elementos físicos e sociais do ambiente, quando essa relação está 
mediada pelo uso de artefatos” (CAÑAS & WAERNS, 2001, p. 4).
Com isso, instrui-se que os trabalhadores não são apenas 
simples cumpridores de tarefas, são capazes de revelar sinais e indícios 
importantes, são operadores competentes e são organizados entre si para 
trabalhar, podendo até cometer falhas (VIDAL, 2010).
A ergonomia cognitiva tem como escopo compreender a 
expressão da cognição do indivíduo no seu ambiente de trabalho, além 
de desenvolver estudos que possibilitem criar novas metodologias de 
análise e exemplos explicativos de atividade cognitiva (Figura 10) em 
contexto laboral, menciona Abrahão et al. (2009).
Figura 10: Atividade cognitiva
Fonte: Freepik
Abrahão et al. (2009) ainda esclarecem que, nessa concepção, 
em ergonomia estuda-se a cognição de forma situada e finalística, 
associando-a a um referencial teórico e às características do trabalhador, 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
36
ou seja, centrada na atividade; com particularização de conhecimentos e 
o conhecimento criado pela e para a ação.
Esse termo complicado explica a forma de aplicar nossos 
processos mentais ao projeto de interface de um software. 
A “ciência cognitiva” refere-se ao estudo de nossa atividade 
mental: pensamento, aprendizado, compreensão, memória, 
resolução de problemas, razão e criação… Assim, a ergonomia 
cognitiva é um ramo especializado da ergonomia (ou da 
ciência cognitiva, dependendo do ponto de vista) que se apoia 
nas potencialidades das duas áreas para conseguir um projeto 
melhor daqueles elementos do ambiente de trabalho que 
interagem com nossas mentes, em vez de com nosso físico 
(BAWA, 1997 p. 44).
O objetivo da ergonomia cognitiva, de acordo com Marmaras e 
Kontogiannis (2001), é transformar as soluções tecnológicas compatíveis 
às características e necessidades dos usuários. 
A ergonomia cognitiva possui interdisciplinaridade com as ciências 
cognitivas, contudo, não é o mesmo caso, pois o centro das ciências 
cognitivas é o estudo da capacidade e processos de formação e produção 
de conhecimento em sistemas em geral, já a ergonomia se sustenta de 
estudos de inteligência natural e procura trazê-los para a tecnologia de 
interfaces homem–máquina, descreve Vidal (2010).
SAIBA MAIS:
Aprofunde-se mais nesse tema lendo o artigo: Ergonomia, 
cognição e trabalho informatizado (ABRAHÃO, SILVINO E 
SARMET). Disponível em: https://bit.ly/3kmhMva (Acesso em: 
30/07/2020).
Ergonomia e Medicina do Trabalho
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Vidal (2010, p. 20) explica que “a ergonomia cognitiva tem como 
assunto a mobilização operatória das capacidades mentais do ser humano 
em situação e trabalho”, e possui como programa mínimo:
 • Inovações nos equipamentos, especialmente no que se refere à 
usabilidade das interfaces entre o operador e os equipamentos;
 • Confiabilidade humana no comando de processos, evitando as 
consequências dos erros humanos no controle de sistemas complexos 
e perigosos;
 • Otimização na operação de equipamentos informatizados e seus 
softwares, evitando seu funcionamento inadequado ou bloqueios;
 • A construção e desenvolvimento de novos empregados na introdução 
de novas tecnologias e novos sistemas organizacionais;
 • Estabelecimento e conservação de sistemas seguros, confiáveis e 
eficientes de comunicação e colaboração.
Conforme Kroemer e Grandjean (2005), as atividades mentais 
(Figura 10) que são importantes na ergonomia incluem a capacitação da 
informação, a memória e manutenção do estado de alerta.
Figura 10: Atividades mentais
Fonte: Freepik
Ergonomia e Medicina do Trabalho
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As atividades mentais precisam do fornecimento da informação e 
emprego da memória de curta e longa duração para que as decisões 
sejam tomadas, assim, o projeto ergonômico apropriado de sistemas de 
trabalho impede sobrecargas mentais, assim como a perda ou a falsa 
interpretação de sinais, e torna as ações mais fáceis, corretas e rápidas, 
esclarece Corrêa e Boletti (2015).
Ergonomia organizacional
A ergonomia organizacional versa, consoante Corrêa e Boletti (2015), 
sobre a otimização de sistemas sociais e técnicos, as políticas estratégicas 
empresariais e os processos industriais seguidos nas organizações, 
tratando da comunicação entre os profissionais da organização, dos 
projetos de trabalho e da programação do trabalho em grupo, assim 
como compreende o projeto participativo, o trabalho cooperativo (Figura 
11), a cultura organizacional, a gestão da qualidade e as organizações em 
rede.
Figura 11: Trabalho cooperativo
Fonte: Freepik
Esses elementos acabam gerando como resultado a garantia 
da efetividade do sistema, abrangendo “os aspectos de produtividade, 
qualidade, saúde e segurança do empregado, fatores psicossociais de 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
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conforto, motivação intrínseca, compromisso e percepção da qualidade 
de vida no trabalho” (HENDRICK e KLEINER, 2006, p. 49).
Vidal (2010) destaca que as aplicações que a ergonomia pode 
oferecer para o plano organizacional se baseiam na conhecida 
determinação da tecnologia física sobre a organização do trabalho e 
as condições de trabalho, subsídios que constituirão a equação dos 
resultados da empresa. 
Refere-se à otimização dos sistemas sociotécnicos, compreendendo 
suas estruturas organizacionais, regras e processos. (ABRAHÃO, 2009). 
As maiores aplicações da ergonomia no âmbito organizacional, de 
acordo com Vidal (2010), compreendem:
 • Modelagem de processos para a construção de cenários e roteiros 
para as mudanças organizacionais;
 • Análise das condições de novas propostas organizacionais 
relacionadas com a capacidades, limitações e demais características, 
explicitando necessidades de treinamento e de novas competências;
 • Construção de roteiros de implementação para impedir a 
descapitalização ou desaproveitamento do capital de competência 
(know-how) existente, principalmente no nível operacional;
 • Perícia e prevenção de acidentes.
Corrêa e Boletti (2015) afirmam que um ponto principal da ergonomia 
organizacional é identificar como os trabalhadores mensuram o seu 
ambiente de trabalho, pois compreender, tratar e avaliar as representações 
que os indivíduos fazem do seu ambiente de trabalho pode ser um 
diferencial, em certa medida uma condição central para a implantação de 
mudanças que busquem propiciar o bem-estar no trabalho, a eficiência e 
a eficácia dos processos produtivos, assim como é uma forma eficaz de 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
40
entender a raiz de problemas ergonômicos, que muitas vezes possuem 
relação com a cultura organizacional.
RESUMINDO:
Neste capítulo você deve ter compreendido que a 
ergonomia física se refere à observação das características da 
anatomia, antropometria, fisiologia e biomecânica humanas 
relacionadas com a atividade física e que o ergonomista deve 
possuir entendimentos mínimos sobre o nosso organismo 
para compreender o funcionamento da ergonomia física. 
Viu também que a ergonomia cognitiva se interessa pelos 
processos mentais, como a percepção, memória, raciocínio 
e resposta motora, e seus efeitos nas interações entre seres 
humanos e outros elementos de um sistema, possuindo 
como escopo compreender a expressão da cognição do 
indivíduo no seu ambiente de trabalho, além de desenvolver 
estudos que possibilitem criar novas metodologias de análise 
e exemplos explicativos de atividade cognitiva em contexto 
laboral. Por fim, você conheceu a ergonomia organizacional, 
que aborda a otimização de sistemas sociais e técnicos, as 
políticas estratégicas empresariais e os processos industriais 
seguidos nas organizações, tendo como ponto principal 
diagnosticar como os trabalhadores avaliam o seu ambiente 
de trabalho.Ergonomia e Medicina do Trabalho
41
Classificações e custo-benefício da 
ergonomia
INTRODUÇÃO:
Neste capítulo conheceremos as classificações da ergonomia, 
as subdivisões e as principais características de cada uma 
delas, assim como o custo-benefício da ergonomia.
Classificações da ergonomia
A classificação da ergonomia difere segundo alguns autores, assim, 
adotaremos as classificações propostas por Vidal (2010), Oliveira (2018) e 
Corrêa e Boletti (2015).
Segundo Vidal (2010), devido ao escopo da ergonomia ser bastante 
amplo, foram desenvolvidas várias maneiras de resolver os problemas que 
surgem em sua vida profissional, assim, essas maneiras se diferenciam 
quanto à abordagem, ou seja, a forma de atacar os problemas; quanto 
às perspectivas, a forma de encaminhar soluções; e quanto à finalidade, 
que é a forma de agir em uma realidade efetiva. Essa classificação ainda 
possui uma subdivisão. 
Vejamos como cada uma dessas classificações se subdivide:
Quanto à abordagem, essa se subdivide em ergonomia de produto 
e ergonomia de produção.
A ergonomia do produto é a criação de um determinado objeto 
baseado nas normas e especificações ergonômicas que já foram 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
42
definidas. Está direcionada para o projeto de produtos, utensílios, artefatos 
etc., menciona Oliveira (2018).
Exemplo: No âmbito doméstico, pode-se observar a preocupação 
específica que se tem com o design ergonômico da maioria dos 
eletrodomésticos, exemplifica Vidal (2010).
Já a ergonomia de produção é direcionada para o entendimento 
das condições reais da atividade de produção, ou seja, orientada para 
o projeto dos sistemas de trabalho (Figura 12), descreve Vidal (2010). 
Oliveira (2018) lembra que a ergonomia de produção se atenta com os 
procedimentos e regulamentações cabíveis no ambiente de trabalho, 
objetivando considerar as dificuldades e as facilidades no cumprimento 
das atividades laborais nos postos de trabalho.
Figura 12: Postos de trabalho
Fonte: Freepik
 • A subdivisão quanto à perspectiva se baseia em ergonomia de 
concepção e ergonomia de intervenção.
A ergonomia de concepção, de acordo com Moraes (2014), é a 
intervenção ergonômica na fase de planejamento e concepção dos 
locais, postos ou instrumentos de trabalho, apresentando-se como uma 
das melhores aplicações da ergonomia e é usada em situações não reais, 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
43
simuladas em computadores e modelos virtuais, isto é, em projetos, 
dessa forma, exige maior conhecimento e experiência. 
É a área da ergonomia que se ocupa da preparação de novos 
produtos, processos, métodos de trabalho ou sistemas e tem como 
essência a criação e uma nova concepção ou uma nova tecnologia, 
disponibilizando alternativas para o cumprimento dos processos, explicita 
Oliveira (2018). 
Na ergonomia de concepção as decisões são baseadas em 
situações hipotéticas sobre um sistema que ainda não existe, lembra Iida 
e Buarque (2018).
A ergonomia de intervenção nada mais é que a resposta a uma 
questão do cliente que deverá ser trabalhada e uma solução deverá 
ser conduzida para implementação de uma situação que conservará 
muitos aspectos comuns com a situação atual, esclarece Vidal (2010). 
O autor ainda explica que os métodos de ergonomia de intervenção 
são os procedimentos básicos da ergonomia: métodos e técnicas de 
análise ergonômica do trabalho adequadamente combinados com as 
listas de verificação, métodos alternativos e criativos para responder a 
situações ou passagens inusitadas e com soluções que agrupem tanto as 
recomendações do diagnóstico situado como as dos manuais de fatores 
humanos. 
Na ergonomia de intervenção devem-se tomar providências úteis, 
práticas e aplicadas ao caso (VIDAL, 2010). 
 • Na finalidade, a subdivisão é mais ampla, sendo a ergonomia 
de correção, ergonomia de enquadramento, ergonomia de 
remanejamento e ergonomia de modernização.
A ergonomia de correção para Iida e Buarque (2018) é utilizada em 
situações reais, ou seja, que já existem, para solucionar problemas que 
representam na segurança, fadiga excessiva, doenças do trabalhador ou 
quantidade e qualidade da produção. Corrêa e Boletti (2015) descrevem 
como a promoção de mudança no ambiente ou produto de acordo com a 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
44
solicitação do usuário, realizada a partir de uma análise do problema, que 
comumente deriva de algum erro de projeto ou execução.
Agir na correção é mais fácil do que na concepção, pois já se sabem 
quais os problemas a se resolver (Figura 13), contudo a solução a ser 
seguida não é totalmente satisfatória, pois pode demandar custo elevado 
de implantação, explana Iida e Buarque (2018).
Figura 13: Problemas a se resolver
Fonte: Pixabay
Exemplo: Nas situações em que é necessário se fazer recall de 
produtos defeituosos, que podem abranger custos elevados e prejuízos à 
imagem da empresa, exemplifica Iida e Buarque (2018).
Na ergonomia de enquadramento existe a busca pelo acolhimento 
a uma normatividade, um padrão a ser atendido, seja ele situado 
internamente à empresa em situações, por exemplo, de um programa de 
qualidade, reestruturação ou melhoria de processos; seja ele determinado 
pelo nível estratégico, atribuído por alguma disposição legal ou pressão 
de algum acordo com trabalhadores ou entidades representativas, 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
45
demonstra Vidal (2010). Enquadrar representa constituir um padrão de 
trabalho a ser atendido, descreve Oliveira (2018).
Já na ergonomia de remanejamento, Vidal (2010) explica que 
ocorre o aproveitamento de mudanças para corrigir defeitos antigos, ou 
seja, são casos em que deverão ser realizadas mudanças (Figura 13) por 
alguma razão, e aproveitam-se essas situações para consertar problemas 
já existentes. Remanejar em ergonomia está vinculado às mudanças a 
serem efetivadas para a correção de defeitos nos processos e nos postos 
de trabalho, afirma Oliveira (2018).
Figura 13: Mudanças 
Fonte: Freepik
Ergonomia e Medicina do Trabalho
46
Exemplo: Em uma reforma, foi idealizada a construção de 
um mezanino, contudo, lembrou-se de um problema existente de 
manutenção de climatização, assim, junto ao mezanino foi acoplada uma 
passarela para facilitar a passagem dos aparelhos, assim o defeito que 
antes existia foi corrigido através dessa nova construção, exemplifica Vidal 
(2010).
A ergonomia de modernização acontece quando o remanejamento 
advém num contexto de mudança na base técnica do processo de 
produção e se refere às mudanças muitas vezes suspensivas, como, por 
exemplo, a troca de um software que admite gerenciar todo um processo 
de produção por outro, elucida Corrêa e Boletti (2015).
 • A ergonomia de modernização se importa com a adequação do 
usuário à nova tecnologia (CORRÊA e BOLETTI, 2015).
Alguns autores ainda trazem outras duas classificações, que são a 
ergonomia de conscientização e a ergonomia de participação.
Vejamos quem são elas:
A ergonomia de conscientização procura habilitar os próprios 
trabalhadores para a identificação e a correção dos problemas cotidianos 
ou até mesmo os emergenciais, descreve Iida e Buarque (2018). 
Frequentemente os problemas ergonômicos não são resolvidos nem na 
fase de concepção nem na de correção, assim como poderão aparecer 
novos problemas a qualquer momento, como desgastes naturais das 
máquinas e equipamentos, alterações inseridas pelos serviços de 
manutenção, modificações de produtos e da programação de produção, 
introdução de novos equipamentos, dentre outros; dessa forma, diante 
desses inesperados, os trabalhadores devem estar capacitados para 
encará-los, informa Iida e Buarque (2018).
 Na ergonomia de conscientização os colaboradores são habilitados 
através de treinamentos e reciclagem individual ou coletiva, a constatar 
ou consertar os problemas laborais cotidianos (MORAES, 2014).
A ergonomia de participação, segundoMoraes (2014), procura 
abranger o usuário do sistema na solução de problemas ergonômicos, 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
47
podendo esse usuário ser o trabalhador com correção do posto de 
trabalho ou o próprio consumidor quando se refere a produto de consumo.
A ergonomia de participação é baseada na ideia de que os usuários 
têm um conhecimento prático, no qual os detalhes podem passar 
despercebidos ao analista ou projetista (IIDA e BUARQUE, 2018). 
A ergonomia de conscientização busca fazer com que os 
trabalhadores possuam as informações necessárias, a de participação 
os abrange de maneira mais dinâmica, na procura de solução para o 
problema, fazendo a “realimentação de informações para as fases de 
conscientização, correção e concepção”, relata Iida e Buarque (2018, p. 19).
Custo-benefício da ergonomia
Conforme Iida e Buarque (2018), a ergonomia, para ser recepcionada, 
deverá expressar que é economicamente viável, isto é, precisará apontar 
uma relação custo-benefício pertinente, tal qual as atividades que 
possuem relação com o setor produtivo. 
A verificação do custo-benefício demonstra, de um lado, o 
investimento ou custo, essencial para concretizar um projeto ou uma 
recomendação ergonômica, constituído “pelos custos com os consultores, 
custo de elaboração do projeto, aquisição de máquinas, materiais e 
equipamentos, treinamento de pessoal e queda da produtividade durante 
a implantação”, informa Iida e Buarque (2018, p. 23). 
Do outro lado, são calculados os benefícios (Figura 14), isto é, quanto 
vai se obter com os resultados do projeto, podendo serem compreendidos 
elementos como economias de material, mão de obra e energia, redução 
de acidentes, absenteísmo, rotatividade e custos jurídicos, aumento da 
qualidade de produtos e processos e da produtividade, destaca Iida e 
Buarque (2018).
Ergonomia e Medicina do Trabalho
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Figura 14: Benefícios
Fonte: Freepik
Iida e Buarque (2018) lembram que o projeto, para ser apontado 
como economicamente viável, deverá apresentar custos inferiores 
aos benefícios relacionados, não obstante, geralmente, os custos 
normalmente incidem a curto prazo, ao passo que os benefícios, isto é, o 
retorno do investimento, podem demorar bem mais. 
 • Aprofunde-se mais nesse tema lendo o artigo Metodologia de custeio 
para a ergonomia (MAFRA). Disponível em: https://bit.ly/2FDGSqo 
(Acesso em 31/07/2020).
Os projetos que possuem menor índice de custo-benefício e 
retorno em menor prazo são classificados como mais interessantes pelas 
empresas, explicita Iida e Buarque (2018).
RESUMINDO:
Neste capítulo você deve ter compreendido que a ergonomia 
possui várias classificações, podendo ser quanto à abordagem, 
que se subdivide em ergonomia de produto e ergonomia de 
produção; quanto à perspectiva, 
Ergonomia e Medicina do Trabalho
49
RESUMINDO (continuação):
que se baseia em ergonomia de concepção e ergonomia 
de intervenção; e quanto à finalidade, que se subdivide em 
ergonomia de correção, ergonomia de enquadramento, 
ergonomia de remanejamento e ergonomia de modernização. 
Viu também que existem, ainda, segundo alguns autores, a 
ergonomia de conscientização e a ergonomia de participação. 
Por fim, você entendeu que a ergonomia deverá comprovar 
que é economicamente viável, demonstrando seu custo-
benefício e apresentando custos inferiores aos benefícios.
Ergonomia e Medicina do Trabalho
50
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Ergonomia e Medicina do Trabalho
Elaine Christine Pessoa Delgado 
Marcos Rodolfo da Silva
Giselly Santos Mendes
Ergonomia e Medicina do 
Trabalho

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