Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. APLICAÇÃO DE UM ESTUDO DE TEMPOS E MÉTODOS EM UMA AÇAITERIA LOCALIZADA EM ANGICOS-RN Alice Monique Araújo Albino (UFERSA) alicem1080@gmail.com José Ivo (UFERSA) jose.ivo.13@gmail.com Maria Bruna de Lima (UFERSA) brunaxaviier3@gmail.com Priscila Machado Medeiros (UFERSA) priscilamachadomedeiros@gmail.com Paulo Ricardo Fernandes de Lima (UFERSA) paulo.fernandes@ufersa.edu.br Devido ao aumento significativo de consumo de açaís, houve, nos últimos anos, uma grande expansão nos estabelecimentos que comercializam esta iguaria. Assim, este ramo necessita de estudos da ordem da administração industrial para fins de melhoramento de métodos e processos. Com isso, este trabalho tem como objetivo de realizar um estudo de tempos e métodos em uma açaiteria localizada na cidade de Angicos-RN. Para tanto, pretende-se focar na técnica de cronoanálise e otimização via mapeamento de processos e procedimentos operacionais padrões. Devido sua colocação, o estudo caracteriza-se como aplicado, exploratório com natureza quantitativa, além de ser um estudo de caso. Definiu-se uma linha de produção específica para o estudo. Coletaram- se amostras in loco sobre as etapas do de fabricação do produto e seus tempos trabalho. Mapeou-se todo o processo e, através da técnica de cronoanálise, definiu-se seu tempo padrão: 2,73 minutos por unidade produzida. Além disso, construiu-se um POP para a empresa e elaborou- se um plano de ações, baseado na lógica 5W2H para a soluções de problemáticas existentes no ambiente de trabalho. Palavras-chave: Açaí; Mapeamento de Processos; Cronoanálise; POP. mailto:Alicem1080@gmail.com mailto:brunaxaviier3@gmail.com mailto:priscilamachadomedeiros@gmail.com mailto:paulo.fernandes@ufersa.edu.br XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 1 1. Introdução O ramo de açaí e seus derivados tem apresentado crescimento considerável no Brasil, em especial na última década, com a produão e popularização em massa. Seu consumo apresentou crescimento considerável visto a versatilidade de opções de consumo e aproveitamento que este produto carrega consigo. A fruta bastante cultivada na região amazônica apresenta vantagens destacáveis, pois além de benefícios à saúde, tem certa importância socioeconômica para os arranjos produtivos onde é explorada. O Pará, estado maior produtor de açaí do Brasil, tem uma produção anual de mais de 1,3 milhão toneladas do produto e gera, aproximadamente, 150 mil empregos, diretos e indiretos, ligados à cadeia de produção no ápice de safra e da colheita. De acordo com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará (SEDAP, 2019), 70% da produção é destinada à demanda interna, 20% para os demais estados brasileiros, ficando 10% para exportação. A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (ABRAFRUTAS, 2019) apontou que em 2017, 13,1 mil toneladas foram exportadas, sendo os Estados Unidos o principal destino. (ABRAFRUTAS, 2019). Com isso, vários estabelecimentos foram surgindo no país cujo objetivo principal era a comercialização de açaís e seus derivados (polpa, mix ou pó). Empresas de pequeno e médio porte passaram a trabalhar com esse produto tendo que, em diversos momento, dar um tratamento adicional à polpa de açaí, como por exemplo, introduzi-la a novos processos produtivos (misturas, recheios e outros aditivos). Assim, essas empresas necessitam de conhecimentos científicos sobre métodos e processos com vistas a otimizá-las. Um das formas de otimização usada na administração e análise de processos produtivos é estudo de tempose métodos. Trata-se, segundo Peinado e Graeml (2007), de uma técnica, introduzida por Frederick Taylor, em 1881, que aborda de forma detalhada a análise de cada operação de uma determinada tarefa, com a intenção de suprimir qualquer recurso desnecessário à operação e designar o mais correto e eficiente método para exercê-la. Esse estudo é um dos métodos mais empregados no planejamento e padronização do trabalho e bastante usado até os dias atuais. O presente trabalho tem como objetivo de realizar um estudo de tempos em uma empresa do ramo de açaí localizada na cidade de Angicos-RN. Para tanto, pretende-se focar na técnica de XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 2 cronoanálise, uma das abordagens que a literatura sobre o tema dispõe, e otimização via mapeamento de processos e organização de trabalho via procedimentos operacionais padrões (POPs). 2. Fundamentação teórica 2.1 Engenharia de métodos e processos De acordo com Souto (2002), a engenharia de métodos estuda e analisa o trabalho de forma sistemática, objetivando desenvolver métodos práticos e eficientes buscando a padronização do processo. Isto é, busca aperfeiçoar a operação ou processo a ser analisado, permitindo modificá- los de modo a otimizar tempo e custo, e por consequência, eliminar movimentos repetitivos que causam fadiga e estresse ao trabalhador. Peinaldo e Graelm (2007) colocam a engenharia de métodos como uma das partes mais importantes dentro da administração organizacional. Eles a conceituam como sendo a: [...] atividade dedicada à melhoria e desenvolvimento de equipamentos de conformação e processos de produção para suportar a fabricação. Preocupa- se em estabelecer o método de trabalho mais eficiente, ou seja, procura otimizar o local de trabalho com relação a ajuste de máquinas, manuseio e movimentação de materiais, leiaute, ferramentas e dispositivos específicos, medição de tempos e racionalização de movimentos. Também é chamada de engenharia industrial, engenharia de processo ou engenharia de manufatura. (PEINADO; GRAEML, 2007, p.89) Um técnica muito presente no estudo da administração do trabalho é o mapeamento de processos. Segundo Cheung e Bal (1998 apud Souza (2014, p. 25)), “O mapeamento de processos é uma metodologia ou técnica em que se desenha, em um diagrama, um processo ou setor de uma organização com a finalidade de analisar esse processo”. Freitas (2016) aponta que um mapeamento de processos realizado de forma ruim e desorganizado pode resultar em um entendimento errôneo de informações, onde os envolvidos não consigam entendê-las de forma clara dando margem a erros graves. Na visão de Mello e Salgado (2005), o mapeamento é realizado pela utilização de uma técnica para representar as diversas tarefas necessárias, na sequência em que elas ocorrem, para a realização e entrega de um serviço”. 2.2 Cronoanálise A cronoanálise é uma técnica onde são feitas cronometragens para analisar o tempo que um XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 3 operador ou uma máquina leva para realizar alguma tarefa na linha de produção, sendo considerado todo tempo ocioso do mesmo, seja por necessidades fisiológicas ou afins. (OLIVEIRA, 2009) Graeml e Peinado (2007) comentam que sua finalidade básica é encontrar, por meio de equações validadas, um valor de tempo padrão que seja referência para a execução de determinada tarefa e, com isso,consiga-se, uma uniformidade dentro de um ambiente de trabalho. Segundo Martins e Laugeni (2005, p.86) apud Seleme (2009) existe um cálculo a ser considerado para se estimar a quantidade mínimas que um cronoanalista1 deve fazer para que os tempos coletados tenham valor estatístico confiável. A Equação 1 descreve o número de ciclos levando em consideração nessa situação. 𝑛 = [ 𝑍 · 𝑅 𝐸𝑟 · 𝑑2 · 𝑥𝑚é𝑑𝑖𝑜 ] 2 (1) Onde: 𝑛 = Número de ciclos a serem cronometrados; 𝑍 = Coeficiente de distribuição normal para uma probabilidade determinada; 𝑅 = Amplitude da amostra (diferença entre o maior e o menor valor de tempo coletado); 𝐸𝑟 = Erro relativo da medida; 𝑑2 = Coeficiente em função do número de cronometragens realizadas preliminarmente; 𝑥𝑚é𝑑𝑖𝑜 = Média aritmética simples dos valores dos tempos coletados; A Tabela 1, apresenta os valores típicos dos coeficientes 𝑍 e 𝑑2 necessários para aplicação da Equação 1. Tabela 1 – Valores de referência para aplicação da cronoanálise Coeficientes de distribuição normal Probabilidade 90% 91% 92% 93% 94% 95% 96% 97% 98% 99% Z 1,65 1,70 1,75 1,81 1,88 1,96 2,05 2,17 2,33 2,58 Coeficiente 𝑑2 para número de cronometragens iniciais N 2 3 4 5 6 7 8 9 10 𝑑2 1,128 1,693 2,059 2,326 2,534 2,704 2,847 2,970 3,078 Fonte: Graeml e Peinado (2007) Para encontrar o tempo cronometrado válido é necessário seguir esses passos: calcular a média e a amplitude dos tempos cronometrados; calcular o número de ciclos; realizar possíveis cronometragens complementares; estabelecer nova média e nova amplitude; validar os valores 1 Profissional responsável pela coleta e tabulação dos dados da técnica de cronoanálise. XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 4 de tempo cronometrados. (SELEME, 2009) Além disso, analisar o ritmo do operador é uma avaliação subjetiva que será feita pelo cronoanalista, onde irá comparar o ritmo do operador com o ritmo que o mesmo considera normal. Determinando 100% como a velocidade normal, que serão feitas atribuições para mais ou para menos, de acordo com a velocidade do operador. (GRAEML; PEINADO, 2007) Segundo Graeml e Peinado (2007), após essa avaliação, será feito o tempo normal, como mostra a Equação 2. 𝑇𝑁 = 𝑇𝑐 × 𝑣 (2) Onde: 𝑇𝑁 = tempo normal 𝑇𝑐 = tempo cronometrado 𝑣 = velocidade do operador “Para determinar o tempo padrão (TP) é necessário apenas adicionar ao tempo normalizado as tolerâncias definidas para a operação” (BORTOLI, 2013, p. 28). Baseado no que foi postado anteriormente, Barnes (1977) utiliza-se a Equação 3 para determinar o tempo padrão. 𝑇𝑃 = 𝑇𝑁 . 𝐹𝑇 (3) Em que: 𝑇𝑃 = Tempo padrão 𝑇𝑁 = Tempo normal 𝑡𝑜𝑙(%) = porcentagem de tolerância Segundo Graeml e Peinado (2007), muitas vezes essa tolerância é calculada baseada nos tempos que a empresa está disposta a conceder. Neste caso é feita a relação entre o tempo concedido e o tempo de trabalho diário, posteriormente calcula-se o fator de tolerância por meio da Equação 4. 𝐹𝑇 = 1 1 − 𝑝 (4) Onde: 𝐹𝑇 = Fator de tolerância; 𝑝 = Tempo de intervalo dado dividido pelo tempo de trabalho (% do tempo ocioso) Partindo dos conhecimentos do mesmo autor, posteriormente é utilizado juntamente com o tempo normal para a representação do tempo padrão, como descreve a Equação 5. 𝑇𝑃 = 𝑇𝑁 × 𝐹𝑇 (5) XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 5 2.4 Procedimento operacional padrão “O Procedimento Operacional Padrão (POP) é um documento onde se coloca a tarefa repetitiva do colaborador, na maneira e sequência que deve ser executada, nele contém: tarefa, executante, objetivo da tarefa, materiais necessários, processos, cuidados especiais, resultados esperados, ações corretivas e aprovação.”(MEDEIROS, 2010, p.12). Para Barbosa et al. 2011, os POPs devem ser detalhistas ao ponto de passar todas as informações necessárias ao operador que for executar uma atividade de forma padronizadas, de forma que o funcionário tenha a capacidade de manter certa uniformidade em um volume de trabalho. 3. Metodologia O presente estudo pode ser considerado de natureza aplicada, uma vez que seus resultados serão utilizados na solução de problemas existentes. O método utilizado é exploratório, pois se pretende permitir um conhecimento com os problemas com o intuito de torná-lo compreensível. Tendo uma abordagem quantitativa, uma vez que as informações colhidas in loco serão tabuladas para dados quantificáveis para fins de entendimento, interpretação, análise e discussões sobre o objeto de estudo. (TURRIONI; MELO, 2012). Realizou-se um estudo de caso em uma açaiteria da cidade de Angicos-RN, que está em funcionamento desde de 2016. Para a coleta de dados, foram feitas visitas ao estabelecimento, no mês de julho de 2019, com o propósito de ter um panorama sobre os métodos e processos de trabalho existentes. A escolha do local de aplicação se deu pelo fácil acesso da equipe e por a empresa mostrar-se receptiva à ideia de receber o grupo para visitas técnicas e a possibilidade de estudos acadêmicos. Definiu-se, devido a seu valor estratégico, que a linha de produção de “Açaí Compridinho” (ver Figura 1) seria o alvo do estudo, uma vez que ela corresponde, sozinha, por um volume considerável de pedidos diários da empresa e é aquela que dá um maior retorno financeiro à empresa. Logo, otimizá-la configura-se como uma atitude que irá impactar positivamente a organização. Os principais instrumentos de coleta de dados foram observações feitas no local de produção, a fim de obter as informações necessárias para a cronoanálise. Os instrumentos usados nessa etapa foram: um cronômetro (sistema sexagesimal), equipamentos de registro (fotográfico e em vídeo) caneta, prancheta e folhas de observações. Como os principais estudiosos da área XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 6 orientam, os tempos coletados foram transformados em uma única base de cálculo, no caso, em segundos, como recomenda o Sistema Internacional de Unidades (SI). Para a organização desses dados, foram feitas planilhas utilizando o software MS Excel, versão 2013. A interpretação dos mesmos foi feita através de equações presentes neste documento (Ver Equações de 1 a 5). O mapeamento do processo analisado foi feito usando-se o software Bizagi Modeler. 4. Discussões e resultados 4.1 Identificação da unidade de produção A açaiteria em estudo, dispõe de uma área de aproximadamente 455m² e pertence à natureza jurídica referente a uma empresa de produção artesanal e revenda de sorvetes e açaí. Sua condição é ativa, dispondo como atividade econômica a fabricação artesanal de açaí (dispostos à venda no estabelecimento, com possibilidade de revenda). Os produtos disponíveis são: açaís, sorvetes, xarope de guaraná, milk shakes, brownie, doces gourmet, sucos e vitaminas. Funciona com a colaboração de 9 funcionários:1 atendente; 01 caixa e gerente; 01 entregador; 05 funcionárias de atividades gerais e 01 gerente financeiro. 4.2 Processo de produção: definição e mapeamento Ao analisar diferentes meios de produção existentes, foi optado a atividade de montagem do açaí, denominado “compridinho”.Esse posto de trabalho é composto por cinco colaboradores, distribuídos de acordo com suas funções, onde realizam variadas tarefas, por exemplo, o preenchimento dos recipientes, preparo de ingredientes, fabricação de recheio e encaminhar para a entrega no serviço de delivery. O sistema de montagem do açaí é auxiliado por alguns maquinários para exercer as incumbências. O produto é confeccionado na fábrica no mesmo imóvel com distância próxima ao espaço de trabalho e é guardado em freezers com uma temperatura de -12°C, como mostra a Figura 1. XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 7 Figura 1 – Acaiteria analisada: (a) funcionárias no local de produção; (b) local de acondicionamento do produto acabado; (c) acaí compridinho com recheio (a) (b) (c) Fonte: Autoria própria (2019). O processo se inicia no dia anterior, onde o açaí é acondicionado em recipientes, pesado e posteriormente armazenando dentro de freezers para uso no dia seguinte. Quando é feito o recebimento do pedido, a atendente o encaminha para outra funcionária, que vai até o freezer buscar o recipiente e o leva até a mesa de trabalho, a fim de colocar os devidos recheios solicitados, pesa e finaliza e dispõe ao cliente ou manda para a entrega. O fluxograma, apresentado na Figura 2, descreve de forma detalhada este processo. XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 8 Figura 2 – Fluxograma do processo de produção do “açaí compridinho” Fonte: Autoria própria (2019). 4.3 Estudo de tempos: Cronoanálise Ao avaliar o procedimento da preparação das encomendas do açaí, optou-se por aplicar a técnica de cronoanálise, pois se trata de um processo repetitivo e de um bem físico com produtos finais padronizados, logo, segundo Graelm e Peinaldo (2007) esta abordagem é preterida. Os tempos analisados da montagem do produto escolhido estão a seguir e foi optado inicialmente por coletar cinco tomadas de tempos iniciais que estão dispostas na Tabela 2. Esse número de coleta de tempos inciais é arbitrário e cabe ao cronoanalista definí-lo. A bibliografia coloca que entre cinco e dez cronometragens inciais é um intervalo aceitável. Tabela 2 - Tempos cronometrados inicialmente Cronometragem N(inicial) Tempo (em minuto) 1 2,65 2 2,27 3 2,90 4 2,21 5 2,18 Fonte: Dados da pesquisa (2019). Após obter os tempos cronometrados, foi analisado se o número das cronometragens era suficiente para afirmação que a média era igual ao tempo cronometrado, foi utilizado a Equação 1 para calcular o número de cronometragens necessárias. Adotou-se um coeficiente de distribuição normal (Z) de 90% que equivale a 1,65 (ver Tabela XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 9 1); a amplitude da amostra (R) foi calculado e foi obtido o valor de 0,72; o erro relativo (Er) para essa análise foi atribuído 10%; o coeficiente em função do número de cronometragens (𝑑2) é dado pela Tabela 1 de acordo com o número de cronometragens inicial que no caso é de 5 tempos, que vale 2,326 e por último a média dos tempos colhidos de 2,44 min. 𝑛 = [ 1,65 · 0,72 0,1 · 2,326 · 2,44 ] 2 𝒏 = 𝟒, 𝟑𝟕 𝒄𝒓𝒐𝒏𝒐𝒎𝒆𝒕𝒓𝒂𝒈𝒆𝒏𝒔 Por fim, foi encontrado um número de cronometragem igual a n = 4,37, arredondando-se este valor, resultam em 5 cronometragens (𝑛𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 5). Então, tem-se que como o 𝑛𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 ≥ 𝑛𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 , logo, a média é numericamente igual ao tempo cronometrado, caso o número de ciclos (n) obtido fosse maior que número de cronometragens inicialmente, seria necessário realizar mais cronometragens, para poder-se afirmar que o tempo cronometrado era numericamente igual à média. As cronometragens dessa operação foram feitas de forma presencial e percebeu-se que os funcionários desempenhavam suas funções em um ritmo “normal”, ou seja, não aceleraram ou reduziram a velocidade das operações. Logo, adotou-se um fator de ritmo integral (𝑣 = 100%). Com isso calculou-se o Tempo Normal (TN). 𝑇𝑁 = 𝑇𝐶 ∙ 𝑣 → 𝑇𝑁 = 2,44 𝑚𝑖𝑛.∙ 100% → 𝑇𝑁 = 2,44 𝑚𝑖𝑛. Para concluir a atividade, foi necessário também efetuar o cálculo do fator de tolerância. A empresa trabalha com uma jornada de trabalho de 9 horas diárias (ou 540 minutos). Foram considerados tempos ociosos ou improdutivos os seguintes dados: 30 minutos, dividido em duas pausas de 15 minutos para o lanche da manhã e o da tarde; 10 minutos por dia para o funcionário ir ao banheiro; 10 minutos para hidratação e 20 minutos para eventuais atrasos. 𝑝 = ∑ 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝐼𝑚𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑜 ∑ 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 → (30 + 13 + 15) 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠 540 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠 → 𝒑 = 𝟎, 𝟏𝟎𝟕 Com este valor da fração do tempo ocioso sobre o tempo total de atividade, pode-se calcular o fator de tolerância (FT) a ser acrescido no tempo da atividade e posteriormente o tempo padrão XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 10 (TP). 𝐹𝑇 = 1 1 − 𝑝 → 1 1 − 0,107 → 𝑭𝑻 ≅ 𝟏, 𝟏𝟏𝟗 𝑇𝑃 = 𝑇𝑁 ∙ 𝐹𝑇 → 𝑇𝑃 = 2,44𝑚𝑖𝑛.∙ 1,119 ≅ 𝑻𝑷 = 𝟐, 𝟕𝟑𝒎𝒊𝒏. Portanto, após aplicação da técnica de cronoanálise definiu-se o processo de fabricação do açaí do tipo “compridinho” deve ser feito em 2,73min, ou 2 minutos e 44 segundos. 4.4 Procedimento operacional padrão e plano de melhorias Percebeu-se, desde as primeiras visitas, que o estabelecimento não possuía um documento tipo POP. Visando a relevância deste material e a complicação que é a sua falta, criou-se um POP com o objetivo de padronizar os processos e às maneiras que as pessoas realizam dentro da empresa. A Figura 3 mostra a representação deste documento cujo intuito principal é ajudar os funcionários nas execuções das tarefas e, com isso, buscar a qualidade do produto por meio de uma padronização de processos. XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 11 Figura 3 - Procedimento Operacional Padrão - POP Fonte: Autoria própria (2019) Após a coleta de dados relativo ao tempo de processos, também foram percebidas algumas melhorias que poderiam ser aplicadas para a otimização do posto de trabalho. Algumas destas melhorias estão colocadas na Tabela 3. Ela foi construída seguindo a lógica da ferramenta 5W2H, onde são elencados alguns pontos críticos e formas de solução ou redução de impactos no ambiente analisado. XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 12 Tabela 3 - Plano de ações com possibilidades de melhorias Problemáticas O que? A falta do uso de EPI’s Local indevido dos congeladores (freezers)Mudança de layout do processo de montagem Implantação dos Instrumentos de auxílio na montagem de açaí Quem? Colaboradores Gestor Gestor Gestor Por que? Para evitar acidentes de trabalho e aumentar a higiene Como forma de diminuição da distância dos adicionais até a mesa de montagem Para facilitar a movimentação dos funcionários Garantir a higienização no posto de trabalho Como? Utilizando os EPI’s para realizar as funções Realoca-los para perto da mesa de montagem Reorganizando o layout dos equipamentos assentado Uma tábua para corte das frutas e álcool em gel para higienização Onde? No processo de montagem No processo de montagem No processo de montagem No local do processo de montagem Quando ? Imediatamente Imediatamente Imediatamente Imediatamente Quanto ? R$ 300,00 - - R$ 145,00 Fonte: Autoria própria (2019) Percebeu-se que no processo de montagem alguns ingredientes ficavam alocados em um freezer, distante da linha de produção, causando um impacto significativo no tempo para a execução desta tarefa em particular. Dessa forma, seria interessante a realocação do mesmo para um freezer mais próximo. Outro fator que chamou a atenção foi o fato de o ambiente dispor de pouca iluminação, tanto natural, quanto artificial. Como a jornada de trabalho é extensa, este fator poderia configurar- se um risco à saúde de colaboradores a médio ou longo prazo. Um estudo sobre culminância poderia indicar pontos favoráveis à quantidade e disposição de iluminação nos postos de trabalho. O layout da mesa principal e dos cinco freezers poderia ser modificado para melhoria do desempenho dos colaboradores. Assim como na mesa principal poderia ter um ambiente apropriado para corte de ingredientes e, por perto, ter um supositório de álcool gel para o auxílio na higienização das mãos. 5. Considerações finais Devido ao estudo de caso realizado na empresa, foi viável caracterizar o sistema organizacional do estabelecimento, por meio da análise do processo de montagem dos açaís do tipo “compridinho”. O artigo aplicou o método do processo por meio do estudo de cronoanálise, XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 13 como também o fluxograma e o uso do POP. Conseguiu-se realizar o mapeamento de todo o processo produtivo. Através da aplicação das fórmulas disponíveis na literatura e referentes ao estudo de tempos (técnica de cronoanálise) conseguiu-se estabelecer um tempo padrão para a realização desta atividade (2,73 minutos por unidade). Outro resultado palpável, foi a confecção de um POP para a empresa com finalidades instrucionais, visto que a mesma não dispunha de tal documento. Além disso, foi elaborado um plano de ações, baseado na lógica proposta pelo 5W2H para a resolução de outras pontos críticos encontrados. 6. Referências ABAFRUTAS (Brasil). Açaí: A pequena fruta que movimenta milhões na economia paraense. 2019. Disponível em: https://abrafrutas.org/2019/08/13/acai-a-pequena-fruta-que-movimenta-milhoes-na-economia-paraense/. Acesso em: 13 ago. 2019. BARBOSA, Gilcimar Costa. FONTES ICONOGRÁFICAS HISTÓRICAS DE CACHOEIRA E SÃO FÉLIX: PESQUISA DOCUMENTAL. 2011. 70 f. Monografia (Especialização) - Curso de GraduaÇÃo em Museologia, Centro de Artes Humanidades e Letras, Universidade Federal do RecÔncavo da Bahia, Cachoeira, 2011. BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida de trabalho. 6. ed. São Paulo: Edgard Blüchen, 1977. BORTOLI, Henrique Weber. APLICAÇÃO DA CRONOANÁLISE PARA MELHORIA DO PROCESSO DE SUPRIMENTO DA LINHA DE MONTAGEM DE UMA EMPRESA DE GRANDE PORTE DO RAMO AGRÍCOLA. Orientador: Vilmar Bueno da Silva. 2013. 55 f. Monografia (Bacharel em Engenharia de Produção) - Faculdade de Horizontina, Horizontina, 2013. Disponível em: http://livrozilla.com/doc/603118/aplica%C3%A7%C3%A3o-da-cronoan%C3%A1lise-para-melhoria-do- processo-de. Acesso em: 11 jul. 2019. CHEUNG, Y.; BAL, J. Process analysis techniques and tools for business improvements. Business Process Management Journal, 1998. FREITAS. G. L. Padronização de processos internos de uma empresa especializada em software livre. 2016. 106 f. Monografia (Administração de Empresas) - Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, 2016. GRAEML, A. R.; PEINADO, J. Administração da produção: operações industriais e de serviços. Curitiba: UnicenP, 2007. MACHADO, R. H. C.; SUZUKI. J. A. A importância da gestão por processos no desenvolvimento de uma rede de franquias. In:Revista de Ciência & Tecnologia. 11., 2017, São Paulo. Anais eletrônicos: UNIMED, 2017. XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020. 14 Disponível em < https://www.metodista.br/revistas/revistas- unimep/index.php/cienciatecnologia/article/view/3192.> Acesso em: 7 Jul. 2019. MARTINS, Petrônio G.; LAUGENI, Fernando P. Administração da produção. São Paulo: Saraiva, 2005. MEDEIROS, T. B. POP- Procedimento Operacional Padrão: Um exemplo padrão. 2010. 56 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Administração)-Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis, Assis, 2010. MELLO, C. H. P.; SALGADO, E. G. Mapeamento dos processos em serviços: estudo de caso em duas pequenas empresas da área de saúde. In: ENEGEP, 25., 2005, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre, 2005. RIGGS, James L. Production Systems: planning, analysis, and control. 4ª ed. New York: John Wiley. P. 19,21. 1987. OLIVEIRA, Cassia Luciana Pfister Alves. Análise e controle da produção em empresa têxtil, através da cronoanálise. 2009. SOUTO, M. S. M. Lopes. Apostila de Engenharia de métodos. Curso de especialização em Engenharia de Produção – UFPB. João Pessoa. 2002. SOUZA, D. G. Metodologia de Mapeamento Para Gestão de Processos. 2014. 92 f. Dissertação (Pós Graduação em Engenharia de Produção) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Assis, 2014. TURRIONI, J. B.; MELLO, C. H. P. Metodologia de pesquisa em engenharia de produção: estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas. 2012. Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2012. https://www.metodista.br/revistas/revistas-unimep/index.php/cienciatecnologia/article/view/3192 https://www.metodista.br/revistas/revistas-unimep/index.php/cienciatecnologia/article/view/3192
Compartilhar