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1. DESCREVER AS CARACTERÍSTICAS DOS FUNGOS (CLASSIFICAÇÃO, ESTRUTURAS E REPRODUÇÃO) TAXONOMIA, ESTRUTURA E REPRODUÇÃO DOS FUNGOS Os fungos são classificados em seu próprio reino, o reino Fungi. Eles são organismos eucariotas que se distinguem dos demais por terem uma parede celular rígida composta de quitina, glicana e uma membrana plasmática em que o ergosterol (esterol) é o principal componente que substitui o colesterol. Os fungos filamentosos, por outro lado, são organismos multicelulares constituídos de estruturas tubulares, chamadas de hifas, que se alongam na extremidade em um processo conhecido como extensão apical. As hifas podem ser cenocíticas (asseptadas ou com poucos septos) ou septadas (divididas por paredes transversais). As hifas se mantêm unidas para produzir uma estrutura semelhante a um tapete chamada de micélio. As colônias dos fungos filamentosos são frequentemente descritas como filamentosas, aveludadas ou algodonosas. Quando se desenvolvem em ágar ou outras superfícies sólidas, os fungos filamentosos produzem estruturas denominadas hifas vegetativas, que crescem sobre ou entre a superfície do meio de cultura, e também hifas que se projetam acima da superfície do meio, chamadas de hifas aéreas. As hifas aéreas podem produzir estruturas especializadas conhecidas como conídios (estrutura de reprodução assexuada). Os conídios podem ser produzidos por um processo blástico (brotamento) ou processo tálico, em que fragmentos de hifas dão origem a células individuais ou artroconídios. Os conídios são facilmente dispersos pelo ar e servem para disseminar o fungo. O tamanho, a forma e os aspectos do desenvolvimento dos conídios são utilizados como meio de identificação para o gênero e espécie dos fungos. Muitos fungos de importância clínica são denominados dimórficos, porque podem existir tanto sob a forma de levedura como de fungo filamentoso. A taxonomia clássica dos fungos se baseia fundamentalmente na morfologia e na formação dos esporos. Os fungos podem ser “uni-” ou multicelulares. O agrupamento mais simples baseado em sua morfologia são leveduras e fungos filamentosos. A levedura pode ser definida morfologicamente como uma célula que se reproduz por brotamento ou fissão, em que a célula progenitora, ou “célula-mãe”, se modifica e dá origem a uma descendência, ou “célula-filha”. As células-filhas podem alongar-se e formar estruturas com formato de salsicha chamadas pseudo-hifas. As leveduras são geralmente unicelulares e produzem colônias redondas, pastosas ou mucoides em ágar. A maioria dos fungos apresenta respiração aeróbia, ainda que alguns sejam anaeróbios facultativos (fermentadores) e outros sejam estritamente anaeróbios. Seu metabolismo é heterotrófico e os mesmos são bioquimicamente versáteis na produção primária (p.ex., ácido cítrico, etanol e glicerol) e metabólitos secundários (p.ex., antibióticos [penicilina], amanitinas, aflatoxinas). Os esporos assexuados consistem basicamente em dois tipos: esporangiósporos e conídios. Os esporangiósporos são esporos assexuados produzidos no interior de uma estrutura chamada esporângio (Fig. 57-3) e são estruturas pertencentes aos Mucorales, tais como Rhizopus e Mucor spp. Conídios são esporos assexuados que se desenvolvem em estruturas especializadas, como visto em Aspergillus spp. (Fig. 57-3), Penicillium spp. e os dermatófitos. FUNGOS FILAMENTOSOS E FUNGOS CARNOSOS O talo (corpo) de um fungo filamentoso ou de um fungo carnoso consiste em filamentos longos de células conectadas; esses filamentos são denominados hifas, que podem crescer até imensas proporções. Na maioria dos fungos filamentosos, as hifas contêm paredes cruzadas denominadas septos, que dividem as hifas em distintas unidades celulares uninucleadas (um único núcleo). Essas hifas são chamadas de hifas septadas. Em algumas poucas classes de fungos, as hifas não contêm septos e se apresentam como células longas e contínuas com muitos núcleos. Elas são chamadas de hifas cenocíticas A porção de uma hifa que obtém nutriente é chamada de hifa vegetativa; a porção envolvida com a reprodução é a hifa reprodutiva ou aérea, assim chamada porque se projeta acima da superfície sobre a qual o fungo está crescendo. As hifas aéreas frequentemente sustentam os esporos reprodutivos. Quando as condições ambientais são favoráveis, as hifas crescem formando uma massa filamentosa chamada de micélio, que é visível a olho nu. LEVEDURAS São fungos unicelulares, não filamentosos, tipicamente esféricos ou ovais. Com frequência são encontradas como um pó branco cobrindo frutas e folhas. São capazes de crescimento anaeróbico facultativo, podendo utilizar oxigênio ou um composto orgânico como aceptor final de elétrons; esse é um atributo valioso porque permite que esses fungos sobrevivam em vários ambientes. Se houver acesso ao oxigênio, as leveduras respiram aerobicamente para metabolizar hidratos de carbono formando dióxido de carbono e água; na ausência de oxigênio, elas fermentam os hidratos de carbono e produzem etanol e dióxido de carbono. FUNGOS DIMÓRFICOS Alguns fungos, mais notadamente as espécies patogênicas, exibem dimorfismo: duas formas de crescimento. Podem crescer tanto na forma de fungos filamentosos quanto na forma de levedura. O dimorfismo nos fungos patogênicos é dependente de temperatura: a 37°C, o fungo apresenta forma de levedura; a 25°C, de fungo filamentoso. ○ Teleomorfo: aquele que no ciclo de vida realiza apenas a reprodução sexuada. De acordo com o tipo de relação com o ambiente, podem ser: ○ Saprófitos obrigatórios: fungos que vivem exclusivamente em matéria orgânica morta, não podendo parasitar organismos vivos. ○ Parasitas facultativos ou Saprófitos facultativos: fungos capazes de causar doenças ou de viver em restos orgânicos, de acordo com as circunstâncias. ○ Parasitas obrigatórios: fungos que vivem exclusivamente atacando organismos vivos. Tanto a reprodução sexuada quanto a assexuada em fungos ocorrem pela formação de esporos. Fungos filamentosos podem reproduzir-se assexuadamente pela fragmentação de suas hifas. Após um fungo filamentoso formar um esporo, o mesmo se separa da célula parental e germina, originando um novo fungo filamentoso. Os esporos são formados a partir das hifas aéreas de diferentes maneiras, dependendo da espécie. Os esporos de fungos podem ser assexuais ou sexuais: ○ Assexuais: são formados pelas hifas de um organismo. Quando esses esporos germinam, tornam-se organismos geneticamente idênticos ao parental. São produzidos pelos fungos por mitose e subsequente divisão celular; não há fusão de núcleos de células. Apresentam dois tipos: ■ Conidiósporo ou Conídio: um esporo unicelular ou multicelular que não é armazenado em uma bolsa. São produzidos em cadeias na extremidade do conidióforo. Tais esporos são produzidos por Aspergillus. Os conídios formados pela fragmentação de uma hifa septada em células únicas, levemente espessas, são denominados artroconídios. Outro tipo de conídio, o blastoconídio, consiste em um broto originado de uma célula parental. Um clamidoconídio é um esporo com paredes espessas, formado pelo arredondamento e alargamento no interior de um segmento de hifa. ■ Esporangiósporo: formado no interior de um esporângio, ou bolsa, na extremidade de uma hifa aérea denominada esporangióforo. O esporângio pode conter centenas de esporangiósporos. Esses esporos são produzidos por Rhizopus. ○ Sexuais: resultam da fusão de núcleos de duas linhagens opostas de cruzamento de uma mesma espécie do fungo. São produzidos com menos frequência que os esporos assexuais. As leveduras de brotamento, como as Saccharomyces, dividem-se formando células desiguais. No brotamento, a célula parental forma uma protuberância (broto) na sua superfície externa. À medida que o broto se alonga, o núcleo da célula parental se divide, e um dos núcleos migra para o broto.O material da parede celular é então sintetizado entre o broto e a célula parental, e o broto acaba se separando. Algumas leveduras produzem brotos que não se separam uns dos outros; esses brotos formam uma pequena cadeia de células denominada pseudo-hifa. Candida albicans se fixa a células epiteliais humanas na forma de levedura, mas normalmente necessita estar na forma de pseudo- hifas para invadir os tecidos mais profundos. CLASSIFICAÇÃO De acordo com tipo de reprodução realizada, os fungos podem ser divididos em três grupos: ○ Holomorfo: aquele que no ciclo de vida realiza ambas as reproduções, sexuada e assexuada. ○ Anamorfo: aquele que no ciclo de vida realiza apenas a reprodução assexuada. As leveduras de fissão, como Schizosaccharomyces, dividem-se produzindo duas novas células iguais. Durante a fissão binária, as células parentais se alongam, seus núcleos se dividem, e duas células-filhas são produzidas. O aumento do número de células de leveduras em meio sólido produz uma colônia similar às colônias de bactéria ESPOROS SEXUADOS Um esporo sexuado fúngico resulta da reprodução sexuada, que consiste em três etapas: 1. Plasmogamia: Um núcleo haploide de uma célula doadora (+) penetra no citoplasma de uma célula receptora (-). 2. Cariogamia: Os núcleos (+) e (-) fundem-se formando um núcleo zigótico diploide. 3. Meiose: O núcleo diploide origina um núcleo haploide, esporos sexuados, dos quais alguns podem ser recombinantes genéticos. FUNGOS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA Os gêneros listados nos filos a seguir incluem muitos que são encontrados como contaminantes de alimentos e de culturas bacterianas em laboratórios. Zigomiceto Os zigomicetos, ou fungos de conjugação, são fungos filamentosos saprofíticos que apresentam hifas cenocíticas. Um exemplo é o Rhizopus stolonifer, o conhecido mofo preto do pão. Ascomycota Os ascomicetos incluem fungos com hifas septadas e algumas leveduras. Seus esporos assexuados normalmente são conídios produzidos em longas cadeias a partir do conidióforo. O termo conídio significa pó, e esses esporos são facilmente liberados da cadeia formada no conidióforo ao menor contato, flutuando no ar como poeira. Basidiomycota Os basidiomicetos, ou fungos em clava, também possuem hifas septadas. Este filo inclui fungos que produzem cogumelos. 2. IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS INFECÇÕES DOS FUNGOS E SEUS AGENTES DOENÇAS FÚNGICAS Qualquer infecção fúngica é chamada de micose. As micoses geralmente são infecções crônicas (de longa duração), uma vez que os fungos crescem devagar. CLASSIFICAÇÃO DAS MICOSES HUMANAS Além da classificação taxonômica formal dos fungos, as infecções fúngicas podem ser classificadas de acordo com os tecidos infectados, assim como pelas características específicas dos grupos de organismos. Micoses Superficiais As micoses superficiais são aquelas infecções que estão limitadas às superfícies da pele e dos pelos. Elas não são destrutivas e são apenas de importância cosmética. Os fungos associados a estas infecções superficiais incluem Malassezia spp., Hortae weneckii, Piedraia hortae e Trichosporon spp. Micoses Cutâneas As micoses cutâneas são infecções da camada queratinizada da pele, pelos e unhas. Essas infecções podem provocar uma resposta do hospedeiro e se tornar sintomáticas. Os sinais e sintomas incluem prurido, descamação, pelos tonsurados, lesões arredondadas na pele e unhas espessadas e opacas. Os dermatófitos são fungos classificados nos gêneros Trichophyton, Epidermophyton e Microsporum. As infecções da pele que envolvem estes organismos são chamadas de dermatofitoses. Tinea unguium se refere a infecções nas unhas que envolvem estes agentes. As onicomicoses incluem infecções das unhas causadas pelos dermatófitos, assim como também fungos não dermatófitos (p.ex., Candida. e Aspergillus spp.). Micoses Subcutâneas As micoses subcutâneas envolvem as camadas mais profundas da pele, incluindo a córnea, os músculos e o tecido conjuntivo, e são causadas por um largo espectro de fungos taxonomicamente diversos. Os fungos ganham acesso aos tecidos mais profundos em geral por inoculação traumática e permanecem localizados, causando a formação de abscessos e úlceras que não cicatrizam. O sistema imunológico do hospedeiro reconhece os fungos, resultando em destruição tecidual variável e frequentemente em uma hiperplasia epiteliomatosa. As infecções podem ser causadas por fungos filamentosos hialinos, tais como Acremonium spp. e Fusarium spp., e por fungos pigmentados ou dematiáceos, tais como Alternaria spp., Cladosporium spp., e Exophiala spp. As micoses subcutâneas tendem a permanecer localizadas e raras vezes se disseminam sistemicamente. Micoses Endêmicas As micoses endêmicas são infecções fúngicas causadas por patógenos fúngicos dimórficos clássicos: H. capsulatum, B. dermatitidis, Emmonsia pasteuriana, Coccidioides immitis, Coccidioides posadasii, Paracoccidioides brasiliensis e Talaromyces (Penicillium) marneffei. As micoses endêmicas são com frequência referidas como micoses sistêmicas, porque esses organismos são verdadeiros patógenos e podem causar infecções em indivíduos saudáveis. Todos esses agentes produzem uma infecção primária no pulmão, com subsequente disseminação para outros órgãos e tecidos. Micoses Oportunistas As micoses oportunistas são infecções atribuídas aos fungos que são por via de regra encontrados como comensais humanos ou no ambiente. Com exceção de Cryptococcus neoformans, estes organismos exibem uma virulência inerentemente baixa ou limitada, e causam infecções em indivíduos que estão debilitados, imunossuprimidos, ou são portadores de aparelhos protéticos implantados ou cateteres vasculares. Os patógenos fúngicos oportunistas mais comuns são as leveduras Candida spp. e Cryptococcus neoformans, o fungo filamentoso Aspergillus spp. e Pneumocystis jirovecii. 3. DESCREVER O MECANISMO DE AGRESSÃO E EVASÃO DOS FUNGOS MECANISMO DE AGRESSÃO Portas de entrada Por estarem presentes nos mais variados ambientes, as doenças causadas por fungos podem ocorrer de vários modos. Andar descalço, usar roupas úmidas por um longo tempo, utilizar roupas, meias e calçados de material sintético, utilizar chuveiros públicos, lava-pés, piscinas ou saunas, compartilhar alicates de cutículas, tesouras, e lixas não esterilizadas corretamente e não enxugar a pele adequadamente, sobretudo entre os dedos dos pés, virilha e embaixo das mamas. Mecanismos parecidos com as bactérias, leveduras apresentam cápsula, outras usam inibidores de complemento, produzem substâncias que destroem leucócitos. Mecanismos de agressão dos fungos Artrósporos Formam-se nas extremidades das hifas presentes no solo. Eles germinam no solo para formar novas hifas. Se inalados, os artrósporos diferenciam-se em esférulas, quando inalados agem diretamente no pulmão. Quando chegam e se fixam no pulmão os artrósporos formam grandes esférulas com parede dupla, espessa e refratária, que é preenchida com os endósporos. Quando ocorre a ruptura da parede, os endósporos são liberados e diferenciam-se em novas esférulas. O organismo pode disseminar-se no interior do indivíduo pela extensão direta ou via corrente sanguínea. Produção de proteases na aderência dos fungos aos tecidos. Doença Histoplasma Os esporos inalados são fagocitados pelos macrófagos e transformados em formas leveduriformes. Nos tecidos, H. capsulatum ocorre como uma levedura oval no interior dos macrófagos. As leveduras sobrevivem nas fagolisossomas dos macrófagos por meio da produção de substâncias alcalinas, como bicarbonato e amônia, as quais elevam o pH e inativam as enzimas degradativas dos fagolisossomos. Aspergillus fumigatus é capaz de colonizar e, posteriormente, invadir regiões danificadas da pele, de feridas, de queimaduras, da córnea, da orelha externa e dos seios paranasais. A. fumigatusé a causa mais comum de sinusite fúngica. Em pessoas imunocomprometidas, sobretudo as com neutropenia, o fungo invade os pulmões e outros órgãos, produzindo hemoptises e granulomas. MECANISMO DE EVASÃO DOS FUNGOS Conídios e algumas leveduras podem apresentar na sua superfície criptococos, cápsulas ou melanina. Essas substâncias acabam mascarando PAMPs própios de fungos e com isso tenho impedimento o reconhecimento via PRR. Temos a melanina inibindo a fagocitose e atuando como captura/neutralização dos ROS. Hifas produzem glicoproteínas (GAG), como gliotoxina e fumagilina, que são tóxicas aos neutrófilos, e acabam levando-as a apoptose. Inibição da netose. Hifas são capazes de produção de detecção e destruição de citosinas, proteases que neutralizam proteínas (GAG) especificas (IL17A, serve como uma citosina anti-inflamatória) ou levam a produção de substâncias que bloqueiam a adição de citocinas, como o receptor antagonista de interleucina 1,12, interferons e TNF(IL1Ra). GAG faz com que os macrófagos produzam IL1Ra, estimula IL-10 (anti-inflamatória) As proteases também servem para a resistência a hipóxia e estresse oxidativo. Inibem a inflamação. Candida Albican Encontrada na forma de levedura, o principal componente é o carboidrato chamado de BETA- glucanos, apresenta vários receptores de reconhecimento padrão, que é os PAMPS, vai ser reconhecida pelas DECTINA-1, TLR2 E TLR4, ativa o processo de fagocitose e no interior da célula ela pode ativar outros receptores (TLR9), isso leva a resposta de resistência da resposta imune, levando a produção de TH1/TH17. Quando a Candida albicans entra no tecido hospedeiro, ela muda a sua estrutura, de levedura passa a ser hifas, produzindo hifas ou pseudohifas, a composição molecular é agora ALFA- glucanos, que não são reconhecidos por todos os receptores de reconhecimento padrão, temos menos receptores as reconhecendo, sendo não passível de fagocitose, resposta de suscetibilidade (prevalência de TH2/Treg). 4. DESCREVER A RESPOSTA IMUNE INATA E ADAPTATIVA FRENTE UMA INFECÇÃO DE FUNGOS IMUNIDADE AOS FUNGOS As infecções fúngicas, também chamadas micoses, são causas importantes de morbidade e mortalidade em seres humanos. Algumas infecções fúngicas são endêmicas e, em geral, são causadas por fungos presentes no ambiente e cujos esporos entram nos seres humanos. Outras infecções fúngicas são ditas oportunísticas, porque os agentes causais provocam doença branda ou não causam doença em indivíduos sadios, mas podem infectar e causar doença grave em indivíduos imunodeficientes. A imunidade comprometida é o fator predisponente mais importante para as infecções fúngicas clinicamente significativas. A deficiência de neutrófilos como resultado de dano ou supressão da medula óssea com frequência está associada a estas infecções. As infecções fúngicas oportunistas também estão associadas à imunodeficiência causada pelo HIV e pela terapia para o câncer disseminado e a rejeição de transplantes. INATA Os principais mediadores da imunidade inata contra fungos são os neutrófilos e macrófagos. Os fagócitos e células dendríticas reconhecem os organismos fúngicos através dos TLRs e dos receptores do tipo lectina chamados dectinas. Os neutrófilos presumivelmente liberam substâncias fungicidas, tais como as espécies reativas de oxigênio e enzimas lisossomais e fagocitam os fungos para a morte intracelular. Incluem receptores de beta-glucano, receptores de manose, dectina-1 e receptores toll-like (TLRs), que reconhecem e respondem aos componentes da parede celular dos fungos. Estes receptores reconhecem o patógeno e dão início a uma cascata de sinalização levando a expressão de moléculas microbicidas e citocinas. Há participação de IFN-γ, aumentando a função de neutrófilos e macrófagos. ADAPTATIVA A imunidade celular é o principal mecanismo. As células TCD4+ e CD8+ cooperam para eliminar fungos. Muitos fungos extracelulares provocam fortes reações Th17, impulsionadas em parte pela ativação de células dendríticas, pela ligação de glucanas fúngicas à dectina-1, um receptor para este polissacarídeo fúngico. As células dendríticas ativadas através deste receptor de lectina produzem citocinas indutoras de Th17, como IL-6 e IL-23. Linfócito T naive vira Th17, vira IL-17 (estimula a inflamação, faz mais recrutamento de neutrófilo e monócitos) e IL-22 (mucosa, barreira) As células Th17 estimulam a inflamação e os neutrófilos e monócitos recrutados destroem os fungos. Estas respostas podem provocar a inflamação granulomatosa - Th1, que é uma importante causa de lesão tecidual no hospedeiro nessas infecções. Fungos também induzem respostas específicas de anticorpos que podem ser protetoras. Células T regulatórias são células supressoras antígeno-específicas, impedem o desenvolvimento de respostas autoimunes através da produção de TGF-beta e IL-10, ajudam a manter as respostas de células T sob controle e promovem o desenvolvimento de células de memória. Diferentes fungos infectam seres humanos e podem viver nos tecidos extracelulares e no interior dos fagócitos. Portanto, as respostas imunes a esses microrganismos muitas vezes são combinações das respostas a microrganismos extra e intracelulares. Entretanto, menos é conhecido acerca da imunidade antifúngica, do que sobre a imunidade contra bactérias e vírus. A falta de conhecimento é em virtude, parcialmente, da escassez de modelos animais para micoses, e parcialmente pelo fato de essas infecções tipicamente ocorrerem em indivíduos incapazes de montar respostas imunes efetivas. IMUNIDADE INATA AOS FUNGOS PAPEL DA IMUNIDADE INATA E DAS CÉLULAS TH17 NA DEFESA CONTRA A INFECÇÃO FÚNGICA Células dendríticas e macrófagos (não mostrado) reconhecem as glucanas fúngicas e liberam citocinas que estimulam células linfoides inatas (ILC3s) residentes nos tecidos a liberarem citocinas, principalmente IL-17, as quais recrutam neutrófilos e induzem produção de peptídeos antimicrobianos que protegem contra a infecção. As citocinas também podem recrutar diretamente neutrófilos. As células dendríticas também estimulam a diferenciação de células T CD4+ antígeno fúngico-específicas naive em células Th17 nos linfonodos drenantes, e as células Th17 migram de volta para o sítio de infecção. IMUNIDADE ADAPTATIVA AOS FUNGOS A imunidade mediada por células é o principal mecanismo da imunidade adaptativa contra as infecções por fungos intracelulares. Histoplasma capsulatum, um parasita intracelular facultativo que vive em macrófagos, é eliminado pelos mesmos mecanismos celulares que são efetivos contra bactérias intracelulares. Os fungos intracelulares também podem ser controlados em parte por células ILC1 que expressam T-beta, enquanto os fungos extracelulares podem ativar respostas de ILC3. Os principais mediadores da imunidade inata contra os fungos são os neutrófilos, macrófagos e ILCs. Macrófagos e células dendríticas percebem os organismos fúngicos através dos TLRs e receptores do tipo lectina, chamados dectinas, que reconhecem β- glucanas na superfície dos fungos. Macrófagos e células dendríticas liberam citocinas que recrutam e ativam neutrófilos diretamente ou via ativação de ILCs residentes teciduais. Os neutrófilos provavelmente liberam substâncias fungicidas, como as espécies reativas de oxigênio e as enzimas lisossômicas, e fagocitam os fungos para o killing intracelular. Cepas virulentas de Cryptococcus neoformans inibem a produção de citocinas, como TNF e IL-12, pelos macrófagos e estimulam a produção de IL-10, inibindo assim a ativação dessas células. Muitos fungos extracelulares deflagram fortes respostas Th17, que são dirigidas, em parte, pela ativação de células dendríticas pela ligação de glicanas fúngicas à dectina-1. As células dendríticas ativadas por meio desse receptor de lectina produzem citocinas Th17-indutoras, como IL-1, IL-6 e IL-23. Ascélulas Th17 estimulam inflamação, enquanto os neutrófilos recrutados e monócitos destroem os fungos. Indivíduos com respostas Th17 defeituosas são suscetíveis a infecções mucocutâneas crônicas por Candida. As respostas Th1 são protetoras nas infecções fúngicas intracelulares, como a histoplasmose, porém essas respostas podem deflagrar uma inflamação granulomatosa que causa importante lesão tecidual no hospedeiro nessas infecções. Os fungos também deflagram respostas de anticorpo específicas que podem ter valor protetor. 5. DESCREVER AS CARACTERÍSTICAS DOS HELMINTOS (CLASSIFICAÇÃO, ESTRUTURAS E REPRODUÇÃO) PLATELMINTOS – CARACTERÍSTICAS GERAIS - Triblásticos, acelomados, simetria bilateral (cefalização com gânglios cerebrais) - Vida livre em solo úmido, mar e água doce (planárias) ou parasitas (esquistossomo, tênias) PLATELMITNOS – FISIOLOGIA • Digestão: tubo digestório incompleto (com boca, sem ânus), digestão extracelular (exceção: tênias não apresentam aparelho digestório) • Sistemas respiratório e circulatório: ausentes • Sistema excretor: formado por células flama ou protonefrídeos, também responsáveis pela osmorregulação • Sistema nervoso: presente e do tipo ganglionar, presença de ocelos (captam variação de luminosidade), também presente um sistema muscular PLATELMINTOS – REPRODUÇÃO - Reprodução sexuada com fecundação interna e cruzada. Maioria hermafrodita (monoica) – vantagem: as duas saem “grávidas”, maior número de descendetes - São ovíparos e o desenvolvimento pode ser direto (planária) ou indireto - OBS: realizam regeneração (não é reprodução) PLATELMINTOS – CLASSIFICAÇÃO CLASSE CARACTERÍSTICA EXEMPLOS Tubelária Vida livre, aquáticos ou terrestres (úmido) Planária Cestoda Endoparasitas Tênia (ou solitária) Trematoda Parasitas Schistosoma mansoni Fasciola hepatica NEMATELMINTOS – CARACTERÍSTICAS GERAIS - Animais de corpo sem segmentação e com cutícula quitinosa - Triblásticos com simetria bilateral - Pseudocelomados com sistema digestório completo - Podem ser de vida livre (maioria), habitando ambientes terrestres, de água doce ou salgada NEMATELMINTOS – FISIOLOGIA • Nutrição: variada com digestão extracelular • Trocas gasosas, circulação e excreção: difusão (excreta nitrogenada: amônia) • Excreção de sais: renetes (específico de nematelmintos aquáticos de vida livre responsáveis pela osmorregulação) • Sistema nervoso: formado por gânglios cerebrais em forma de anel do qual partem cordões nervosos ventral e dorsal NEMATELMINTOS – REPRODUÇÃO - Maioria dioica, com dimorfismo sexual e reprodução sexuada 6. IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS INFECÇÕES DOS HELMINTOS E SEUS AGENTES PLATELMINTOS ESQUISTOSSOMOSE (BARRIGA D’ÁGUA) • Agente etiológico: Schistosoma mansoni (verme dioico com dimorfismo) • Contágio: penetração de larvas aquáticas Cercária na pele • Hospedeiro definitivo: ser humano e outros vertebrados • Hospedeiro intermediário: caramujo de água doce do gênero Biomphalaria • Sintomas: coceira na pele, febre, hepatoesplenomegalia, abdome distendido e dolorido • Profilaxia: saneamento básico, controle biológico do caramujo, tratamento dos doentes • Ciclo de vida: TENÍASE • Agente etiológico: Taenia solium (porco – espinhos + ventosas) Taenia saginata (boi – ventosas) • Contágio: ingestão de carne de porco/boi malpassadas contaminadas com cisticercos (larva da Tênia) • Hospedeiro intermediário: porco e boi • Sintomas: dores abdominais, náuseas, fraqueza, perda de peso, aumento de apetite e calafrios • Profilaxia: saneamento básico e evitar carne malpassada • Ciclo de vida: CISTICERCOSE • Agente etiológico: Taenia solium • Hospedeiro intermediário: homem (exerce o papel que o porco desempenha no ciclo da teníase) • Contágio: consumo de ovos por auto contaminação (água) Tênia: único exemplo de autofecundação nos platelmintos = solitária) • Complicação: neurocisticercose • Sintomas: descolamento de retina, catarata, cegueira, leptomeningite, paralisia, derrame • Profilaxia: saneamento básico, higiene sanitária, lavagem de alimentos consumidos crus, filtragem e fervura de água, tratamento de doentes • Ciclo de vida: NEMATELMINTOS ASCARIDÍASE OU LOMBRIGA • Agente etiológico: Ascaris lumbricoides • Contaminação: ingestão de ovos presentes na água e/ou alimentos (ciclo oral fecal) • Sintomas: cólicas abdominais, náuseas, perda de apetite, emagrecimento, desnutrição, sono intranquilo, dificuldade respiratória, tosse e pneumonia • Profilaxia: saneamento básico, lavar bem alimentos e ferver/filtrar água e tratamento de doentes • Ciclo de vida: ESTRONGILOIDÍASE • Agente etiológico: Strongyloides stercolaris • Contaminação: ingestão de larvas em água e alimentos contaminados ou fezes de cães e gatos ou humanos contaminados • Sintomas: dor abdominal, diarreia, exantema (erupção avermelhada cutânea), tosse e sibilos (assovios durante a respiração) e eosinofilia (eosinófilos mais que 500/mm3) • Profilaxia: saneamento básico, lavar bem alimentos e ferver/filtrar água e tratamento de doentes ANCILOSTOMOSE OU AMARELÃO (DOENÇA DO JECA TATU) • Agente etiológico: Ancylostoma duodenale ou Necator americanus • Contaminação: penetração ativa das larvas na pele • Sintomas: diarreia, dor abdominal, anemia com amarelamento da pele, fadiga, cansaço e desnutrição • Profilaxia: saneamento básico, uso de calçados e tratamento dos doentes Apresenta fase pulmonar, o verme passa pelo intestino duas vezes • Ciclo de vida: FILARIOSE OU ELFANTÍASE • Agente etiológico: Wuchereria bancrofti • Contaminação: penetração durante a picada do mosquito Culex • Hospedeiro definitivo: homem • Hospedeiro intermediário: mosquito Culex • Sintomas: febre recorrente, diminuição da força física, dores musculares e de cabeça, inflamação dos nódulos e vasos linfáticos, urina com sangue e gordurosa, inchaço (elefantíase) dos membros, mamas e órgãos genitais • Profilaxia: uso de repelentes, combate ao mosquito e cuidado com os doentes • Ciclo de vida: ENTEROBIOSE OU OXIUROSE • Agente etiológico: Enterobius vermicularis • Contaminação: ingestão de ovos presentes na água e/ou alimentos (ciclo oral fecal) • Sintoma: coceira anal • Profilaxia: saneamento básico, hábitos de higiene e tratamento dos doentes ONCOCERCOSE • Agente etiológico: Oncocerca volvulus • Contaminação: picada da fêmea de simulídeos (borrachudo) • Hospedeiro definitivo: homem • Hospedeiro intermediário: Borrachudo (Simulium sp.) • Sintomas: nódulos inflamatórios, lesões cutâneas e coceiras • Profilaxia: uso de repelentes, telas mosquiteiras e tratamento dos doentes 7. DESCREVER O MECANISMO DE AGRESSÃO E EVASÃO DOS HELMINTOS AGRESSÃO Os parasitas são quase sempre exógenos ao hospedeiro humano e, dessa forma, devem entrar no corpo através de ingestão ou penetração direta por barreiras anatômicas. Muitos parasitas têm meios ativos, autônomos, para a invasão do hospedeiro humano. Uma vez que tenham invadido, os parasitas atacam células ou órgãos específicos dos hospedeiros, evitam a detecção imune, multiplicam-se e produzem substâncias toxicas que destroem tecidos e causam doença secundaria à própria resposta imune do hospedeiro. Além disso, alguns parasitas obstruem e danificam fisicamente órgãos e tecidos apenas em função de seu tamanho. Os modos de entrada mais comuns são ingestão ou penetração direta através de pele ou de outras superfícies. A transmissão da doença parasitaria é facilitada por contaminação ambiental Apresenta fase pulmonar, o verme passa pelo intestino uma vez com dejetos humanos e animais. Isto se aplica a doenças transmissíveis por via fecal-oral, mas também a infecções helmínticas, como a ancilostomíase e estrongiloidíase, que se baseiam na penetração da pele por larvas. Muitas doenças parasitarias são adquiridas por meio de picadas de vetores artrópodes. A maioria das infecçõesé iniciada pela adesão do organismo aos tecidos do hospedeiro, seguida por multiplicação para o estabelecimento da colonização. O ciclo de vida de um parasita é baseado na espécie e nos tropismos pelo tecido, que determinam os órgãos ou tecidos nos quais o parasita pode sobreviver. A adesão do parasita às células ou aos tecidos do hospedeiro pode ser relativamente inespecífica, pode ser mediada por aparelho bucal mecânico ou picador, ou ainda pode resultar da interação entre estruturas na superfície do parasita conhecidas como adesinas e receptores específicos de glicoproteinas ou glicolipídios encontrados em alguns tipos de células. Estruturas de superfície específica que facilitam a adesão de parasitas incluem glicoproteinas de superfície, tais como glicoforina A e B, receptores do complemento, componentes adsorvidos da cascata do complemento, fibronectina e conjugação de N-acetilglicosamina. Após a fixação ao tipo de célula ou tecido específico, o parasita pode apresentar multiplicação como etapa seguinte no estabelecimento da infecção. A doença parasitaria pode ser estabelecida por elaboração de produtos tóxicos, dano tecidual mecânico e reações imunopatológicas. Proteases e fosfolipases podem ser secretadas e liberadas na destruição dos parasitas. Essas enzimas podem causar destruição da célula hospedeira, respostas inflamatórias e patologia tecidual grosseira. Ao contrário dos parasitas protozoários, muitas das consequências patogênicas de infecções helmínticas são relacionadas a tamanho, movimentação e longevidade dos parasitas. O hospedeiro é exposto a dano de longo prazo e à estimulação imune, além das consequências físicas abruptas de serem habitados por grandes corpos estranhos. As formas mais óbvias de dano direto por helmintos parasitas são aquelas que resultam do bloqueio mecânico de órgãos internos, ou dos efeitos da pressão exercida por parasitas em crescimento. A migração de helmintos através dos tecidos do corpo, como pele, pulmões, fígado, intestinos, olhos e SNC, pode causar dano direto aos tecidos e iniciar reações de hipersensibilidade. EVASÃO O parasita deve ser capaz de escapar do sistema de defesa imune do hospedeiro para que o processo da doença se manifeste. Como outros organismos, os parasitas despertam respostas imunes humorais e mediadas por células, no entanto, eles têm uma propensão particular para interferir nestes mecanismos de defesa ou evitá-los. Os danos determinados na dinâmica da relação hospedeiro-parasita podem ser classificados em: ○ Diretos: determinados pelo parasita e substâncias por ele secretados. ○ Indiretos: quando acarretados pela reação do hospedeiro ao parasitismo. Mecanismos ○ Espoliativo: é o determinado por perda de substâncias nutritivas pelo organismo do hospedeiro, podendo o mesmo ser acarretado por perda direta de nutrientes (P.e. Gên. Taenia), tecidos sólidos ou hematofagismo (P.e. ancilostomídeos). ○ Enzimático: é determinado pela liberação de secreções enzimáticas produzidas por parasitas, que determinam destruição tecidual de extensão variável. (P.e. Entamoeba histolytica e larvas infectante de ancilostomídeos). ○ Inflamatório/Hipersensibilizante: a maioria dos mecanismos acima leva a uma resposta inflamatória de forma indireta ou diretamente por liberação de substâncias que ativam esses mecanismos. Inclui-se aqui a hipersensibilidade que se constitui também em elemento gerador de resposta inflamatória. (P.e. Larvas de helmintos que fazem ciclos pulmonares). ○ Imunodepressor: é determinado por metabólitos liberados pelo parasita ou por outros mecanismos que possam reduzir a capacidade de resposta defensiva do hospedeiro. (P.e. Leishmania donovani). ○ Neoplásico: algumas parasitoses crônicas, através de liberação de metabólitos ou reações inflamatórias crônicas ou de sua consequência, podem levar a gênese de tumores malignos. (P.e. Schistosoma haematobium e neoplasia de bexiga). Os parasitas escapam da imunidade protetora reduzindo a sua imunogenicidade e pela inibição das respostas imunológicas do hospedeiro. Alteram seus antígenos de superfície durante o seu ciclo de vida em hospedeiros vertebrados. Existem duas formas de variação antigênica bem definidas: ○ A primeira é uma alteração fase-específica na expressão dos antígenos, de modo a que os estágios teciduais maduros de parasitas produzem antígenos diferentes daqueles das fases infecciosas. Por exemplo, a fase dos esporozoítos infectantes dos parasitas da malária é antigenicamente distinta dos merozoítos que residem no hospedeiro e são responsáveis pela infecção crônica. No momento em que o sistema imunológico responde à infecção por esporozoítos, o parasita já tem se diferenciado, expressa novos antígenos e não é mais um alvo para a eliminação imunológica. ○ O segundo e mais notável é a variação contínua dos principais antígenos de superfície observada em tripanossomas africanos como o Trypanosoma brucei e o Trypanosoma rhodesiense. A variação antigênica contínua de tripanossomas é principalmente devida a mudanças na expressão dos genes que codificam o maior antígeno de superfície. Os pacientes infectados apresentam ondas de parasitemia no sangue e cada onda consiste de parasitas que expressam um antígeno de superfície diferente daquele da onda anterior. Assim, no momento em que o hospedeiro produz anticorpos contra o parasita, um organismo antigenicamente diferente já se desenvolveu. Os parasitas se tornam resistentes aos mecanismos imunológicos efetores durante a sua permanência em hospedeiros vertebrados, já que durante esta migração, desenvolvem um tegumento resistente a danos pelo complemento e pelos CTLs. 8. DESCREVER A RESPOSTA IMUNE INATA E ADAPTATIVA FRENTE UMA INFECÇÃO DE HELMINTOS IMUNIDADE INATA Os eosinófilos liberam grânulos contendo substâncias que destroem o tegumento dos helmintos, além disso fagócitos (neutrófilos e macrófagos) podem liberar substâncias microbicidas. Helmintos desenvolveram resistência contra lise mediada pelo complemento (via alternativa) IMUNIDADE ADAPTATIVA Infecções helmínticas são mediadas principalmente pela ação de Th2 que estimula a produção de IgE (pelo IL-4) pelas células B e consequente ativação dos eosinófilos (também pode ocorrer pelo IL-5 produzido pelas Th2) IMUNIDADE AOS PARASITAS Os parasitas incluem protozoários unicelulares, vermes multicelulares complexos (helmintos) e ectoparasitas (p. ex.: carrapatos e ácaros). A maioria dos parasitas passa por ciclos de vida complexos, parte dos quais ocorre em seres humanos (ou outros vertebrados) e parte em hospedeiros intermediários, como moscas, carrapatos e caracóis. Os seres humanos geralmente são infectados pelas picadas dos hospedeiros intermediários infectados ou a partir do compartilhamento de um hábitat particular com um hospedeiro intermediário. Muitas infecções parasitárias são crônicas, por causa de uma imunidade inata fraca e da habilidade dos parasitas de evadir ou resistir à eliminação pelas respostas imunes adaptativas. INATA Apesar de diferentes agentes parasitários como os protozoários e helmintos terem demonstrado ativar diferentes mecanismos da imunidade inata, estes organismos são muitas vezes capazes de sobreviver e replicar em seus hospedeiros, porque eles são bem adaptados para resistir às defesas do hospedeiro. Os eosinófilos contribuem para a resposta inata aos helmintos liberando os conteúdos dos grânulos que são capazes de destruir os tegumentos dos vermes. Os fagócitos também podem atacar os parasitas helmintos e secretar substâncias microbicidas para matar organismos que são muito grandes para serem fagocitados. No entanto, muitos helmintos possuem tegumentos espessos que os tornam resistentes aos mecanismos citocidas de neutrófilos e macrófagos, e que são muito grandes para serem ingeridos pelos fagócitos. Alguns helmintos podem ativar a via alternativa do complemento, embora parasitasobtidos de hospedeiros infectados parecem ter desenvolvido resistência à lise mediada pelo complemento. ADAPTATIVA A defesa contra muitas infecções por helmintos é mediada pela ativação das células Th2, o que resulta na produção de anticorpos IgE e ativação de eosinófilos. Os helmintos estimulam a diferenciação de células TCD4+ imaturas (naive) para o subconjunto de células efetoras Th2, que secretam IL-4 e IL-5. A IL-4 estimula a produção de IgE, a qual se liga ao receptor Fc de eosinófilos e de mastócitos e a IL-5 estimula o desenvolvimento dos eosinófilos e ativa os eosinófilos. A IgE reveste os parasitas e os eosinófilos se ligam à IgE e são ativados para liberar seus conteúdos granulares, que destroem os helmintos. As ações combinadas de mastócitos e eosinófilos também contribuem para a expulsão dos parasitas do intestino. A expulsão de alguns nematódeos intestinais pode ocorrer devido a mecanismos dependentes de IL-4 que não requerem IgE, como o aumento da peristalse. As respostas imunológicas adaptativas contra parasitas também podem contribuir para a lesão tecidual. Alguns parasitas e seus produtos induzem respostas granulomatosas com fibrose concomitante. Tais granulomas induzidos por Th2 servem para conter os ovos, mas a fibrose grave associada a esta resposta imune crônica mediada por células leva a cirrose, interrupção do fluxo de sangue venoso no fígado e hipertensão portal. 9. DESCREVER AS CARACTERÍSTICAS DOS PROTOZOÁRIOS (CLASSIFICAÇÃO, ESTRUTURAS E REPRODUÇÃO) CARACTERÍSTICAS GERAIS - Unicelulares exclusivamente; - Eucariontes; - Heterótrofos exclusivamente - Podem ser de vida livre, parasitas, mutualistas e comensais; FISIOLOGIA • Digestão: heterótrofos e se alimentam de bactérias, fungos, algas, etc., por meio da fagocitose. A digestão é intracelular. • Trocas gasosas e excreção: as trocas gasosas e a eliminação de excretas ocorre por difusão. • A osmorregulação para protozoários de água doce ocorre por uma organela específica – o vacúolo contrátil. Como o protozoário é mais concentrado que o meio, tende a ganhar água por osmose, aumentando de tamanho. Para não estourar, o vacúolo elimina o excesso de água. REPRODUÇÃO • Divisão binária: assexuada, falta de variabilidade • Esquizogonia: assexuada, protozoários parasitas que mudam de forma ao longo da vida • Conjugação: sexuada, duplicação do micronúcleo, troca de micronúcleos, garante variabilidade CLASSIFICAÇÃO São classificados de acordo com o meio de locomoção: • Sarcodina ou Rhizopoda: pseudópodes (ex: ameba) • Ciliados ou Ciliophora: cílios (ex: paramécio) • Flagelados ou Mastigophora: flagelos (ex: Trypanosoma cruzi) • Esporozoários ou Apicomplexa: sem estrutura de locomoção (ex: plasmódio) 10. IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS INFECÇÕES DOS PROTOZOÁRIOS E SEUS AGENTES GIARDÍASE • Agente etiológico: Giardia lamblia • Contaminação: ingestão de água e alimentos contendo cistos de Giárdia • Sintomas: dores abdominais, disenteria e eliminação de fezes sanguinolentas • Profilaxia: saneamento básico • Ciclo de vida: AMEBÍASE • Agente etiológico: Entamoeba histolytica • Contaminação: ciclo oral fecal, ingestão de cistos (formas de resistência desses protozoários quando em contato com o ambiente externo ao hospedeiro) na água ou em alimentos mal lavados • Hospedeiro definitivo: homem • Sintomas: dores abdominais, disenteria, eliminação de fezes sanguinolentas • Profilaxia: saneamento básico • Ciclo de vida: MALÁRIA • Agente etiológico: Plasmodium sp. P. vivax – febre terçã benigna P. falciparum – febre terçã meligna P. malariae – febre quartã benigna • Vetor: mosquito Anopheles (fêmea) = mosquito prego • Contaminação: picada do mosquito Anopheles (o protozoário está na saliva) • Hospedeiro intermediário: homem • Sintomas: agudos (similar à gripe) e crônicos (febre terçã/quartã) • Profilaxia: controle do mosquito, uso de mosquiteiras, cuidado com os doentes • Ciclo de vida: LEISHMANIOSE • Agente etiológico: Leishmania sp. L. brasiliensis (a) L. donovani (b) • Vetor: Flebotomíneos (fêmea) / Lutzomya – popularmente chamado de mosquito palha ou birigui • Contaminação: picada do mosquito. No local formam feridas/úlceras, onde os protozoários se acumulam • Sintomas: (a) Úlcera de Bauru/Leishmaniose Tegumentar= lesões na pele geralmente indolores e que podem produzir pus ou aumentar de tamanho, difícil cicatrização • Lise das hemácias: liberação de citocinas – picos de febre • Anemia falciforme: torna a pessoa imune – merozoíto não consegue entrar na hemácia + menor tempo de vida da hemácia (b) Calazar/ Leishmaniose Visceral= febre, hepatomegalia, anemia, alterações pulmonares e renais, fraqueza e emagrecimento, pode levar à morte • Profilaxia: controle do mosquito, cuidado com os doentes, uso de mosquiteiras e repelentes e cuidado com a saúde de cães e gatos • Ciclo de vida: TOXOPLASMOSE • Agente etiológico: Toxoplasma gondii • Vetor: gatos (fezes) • Contaminação: congênita (placenta), oral (ingestão de cistos do parasita presentes em carnes cruas ou malpassadas, na água, frutas ou verduras cruas) • Sintomas: alterações da retina, problemas de audição, alteração mental, entre outros • Profilaxia: evitar carne crua ou malpassada, evitar o contato com as fezes de gatos e cachorros, comer apenas alimentos bem lavados e ingerir somente água tratada, filtrada ou fervida • Hospedeiro intermediário: homem • Ciclo de vida: MAL DE CHAGAS OU TRIPANOSSOMÍASE • Agente etiológico: Trypanosoma cruzi • Vetor: percevejo barbeiro (Triatoma infestans) • Contaminação: penetração de protozoários eliminados nas fezes do barbeiro na corrente sanguínea através de mucosas ou diretamente pelo local da picada (coçar) + alimentos (açaí, cana), leite materno, placenta, transfusões • Sintomas: agudos (sinal de Romanã, febre e mal-estar) e crônicos (batimentos cardíacos desregulares e constipação) • Profilaxia: melhoria das moradias, interromper o avanço de populações em áreas silvestres e uso de mosquiteiras • Ciclo de vida: TRICOMONÍASE • Agente etiológico: Trichomonas vaginalis • Contaminação: IST, raramente pode ser transmitida por vias não sexuais, como o compartilhamento de objetos pessoais íntimos (toalhas e roupas íntimas) • Sintomas: homem – assintomático mulher – aumento de corrimento vaginal de coloração esverdeada, pode causar infertilidade • Profilaxia: uso de preservativos 11. DESCREVER O MECANISMO DE AGRESSÃO E EVASÃO DOS PROTOZOÁRIOS PATOGENICIDADE DOS PROTOZOÁRIOS Os plasmódios causam ruptura das hemácias, gerando sintomas graves que caracterizam a Malária. O toxoplasma entra por fagocitose nos macrófagos, mas é capaz de impedir a acidificação e a digestão dentro do vacúolo e, por conseguinte, consegue se reproduzir A giárdia adere-se ao epitélio intestinal por meio de um ducto de sucção que o permite digerir as células e os fluídos intestinais. Ela causa diarreia. Giárdia causa diarreia e Tripanossoma cruzi causa doença do sono, ambos por um período longo de tempo. O que permite isso é a variação antigênica. Pois durante seu ciclo de vida eles mudam suas propriedades (pode produzir mais de mil antígenos diferentes), dificultando a ação do sistema imune (e a formulação de vacinas também). Podem usar vetores como artrópodes para invadir o hospedeiro. Os parasitas protozoários podem esconder-se do sistema imunológico por viver no interior das células do hospedeiro ou pelo desenvolvimento de cistos resistentes aos efetores imunológicos. Alguns parasitas helmínticos residem nos lumens intestinaise estão a salvo dos mecanismos imunológicos efetores mediados por células. Também podem expelir suas capas antigênicas espontaneamente ou após a ligação a anticorpos específicos. Alguns parasitas estimulam o desenvolvimento das células T reguladoras, que suprimem a resposta imunológica o suficiente para permitir a persistência dos parasitas. Uma imunossupressão mais inespecífica e generalizada é observada na malária e na tripanossomíase africana. Esta imunodeficiência tem sido atribuída à produção de citocinas imunossupressoras por macrófagos ativados e células T e defeitos na ativação de células T. https://www.youtube.com/watch?v=zOQ9gg5VaXU&t=5s https://www.youtube.com/watch?v=Jwf6GIOkfsU&t=1s 12. DESCREVER A RESPOSTA IMUNE INATA E ADAPTATIVA FRENTE UMA INFECÇÃO DE PROTOZOÁRIOS IMUNIDADE AOS PARASITAS Os parasitas incluem protozoários unicelulares, vermes multicelulares complexos (helmintos) e ectoparasitas (p. ex.: carrapatos e ácaros). A maioria dos parasitas passa por ciclos de vida complexos, parte dos quais ocorre em seres humanos (ou outros vertebrados) e parte em hospedeiros intermediários, como moscas, carrapatos e caracóis. Os seres humanos geralmente são infectados pelas picadas dos hospedeiros intermediários infectados ou a partir do compartilhamento de um hábitat particular com um hospedeiro intermediário. Muitas infecções parasitárias são crônicas, por causa de uma imunidade inata fraca e da habilidade dos parasitas de evadir ou resistir à eliminação pelas respostas imunes adaptativas. INATA Apesar de diferentes agentes parasitários como os protozoários e helmintos terem demonstrado ativar diferentes mecanismos da imunidade inata, estes organismos são muitas vezes capazes de sobreviver e replicar em seus hospedeiros, porque eles são bem adaptados para resistir às defesas do hospedeiro. A principal resposta da imunidade inata aos protozoários é a fagocitose, mas muitos desses parasitas são resistentes à fagocitose e podem se replicar mesmo dentro de macrófagos. Alguns protozoários expressam moléculas de superfície que são reconhecidas por TLRs e ativam os fagócitos. As espécies de Plasmodium (o protozoário responsável pela malária), o Toxoplasma gondii (o agente que causa a toxoplasmose), e espécies de Cryptosporidium (o principal parasita que causa a diarreia em pacientes infectados pelo HIV), todos expressam lipídios glicosilfosfatidilinositol que podem ativar TLR2 e TLR4. ADAPTATIVA Alguns protozoários patogênicos evoluíram para sobreviver dentro das células hospedeiras, por isso a imunidade protetora contra estes organismos é mediada por mecanismos similares àqueles que eliminam bactérias e vírus intracelulares. O principal mecanismo de defesa contra os protozoários que sobrevivem dentro de macrófagos é a resposta imunológica mediada por células, em particular pela ativação de macrófagos por citocinas derivadas de células TH1 (intracelular- CD8). A ativação das células Th2 (extracelular) pelos protozoários resulta no aumento da sobrevivência do parasita e na exacerbação de lesões devido às ações supressoras de citocinas Th2 de macrófagos. Protozoários que se replicam dentro de várias células do hospedeiro e lisam estas células, estimulam anticorpos específicos e as respostas de CTL, semelhante aos vírus citopáticos. A citocina IFN-γ tem sido apresentada como protetora em muitas infecções por protozoários, incluindo malária, toxoplasmose e criptosporidiose. sobrevivência de parasitas e exacerbação das lesões, porque as citocinas Th2 inibem a ativação clássica dos macrófagos. A promoção da resposta Th1 ou a inibição da resposta Th2 em linhagens suscetíveis aumenta sua resistência à infecção. PAPEL DAS CÉLULAS T E CITOCINAS NA DETERMINAÇÃO DO DESFECHO DAS INFECÇÕES Os linfócitos T CD4+ naive podem se diferenciar em células Th1, as quais ativam fagócitos para a destruição de microrganismos ingeridos, e em células Th2, que inibem essa via clássica de ativação dos macrófagos. Os protozoários se replicam dentro de várias células hospedeiras e as lisam, estimulando respostas específicas de anticorpo e CTL, similarmente aos vírus citopáticos. Um exemplo desse tipo de organismo é o parasita da malária, que reside principalmente nas hemácias e em hepatócitos durante seu ciclo de vida. EVASÃO O parasita deve ser capaz de escapar do sistema de defesa imune do hospedeiro para que o processo da doença se manifeste. Como outros organismos, os parasitas despertam respostas imunes humorais e mediadas por células, no entanto, eles têm uma propensão particular para interferir nestes mecanismos de defesa ou evitá-los. Os danos determinados na dinâmica da relação hospedeiro-parasita podem ser classificados em: ○ Diretos: determinados pelo parasita e substâncias por ele secretados. ○ Indiretos: quando acarretados pela reação do hospedeiro ao parasitismo. O principal mecanismo de defesa contra os protozoários que sobrevivem nos macrófagos é a imunidade celular, particularmente a ativação de macrófagos por citocinas derivadas de células Th1. A resistência à infecção está associada à ativação de células Th1 as quais produzem IFN-γ e, dessa forma, ativam os macrófagos para destruir parasitas intracelulares. Ao contrário, a ativação de células Th2 pelos protozoários resulta em aumentada Mecanismos ○ Espoliativo: é o determinado por perda de substâncias nutritivas pelo organismo do hospedeiro, podendo o mesmo ser acarretado por perda direta de nutrientes (P.e. Gên. Taenia), tecidos sólidos ou hematofagismo (P.e. ancilostomídeos). ○ Enzimático: é determinado pela liberação de secreções enzimáticas produzidas por parasitas, que determinam destruição tecidual de extensão variável. (P.e. Entamoeba histolytica e larvas infectante de ancilostomídeos). ○ Inflamatório/Hipersensibilizante: a maioria dos mecanismos acima leva a uma resposta inflamatória de forma indireta ou diretamente por liberação de substâncias que ativam esses mecanismos. Inclui-se aqui a hipersensibilidade que se constitui também em elemento gerador de resposta inflamatória. (P.e. Larvas de helmintos que fazem ciclos pulmonares). ○ Imunodepressor: é determinado por metabólitos liberados pelo parasita ou por outros mecanismos que possam reduzir a capacidade de resposta defensiva do hospedeiro. (P.e. Leishmania donovani). ○ Neoplásico: algumas parasitoses crônicas, através de liberação de metabólitos ou reações inflamatórias crônicas ou de sua consequência, podem levar a gênese de tumores malignos. (P.e. Schistosoma haematobium e neoplasia de bexiga). Os parasitas escapam da imunidade protetora reduzindo a sua imunogenicidade e pela inibição das respostas imunológicas do hospedeiro. Alteram seus antígenos de superfície durante o seu ciclo de vida em hospedeiros vertebrados. Existem duas formas de variação antigênica bem definidas: ○ A primeira é uma alteração fase-específica na expressão dos antígenos, de modo a que os estágios teciduais maduros de parasitas produzem antígenos diferentes daqueles das fases infecciosas. Por exemplo, a fase dos esporozoítos infectantes dos parasitas da malária é antigenicamente distinta dos merozoítos que residem no hospedeiro e são responsáveis pela infecção crônica. No momento em que o sistema imunológico responde à infecção por esporozoítos, o parasita já tem se diferenciado, expressa novos antígenos e não é mais um alvo para a eliminação imunológica. ○ O segundo e mais notável é a variação contínua dos principais antígenos de superfície observada em tripanossomas africanos como o Trypanosoma brucei e o Trypanosoma rhodesiense. A variação antigênica contínua de tripanossomas é principalmente devida a mudanças na expressão dos genes que codificam o maior antígeno de superfície. Os pacientes infectados apresentam ondas de parasitemia no sangue e cada onda consiste de parasitas que expressam um antígeno de superfíciediferente daquele da onda anterior. Assim, no momento em que o hospedeiro produz anticorpos contra o parasita, um organismo antigenicamente diferente já se desenvolveu. Os parasitas se tornam resistentes aos mecanismos imunológicos efetores durante a sua permanência em hospedeiros vertebrados, já que durante esta migração, desenvolvem um tegumento resistente a danos pelo complemento e pelos CTLs. 13. EXPLICAR O MECANISMO DE AÇÃO DE ANTIFÚNGICOS E ANTIPARASITÁRIOS No caso da terapia antifúngica, há vários mecanismos que podem ser considerados no desenvolvimento de uma estratégia de tratamento combinado efetivo. (1) Diferentes estágios da mesma via bioquímica podem ser inibidos. Essa é uma abordagem clássica para a obtenção de sinergismo com agentes anti-infecciosos. (2) A penetração aumentada de um agente dentro da célula, em virtude da ação permeabilizante de outro agente sobre a parede celular ou membrana celular fúngica, pode ser alcançada. (3) A inibição do transporte de um agente para fora da célula por outro agente pode ser alcançada. Muitos fungos utilizam as bombas de efluxo dependentes de energia para bombear ativamente agentes antifúngicos para fora da célula, evitando os efeitos tóxicos do antifúngico. (4) Inibição simultânea de diferentes alvos da célula fúngica. A inibição da síntese da parede celular por um agente com a caspofungina, associada à perda da função da membrana celular pela anfotericina B ou azólicos, é um exemplo desse tipo de combinação. Embora o valor potencial da terapia antifúngica combinada seja um atrativo, existem possíveis desvantagens para essa estratégia que devem ser consideradas. O antagonismo entre os agentes antifúngicos, quando utilizados em combinação, também é uma possibilidade distinta e pode ocorrer por vários mecanismos diferentes. (1) A ação de um agente resulta na diminuição do alvo de outro agente. (2) A ação de um agente antifúngico resulta na modificação do alvo de outro agente. (3) Bloqueio do sítio-alvo de um agente por outro pode ocorrer. AGENTES ANTIPARASITÁRIOS Em grande parte, as dificuldades no tratamento das doenças parasitárias se originam do fato de os parasitas serem organismos eucarióticos e, por isso, mais semelhantes ao hospedeiro humano que as bactérias patogênicas procarióticas cujo tratamento é bem-sucedido. Além disso, a infecção crônica de curso prolongado, os ciclos biológicos complexos e os vários estágios de desenvolvimento de muitos parasitas são fatores que dificultam uma intervenção quimioterápica efetiva. AGENTES ANTIFÚNGICOS Desde o domínio exclusivo dos agentes anfotericina B e 5- fluorocitosina, que eram tóxicos e difíceis de usar, o tratamento da doença fúngica tem avançado pela disponibilidade de novos agentes ativos sistemicamente e novas formulações de outros agentes antigos que fornecem eficácia comparável ou mesmo superior, com toxicidade menos significativa. Apesar de as abordagens quimioterápicas poderem ser usadas efetivamente para tratar e prevenir muitas infecções parasitárias, alguns agentes apresentam efeitos colaterais ou eventualmente encontram resistência (microbiana e social). A maioria dos agentes antiparasitários é muito cara para ser usada amplamente em países pobres de recursos. Por isso, a abordagem global para prevenção e tratamento das doenças parasitárias deve envolver várias estratégias, incluindo melhorias de higiene e saneamento, controle dos vetores das doenças, vacinação, caso esteja disponível e administração de quimioterapia segura e eficiente para fins profiláticos e terapêuticos. Atualmente, essas estratégias também devem incluir esforços para diminuir a transmissão da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana. Alvos para a Ação de Fármacos Antiparasitários Como organismos eucarióticos, os parasitas apresentam mais similaridades que diferenças em relação ao homem. Consequentemente, muitos agentes antiparasitários atuam em vias (síntese de ácido nucleico, metabolismo de carboidratos) ou alvos (função neuromuscular) compartilhados pelo parasita e seu hospedeiro. Por essa razão, o desenvolvimento de fármacos antiparasitários seguros e eficazes com base nas diferenças bioquímicas existentes entre o parasita e o hospedeiro tem sido difícil. AGENTES ANTIPROTOZOÁRIOS Similares aos agentes antibacterianos e antifúngicos, os agentes antiprotozoários geralmente são direcionados a células jovens, em crescimento, que proliferam rapidamente. Os agentes mais comuns desse tipo atuam na síntese de ácidos nucleicos e de proteínas ou em vias metabólicas específicas (p.ex., metabolismo do folato) que são unicamente de protozoários parasitas. AGENTES ANTI-HELMÍNTICOS A estratégia para uso de fármacos anti-helmínticos é bem diferente daquela para uso dos fármacos utilizados no tratamento da maioria das infecções por protozoários. A maior parte dos fármacos anti-helmínticos é direcionada a organismos adultos não proliferantes, enquanto no caso dos protozoários, os alvos na maioria das vezes são células mais jovens, que proliferam mais rapidamente. O ciclo de vida de um helminto com frequência é bem mais complexo, e a adaptação para sobrevivência no hospedeiro humano depende fortemente de: (1) coordenação neuromuscular para realização de movimentos a fim de se alimentar e de se manter em um local favorável junto ao hospedeiro; (2) metabolismo de carboidratos como principal fonte de obtenção de energia, utilizando glicose como substrato principal; (3) integridade microtubular, uma vez que a deposição e eclosão dos ovos, desenvolvimento das larvas, transporte de glicose e atividade enzimática e secreção ficam prejudicados quando os microtúbulos são modificados. A maioria dos agentes anti-helmínticos é direcionada a uma dessas funções bioquímicas no organismo adulto. 14. DIFERENCIAR IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA DE CONGÊNITA A imunodeficiência é uma desordem do sistema imunológico, que provoca seu mau funcionamento, revelando-se na incapacidade de o organismo ter uma resposta imunitária efetiva. Consideram-se, geralmente, tem os dois tipos de imunodeficiências: a primária ou congênita, resultante de uma alteração genética ou anomalia no desenvolvimento, e a secundária ou adquirida, resultante de infecções ou de stress no sistema imunitário. IMUNODEFICIÊNCIA CONGÊNITA São situações raras que afetam os linfócitos B, T e NK, os fagócitos ou outros componentes do sistema complemento. O caso mais agudo é o da imunodeficiência combinada severa na qual não existem linfócitos T e B funcionais ou ocorrem em tão baixa quantidade que são praticamente inúteis. Os indivíduos com esta imunodeficiência morrem precocemente ainda crianças com doenças infecciosas. A menos que vivam em condições totalmente assépticas ou sofram um transplante de medula óssea, a taxa de sobrevivência é muitíssimo reduzida. IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA Nestes casos as imunodeficiências resultam de fatores do meio e não genéticos. Fatores como a idade avançada, tumores malignos, vírus, drogas imunossupressoras podem levar a situações destas. Uma das mais conhecidas entre nós é a síndrome da imunodeficiência adquirida – SIDA (AIDS) provocado pelo vírus da imunodeficiência humana – VIH (HIV). O VIH é uns retrovírus (isto é, um vírus que contém RNA) que infecta e destrói os linfócitos Th.