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Mulher Negra Brasileira - Miscigenação TCC de História

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ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR AROLDO DE AZEVEDO
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO, 3ºD
STEPHANIE FELICIO
MULHER NEGRA BRASILEIRA — MISCIGENAÇÃO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
SÃO PAULO
2017
STEPHANIE FELICIO
MULHER NEGRA BRASILEIRA — MISCIGENAÇÃO
Trabalho de Conclusão do Ensino Médio, apresentado como avaliação parcial da disciplina de História, da Escola Estadual Professor Aroldo de Azevedo.
Orientador: Prof. Sérgio Ricardo de Oliveira
SÃO PAULO
2017 
STEPHANIE FELICIO
MULHER NEGRA BRASILEIRA — MISCIGENAÇÃO
Trabalho de Conclusão do Ensino Médio, apresentado como avaliação parcial da disciplina de História, da Escola Estadual Professor Aroldo de Azevedo.
São Paulo, 07 de novembro de 2017.
BANCA EXAMINADORA
Avaliador 1. ________________________________________ Nota:
Avaliador 2. ________________________________________ Nota:
Avaliador 3. ________________________________________ Nota:
DEDICATÓRIA
Escreve aqui
AGRADECIMENTOS
A ninguém.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 00
2. MISCIGENAÇÃO........................................................................................ 00
3. COLONIZAÇÃO E ESCRAVATURA...................................................... 00
 4. MULHER NEGRA NA ÉPOCA DA ESCRAVATURA ........................... 00
 4.1 Desumanização de mulheres negras escravizadas........................................... 00
 5. REALIDADE DA MULHER NEGRA BRASILEIRA.............................. 00
 6. O FINAL DO SÉCULO XIX........................................................................ 00
 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 00
 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 00
 ANEXOS........................................................................................................... 00
	
	
	
1 INTRODUÇÃO
2 MISCIGENAÇÃO
A mulher negra brasileira é o principal grupo de pessoas que sofre com a violência, desde a doméstica até a discriminação racial em basicamente todos âmbitos de nossa sociedade. Na tentativa de reverter os pensamentos racista de alguns, certas pessoas usam como argumentos a questão de que todos os brasileiros possuem sangue negro, portanto, o preconceito racial é inválido.
E realmente é costume ouvirmos que o Brasil é um país mestiço. Porém, as questão da miscigenação vai muito além disso. É o resultado de séculos de escravidão, repressão e estupros. 
O ideal de que "embranquecer" o mundo era sinônimo de limpeza e progresso, desencadeou um processo abusivo, que deixou marcas que se estendem até hoje. Sendo assim, desromantizar essa questão e estudá-la mais a fundo, é necessário pra evidenciar cada vez mais como racismo é camuflado e visto como banal em um dos países mais racistas do mundo, o Brasil.
3 COLONIZAÇÃO E ESCRAVATURA
A chegada do português Pedro Alvares Cabral ao Pindorama, que mais tarde seria denominado Brasil, se concretizou por consequência da mudança do trajeto percorrido que tinha como finalidade chegar até a Índia para aquisição de especiarias que seriam, posteriormente, comercializadas na Europa. Era o período das grandes navegações onde Portugal e Espanha buscavam por novos territórios a serem explorados. Ao descobrirem o pau-brasil e suas utilidades, começou-se a exportação dessa matéria sendo levada até a Europa para fins de comércio. Ma,s para que houvesse a exportação, fazia-se necessária mão-de-obra que, segundo a tese mais aceita, em 1538 foi trazida da África, por Jorge Lopes Bixorda, arrendatário de pau-brasil. 
 Trazidos do continente africano a força, os que sobreviviam à travessia do Oceano Atlântico, ao chegar ao Brasil, eram separados dos integrantes de seu grupo cultural; uma estratégia usada para que não houvesse comunicação entre os africanos, pois a partir daquele momento viveriam para servir e obedecer a comandos de seu senhor sobe pena de castigos, maus tratos e humilhação. 
A escravidão de pessoas pretas se intensificou mais precisamente entre 1700 a 1822 onde há um grande crescimento no tráfico negreiro. Os escravizados eram obrigados a cumprir tarefas diárias como trabalhar em lavouras, minerações, trabalhos domésticos (direcionado as mulheres) sob a pressão de abusos e violência. 
Provocar pequenos prejuízos, planejar fugas e organizar rebeliões eram algumas das estratégias usadas pelos escravizados para conquistar sua alforria. Muitas mulheres abortavam seus filhos para que os mesmos não passassem pelo processo doloroso de ser um escravizado, outras cometiam suicídio pro não suportarem as situações que se encontravam. 
Em 1850, o primeiro passo para o processo de libertação se deu com a Lei Eusébio de Queirós[footnoteRef:1], mas só em 1871 é feita a primeira lei considerada abolicionista, a Lei do Ventre Livre[footnoteRef:2] e, alguns anos a frente, a Lei dos Sexagenários[footnoteRef:3] em 1885. Em 1888, foi sancionada a Lei Aurea[footnoteRef:4] que visava à liberdade total aos escravizados (aproximadamente 700 mil) abolindo a escravidão no Brasil. Um fato histórico, porém com eficiência apenas na teoria, enfatizando que a maioria dos escravizados já haviam conquistado sua liberdade. Sem nenhum projeto que visasse à inclusão dos afrodescendentes, houve o início de um novo enfrentamento e luta contra o preconceito racial e busca por cidadania, dado que os pretos e pretas foram para as margens, longe dos centros principais das cidades. [1: Lei Eusébio de Queirós: Lei nº 581, foi promulgada em 4 de setembro de 1850, pelo Ministro Eusébio de Queirós (1812-1868), com o intuito de acabar com o tráfico de escravos, transportados desde a África nos navios negreiros, a qual surtiu pouco efeito. ] [2: Lei do Ventre Livre: Lei nº 2.040, é considerada a primeira lei abolicionista, promulgada em 28 de setembro de 1871, pelo Visconde do Rio Branco (1819-1880), em que concedia liberdade, a partir daquela data, para todos os filhos nascidos de escravos.] [3: Lei dos Sexagenários: Lei nº 3.270, também chamada de Lei Saraiva-Cotejipe, foi promulgada em 28 de setembro de 1885, no governo conservador do Barão de Cotegipe (1815-1889), a qual previa a liberdade para os escravos com mais de 60 anos.] [4: Com a Revolução Industrial, a Inglaterra passou a exigir o fim da escravidão visto que o escravizado liberto poderia aumentar o seu mercado consumidor.] 
É necessário ressaltar que os efeitos devastadores da escravidão entre pretos e pretas escravizados e seus senhores e sinhás se mantinham de maneiras diferentes sendo que a mulher preta escravizada era a que mais sofria nessas relações.
4 MULHER NEGRA NA ÉPOCA DA ESCRAVATURA
Enquanto o homem era usado para o trabalho, a mulher além de cumprir a mesma tarefa, era obrigada a dar seu corpo como ama de leite[footnoteRef:5],amante de seu senhor[footnoteRef:6] e objeto de reprodução de escravizados, que pela lógica racista da escravidão e conceitos religiosos da época, justificavam tais atrocidades com a condição de superioridade do homem branco. Em detrimento da invasão de seu corpo através de abusos sexuais como o estupro, a preta escravizada recebia punições de sua sinhá que agia com violência e desprezo ás custas do ciúme de seu marido. Culpando a vitima do estupro por “seduzir” seu senhor, as senhoras cegavam, aleijavam e matavam as escravizadas chegando até expor à mesa as genitálias e partes do corpo das mesmas que mais a incomodava. Os filhos dos senhores foram incentivados a praticar o estupro tendo sua vida sexual iniciada com uma preta. [5: As amas-de-leite eram mulheres negras escravizadas obrigadas a amamentar criançasbrancas da casa grande visando que era considerado inapropriados para as sinhás o ato de amamentar.
] [6: O casamento naquela época eram apenas um negócio para se ter mais pessoas brancas ( no inicio da colonização havia uma escassez de pessoas brancas no Brasil) e evitar a dispersão dos bens. Devido a isso, houve uma “adultização” de meninas portuguesas que, depois de sua primeira comunhão, já estavam prontas para o casamento do qual muitas vezes se davam entre tios e sobrinhas, primos e primas. Essas meninas se casavam antes de seus 15 anos de idade, engravidavam, e, as que não morriam durante o parto, engordavam aos 18 anos ( era comum o vicio de comer bastante) e mais tarde aos 25 anos, aparentavam ter 60, tudo por conta do desgaste de uma vida infeliz. Dessa forma, mulheres brancas ficavam indesejáveis para o prazer sexual de seu marido, que buscava nas negras escravizadas, suprir sua necessidade carnal já que as mesmas eram sua propriedade e apresentavam um físico melhor pelo fato de fazer muitos exercícios obviamente por conta do trabalho forçado.] 
4.1 Desumanização de mulheres negras escravizadas
Eram feitas distinções das escravizadas que iriam trabalhar dentro da casa grande. As escolhidas eram pretas com traços mais finos e corpo escultural, julgadas apropriadas por estarem mais próximas do padrão de beleza europeu; essas eram as denominadas mucamas. Outro critério usado para essa seleção era a saúde, pois eram altos os índices de contaminação de sífilis e gonorreia, doenças que chegaram ao Brasil com os portugueses e se difundiu pelo território brasileiro. Houve também a crença onde o homem contaminado com sífilis iria ser curado após ter relação sexual com uma preta virgem. 
5 O FINAL DO SÉCULO XIX E O PROCESSO DE BRANQUEAMENTO
O fim do século XIX e meados do século XX trouxeram consigo o término da escravidão. Contudo, o projeto de eugenia ganhou força e reconhecimento por parte da elite brasileira e alguns intelectuais da época onde acreditavam na ideia que o progresso do pais só aconteceria quando houvesse a extinção do povo preto presentes em terras tupiniquins. A tese do branqueamento defendia a ideia cuja capacidade intelectual era transmitida de forma hereditária justificando assim, a superioridade do homem branco europeu. Foram feitas políticas de incentivo a imigração de alemães, espanhóis e italianos a fim de substituir a mão de obra escrava pela mão de obra livre e assalariada e assim ocasionar o branqueamento da nação provocando, a chamada por eles, “higienização social” tendo como propósito alcançar o famigerado progresso. 
Em virtude de que eugenia, higiene e saneamento eram palavras interpretadas como sinônimos uma das outras, o processo de branqueamento teve participação no campo da saúde durante os anos 60[footnoteRef:7] onde mulheres pretas em sua maioria, foram esterilizadas causando limitações no processo reprodutivo a fim de se ter controle populacional. Entre os anos 70 e 80 aconteceu o treinamento de profissionais para que realizassem laqueaduras tubárias que eram disponibilizadas a mulheres negras, indígenas e pobre, visto que não tinham acesso a informações e métodos seguros para a prevenção de gravidez indesejada. As cirurgias eram oferecidas de forma irresponsável não informando os supostos riscos ou até mesmo passando informações falsas como a de que a mulher poderia desfazer a esterilização quando bem entendesse. [7: Década que houve o golpe militar e consequentemente trouxe influência dos Estados Unidos.] 
O fim da imposição dos ideais racistas do projeto de branqueamento presentes no século XIX e XX se deu em grande parte do mundo e após o termino da Segunda Guerra Mundial perderam credibilidade, mas ainda assim, o racismo se faz presente muitas vezes de forma velada e ainda escancarada. 
6 REALIDADE DA MULHER NEGRA BRASILEIRA
No Brasil, a realidade da mulher negra é uma labuta a ser enfrentada todos os dias em pleno século XXI. A miscigenação trouxe problemáticas diversas em relação à identidade racial, hiperssexualização de umas e solidão de outras. O colorismo faz com que o indivíduo com a melanina menos acentuada não tenha reconhecimento de qual grupo social ele está inserido sendo muitas vezes julgados pelos próprios pretos como “afrosconvenientes”. É indiscutivelmente importante ressaltar essa questão: a mulher preta com o tom de pele menos acentuado terá mais acesso em vista de uma mulher preta retinta. Porém, isso não significa que a mesma não sofra com o racismo. Ela será mais aceita em locais destinados a pessoas brancas, mas nunca será tratada como pessoa pertencente ao ambiente, irá se relacionar amorosamente, mas não será vista como alguém “para casar” e sim como um objeto sexual que sempre estará disponível para satisfazer; será vista como a mulata, a mulher com o corpo escultural, que tem a bunda avantajada, que sabe sambar e “pega fogo” na cama, a que possua a cor do pecado. 
Estereótipos esses que são frutos de uma herança escravocrata, assim como o estupro onde mulheres negras representam nos dados estatísticos: O Dossiê Mulher 2015, do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, aponta que 56,8% das vítimas dos estupros registrados no Estado em 2014 eram negras. E 62,2% dos homicídios de mulheres vitimaram pretas (19,3%) e pardas (42,9%). Mulheres negra representam 58,86% das vítimas de violência doméstica (balanço do Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher/2015); 53,6% das vítimas de mortalidade materna (SIM/Ministério da Saúde/2015); 65,9% das vítimas de violência obstétrica (cadernos de Saúde Pública 30/2014/Fiocruz); 68,8% das mulheres mortas por agressão (diagnóstico dos homicídios no Brasil (Ministério da Justiça/2015)); mulheres negras têm duas vezes mais chances de serem assassinadas que as brancas: taxa de homicídios por agressão: 3,2/100 mil entre brancas e 7,2 entre negras (Diagnóstico dos homicídios no Brasil. Ministério da Justiça/2015); Entre 2003 e 2013, houve uma queda de 9,8% no total de homicídios de mulheres brancas, enquanto os homicídios de negras aumentaram 54,2% (Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil (Flacso, OPAS-OMS, ONU Mulheres, SPM/2015); 56,8% das vítimas de estupros registrados no Estado do Rio de Janeiro em 2014 (Dossiê Mulher RJ (ISP/2015)).
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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