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1 ATENÇÃO E SUA DEFINIÇÕES A atenção se dá quando, entre vários estímulos sensoriais, um é selecionado. Se esse estímulo é visual, o indivíduo focaliza apenas o objeto selecionado em detrimento dos outros sentidos e dos outros objetos que estejam em seu campo de visão. Dessa forma, a atividade mental se concentra ativamente em uma quantidade limitada de informações, descartando outras que são irrelevantes nesse momento. A atenção é um fenômeno que processa ativamente uma quantidade limitada de informações do enorme montante de estímulos disponíveis por meio dos sentidos, das memórias armazenadas e de outros processos cognitivos. Esse fenômeno favorece o uso criterioso dos recursos mentais que são limitados, obscurecendo muitos dos estímulos internos e externos, focalizando apenas os que interessam, o que aumenta a probabilidade de respostas rápidas e corretas aos estímulos que realmente são importantes (STERNBERG, 2000). A atenção tem anatomia funcional, circuito e estrutura celular própria. A atenção sensorial processa seletivamente informações que apresentam estreita ligação com os órgãos do sentido. A atenção visual, estimulada a partir da visão, é uma atenção espacial, que determina qual região da cena é mais relevante e “em que” e “onde” focalizar. Em menor proporção, há a atenção auditiva, a qual também tem um papel importante nesse contexto. A atenção intelectual direciona e seleciona a atenção empregada no processamento mental. A atenção executiva aquela que é requerida em situações que envolvam tomadas de decisão, planejamento, cálculos matemáticos e respostas a ações não habituais. O ato de perceber requer seletividade, por isso somente episódios a que devotamos atenção são antecipados, explorados e selecionados. Estudos indicam que nos concentramos em alguns poucos detalhes; depois, com base nesses indícios, completamos o todo. Em geral, a capacidade de atenção depende dos recursos que são requeridos pela exigência do momento. 2 DETERMINANTES INTERNOS E EXTERNOS DA ATENÇÃO A atenção é uma peça fundamental dos processos cognitivos da pessoa, pois dificilmente se pode realizar qualquer ação se esta não estiver presente. A atenção é uma abertura seletiva a uma pequena porção de fenômenos sensoriais incidentes, desencadeando um processo que envolve intensa atividade mental, focalizando um evento após o outro. Divide-se a atenção em dois componentes: a) atenção explícita, que se refere a processos conscientes; seriam as memórias da mente, os significados que damos as coisas. Ela requer atenção, concentração e linguagem. É o saber o que. b) atenção implícita, que seriam os processos não conscientes, que seria a memória do corpo, memória de procedimentos. É o saber como. Os determinantes da atenção se dividem em dois grupos: os determinantes internos (subjetivos e adquiridos) e determinantes externos (objetivos ou inatos). No primeiro grupo, podemos mencionar o estado orgânico, que é a motivação, a necessidade e o interesse do indivíduo. Esses três fatores vão ajudar na qualidade da atenção, para que ela seja concentrada e estável, para que tenha um bom desempenhando em uma determinada atividade. Quanto maior a significação e importância da tarefa, mais essa tarefa vai chamar a atenção do sujeito, para que ele a realize com qualidade De entre os determinantes externos, destacaremos a potência do estímulo, a modificação, o tamanho, repetição, o movimento, o contraste e a organização estrutural o tamanho, ou extensão, é outro fator determinante da atenção. A intensidade da estimulação é o mais evidente determinante da atenção, todos possuem um poder de provocar a atenção maior do que estímulos semelhantes, porém menos intenso. A repetição tem eficácia limitada como determinante da atenção, pois uma repetição contínua resultará em adaptação sensorial, uma receptividade diminuída ao mesmo estímulo. Então o indivíduo irá focar mais em objetos ou acontecimentos, que ainda não foram vividos por ele. 3 FUNÇÕES DA ATENÇÃO Segundo Barbosa (2013) em algum momento durante a evolução o ser homem desenvolveu um sistema de atenção que representa muito mais que sintonizar ou ignorar um estímulo. Sternberg (2000) afirma que esse sistema tem quatro funções principais, as quais descreveremos a seguir. 3.1 VIGILÂNCIA A vigilância se refere à capacidade de uma pessoa estar presente em um campo de estimulação durante um período prolongado, no qual ela procura detectar o aparecimento de um sinal (um estímulo alvo de interesse específico). Quando vigilante, a pessoa espera detectar um estímulo -sinal que pode surgir num tempo desconhecido. “Em muitas ocasiões tentamos vigilantemente detectar se sentimos ou não um sinal, um determinado estimulo de interesse. Por meio da atenção vigilante a detecção de sinais, somos submetidos a priming para agir com rapidez quando detectamos estímulos de sinais.” (STERNBERG, 2000). Em um submarino de pesquisa, podemos procurar sinais de sonar incomuns; em uma rua escura, podemos tentar detectar sinais ou sons indesejados; ou, após um terremoto, podemos estar atentos para o cheiro ou do vazamento de gás ou da fumaça são exemplos da vigilância. 3.2 BUSCA Refere-se a um exame atento do ambiente quanto a aspectos específicos, ou seja, procurar algo ativamente, sem que se saiba de que isso aparecerá. Do mesmo modo que a vigilância, enquanto se está sondando pode ser que ocorram alarmes falsos, geralmente quando se encontram estímulos que desviam a atenção (por exemplo: estímulos semelhantes). Se detectarmos fumaça (como resultado de nossa vigilância), poderemos realizar uma busca ativa pela fonte da fumaça. Além disso, alguns de nós estão constantemente em busca de chaves, óculos e outros objetos perdidos. Meu filho adolescente, muitas vezes, "procura" objetos perdidos no refrigerador (com pouco sucesso - até que alguém os mostre a ele). 3.3 ATENÇÃO SELETIVA A atenção seletiva é o ato consciente de se concentrar em um determinado estímulo, evitando distrações tanto externas, como sons e imagens, quanto internas, como pensamentos e sentimentos. O foco de atenção concentrado em estímulos informais específicos aumenta a capacidade de manipular a compreensão verbal ou a resolução de problemas, que são também processos cognitivos. Estamos constantemente fazendo opções com relação aos estímulos aos quais prestamos atenção e aos que ignoramos. Ao ignorar ou, pelo menos, deixar de dar ênfase a alguns estímulos, destacamos os estímulos salientes. O foco concentrado de atenção sobre determinados estímulos de informação melhora nossa capacidade de manipular esses estímulos para outros processos cognitivos, como a compreensão verbal ou a solução de problemas. Um bom exemplo do processo de atenção seletiva é quando podemos prestar atenção a leitura de um livro-texto ou ouvir uma aula enquanto ignoramos estímulos – como um rádio ou uma televisão próximos, ou pessoas que chegam mais tarde a aula. 3.5 ATENÇÃO DIVIDIDA Nesta função, os recursos de atenção disponíveis são distribuídos para coordenar o desempenho de mais de uma tarefa ao mesmo tempo. Geralmente é mais difícil realizar simultaneamente mais de uma tarefa controlada, porém, com o aumento da prática, pode-se manipular bem mais de uma tarefa ao mesmo tempo, mesmo que estas exijam compreensão e tomada de decisões. “Muitas vezes, conseguimos realizar mais de uma tarefa ao mesmo tempo e redirecionamos nossos recursos de atenção, alocando-os prudentemente segundo as necessidades.” (STERNBERG, 2000). Por exemplo: Motoristas experientes podem facilmente falar enquanto dirigem na maioria das circunstancias, mas, se outro veículo parecer estar desviando em direção ao carro, eles, de imediato, redirecionam toda a sua atenção da conversa para a condução do carro. 4. A RELAÇÃO ENTRE ATENÇÃOE AS EMOÇÕES Segundo o artigo pesquisado: “Análise de Estudos sobre Atenção Publicados em Periódicos Brasileiros”, existe uma relação estreita e complexa entre a Atenção e outras funções, como a Memória, a Percepção, a Aprendizagem e a Consciência. O texto ainda traz que em 1890, Willian James definiu a atenção como sendo constituída pela focalização, concen- tração e consciência, e classificou os modos de atenção em: a) ativos, quando controlados pelos objetivos ou expectativas do indivíduo, e b) passivos, quando controlados por estímulos externos (Matlin, 2004). O artigo aponta que nosso cérebro, possui um controle de demanda para processamento de informações, onde ele seleciona aquilo que lhe é mais importante para que seja processado. Mas segundo a autora, outros estudiosos consideram que os estímulos emocionais serão sempre processados, apesar da complexidade e da concorrência de processamento de outros estímulos físicos (Ohman, et al., 2001). Em outro artigo: “Captura da atenção por estímulos emocionais”, o autor discute e apresenta dados muito interessantes sobre a influência da emoção nos processos de atenção. O artigo apresenta dois testes realizados em 24 voluntários (12 homens e 12 mulheres), estudantes universitários da Universidade Federal Fluminense, com idade média de 21 anos. Esses dois testes, consistem em um teste de Tempo de Reação Manual, onde os participantes deveriam observar a tela de um computador onde apareceria uma imagem por cerca de 0,2 segundos (200 milissegundos), e com barras laterais em posições específicas. Em seguida, os participantes foram instruídos a ignorar as imagens no centro da tela, e deveriam usar duas teclas, uma na mão direita e outra na esquerda, para indicar se as barras tinham, ou não, a mesma orientação. O Teste de Memória consistiu em apresentar diversas outras imagens inéditas aos participantes, mas também repetindo todas as anteriores, consideradas neutras e negativas. Nos testes apresentados no artigo, os erros cometidos pelos participantes tiveram grande influência do aspecto emocional. No teste de Tempo de Reação Manual, as figuras consideradas “negativas” afetaram não somente a capacidade dos participantes em perceberem as diferenças nas barras laterais, com também afetaram o uso das teclas de respostas. No Teste de Memória, o impacto emocional das figuras “negativas” se mostraram relevantes novamente, sendo que a maioria das figuras reconhecidas, foram daquelas consideradas “negativas”, enquanto que o número de figuras “neutras” reconhecidas foi muito menor. Conclusão Embora sejam apenas dois artigos, pudemos ver que a Emoção tem um papel fundamental nos aspectos da Atenção, além de impactar diretamente nos processos de percepção, memória, aprendizagem e consciência. Mesmo que analisemos essa questão pelo crivo das experiências pessoais, se fizermos um levantamento pessoal sobre nosso dia a dia, nossas questões de trabalho e família, veremos que ao nos depararmos com situações que exigem nossa atenção, quando existe um aspecto emocional relevante envolvido na cena, nossa capacidade de selecionar e focar na situação, é muito maior que se não houvesse esse aspecto. Nós conseguimos nos lembrar, muito mais facilmente, de situações onde existiram uma carga emocional mais forte. Sem dúvida as emoções impactam diretamente em nossa capacidade de dedicar atenção a um objeto, uma cena, ou estímulos dos mais diversos. Estudos mais aprofundados sobre essa questão se fazem necessários, e poderão contribuir muito para o entendimento dessa complexa relação. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, Antônio Carlos M. Prática do Processo Psicológico básico atenção em jovens da comunidade. Revista Cippus – UniSalles, São Paulo. vol 2, n. 2, pp. 191-204. Novembro de 2013, ERTHAL, Fátima, et. al. Captura da atenção por estímulos emocionais. Pandéia, Ribeirão Preto [online]. vol.14, n.27, pp.35-44. 2004. OLIVEIRA, F. A. F. Aula de Psicologia – Atenção. 2016 (18m17s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qieT0m43Dxg&feature=youtu.be> Acesso em 24 set. 2018. SIMÕES, P. M. U. Análise de Estudos sobre Atenção Publicados em Periódicos Brasileiros. Revista Quadrimestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo. vol. 18, n. 2, pp. 321-330. Maio/Agosto de 2014. STERNBERG, R. J. Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
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