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AVALIAÇÃO DA DINÂMICA DO ESPELHO D´ÁGUA NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA BAIXADA MARANHENSE EVALUATION OF WATER MIRROR DYNAMICS IN THE ENVIRONMENTAL PROTECTION AREA OF BAIXADA MARANHENSE Gleicy de Jesus Matos Abreu¹; Maiane Rodrigues do Nascimento²; Mayara Rodrigues Nascimento³; Kamilla Andrade de Oliveira ⁴; Telmo José Mendes⁵ RESUMO - A escassez da água no planeta tornou-se um problema de alcance mundial e atualmente vem sendo debatido por diversas entidades, empresas e população no intuito de chegar a uma solução para essa problemática. A atual crise hídrica que assola o nosso país produz um impacto social e econômico principalmente na região Nordeste do Brasil, que é afetado pela escassez proporcionada pelas características climáticas desfavoráveis. O presente estudo tem como objetivo realizar a avaliação da dinâmica do espelho d´água na Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense, investigando a redução de corpos hídricos ao longo dos anos. Para o estudo foi utilizado uma série histórica de dados correspondentes ao período de 1985 a 2020. PALAVRAS-CHAVE: Dados climatológicos; Impactos; Recursos Hídricos; Redução. ABSTRACT - The scarcity of water on the planet has become a worldwide problem and is currently being debated by several entities, companies and population in order to reach a solution to this problem. The current water crisis that plagues our country has a social and economic impact, mainly in the Northeast region of Brazil, which is affected by the scarcity provided by the unfavorable climatic characteristics. The present study aims to evaluate the dynamics of the water mirror in the Baixada Maranhense Environmental Protection Area, investigating the reduction of water bodies over the years. For the study, a historical series of data corresponding to the period from 1985 to 2020 was used. KEY-WORDS: Climatological data; Impacts; Water resources; Reduction. INTRODUÇÃO / INTRODUCTION A espécie humana, para que exista, depende de alguns elementos essenciais à vida que são oferecidos gratuitamente pela natureza, como o ar e a água (ROCHA, et al., 2018). Os problemas relacionados à escassez de água com potencial para o uso vêm tomando proporções gigantescas e alarmantes no mundo. No início da década de 1970 a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, convocada pela Organização das Nações Unidas entre os dias 5 e 16 de junho de 1972 na Suécia, também conhecida como Conferência de Estocolmo, já anunciava uma crise global da água (SILVA NETTO, 2022). Na região Nordeste do Brasil, encontra-se a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baixada Maranhense, que é uma Unidade de Conservação (UC) estadual criada pelo Decreto nº 11.900, de 11 de junho de 1991 com o objetivo de disciplinar o uso e ocupação do solo, a exploração dos recursos naturais, as atividades de pesca e caça predatórias, a criação de gado bubalino para que não venham a comprometer as biocenoses daqueles ecossistemas, a integridade biológica das espécies, os padrões de qualidade das águas e que não perturbem os refúgios das aves migratórias (SEMA, 2022). O monitoramento dos parâmetros realizado nas bacias hidrográficas é um ponto muito importante e deve ser incentivado, pois é ele quem define a atividade dos corpos hídricos. Capacita a análise das mudanças que ocorrem devido às ações antrópicas e a perda da qualidade da água. Cria inferências sobre causas da descaracterização da bacia, da perda da vida aquática, da inviabilidade de uso da água e do desequilíbrio ambiental. No Brasil, definir as condições de referência do ambiente aquático por meio das redes de monitoramento instaladas é questionável devido à disponibilidade limitada de dados e à elevada variabilidade natural deles (PADOVESI-FONSECA e FARIA, 2022). A APA da Baixada Maranhense é uma área com rica biodiversidade pois incorpora uma complexa interface de ecossistemas, incluindo manguezais, babaçuais, campos abertos e inundáveis, estuários, lagunas e matas ciliares (SEMA, 2022). Diante da atual disponibilidade de recursos hídricos o presente trabalho evidencia a necessidade de se realizar estudos com vertentes que visem a geração de fontes de dados e informações para a tomada de decisões principalmente com relação a Áreas de Proteção Ambiental como é o caso da APA da Baixada Maranhense. OBJETIVOS DO TRABALHO / OBJECTIVES Realizar a avaliação da dinâmica do espelho d´água na APA da Baixada Maranhense, através da análise de dados espaço temporal de trinta e cinco anos, utilizando técnicas de geoprocessamento por meio de variáveis como capacidade e déficit hídrico, para assim detectar a atual situação hídrica da região. MATERIAIS E MÉTODOS / MATERIALS AND METHODS Localização e caracterização da área de estudo É considerada atualmente uma Unidade de Uso Sustentável na categoria de Área de Proteção Ambiental conforme o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), Lei Ordinária Nº 9.413, de 13 DE julho de 2011. Possui aproximadamente 1.775.035 hectares e está totalmente inserida no bioma Amazônia, Costeiro e Marinho. A região da APA é drenada pelos rios Mearim, Pindaré, Grajaú, Pericumã e afluentes e tem como ecossistema característico os babaçuais ou cocais. Por todas essas características a APA da Baixada Maranhense é considerada um sítio Ramsar, áreas naturais de zonas úmidas selecionadas com base na significância internacional em termos de ecologia, botânica, zoologia, limnologia e hidrologia (SEMA, 2022). Figura 1. Mapa de localização da área de estudo Fonte: Autores, 2022 A Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense é uma Unidade de Conservação de extrema importância, pois permite a ocorrência de processos ecológicos de grande escala, além de possuir áreas de manguezais que funcionam como regulador local dos estoques pesqueiros. Nos estuários, os manguezais ocorrem penetrando os igarapés, por entre os campos, até onde existe influência das marés (SEMA, 2022). Obtenção e processamento dos dados espaciais Para a realização da presente pesquisa foi utilizada a base de dados do Google Earth Engine, que possibilitou a aquisição de dados já processados pelo Projeto Mapbiomas, que fornece também os dados quantitativos, estes foram refinados no programa Excel® onde foi gerado o gráfico quantitativo de redução e aumento das análises de corpos d’água. Posteriormente foram baixadas da mesma plataforma imagens do tipo raster em formato GeoTIFF, as imagens correspondem a coleção 1.0 do projeto Mapbiomas Águas. A análise espaço-temporal teve como início da série o ano 1985 intercalando entre 2000, 2010 sendo 2020 o ano final da análise, dessa forma seria possível ter-se noção em décadas da dinâmica dos corpos hídricos na APA. De posse dos dados espaciais, as imagens foram processadas pela ferramenta de Sistema de Informações Geográficas (SIG), o software QGIS 3.22 Białowieża possibilitando o processamento das imagens, e vetorizando os corpos hídricos presentes, a fim de otimizar a visualização espacial das cenas, após o tratamento dos dados finalizados por meio do software foram elaborados os layouts da área de estudo. RESULTADOS E DISCUSSÃO / RESULTS AND DISCUSSION Ao realizar a aplicação das ferramentas que o geoprocessamento oferece para o processamento de imagens de satélites, tornou-se possível realizar a separação da classe, a qual foi o objeto do estudo, possibilitando a realização de uma análise temporal do espelho d’água na APA da Baixada Maranhense, e ainda quantificar expansões e retrações no que se refere a área para efeito de comparação. A Figura 1 representa o gráfico dos anos de estudo e suas respectivas áreas de superfície hídrica em hectares (ha) que recobriam essa região. Figura 2. Gráfico da Série temporal da superfície hídrica na APA da BaixadaMaranhense entre os anos de 1985 a 2020. Fonte: Autores, 2022. No gráfico pode ser observado que ocorreu uma variação negativa no espelho d´água da APA da Baixada Maranhense, no intervalo correspondente ao período de 1985 a 2000, totalizando uma perca de 52,848 hectares (ha), há também uma segunda variação negativa no espelho d´água da região estudada, no intervalo correspondente ao período de 2000 a 2010, totalizando uma redução de 11,767 hectares (ha), e por fim observa-se uma variação positiva no espelho d´água da APA da Baixada Maranhense, no período de 2010 a 2020, totalizando uma expansão de 4,636 hectares (ha). Observa-se que entre os anos de 1985 e 2010 a área ocupada pelo espelho d’agua na APA da Baixada Maranhense diminuiu progressivamente ano após ano, somando um total de 64,615 hectares de superfície de água desaparecida, sobretudo a partir do ano de 2010 persistiu um leve aumento na variação do espelho d´água. 280,283 -52,848 -11,767 4,636 -100 -50 0 50 100 150 200 250 300 Anos V ar ia çã o d o e sp el h o d ´á g u a (h a) Série temporal da superfície hídrica na APA da Baixada Maranhense 2020 2010 2000 1985 Figura 3. Mapa da avaliação da dinâmica do espelho d´água na APA da Baixada Maranhense entre os anos 1985 a 2000. Fonte: Autores, 2022. Ao analisar a avaliação da dinâmica do espelho d´água na APA da Baixada Maranhense pode- se observar as variações existentes e significativas que ocorreram na região estudada no período de 1985 a 2000 em que visualmente a superfície hídrica sofreu modificações quantitativas. Figura 4. Mapa da avaliação da dinâmica do espelho d´água na APA da Baixada Maranhense entre os anos 2010 a 2020. Fonte: Autores, 2022. De a cordo com a Figura 4 nota-se que a superfície hídrica da APA se modificou, ao comparar 2010 com 2020 vemos que os 10 anos de diferença evidenciados pela análise, demonstram uma retração não tão expressiva como nos mapas anteriores, porém nesta nota-se que a crise hídrica vem se alastrando e corroborando para quadros preocupantes no futuro caso não sejam tomadas medidas atenuantes na APA da Baixada Maranhense. CONCLUSÃO / CONCLUSION Levando-se em consideração esses aspectos observados na avaliação da dinâmica do espelho d´água na Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense, podemos dizer que a problemática da escassez hídrica que vem assolando nosso país faz-se presente ainda nos dias atuais e que mesmo com as diversas tentativas de suprir essa escassez ainda é necessário intervenções mais drásticas para que não corra o risco de aumentar os impactos negativos que vem acarretando em todos os setores da economia e da qualidade de vida humana. REFERÊNCIAS / REFERENCES BRASIL. Agência Nacional de águas. Ministério do Meio Ambiente. Conjuntura de Recursos Hídricos Brasil: Informe anual. Brasília: Ana, 2019. 110 p. Disponível em: http://www.snirh.gov.br/portal/snirh/centrais-de-conteudos/conjuntura-dos-recursos- hidricos/conjuntura_informe_anual_2019-versao_web-0212-1.pdf. Acesso em: 30 de jun. 2022. ROCHA, L. R. L. et al. CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: DIREITO AMBIENTAL. Brasília: UniCEUB: ICPD, 2018. 224 p. ISBN 978-85-61990-87-9 1. Direito ambiental. I. Centro Universitário de Brasília. II. Título. CDU 347.243.8. Disponível em: file:///C:/Users/GLEICY/Downloads/Direito%20ambiental%20(1).pdf. Acesso em: 30 de jun. 2022. SEMA - SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO. 2022. Disponível em: https://www.sema.ma.gov.br/unidades-de-conservacao. Acesso em: 30 de jun. 2022. SILVA NETTO, J. P. Panorama da Gestão dos Recursos Hídricos no Brasil. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, v. 11, n. 2, p. 241-258, 2022. PADOVESI-FONSECA, C.; FARIA, R. Desafios da gestão integrada de recursos hídricos no Brasil e Europa. Revista Mineira de Recursos Hídricos, v. 3, 25 mar. 2022. about:blank about:blank about:blank about:blank Localização e caracterização da área de estudo
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