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19 lições de Pedologia - Resumo

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Pedologia
19lições de
Pedologia
19lições de
Igo F. Lepsch
© Copyright 2011 Oficina de Textos
Grafia atualizada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil a partir de 2009.
Conselho editorial Cylon Gonçalves da Silva; José Galizia Tundisi; Luis Enrique Sánchez; Paulo Helene; 
 Rozely Ferreira dos Santos; Teresa Gallotti Florenzano
Capa Malu Vallim
preparação de textos Gerson Silva
projeto gráfiCo Douglas da Rocha Yoshida e Malu Vallim
preparação de figuras e diagramação Douglas da Rocha Yoshida 
revisão de textos Felipe Marques e Ivana Q. de Andrade
revisão téCniCa Zilmar Ziller Marcos
Todos os direitos reservados à Oficina de Textos
Rua Cubatão, 959
CEP 04013-043 – São Paulo – Brasil
Fone (11) 3085 7933 Fax (11) 3083 0849
www.ofitexto.com.br e-mail: atend@ofitexto.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Lepsch, Igo F.
 19 lições de pedologia / Igo F. Lepsch. --
São Paulo : Oficina de Textos, 2011.
 Bibliografia.
 ISBN 978-85-7975-029-8
 1. Ciência do solo I. Título.
11-08038 CDD-631.4
Índices para catálogo sistemático:
1. Ciência do solo: Pedologia 631.4
P
Prefácio
A ideia de escrever este livro começou quando, em 1998, comecei a ministrar a disci-
plina “Gênese, Morfologia e Classificação dos Solos” para estudantes de agronomia 
na Universidade Federal de Uberlândia. Assim como outros colegas responsáveis 
por disciplinas idênticas em outras universidades, percebi que havia uma carência de 
material didático dirigido a estudantes brasileiros em relação aos aspectos básicos da 
Ciência do Solo, com ênfase àquela disciplina.
Nos primeiros livros que escrevi sobre solos – Solos: formação e conservação 
(1972) e Formação e conservação dos solos (2002), sob a forma de “livro de bolso” –, 
procurei usar uma linguagem bem simples, precisa e acessível, adicionando muitas 
ilustrações. Neles, a intenção foi oferecer ao público em geral e a iniciantes do estudo 
das ciências da terra, principalmente os de colégios de nível técnico, alguns conheci-
mentos básicos sobre solos. Esses livros têm sido muito bem aceitos e, apesar de não 
terem sido destinados a alunos de graduação, passaram a ser utilizados como comple-
mento de cursos como os de Agronomia, Geografia, Biologia etc.
A convicção de que continuava havendo a necessidade de um livro-texto 
dirigido a estudantes universitários brasileiros que contemplasse, de maneira mais 
detalhada, os conhecimentos da Pedologia – aqui entendida como estudo do solo 
em seu ambiente natural –, fez com que eu me lançasse à tarefa de escrever o 19 Lições 
de Pedologia.
Para realizar este trabalho, fui buscar inspiração nas aulas do saudoso Petzval 
O. da Cruz Lemos, meu primeiro professor de Pedologia no curso de Agronomia da 
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em 1959, e também no “audiotutorial” 
conhecido como Concepts in Soil Science, desenvolvido pelo professor Maurice G. 
Cook, da North Carolina State University (EUA), ao qual muito agradeço por autori-
zar o uso da sua metodologia. 
Outras fontes de inspiração foram os colegas do Instituto Agronômico de 
Campinas (IAC), com destaque para Bernardo van Raij e os saudosos Alfredo Küpper 
e Antônio C. Moniz; os colegas da Embrapa-Solos (RJ), em especial o saudoso Marcelo 
Nunes Camargo, e os colegas do CSIRO/Division of Soils (Austrália), com destaque 
para o saudoso Ray Isbell.
Vários outros colegas contribuíram com observações teóricas, críticas bem 
fundamentadas, sugestões de leitura e tudo o mais que se abriga sob o teto generoso 
da amizade; são eles: Antônio C. Azevedo, Luiz R. F. Alleoni, Klaus Reichardt, Pablo 
Vidal-Torrado, Rubismar Stolf e Zilmar Z. Marcos.
Não posso deixar de mencionar o trabalho de leitura feito por vários estudan-
tes de graduação, pós-graduação e pós-doutoramento, a quem ofereci as primeiras 
versões de várias das lições aqui apresentadas, uma vez que ninguém melhor do que 
eles para saber se a linguagem do texto estava clara e adequada às suas necessida-
des de aprendizagem e ao ensino da Pedologia. Assim, e desde já desculpando-me 
por alguma inadvertida omissão de nomes, agradeço a Akenia Alkmim, Mariana 
Delgado, Marina Y. Reia, Mathilde A. Bertoldo, Rodrigo S. Macedo e Tatiana Rittl, e 
especialmente ao Gabriel R. P. Andrade, que elaborou a primeira versão de todas as 
questões e respostas inseridas nas lições. 
Pelas variadas fotos e outras ilustrações que enriquecem a presente obra, 
agradeço a Adriana C. G. de Souza, Adriano R. Guerra, Antonio G. Pires Neto, 
Eloana Bonfleur, Heloísa H. G. Coe, Júlio Gaspar, Marlen B. e Silva, Miguel Cooper, 
Mariana Delgado, Marston H. D. Franceschini, Osmar Bazaglia Filho, Rodrigo O. 
Zenero, Rodrigo E. Munhoz de Almeida, Rodnei Rizzo e Pablo Soares.
Destaco, ainda, as fotos enviadas pelos colegas John Kelley (United States 
Department of Agriculture / National Research Conservation Service); Stanley W. 
Buol (Emeritus Soil Professor, North Carolina State University), Mendel Rabinovitch 
(engenheiro agrônomo e ex-cineasta) e Márcio Rossi (Instituto Florestal, SP)
Agradeço a todos professores da graduação e pós-graduação que me entusias-
maram no estudo dos solos; aos meus colegas do Instituto Agronômico do Estado 
de São Paulo (IAC); aos meus colegas e estudantes da Universidade Federal de 
Uberlândia (UFU), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Universidade Estadual 
Paulista (FCAV-Unesp), com destaque para a Escola Superior de Agricultura Luiz de 
Queiroz (USP), em cuja Biblioteca Central passei grande parte do tempo na produção 
deste livro. 
Agradeço também àqueles que primeiro me apresentaram o solo e nele me 
ensinaram não só a plantar frutas, verduras e plantas ornamentais, mas principal-
mente a apreciá-lo na sua essência (com suas cores e texturas), despertando em mim o 
desejo de estudá-lo a fim de preservá-lo: meu pai, Jacob A. Lepsch (fazendeiro) e meu 
tio Reynaldo Lepsch (engenheiro agrônomo).
Por fim, quero expressar minha profunda gratidão a Ivana, minha compa-
nheira, pelo seu estímulo à idealização e produção desta obra, e também pelo empenho 
na revisão do texto. Seu apoio foi imprescindível para que este livro, fruto de muito 
amor, pudesse ser completado.
Igo F. Lepsch
A
Apresentação
O que é um livro? Que ideia traz à mente a palavra “livro”? Um feixe de páginas presas 
juntas num dos lados e envoltas por uma capa com maior espessura que as folhas, 
ostentando um título para indicar o seu conteúdo. Embora a essência do livro esteja 
nas páginas internas, é na capa que aparece a primeira indicação da intenção do autor 
ao escrevê-lo.
Há livros escritos para entreter, outros para emocionar e ainda outros mais que 
são oferecidos para instruir o leitor na execução de uma tarefa, desde como montar 
seu próprio arsenal de mágicas até o seu próprio receptor de programas de televisão. 
Esses tipos de livros, além de outros que neste momento podem estar lhe 
ocorrendo, são de definição simples quando comparados a livros criados para a divul-
gação de conhecimentos codificados segundo os preceitos da Ciência. A razão é, salvo 
melhor juízo, que a Ciência, considerada como a busca incessante do conhecimento, 
está sujeita à interminável revisão e constante ampliação. De fato, mensalmente, se 
não diariamente, pelo mundo afora são publicadas centenas de revistas, cada uma 
com dezenas de relatórios de pesquisas realizadas, informando sobre novas desco-
bertas, explicações, invenções e reparos de algum erro anteriormente divulgado. Esse 
ininterrupto manancial composto de leis, princípios, conceitos e dados é continua-
mente despejado no já vasto oceano do conhecimento científico. 
Quem poderá acompanhar com algum grau de eficiência tal dilúvio de páginas 
escritas? O erudito experiente aprendeu a satisfazer seu desejo de manter-se atuali-
zado escolhendo uma fração da Ciência para acompanhar mais detalhadamente, 
dando do seu interesse,ao restante, uma atenção mais superficial, por assim dizer 
caracterizando-se, em relação a ele, como um generalista.
Mas e quanto ao neófito, ao leigo, trazendo consigo, ainda, não mais do que 
noções vagas e superficiais recolhidas nos primeiros anos de estudo disciplinado? 
Atualizar-se com as publicações é como tentar abarcar, com a ajuda do cérebro, o 
passado completo ou percorrer esse Himalaia montado com folhas de papel. Como 
começar, e também como recompor, na mente, o conjunto, o panorama de um dos 
ramos ou divisões da Ciência que, como o todo do conhecimento, prossegue em 
constante ampliação? 
Para ele, a resposta está no livro didático, escrito com o declarado propósito 
de colocar ao seu alcance, mental e temporal, um compêndio contendo o essencial 
quanto a princípios, leis, conceitos, vocabulário, importância e significado para 
a humanidade.
De quando em quando, algum ramo da Ciência é revisitado e um novo livro é 
produzido, tendo como alvo principal o aprendiz. A Pedologia, também um detalhe 
no panorama amplo do conhecimento, tem para oferecer muitas obras desse tipo. 
Constituem-se de uma exposição dos preceitos aceitos até o momento, contados de 
modo a captar a atenção e provocar o interesse do estudante em prosseguir a leitura 
com a dedicação de um estudioso. 
Agora, você tem diante de si o livro 19 Lições de Pedologia. A introdução escrita 
pelo autor, Igo F. Lepsch, na primeira pessoa, numa linguagem íntima e amistosa, 
prepara o leitor para sentir-se como se o professor estivesse lhe falando. O sumário 
mostra a posição do autor em relação ao leitor. Os tópicos são apresentados de modo 
a provocar a mente para antecipar a pergunta para a qual deverá estar preparado para 
responder, após ter feito a leitura de cada tópico - assim como deve fazer o professor na 
sala de aula. Do ponto de vista pedagógico, essa é a didática adotada. 
Há pelo livro todo essa sensação de estar recebendo o texto ao vivo. Esse efeito 
é atingido pela montagem original das partes e pelas partições escolhidas. Até mesmo 
as repetições aparecem quase que sorrateiramente, não para surpreender o leitor, mas 
para atender à sua sentida vontade de um reforço nos pontos mais fundamentais e no 
que é peculiar e particular da Pedologia.
Além disso, as citações bibliográficas, ao final de cada lição, não foram escolhi-
das para indicar a fonte original da informação, do conhecimento, mas para comple-
mentar o estudo. 
Creio que Igo F. Lepsch está nos contando, com o seu livro, que assim é como 
gostaria de ter estudado sobre os solos que estão distribuídos sobre o nosso planeta.
Zilmar Ziller Marcos
ADAE/ESALQ
S
Sumário
Introdução, 13 
1 HIstórIco e fundamentos da cIêncIa do solo, 21
1.1 Os primeiros conhecimentos sobre o solo ..............................................................................................22
1.2 As primeiras civilizações: mesopotâmicos, egípcios, indianos, chineses, 
 astecas e incas ................................................................................................................................................24
1.3 Gregos e romanos .........................................................................................................................................27
1.4 Os árabes e a Idade Média europeia .........................................................................................................28
1.5 Os alquimistas e a busca pelo “espírito da vegetação” ........................................................................29
1.6 A escola de Liebig e a “lei do mínimo” .....................................................................................................31
1.7 A escola russa .................................................................................................................................................32
1.8 Os primeiros congressos internacionais de Ciência do Solo ...............................................................34
1.9 Subdivisões do estudo dos solos ...............................................................................................................37
1.10 Conceitos de solo ..........................................................................................................................................38
1.11 Funções ecológicas .......................................................................................................................................39
2 rocHas e seus mIneraIs, 43
2.1 Diferenças entre solo, regolito e saprólito ..............................................................................................44
2.2 Diferenças entre um elemento químico, um mineral e uma rocha ...................................................45
2.3 Como se formam os minerais? ....................................................................................................................47
2.4 O que são substituições isomórficas? .......................................................................................................52
2.5 Quais são os elementos mais comuns nos minerais? ............................................................................53
2.6 Propriedades físicas dos minerais .............................................................................................................54
2.7 Quais os principais tipos de rochas? .........................................................................................................57
2.8 Examinando melhor os três grupos de rochas .......................................................................................59
2.9 Composição química dos minerais............................................................................................................62
3 IntemperIsmo dos mIneraIs e formação dos mIneraIs de argIla, 65
3.1 Intemperismo físico e químico ...................................................................................................................66
3.2 Como age o intemperismo físico? .............................................................................................................69
3.3 Como ocorre o intemperismo químico? ...................................................................................................70
3.4 Por que algumas rochas se intemperizam mais rápida e 
 profundamente que outras? .......................................................................................................................75
3.5 Os produtos do intemperismo ...................................................................................................................82
4 os sólIdos atIvos do solo: argIla e Húmus, 89
4.1 O que são as argilas? .....................................................................................................................................91
4.2 Classificação das argilas ...............................................................................................................................92
4.3 De onde vêm as cargas das argilas? ..........................................................................................................99
4.4 O que é (e como se forma) o húmus? ..................................................................................................... 100
5 capacIdade de troca de íons, 105
5.1 Como acontecem as trocas de cátions do solo? ...................................................................................107
5.2 Como quantificar a CTC de uma amostra de solo? ..............................................................................108
5.3 Fatores que determinam maior ou menor retenção dos cátions nos coloides .............................110
5.4 Um exemplo de troca de íons ...................................................................................................................111
5.5 Quantificando as trocas iônicas ...............................................................................................................112
5.6 Fatoresque afetam a CTC do solo ...........................................................................................................113
5.7 Capacidade de troca de ânions (CTA) .....................................................................................................117
5.8 Perspectiva ...................................................................................................................................................117
6 físIca do solo I: granulometrIa, densIdade, consIstêncIa e ar do solo, 121
6.1 Tamanho de partículas e sua distribuição (composição granulométrica) .....................................122
6.2 Estrutura e seus agregados .......................................................................................................................127
6.3 Densidade (global e de partículas) e porosidade ................................................................................131
6.4 Consistência ..................................................................................................................................................134
6.5 O ar do solo ...................................................................................................................................................135
7 físIca do solo II: retenção e movImento da água, temperatura etc., 139
7.1 Estrutura e propriedades da água ...........................................................................................................143
7.2 Diferenças entre moléculas de água retidas por coesão e por adesão ......................................... 146
7.3 Capacidade de campo ................................................................................................................................147
7.4 Ponto de murcha permanente (PMP) .....................................................................................................149
7.5 Água disponível (AD) e capacidade de água disponível (CAD).........................................................149
7.6 Como medir a quantidade de água contida em um solo? .................................................................153
7.7 Movimentos da água no solo ...................................................................................................................155
7.8 Permeabilidade do solo em fluxo saturado e não saturado .............................................................156
7.9 Relações solo-água-planta ........................................................................................................................159
7.10 Temperatura do solo...................................................................................................................................159
8 QuímIca da fase líQuIda do solo, 165
8.1 As reações biogeoquímicas da fase líquida do solo ............................................................................166
8.2 O que é uma solução química? .................................................................................................................168
8.3 Movimento dos íons: da fase sólida para a líquida ..............................................................................171
8.4 Principais ânions: cloretos, sulfatos, bicarbonatos e nitratos ...........................................................173
8.5 Principais cátions: cálcio, magnésio, potássio, sódio e alumínio ..................................................... 174
8.6 Ácido silícico, compostos orgânicos e gases na solução do solo ..................................................... 174
8.7 Solução do solo e pedogênese ................................................................................................................175
8.8 Influência das concentrações de oxigênio, cátions e sílica na formação das argilas ..................178
8.9 Como retirar amostra da solução do solo? ............................................................................................178
9 morfologIa: organIzação do solo como corpo natural, 183
9.1 Paisagens, corpos de solos e perfis de solos .........................................................................................184
9.2 Como descrever um solo? ..........................................................................................................................187
9.3 Principais características morfológicas ..................................................................................................190
9.4 Denominações dos horizontes ................................................................................................................ 200
10 acIdez e alcalInIdade, 209
10.1 O que significa pH? .....................................................................................................................................210
10.2 Por que existem solos ácidos e alcalinos? ..............................................................................................212
10.3 Os diferentes tipos de acidez ....................................................................................................................216
10.4 Efeito do tipo de cátion básico sobre o pH ............................................................................................218
10.5 Poder tampão dos solos ............................................................................................................................219
10.6 Importância da acidez do solo no crescimento das plantas .............................................................220
10.7 Ajuste do pH em solos agrícolas ..............................................................................................................221
10.8 Como calcular a quantidade de calcário necessária para neutralizar 
 os níveis elevados de acidez? ...................................................................................................................222
10.9 Alcalinidade e salinidade ...........................................................................................................................223
11 BIologIa do solo: organIsmos vIvos e matérIa orgânIca, 227
11.1 Tipos de organismos...................................................................................................................................228
11.2 Macroanimais mais comuns do solo: artrópodes e vermes ...............................................................230
11.3 Microfauna (nematoides, protozoários e rotíferos) ............................................................................232
11.4 Microflora (algas, bactérias , fungos e actinomicetos) .......................................................................233
11.5 Fatores que condicionam o tipo e a quantidade de micro -organismos do solo ..........................235
11.6 Efeitos dos organismos no solo ...............................................................................................................235
11.7 Matéria orgânica ..........................................................................................................................................238
11.8 Relações carbono/nitrogênio .................................................................................................................. 240
12 análIse da fração sólIda do solo, 245
12.1 Fertilidade versus produtividade do solo .............................................................................................245
12.2 Tecnologias que devem ser utilizadas para se conhecer o solo .......................................................249
12.3 Análises químicas e físicas para fins pedológicos ...............................................................................251
12.4 Análises de solo para fins de recomendação de adubações .............................................................261
12.5 Retrospectiva e perspectiva .....................................................................................................................267
13 processos e fatores de formação do solo,271
13.1 Voltando no tempo .....................................................................................................................................273
13.2 Principais processos de formação do solo .............................................................................................276
13.3 Fatores de formação do solo ......................................................................................................................281
13.4 Retrospectiva ...............................................................................................................................................291
14 classIfIcação dos solos, 293
14.1 Classificações técnicas e naturais ............................................................................................................296
14.2 Atributos diferenciais dos solos ...............................................................................................................296
14.3 Primeiros sistemas naturais de classificação ........................................................................................299
14.4 Sistemas modernos de classificação – horizontes diagnósticos ......................................................301
14.5 Classificação norte -americana .................................................................................................................302
14.6 Classificações da FAO/Unesco ..................................................................................................................305
14.7 Outros sistemas de classificação de solos ............................................................................................ 308
15 o sIstema BrasIleIro de classIfIcação de solos (sIBcs), 311
15.1 Estrutura hierárquica do SiBCS ................................................................................................................313
15.2 As seis categorias do SiBCS .......................................................................................................................314
15.3 Visão geral dos solos brasileiros (ordens e subordens) ......................................................................322
16 levantamento de solos, 341
16.1 Utilidades dos levantamentos pedológicos ......................................................................................... 341
16.2 Definição e modo de execução de um levantamento pedológico ..................................................343
16.3 Por que e como são feitos os mapas de solos? .................................................................................... 344
16.4 Quais os diferentes tipos de unidades de mapeamento? ................................................................. 348
16.5 Os relatórios dos levantamentos de solos .............................................................................................350
16.6 Quais são os tipos de levantamentos pedológicos? ...........................................................................351
16.7 Mapas utilitários e interpretativos ..........................................................................................................355
16.8 Avanços recentes nos levantamentos de solos ....................................................................................356
17 solos do BrasIl, 361
17.1 Solos da Amazônia ......................................................................................................................................363
17.2 Solos do Nordeste .......................................................................................................................................367
17.3 Solos da Região Centro-Oeste ..................................................................................................................371
17.4 Solos da Região Sudeste ............................................................................................................................374
17.5 Solos da Região Sul .....................................................................................................................................377
17.6 Panorama dos solos do Brasil em relação à agricultura .....................................................................379
18 solos e clImas do mundo, 383
18.1 Solos dos trópicos e subtrópicos úmidos ..............................................................................................386
18.2 Solos dos trópicos com longa estação seca ..........................................................................................389
18.3 Solos dos climas mediterrâneos ..............................................................................................................391
18.4 Solos das regiões montanhosas...............................................................................................................392
18.5 Solos das zonas áridas ................................................................................................................................393
18.6 Solos das zonas temperadas .....................................................................................................................396
18.7 Solos da zona fria ........................................................................................................................................401
18.8 Solos das zonas boreais e polares .......................................................................................................... 402
18.9 Panorama dos recursos dos solos do mundo para a agricultura .................................................... 404
19 degradação e conservação dos solos, 407
19.1 A conservação dos solos ........................................................................................................................... 408
19.2 Causas do depauperamento dos solos ..................................................................................................410
19.3 Erosão dos solos ..........................................................................................................................................419
19.4 Os métodos de conservação dos solos ...................................................................................................425
19.5 Capacidade de uso e planejamento conservacionista das terras ....................................................431
19.6 Retrospectiva e perspectiva .....................................................................................................................436
referêncIas BIBlIográfIcas, 439
índIce remIssIvo, 443
I
Introdução
Olá! Seja bem -vindo(a) às nossas Lições de Pedologia. Mas, antes de iniciá -las, gostaria 
de contar -lhe algumas histórias e estórias. Histórias de como tudo começou – com um 
imenso Big Bang – e estórias de como tudo pode estar terminando em uma imensa 
“big bagunça”. 
Segundo as mais modernas teorias, o Big Bang foi uma espécie de “gatilho” 
que, quando apertado, fez surgir, em menos de um segundo, todo o Universo. Cerca 
de 10 bilhões de anos depois, as primeiras formas de vida surgiram na Terra e foram 
evoluindo até que, perto de somente 100 mil anos atrás, surgiram a nossa espécie, o 
Homo sapiens, e suas primeiras aldeias.
Você sabia que, na sociedade primitiva, na qual os homens começaram a formar 
as primeiras tribos, o conhecimento do nosso meio ambiente era compartilhado 
igualmente entre eles? Agora imagine você, membro de uma dessas tribos, à noitinha, 
reunindo -se em volta de uma fogueira com pessoas mais velhas e mais experientes 
que, entre outras coisas, lhe contam o que aprenderam nas suas andanças. Como um 
dos membros mais novos desse grupo, você os escuta com atenção e depois lhes faz 
perguntas para tirar algumas dúvidas. Se algo interessante lhe fosse revelado – como 
uma árvore com frutos mais saborosos, o local de um rio com peixes maiores, ou um 
solo com variados tons da cor vermelha para pintar seu corpo ou desenhar na parede 
de alguma caverna –, certamente você pediriaque a novidade lhe fosse logo mostrada.
Hoje as coisas mudaram: as aldeias transformaram -se em grandes cidades de 
populosas nações, e o conhecimento aumentou muito e se fragmentou em diversas 
áreas. Mas algo daquelas reuniões tribais ainda tece não só as histórias da humani-
dade, como também os avanços da Ciência. 
Quando eu era um garoto, gostava de ouvir as histórias contadas pelos meus 
avós, pais, tios e professores, principalmente aquelas que falavam sobre a natureza. 
Assim, estimulado pelo que eles me ensinaram, eu me especializei em Pedologia, ou 
seja, no estudo da Ciência do Solo. Além disso, tive a oportunidade de conhecer muitas 
universidades e de cavar e examinar os solos de campos e matas de muitos locais deste 
nosso Brasil e do mundo afora. Hoje sou mais velho e mais experiente, e me sentindo 
como um ancião daquelas tribos primitivas, sinto necessidade e obrigação de compar-
tilhar com você muito do que aprendi. 
Acredite, eu gostaria de fazê -lo da forma como nossos ancestrais faziam: num 
bom papo em volta de uma acolhedora fogueira e, depois, acompanhar você ao campo 
para cavar e mostrar as cores e os pendores dos solos (Fig. 1). Contudo, como nossas 
"tribos" e nossos territórios são agora muito grandes, resta -me a opção de escrever, 
14 Lições de pedologia
a fim de compartilhar alguns dos meus conhe-
cimentos. Além disso, aconselho que você 
sempre participe intensamente das aulas práti-
cas promovidas pelos seus professores, princi-
palmente aquelas que acontecerão em meio à 
natureza, onde você poderá conhecer in loco 
todos os aspectos da superfície e do interior 
do solo.
Meu desejo é que, ao ler este livro, você 
aprenda a ver o solo não só com os olhos e as 
mãos, mas também com o coração.
Desta forma, usando uma linguagem 
simples – mas sempre calcada em modernos 
dados técnico -científicos –, pouco a pouco 
tentarei ajudá -lo a decifrar e conhecer melhor 
as admiráveis partes que constituem o solo. 
Elas estão em íntimo contato com o ar da atmosfera, as rochas da litosfera, os organis-
mos da biosfera e as águas da hidrosfera – dos quais a nossa vida muito depende.
A maioria das pessoas, por exemplo, só consegue ver, das três dimensões do 
solo, apenas duas: comprimento e largura – as que formam a superfície e que estão 
mais próximas da atmosfera. Muitas vezes, porém, deixam de ver a profundidade. Por 
isso, insisto: familiarize -se também com esta terceira dimensão do solo. Vá ao campo 
e, sem medo de “sujar” as mãos, cave, escave, olhe e toque as suas camadas (que em 
Pedologia são chamadas de “horizontes”). 
Existem muitos solos diferentes, da mesma forma como existem diferentes 
climas, rochas, árvores e águas. Cada solo tem seu próprio arranjo de horizontes e, 
portanto, sua própria história – aquela que o condicionou a ter certas funções que 
estão refletidas nos seus atributos mineralógicos, biológicos, físicos e químicos. 
Em nossas conversas, que organizei em forma de Lições de Pedologia, iremos 
contar essa história e estudar essas funções – principalmente as relacionadas com o 
crescimento das plantas. Além disso, aprenderemos a examinar a aparência dos solos 
e a analisar e interpretar seus atributos. 
E como toda história tem um começo, que tal iniciarmos imaginando os efeitos 
de um “big bang” criador e de um “big estrago” destruidor?
Acredito que você já tenha ouvido falar no Big Bang. Esse “instante criador”, 
marcado por uma gigantesca explosão, aconteceu há cerca de 20 bilhões de anos, 
quando o espaço, o tempo e a matéria ainda não existiam. 
Da energia dessa “explosão” surgiu toda a matéria dos corpos celestes, entre 
os quais o nosso incandescente e resplandecente Sol e, em sua volta, o nosso então 
também incandescente planeta Terra, que foi se esfriando e solidificando aos poucos 
até formar uma capa sólida ao seu redor. As temperaturas elevadas, que geravam 
altas pressões vindas do interior do nosso planeta, começaram a romper essa capa, 
expelindo inúmeros gases, os quais formaram uma protoatmosfera que, num primeiro 
momento, continha muito vapor d’água, gás carbônico e enxofre, e depois metano, 
amônia e nitrogênio, mas ainda quase nenhum oxigênio livre. Com a continuação do 
Fig. 1 Modelo de ensino da forma como nossos ancestrais 
 faziam: o começo se dá num bom papo em volta de uma 
 acolhedora fogueira (Foto: Rodrigo O. Zenero)
1511 Biologia do solo: organismos vivos e matéria orgânica
resfriamento dessa crosta – ou litosfera –, os vapores d’água foram se condensando e 
ocorreram muitas chuvas. Tantas que acabaram formando os primeiros oceanos. 
Com as chuvas e os ventos, as rochas dessa litosfera começaram a se decom-
por, fragmentando -se e formando as primeiras areias e argilas dos antecessores dos 
primeiros solos – os “protossolos”. Como na atmosfera ainda não existia oxigênio livre 
(O2) e ozônio (O3), a vida só poderia ter início nas águas, entre as areias e argilas dos 
protossolos. As águas se acumularam e nelas, protegidas das radiações ultravioleta, as 
“células -vidas” puderam se originar. Primeiramente surgiram as “células -bactérias” – 
os procariontes –, com DNA, mas sem clorofila. Depois, “células -algas clorofiladas” – 
as espirulinas. Estas então começaram, com a energia dos fótons, a sintetizar o gás 
oxigênio a partir da água, gás carbônico e outros nutrientes, como fosfatos, nitratos etc. 
Parte do oxigênio assim produzido, sob a ação dos raios ultravioleta, decompunha -se e 
formava o gás ozônio, que se acumulou como uma camada protetora na estratosfera. 
 Desse modo, as primeiras formas de vida multiplicaram -se. Provavelmente 
primeiro nas águas contidas nos poros que existiam ao redor das areias e argilas dos 
protossolos, e depois nos oceanos e mares. Após alguns milhões de anos, o O2 e o 
O3 assim formados já compunham boa parte da atmosfera. Com a morte dos indiví-
duos monocelulares que cresciam na água existente entre os pequenos fragmentos 
de rocha, matérias orgânicas foram incorporadas a boa parte da superfície sólida da 
Terra. Imagino que deve ter sido assim que o objeto maior de nosso estudo – o solo – 
começou a nascer e crescer: primeiro vieram os Neossolos, depois os Cambissolos 
e os Argissolos. Por último, os Latossolos (mais tarde veremos o significado desses 
“nomes científicos”).
Como o solo estava se desenvolvendo, a Terra podia sustentar formas mais 
organizadas de vida, incluindo muitos organismos clorofilados, como as algas verdes. 
Depois, vieram os musgos – briófitas – e as samambaias - pteridófitas. Estas últimas, 
embora ainda sem sementes, mas já com vasos condutores de seiva, usavam o solo, no 
qual fixavam suas raízes para dele extraírem água e nutrientes, o que contribuía, de 
forma significativa, para o fenomenal processo da fotossíntese e, consequentemente, 
para continuar a síntese de oxigênio, que era “turbinada” por outro fenômeno impor-
tante, que mais tarde veremos em detalhe: a capacidade de troca de íons do solo. 
Assim, o oxigênio da atmosfera aumentava à medida que o gás carbônico diminuía, 
isto porque seus átomos de carbono eram sequestrados em grandes quantidades de 
biomassa, boa parte da qual foi enterrada e fossilizada no que hoje conhecemos como 
petróleo e carvão mineral.
Assim, à medida que os solos evoluíam, os vegetais também o faziam. As 
plantas, além de folhas clorofiladas, passaram a ter frutos e sementes, de acordo com 
o que está escrito em muitos livros sagrados, inclusive na Bíblia: “E a terra produziu 
erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente 
está nela conforme a sua espécie” (Gn 1:12). 
Paralelamente, pouco a pouco foram surgindo espécies animais que se alimen-
tavam não só da biomassa sintetizada pelos vegetais, como também de outros animais. 
Primeiro vieram os invertebrados, depois os vertebrados e, entre estes e por último, 
o homem – biblicamente chamado “Adão” (“... e formou Deus o Homem do pó da 
terra...”, Gn 2:7).
16 Lições de pedologia
Talvez você se interesseem saber que o nome “Adão” vem do hebraico adamá, 
que significa “solo vermelho” ou “do barro vermelho”. E mais: foi dado a esse ser, 
considerado o ícone da criação divina, “o domínio sobre os peixes do mar, e sobre as 
aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra” (Gn 1:26).
O Homem sapiens, somente há alguns milhares de anos, vem se multiplicando 
e explorando uma natureza que levou tantos bilhões de anos para se formar. Ou seja, 
à custa dos recursos naturais, os indivíduos desta nossa espécie foram desordenada-
mente crescendo e, para criar condições favoráveis à sua vida, foram modificando a 
natureza, derrubando árvores, arando o solo, construindo estradas etc. Hoje, talvez 
não muito “sapiamente”, a população aumenta cada vez mais e, portanto, consome 
cada vez mais água, alimentos e energia. Com isso, a maior parte das florestas e dos 
campos vem sendo substituída por áreas urbanas, lavouras e pastagens, a fim de 
atender à constante demanda de moradia e alimento dos quase seis bilhões desses 
novos Homo sapiens, cada vez mais famintos e exigentes em conforto. Para atender 
a toda essa demanda, o solo, que muito tempo levou para se formar, vem se desgas-
tando rapidamente, enquanto o gás carbônico, também por tanto tempo captado pelas 
plantas, vem retornando à atmosfera, principalmente pela queima da matéria orgânica 
dos solos, do petróleo e do carvão. 
Por isso tenho dito que estamos fazendo um “big estrago” naquilo que começou 
com um resplandecente “big bang”. 
Com os dejetos produzidos nas cidades, as águas e o ar vêm sendo poluídos 
e, com o desgaste dos solos, os alimentos escasseiam, fazendo com que as fronteiras 
agrícolas avancem à custa de desmatamentos. Com a queima dos combustíveis fósseis 
e das florestas, o excesso de CO2 produz o efeito estufa e aumenta a temperatura da 
Terra, provocando o derretimento do gelo das calotas polares, a elevação do nível dos 
oceanos e o alargamento dos desertos. Uma possível consequência, por exemplo, é 
o desaparecimento de cidades em razão das doenças e ações violentas da natureza, 
como os furacões, as secas e as enchentes, que já estão sendo divulgadas pela mídia. 
Ao tomarmos conhecimento desses fatos, muitos se perguntam: será que, por causa 
de tanto estrago que fizemos à terra que antes tão bem nos alimentava, agora, por 
vingança, ela nos destrói? 
Talvez uma solução seja passarmos a olhar o solo segundo o que ele tem de mais 
jovial e fecundo, o mesmo olhar de esperança com que o poeta português Antônio 
Gedeão fala do caráter promissor da juventude. Desse modo poderemos perceber 
esta que, certamente, foi uma das maiores criações resultantes do disparo daquele 
“big gatilho”: o solo.
rosa Branca ao peIto
(Antônio Gedeão, Portugal, 1906 -1997)
Teu corpinho adolescente cheira a princípio do mundo.
Ainda está por soprar a brisa que há de agitar a tua seara.
Ainda está por romper a seara que há de rasgar o teu solo fecundo.
Ainda está por arrotear o solo que há de sorver a água clara.
Ainda está por ascender a nuvem que há de chover a tua chuva.
Ainda está por arder o sol que há de evaporar a água da tua nuvem.
1711 Biologia do solo: organismos vivos e matéria orgânica
Em seu encontro com Édipo, na tragédia 
grega de Sófocles (496 -406 a.C.), uma esfinge 
diz: “Decifra ‑me ou devoro ‑te”. Talvez você 
esteja agora me perguntando: “O que devo eu 
decifrar para não ser devorado por esse ‘big 
estrago’”? Poderia eu lhe responder: cada um 
pode fazer um pouco, como, por exemplo, 
compreender como os solos se formam e como 
vêm funcionando ao longo dos tempos, pois 
é preciso conhecê -los para protegê -los, e é 
bom que isso seja feito desde a nossa infância 
(Fig. 2). 
Da mesma forma como os antigos 
filósofos gregos diziam que o conhecimento, 
por meio da educação, leva o homem ao 
máximo possível de sua perfeição, eu lhe digo 
que o meu desejo é que os conhecimentos que 
aqui iniciei a compartilhar com você cresçam 
Mas tudo te espera desde o princípio do mundo:
a doce brisa, a verde seara, o solo fecundo.
Tudo te espera desde o princípio de tudo:
a água clara, a fofa nuvem, o sol agudo.
Tu sabes, tu sabes tudo.
Tu és como a doce brisa, a verde seara e o solo fecundo
que sabem tudo desde o princípio do mundo.
Tu és como a água clara, a fofa nuvem e o sol agudo
que desde o princípio do mundo sabem tudo.
O teu cabelo sabe que há de crescer
e que há de ser louro.
As tuas lágrimas sabem que hão de correr
nas horas de choro
Os teus peitos sabem que hão de estremecer
no dia do riso.
O teu rosto sabe que há de enrubescer
quando for preciso.
Quando te sentires perdida
fecha os olhos e sorri.
Não tenhas medo da Vida
que a Vida vive por si.
Tu és como a doce brisa, a verde seara e o solo fecundo
que sabem tudo desde o princípio do mundo.
Tu és como a água clara, a fofa nuvem e o sol agudo.
A tua inocência sabe tudo.
Fig. 2 O ideal é que o conhecimento sobre o solo nos seja passado
 desde a mais tenra idade (Foto: Juliana Simões Lepsch)
18 Lições de pedologia
e se multipliquem, tal como uma semente boa em solo fecundo. Afinal, aprender a 
decifrar um pouco dos multicoloridos solos (Fig. 3) já é um bom passo para diminuir 
os muitos estragos que estamos fazendo ao nosso belo planeta verde -azul.
Fig. 3 As muitas cores dos solos brasileiros. Nas regiões de clima frio ou temperado (como o norte da Europa e das Américas), 
 os solos não têm as vivas cores amareladas, laranja e vermelhas, muito comuns nos trópicos úmidos (Fotos: I. F. Lepsch 
 e S. W. Buol)
1911 Biologia do solo: organismos vivos e matéria orgânica
Parafraseando Milton Nascimento e Chico Buarque, faço a você o seguinte 
convite: venha comigo afagar a terra, conhecer os desejos da terra, pois a terra está no 
cio: esta é a propícia ocasião para fecundar o chão.
o cIo da terra
(Milton Nascimento / Chico Buarque)
Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão
Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel
Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão
(...) graças à conhecida posição do nosso planeta em relação ao Sol, 
graças à sua rotação e à sua forma esférica, o clima, a vegetação e a vida 
animal estão distribuídos na superfície da Terra, de norte a sul, em uma 
ordem estritamente determinada (...) que permite a divisão da esfera em 
zonas: polar, temperada, equatorial e assim por diante. E, uma vez que 
os agentes formadores do solo estão sujeitos a leis conhecidas que regem 
a sua distribuição, seus resultados (...) devem estar distribuídos na esfera 
terrestre em zonas definidas, que se situam mais ou menos (somente 
com alguns desvios) paralelas aos círculos das latitudes. 
(Dokuchaev, em Nossas estepes, passado e presente, 1892).
Lição 1
Histórico e fundamentos da ciência do solo
Vamos começar revendo um pouco a história da Ciência do Solo e do seu ramo que 
mais completamente o estuda: a Pedologia. O desenvolvimento dos estudos do solo 
pode ser entendido como passando por dois estágios: o primeiro, muitos séculos atrás, 
em que referências às práticas agrícolas são encontradas na literatura de antigos povos, 
muitas vezes com um sentido religioso; o segundo refere -se há tempos mais recentes, 
dos últimos dois séculos, fundamentado na experimentação e aplicação do método 
científico. No processo de revisão desses estágios poderemos entender melhor a evolu-
ção dos modernos conceitos da Pedologia e nos dar conta de que este ramo da ciência é 
dinâmico e tem passado por muitas resistências a novas ideias. Trata -se de uma ciência 
relativamente nova, pois muito tempo demorou para que os primeiros naturalistas do 
século XIX a reconhecessem. Veja algo sobre esse assunto no Boxe 1.1.
algumas defInIções Importantes
Alquimia: forma da química na Idade Média que envolvia tentar descobrir como transformar metais comuns 
em ouro e obter o elixir da longa vida, um remédio que curaria todas as doençase daria vida longa àqueles 
que o ingerissem.
Vasilii V. Dokuchaev (1846-1903
452 Rochas e seus minerais
de sólidos são os poros, os quais normalmente estão 
preenchidos com dois outros componentes, um 
líquido e outro gasoso: o ar e a água. 
Como você pode imaginar, a proporção de ar 
e água é variável porque a quantidade desta última, 
retida no solo, varia muito em decorrência das condi-
ções climáticas. Em geral, os poros ocupam cerca da 
metade do volume de um horizonte do solo. Contudo, 
pode haver variações, dependendo do grau de compac-
tação do solo, assunto que iremos estudar em detalhes 
mais adiante, em uma das lições sobre física do solo.
Por enquanto, vamos nos concentrar nos 
minerais, tentando responder a questões como:
 ▓ Qual a diferença entre um elemento químico, um 
mineral e uma rocha?
 ▓ Onde e como esses materiais se originam?
 ▓ Como eles adquirem as atuais características?
 ▓ Por que uns se decompõem mais facilmente que 
outros?
 ▓ Será que diferentes rochas com diferentes minerais 
sempre dão origem a diferentes solos?
2.2 Diferenças entre um elemento químico, um mineral e uma rocha
Olhando com cuidado um pedaço de rocha – a pedra polida de uma mesa de pia, 
por exemplo –, você notará que ela é composta de uma série de pequenas manchas, 
semelhantes a peças de um “quebra -cabeça”. Essas peças são diversos minerais: quartzo, 
feldspato e mica, no caso de ser uma rocha granítica. Nessa rocha, esses minerais estão 
na forma do que chamamos agregados cristalinos, os quais são compostos de peque-
nos cristais de vários formatos e cores.
Em Geologia, define -se rocha como “um agregado natural de minerais”; por 
sua vez, um mineral é definido como um composto cristalino formado por átomos de 
elementos químicos ou, mais corretamente, íons – átomos ou grupo de átomos com 
carga elétrica em razão da perda ou ganho de elétrons. No caso de ganho, o átomo 
adquire uma carga elétrica negativa, sendo denominado ânion, e no caso de perda 
de elétrons, o átomo fica carregado positivamente, sendo denominado cátion. Por 
Fig. 2.2 Esquema da composição do horizonte A de um solo
 quando em boas condições para o crescimento de 
 plantas cultivadas. O conteúdo de ar e água dos poros é
 variável: no caso, metade deles está ocupada por água
Você considera o termo “nutrição mineral de plantas” correto sob o ponto de vista da mineralogia? 
Por quê? Modifique ‑o para uma forma mais correta, dando atenção às diferenças 
entre átomos, íons, moléculas e minerais.
O termo “nutrição mineral de plantas, muito comum na Ciência do Solo, pode ser interpretado como errôneo 
se tomarmos “ao pé da letra” a definição de mineral. Plantas não se alimentam de minerais, mas sim de íons e 
compostos orgânicos. Minerais do solo só existem na forma de partículas e, como tais, por menores que sejam 
(p.ex., argilas), não conseguem ser absorvidos pelas plantas. Nesse sentido, o termo “nutrição inorgânica de 
plantas” seria conceitualmente mais adequado. 
Questão1
46 Lições de pedologia
exemplo, o íon do oxigênio (O) é o ânion O–2 ou grupamentos ânions (p.ex. o carbo-
nato CO32 -) que estão ligados a cátions (p.ex. silício: Si4+) em uma forma cristalina. 
Quando aqui dizemos “cristalinos”, significa que as suas minúsculas partículas 
de matéria – os íons – estão arrumadas de forma ordenada, num arranjo que se repete 
de forma sistemática em todas as direções. Você pode ver um pouco mais sobre defini-
ções de minerais no Boxe 2.1.
Mais adiante, na Fig. 2.14, estão representados os elementos mais comuns na 
litosfera, tanto em número de átomos como em peso. Note que o oxigênio é o elemento 
predominante na litosfera, seguido do silício (Si), alumínio (Al) e ferro (Fe).
Uma vez que os minerais têm uma composição química bem definida, eles 
podem ser identificados pela sua análise química. No entanto, não vamos discorrer 
agora sobre análises químicas, mas rever alguns aspectos químicos e o modo como 
Boxe 2.1 defInIção de mIneral 
Do latim minera (mina), minerais são compostos químicos naturais (raramente elementos nativos), formados 
a partir de diversos processos físico -químicos que operaram na crosta terrestre. A maioria desses compostos 
ocorre no estado sólido e compõe as rochas. Cada mineral é classificado e denominado não apenas com base 
na sua composição química, mas também na estrutura cristalina dos materiais que o constituem. Dessa forma, 
materiais com a mesma composição química podem formar minerais distintos, em razão das diferenças estru-
turais que regem o modo como os seus átomos ou moléculas se arranjam espacialmente (p.ex., a grafite e o 
diamante: ambos compostos unicamante de átomos de carbono). 
Os minerais variam, na sua composição, desde elementos químicos, em estado puro ou quase puro, e sais 
simples até silicatos complexos, com milhares de formulas químicas conhecidas. Embora, em sentido estrito, 
o petróleo, o gás natural e outros compostos orgânicos formados em ambientes geológicos sejam minerais, 
geralmente a maioria dos compostos orgânicos é excluída. Também são excluídas as substâncias, que podem 
ser produzidas pela atividade humana (p.ex., os diamantes artificiais) mesmo que idênticas em composição e 
estrutura a algum mineral.
Um mineral que pode ser explorado economicamente passa a ser denominado de minério, e à atividade 
referente à sua extração denominamos mineração.
Estudos experimentais demonstram que cada mineral é formado sob uma condição físico -química especí-
fica, ou seja, a uma determinada temperatura, pressão e concentração dos elementos químicos presentes no 
sistema.
Os minerais se mantêm imutáveis até que as condições ambientais atinjam os limites de sua estabilidade. 
A partir daí, são substituídos por outros mais estáveis sob a nova condição. Alguns minerais, porém, possuem 
limites de estabilidade muito amplos e são praticamente imutáveis, como o diamante, o coríndon, o grafite, 
o quartzo etc.
Fonte: adaptado de <http://en.wikipedia.org/wiki/Mineral>.
Pense no conceito de mineral apresentado no Boxe 2.1. Você consideraria a água como um mineral? 
Justifique.
Uma substância é considerada mineral quando satisfaz as seguintes condições: é sólida, possui estrutura mole‑
cular cristalina (átomos com arranjo interno ordenado), ocorre naturalmente, é inorgânica e possui composição 
química definida. Portanto, a água, desde que esteja no estado sólido e ocorra na natureza (p.ex., como um 
iceberg), pode ser considerada um mineral.
Questão2
592 Rochas e seus minerais
O terceiro grupo de rochas são as metamórficas. 
O metamorfismo refere -se à metamorfose ou 
mudança imposta em rochas que antes eram ígneas 
ou sedimentares. Se uma rocha é metamórfica, signi-
fica que ela é resultado de uma mudança que ocorreu 
em rochas ígneas ou sedimentares – quando estas 
sofreram grandes pressões e/ou altas temperaturas. 
2.8 Examinando melhor os três grupos 
 de rochas
Primeiro vamos examinar as ígneas, que são forma-
das diretamente do magma derretido que pode ter -se 
resfriado mais ou menos lentamente. Se observarmos 
com atenção um paralelepípedo da rua ou o granito 
de um piso, veremos que alguns deles se parecem com 
um quebra -cabeça com peças menores e outros, com um quebra -cabeça com peças 
maiores. O tamanho das peças – ou unidades cristalinas – desses granitos tem muito a 
ver com a velocidade de resfriamento do magma de onde vieram: quanto mais devagar 
o material tiver sido resfriado, maior serão as unidades cristalinas. Se o magma tiver 
se resfriado muito lentamente, ele poderá formar um belo granito tipo “olho de sapo”, 
que tem “manchas maiores” (ou, “falando difícil”, um granito com padrões maciços, 
faneríticos e equigranular).
Outra característica que pode diferenciar uma rocha ígnea de outra é a cor. As 
mais escuras são as que contêm menos sílica (SiO2) e são chamadas de básicas. As mais 
claras são as que contêm mais sílica e, por serem derivadas da junção de moléculas do 
“ácido silícico” [Si(OH)4], antes existentesno magma, são chamadas de ácidas. Exemplos 
de rochas mais claras são os riolitos e granitos (Fig. 2.22), e exemplos das mais escuras 
Fig. 2.20 Esquema mostrando um conjunto de rochas ígneas, metamórficas e sedimentares superpostas
Fonte: Bigarella, Becker e Santos (1994).
Fig. 2.21 Dunas próximas às praias do litoral (Laguna, SC): 
 um exemplo de sedimento eólico sobre o qual solos 
 poderão se desenvolver
Fonte: Teixeira et al. (2000). 
60 Lições de pedologia
são os basaltos e diabásios, que, por sinal, origi-
nam as famosas “terras roxas” brasileiras. 
Os basaltos e diabásios, quando compa-
rados com o granito, contêm muito mais 
minerais ferromagnesianos escuros e bem 
menos quartzo. Por isso, os minerais que 
contêm ferro e magnésio se decompõem muito 
mais rapidamente, desintegrando a rocha e 
formando óxidos de ferro. Esse fato tem uma 
grande importância para definir as qualidades 
dos solos derivados desses minerais.
Com relação a como a rocha granítica 
pode se decompor e se transformar, é bom 
recordar que o granito é constituído basica-
mente de quartzo, feldspatos e micas, e que é 
formado pelo resfriamento de grandes porções 
de magma situado muitos quilômetros abaixo 
da superfície da Terra. Se um dia esse granito 
ficar exposto à superfície, como um morro, 
várias mudanças físicas e químicas começa-
rão a ocorrer: o quartzo, por ser quimicamente quase inerte, não se decomporá, mas 
se fragmentará, formando areias. Os feldspatos e micas, além de fragmentar -se em 
areias, se transformarão quimicamente, formando as argilas. Na próxima lição, sobre 
intemperismo, veremos em detalhe como isso acontece.
Vamos agora pensar um pouco para onde foram as partículas que erodiram do 
morro granítico. Assim que o granito começa a se decompor (lembre -se do ditado: 
“água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”), os grãos de areia e as argilas 
são levados morro abaixo pelas enxurradas, sendo depois carregados pelos rios, onde 
poderão continuar sua viagem para serem depositados como sedimentos de fundo 
ou de praias do mar. Com o tempo, esse sedimento poderá ser encoberto por outros 
e, com o aumento da pressão, poderá cimentar e se transformar em um arenito ou 
um argilito. Esse processo de sedimentos se transformando em rochas sedimentares 
é conhecido como litificação. Os arenitos e os argilitos são, portanto, membros do 
segundo grupo de rochas: as sedimentares. 
Fig. 2.22 O “Royal Gorge” é um cânion no rio Arkansas, perto de
 Canon City, Colorado (EUA). O rio corta rochas claras ígneas 
 (granitos) que podem ser observadas expostas nas escarpas. 
 No sopé dessas escarpas, existem sedimentos (corpos de 
 tálus formados por colúvios provenientes do intemperismo
 do granito) e, mais perto do curso do rio, solos se desenvolvem
 sobre sedimentos aluviais (áreas com vegetação às margens do
 rio Arkansas). (Foto: Mendel Rabinovitch)
Quais as designações para rochas ígneas ricas em Si e para rochas com maiores teores de Fe/Mg? 
Lembrando que os solos se formam a partir da decomposição das rochas, qual a importância prática 
desse aspecto para um cientista do solo?
Questão7
Rochas ígneas ricas em Si são chamadas de ácidas, não por causa do pH baixo, mas pela presença de “ácido 
silícico” [Si(OH4)] no magma que as formou. Já as mais pobres em Si e ricas em minerais com altos teores de Fe 
e Mg são chamadas de rochas ígneas básicas. Como os solos se formam a partir da decomposição dos minerais 
das rochas, é muito válido saber se a rocha é mais rica em Fe ou Si, pois isso será determinante, por exemplo, 
para explicar o teor de óxidos de Fe presente nos solos e mesmo o teor total de grãos de areia, uma vez que, 
nas rochas ácidas, o alto teor de Si está associado ao mineral quartzo, de difícil decomposição química e que 
geralmente se mantém no solo como grãos de areia. 
A água é o sangue da terra. Insubstituível. Nada 
é mais suave e, no entanto, nada a ela resiste. 
Aquele que conhece seus princípios pode 
agir corretamente, tomando ‑a como chave 
e exemplo. Quando a água é pura, o coração 
do povo é forte. Quando a água é suficiente, o 
coração do povo é tranquilo.
Filósofo chinês no século IV a.C.
Lição 8
Química da fase líquida do solo
Mar Morto (Foto: Mendel Rabinovitch)
As diluídas soluções dos solos da bacia hidrográfica deste corpo 
d’água, há muitos milhares de anos estão sendo levadas pelos 
rios para uma depressão fechada (423 m abaixo do nível do mar), 
de forma que, aí sempre evaporando, formaram uma das mais 
concentradas e salgadas águas do mundo
Um corpo de solo é composto de uma série de pedons, que, por sua vez, são consti-
tuídos de vários horizontes superpostos, os quais podem ser visualizados no perfil 
do solo, sendo cada um composto de três fases distintas: sólida, líquida e gasosa. Já 
falamos sobre os sólidos do solo, e nas lições sobre física do solo, aprendemos que 
o que comumente chamamos de água do solo – ou sua fase líquida –, na realidade 
não se trata de água pura, mas sim de uma solução diluída que interage tanto com as 
outras duas fases do solo como com as raízes das plantas e micro-organismos. Vimos 
também que podemos considerar vários tipos de água do solo, tais como a gravitativa, 
a capilar e a higroscópica. 
Normalmente se considera a água capilar a mais representativa daquilo que 
chamamos de “solução do solo”, isto porque ela está em condição de maior equilíbrio 
com seus sólidos e o ar (Fig. 8.1). Na Lição 4, abordamos vários aspectos relaciona-
dos à adsorção de íons. Agora vamos abordar alguns aspectos da química dessa parte 
líquida do solo, que envolve os sólidos e também o ar, os micróbios, os vermes e as 
raízes, interagindo com todos eles. 
166 Lições de pedologia
8.1 As reações biogeoquímicas da fase líquida 
 do solo
Quase todas as reações biogeoquímicas do solo ocorrem 
em sua fase líquida. Entre elas, destacam -se as de hidrata-
ção, hidrólise, oxidação, redução, ácido -base e complexa-
ção, as quais já foram abordadas na Lição 3. Dessa forma, 
a solução do solo, situando -se na interface dos sólidos do 
solo com a biosfera, a atmosfera e a hidrosfera, atua como 
mediadora dos fenômenos que controlam a retenção pela 
fase sólida de muitas substâncias por meio de importan-
tes fenômenos, como troca iônica, adsorção -dessorção 
específica e precipitação -dissolução. No Boxe  8.1 você 
encontrará mais informações sobre as interações da 
solução do solo com a biosfera e a atmosfera.
Por meio de inúmeras reações biogeoquímicas, 
os íons e outras substâncias armazenadas nos minerais 
primários e nas superfícies dos coloides são dissolvi-
dos para que as plantas e os micro-organismos possam 
se nutrir. No sistema solo -planta, a adição ou a remoção 
de um dado elemento desencadeia uma série de reações 
biogeoquímicas para estabelecer um novo equilíbrio.
O tipo do material dissolvido e a sua concentração 
na solução do solo são muito influenciados pelo que está 
adsorvido na superfície dos coloides e, principalmente, pelas suas proporções relativas 
entre cátions básicos e ácidos. Essas proporções influenciam as concentrações dos íons 
de hidrogênio (H+) e hidroxila (OH–) da solução do solo e têm especial significân-
cia para determinar se ela será ácida, neutra ou alcalina. Quando existem as mesmas 
quantidades desses dois íons, a solução do solo será neutra; quando o hidrogênio 
predomina, ela será ácida, e um excesso de hidroxilas produzirá alcalinidade. Muitas 
das interações entre as plantas e o solo dependem da concentração desses dois íons, a 
qual é avaliada pelas medidas de seu pH (ou potencial de Hidrogênio). Esse parâmetro 
é uma das mais importantes variáveis da fase líquida do solo, porque controla a 
natureza de suas muitas reações biogeoquímicas (ver Lição 10).
Fig. 8.1 A solução do solo situa -se entre os seus sólidos e
 os outros três compartimentos ambientais ativos: 
 atmosfera, biosfera e hidrosfera. Os limites das linhas
 tracejadas indicam que energia e matéria se 
 movimentam ativamentede um compartimento 
 para outro
Fonte: adaptado de Bohn, McNeal e O'Connor (2001).
Lembre ‑se da Lição 7. Por que a água capilar é mais representativa quando pensamos em 
solução do solo?
Questão1
A água, que se encontra entre os pontos de murcha permanente e a capacidade de campo, em potenciais má‑
tricos relativamente baixos (em média, de ‑30 kPa a ‑2.000 kPa), tem movimentação lenta, o que permite que as 
reações biogeoquímicas entre os componentes das fases sólida e líquida ocorram até atingirem um equilíbrio 
específico. A água gravitacional circula muito rapidamente, impedindo que as reações se processem por com‑
pleto. A higroscópica movimenta ‑se pouco e adere à superfície de agregados em quantidades muito pequenas. 
Portanto, a água capilar permanece no solo em quantidades e tempo “ideais” para que equilíbrios químicos 
sejam atingidos. Além disso, na faixa de tensão citada, ela pode ser absorvida pelas plantas, permitindo que 
reações entre a solução, já afetada pela fase sólida, sejam igualmente influenciadas pelas raízes, modificando 
sua composição.
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