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Faringotonsilites: Anatomia, Fisiologia e Tratamento

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Ana Luiza Spiassi Sampaio 
@anassampaioo 
 
 
Faringotonsilites
 
 
Anatomia 
 Tonsila: aglomerado de tecido linfóide na entrada 
das vias aéreas e digestiva, recoberto por epitélio; 
 Crescimento assimétrico da amígda ➝ tumor ou 
HIV; 
 
Tonsilas palatinas 
 Tendo a úvula como referência, pode-se classificar 
a amígdala: 
o Grau I = 0-25%; 
o Grau II = 25-50%; 
o Grau III = 50-75%; 
o Grau IV = 75-100%; 
 
Anel de Waldeyer 
 1ª linha de defesa imunológica; 
 Tonsilas palatinas (amígdalas); tonsilas 
nasofaríngeas (adenoide); tonsilas linguais; tonsilas 
peritubárias; 
 Aglomerado linfoide difuso; 
 
 
 
 
 
 
Fisiologia 
 Estimulação de linfócitos T-auxiliares pelas células 
apresentadoras de antígenos; 
 Indução da resposta humoral (linfócitos B); 
 Indução de resposta celular; 
 Tonsilas normais: mais ativas na infância; 
involuem na puberdade; redução dos folículos e 
epitélio das criptas; redução dos linfócitos B em 
relação T/B; 
 Infecções recorrentes: 
o Criptas: substituição de epitélio reticular por 
escamoso; perda da função apresentadora de 
antígenos; 
o Fibrose intersticial: redução da atividade e 
população de linfócitos; redução na produção de 
anticorpos 
 
 
Amigdalite aguda 
 
Viral 
 75% dos casos (2-3 anos de idade); 
 Adenovírus (20%), rinovírus, coronavírus, 
adenovírus, herpes simples, influenza, 
parainfluenza, coxsackie e outros; 
 Quadro clínico: dor de garganta, disfagia, mialgia, 
febre baixa, tosse, coriza hialina e espirros; 
o Odinofagia + eritema ➝ geralmente é viral; 
 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
@anassampaioo 
 
 
 Geralmente com evolução 
benigna; 
 Tratamento: cuidados 
com o estado geral, 
hidratação, medicação 
analgésica e antitérmica; 
 
Caso clínico 
Paciente feminino, 24 anos, iniciou há 7 dias 
com quadro de mal-estar e fadiga seguido de febre e dor 
de garganta. Há adenopatia cervical, envolvendo 
nódulos cervicais posteriores. Está em uso de Clavulin 
há 4 dias, sem melhora do quadro; 
 
 
 
Resolução ➝ Mononucleose infecciosa: 
 Epstein-Barr, citomegalovírus, Toxoplasma, 
Adenovírus; 
 Adolescentes e adultos jovens; 
 Dor de garganta com febre, astenia, poliadenopatia; 
 Hepatomegalia (10%) e esplenomegalia (50%); 
 Eritematosa, eritemato-exsudativa, 
pseudomembranosa; 
 Hemograma com leucocitose > 10% de linfócitos 
atípicos; 
 Sorologia de Paul-Brunnel-Davidson (+ após 10-20 
dias); 
 Anti-VCA IgG e IgM (positivo após 10 dias, com 
alta sensibilidade e especificidade); 
 Tratamento de suporte (corticoide não é um 
consenso, mas nesses casos mais evoluídos sempre 
é prescrito); 
 Repouso (hepatoesplenomegalia); 
➝ Quadro semelhante à bacteriana; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bacteriana 
 
 
 20-40% dos casos; 
 Estreptococos beta-hemofílico do grupo A (20%); 
 A partir dos 3 anos, com pico entre 5 a 10 anos; 
 Início abrupto, febre alta (> 38,5 ºC), dor de 
garganta, otalgia; 
 Reflexa, linfonodomegalias cervicais; 
 !!! Ficar atento aos abscessos e febre reumática!!! 
 
Diagnóstico 
 Hemograma: leucocitose com desvio a esquerda e 
neutrofilia; 
 Testes rápidos: imunoensaios; 
 Cultura: padrão ouro (não é pedido, porque 
demora muito para ficar pronto; mais pedido é o 
teste rápido); 
 Testes sorológicos: úteis para saber se ocorreu a 
infecção, não para o diagnóstico inicial da doença; 
 ASLO (raramente é pedido): geralmente eleva uma 
semana pós infecção; pico entre 3 e 6 semanas, 
declínio entre 6 e 8 semanas (pode ocorrer após 
meses); 
 
Tratamento 
 Reduzir a duração do quadro; evitar complicações; 
 Reduzir/erradicar bactérias: 
o Penicilina (1ª escolha); 
o Amoxicilina; Amoxicilina/Clavulanato; 
Cefalosporinas; Macrolídeos (quase não é 
prescrito); Fluoroquinolonas; Sulfa-trimetropina; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
@anassampaioo 
 
 
Complicações 
 
Febre reumática 
 Risco de 1% em faringotonsilites não tratadas; pico 
entre 5-15 anos; 
 Surge de 1-4 semanas após o quadro; 
 Critérios de Jones modificado ➝ 2 critérios 
maiores ou 1 critério maior e 2 menores, associados 
à evidência de infecção estreptocócica recente: 
o Critérios maiores: Cardite / Valvulite mitral; 
eritema marginado; coreia; nódulos subcutâneos; 
o Critérios menores: febre; artralgia; aumento do 
VHS; aumento da PCR; aumento intervalo PR; 
antecedente de FR; 
 
Escarlatina 
 Ação de endotoxinas, rash cutaneopapular e 
eritematoso, linfonodomegalia, vômitos, febre e 
eritema de orofaringe; 
 Sinais de Filatov (palidez perioral) e Pastia 
(presença de petéquias e hiperpigmentação em 
linhas de flexão); 
 Língua em framboesa; 
 
Glomerulonefrite 
 Após infecção faríngea ou de pele; 
 24% dos pacientes expostos a cepas nefritogênicas 
(correspondem a 1% do total); 
 Síndrome nefrítica de 1 a 2 semanas após a infecção; 
 Não é evitada pelo antibiótico; 
 
 
 
 
Síndrome do choque tóxico 
 Após infecção ou colonização estreptocócica de 
qualquer sítio (faringe, pele); 
 Hipotensão associada a pelo menos dois dos 
seguintes fatores: insuficiência renal, coagulopatia, 
alterações na função hepática, síndrome da angústia 
respiratória do adulto, necrose tecidual e rash 
eritematoso; 
 
Abscesso peritonsilar 
 Dor intensa unilateral, dificuldade para deglutir, voz 
anasalada, trismo, febre, mal-estar e calafrios; 
 Complicações: ruptura espontânea, extensão ao 
espaço lateral da faringe, mediastinite ➝ Danger 
space; 
 Risco de recorrência de 10-15%; 
 Conduta: drenagem + antibioticoterapia; 
 
Difteria 
 1º e 7º ano de vida; 
 Corinebacterium diphteriae; 
 Incubação de 2 a 4 dias; 
 Pseudomembranas branco-acizentadas, 
resistem ao deslocamento; 
 Ingurgitamento linfonodal cervical, febre moderada, 
albuminúria, pulso rápido, hipotensão, palidez e 
adinamia (quadro toxêmico); tropismo pelo 
miocárdio (arritmia cardíaca, pelas cúpulas renais); 
SN (afeta pares cranianos) – diplopia e fenômenos 
paralíticos do véu palatino; 
 Conduta: cultura, antibiótico, soro antidiftérico; 
 
 
 
Angina de plaut-vicent 
 Simbiose entre Fusobacterium plautvincenti e 
Spirochaeta dentuim; 
 Má higiene bucal e o mal estado dos dentes e 
gengivas facilitam; 
 Disfagia dolorosa unilateral; 
NÃO SUPURATIVAS SUPURATIVAS 
 
Febre reumática aguda Celulite ou abscesso faringo-
amigdalino 
Escarlatina Otite média 
Glomerulonefrite aguda Sinusite 
Síndrome do choque tóxico Fasciite necrotizante 
PANDAS (doenças 
neuropsiquiátricas) 
Bactéria estreptocócica 
 Meningite ou abscesso cerebral 
 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
@anassampaioo 
 
 
 Penicilina ou Cefalosporina + Metronidazol, 
gargarejos com soluções anti-sépticas para higiene 
bucal e dentária e sintomáticos; 
 
 
 
Angina luética – sífilis 
 
 
 
 
 
 
Tumor de amigdala 
 Úlcera assimétricas ➝ fazer biópsia; 
 
 
 
Caseum 
 Não usar ATB; 
 Acúmulo de alimentos nas criptas das amígdalas; 
 Dor de repetição, halitose; 
 
 
 
Vírus herpes simples tipos 1 e 2 
 Gengivoestomatite (pode apresentar-se como 
faringite aguda); 
 Entre 10 meses e 3 anos de idade; 
 Transmissão por perdigotos contato com as lesões 
ativas; 
 Lesões vesiculosas acompanhadas de 
linfonodomegalia cervical e submental; 
 
Herpangina 
 Vírus Coxsakie A, Coxsakie B e Echovírus; 
 Angina eritematosa com pequenas vesículas em 
palato mole, úvula e pilares amigdalianos, que, ao 
se romperem, deixam ulcerações esbranquiçadas 
circundadas por halo eritematoso espalhados por 
toda orofaringe, poupando a região jugal; 
 Tratamento sintomático; 
 
Adenotonsilectomia 
 Cirurgia mais efetuada na faixa etária pediátrica; 
 Indicações absolutas (Prof. Mariana repetiu mil 
vezes!!!): 
o Síndrome da apnéia obstrutiva do sono; 
o Suspeita de neoplasia: assimetria ➝ assimetria; 
 Geralmente secundários a linfomas em crianças 
ecarcinomas epidermóides em adultos; 
 Linfadenomegalia cervical; 
 Sintomas sistêmicos; 
 Atenção ➝ crianças imunodeprimidas após 
transplante de MO; 
 Indicações relativas: 
o Tonsilites de repetição; 
o Abscesso peritonsilar: recorrente; 
o Tonsilite crônica caseosa: halitose; 
 
 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
@anassampaioo 
 
 
Infecção tonsilar recorrente 
 Frequência: 
o 7 ou mais episódios em 1 ano; 
o 5 ou mais episódios por ano por 2 anos 
consecutivos; 
o 3 ou mais episódios por ano por 3 anos 
consecutivos; 
 Cada episódio deve ter pelo menos uma das 
seguintes características: 
o Temperatura oral maior ou igual a 38,3 ºC; 
o Linfoadenomegalia cervical maior que 2 cm; 
o Exsudato amigdaliano ou cultura de secreção 
faríngea positiva para estreptococo β-hemolítico 
do grupo A; 
o Tratamento antibiótico ➝ Estreptococos; 
 
Adenoidectomia 
 Sinusites recorrentes ou crônica; 
 Otites de repetição ou crônica; 
 Suspeita de malignidade; 
 
Contraindicações cirúrgicas 
 Anemia: Hb < 10; 
 Distúrbio da coagulação; 
 Fenda palatina ➝ insuficiência velofaríngea; 
 Infecção aguda 
 Vacinação contra poliomielite (15 dias a 6 semanas); 
 Outras: impetigo orofacial, múltiplas cáries e 
infecções dentárias; 
 
Pós-tonsilectomia 
 Mesma com o decréscimo temporário da 
quantidade de IgA e outras Ig séricas, não há 
aumento de suscetibilidade a infecções no período 
pós-operatório; 
 Hipertrofia tonsilar ➝ causa diminuição dos níveis 
de fator de crescimento semelhante a insulina, com 
interferência na produção do fator de crescimento 
(cirurgia boa recomendação para déficit pondero-
estrutural);

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