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Heloiza Bernardes Saúde integral do adulto (3° ciclo – 5/12) Introdução: A concentração sérica de sódio (natremia) é responsável pela osmolaridade dos nossos fluidos. Dosagem normal de sódio: 135 –145 mEq/L A membrana plasmática funciona como uma membrana semipermeável, separando o intracelular do extracelular. A membrana semipermeável permite a passagem de água, mas não permite a passagem de solutos. Na, Cl e HCO3- são íons extracelulares. PO42-, K e proteína são componentes intracelulares. O principal soluto extracelular é o sódio e intracelular o potássio. Fórmula da osmolaridade plasmática: - OBS.: O valor da concentração de sódio é multiplicado por 2 devido aos íons Cl e HCO3- que acompanham o Na, permitindo que o meio intracelular permaneça eletricamente neutro. Faixa da osmolaridade: 275 a 290 mOsm/L OBS.: Osmolaridade efetiva ou tonicidade diz respeito aos solutos que não passam livremente pela MP, exercendo um efeito osmótico entre os meios intra e extracelular. EX.: A uréia é uma molécula lipossolúvel que passa livremente pela MP, por isso, não determina um efeito osmótico, colaborando apenas para a osmolaridade total e não para a efetiva. A osmalaridade plasmática possui dois mecanismos regulatórios: - ADH (hormônio antidiurético) - Centro da sede Hormônio antidiurético (ADH): Produzido: Nos núcleos supraóptico e paraventricular do hipotálamo (centro osmorregulador) e armazenado na neuro-hipófise. Se a osmolaridade cair para menos de 275 mOsm/L: Ocorre supressão da liberação do ADH, pois o volume aumenta, retendo mais líquido. Isso faz com que a reabsorção de água pelo ADH não ocorra. Se a osmolaridade plasmática subir para mais 275 mOsm/L: Ocorre estímulo à liberação de ADH. O ADH regula a reabsorção de água no túbulo coletor renal e consequentemente a concentração urinária. O ADH estimula a incorporação de canais de água (aquaporinas) na membrana luminal, tornando a célula tubular altamente permeável à água. Outro estímulo a secreção de ADH: Redução do volume circulante efetivo em pelo menos 8%. Quem mantém a hiperosmolaridade do interstício medular é a parte ascendente espessa da alça de Henle que promove a reabsorção de NaCl. OBS.: Os diuréticos de alça (furosemida) atuam inibindo esse mecanismo da alça de Henle, reduzindo a osmolaridade medular e, portanto, a capacidade de reabsorção de água no túbulo coletor. A principal consequência é a formação de urina isosmótica em relação ao plasma (Osmpl = 300 mOsm/L isostenúria). Centro da sede: Representado por um grupo de neurônios do hipotálamo ativados por aumento da osmolaridade sérica (> 290 mOsm/L). A sede é o principal fator protetor contra a hiperosmolaridade. Distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico Distúrbios do sódio (Na) e da água corporal Heloiza Bernardes Saúde integral do adulto (3° ciclo – 5/12) Ex: Após exercício físico prolongado, o indivíduo aumenta produção de ADH e estimula a sede. Hiponatremia: - Na < 135 mEq/L É o distúrbio mais encontrado em pacientes hospitalizados, sendo definido por Osm pl < 275 mOsm/L (aumento do volume e redução da concentração). Ela expressa na maioria das vezes um estado hipo-osmolar ou hipotônico (excesso de água no organismo). A hiponatremia hipotônica é a mais comum, apesar de existirem outros tipos. A hiponatremia é decorrente de alterações da quantidade de água corporal (retenção ou hiperexcreção de água livre – que dilui ou concentra o Na). Hiponatremia = excesso de água no organismo. - Causas de hiponatremia hipotônica: Hiponatremia hipovolêmica: - É quando o sódio urinário permanece >40 mEq/L ou <20 mEq/L. Hiponatremia hipovolêmica com sódio urinário baixo (Na < 20 mEq/L): - Ocorre nas perdas extrarrenais de volemia em decorrência de vômitos, diarreia e/ou hemorragias. O sódio urinário é <20 mEq/L (geralmente é menor que 10 mEq/L). Normalmente, a hiponatremia hipovolêmica é secundária à IRA pré-renal. Hiponatremia hipovolêmica com sódio urinário alto (Na > 40 mEq/L): - Ocorre nas síndromes perdedoras de sal por via renal. O sódio urinário é maior que 40 mEq/L. As causas principais: Diuréticos tiazídicos, hipoaldosteronismo (déficit na reabsorção de sódio a perda de sódio induz à hipovolemia e a hipovolemia induz à secreção de ADH, levando a retenção de água livre) e síndrome cerebral perdedora de sal (ocorre na 1ª semana após uma lesão grave cerebral). Hiponatremia hipervolêmica: - Cursa com aumento da água corporal total, tendo como sinal principal: Edema (seja periférico, seja de serosas – ascite, derrame pleural e pericárdico). EX.: ICC, cirrose hepática, insuficiência renal. Hiponatremia normovolêmica: - É subdividida em hiponatremia normovolêmica com diurese hipertônica e hiponatremia normovolêmica com diurese hipotônica. Hiponatremia normovolêmica com diurese hipertônica: - Acontece devido à incapacidade renal de excretar água livre secundária à hipersecreção de ADH. O Na urinário > 40 mEq/L e as causas Heloiza Bernardes Saúde integral do adulto (3° ciclo – 5/12) principais são insuficiência suprarrenal, hipotireoidismo e síndrome da antidiurese inapropriada (SIAD). Hiponatremia normovolêmica com diurese hipotônica: Causas principais: Polidipsia primária (>16L); Alcoolismo; Desnutrição; RTU de próstata. Manifestações clínicas: Se houver queda abrupta para abaixo de 125 mEq/L em indivíduos normais ou abaixo de 130 mEq/L em indivíduos muito idosos ou com hipertensão IC: Pode haver transferência de liquido do extra para o intracelular (Edema neuronal): Cefaleia, náuseas, vômitos, agitação, desorientação, crise convulsiva, coma e até óbito. Se instalação lenta, geralmente indivíduos assintomáticos (cautela na correção). Tratamento: - Paciente Hipovolêmico: Soro Fisiológico 0,9% para restaurar volemia - Crônica normo ou hipervolêmica: Suspender medicamentos que causam diminuição de sódio (antidepressivos, anticonvulsivantes e diuréticos) Restrição hídrica ou uso de furosemida Bloqueadores do receptor da vasopressina (ADH) OBS.: Anticonvulsivantes, antidepressivos e diuréticos tiazídicos são medicamentos que causam hiponatremia. - Hiponatremia aguda sintomática (<48h): Reposição de sódio endovenoso Aumentar 3-6 mEq em 3h e máximo 12 mEq/dia Realizar com solução salina a 3% (150 ml NaCl 20% + 850 ml ABD ou SF 0,9% 9 partes + 1 parte NaCl20%) - Cálculo de déficit de sódio: Para homens: 0,6 x peso x variação do Na (a correção de Na é de no máximo 12 mEq/dia). Para mulheres: 0,5 x peso x variação de Na. Hipernatremia: - Na > 145 mEq/L. - A hipernatremia expressa um estado hiperosmolar sanguíneo. - Na maioria das vezes a hipernatremia representa um estado de desidratação. - Hipernatremia = desidratação. Solução Salina 3% preparada: ABD SF 0,9% NaCl 20% 850 mL ABD + 150 mL NaCl 20% ou 900 mL NaCl 0,9% + 100 mL NaCl 20% Heloiza Bernardes Saúde integral do adulto (3° ciclo – 5/12) - Pode acontecer por: 1. Perda de água livre ou de fluidos hipotônicos; 2. Incapacidade de ingerir ou ter acesso a líquidos. - Osmolaridade alta estimula o centro da sede e a hipersecreção de ADH. - Acontece normalmente em recém-natos, lactentes, crianças, idosos e pacientes intubados/sedados. - Em indivíduos com o centro da sede funcionando normalmente, a ingesta de líquidos corrigirá o processo. - O objetivo da correção é baixar o sódio no máximo 10 mEq/dia. - Causas de hipernatremia: OBS.: Crianças com hipernatremia tem maior chance de desenvolver AVEh. Manifestações clínicas: Desidratação neuronal (encefalopatia hiperosmolar): Rebaixamentode sensório, crise convulsiva, coma... Fraqueza e dor muscular. Hemorragia intraparenquimatosa, subaracnoide e subdural (crianças). Tratamento: - Reposição de água livre (preferível VO); - Se necessário reposição por via EV: Soro glicosado 5%, salina hipotônica 0,45% ou 0,2%. - É necessário calcular o déficit de água. DÉFICIT DE ÁGUA: Homem: 0,5 x peso x (Na paciente/Na desejado -1) Mulher: 0,4 x peso x (Na paciente/Na desejado -1) - Salina 0,45% (2x), salina 0,2% (1,33x) ou SG5% (1x). Reduzir ao máximo 10 mEq/dia. Questão: Uma criança de 6 anos foi submetida à neurocirurgia para ressecção de tumor de fossa posterior. No pós-operatório, foi mantido analgesia com morfina e a criança evoluiu com desidratação, poliúria, hiponatremia e sódio urinário alto. A alteração apresentada por esse paciente é: a)Diabete Insipido b)Hiperaldosteronismo c)Intoxicação por morfina d)Síndrome cerebral perdedora de sal - O potássio é um cátion que se encontra em sua maior parte no ambiente intracelular. - O maior reservatório de K no corpo é o músculo esquelético. - A calemia é o nível de K no sangue, que é baixa e deve ser mantida de 3,5-5,5 mEq/L. - O nível de K interfere na contração cardíaca e na condução do estímulo cardíaco. - Após a ingesta de K, a maioria irá para o intracelular. - A insulina e a adrenalina são hormônios que promovem um influxo acelerado de K. - O K que sobrou será eliminado pelo rim em 6- 8h após a ingesta por ação da aldosterona. - A aldosterona regula a eliminação de K no túbulo coletor, retém Na em troca de K ou H. - Quanto maior o aporte de Na, maior será a excreção de K. - A hipocalemia está fortemente relacionada à alcalose, e a hipercalemia está relacionada à acidose. - Reguladores da secreção de K: Taxa de fluxo luminal Aporte distal de sódio Aldosterona Distúrbios do potássio (K) Heloiza Bernardes Saúde integral do adulto (3° ciclo – 5/12) K extracelular pH extracelular Hipocalemia: K<3,5 mEq/L Pode ocorrer por baixa ingesta, perdas anormais ou estímulo ao influxo intracelular exagerado A causa deve ser sempre investigada As manifestações clínicas acontecem geralmente com K< 3,0 Pode levar a distúrbios de condução cardíaca (arritmias ventriculares – incluindo a FV e a TV), disfunção da musculatura esquelética e lisa - Hipocalemia leve (3-3,5) tto VO (KCl 6% xarope KCl ou slow-K) - Hipocalemia grave (<3,0) tto VO + IV (2 ampolas de KCl 10% ou 1 ampola de KCl 19,1% diluídas em SF) Sinais e sintomas comuns: 1. Fraqueza muscular e fadiga 2. Palpitações (extrassistolia ou arritmias) 3. Dispnéia (fraqueza dos músculos respiratórios) 4. Parestesias, cãibras musculares, hiporreflexia 5. Constipação e distensão abdominal 6. Alterações no ECG (onda T aplainada, alargamento QT, onda P apiculada) - Batimento vindo de lugar diferente do nó sinusal (extrassístole). Causas: Baixa ingesta TGI (vômito, diarreia) Alcalose metabólica Diuréticos (tiazídicos, alça, manitol) Poliúria e hipomagnesemia Medicamentos (penicilina) Insulina, adrenalina, beta-2-agonista (são broncodilatadores) - Alcalose metabólica: O pH do meio faz com que o K extracelular migre para o meio intra, reduzindo a concentração externa de K. Tratamento: Reposição de cloreto de potássio VO ou IV Leve/moderado: TTO VO (EX.: KCl 6% 15-30 mL 3x/dia) Grave (K<3,0): Reposição intravenosa Questão: A hipocalemia associa-se predominantemente com: a) Hemólise b) Inibidores de ECA c) Insulinoterapia d) Doença de Addison Hemólise ocasiona hipercalemia (porque a destruição celular aumenta a concentração do meio extracelular de K). Os IECA/BRA ocasionam redução da eliminação de K pela inibição da aldosterona, ou seja, provocam hipercalemia. Questão: (F) A hipocalemia grave é quando o K é menor que 2,8. (F) Os diuréticos antagonistas da aldosterona podem causar hipocalemia. (F) O potássio se encontra preferencialmente no extracelular. (V) A hipocalemia pode levar a fraqueza, distensão abdominal e cãibras. (V) O K menor que 3,0 deve ser tratado com reposição EV. Hipercalemia: K>5,5 mEq/L Distúrbio menos comum do que a hipocalemia A principal causa é a insuficiência renal Quando a ingesta de K se torna maior, há aumento da excreção pelo néfron distal (ação da aldosterona) O aumento agudo do K pode levar a alterações no tecido cardíaco e muscular esquelético Indicações de diálise: Hipercalemia grave (K>7,5 ou alterações de ECG) ou refratária Valores maiores que 6,5 possuem uma maior chance de complicações Heloiza Bernardes Saúde integral do adulto (3° ciclo – 5/12) O ECG possui padrão progressivo de alteração de acordo com a gravidade e rapidez ALTERAÇÕES NO ECG HIPOCALEMIA HIPERCALEMIA Onda T achatada na hipocalemia. Onda T alta, aumentada e simétrica (apiculada) na hipercalemia. Onda P aumentada na hipocalemia. Onda P achatada na hipercalemia. Intervalo QT aumenta na hipocalemia. Intervalo QT reduz na hipercalemia. Alargamento de QRS. - Causas de hipercalemia: - Tratamento: Gluconato de cálcio 10% (não reduz K, mas estabiliza a membrana cardíaca – impedindo que o pcte tenha arritmias) indicações K>7,5 ou alterações eletrocardiográficas. Utilizar uma ampola de 10 mL IV. Glicoinsulinoterapia: 10 UI insulina regular + SG 50% 100 mL (correr em 20 a 60 minutos) meia vida: 4-6h. Bicarbonato de sódio (se tiver acidose) alcaliniza o plasma. Nebulização com beta-2-agonista estimula a entrada de K na célula (10 a 20 gotas salbutamol/fenoterol). Diuréticos de alça furosemida. Resina de troca (sorcal) eliminação de K por via intestinal. - Se refratariedade a medidas clínicas para controle de hipercalemia diálise de urgência.
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