Prévia do material em texto
TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR Karina Cordeiro Maysa Cristina Silva Maria Fernanda Santiago Estágio curricular Obrigatório – 7º Período Clinica Escola - Neurologia Professora Responsável – Maria Julia Tucci de Almeida INTRODUÇÃO O QUE É Traumatismo Raquimedular ou TRM? Lesões de um componente da coluna vertebral ou medula espinhal. Pode ser parcial ou total. Diminuição ou perda da função motora e/ou sensória e/ou anatômica abaixo do nível da lesão. Pode ser permanente ou temporário. Alterações: Sensibilidade; Motricidade; Distúrbios do sistema autonômico nos segmentos do corpo que se localizam abaixo da lesão. https://www.todoestudo.com.br/biologia/coluna-vertebral Por se tratar de uma lesão complexa foi dividida como primária e secundária: Lesão primária - se dá pelo trauma mecânico inicial ocasionada pela transferência direta da energia cinética para a medula espinhal com o dano aos neurônios e rompimento dos vasos sanguíneos. Lesão secundária - ocorre em resposta ao trauma inicial, envolvendo múltiplos mecanismos como vasculares, bioquímicos, inflamatórios e celulares. EPIDEMIOLOGIA Vítimas do sexo masculino - faixa etária entre 21 a 30 anos. Ocorre aumento no número de vítimas do sexo feminino. Segundo um estudo feito pelo Jornal Brasileiro de Neurologia com 120 pacientes o segmento mais acometido foi: Cervical com 58 (48,3%) Torácico 31 (25,8%) Lombar 31 (25,8%). O período médio de internação foi de 23 dias; 10% dos pacientes foram a óbito. MECANISMOS DE TRAUMA Os principais fatores etiológicos são: Acidentes de trânsito; Ferimento a arma de fogo; Quedas gerais; Ferimento por arma branca; Mergulho em águas rasas; Agressões. https://jbnc.emnuvens.com.br/jbnc/article/view/955/849 Acidentes Automobilísticos No acidente automobilístico podemos encontrar o efeito chicote, onde a lesão é caracterizada por desaceleração brusca pela colisão traseira do veículo em alta ou baixa velocidade. Sintomas tardios: Vertigens; Dor e imobilidade na região da cervical; Cefaleia; Formigamento; Dormência nos membros superiores; Irritabilidade; Perda de memória. https://puromd.com/anatomia-lesao-cervical-e-mecanismo/ Arma de Fogo Causada por disparos de arma de fogo, atingindo a coluna vertebral, o ferimento pode levar também ao desenvolvimento de problemas neurológicos. O grau da lesão depende da energia transmitida através do projétil nos tecidos. Mas em sua maioria atinge a lesão medular completa. https://www.scielo.br/j/coluna/a/ZrvbgLPWjjbHtjMcGfztNxg/?lang=pt&format=pdf Quedas gerais Muito comum em idosos. O mecanismo dessa lesão é bem amplo e com variações, pois a queda pode causar impactos diretos na superfície. Vítimas de queda de altura apresentam maior gravidade anatômica do trauma; Lesões em segmento torácico e em extremidades/pelve óssea; Além de maior frequência de trauma raquimedular. https://www.eesaojose.com.br/prevencao-de-quedas-em-idosos/ Ferimento por Arma Branca Acomete majoritariamente o sexo masculino. A gravidade do traumatismo raquimedular (TRM) encontra-se diretamente associada com nível e grau da lesão neurológica, acometimento vascular e resposta imunológica subsequente. Geralmente o corpo estranho é retirado pelo agressor e raramente fica retido parcial ou total na coluna vertebral. Causando maiores danos à vítima. Agressões Agressões físicas; Impacto no esporte. A biomecânica da lesão por mergulho combina compressão e hiperflexão da coluna cervical. A cabeça atinge o chão da piscina ou o fundo do rio, e recebe o peso do corpo, absorvendo o impacto ocorrido ao se chocar com o chão. Segue-se ao impacto da cabeça, a brusca flexão do pescoço, produzindo fratura de vértebra cervical, que resulta em trauma da medula espinhal. Mergulho em águas rasas https://slideplayer.com.br/slide/3959137/ FISIOPATOLOGIA Primária - Resultado de um trauma mecânico inicial, tem como principais mecanismos: Estiramento Laceração Compressão Secção FISIOPATOLOGIA Secundária - Sucede a lesão primária. Mecanismo vascular: Diminuição do fluxo sanguíneo Isquemia por casos espasmo Oclusão micro circulatórios por trombose Mecânicos iônicos: Acúmulo de sódio, potássio e cálcio Formação de radicais livres Alteração DNA celular – apoptose. FISIOPATOLOGIA Mecanismo bioquímico: Liberação de aminoácidos com ativação dos receptores glutaminérgicos, ionotrópicos, metabotrópicos e opiocios; Desbloqueio do receptor NMDA(Bloqueio voltagem dependente mediado por magnésio) Lesão via secundo mensageiro Mecanismos inflamatórios: Liberação de ácido araquidônico Ativação de cicloxigenase e lipoxigenase Produção de eicosanoide Potentes vasos constritores Mecanismos celulares: inativação de todas as enzimas fosfolípides; destruição dos gradientes iônicos CHOQUE MEDULAR Fonte: www.researchgate.net/figure/O-choque-neurogenico-e-resultado-na-grande-maioria-das-vezes-da-lesao-medular-alta_fig3_309452327 SÍNDROMES MEDULARES Síndrome Medular Anterior ; Síndrome Medular Posterior ; Síndrome Centro Medular ; Síndrome de Brown Squart; Síndrome do Cone Medular; Síndrome da Cauda equina; Síndrome Medular Anterior Vias acometidas : Córtico espinhal anterior; Espinotalamico anterior ; Córtico espinhal lateral; Espinotalâmica lateral; Espinocerebelares (parcial ou total) . Quadro clínico - perda da sensibilidade superficial e perda parcial da motricidade. Fonte: www.lecturio.com/pt/concepts/sindrome-medular-anterior/ Síndrome Medular Posterior Acomete a parte posterior da medula; Quadro clínico - perda da sensibilidade profunda (ataxia sensitiva). Fonte - www.lecturio.com/pt/concepts/sindrome-medular-posterior/ Síndrome Centro Medular Acomete o centro da medula; Quadro clínico - comprometimento motor importante de MMSS e de leve a normal em MMII( devido laminação anatômica trato corticoespinhal). https://www.lecturio.com/pt/concepts/sindrome-medular-central-smc/ Síndrome de Brown Squart Afeta apenas um lado da medula; Quadro clínico - perda da sensibilidade profunda e da motricidade no lado afetado - perda da sensibilidade superficial em lado contra lateral https://www.lecturio.com/pt/concepts/sindrome-de-brown-sequard/ Síndrome da Cone Medular Acomete o final da medula; Quadro clínico - plegia, ausência da sensibilidade abaixo da lesão, anestesia em sela, bexiga flácida e ausência de ereção reflexa. https://blogfisioterapia.com.br/sindrome-da-cauda-equina/ Síndrome da Cauda Equina Ramificação nervosa final da medula; Pode causar anestesia, paralisia, hipotonia e comprometimento da função urinária, intestinal e sexual; Isso dependendo do quantas ramificações foram afetadas. Fonte: https://vertebrata.com.br/blog/sindrome-da-cauda-equina-rara-e-negligenciada-doenca-pode-deixar-sequelas-permanentes/ AVALIAÇÃO FISIOTERAPEUTICA - ASIA O que é ASIA? ASIA - AMERICAN SPINE INJURY ASSOCITION (Associação Americana de Trauma Raquiomedular). Padronizou - ano de 1992. Última revisão em 2002. Aceito em âmbito mundial como protocolo de avaliação. AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA - ASIA Base de avaliação: Avaliada sensibilidade e função motora; Determinado o nível neurológico, motor e sensitivo: Obtida através de números/ pontuação – escore (classificar o grau da lesão e obter um prognóstico). Questões como a sensibilidade profunda, propriocepção e algia profunda são quesitos opcionais a serem questionados pelo avaliador, entretanto, podem ofertar informações clinicas relevantes para o tratamento. AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA - ASIA Sensibilidade – Dermátomos . 0 – Ausente; 1 – Alterada; 2 – Normal; NT – Não testada (para a impossibilidade da avaliação do dermátomos). Motora – Miótomos. Músculos –chaves (FM – Escala de Kendel). Figura- Representação da ASIA (Classificação Neurológica padrão para lesões medulares). AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA - ASIA Músculos Miótomos Flexores do cotovelo C5 Flexores do punho C6 Extensores do cotovelo C7 Flexores dos dedos C8 Abdutores (dedo mínimo)T1 Flexores de quadril L2 Flexores de Joelhos L3 Dorsiflexores do tornozelo L4 Extensor Longo dos Dedos L5 Flexores plantares do tornozelo S1 Músculos-Chave (ASIA) LEMBRETE: Músculos-chaves são os que possuem o pap de agonista principal da atividade funcional. Os músculos-chave determinado pela ASIA e que devem ser avaliados e pesquisados de forma bilateral. Vale lembrar que para a integridade nível medular do correspondente musculo-chave, o grau de força deve ser o mínimo igual a 3 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA - ASIA Nível Tipo de lesão Característica Funcional A Lesão Completa Ausência de função motora e sensitiva inclusive nos segmentos sacrais S4-S5. B Lesão Incompleta Preservação de sensibilidade e ausência de função motora, inclusive S4-S5. C Lesão Incompleta Preservação da função motora abaixo do nível neurológico a maioria dos músculos com força menor ou igual a 3. D Lesão incompleta Preservação da função motora abaixo do nível neurológico a maioria dos músculos com força que 3. E Normal Sensibilidade e motricidade normais. Escala de Frankel modificada pela ASIA. A classificação neurológica da lesão medular pode sofrer alterações durante a fase de recuperação, em especial com o término da fase de choque medular, a fase aguda da lesão. Somatório do escore Valor máximo: 100 pontos para a avaliação motora 112 pontos para a avaliação sensitiva. Escala de Frankel et al.(1969), da qual representa em 5 graus de incapacidade: O tratamento fisioterapêutico é traçado de acordo com a topografia atingida na lesão do TRM. Tetraplegia - prejuízo da função motora e/ou sensitiva dos segmentos cervicais, provenientes dos danos dos elementos neurais dentro do canal medular por uma lesão completa (Nível C1- T1). Paraplegia - prejuízo da função motora e/ou sensitiva dos segmentos toráxica e lombares da medula espinal, provenientes dos danos dos elementos neurais dentro do canal medular no Nível de T2 para baixo. Funções de membros superiores permanecem preservada. Características especificas de lesões altas e baixas: Lesões Altas – apresentam hipertonia, plegia/ espasticidade e hiperreflexia. Lesões Baixas – Hipotonia, plegia e hiporreflexia. TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO RELACIONADO A TOPOGRAFIA AVALIAÇÃO CLÍNICA Atendimento inicial médico; Protocolo de atendimento das equipes de resgate - forma minuciosa; Retirada imobilização - após a confirmação dos exames radiológicos e complementares. Exame neurológico - Após a estabilização hemodinâmica. TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICA Inicio do tratamento - no local do acidente no local do acidente (imobilização e transporte). DELFINO 1999 Tratamento – inicia no dia do trauma e continua ao longo da vida do paciente. Intervenções – objetivo: Preservação da Medula Espinal; Realinhamento da coluna vetebtal; Proporcionar qualidade de vida – funcionalidade; Tratamento em fase hospitalar – pode ocorrer a ausência de reflexos (choque medular); Prevenção de Ulceras por pressão; Deformidades ósseas; Rigidez articular; Intervenções precoces podem apresentar um prognostico benéfico ao paciente; TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICA Prognóstico – Depende do tipo da lesão: Lesões mais altas – Resultam num prognóstico mais complexo – maior comprometimento funcional Lesões mais Baixas – menor comprometimento funcional . Avaliação completa – informações sobre o acidente, tempo de socorro, forma como foi feito o socorro, exames complementares, se ficou desacordado, quanto tempo ficou desacordado... Identificação precoce dos impactos gerados pelo trauma; Faso aguda – choque medular – Rebaixamento da consciência; UTI – Ventilação Mecânica TETRAPLEGIA ALTA E BAIXA Classificação: Lesões entre C1 e C3 – tetraplegia Alta com Ventilação Mecânica; Lesões entre C4 -C6 – Tetraplegia Alta; Lesões entre C7- C8 – Tetraplegia baixa. Ajustes Respiratórios: Otimizar as trocas gasosas; Sequelas – fase aguda Quanto maior tempo de permanência da depressão no SNC Maior disfunção. Reabilitação Intensiva (após o desmame); Recuperação do nível de consciência (total ou parcial); Acompanhar o aparecimentos de lesões ; Posicionamento adequado no leito (protocolo). Cautela! Fonte:/https://www.fernandazago.com.br/2012/06/mudancas-na-vida-das-pessoas-com-lesao.html?m=1 TETRAPLEGIA ALTA E BAIXA Amplitude de movimento - Mobilizações articulares : Prevenção de deformidades Encurtamentos; Atrofias. Relaxamento Muscular - Abolir Algia (fatores fisiológicos e biopsicossociais); Técnicas de relaxamento muscular - liberação hormonal; Hidroterapia Massagem terapêutica Técnicas cinéticas funcionais (mesmo assistidas). - (BERTELLI et.al 2011). Exercícios de Educação Neuromuscular – FNP Neuroplasticidade Melhora da função neurológica e musculoesquelética ; Produzir diferentes contrações musculares (concêntricas, isométricas e excêntricas); Recrutamento do maior número de unidades motoras; TETRAPLEGIA ALTA E BAIXA Restrições: Limites do paciente: Limiar de dor; Fadiga; Dispneia; Fatores biopsicossociais - determinar a progressão e a manutenção ou interrupção de certos procedimentos Insuficiência respiratória - lesões mais altas (recursos que ajudam na complacência pulmonar) Lesões completas - segmentos de C3, C4 e C5 (Ventilação Mecânica) - monitorada pelo fisioterapeuta - para que não ocorra falhas (Complicações). PARAPLEGIA ALTA E BAIXA Classificação: Lesões entre T1 e T6 – Paraplegia alta. Lesões entre T7 a L5 – Paraplegia baixa. Lesão relacionada a perda de movimentos dos membros inferiores. Fortalecimento Muscular Conjunto com outras estratégias – Neuroplasticidade. Atividades adaptadas; Proprioceptivas; Treino sensório- motor; Exercícios resistidos – melhora condicionamento físico; Estudos sobre ER x TRM (MOTTI, 2010). Fonte:/https://www.fernandazago.com.br/2012/06/mudancas-na-vida-das-pessoas-com-lesao.html?m=1 PARAPLEGIA ALTA E BAIXA Condicionamento Cardiorrespiratório : Condicionamento aeróbico Aumento do VO2 de pico melhora a percepção subjetiva de qualidade de vida. ameniza a fadiga Otimiza a função autonômica no sistema cardiovascular e metabólico. CONCLUSÃO