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LESÃO MEDULAR- 10/11/22 A medula encontra-se no canal vertebral A medula possui uma largura muito pequena- possui a largura de um dedo nosso. Possuímos 8 raízes nervosas. Possuímos 31 segmentos medulares A medula acaba no nível de L1 e L2, e logo após temos a calda equina. Se o paciente possui uma lesão no nível de T1 quer dizer que ele provavelmente consegue mexer todos os MMSS. Quanto mais alto o nível da lesão mais comprometimento Regra de PEELE Até o 4 mês de vida uterina temos a medula do mesmo tamanho das vertebras. A medula não ocupa todo os espaço entre as vertebra, ela se limita a nível de L1-L2. Lesão vertebral C2-T10= soma 2 para nível medular- nível da lesão. Lesão vertebral T11-T12= segmentos medular da lombar- o segmento lombar alto está comprometido. Lesão a partir da vertebra L1= raízes sacrais ou coccígea- vai comprometer as raízes sacrais/nervosas/coccígeas. Tracto ascendente são sensitivas e as descendentes são motoras. Miótomos. Nós avaliamos o nível da lesão pelos miotomos. Sabemos que o nível medular de C5 é quem faz abdução do ombro, e o nível C6-C7 faz a extensão do ombro. MMSS C5 Flexores de cotovelo/Bíceps braquial C6 Extensores de punho/ extensor longo e curto C7 Extensores de cotovelo/ tríceps braquial C8 Flexor profundo dos dedos/ avalia 3º dedo T1 Abdutor mínimo. MMII L2 Flexores do quadril/ iliopsoas L3 Extensores do joelho/ quadríceps L4 Dorsiflexores do tornozelo/ tibial anterior L5 Extensor longo do hálux S1 Plantiflexores do tornozelo/ gastrocnmio e sóleo. T1-T6: intercostais T7-T12: abdominais Lesão medular Injúria às estruturas contidas no canal medular (medula, cone medular e cauda equina), podendo levar a alterações motoras, sensitivas, autonômicas e psicoafetivas. É um dos mais graves acometimentos que pode afetar o ser humano e com enorme repercussão física, psíquica e social. Estas alterações se manifestarão principalmente como paralisia ou paresia dos membros, alteração de tônus muscular, alteração dos reflexos, alteração ou perda das diferentes sensibilidades, perda de controle esfincteriano, disfunção sexual e alterações autonômicas. Lesões de T6 para baixo já consideramos paraplégico, pois os MMSS superiores estão íntegros. Dados epidemiológicos mundiais: 15 a 40 casos/ 1 milhão de habitantes; Cerca de 40 milhões de pessoas/ano adquirem lesão medular; Etiologia traumática ainda é a mais comum. (Acidentes automobilísticos + frequente); Causas não traumáticas correspondem a cerca de 20%: ex. degenerativas, infecciosas, tumorais. BRASIL: os dados não são precisos, mas cerca de 6 a 8 mil casos novos por ano, sendo que destes, 80% são homens e 60% estão entre os 10- 30 anos de idade. A lesão medular pode ser traumática ou não traumática, sendo a traumática a mais comum. Medidas preventivas: lesões traumáticas Campanhas de segurança de trânsito; Cuidado ao mergulhar; Quedas (em especial de laje); Estímulo ao desarmamento. Normalmente avaliado na ASIA pelos dermatomos Etiologia Lesões traumáticas: Trauma/ agressão; acidentes de trânsito (47%); ferimento com arma branca ou de fogo, mergulho em piscina rasa, quedas (21%); e esportes (14%). Processos Inflamatórios: Mielite; Processos Degenerativos: ELA, EM; Processos Compressivos: Tumor, hérnia de disco, edema no canal vertebral; Processos Vasculares: aneurisma, acidente vascular; Alterações Congênitas: espinha bífida. Epidemiologia 15 a 40 casos / 1 milhão habitantes. EUA- 12 mil casos/ano (4 mil vão a óbito antes de chegar hospital e 1 mil óbito durante período de hospitalização). Brasil= 6 a 8 mil casos / ano; 60% homens; 10 a 30 anos. Mecanismo de lesão Biomecânica: Por flexão, flexão-rotação, hiperextensão, compressão, penetração Fraturas vertebrais, luxações vertebrais, subluxações vertebrais, herniação discal lesão medular. Quadro clínico Quanto mais alto o nível lesado na medula espinhal, maior o comprometimento motor e sensitivo. A lesão medular pode ser: Transversal, oblíqua, longitudinal. Diagnostico da lesão medular Deve-se suspeitar de TRM: Vítima com lesões acima da clavícula; Vítima inconsciente devido ao TCE; Acidente automobilístico: alta velocidade; Politrauma; Dor na coluna; Dificuldades na respiração; Liberação esfincteriana; Alterações da função motora e sensitiva Classificação Tetraplegia: Comprometimento das vertebras cervicais. Diminuição ou perda da função motora e/ou sensitiva dos segmentos cervicais da medula espinhal. Resultam em diminuição da função nos membros superiores, tronco, membros inferiores e órgãos pélvicos. Paraplegia Diminuição ou perda da função motora e/ou sensitiva dos segmentos torácicos, lombares ou sacrais da medula espinhal. O funcionamento dos membros superiores é poupado. Termo usado para descrever lesões da cauda equina e do cone medular. Os MMSS são inervados pelos cervicais, por isso fica intacto nessa plegia. A lesão medular é classificada segundo a padronização internacional determinada pela American Spinal Injury Association – ASIA . Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF): Permite classificar a pessoas no curso de seu tratamento, para além do diagnóstico, considerando as mudanças no seu nível de independência e participação social. Fisiopatologia Lesão traumática: Fase inicial (lesão primária)- produz ruptura mecânica e deslocamento da coluna vertebral, o que causa compressão ou transecção da medula. Primeiras 48h: Há lesão de células nervosas e comprometimento na barreira hemato-espinhal; hemorragia, isquemia, infiltração de células inflamatórias, liberação de produtos citotóxicos e morte celular. Esses eventos iniciam uma cascata de lesão secundária sustentada: aumenta os danos à medula espinhal e disfunção neurológica. o necrose e / ou apoptose de neurônios e células gliais, como os oligodendrócitos, que podem levar à desmielinização e à perda dos circuitos neurais. Microcavidades císticas se formam e restringem o recrescimento axonal e a migração celular- pode ser maior ou menor. Cicatriz astroglial amadurece para se tornar um potente inibidor da regeneração. Edema, compressão, secção parcial ou completa, hemorragia. 18:35 aula 2 Tratamento de urgência Urgência- fase de socorro Todo paciente politraumatizado é considerado como suspeito de lesão medular. Este paciente desde o local do acidente deve ser imobilizado com colar cervical, ser mobilizado em bloco, posicionado em prancha rígida para ser transferido para o pronto socorro. O colar cervical deve ser mantido até liberação do médico ortopedista, neurocirurgião ou traumatologista, com experiência em lesões da coluna. A lesão traumática da medula espinhal pode ter causas variadas, como contusão, penetração ou compressão. Após o trauma haverá necrose massiva na circuitaria neural afetada nas primeiras 18h após a injuria. Nas semanas susequentes, o Sistema neuroimunológico irá deflagrar uma cascata de mecanismos que poderá aumentar a lesão. A formação de cavidade ou cisto e desmielinização também poderão ocorrer. Pequenas porções de axônios sobreviventes na medula espinhal poderão contribuir com a recuperação funcional se adequadamente engajado no programa de reabilitação a longo prazo. A realização das radiografias em AP, perfil e transoral para a observação do processo odontóide permite o diagnóstico de 84% das fraturas da coluna cervical. A utilização da tomografia computadorizada permite o diagnóstico de fraturas ocultas da região cervical e é também útil na avaliação da morfologia da fratura, da estabilidade do segmento lesado e da compressão do canal vertebral pelos fragmentos da vértebra fraturada. Tratamento conservador- fase aguda Após os primeiroscuidados e estando o paciente adequadamente ventilado e hemodinamicamente estável, serão realizados os exames radiográficos da região supostamente comprometida. Decisão: Tratamento Conservador X Cirúrgico: alinhamento vertebral, presença de instabilidades, risco de outros danos neurológicos. Intervenções: Halo craniano: indicado quando consciente, cooperativo e sem fratura de crânio. Monitorar frequência cardíaca e respiratória, pressão arterial, nistagmo e nível de consciência. Monitora-se ainda o status neurológico do paciente e a redução da luxação através de radiografia em perfil. Muitas vezes necessário procedimento cirúrgico posterior. Colar cervical Colete Jewett: estabilização de coluna torácica Colete de Putti: estabilização lombo sacral. Objetivo: imobilizar a área de instabilidade óssea Tratamento cirúrgico- fase aguda Quando estável clinicamente e o mais precocemente possível. Laminectomia descompressiva. Artrodese de Coluna: -Via Anterior e via Posterior *uso de hastes, placas, parafusos, fios metálicos *com ou sem enxerto ósseo (Gotfryd, et al., 2012; Brasil, 2013 Perspectivas de recuperação Terapia Medicamentosa: Metilprednisolona: nas primeiras 8h após o trauma(?) Controverso- Efeito neuroprotetor X efeitos colaterais. Gangliosídeos (GM-1): Induz regeneração neural e promove a neuroplasticidade. Terapia Gênica: - Células-tronco Quadro clinico Fase de choque e fase automatismo medular Quadro clínico inicial: choque medular Característica: Paralisia flácida e anestesia abaixo da lesão; Abolição de reflexos vesical, intestinal, genital; Duração média = cerca de 3 semanas Nessa fase não é possível estabelecer prognóstico QUANDO EU SEI QUE O PACIENTE SAIU DA FASE DE CHOQUE MEDULAR? 6 meses a 1 ano (?) não há consenso Caracterizado pelo retorno dos reflexos medulares: cutâneo- anal e/ou bulbo cavernoso obtido por meio da estimulação do pênis ou clitóris, provocando contração do esfíncter anal, indica o término do choque medular, permitindo, então, a determinação do déficit neurológico após a lesão. Antes de alta hospitalar: – Paciente e cuidadores precisam receber esclarecimentos quanto ao seguimento do tratamento. – Devem ser reforçados os treinamentos que foram oferecidos com especial atenção às estratégias de prevenção de complicações. – Encaminhamentos A lesão traumática da medula espinhal leva a danos neuronais e axonais imediatos no local da lesão focal E desencadeia uma série de eventos patológicos secundários, resultando em disfunção sensóriomotora e autonômica abaixo do nível da lesão. Consequências da lesão medular DOR NEUROPÁTICA: 60% dos casos terão dor. Cerca de 1/3 desenvolvem dor crônica de forte intensidade. Dor neuropática = sensação desconfortável geralmente imprecisa em queimação, choque ou formigamento em região na qual há perda ou diminuição da sensibilidade. Tratamento medicamentoso: pode ser uma opção para o tratamento (ex. antidepressivos, anticonvulsivantes, neuropléticos, miorelaxantes, anti-inflamatórios). Tratamento neurocirúrgico: abordagens de neuromodulação e neuroablação (avaliação de risco/benefício). Reabilitação física: benefícios fisiológicos inerente à atividade física (ex. liberação de endorfinas), reflexo no humor e motivação. - Explicar as possíveis causas da dor, valorizar e incentivar superar o quadro de incapacidade. ALTERAÇÕES MÚSCULOESQUELÉTICAS: OSSIFICAÇÃO HETEROTÓPICA: Formação de osso em tecidos moles em locais onde normalmente não existe; Ocorre abaixo do nível de lesão; Pode levar à formação de grandes massas ósseas periarticulares e reduzir a ADM ou mesmo bloquear a articulação; Mais frequente nos primeiros 2 meses pós lesão. Achados mais comuns: redução de ADM, pode ou não haver creptação e sinais inflamatórios (até mesmo dor se a sensibilidade está preservada no local). Diagnóstico = clínico. Diagnóstico precoce, ajuda a evitar sua progressão. Cuidado com a mobilização articular OSTEOPOROSE Consequência da lesão medular: redução da densidade mineral óssea desde a 6° semana pós lesão. Aumenta o risco de fraturas. Tratamento com uso de bifosfonados e cálcio ainda controverso. Orientação adequada ao paciente quanto aos riscos e ensinar técnicas de transferências e demais atividades. Caso haja suspeita de lesão óssea (hiperemia, contratura, dor), procurar o pronto-atendimento. ALTERAÇOES VASCULARES: TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP) Decorrente da hipercoagulabilidade sanguínea, alterações endoteliais e estase venosa (tríade de Virchow). A paralisia associada à vasoplegia = alto risco! Principalmente no primeiro mês pós-lesão. 50% dos pacientes na fase aguda desenvolvem TVP assintomática, 15% apresentam manifestações clínicas e 4% evoluem para embolia pulmonar, muitas vezes fatal. Quadro clínico: edema e empastamento da extremidade, aumento da temperatura local, cianose ou hiperemia. Pode haver dor (sensibilidade ?). Prevenção: uso precoce de anti-coagulantes, movimentação passiva dos membros inferiores e uso de meias elásticas compressivas. HIPOTENSAO POSTURAL Consequência da vasodilatação abaixo do nível de lesão medular e consequente represamento de sangue nos membros inferiores, além da ausência ou diminuição dos reflexos vasomotores posturais. A elevação brusca do decúbito (posição sentada ou em pé), provoca queda da pressão arterial sistólica e diastólica, manifestando-se clinicamente como tontura, escurecimento da visão, zumbido e até síncope A prevenção é feita com treinamento progressivo de elevação de decúbito, ingesta hídrica adequada, uso de meias elásticas compressivas e faixas elásticas abdominais. DISREFLEXIA AUTONÔMICA Mais comum em lesões cima ou no nível T6 - Trata-se de uma crise hipertensiva, com aumento de 20 mmHg na pressão arterial sistólica e diastólica basal. A PA destes pacientes, em especial os tetraplégicos, tende a ser baixa (pela vasoplegia) e níveis pressóricos considerados normais para a população geral (120 x 80 mmHg) podem ser elevadas para estes pacientes. LESÃO MEDULAR COMPLETA > T6 Distenção visceral pélvica nociceptiva Neurônios de longa projeção retransmitem o sinal rostralmente para ativar os neurônios pré-gânglionares simpáticos (corno lateral) Desencadeia hiperatividade adrenal (secreta hormônios, como adrenalina), vasoconstrição periférica e consequente hipertensão. Caracterizada por intenso desconforto: cefaleia, sudorese, piloereção, dilatação das pupilas e rubor facial. Causas: 1. Distensão das vísceras ocas, principalmente pelo não esvaziamento da bexiga ou obstipação intestinal; 2. Qualquer estímulo nociceptivo abaixo do nível de lesão (úlceras por pressão, infecção urinária ou mesmo uma roupa ou sapato apertados). Podem levar a eventos sérios, como: convulsões, hemorragia cerebral, isquemia cardíaca, edema pulmonar ou sangramento subaracnóidea, provando ate mesmo consequências fatais. A inervação parassimpática para o coração predomina, o que causa bradicardia e diminuição do débito cardíaco. Agravado pela perda do tônus muscular e vascular periférico: sintomas hipotensivos, principalmente com esforço ou posição ereta. O desequilíbrio parassimpático-simpático também pode ocorrer com a distensão da bexiga ou úlceras de pressão, o que leva à vasoconstrição periférica súbita e hipertensão aguda. O que fazer? Uma rápida inspeção visual do corpo, buscando possíveis lesões causadas pelo atrito ou pressão nos segmentos corporais sem sensibilidade. Especial atenção deve ser dada à fricção/abrasão de membros contra o solo, a roda ou outros componentes da cadeira de rodas. Tratamento: retirada do estímulo nociceptivo, sendo desnecessário, muita vezes, o uso de anti- hipertensivos. Medida imediata: recomenda-se o esvaziamento vesical com sonda de alívio e colocaçãona posição sentada BEXIGA NEUROLOGICA: Bexiga e Esfíncter: Inervação autonômica e somática. Controlados pela medula espinal, centro pontino (gatilho para iniciar a micção, outros para mantê-la) e áreas corticais. Lesão no centro sacral: Perda do controle parassimpático do detrusor (acontrátil/hipoativo) + desnervação somática do esfíncter uretral. Lesões completas: não há consciência do enchimento e não há reflexo da micção. - Pode haver sensação de dor pela preservação do nervo hipogástrico (simpático). Lesão suprassacral: Hiperatividade detrusora (incontinência) + esvaziamento reflexo ou dissinergia detrusor-esfincteriana. Lesão incompleta: a sensação de plenitude pode estar preservada. O mau funcionamento vesical pode, quando assistido inadequadamente, acarretar complicações que vão desde a infecção urinária, cálculos vesicais até, em casos extremos, perda da função renal. A micção normal envolve complexos mecanismos de integração do sistema nervoso autônomo (involuntário) e piramidal (voluntário). Manejo da bexiga neurogênica deve garantir esvaziamento vesical a baixa pressão, evitar estase urinária e perdas involuntárias. Na maior parte dos casos, este esvaziamento deverá ser feito por cateterismo vesical intermitente, instituído de forma mandatória, independente da realização precoce do exame de urodinâmica, desde a alta hospitalar. Além dos riscos clínicos (infecção e insuficiência renal), a incontinência urinária causa isolamento social e tem grande impacto na autonomia funcional. INFECÇÃO URINARIA Infecções do trato urinário são frequentes, sendo a principal doença infecciosa tanto na fase aguda quanto na crônica. Causa: retenção e esvaziamento incompleto da bexiga. Pessoas que realizam cateterismo vesical intermitente (assume-se que há colonização): deve-se tomar cuidado para o diagnóstico correto de infecção. Serão valorizadas apenas uroculturas positivas quando essas acompanharam sintomas como febre, aumento ou aparecimento de perdas urinárias entre os cateterismos, aumento de espasticidade e automatismos e piora da dor neuropática, entre outros. INTESTINO NEUROLOGICO A motilidade do cólon é basicamente autônoma recebendo pouca influência do sistema nervoso central. Após uma fase inicial de íleo neurogênico que pode ocorrer na fase aguda da LM, o tubo digestivo retorna a apresentar movimentos peristálticos, ficando somente comprometido o funcionamento esfincteriano. Nas lesões acima do cone medular: o arco-reflexo que provoca relaxamento do esfíncter anal interno quando as fezes chegam à ampola retal está preservado e as vezes hiperativo. Porém, a perda do esfíncter anal externo (cujo controle é voluntário) leva à contração e hipertonia, causando obstipação. Nas lesões no nível do cone ou da cauda equina: o reflexo está abolido ou diminuído, predominando a contração do esfíncter interno e consequente obstipação. Como o esfíncter externo está flácido e a musculatura do esfíncter interno não é muito forte, com o acúmulo de fezes na ampola retal pode haver perda involuntária de fezes aos esforços. Equipe multi profissional: orientar a ingerir dieta não obstipante (rica em fibras), realizar manobras como massagens abdominais , seguir as medidas laxativas prescritas. Orientar, prescrever ou realizar, se for o caso, o “toque retal” conjuntamente, com o objetivo de atingir uma rotina de esvaziamento que não prejudique seu cotidiano ou acarrete na formação de fecaloma. ULCERAS POR PRESSÃO Evitável! Há relação entre uma menor renda familiar e a maior ocorrência de úlceras por pressão e entre uma menor escolaridade, menor renda familiar e idade mais avançada com a presença de úlcera por pressão. Orientação quanto ao cuidado adequado com a pele, desde a fase aguda! Prevenção: alívio da pressão nas áreas de maior descarga de peso em média a cada 2 horas. O suporte nutricional adequado e a manutenção da massa muscular também são importantes fatores preventivos e terapêuticos. FUNÇÃO SEXUAL E SAÚDE REPRODUTIVA A lesão medular pode comprometer as funções fisiológicas, a atividade sexual e funções psicológicas. Homem e mulher podem experienciar redução ou ausência de sensibilidade, dificuldade em atingir orgasmo, em se mover e posicionar-se, que reduz a autoestima e confiança. HOMEM: pode apresentar parcial/incompleta disfunção erétil e de ejaculação (com implicações para fertilidade). 50-80% atingem a ereção. Ereção reflexa: SNA parassimpático (S2-4) Ejaculação: SNA simpático (T11-L2) MULHER: a menstruação pode ser interrompida após a lesão, mas normalmente retorna em 4-6 meses e a ovulação ocorrerá como antes da lesão. Estudo escandinavo: 18% das mulheres com lesão medular tiveram filhos após a lesão. 61% das mulheres não receberam nenhuma informação sobre sexualidade após a LM .Aspectos psicológicos e sociais- estigmas e crenças/medos. Mulher gestante: Há maior risco de infecções urinárias. Rever uso de medicação (ex. dor, antiespásticos..). Controle/atenção com doença hipertensiva na gestação. Necessidade de ajustes ou auxilio na gestação. COMPLICAÇÕES RESPIRATORIAS: Pneumonia, atelectasias, falência respiratória: aumenta a morbimortalidade. Com adequado manejo podem ser prevenidos (suporte ventilatório, fisioterapia, tosse assistida, inclusive vacinação anual- ex. gripe.). ESPASTICIDADE/AUTOMATISMOS: A espasticidade é o aumento dependente da velocidade do tônus muscular com reflexos tendinosos profundos exagerados que resulta da lesão dos neurônios motores superiores. Espasticidade afeta 65-78% dos indivíduos com >1 ano pós- lesão medular - Pode afetar substancialmente a mobilização, atividades da vida diária e sono. Pode ser influenciada (aumentar) devido aos estímulos nociceptivos (distensão vesical, cálculos urinários, obstipação intestinal, úlceras por pressão, fraturas, roupas apertadas, má postura e inadequação de assento), febre, infecção. Pode causar deformidades articulares, que se não corrigidas, podem afetar o prognóstico funcional. SINDROMES MEDULARES Tratamento- pós alta hospitalar Equipe multiprofissional: Médicos: neurocirurgião, neurologista, ortopedista, urologista. Fisioterapuêuta; Enfermeiro, Assistente Social, Nutricionista, Terapeuta Ocupacional. Psicólogo: fases Comportamentais: choque, negação, reconhecimento e adaptação; reestruturação da auto imagem e auto estima, abordando as perdas, mas ressaltando principalmente suas pontencialidades residuais. Vida comunitária Sujeitos sociais- estímulo à estruturação de redes de solidariedade em defesa da vida, articulando a participação local da sociedade civil organizada (ONGs, movimentos sociais, grupos de voluntários, associações, igrejas etc.), potencializa a ação da coletividade na busca e consolidação da cidadania. No âmbito de atuação local, a equipe de atenção básica deve identificar parcerias na comunidade (igrejas, associações de bairro, clubes ONGs, entre outros) que viabilizem e potencializem a assistência prestada no domicílio ao usuário/família. Prognostico Historicamente a lesão medular estava associada a alta taxa de mortalidade. Atualmente com avanços na medicina e na área de tecnologias/ equipamentos / respiradores, vidas podem ser salvas e funcionalidade maximizada (diferenças entre país desenvolvidos x subdesenvolvido. Países subdesenvolvidos: pessoas com lesão medular vão a óbito com complicações secundárias preveníveis, como: complicações urológicas e úlceras de pressão. Variável: Condições socioeconômicas (pobreza, menor expectativa de vida, limitações em relação à tecnologia assistida e serviços). Natureza e gravidade da lesão. Lesões associadas e/ou complicações secundárias. § Idade e estado geral de saúde. Tratamento apropriado e ambiente (atitude, econômico, físico e social). Interações de fatores que influenciam a recuperaçãofuncional pós lesão medular: Tipos de lesão medular e síndromes medulares SD medular transversa, SD centro medular, SD medular anterior, SD medular posterior, SD hemisecção medular (Brow-Sequard), Sd cone medular e SD cauda equina. Síndrome medular transversa Lesão completa da medula acima do cone medular Quadro Clínico: Perda sensitiva (anestesia superficial e profunda) bilateral. Comprometimento motor, geralmente acompanhada com espasticidade (afeta 1º motoneurônio) Síndrome centro medular Mais frequente na região cervical (ex. chicote). Lesões menores: perda da informação térmica e dolorosa (fibras espinotalâmicas lateral interrompidas ao cruzar a linha média) Lesões maiores: maior comprometimento do funcionamento dos MMSS, devido à localização medial das fibras para o MMSS nos tratos córticoespinhais laterais. Quadro clínico: comprometimento motor importante dos MMSS e leve/normal dos MMII Trato espinotalâmico lateral: Origem na coluna posterior, localiza-se no funículo lateral, cruza na medula e termina no tálamo. Função: temperatura e dor. Trato corticoespinhal lateral: origem no córtex cerebral, são as fibras que fazem a decussação nas pirâmides bulbares, localizado no funículo lateral- fará conexão com 2° neurônio no corno anterior da medula (subst. cinzenta). Função: motricidade voluntária da musculatura distal (mão). Síndrome medular anterior Causa: ex. obstrução da artéria medular anterior (território de inervação). Lesão medular incompleta com perda parcial da motricidade (axial e proximal) e tato, pressão, dor e temperatura, mas com preservação da propriocepção/ sensibilidade profunda. Sistema medial Trato corticoespinhal anterior: origem no córtex motor (10- 25% não decussam pirâmide), ficará no funículo anterior e irá cruzar na medula (segmento do corno anterior que estará o 2° neurônio). Função: motricidade voluntária axial e proximal dos membros superiores. Trato tecto-espinhal: origem no colículo superior, funículo anterior- termina na cervical. Função: orientação sensorial motora da cabeça (respostas a estímulos visuais). Trato reticuloespinhal pontino e bulbar: origem na formação pontina e bulbar (respectivamente). Função: controle sinérgico do tônus postural de cervical, tronco e membros inferiores e motricidade voluntária da musculatura axial e proximal. Trato vestibuloespinhal lateral e medial: origem no núcleo vestibular lateral e medial, no bulbo (respectivamente). Função: ajustes posturais para o equilíbrio (tônus muscular antigravitacional-extensores). Trato espinotalâmico anterior: formado por axônios de neurônios de projeção da coluna posterior que cruzam o plano mediano e formam o trato. As fibras nervosas terminam no tálamo e conduzem impulsos de pressão e tato leve (protopático/não discriminativo). Trato espinotalâmico lateral? Trato espinocerebelar anterior: origem na coluna posterior, cruza na medula, localiza-se no funículo lateral e termina no cerebelo (propriocepção inconsciente e detecção da atividade do t. corticoespinhal) Síndrome medular posterior Comprometimento da propriocepção consciente/tato epicrítico e vibração. Fascículo grácil e cuneiforme v Sensibilidade profunda comprometida: Ataxia sensitiva: paciente olha para andar... Síndrome hemisecção medilar (Brow-sequard) Lesão medular incompleta cuja principal característica é a hemissecção da medula Vias envolvidas Corticoespinhal anterior (homolateral); Espinotalâmica anterior e lateral (contralateral); Fásciculo grácil e cuneiforme (homolateral) Quadro Clínico Comprometimento da motricidade voluntária e sensibilidade profunda homolateral; Comprometimento da sensibilidade térmica e dolorosa contralateral. Síndrome Cone medular Relacionado com SN parassimpático - Lesão sacral e de raízes lombares (que estejam no interior do canal medular). Plegia, com ausência de sensibilidade dos segmentos lombossacrais correspondentes. - ”Anestesia em sela”. Resulta em incontinência fecal, vesical e alteração da função sexual. O reflexo bulbo cavernoso encontra-se ausente. Sindrome Cauda equina Caracteriza-se pela compressão das raízes nervosas lombares, sacrais e coccígeas distais ao término do cone medular na altura das vértebras L1 e L2. Perda motora flácida e sensitiva dos músculos e dermátomos inervados pelas raízes lesadas, podendo ocasionar lesões completas ou incompletas de acordo com o grau de comprometimento das diversas raízes lombossacrais. Quadro Clínico: Depende da quantidade de raízes comprometidas – Anestesia; Paralisia; Hipotonia. Comprometimento da função urinária, intestinal e sexual. Causas: hérnia discal, lesões tumorais, fraturas vertebrais, infecções, espondilite anquilosante, ferimentos por arma de fogo. Trata-se de uma urgência ortopédica e seu tratamento de eleição é a descompressão cirúrgica. Perspectiva da lesão medular Pesquisas para descoberta da cura e/ou regeneração e em novas tecnologias para lesão medular caminham e estão divididas em diferentes áreas. Redução de temperatura corporal por curtos períodos após a lesão, na tentativa de preservação nervosa. Células-tronco. Associação de terapias e reabilitação. A grande maioria dos estudos mostra apenas algum resultado satisfatório em laboratório ou animais. Provavelmente, é a associação de múltiplos métodos terapêuticos que levará ao melhor resultado no futuro.
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