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RESUMO DE REMIT Gabriele Durante, 3 ano de faculdade. DEFINIÇÃO A REMIT (resposta endócrino, metabólica e imunológica ao trauma) é a designação dada ao conjunto de alterações neuroendócrinas e imunológicas que ocorrem no nosso organismo após a injúria , com objetivo de reestabelecer a homeostase. Portanto, ela consiste em uma condição fisiológica e adaptativa frente a um trauma. A magnitude da resposta é diretamente proporcional à magnitude do trauma. OBJETIVOS Preservar órgãos nobres (cérebro e coração). Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos. Estabilizar as funções hemodinâmicas e a pressão arterial. Criar fontes alternativas de energia. Garantir o fornecimento de nutrientes ao cérebro e ao coração. FATORES DEFLAGRADORES DA REMIT Trauma: independe da magnitude do trauma para que ocorra, porém quanto maior é a magnitude do trauma maior é a resposta regulatória. Infecção Cirurgias RESPOSTAS NEUROENDÓCRINAS Porção aferente sítio de trauma/infecção - Conduz informação ao hipotálamo Porção eferente estímulo a hormônios contrarreguladores Eixo autonômico-adrenal Objetivo: Promover a manutenção do fluxo sanguíneo adequado ao local lesado. - Libera catecolaminas: Vasoconstrição periférica – extremidades frias Glicogenólise Ionotropismo cardíaco (aumento do DC) Aumento da FC Broncodilatação (taquipneia) Relaxamento da musculatura intestinal Diminuição da peristalse Constipação Eixo hipotálamo-hipofisário Objetivo: Promover alterações metabólicas para o maior fornecimento energético. - Libera ADH, glucagon, cortisol Células da mácula densa (justa-glomerulares) ativação do SRAA Aumento do ADH (Vasopressina) e ativação do SRAA (Sistema Renina Angiotensina Aldosterona) - Quando tem um trauma o organismo vai entender que tem perca de volume (devido a sangramentos, edema, extravasamento) e isso desencadeia uma resposta. O hipotálamo começa a produzir hormônios que agem na adeno- hipófise para a estimulação da produção do hormônio antidiurético. Esse hormônio age no TCD promovendo a reabsorção de água. Junto com esse mecanismo as células da mácula densa (células justa-glomerulares) detectam a diminuição do volume sanguíneo ou a diminuição de sódio, interpretando como a necessidade da ativação do sistema renina angiotensina aldosterona. Quando ativa esse sistema tem maior liberação de aldosterona. A aldosterona promove a reabsorção de sódio e água, agindo na bomba de sódio, potássio e dois hidrogênio. Essa bomba promove uma troca de sódio por hidrogênio ou potássio (reabsorvendo sódio e jogando hidrogênio e potássio fora). Toda vez que joga hidrogênio fora ele sai da célula do túbulo ocorrendo uma acidose tubular. Isso faz com que o indivíduo tenha uma tendencia de formar uma alcalose metabólica. Reposta do SRAA - Hipernatremia - Hipercalemia ou hipocalemia (ou normal): O potássio pode aumentar ou diminuir (geralmente há tendencia de hipercalemia), toda vez que tem lesão tecidual há liberação de potássio visto que ele é um íon intracelular, com isso há a liberação dele do interior da célula para o meio extracelular. Contudo, devido a bomba de NA/K/H+, o potássio poderá diminuir. - Alcalose metabólica - Acidose tubular CONJUNTO DE ALTERAÇÕES METABÓLICAS FRENTE AO TRAUMA o A resposta metabólica é tudo aquilo que ocorre para a liberação de energia e ela se correlaciona com a parte endócrina, que é o principal mecanismo de estimulo metabólico. o O estado metabólico prévio do paciente modula a intensidade da resposta ao trauma RESERVA FUNCIONAL. o Se o paciente não tem uma reserva funcional (muscular e pulmonar) ele não vai conseguir fazer uma resposta ao trauma adequada. o Existe necessidade de uma resposta endócrina normal para a recuperação do paciente vítima de trauma. Obtenção de energia 1° Glicogenólise 2° Gliconeogênese: proteínas e lipídeos (Proteólise e lipólise) A energia é obtida a partir da glicose. Essa molécula energética é armazenada como estoque na forma de glicogênio, que pode ser hepático ou muscular. A glicogenólise é a quebra desse glicogênio para a liberação de energia. Quando acaba o estoque de glicogênio, vai ocorrer o processo de gliconeogênese, que é a formação de glicose a partir de outras moléculas (lipídeos e proteínas). Se houver uma quebra de moléculas para obtenção de glicose muito intensa pode ocorrer uma acidose metabólica, principalmente pelo aumento de corpos cetônicos. Hormônios envolvidos na glicogenólise e na gliconeogênese: o Catecolaminas, glucagon, cortisol (hormônios contra insulínicos) esses 3 estarão aumentados; o Insulina esta estará diminuída. A insulina estará baixa para que ocorra o processo catabólico vai ter aumento da resistência insulínica. RESPOSTA IMUNOLÓGICA Ativação de interleucinas (IL1 e IL6) e TNF alfa IL1 desencadeia a febre TNF alfa provoca perda de apetite pós-cirúrgico Neutrofilia com desvio à esquerda Todas as vezes que há descontinuidade da pele (afastamento do tecido na diérese) e quando faz a síntese começa um processo de cicatrização ocorrendo uma ativação dos processos inflamatórios com liberação de hormônios plaquetários que faz uma quimiotaxia de células para o local. Resposta imunológica liberação de substâncias inflamatórias e migração de células de defesa para começar o processo de cicatrização. Devido a isso, na região da ferida operatória vai ter hiperemia (vermelhidão), congestão (edema), podendo sair secreção de aspecto seroso (secreção não infecciosa – plasma). - Ativação das interleucinas e do TNF alfa. O hipotálamo produz células que vão para o local lesionado. As células do sangue que chegam primeiro no sitio de uma lesão são os neutrófilos e os macrófagos. Quando tem o estimulo da REMIT vai ter a diapedese das células imunológicas para o local. Assim os neutrófilos vão se concentrar na corrente sanguínea para que eles possam chegar no local lesionado e passar por diapedese, por isso quando faz um hemograma vai ter uma neutrofilia na REMIT. Desvio à esquerda: a medula óssea estará sendo responsiva, como há uma concentração de neutrófilos no local da lesão ela vai produzir mais neutrófilos (tentativa de suprir a migração de neutrófilos) liberar alguns imaturos (bastões) ocorrendo um desvio a esquerda no contexto da REMIT. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS) Tem todos os comemorativos de uma sepse mas não tem uma infecção, apenas um quadro inflamatório. Sepse é diferente de SRIS. A sepse possui um foco infeccioso, na SRIS tem algum evento desencadeador de uma inflamação sistêmico. A alteração da sepse e a alteração da SRIS é uma REMIT. Incisão muito grande maior resposta imunológica. Ex.: cirurgias abertas. ETAPAS DA REMIT 1ª ETAPA - FASE CATABÓLICA - Pico aproximadamente 2-3 dias após a lesão - Suprarrenal: liberação de adrenalina / noradrenalina aumento da FC, PA, FR, broncodilatação, relaxamento da musculatura lisa e contração esfincteriana, aumento da atividade plaquetária e redução da fibrinólise. Hipercoagulabilidade: ao fazer vasoconstrição vai diminuir o fluxo sanguíneo. Além disso, as catecolaminas agem nas plaquetas e nos fatores de coagulação (plaquetas ativadas – liberam substâncias quimiotáticas para o local da ferida). - Hipófise: liberação de ACTH e cortisol o Perdura por 5-7 dias o Catabolismo proteico (produção de células inflamatórias) e lipólise o Glicogênese hepática o Aumento da resistência insulínica Efeitos do ACHT e cortisol: Redução de massa magra Hiperglicemia Formação de corpos cetônicos Balanço nitrogenado negativo Proteínas de fase aguda (PFA) Vai ter síntese de proteínas citocinas pró-inflamatórias (a síntese proteíca acontece na fase aguda) proteínas de fase aguda (PFA) Proteínas como TNF alfa, IL1 e IL6... - Essas proteínas causam aumento da temperatura, principalmentea interleucina 1. - O TNF alfa causa uma perda de apetite pós-operatórios. - Hipófise: SRAA o Perdura por 7 dias o Renina angiotensina II Aldosterona o Promove a reabsorção de sódio e água nos túbulos contorcidos distais, às custas de H+ e K+ Efeitos: Retenção hídrica Hipernatremia Hipocalemia Alcalose metabólica - Hipófise: ADH o Pico de 3-5 dias o Propicia gliconeogênese e glicogenólise o Redução da filtração glomerular Efeitos: Hiperglicemia Retenção de líquidos e concentração de urina - Hipófise: GH o Pico durante a cirurgia normaliza em 1 semana o Atua na lipólise e na hiperglicemia Efeitos: Hiperglicemia Formação de corpos cetônicos CONSEQUÊNCIAS DA PRIMEIRA ETAPA o Hiperglicemia o PFA (proteínas de fase aguda): TNF alfa, IL-1, IL-6 Atraso da cicatrização Redução de massa muscular PCR, fibrinogênio e alfa-2-macroglobulina TNF anorexia IL-1 Hipertermia Neutrofilia quimiotaxia dos neutrófilos para o tecido, assim os neutrófilos saem do vaso e vão para o sangue a fim de migrarem para o local da lesão tendo uma leucocitose com neutrofilia. Desvio à esquerda tentativa da medula para produzir mais neutrófilos e compensar. o Cetose e hipocalemia o Retenção hídrica (balanço hídrico positivo) e edema 2ª ETAPA FASE ANABÓLICA Aproximadamente 5 dias após a lesão - SAÍ DA FASE DE CATABOLISMO E PASSA PARA UMA FASE ANABÓLICA. Restituição de tecidos lesados o Reposição de massa magra o Reposição de massa gorda Redução de corticoides, retorno da diurese e do apetite Balanço nitrogenado o Positivo o Equilibrado Nessa fase vai ter muita síntese proteica. Vai ter um balanço nitrogenado positivo MAIS formação de proteínas do que quebra. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DS SEGUNDA ETAPA: Ativação dos mecanismos de coagulação Desvio de líquidos do intravascular para o extravascular Redistribuição do fluxo sanguíneo Manutenção do equilíbrio ácido/básico e eletrolítico Mobilização dos leucócitos Produção de macrófagos e linfócitos Aumento do débito cardíaco: objetivo melhorar o influxo de sangue para o local da ferida. Lipólise e proteólise Aumento da glicogenólise e gliconeogênese MODULAÇÃO o Avaliação pré-operatória o Trauma X Eletiva o Redução da FO (ferida operatória) Endorfinas modulam a dor - Produzidas no hipotálamo. A modulação da resposta é feita para que haja uma resposta correta, nem menor e nem maior. Eletiva preparação do paciente antes da cirurgia, jejum, cirurgia por vídeo, anestesia correta. Quanto maior a ferida, maior a mobilização MAIOR será a resposta Preparo A ansiedade pode estimular mais ainda a REMIT do paciente. - Faz uma medicação pré-anestésica para diminuir a ansiedade (na ansiedade há maior liberação de catecolaminas). Bloqueio anestésico funcional - Anestesia local REMIT maior - Anestesia geral REMIT menor (o anestésico geral modula a resposta hipotalâmica do paciente). Anestesia Geral X Locorregional Bloqueio de dor em regiões específicas do corpo Raquiana infusão de anestésico no espaço subaracnóideo o Dormência e relaxamento muscular Peridural infusão no espaço peridural o Administração contínua via cateter o Mantém efeito pós-operatório Local o Bloqueio de nociceptores RESPOSTA AO JEJUM Hipoglicemia: leva ao estímulo do GH, cortisol, glucagon e catecolaminas (hormônios contrainsulínicos) o Glicogenólise gliconeogênese Jejum prolongado: intensificação da lipólise o Ácido graxo satura a vida da b-oxidação, indo para a via de produção de corpos cetônicos. o Acidose metabólica (devido aos corpos cetônicos). Manejo no jejum: Soro glicosado % - 2000ml / dia (500ml de 6/6 horas) o 400 Kcal/dia (cerca de 100g de glicose) A REMIT do paciente em uma cirurgia eletiva começa a partir do momento em que ele começa o JEJUM. O paciente começa a entrar em catabolismo. O paciente que está em jejum deve ser colocado em um soro glicosado SG 5% (5 gramas de glicose a cada 100 ml). Isso faz 2000 ml / dia. Se é um paciente mais pesado com gasto energético maior vai aumentar esse aporte (dá mais soro). TERAPIA NUTRICIONAL Jejum prolongado o Atrofia intestinal o Atrofia de tecido linfoide o Aumento da permeabilidade Jejum finalidade não vomitar e bronco-aspirar devido a anestesia geral chance de pneumonia aspirativa. Além disso, se mexer no abdômen e não tiver vazio atrapalha a cirurgia. Os enterócitos são nutridos através do alimento que chega no TGI e não pela corrente sanguínea. No jejum prolongado eles vão se atrofiar, ocorrendo atrofia da mucosa intestinal o que faz com que haja aumento da permeabilidade e faz com que as bactérias comensais vão para outras regiões (podendo ir para corrente sanguínea). Por isso, quanto mais rápido o paciente sair do jejum melhor vai ser. Se ele fizer alguma cirurgia que impeça que ele possa comer pela boca, deve realizar uma sonda. VOLTA O MAIS PRECOCE A DIETA DO PACIENTE Nutrição enteral x parenteral o Complicações gastrointestinais (gastroparesia, diarreia) o Associação com procinéticos o A dieta enteral é melhor, visto que a dieta parenteral não vai nutrir os enterócitos. Avaliação nutricional o Peso corporal pode ser mascarado o Referências: albumina (> 3,5) e transferrina (180-400) o Desnutrição Leve: albumina 3 - 3,5; transferrina 150 - 180 Moderada: albumina 2,1 - 3; transferrina 100 - 150 Severa: albumina < 2; transferrina < 100 A forma mais adequada para evitar e minimizar os efeitos indesejáveis e nocivos da resposta ao trauma é conhecê- los, saber evitá-los ou, pelo menos, diminuí-los da melhor maneira possível. CORMOBIDADES NA REMIT As comorbidades do paciente podem influenciar nessa resposta. Exemplos: - Pacientes diabéticos: Após a cirurgia esses pacientes terão uma hiperglicemia, visto que eles já têm uma resistência insulínica de base e maior quantidade de glicose no sangue. Na REMIT vai ter muitos estímulos contra-insulínicos, assim tendo uma hiperglicemia. Nesse paciente deve ficar atento para fazer essa correção da glicemia. - Pacientes caquéticos ou com alterações nutricionais Não tem reservas nutricionais
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